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DUDH ( DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS)
Em 10 de dezembro de 1948 a Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da resolução 217 A (III), adotou e proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em seguida a esse ato histórico, a Assembleia conclamou todos os países membros a divulgar o texto da declaração, e fazer com que seja disseminado, exposto, lido e explicado principalmente nas escolas e outras instituições educacionais, sem distinção baseada na natureza política dos países ou territórios. 
A DUDH é um documento relativamente pequeno, com apenas 30 artigos. A título de conhecimento técnico de uma estrutura de um documento internacional, o PREÂMBULO traz as razões da existência desse documento, as justificativas desse documento, nomeando circunstâncias, questões sociais da época que levaram à criação do documento.
A presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, a fim de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo-a sempre em mente, se esforcem, pelo ensino e pela educação, no sentido de promover o respeito a esses direitos e liberdades e, por meio de medidas progressivas de ordem nacional e internacional, de assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universais e efetivos, tanto entre as populações dos próprios Estados-Membros como entre as dos territórios sob sua jurisdição. A DUDH tem o caráter da universalidade e também o dever de proteger e efetivar esses direitos. A efetivação desses direitos não decorre apenas pelo Estado: cada indivíduo e cada órgão da sociedade tem a sua parcela de responsabilidade na hora da efetivação desses direitos.
ESTRUTURA DO DOCUMENTO 
A DUDH possui 30 artigos que se dividem da seguinte forma: 
• Art. 1º - Introdução. Afirma que “todos os homens nascem livres e iguais, são dotados de razão e consciência e devem agir, entre si, em espírito de fraternidade”. Esse art. 1º elenca os princípios dos Direitos Humanos: Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 
Quando se estuda a Teoria Geral dos Direitos Humanos, estudam-se as Gerações dos Direitos Humanos e as três primeiras Gerações correspondem exatamente aos direitos de Liberdade, Igualdade e Fraternidade. 
Os direitos de Liberdade são os direitos de 1ª Geração, os direitos de Igualdade são os direitos de 2ª Geração e os direitos de Fraternidade são os direitos de 3ª Geração. 
Os direitos de Liberdade são os direitos civis e políticos; os direitos de Igualdade são os direitos sociais, econômicos e culturais e os direitos de Fraternidade são os direitos difusos e coletivos.
NATUREZA JURÍDICA 
Sobre a natureza jurídica é necessário a distinção entre o que é uma Declaração e o que é um Tratado.
A natureza jurídica da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH) é de Declaração, de Resolução ou de Recomendação da ONU, é um ato unilateral das Nações Unidas.
Tratado é sinônimo de Convenção, é sinônimo de Acordo Internacional e pressupõe consentimento de vontades, a expressão de vontades até chegar a um denominador comum entre os Estados que estão promovendo esse Acordo.
A natureza jurídica da DUDH é de DECLARAÇÃO, ela não é um TRATADO porque se ela fosse um TRATADO, na sua gênese, este tópico quanto a ser vinculante não estaria sendo discutido porque se um Estado consente em cumprir aquilo que está elencado no papel, já teríamos o pressuposto de que seria vinculante àquele Estado.
VINCULANTE? 
A grande polêmica é quanto a DUDH ser uma norma vinculante ou não, quanto a ser um documento que vincula os Estados quanto ao teor dos seus artigos ou não. 
Em virtude de ser a DUDH uma Declaração e não um Tratado, há discussões na doutrina e na prática dos Estados sobre sua força vinculante. No mínimo, há 3 correntes: 
• 1ª Corrente – A DUDH não é vinculante porque é uma mera Declaração da ONU e é constituída de normas denominadas SOFT LAW (“Direito suave”), normas que funcionam apenas como uma diretriz, um norte aos países pertencentes ou não à ONU – normas que não geram obrigações.
• 2ª. Corrente – É vinculante, pois decorre da interpretação do termo ‘Direitos Humanos’ utilizado na carta da ONU. São direitos ‘Jus Cogens’ que são normas imperativas de direito internacional. Para esta corrente, as nações pertencentes à ONU devem respeitar os Direitos Humanos, mas a Carta da ONU não enumera quais seriam esses Direitos Humanos. Entendem que a DUDH é uma EXTENSÃO da Carta da ONU. A Carta da ONU é um Acordo Internacional, a criação da ONU se deu por um Acordo de Vontades, portanto, é um Tratado internacional que os países assinaram, submeteram à aprovação dos seus respectivos parlamentos, passou por um processo de ratificação e, posteriormente, foi promulgado. É um tratado, é vinculante.
Já a DUDH, para esta 2ª Corrente, seria uma decorrência, um instrumento conexo à Carta da ONU, sendo que a DUDH elencou os Direitos Humanos não referidos, em pormenor, na Carta da ONU. Sendo assim, aqueles países que são signatários da Carta da ONU estariam obrigados a cumprir o principal documento da ONU que traz a enumeração dos Direitos Humanos. Citados pela Carta da ONU
• 3ª. Corrente – É vinculante em parte. Alguns temas são vinculantes por se basear nos costumes de Direito Internacional. Da mesma forma que a 2ª Corrente, entende-se aqui que a DUDH possui normas Jus Cogens, mas não são todas, apenas algumas decorrentes desse costume, normas imperativas, por exemplo, a vedação à escravidão (prevista no art. 4º e 5º da DUDH), à tortura.
OBS:
Qual é a corrente que deve ser adotada na prova? Por muitos anos perdurou, especialmente nas áreas policiais, o entendimento da 1ª Corrente: se não é Tratado, não é vinculante e não obriga os países a cumprir o texto. 
Com relação à Banca CESPE/CEBRASPE, é preciso estar atento a uma questão desse tipo: uma “dica” seria optar por responder que é vinculante, com a justificativa que pode vir de duas formas, atendendo não apenas ao disposto na corrente, mas essencialmente considerando o que os Estados pensam acerca desse tema.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS ( DUDH)
Ligado ao princípio da Fraternidade, a uma família de Nações.
PREÂMBULO 
Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e dos seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo;Refere-se principalmente à 2ª Guerra Mundial que terminou em 1945 e foi uma das inspirações para a criação da ONU e da DUDH no pós-guerra.
Considerando que a desconsideração e o desprezo pelos direitos humanos conduziram a atos de barbárie que revoltaram a consciência da humanidade, e que o advento de um mundo em que os seres humanos gozem de liberdade de expressão e de crença, a salvo do medo e da miséria, foi proclamado como a mais alta inspiração dos povos;
Considerando essencial que os direitos humanos sejam protegidos pelo Estado de Direito para que as pessoas não sejam compelidas, como último recurso, à revolta contra a tirania e a opressão; 
Considerando essencial promover o desenvolvimento de relações amistosas entre as nações;Carta da ONU, Carta de São Francisco
Considerando que os povos das Nações Unidas reafirmaram na Carta sua fé nos direitos humanos fundamentais, na dignidade e no valor da pessoa humana, na igualdade de direitos dos homens e das mulheres, e que decidiram promover o progresso social e melhores condições de vida em uma liberdade mais ampla;Na DUDH não existem Estados-Membros, estes “Estados-Membros” se referem à Carta da ONU, são os Estados-Membros das Nações Unidas.
Considerando que os Estados-Membros se comprometeram a promover, em cooperação com a Organização das Nações Unidas, o respeito universal e efetivo aos direitos humanos e às liberdades fundamentais;
Considerando que uma concepção comum destes direitos e liberdades é da mais alta importância para o pleno cumprimento desse compromisso:
Artigo que trás os princípios: liberdade, igualdade e fraternidade
Artigo 1º Todos os seres humanos nascem livres e iguaisem dignidade e em direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir entre si num espírito de fraternidade.
Artigo 2º Todos os seres humanos fazem jus aos direitos e liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção de espécie alguma, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de qualquer outra natureza, de origem nacional ou social, propriedade, nascimento ou qualquer outra condição. Além disso, não será feita distinção alguma fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, seja esse independente, ou sob tutela, não autônomo, ou sujeito a qualquer outra limitação de soberaniaNa DUDH há dois tipos de segurança: a segurança pessoal e a segurança social. A segurança pessoal está ligada aos direitos individuais (1ª geração), enquanto a segurança social, está ligada aos direitos sociais (2ª Geração).
Artigo 3º Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Artigo 4º Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas.
Artigo 5º Ninguém será submetido à tortura, nem a punição ou tratamento cruel, desumano ou degradante.
CF, Art. 5, III – ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante;
Artigo 6º Todos os indivíduos têm direito ao reconhecimento, em todos os lugares, da sua personalidade jurídica. A Igualdade é classificada em: Igualdade Formal e Igualdade Material. A igualdade Formal é a Igualdade perante a Lei, enquanto a Igualdade Material é a igualdade real, substancial, é a mais próxima à igualdade justa.
Artigo 7º Todos os seres humanos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos os seres humanos têm direito à igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração, e contra qualquer incitamento a tal discriminação.Os remédios constitucionais. São eles que trazem reparação efetiva para esses atos que violem direitos fundamentais previstos na CF ou em Leis (habeas corpus, habeas data, mandado de segurança)
Artigo 8º Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes reparação efetiva para atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam garantidos pela constituição ou pela lei. 
Artigo 9º Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.
CF, Art. 5, LXI – ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente [...].
Artigo 10º Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma audiência justa e pública por parte de um tribunal independente e imparcial na determinação de seus direitos e deveres, e de qualquer acusação criminal que lhe seja feita.Esta é a essência do Princípio da Presunção de Inocência. Em momento algum é referido o “trânsito em julgado”, em momento algum é referida a execução provisória de pena ou execução definitiva de pena.
Artigo 11º (1) Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser considerado inocente até que se prove que é culpado de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 
CF, Art. 5, LVII – ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória;Esta é a essência do Princípio da Presunção de Inocência. Em momento algum é referido o “trânsito em julgado”, em momento algum é referida a execução provisória de pena ou execução definitiva de pena. Ninguém poderá ser considerado culpado por um fato se no momento em que ele cometeu aquele fato, aquele fato não era considerado crime – Princípio da Irretroatividade da Lei Penal.
(2) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento de sua realização, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Tampouco será imposta pena mais severa do que aquela que, no momento da realização, era aplicável ao ato delituoso.
Art. 12º Ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.
Art. 5, XII – é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
Art. 5, X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
Art. 13, 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado. 
2. Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o próprio, e a este regressar.
Art. 5, XV – é livre a locomoção no território nacional em tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens; 
Art. 14, 1. Todo ser humano vítima de perseguição tem o direito de procurar e de gozar asilo em outros países. 
2. Este direito não pode ser invocado em caso de perseguição legitimamente motivada por crimes de direito comum ou por atos contrários aos propósitos e princípios das Nações Unidas.
Art. 15, 1. Todo ser humano tem direito a uma nacionalidade. 
2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua nacionalidade, nem do direito de mudar de nacionalidade.
Art. 16, 1. Os homens e mulheres maiores de idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, têm o direito de contrair matrimônio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 
2. O casamento não será válido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado.
Art. 17, 1. Todo ser humano tem direito à propriedade, só ou em sociedade com outros. 2. Ninguém será arbitrariamente privado de sua propriedade.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5, XXII – é garantido o direito de propriedade; XXIII – a propriedade atenderá a sua função social; 
Art. 18. Todo ser humano tem direito à liberdade de pensamento, consciência e religião; este direito inclui a liberdade de mudar de religião ou crença e a liberdade de manifestar essa religião ou crença, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pela observância, isolada ou coletivamente, em público ou em particular.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; VI – é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; Diferente da DUDH, o Art. 5, inc. IV da Constituição Federal veda anonimato. Art. 19. Todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5, IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; Art. 20, 1. Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacíficas. 2. Ninguém pode ser obrigado a fazer parte de uma associação. No que diz respeito ao Art. 20, § 1º da DUDH, esteja atento à liberdade de reunião e associação pacíficas. Nessa situação, o examinador pode apresentar o disposto no Art. 16, inc. XVI da Constituição Federal. CONSTITUIÇÃO FEDERAL Art. 5, XVI – todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; XVII – é plena a liberdade de associação para finslícitos, vedada a de caráter paramilitar; XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado;
Art. 21, 1. Todo ser humano tem o direito de tomar parte no governo de seu país, diretamente ou por intermédio de representantes livremente escolhidos. 2. Todo ser humano tem igual direito de acesso ao serviço público do seu país. 3. A vontade do povo será a base da autoridade do governo; esta vontade será expressa em eleições periódicas e legítimas, por sufrágio universal, de mesmo valor para cada um, por voto secreto ou processo equivalente que assegure a liberdade de voto.
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