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Instrumentalização Científica www.ulbra.br/ead Sumário O ATO DE ESTUDAR........................................................................... 3 O que é estudar?..............................................................................3 A leitura..........................................................................................5 Aproveitamento da leitura ...............................................................8 CONHECIMENTO E MÉTODO.............................................................10 O que é conhecimento? ................................................................. 10 O preocesso de produção do crescimento.........................................13 Fundamentos do conhecimento.......................................................14 MECANISMOS DE BUSCA, DIRETÓRIOS E BANCOS DE DADOS ...........21 Mecanismos de busca.....................................................................21 As diversas ferramentas de busca....................................................22 Diretórios.......................................................................................25 Bancos de dados.............................................................................25 BIBLIOTECAS VIRTUAIS, ENCICLOPÉDIAS E PORTAIS.........................27 Website de biblioteca......................................................................27 Bibliotecas Virtuais.........................................................................29 Enciclopédias virtuais.....................................................................31 PERIÓDICOS E PORTAIS ..................................................................33 Revistas Virtuais Ou Periódicos........................................................33 Portal de Periódicos........................................................................35 PROJETO DE PESQUISA...................................................................39 O projeto de pesquisa......................................................................39 A PESQUISA CIENTÍFICA..................................................................44 O que é pesquisa............................................................................44 Experiência, raciocínio e pesquisa...................................................46 A pesquisa como princípio científico e educativo..............................47 Leitura e pesquisa...........................................................................49 Cabeçalho......................................................................................50 Assunto geral:................................................................................50 Tema..............................................................................................50 Classificação..................................................................................50 Referência bibliográfica..................................................................50 Comentários conteúdos...................................................................50 TIPOS DE PESQUISA .......................................................................51 Classificação das pesquisas com base nos objetivos.........................51 Classificação das pesquisas com base nos procedimentos técnicos...52 O QUALIS .......................................................................................58 Credibilidade na internet ................................................................58 O Programa Qualis..........................................................................59 Identificação Issn...........................................................................63 A PLATAFORMA LATTES ...................................................................65 O que é o Cnpq?..............................................................................65 RELATÓRIO DE PESQUISA................................................................71 Elaboração de trabalhos científicos conforme normas técnicas.........71 Que é monografia?..........................................................................72 Estrutura do trabalho científico.......................................................73 Elementos pós-textuais...................................................................78 ARTIGO E LINGUAGEM CIENTÍFICA...................................................79 Artigo científico..............................................................................79 Citações.........................................................................................82 Notas.............................................................................................83 A linguagem científica.....................................................................84 APLICAÇÃO DAS NORMAS DA ABNT EM UM EDITOR DE TEXTOS..........87 Formatação das normas da abnt através do editor de textos word......87 ÉTICA E ASPECTOS LEGAIS NA UTILIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO.............97 A Informação Necessita ser Protegida?............................................97 Os Direitos Autorais........................................................................97 O Portal do Domínio Público...........................................................102 Ética na Utilização da Informação..................................................104 Bibliografia..................................................................................105 Referência das Imagens................................................................106 Ensino a Distância MANTENEDORA Comunidade Evangélica Luterana São Paulo - CELSP Rua Fioravante Milanez, 206 CEP 92010-240 – Canoas/RS Telefone: 51 3472.5613 - Fax: 51 3477.1313 DIREÇÃO Presidente Delmar Stahnke UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL Av. Farroupilha, 8001 - Bairro São José CEP 92425-900 - Canoas/RS Telefone: 51 3477.4000 - Fax: 51 3477.1313 REITORIA Reitor Marcos Fernando Ziemer Vice-Reitor Valter Kuchenbecker Pró-Reitor de Administração Ricardo Müller Pró-Reitor de Graduação Ricardo Prates Macedo Pró-Reitor Adjunto de Graduação Pedro Antonio Gonzalez Hernandez Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Erwin Francisco Tochtrop Júnior Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Comunitários Ricardo Willy Rieth Capelão geral Gerhard Grasel Diretor de Ensino do EAD Joelci Clécio de Almeida Orientação e revisão da escrita Dóris Cristina Gedrat Design/Infografia/Programação José Renato dos Santos Pereira Luiz Carlos Specht Filho Sabrina Marques Maciel Como pesquisar no texto Clique em editar => Localizar ou clique Ctrl + F. Na barra de ferramentas, digite sua pesquisa na caixa de texto localizar. Como utilizar o zoom Selecione Visualizar => Aplicar Zoom e selecione a opção desejada ou clique na barra de ferramentas + ou - para alterar o zoom. Você ainda pode escolher Ferramentas => Selecionar e zoom => Zoom dinâmico e arraste para aumentar uma área. Como imprimir Clique no ícone imprimir , ou selecione arquivo => imprimir. Se preferir clique em Ctrl + p para imprimir o arquivo. Selecione visualizar => modo de leitura ou modo tela cheia para ler com mais facilidade o arquivo. Para retornar à página anterior ou ir para a próxima página clique nos seguintes ícones: Obtenha maiores informações selecionando Ajuda => Como => Fundamentos do Adobe Reader. DICAS PARA UTILIzAR O PDf O a to d e es tu da r Instrumentalização Científica 3 www.ulbra.br/ead “ato de estudar significa aquilo que se faz para estudar. O ato realizado, concluído no ato de estudar não existe por si só, pois a cada momento novas circunstâncias se oferecem para sua concretização.” Chinazzo Faremos uma reflexão resumindo o texto de Chinazzo. A expressão ato de estudar significa aquilo que se faz para estudar. O ato realizado, concluídono ato de estudar não existe por si só, pois a cada momento novas circunstâncias se oferecem para sua concretiza- ção. Portanto, ele só existe na medida em que o exercício do ato é renovado e multiplicado. O ATO DE ESTUDAR Neste capítulo temos o objetivo de levar o estudante a refletir sobre os seus procedi-mentos diante da tarefa de estudar, no sen- tido de se auto-questionar. No final deste estudo, ele deverá ser capaz de organizar sua própria ação estudantil de maneira a ser mais eficiente e eficaz. Esta é uma reflexão onde o estudante será desafiado a refletir sobre as perguntas: O que é estudar? E qual a importância da leitura no ato de estudar? Você estuda só para fazer provas e exames? Ou estuda com uma perspectiva maior de construção de um futuro melhor? E quanto às leituras? Como é que você costuma ler? Então, apresentaremos sugestões para o aproveitamento da leitura. Subsídios para a leitura e sugestões práticas na concretização da qualidade da leitu- ra, tais como: anotações e observações, fichas de leitura, fluxogramas de textos, resumo e resenha de textos. As reflexões e propostas apresentadas neste capítulo foram fundamentadas em Chinazzo1. O que é estudar? Fig ur a1 : S to ck .X ch ng ® Que estudante tenho sido? Que estudante sou? E que estudante quero ser? O leitor-estudante precisa pro- duzir seu texto. Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escreveu. Por Prof. Ms. Cosme Luiz Chinazzo Fig ur a 2 : S to ck .X ch ng ® O a to d e es tu da r Instrumentalização Científica 4 www.ulbra.br/ead Entendemos que estudar não significa o que muitos pensam e concebem como um sim- ples sentar em bancos escolares e ouvir o que os professores transmitem para repetir, tal e qual, posteriormente, em provas ou exames. Esta é uma visão muito simplória, tradicional e passi- va. Estudar, pelo contrário, é um ato que envolve dinamismo e requer muito esforço da parte do estudante. São comuns observações de que um grande número de estudantes que chega às universida- des não sabe avaliar a dimensão e a importância do que é o ato de estudar, muitas vezes até se diz que alguns nem sabem estudar. Uma triste con- sequência disto é a perda de um tempo precioso com um pseudo-estudar. Perda porque, se esse mesmo tempo fosse aproveitado criteriosamen- te e conscientemente por parte do estudante, os resultados poderiam ser bem mais eficientes. Você já parou para pensar nisso? Em função de tal engano, muitos estudantes têm se fixado em hábitos tradicionais, desenvol- vendo um estudo meramente mecânico, memo- rizador e reprodutivo. Quando, ao contrário, o estudante precisa ter consciência de que estudar é um ato que deve ser assumido e direcionado por ele próprio. Pois estudar não é engolir livros e saberes que os professores recomendam e trans- mitem, mas é antes de tudo, a partir dos livros e dos professores, saber assimilar e revisar os con- teúdos de uma maneira crítica e reflexiva, evi- tando simplesmente passar por alto sobre estes livros e saberes, para, daí, estabelecer morada participativa neles e com eles, dando uma dire- ção de reconstrução do já construído, de refazer o já feito; quer dizer, transformar o material de estudo e, conseqüentemente, transformar-se a si mesmo. O ato de estudar compreendido nesta visão é ação, ação transformadora, e construtora de uma nova realidade. Então, estudar é ação pela qual cada estudante enfrenta a realidade do mundo buscando compreendê-lo e explicá-lo. O ato de estudar é conseqüência da relação homem e mundo, uma vez que, a partir de uma análise fenomenológica, constatamos que o ho- mem está em constantes relações com o mundo, com os outros e consigo mesmo. Isto leva-o a empreender um contínuo esforço no sentido de elucidar o processo constitutivo do ser do mundo, do seu próprio ser e de sua história. Subjacente a esse empreendimento, o homem encontra-se como ente concreto, ser consciente e inteligente, inserido num mundo também concreto. O homem, como tantos outros seres, “está- aí-no-mundo”; todavia ele deve passar desse simples “estar-aí” para se tornar um ser-aí. Usan- do-se a terminologia fenomenológica, o homem deve deixar de ser objeto para ser sujeito. As coisas existentes no mundo se relacio- nam numa dimensão de causalidade, ou seja, de pura exterioridade, são relações sem significa- ções. O homem também se relaciona com essas coisas, mas de maneira fundamentalmente dife- rente, pois há nele o que chamamos de interiori- dade. Trata-se de uma relação em que o homem confere um significado às coisas. Dessa forma, o homem rompe com a exterioridade reinante nas coisas do mundo. As coisas passam a existir a partir do mo- mento em que o homem lhe confere significações de maneira expressa. No entanto, se o homem não consegue expressar o mundo com significa- ções, ele pode tornar-se coisa (objeto), deixando de viver sua interioridade própria de sujeito, para viver uma exterioridade própria das coisas, ob- jeto. Então, mesmo não sendo uma coisa, o ho- mem pode viver como se fosse uma coisa. Tal vida caracterizaria uma renúncia à sua condição originária de ser sujeito-consciente, negando as- sim a sua homogeneidade, ou seja, negaria sua condição original de ser homem. Portanto, na sua relação com o mundo, o homem precisa analisar, observar atentamente, examinar, isto é, olhar o mundo reflexivamente, distanciando-se do mesmo. A isso chamamos de objetivar o mundo. Objetivar o mundo quer dizer distanciar-se dele, libertar-se do meio envolvente, enfrentá-lo, desapegar-se do mesmo para ques- tioná-lo, como objeto de reflexão. Capacidade que só ser humano possui. Os outros animais não são dotados dessa capacidade. Fig ur a 3 : W or dp re ss Muitos alunos, têm por hábito tornar o estudo um processo mecânico e reprodutivo, não aprendendo de fato, o que é ensinado. Es tud ar nã o é de co rar ! 4 O a to d e es tu da r Instrumentalização Científica 5 www.ulbra.br/ead Já realizamos uma reflexão em torno do ato de estudar, agora nosso desfio é pensar um pouco sobre a importância da leitura no ato de estudar. O espírito científico principia quando o aluno decide ser o sujeito da aprendizagem. De acordo com Freire, “estudar é um trabalho di- fícil. Exige de quem o faz uma postura crítica, sistemática. Exige uma disciplina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a”2. Isso impli- ca numa reflexão sobre o próprio ato de estudar que se vai solidificando na medida em que se vai estudando e não simplesmente lendo. Itens indispensáveis do ato de ler, conforme esclarece Freire: 1. o estudante deve assumir o papel de sujeito do ato de estudar; 2. tomar uma atitude frente o mundo; 3. busca de uma bibliografia adequada; 4. atitude de humildade; 5. compreensão crítica do ato de estudar; 6. assumir uma relação dialógica com o autor; 7. uma reflexão constante sobre o seu próprio ato de estudar. A leitura A partir dessa capacidade marcante do espí- rito humano de objetivar sem se tornar objeto, o homem consegue desapegar-se das coisas e até dar nova existência a elas, ou seja, existência in- tencional. Não se apegando ao mundo dado, o homem supera sua imanência, isto é, transcende para além das coisas do mundo. Nesta atitude o homem pode atribuir significados ao mundo. Dando significados, aprende a expressar o mun- do, isto é, produz o mundo. O mundo expresso pelo homem passa a ser o mundo humano, mun- do do homem. Ao anunciar o mundo, o homem transforma- o , conhece-o, transcede a imediatez do mesmo, simultaneamente conhece-se e liberta-se. Devido a esses dinamismos constantesdo homem, de transcender e transcender-se, ele nunca estaciona na busca da realização humana, mas, ironicamente, também nunca chega a uma realização plena e definitiva. Trata-se de um mo- vimento dialético que está em permanente conti- nuidade, ultrapassando todos os limites, porque, ao ultrapassar um, logo se impõe outro, e assim sucessivamente. Desse modo, podemos transferir essa refle- xão e aplicá-la no ato de estudar. E então, tere- mos que o estudante que valoriza o ato de estu- dar não se deixará aprisionar pelos mecanismos de uma educação tradicional, passiva e conser- vadora. Buscará novas formas de produzir o co- nhecimento, para poder contar sua história. Ele não copia idéias e pensamentos, mas analisa-os, para poder expressar seus próprios pensamentos. Tomando esta atitude, ao estudar, o estudante vai aos poucos sentindo-se como autor de sua pró- pria história, e com isso sente-se cada vez mais responsável pelos rumos da sua existência e do mundo. Vai adquirindo liberdade e autonomia na medida em que o ato de estudar possibilita-lhe assumir conscientemente sua essencial condição humana de ser sujeito. Nesta perspectiva, entendemos que estudar é aprender a dizer o mundo de forma crítica e renovada, não é repetir o passado, mas dizer o mundo de forma própria, criadora e transforma- dora. Transformadora porque o ato de estudar não deve fixar-se apenas no aprender a repetir e reproduzir o que os outros já disseram sobre o mundo, mas ir além, pois estudar é ação, é criação e recriação. O ato de estudar não exis- te separado do mundo, produzindo pensamentos abstratos e arbitrários. Pelo contrário, do mun- do é gerado e para o mundo deve voltar-se para transformá-lo. Em outras palavras, cada ser humano é res- ponsável pela produção de sua história e deve conscientizar-se de que o seu desenvolvimento intelectual e sua inserção no mundo dependem basicamente de suas ações e decisões. Isto signi- fica que no ato de estudar cada estudante deve fazer-se sujeito desse ato, não se tornando me- ramente objeto do mesmo. Fazer-se sujeito no ato de estudar é a cada ato libertar-se, realizar-se, autodesenvolver-se como agente histórico, é in- terferir no mundo e inserir-se participativamente no mesmo. É autorealizar-se. Estudar é um ato desafiador no qual o es- tudante sente-se provocado pelo mundo e pelas coisas, no sentido de compreendê-las e apro- priar-se de suas significações. Estudar é uma constante reflexão e abertura como possibilidade de ultrapassar as imanências do mundo. Conse- qüentemente é o esforço para procurar ir sempre mais além dos seus próprios limites. O a to d e es tu da r Instrumentalização Científica 6 www.ulbra.br/ead No ato de estudar está implícita a importân- cia da leitura. Para Lakatos e Marconi4: (...) ler significa conhecer, interpretar, de- cifrar, distinguir os elementos mais impor- tantes dos secundários e, optando pelos mais representativos e sugestivos, utilizá- los como fonte de novas idéias e do saber, através dos processos de busca, assimila- ção, retenção, crítica, verificação e inte- gração do conhecimento. Para o estudante é importante que ele apren- da a fazer uma leitura exploratória, uma leitura analítica, leitura interpretativa e uma leitura de problematização. Aprender a ler é saber extrair do texto e do contexto, numa posição crítica, é criar ou re-criar o mundo da palavra – texto – e a leitura do mundo – contexto -, caracterizado pela vivência e experiências do mundo vivido. Então, sobre a LEITURA algumas questões se impõem. Qual a relação entre ler e estudar? Que tipo de leitura nossos estudantes realizam sobre os textos propostos pelos seus professores? Para que serve o texto? Para que serve a leitura? Entendemos que a leitura constitui a mola mestra do ato de estudar. Referimo-nos princi- palmente à leitura de textos técnicos das ciências e da filosofia. São textos que revelam uma com- preensão mais elaborada sobre o mundo. Uma coisa é certa: a leitura de estudo não pode prender-se unicamente ao texto escrito. Antes de tudo, o leitor-estudante deve ter cons- ciência de que todo o texto reflete determinado contexto, que via de regra é bem mais complexo do que o texto impresso. Neste sentido, a leitura não é um ato isolado e momentâneo. Pelo con- trário, deve ser encarada como o caminho a ser percorrido pelo leitor na busca de descobrir e articular sua realidade existencial com os signifi- cados impressos pela palavra, uma vez que todo o texto escrito originou-se do mundo vivenciado pelo seu autor. O autor estruturou o texto a partir do modo como ele percebeu o seu mundo (contexto) e a partir das influências que dele sofreu e das ex- periências que nele realizou e viveu. Por outro lado, o leitor faz a leitura da palavra contando com a sua própria visão de mundo e com suas experiências nele vivenciadas. E neste ato de leitura, o leitor-estudante precisa confrontar seu contexto com o texto impresso pelo autor, com a intenção de construir um novo significado. Quer dizer, uma boa leitura deve ser capaz de gerar a reorganização das experiências do leitor. Quanto a isso, Freire5 insiste que: Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando, o escreveu. É perceber o condicionamento histórico-so- ciológico do conhecimento. É buscar as re- lações entre o conteúdo em estudo e outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de reinventar, de recriar, de reescrever - tarefa de sujeito e não de ob- jeto. Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal perspectiva, alienar-se ao texto, renunciando assim à sua atitude crí- tica em face dele. Portanto, a leitura realizada pelo estudante- leitor deve acontecer na forma de um diálogo, que o estudante-leitor realiza com o autor. Nesta perspectiva, o texto escrito é apenas um instru- Ler significa distinguir os elementos mais impor- tantes dos secundários e utilizá-los como novas idéias “Estudar não é um ato de consumir idéias, mas de criá-las e recriá-las.” Nasceu em Recife em 1921 e faleceu em 1997. É considerado um dos grandes pedagogos da atualidade e respeitado mundialmente. Sua grande contribuição foi em favor da educação popular.Criador do “método Paulo Freire”, revolucionário método de alfabetização de adultos.É considerado um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia mundial, ten- do influenciado o movimento chamado pedagogia crítica. Publicou várias obras que foram traduzidas e comentadas em vários países. FREIRE P.. (1982) Ação cultural para a liberdade e outros escritos. Rio de Janeiro: Paz e Terra (6ª edição), pp. 09-12.Fig ur a 4 : A rq ui vo P au lo Fr ei re 6 O a to d e es tu da r Instrumentalização Científica 7 www.ulbra.br/ead mento mediador entre dois mundos, o mundo do leitor e o mundo do autor. É precisamente no ato da leitura que se estabelece o diálogo e este será direcionado pelos interesses e intenções do leitor. É este que deverá estabelecer questiona- mentos e buscar respostas. Deverá problematizar o texto e formular juízos próprios. Em outras palavras, o leitor-estudante preci- sa produzir seu texto. Para o leitor-estudante que assume esta postura, o texto estudado não é algo definitivamente acabado. É uma obra humana, à qual o mesmo, de certo modo, deve dar nova vida. O texto torna-se uma proposta, um desafio. Desafio porque o leitor-estudante deverá su- perar uma série de dificuldades que se impõem intrinsecamente no decorrer da leitura. É mui- to comum o leitor não perceber que o texto lido vem carregado de condicionamentos histórico- sociológicos e ideológicos do autor que nem sempre coincidem com o seu. O leitor precisa saberidentificar a posição ideológica e filosófica do autor para poder con- frontá-la com a sua realidade. Nesta confronta- ção, o leitor-estudante deverá ter a sensibilidade de perceber as suas semelhanças e diferenças em relação ao autor, para a partir daí ter condições de reelaborar o texto, isto é, produzir seu próprio texto*. Assumindo tal atitude, o estudante-leitor se faz sujeito diante do texto lido. Com isso, terá condições de compreender as idéias do autor, como também poderá expressar o que ele tem a dizer. O leitor-estudante que faz da leitura um momento de diálogo crítico e produtivo não fica hipnotizado pela palavra escrita; pelo contrário, buscará novas palavras, não para colecioná-las na memória, mas para anunciar a sua realidade construindo um novo mundo, possibilitando a continuidade da obra humana na história. Então, diante de um texto, o leitor poderá ser sujeito ou objeto da leitura, isso dependerá da postura crítica ou a-crítica que assuma frente ao texto sobre o qual processa o ato de estudar. Será objeto na medida em que se coloque fren- te ao texto como alguém que esteja magnetizado pelo que está vivenciando, seja pelo júbilo, seja pelo temor que desperte, frente ao texto. Logo, o estudante que permanecer nesta postura, provavelmente, sofrerá graves conse- qüências, como a formação de uma consciência ingênua em relação às ações políticas e sociais. Com facilidade tornar-se-á um indivíduo que se submete passivamente a um mundo dogmático, onde a ordem e valores se impõem de forma na- tural e categórica, onde tudo está feito e resolvi- do. É o tipo de homem que não questiona, não problematiza seu mundo, tem a visão de que o mundo é estático e determinado. É uma mentali- dade consumidora de idéias e saberes e não sua produtora. Advém daí uma mentalidade que possui um conhecimento fragmentado e desarticulado, faltando uma visão de conjunto e totalidade. É o indivíduo que é levado pelos acontecimentos do cotidiano e oprimido pela rotina do dia-a-dia, correndo o risco de alienar-se, perdendo sua au- tonomia e não assumindo sua condição funda- mental de ser humano. Por outro lado, será sujeito da leitura o leitor que, ao invés de só reter a informação, fizer o es- forço de compreensão da mensagem, verificando se expressa e elucida a realidade em suas carac- terísticas específicas. Por vezes, os textos criam uma elucidação falsa da realidade. É preciso es- tar alerta para esta possibilidade.6 Portanto, o leitor-sujeito é aquele que busca compreender o mundo concreto em suas bases reais. Examina e questiona o texto que está len- do, este “estará capacitado para criar e transmitir novas mensagens, que se apresentarão como no- vas compreensões da realidade”7. O leitor-sujeito pensa criticamente e passa a destruir falsas idéias, cria novas interpretações acerca da realidade, dando novos significados, pois compreende que a realidade do mundo não é estática, que “esta não se dá a conhecer de uma só vez. Ela se transforma, se modifica, é multi- facetária e, por isso, constantemente, está desa- fiando o homem no seu ato de estudar, que deve ser criativo e não repetitivo”8. Torna-se evidente a necessidade de nossos estudantes assumirem uma postura crítica diante dos textos de estudo. Só assim poderão dar con- tinuidade ao curso da história e realização hu- mana, pois estarão enfrentando o mundo na bus- ca de uma compreensão rigorosa e ordenada de seus componentes, superando visões ingênuas, falsas idéias e aparências. Isto é buscar a inteli- gibilidade do mundo. * Neste tocante devemos ter o máximo cuidado, para não cairmos num relativismo que fuja da questão da verdade científica. O rigor da inves- tigação científica deve ser mantido, bem como a fidelidade à verdade científica. Há sempre uma verdade científica que não pode ser relati- vizada. O a to d e es tu da r Instrumentalização Científica 8 www.ulbra.br/ead Aproveitamento da leitura Tendo em vista as argumentações expos-tas nos dois tópicos anteriores, faz-se mister que a ação do leitor-estudante, no ato da leitura de textos teóricos, seja uma ação ciente de sua condição de sujeito deste ato e que para tanto domine certas técnicas de leitura que são na verdade técnicas de pes- quisa. O leitor-estudante deve ter em mente que a qualidade de sua leitura depende muito dos métodos adotados na efetivação deste ato. Veja, estamos falando de técnicas de pesquisa no ato de ler um texto teórico, porque a proposta é estimular o estudante-leitor a fazer no momento da leitura uma ação de estudo-pesquisa. Não há espaço aqui para uma leitura mecânica e memo- rizadora. Trata-se de um método de estudo em que estudar também é uma forma de pesquisar. Uma leitura organi- zada metodologicamente já é por si só uma pesquisa. Refere-se a um método de leitura que requer co- nhecimento e domínio de técnicas que orientem a leitura com rigor e critérios bem definidos. O leitor-estudante não pode ser apenas um receptor de saberes. Deve no ato da leitura procu- rar compreender a mensagem do autor, questionar as exposições e argumentações do mesmo para poder transformar o que deve ser transformado. Sem dúvida, para os estudantes universitários, os textos teóricos são instrumentos de fundamental importância e fonte de pesquisa, pois é através deles que os estudantes se relacionam com a pro- dução científica e filosófica, é através deles que se torna possível participar do universo de con- quistas nas diversas áreas do saber. É por isso que aprender a compreendê-los se coloca como tarefa fundamental de todos aqueles que se dispõem a decifrar o seu mundo.9 O estudante universitário precisa tomar consciência de que aprender a compreender um texto é aprender a efetuar uma leitura com qua- lidade, pois o que mais interessa é a produção efetiva e não a quantidade. Não interessa quantas páginas foram lidas, interessa como foram lidas e a sua compreensão. Por isso, devemos reler o texto quantas vezes for necessário, até obtermos certeza da compreensão do tema em pauta. Sabemos que o processo de construção da nossa intelectualidade é muito lento, são os obstáculos pessoais, sociais e culturais a serem vencidos em busca de uma compreensão signi- ficativa do conhecimento humano. Nem sempre a compreensão acontece de imediato, por isso se faz necessário, por parte do leitor, dedicar tempo e aplicar técnicas para poder decodificar e assi- milar o que está sendo revelado no texto. O certo é que a leitura-estudo, concebida como trabalho de pesquisa, deve ser organiza- da metodologicamente. Inerente a esta postura, subentende-se uma série de atividades no sentido de fazer observações, organizar e classificar da- dos dos textos e realizar apontamentos, fichas, esquemas etc. Se as sugestões que apresen- taremos abaixo não forem condi- zentes com a sua realidade, acre- ditamos que você encontrará o seu próprio método de conduzir suas leituras de estudo. O importan- te é ter um método organizado e eficiente para aproveitar melhor o tempo disponível para estudo e conseqüentemen- te aproveitar e compreender melhor os temas de estudo e leituras. O estudo e análise de textos que possuam uma estrutura lógica rigorosa, especialmente os textos filosóficos e científicos. Exigem que se- jam feitas algumas avaliações, tais como: • Referência bibliográfica do texto. Isto implica saber quem é o autor do texto; o título do texto; ano da publicação e a ex- tensão do texto. • Identificar o tipo de texto. Identificar se o texto é científico, ou filosófico, ou literário, ou teológico etc. Isto facilita o entendimento das idéias que o autor quer transmitir, pois cada tipo de texto possui uma estrutura lingüística e argumentativaprópria. • Conhecer os dados bibliográficos do autor. Procurar contextualizar o autor no tempo e no espaço. É importante pergun- tar: Quando o autor nasceu? Onde? Qual foi sua formação intelectual? Não há espaço aqui para uma leitura mecânica e memorizadora. 8 O a to d e es tu da r Instrumentalização Científica 9 www.ulbra.br/ead • Em que organizações militou? A que cor- rentes de pensamento se filia? Que livros escreveu? Quais as principais caracterís- ticas de seu pensamento? Quais eram as condições da época em que produziu o texto? Que influências recebeu? Etc. • Estudo dos componentes desconheci- dos do texto. É freqüente encontrarmos expressões técnicas, palavras, autores ci- tados, fatos históricos mencionados que não conhecemos. Por isso, necessitamos munir-nos de outros livros, dicionários, enciclopédias e algumas vezes consultar especialista da área. Para finalizar, fica o desafio para que cada estudante reflita sobre esses conteúdos, tentando relacioná-los com outros conheci- mentos que você já domina, a fim de analisar como está sendo conduzida sua vida de es- tudante, tendo como referencias as seguintes perguntas: QUE ESTUDANTE TENHO SIDO? QUE ESTUDANTE SOU? QUE ESTUDANTE QUERO SER? Pense nisso! 1 CHINAZZO, 2002. 2 FREIRE, 1979, p. 9. 3 FREIRE citado por HÜHNE, 1992, p.14. 4 LAKATOS; MARCONI, 1989, p. 19. 5 FREIRE, 1979, p. 9. 6 LUCKESI, 1991, p. 141. 7 Ibid., p. 142. 8 Ibid., p. 143. 9 FURLAN, 1988, p. 133. QUADRO 1 - SUGESTÕES PARA ATINGIR A EFICIÊNCIA NOS ESTUDOS Fonte: RUIZ (2002). TEMA AÇÃO 1 - Aprender a aprender - Assumir a responsabilidade pelo estudo. - Não esperar só pelos professores. - Pontualidade nas aulas. - Saber orientar seus próprios estudos. - Adotar método de estudo, principalmente, técnicas. - Definir sua própria técnica. 2 - Tempo para estudar - A luta contra os ponteiros do relógio. 3 - Distribuição do tempo - Tornar o tempo mais produtivo. - Determinar o que vai estudar em cada momento. - Alguns minutos por dia podem somar horas na semana. - Elaborar uma planilha demonstrando como usar o tempo – diário. - Reelaborar esta planilha para ver como posso aproveitar melhor. - Espaços curtos – pequenas leituras. - Espaços longos – analisar, criticar, elaborar fichas, resumos. 4 - Horário para preparar as aulas - Possuir o programa, livros textos, dicionários e outras fontes. - Ler previamente o conteúdo que será desenvolvido. - Isso melhora a participação em aula – debates. 5 - Horário de revisão das aul- as - Certificar-se que realmente aprendeu aquilo que acha que aprendeu. - Reforçar na memória. 6 - Horário de estudo para as provas - Não deixar tudo para a última hora. - Estudo como processo de desenvolvimento lento e constante. 7 - Aproveitar o tempo em sala de aula - As aulas são o grande tempo do estudante. - É incoerente o aluno investir no ensino pago e não obter retorno em forma de apren- dizagem e aproveitamento. - O estudante “turista” ou autodidata tem formação deficitária. - Não sair da aula com dúvidas. - Procurar manter um clima cordial entre professor e aluno.
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