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Aula 3 liberdade provisória

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PRÁTICA FORENSE PENAL I
LIBERDADE PROVISÓRIA
Professor: Clóvis Ramos Neto
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Contextualização
Com o advento da Lei nº 12.403/2011, na qual modificou profundamente o Código de Processo Penal, o instituto da liberdade provisória também sofreu alterações. 
Para melhor compreensão do novo panorama do atual instituto da liberdade provisória, necessário distinguir 3 (três) categorias de delitos:
Infrações de menor potencial ofensivo
Crimes inafiançáveis (CF c/c art. 323 do CPP)
Crimes afiançáveis.
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O que é a liberdade provisória?
É um estado de liberdade, circunscrito em condições de reservas, que impede ou substitui a prisão cautelar, atual ou iminente.
Consiste em uma garantia constitucional prevista no art. 5º, inciso LXVI, onde “ninguém será levado à prisão ou nela mantido, quando a lei admitir liberdade provisória, com ou sem fiança”.
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Conceito de Fiança
“A fiança é uma caução, uma prestação de valor, para acautelar o cumprimento das obrigações do afiançado.”.
(Nestor Távora e Rosmar Rodrigues Alenca) 
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Quem pode conceder Fiança?
A autoridade policial: nos crimes cuja pena máxima não exceda a 4 anos;
O juiz: em qualquer espécie de crime afiançável.
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Qual o valor da fiança a ser arbitrada?
O art. 325 do CPP apresenta os patamares mínimos de acordo com a gravidade da infração:
Art. 325.  O valor da fiança será fixado pela autoridade que a conceder nos seguintes limites:
I - de 1 (um) a 100 (cem) salários mínimos, quando se tratar de infração cuja pena privativa de liberdade, no grau máximo, não for superior a 4 (quatro) anos; 
II - de 10 (dez) a 200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos.
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Critérios para fixação da fiança
Art. 326.  Para determinar o valor da fiança, a autoridade terá em consideração a natureza da infração, as condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância provável das custas do processo, até final julgamento.
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Qual a finalidade da fiança
Pagamento das custas do processo;
Indenização do dano causado à vítima (art. 387, IV do CPP)
multa.
Atenção! Se houver sobra da fiança, ela era será devolvida ao condenado, exceto se houver decretação de perda da fiança por não ter ele se apresentado à prisão para cumprir a pena após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.
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Quais são os objetos da fiança?
Art. 330.  A fiança, que será sempre definitiva, consistirá em depósito de dinheiro, pedras, objetos ou metais preciosos, títulos da dívida pública, federal, estadual ou municipal, ou em hipoteca inscrita em primeiro lugar.
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Quem pode pagar a fiança?
Qualquer pessoa!
Art. 329, Parágrafo único.  O réu e quem prestar a fiança serão pelo escrivão notificados das obrigações e da sanção previstas nos arts. 327 e 328, o que constará dos autos.
 
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Obrigações do afiançado
Art. 327.  A fiança tomada por termo obrigará o afiançado a comparecer perante a autoridade, todas as vezes que for intimado para atos do inquérito e da instrução criminal e para o julgamento. Quando o réu não comparecer, a fiança será havida como quebrada.
Art. 328.  O réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência, sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de 8 (oito) dias de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado.
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O que significa “quebra da fiança”?
Ocorre quando o acusado pratica algum ato injustificadamente em desacordo com a lei ou deixa de praticar algum ato dentro da persecução penal.
Art. 343.  O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva.
Art. 324.  Não será, igualmente, concedida fiança:
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 327 e 328 deste Código.
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Cabe recurso da quebra da fiança?
De toda decisão relacionada à fiança cabe RESE (art. 582, V e VII do CPP).
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A fiança pode ser cassada?
Art. 338.  A fiança que se reconheça não ser cabível na espécie será cassada em qualquer fase do processo.
Art. 339.  Será também cassada a fiança quando reconhecida a existência de delito inafiançável, no caso de inovação na classificação do delito.
Art. 340, parágrafo único.  A fiança ficará sem efeito e o réu será recolhido à prisão, quando, na conformidade deste artigo, não for reforçada.
ATENÇÃO! Nos casos de cassação da fiança o seu valor será integralmente restituído ao acusado, que será recolhido à prisão.
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Restituição da fiança
A fiança também será devolvida na sua integralidade quando:
O que for absolvido em definitivo;
A ação penal for declarada extinta (extinção da pretensão punitiva)
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Perda da Fiança
Art. 344.  Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta.
Art. 345.  No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as custas e mais encargos a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei.
Art. 346.  No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções previstas no art. 345 deste Código, o valor restante será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei.
Art. 347.  Não ocorrendo a hipótese do art. 345, o saldo será entregue a quem houver prestado a fiança, depois de deduzidos os encargos a que o réu estiver obrigado.
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Modelo
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA __________ DO ESTADO ______________
 
 
________________ (nome + qualificação completa), vem por seu advogado infra-assinado, com fundamento no art. 5.º, LXVI, da Constituição da República combinado com o art. 321 do Código de Processo Penal, requerer, com base nos fatos e fundamentos abaixo
 
LIBERDADE PROVISÓRIA,
 
I – Dos Fatos
II – Dos Fundamentos
(demonstração da possibilidade de responder em liberdade provisória)
 
III – Do Pedido
Isto posto, requer, imediatamente, que seja concedida a liberdade provisória, nos termos do já citado artigo constitucional, com a consequente expedição de Alvará de Soltura.
Caso V. Exa. entenda cabível, que se determine também a aplicação de medidas cautelares diversas da prisão do art. 319 CPP.
 
Nesses termos, pede e espera deferimento. 
Município, Data
Advogado
Inscrição OAB n.º
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Praticando
Anderson é muito nervoso e quando ingere bebidas alcoólicas fica muito agressivo. Certa noite resolve sair para dançar com sua namorada em famosa boate de Belo Horizonte. A noite transcorria maravilhosamente bem até que, ao retornar do bar, vê sua namorada conversando com outro homem. Inconsequente, Anderson empurra o homem e quebra a garrafa de cerveja no braço da vítima, a deixando levemente sangrando. Os seguranças da boate levam os dois para fora do estabelecimento e chamam a polícia. Ambos dirigem-se ao distrito policial mais próximo e no caminho Anderson descobre que a vítima era amigo de infância de sua namorada. Mesmo assim é feito o relato do ocorrido com a vítima se mostrando interessada na persecução penal e Anderson é preso em flagrante com todas as formalidades cumpridas pelo ilustríssimo Delegado de Polícia. Anderson não se conforma com a prisão, informa a autoridade policial que nunca se envolveu em nenhum crime, tem bons antecedentes, é trabalhador de uma grande multinacional, tem residência fixa e ainda informa que cumprirá a qualquer intimação do Delegado. Anderson não imagina passar um minuto sequer no cárcere e está arrependido. Você, advogado,
é acordado de madrugada para tomar a medida jurídica, exclusiva de advogado, mais urgente possível segundo recomendação de Anderson.
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