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A Corrupção no Governo FHC

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Parte I:
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Fernando Collor: uma “ponte” entre dois Brasis, o oligárquico e o desenvolvido.
Pertencente a uma família que estereotipava a oligarquia alagoana, representando um Brasil dominado pelos “coronéis”.
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Passa boa parte de sua vida no Rio de Janeiro e em Brasília. 
Sua família se associa a Rede Globo ao conseguir concessão de uma emissora de televisão em Alagoas.
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Identidade política conflitante: descendente de um antiquado clã político nordestino e em parte, ostentava a imagem de um político jovem e representante de um Brasil “moderno”.
É considerado com fruto do sistema político brasileiro, marcado por uma legislação eleitoral muito permissiva no que se refere à criação e troca de partidos.
Era muito telegênico, graças a sua aparência e seu gosto por espertes radicais.
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Collor chega ao Planalto trocando casuisticamente de legenda (PMDB pelo PRN) e comprando o tempo de rádio e televisão dos pequenos partidos, o que permitiu sua grande ascensão.
Sucede um governo imerso em graves crises econômicas, o que permite a construção de sua imagem de salvador da pátria.
Chega à presidência com forte apoio popular e da mídia. 
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 Adota uma postura de confronto com o Congresso, o que desgasta rapidamente a relação entre Executivo e Legislativo.
Visto como arrogante, o que dificulta seu relacionamento com parlamentares. Suas ações mais pareciam as de um “coronel” acostumado a mandar ao invés de negociar.
Os gastos excessivos dos estados, financiados pelos bancados estatais, iniciam uma crise fiscal.
Descrença popular aos planos de combate a inflação em conseqüência dos fracassos anteriores.
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Com a liberdade de imprensa, muitos jornalistas passaram a atacar Collor, aumentando sua lista de problemas. Este fato só ocorreu devido à concorrência entre emissoras, já que a Rede Globo se calou ou minimizou os fatos até perceber o vivo interesse da população por eles.
Outro elemento que favoreceu a queda de Collor foi seu comportamento, definido por vezes como “politicamente suicida”.
Cercou-se de assessores alagoanos vistos como “provincianos”. 
Seu principal aliado torna-se o ‘empresário’ Paulo César Farias.
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PC montou um complicado esquema de extorsão de propinas de empresas que tinham negócios com o Governo Federal.
Briga familiar resultando em declarações de seu irmão que ligava Collor ao dinheiro de PC, deflagrando assim o processo de impeachment. 
Collor tenta contornar a crise indo à televisão. Cada aparição sua era sucedida de novas denúncias, desgastando sua imagem de autoridade.
A aproximação do impeachment fez com que Collor tentasse negociar com parlamentares, oferecendo cargos e verbas públicas, prática muito utilizada por políticos brasileiros.
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A maior crise enfrentada pelo governo Collor tomou forma em junho de 1991 graças a uma disputa envolvendo o irmão Pedro Collor e o empresário Paulo César Farias a partir da aquisição, por este último, do jornal Tribuna de Alagoas visando montar uma rede de comunicação forte o bastante para eclipsar a Gazeta de Alagoas e as Organizações Arnon de Mello. 
Contornada em um primeiro instante, a crise tomou vulto ao longo do ano seguinte, possuindo como ápice reportagem da revista IstoÉ trazendo matéria bombástica com o motorista de Collor, Eriberto França. 
A situação de Collor estava cada vez mais insustentável. 
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A revista Veja trouxe uma matéria na qual o caçula do clã acusava o empresário PC Farias de enriquecer às custas da amizade com o presidente, algo que teve desdobramentos nos meses vindouros; 
Em 10 de maio, Pedro Collor apresentou a Veja documentos que apontavam o ex-tesoureiro do irmão como o proprietário de empresas no exterior e como as denúncias atingiam um patamar cada vez mais elevado ;
A família interveio e desse modo o irmão denunciante foi removido do comando das empresas da família em 19 de maio por decisão da mãe, dona Leda Collor. 
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Oficialmente afastado por conta de “perturbações psicológicas”, Pedro Collor não tardou a contra-atacar: primeiro apresentou um laudo que atestava a sanidade mental e a seguir concedeu nova entrevista a Veja em 23 de maio na qual acusou PC Farias de operar uma extensa rede de corrupção e tráfico de influência na qualidade de “testa-de-ferro” do presidente, o qual não reprimia tais condutas por ser um beneficiário direto daquilo que ficou conhecido como “esquema PC”. 
Quarenta e oito horas depois a Polícia Federal abriu um inquérito destinado a apurar as denúncias de Pedro Collor e no dia seguinte o Congresso Nacional instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a investigar a veracidade das acusações.
Presidida pelo deputado Benito Gama (PFL–BA) e relatada pelo senador Amir Lando (PMDB–RO), a CPI foi vista com certo desdém pelo governo, a ponto de Jorge Bornhausen, o então chefe da Casa Civil, ter declarado que a comissão “não levaria a lugar nenhum”. 
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Pouco tempo depois Fernando Collor foi à televisão e rechaçou as denúncias feitas contra a administração e com isso sentiu-se à vontade para conclamar a população a sair de casa vestida em verde e amarelo em protesto contra as “intenções golpistas” de determinados setores políticos e empresariais interessados em apeá-lo do poder. 
O apelo pareceu ter dado certo: no dia 12 de agosto, quando completou 43 anos, foi homenageado por empresários, políticos, cantores, artistas e admiradores, parecendo até que tudo seria esquecido, havendo ampla cobertura midiática desse apoio. 
Entretanto, teve na verdade um efeito inverso ao que originalmente se propunha, pois o que se viu às ruas foram as manifestações de jovens estudantes denominados caras-pintadas, em referência às pinturas dos rostos que, capitaneados pela União Nacional dos Estudantes exigiam o impeachment do presidente numa cabala resumida no slogan “Fora Collor!” repetida à exaustão em passeatas por todo o país a partir de 16 de agosto. 
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Segundo a opinião de diversos sociólogos e cientistas políticos, foi essa mobilização estudantil, reforçada pela participação da sociedade civil organizada, o que aos poucos fez com que os meios de comunicação fossem abandonando Collor), o fator decisivo para que as investigações da CPI avançassem e não fossem turvadas pela interferência governamental,
Ou seja, sem essa cobrança por parte da sociedade o afastamento de Collor provavelmente não teria ocorrido, ainda que o “embrião estudantil” da mesma tenha sido taxado inicialmente por setores da imprensa como algo “desprovido de idealismo e coerência política” à mercê da manipulação de grupos políticos de esquerda. 
Enquanto isso as apurações na CPI colhiam, paulatinamente, uma série de depoimentos e também de documentos escritos que corroboravam os indícios da atuação de Paulo César Farias nos bastidores do poder. 
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Em 26 de agosto o relatório final da “CPI do PC” foi aprovado e nele constava a informação de que o presidente e os familiares tiveram despesas pessoais pagas pelo dinheiro recolhido ilegalmente pelo “esquema PC” que distribuía tais recursos por meio de uma intrincada rede de “laranjas” e de “contas fantasmas”. 
Como exemplos materiais desse favorecimento foram citadas a reforma na “Casa da Dinda” (residência de Fernando Collor em Brasília) e a compra de um automóvel Fiat Elba. 
Cópias do relatório foram entregues para a Câmara dos Deputados e para a Procuradoria-Geral da República, e um pedido de impeachment foi formulado tendo como signatários o jornalista Barbosa Lima Sobrinho, presidente da Associação Brasileira de Imprensa, e o advogado Marcelo Lavenére, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil. 
Entregue ao deputado Ibsen Pinheiro, presidente da Câmara dos Deputados, o pedido de abertura do processo de impeachment foi aprovado em 29 de setembro por 441 votos a favor e 38 votos contra, com
uma abstenção e 23 ausências. 
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Sobre o dia da votação (transmitida para todo o país pelos meios de comunicação, que já haviam abandonado definitivamente Collor) vale registrar que a mesma transcorreu sob a égide do voto aberto 
Isso fez com que os deputados pensassem na sobrevivência política dada a proximidade das eleições municipais de 1992 e o desejo de reeleição em 1994, assim muitos parlamentares optaram pelo “sim” no momento decisivo apesar de promessas em sentido contrário, 
Ou seja, votos que eram contabilizados para o governo migraram para o bloco do impeachment, dois dos quais merecem destaque o caso do deputado Onaireves Moura (PTB–PR), que dias antes organizara um jantar de desagravo ao presidente e a seguir o voto do alagoano Cleto Falcão, ex-líder do PRN na Câmara dos Deputados e amigo íntimo de Collor, demonstrando assim o total isolamento do presidente. 
Para aprovar a abertura do processo de impeachment seriam necessários 336 votos e o sufrágio decisivo ficou a cargo do deputado Paulo Romano do (PFL–MG). 
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Afastado da presidência em 2 de outubro, foi julgado pelo Senado em 29 de dezembro de 1992. 
Como último recurso para preservar os direitos políticos, Collor renunciou ao mandato antes do início do julgamento, mas a sessão teve continuidade. 
O julgamento foi polêmico e alguns juristas consideraram que o julgamento, após a renúncia, não deveria ter acontecido. 
Foi condenado à perda do cargo e a uma inabilitação política de oito anos pelo placar de 76 votos a 5 numa sessão presidida pelo ministro Sydney Sanches, presidente do Supremo Tribunal Federal. 
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Retificando o resultado do julgamento, foi publicada a Resolução nº 101 do Senado, no DCN (Diário do Congresso Nacional), Seção 11, do dia 30 de dezembro de 1992, Art. 1º, que considerou prejudicado o pedido de aplicação da sanção de perda do cargo de presidente, em virtude da renúncia ao mandato.
O desgosto com o afastamento foi tamanho que Collor chegou a pensar em suicídio, conforme entrevista dada ao programa Fantástico' da Rede Globo em 2005.
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Desta experiência, percebe-se que o Brasil, devido a sua não tradição partidária e a fragmentação proporcionada pela legislação eleitoral, é um país de difícil governabilidade.
Outro motivo que inviabiliza o sistema é a distorção no número de cadeiras na Câmara, onde se super-representa os pequenos estados (onde práticas oligárquicas ocorrem mais facilmente) e sub-representa os grandes
Por esses dois fatores, Skidmore diz que mesmo que a postura de Collor fosse outra, ele dificilmente teria conseguido fazer um bom governo.
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Foi dado o primeiro passo para a mudança de centro da nossa economia que era “voltada para dentro” em uma economia competitiva em termos internacionais, através de ações tais como:
Diminuição consideravelmente das tarifas; 
Abolição dos subsídios governamentais as indústrias;
Promoção da competição entre as empresas que produzem para o mercado interno;
Redução da folha de pagamentos do governo e
Privatização das estatais notoriamente ineficientes.
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Partido: PRN
Vice-presidente: Nenhum
Eleito Diretamente
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Contando com o apoio de todos os partidos políticos, o vice-presidente, Itamar Franco foi empossado na presidência da República após a renúncia de Fernando Collor de Melo. 
O governo Itamar Franco foi marcado por acontecimentos importantes na área política e econômica.
Na área política, o governo aplicou o dispositivo constitucional que previa a realização de um plebiscito em que os eleitores brasileiros deveriam decidir qual o regime político (monarquia ou república) e qual a forma de governo (parlamentarismo ou presidencialismo) o Brasil deveria adotar. 
A consulta popular ocorreu em abril de 1993, e o resultado das urnas confirmou a preferência da população pela permanência da república presidencialista.
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Na área política, sob incentivo do Governo Federal, foi criada uma CPI para investigar denúncias de corrupção envolvendo irregularidades no orçamento da União. 
A CPI desvelou esquema de corrupção que ficou conhecido como o caso dos "anões do orçamento", uma referência a parlamentares, ministros e ex-ministros e governadores estaduais.
Durante os trabalhos da CPI, o país ficou ameaçado de paralisia do processo legislativo. 
Houve até mesmo rumores de conspirações militares diante da crise parlamentar. 
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No governo de Itamar Franco, o ministro-chefe da Casa Civil renunciou tão logo foi alvo de acusações, que uma CPI demonstrou depois serem infundadas. 
E o ministro voltou ao cargo, com todas as honras:
Durante o governo do Itamar criamos uma CPI para apurar as crises no Orçamento, os chamados 'Anões do Orçamento'. 
Muitos tinham sido contra a criação daquela CPI. Mas foi feita.
Houve uma acusação contra o chefe da Casa Civil do governo Itamar Franco, convocando-o para depor na CPI. 
O chefe da Casa Civil , Hargreaves, por conta própria disse: 'Como ministro, não vou depor'. Renunciou, entregou o cargo e foi depor como cidadão comum. 
Foi depor como ex-ministro. Não precisou o Itamar lhe pedir; não precisou a imprensa cobrar o que iria acontecer - o chefe da Casa Civil está sendo chamado para depor na CPI. 
Ele, por conta própria, renunciou e veio depor aqui. Foi aplaudido de pé na CPI, foi absolvido na CPI e voltou para a Chefia da Casa Civil."
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Na área econômica o governo implementou o Plano Real. 
O Ministério da Fazenda havia sido ocupado por três ministros, porém, em maio de 1993, foi empossado no cargo o senador Fernando Henrique Cardoso. 
Implementado sob a coordenação de Fernando Henrique Cardoso, o Plano Real previa o controle inflacionário e a estabilização econômica.
Para sua concretização e eficiência, o governo adotou medidas visando conter os gastos públicos, privatizar uma série de empresas estatais, reduzir o consumo com o aumento das taxas de juros e baixar os preços dos produtos por meio da abertura da economia a competição internacional.Em curto prazo, o Plano Real ocasionou a queda da inflação e o aumento do poder aquisitivo da população. 
Mas a longo-prazo, os economistas já previam um processo recessivo bastante acentuado que geraria enorme desemprego. 
Mas, enquanto isso não ocorria, o governo obteve expressiva popularidade. 
Foi nesta conjuntura política que foi articulada a candidatura oficial do senador e ministro Fernando Henrique Cardoso, para concorrer à sucessão presidencial de 1994. 
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PARTE III
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O interventor do Banco Econômico nomeado pelo Banco Central, em agosto de 1995, encontrou uma pasta rosa onde constava uma lista detalhada com nomes de políticos e quantias que supostamente teriam sido destinadas para suas campanhas.
A lista se dividia em três partes; a primeira continha nomes de candidatos a diversos cargos e uma quantia destinada ao TRE da Bahia. 
A segunda apontava o serviço oferecido a cada um dos políticos citados
E a terceira era um fax da FEBRABAN (Federação Brasileira das Associações de Bancos) relacionando 45 nomes de políticos que deveriam ser apoiados pela instituição. 
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O Banco Econômico, a despeito das dificuldades financeiras que enfrentava, apoiou 25 candidatos nas eleições de 1990.
 
Nesta lista de candidatos aparecem nomes de importantes políticos, como Antônio Carlos Magalhães, Renan Calheiros e José Sarney.
 
Segundo a revista Isto É, o esquema de financiamento liberava dinheiro no início da campanha e, ao final dela, cobria os cheques sem fundo dos candidatos que haviam estourado seu orçamento.
 
Ao descobrir a existência da pasta rosa o governo tentou mantê-la guardada em Salvador, sede do Banco Econômico. Mas, devido à proximidade do interventor com o dono do Econômico e com Antônio Carlos Magalhães, a pasta foi requisitada para Brasília, onde ficou guardada em um cofre
do setor de fiscalização do Banco Central. 
 
O autor interpreta essa atitude como uma tentativa do governo de esconder o caso, mesmo havendo indícios de Caixa 2.
 
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Entretanto, a história vaza e é publicada pela imprensa, iniciando uma crise que se espalhou inclusive dentro da base aliada do governo, pois o Ministro Serra, relacionado na lista, considerou o vazamento conseqüência das críticas que tinha feito ao Ministro da Fazendo, enquanto ACM considerou que o vazamento havia ocorrido em decorrência aos atritos que tivera com a diretoria do Banco Central.
 
O procurador responsável pela Coordenação dos Direitos do Cidadão pediu o envio da documentação que estava no Banco Central, mas os documentos foram parar nas mãos do Procurador Geral da República. Esta atitude foi considerada uma das principais armas da operação “água na fervura” da base governista.
 
Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal, onde se constatou a inexistência de crime eleitoral, mas considerou necessário interrogar os políticos envolvidos para investigar a possibilidade de crime fiscal.
 
Entretanto, antes que o STF se pronunciasse sobre os pedidos da Policia Federal, o Procurador Geral da República recomendou o arquivamento do inquérito, sugestão aceita pelo ministro do STF, pois ambos consideraram que o inquérito se baseava em conjecturas ou suposições. Essa atitude rendeu ao Procurador o apelido de “Engavetador Geral da República”.
 
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A crise se iniciou com a divulgação de uma fita que continha a gravação de uma conversa entre dois deputados do PFL do Acre, onde eles admitiam ter recebido R$ 200 mil para votar a favor da emenda da reeleição, sendo que a conversa indicava que outros parlamentares também haviam vendido seus votos.
 
Ainda segundo a gravação, os responsáveis pelas compras dos votos seriam os governadores do Acre e do Amazonas. Entretanto, outros nomes surgiram, como o do Ministro das Comunicações.
Segundo a revista Veja, os deputados interessados em vender seus votos deveriam procurar determinado deputado, que os encaminharia ao presidente da Câmara, que por sua vez, marcava uma audiência com o Ministro que, após receber os parlamentares, entrava em contato com o governado do Amazonas.
Próximo à votação da emenda, a assessoria parlamentar do Banco de Brasil produziu um relatório com as dívidas de nove deputados que pertenciam a executiva do PPB. 
Segundo o autor, este relatório, feito sob encomenda do Palácio do Planalto, ficou pronto na véspera da reunião em que o partido decidiria qual posição tomariam sobre a questão da reeleição. Entretanto a lista vazou e foi parar na imprensa, que sem demora a publicou.
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O governo utilizou todas as suas armas pois tudo indicava que a emenda não seria aprovada. Segundo pesquisa realizada pelo jornal Folha de São Paulo, mostrava que apenas 228 deputados votariam a favor, sendo que o governo precisava de 308, no mínimo. Contudo, no primeiro turno foram contabilizados 336 votos favoráveis à reeleição.
A resposta da oposição as denúncias de compra de votos foi a tentativa de criação de uma CPI para investigar a compra de votos, entretanto o Planalto abortou essa CPI.
O Ministro das Comunicações, responsável pela articulação política do governo, negou todas as acusações, foi para uma missão oficial em Portugal e, em seguida, tirou férias na França. Depois disso foi afastado da articulação política.
O PFL expulsou os dois deputados que tiveram a conversa gravada. Esses deputados também renunciaram a seus mandatos. Os demais deputados citados na conversa por terem vendido seus votos não sofreram nenhuma conseqüência.
Todas as denúncias foram encaminhadas ao Procurador Geral da República, que optou por aguardar as conclusões da comissão de sindicâncias que fora aberta. 
O Ministério Público sugeriu a abertura de processo contra os acusados por corrupção ativa e passiva, mas o procurador não aceitou essa sugestão, arquivando as representações que havia recebido, dando o caso por encerrado. 
Para o Procurador Geral da República, não cabia propor ação penal pois os acusados haviam sido inocentados pela comissão de constituição e justiça da câmara.
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São uma possível fonte de Corrupção;
Houve mobilização nacional contra a venda da Vale pelo seu preço; 
Houve uma mobilização contar a venda das ‘Teles’, mas seu preço estava inflacionado.
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O Dossiêr Cayman, uma papelada que insinuava a participação do então presidente Fernando Henrique Cardoso e outros políticos do PSDB em uma conta secreta, nas Ilhas Cayman, 
Nessa Ilha, se havia depositado mais de US$ 300 milhões de dinheiro desviado do processo de privatização do Sistema Telebrás. 
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Segundo Eduardo Graeff, as ações de combate à corrupção no governo Fernando Henrique podem ser divididas em três categorias:
 
Averiguação, pois todas as denúncias ou suspeitas consistentes foram investigadas;
 
Sanção, Todas as investigações que comprovaram a culpa dos acusados resultaram na punição dos mesmos, obedecendo irrestritamente à lei;
 
Prevenção, pois o governo confrontou o problema da corrupção na raiz, dentro do poder executivo, que é da competência do presidente.
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Além disso, a redefinição das funções do governo e de sua atuação na esfera econômica fez com que áreas onde práticas corruptas se proliferaram deixassem de existir.
Mas, para um eficiente programa de combate a corrupção é fundamental a estabilidade da moeda.
Altas taxas de inflação inviabilizam a utilização do orçamento aprovado pelo parlamento, pois é impossível prever gastos quando os preços sofrem grande variação
A inflação impede também o controle dos gastos efetivos através dos previstos. 
Assim, como não é possível saber quais são os preços de mercado, o gestor público pode acabar pagando preços mais altos.
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A Lei de Responsabilidade Fiscal se apresentou como uma arma na luta pelo saneamento fiscal.
Essa lei diminui as relações fisiológicas entre Executivo e Legislativo ao dificultar a utilização das emendas orçamentárias como instrumento de negociação. 
Com a redefinição das funções do Estado, outra moeda da relação fisiológica entre os dois poderes teve sua utilização dificultada: As indicações políticas para cargos públicos.
O governo FHC buscou diminuir o espaço de livre nomeação dos cargos de direção e assessoramento através da adoção de processos formais nas escolhas para esses cargos em órgão como o IBAMA e o INSS.
Modernização e moralização andam juntos, sendo que a primeira representa condição sine qua para o fim almejado pela segunda.
No governo FHC, a modernização do poder executivo buscou uma maior eficiência (através de gastos mais racionais e produtivos) e transparência (proporcionando formas adequadas para acompanhar esses gastos).
Também foram criados critérios objetivos para nortear o repasse de verbas para a saúde e educação, além da criação de conselhos regionais para fiscalizar a aplicação desses recursos.
Para combater a “corrupção sistêmica”, partiu-se para a reestruturação da Advocacia Geral da União (AGU) e a criação da Corregedoria Geral da União (CGU).
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A reestruturação da AGU se baseou em três pontos:
Criação da Coordenadoria dos Órgãos Vinculados, que permitiu que a AGU pudesse assumir diretamente a representação judicial de mais de 90 autarquias e fundações; 
Instalação da Coordenadoria de Ações e Recomposição do Patrimônio da União, que é o órgão que tem por objetivo tentar reaver os valores desviados, incluindo somas enviadas clandestinamente para o exterior;
E criação do Departamento de Cálculos e perícias, que possibilitou a impugnação de contas e laudos periciais irregulares que oneravam a União.
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A CGU surge como órgão do Executivo cujo objetivo é o combate à corrupção. Assim, sua missão é:
Prevenir lesões ao erário;
Receber e apurar denúncias de irregularidades no âmbito de
Executivo;
Buscar punições dos abusos praticados e 
Estimular a transparência das ações funcionais. 
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Em 2000 é aprovado o Código de Conduta da Alta Administração Federal.
O governo brasileiro passou a adotar as tecnologias da informação para aumentar a eficiência e a transparência da administração pública.
O uso da internet se popularizou durante o governo FHC, o qual desenvolveu vários projetos utilizando esta nova tecnologia.
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Dentre as atividades promovidas pela internet, podemos citar o Comprasnet, que é um pregão eletrônico onde os fornecedores competem entre si para vender ao governo.
Entretanto, existe uma distância entre as medidas anti-corrupção adotadas por um governo e seus resultados e a percepção da população.
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Essa diferença pode ser explicada por diferentes motivos, dentre os quais:
O comportamento e as motivações da imprensa e de agentes públicos de alta visibilidade;
As estratégias dos partidos e movimentos de oposição;
A resposta dos setores corporativos e oligárquicos cujos poderes e interesses foram contrariados pela redefinição das funções do Estado;
A impopularidade crescente dos políticos e;
O descrédito em relação ao judiciário.
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A falta de informação sobre como funciona o relacionamento entre os três poderes, suas competências e a legislação vigente faz com que paire no ar a sensação de que o governo não toma as devidas providencias contra a corrupção.
Cabe citar que, na medida que o governo levava a frente seu programa de desestatização, os setores corporativos passaram a utilizar o denuncismo como principal arma para defender suas posições
Atualmente podemos perceber alguns pontos positivos e algumas limitações do nosso sistema.
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Pontos Positivos: 
 
Imprensa livre;
Uma sociedade cada vez mais consciente de que as atividades do governo devem ser transparentes;
Espaço para a participação da sociedade na elaboração de políticas públicas e 
Um ministério público independente.
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Limitações do Governo FHC: (Segundo Graef) 
Imprensa que, levada pela competição com outros veículos de informação, trabalham com um ‘denuncismo’;
Público farto de impunidades e que aceitam como válido o linchamento moral dos suspeitos;
Procuradores que legitimam o ‘denuncismo’ e 
Uma oposição resolvida a desestabilizar o governo.
A preocupação do governo FHC foi permitir as instituições funcionassem dentro da normalidade, mas sem acobertar ninguém.
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A Corrupção no Governo Collor começou centrada em um órgão (a Casa Civil) e se espalhou para todo do governo; 
 Houve muitas denúncias de corrupção no governo Itamar. As denúncias ou se provaram infundadas (Caso Hargreaves) ou foram apuradas (caso dos anões); 
O Presidente Itamar foi inocentado.
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Houve sérias acusações contra FHC;
Não se conseguiu provar sua participação, mas havia o sentimento que algo estava ocorrendo além das privatizações. 
Criaram-se mecanismos de combate à corrupção no Governo FHC.
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Conclusões
Houve claras evidências de favorecimentos de deputados para votar a reeleição, evidencia uma relação poder Executivo-Legislativo (corrupção sistêmica)
Houve muitas acusações de nepotismo (corrupção cultural)
Fontes de corrupção forma mantidas: (p. ex.: SUDAM) evidenciando corrupção histórica 
A revitalização dos bancos (PROER) estimulou bancos que não tinham condições de se manter no mercado, para fins de apoio político
As denúncias de corrupção não foram apuradas
As contas nas Bahamas não foram comprovadas nem rejeitadas.

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