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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Estudar a embriologia renal;
2- Compreender a morfologia dos rins;
Embriogênese do rim
↠ O sistema urogenital se desenvolve a partir do
mesênquima intermediário (tecido conjuntivo embrionário
primordial que consiste de células mesenquimais)
derivadas da parede corporal dorsal do embrião (MOORE,
10ª ed.).
↠ Durante o dobramento do embrião no plano horizontal
o mesênquima é movido ventralmente e perde sua
conexão com os somitos. Uma elevação longitudinal do
mesoderma, a crista urogenital, forma-se em cada lado da
aorta dorsal. A parte da crista que dá origem ao sistema
urinário é o cordão nefrogênico (MOORE, 10ª ed.).
Desenvolvimento do sistema urinário
↠ O sistema urinário começa a se desenvolver antes do
sistema genital e consiste em: (MOORE, 10ª ed.).
➢ Rins, que produzem e excretam urina.
➢ Ureteres, que transportam urina dos rins para a
bexiga urinária.
➢ Bexiga urinária, que armazena temporariamente
a urina.
➢ Uretra, que conduz externamente a urina da
bexiga.
DESENVOLVIMENTO DE RINS E URETERES
↠ Formam-se três sistemas renais que se sobrepõem
levemente em uma sequência craniocaudal durante a vida
intrauterina nos seres humanos: pronefro, mesonefro e
metanefro. O primeiro desses sistemas é rudimentar e
não é funcional; o segundo funciona por um intervalo
curto de tempo durante o período fetal inicial, e o terceiro
origina os rins permanentes (LANGMAN, 13ª ed.).
PRONEFROS
↠ Os pronefros são estruturas transitórias bilaterais que
aparecem inicialmente na quarta semana. Eles são
representados por algumas coleções de células e
estruturas tubulares na região do pescoço em
desenvolvimento (MOORE, 10ª ed.).
↠ Os ductos pronéfricos percorrem caudalmente e se
abrem dentro da cloaca, a câmara dentro da qual o
intestino posterior e o alantoide se esvaziavam. Os
pronefros logo degeneram; no entanto, a maioria das
partes dos ductos persiste e é usada pelo segundo
conjunto de rins (MOORE, 10ª ed.).
MESONEFROS
↠ Os mesonefros, que são órgãos excretores grandes,
alongados, aparecem ao final da quarta semana, caudais
aos pronefros. Os mesonefros funcionam como rins
temporários durante aproximadamente 4 semanas, até
que os rins permanentes se desenvolvam e funcionem
(MOORE, 10ª ed.).
ÅPG 25 – “FERRADURA? COMO ASSIM?”
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↠ Os rins mesonéfricos consistem em glomérulos (10-50
por rim) e túbulos mesonéfricos. Os túbulos se abrem
para dentro de ductos mesonéfricos bilaterais, os quais
eram originalmente os ductos pronéfricos. Os ductos
mesonéfricos se abrem dentro da cloaca (MOORE, 10ª ed.).
↠ Ao redor do glomérulo, os túbulos formam a cápsula
de Bowman, e, em conjunto, essas estruturas constituem
o corpúsculo renal. Lateralmente, o túbulo desemboca no
ducto coletor lateral, conhecido como ducto mesonéfrico
ou wolffiano (LANGMAN, 13ª ed.).
↠ Os mesonefros degeneram em torno do final da 12ª
semana; entretanto, os túbulos metanéfricos se tornam
os dúctulos eferentes dos testículos. Os ductos
mesonéfricos têm diversos derivados adultos nos homens
(MOORE, 10ª ed.).
METANEFROS
↠ Os metanefros, ou os primórdios dos rins
permanentes, começam a se desenvolver na quinta
semana e se tornam funcionais aproximadamente 4
semanas mais tarde. A formação de urina continua
durante toda a vida fetal; a urina é excretada para dentro
da cavidade amniótica e forma um dos componentes do
líquido amniótico (MOORE, 10ª ed.).
↠ Os rins se desenvolvem a partir de duas fontes:
(MOORE, 10ª ed.).
➢ O broto uretérico (divertículo metanéfrico);
➢ O blastema metanefrogênico (massa
metanéfrica de mesênquima).
↠ O broto uretérico é um divertículo (evaginação) do
ducto mesonéfrico próximo da sua entrada na cloaca
(MOORE, 10ª ed.).
↠ O blastema metanefrogênico é derivado da parte
caudal do cordão nefrogênico. À medida que o broto
uretérico se alonga, ele penetra no blastema, uma massa
de mesênquima metanéfrica (MOORE, 10ª ed.).
↠ O pedículo do broto uretérico se torna o ureter. A
parte cranial do broto sofre ramificação repetitiva,
resultando na diferenciação do broto nos túbulos
coletores. As quatro primeiras gerações de túbulos
aumentam e se tornam confluentes para formar os
cálices maiores. As segundas quatro gerações coalescem
para formar os cálices menores (MOORE, 10ª ed.).
↠ A extremidade de cada túbulo coletor arqueado induz
uma coleção de células mesenquimais no blastema
metanefrogênico a formarem pequenas vesículas
metanéfricas. Essas vesículas se alongam e se tornam
túbulos metanéfricos (MOORE, 10ª ed.).
↠ À medida que ocorre ramificação, algumas das células
do mesênquima metanéfrico se condensam e formam
uma capa de células de mesênquima; estas sofrem
transição de mesenquimais para epiteliais e se
desenvolvem na maior parte do epítélio do néfron
(MOORE, 10ª ed.).
↠ As extremidades proximais dos túbulos são
invaginadas pelos glomérulos. Os túbulos se diferenciam
em túbulos contorcidos proximal e distal; a alça do néfron
(alça de Henle) e, junto com o glomérulo e a cápsula
glomerular, constituem um néfron (MOORE, 10ª ed.).
O broto ureteral dá origem ao ureter, à pelve renal, aos cálices
maiores e menores e a aproximadamente 1 a 3 milhões de túbulos
coletores (LANGMAN, 13ª ed.).
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↠ Cada túbulo contorcido distal faz contato com um
túbulo coletor arqueado e os túbulos se tornam
confluentes. Um túbulo urinífero consiste em duas partes
embriologicamente diferentes: (MOORE, 10ª ed.).
➢ Um néfron, derivado do blastema
metanefrogênico.
➢ Um túbulo coletor, derivado do broto uretérico.
↠ Entre a 10ª e a 18ª semanas, o número de glomérulos
aumenta gradualmente e a seguir aumenta rapidamente
até a 36ª semana, quando atinge um limite superior. A
formação de néfrons está completa ao nascimento, com
cada rim contendo até 2 milhões de néfrons, embora
esse número possa variar por um fator de 10 (MOORE,
10ª ed.).
Os néfrons devem durar para sempre porque não são formados
novos néfrons após essa época e números limitados podem resultar
em consequências importantes para a saúde da criança e do adulto
(MOORE, 10ª ed.).
↠ Os rins fetais são subdivididos em lobos. A lobulação
usualmente desaparece no fim do primeiro ano da
infância à medida que os néfrons aumentam e crescem
(MOORE, 10ª ed.).
↠ O aumento no tamanho do rim após o nascimento
resulta principalmente do alongamento dos túbulos
contorcidos proximais bem como um aumento do tecido
intersticial. A formação de néfrons está completa ao
nascimento exceto em bebês prematuros (MOORE, 10ª
ed.).
↠ Embora a filtração glomerular comece
aproximadamente na nona semana fetal, a maturação
funcional dos rins e taxas aumentadas de filtração
ocorrem após o nascimento (MOORE, 10ª ed.).
↠ A ramificação do broto uretérico é dependente da
indução pelo mesênquima metanéfrico. A diferenciação
dos néfrons depende da indução pelos túbulos coletores.
O broto uretérico e o blastema metanefrogênico
interagem e induzem um ao outro, um processo
conhecido como indução recíproca, para formar os rins
permanentes (MOORE, 10ª ed.).
REGULAÇÃO MOLECULAR DO DESENVOLVIMENTO RENAL
Genes envolvidos com a diferenciação renal
A - WT1, expresso pelo mesênquima, permite que esse tecido
responda à indução pelo broto ureteral. O fator neurotrófico derivado
da glia (GDNF) e o fator de crescimento do hepatócito (HGF), também
produzidos pelo mesênquima, interagem por intermédio de seus
receptores, respectivamente, RET e MET, no epitélio do broto
ureteral para estimular o crescimento do broto e manter as interações
(LANGMAN, 13ª ed.).
Os fatores de crescimento do fibroblasto do tipo 2 (FGF2) e da
proteína morfogenética óssea do tipo 7 (BMP7) estimulam a
proliferação do mesênquima e mantêm a expressão de WT1
(LANGMAN, 13ªsendo reabsorvida do líquido
no lúmen dos túbulos pode seguir uma de duas vias antes
de entrar em um capilar peritubular: pode mover-se entre
células tubulares adjacentes ou através de uma célula
tubular individual (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Ao longo do túbulo renal, zônulas de oclusão cercam
e unem células vizinhas umas às outras, muito parecido
com o envoltório plástico que mantém um pacote de seis
latas de refrigerante juntas. A membrana apical (o topo
das latas de refrigerante) está em contato com o líquido
tubular, e a membrana basolateral (a base e as laterais das
latas de refrigerante) está em contato com o líquido
intersticial na base e lados da célula (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O líquido pode vazar entre as células em um processo
passivo conhecido como reabsorção paracelular. Mesmo
que as células epiteliais estejam ligadas por junções
oclusivas, estas junções entre as células dos túbulos renais
proximais são “permeáveis” e possibilitam que algumas
substâncias reabsorvidas passem entre as células para os
capilares peritubulares (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Em algumas partes do túbulo renal, acredita-se que a
via paracelular represente até 50% da reabsorção de
determinados íons e da água que os acompanha por
osmose. Na reabsorção transcelular, uma substância passa
do líquido no lúmen tubular através da membrana apical
de uma célula do túbulo, cruza o citosol e sai para o líquido
intersticial através da membrana basolateral (TORTORA,
14ª ed.).
Por exemplo, água e solutos podem ser transportados, tanto através
das membranas celulares (via transcelular) quanto através dos espaços
juncionais entre as junções celulares (via paracelular) (GUYTON, 13ª ed.).
MECANISMOS DE TRANSPORTE
Quando as células renais transportam os solutos para fora ou para
dentro do líquido tubular, elas movem substâncias específicas em
apenas uma direção. Não surpreendentemente, diferentes tipos de
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proteínas transportadoras estão presentes nas membranas apical e
basolateral (TORTORA, 14ª ed.).
As junções oclusivas formam uma barreira que impede a mistura de
proteínas nos compartimentos das membranas apical e basolateral. A
reabsorção de Na+ pelos túbulos renais é especialmente importante
em decorrência da grande quantidade de íons sódio que passa através
dos filtros glomerulares (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As células que revestem os túbulos renais, assim como
outras células de todo o corpo, têm baixa concentração
de Na+ no seu citosol em decorrência da atividade das
bombas de sódio-potássio (Na+K+ATPases). Estas bombas
estão localizadas nas membranas basolaterais e ejetam
Na+ das células do túbulo renal. A ausência de bombas de
sódio-potássio na membrana apical assegura que a
reabsorção de Na+ seja um processo unidirecional
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A maior parte dos íons sódio que cruza a membrana
apical vai ser bombeada para o líquido intersticial na base
e nas laterais da célula. A quantidade de ATP utilizado
pelas bombas de sódio-potássio nos túbulos renais é de
aproximadamente 6% do consumo total de ATP do
corpo em repouso. Isso pode não parecer muito, mas é
aproximadamente a mesma quantidade de energia usada
pelo diafragma ao se contrair durante a respiração
tranquila (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O transporte de material através das membranas pode
ser ativo ou passivo. Lembre-se de que no transporte
ativo primário a energia resultante da hidrólise do ATP é
usada para “bombear” uma substância através de uma
membrana; a bomba de sódio-potássio é uma dessas
bombas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ No transporte ativo secundário, a energia armazenada
no gradiente eletroquímico de um íon, em vez da hidrólise
de ATP, impulsiona outra substância através de uma
membrana. O transporte ativo secundário acopla o
movimento de um íon contra o seu gradiente
eletroquímico para o movimento “morro acima” de uma
segunda substância contra o seu gradiente eletroquímico.
Os simportadores são proteínas de membrana que
movem duas ou mais substâncias no mesmo sentido
através de uma membrana. Os contra-transportadores
movem duas ou mais substâncias em sentidos opostos
através de uma membrana. Cada tipo de transportador tem um
limite máximo de velocidade de atuação, assim como uma escada
rolante tem um limite de quantas pessoas ela pode transportar de um
andar para outro em um determinado período. Este limite, chamado
transporte máximo Tm), é medido em mg/min (TORTORA, 14ª
ed.).
A reabsorção de glicose pelo túbulo renal é exemplo de transporte
ativo secundário (GUYTON, 13ª ed.).
↠ A reabsorção de soluto impulsiona a reabsorção de
água, porque toda a reabsorção de água ocorre por
osmose. Aproximadamente 90% da reabsorção de água
filtrada pelos rins ocorrem juntamente com a reabsorção
de solutos, como o Na+, o Cl– e a glicose (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ A água reabsorvida com solutos no líquido tubular é
denominada reabsorção de água obrigatória, porque a
água é “obrigada” a seguir os solutos quando eles são
reabsorvidos. Este tipo de reabsorção de água ocorre no
túbulo contorcido proximal e na parte descendente da
alça de Henle, porque estes segmentos do néfron
sempre são permeáveis à água. A reabsorção dos
últimos 10% de água, um total de 10 a 20 l por dia, é
chamada reabsorção de água facultativa. A palavra
facultativa indica que a reabsorção é “capaz de se adaptar
a uma necessidade”. A reabsorção de água facultativa é
regulada pelo hormônio antidiurético e ocorre
principalmente nos ductos coletores (TORTORA, 14ª ed.).
Agora que vimos os princípios do transporte renal, vamos seguir o
líquido filtrado do túbulo contorcido proximal até a alça de Henle, para
o túbulo contorcido distal e ao longo dos ductos coletores. Em cada
segmento, iremos analisar onde e como substâncias específicas são
reabsorvidas e secretadas. O líquido filtrado se torna líquido tubular
quando entra no túbulo contorcido proximal. A composição do líquido
tubular muda conforme ele flui ao longo do néfron e do ducto coletor,
em decorrência da reabsorção e secreção. O líquido que flui dos
ductos papilares para a pelve renal é a urina (TORTORA, 14ª ed.).
SECREÇÃO E REABSORÇÃO NO TÚBULO CONTORCIDO
PROXIMAL
↠ A maior quantidade de reabsorção de soluto e água a
partir do líquido filtrado ocorre nos túbulos contorcidos
proximais, que reabsorvem 65% da água filtrada, Na+ e
K+; 100% da maior parte dos solutos orgânicos filtrados,
como a glicose e os aminoácidos; 50% do Cl– filtrado; 80
a 90% do HCO3– filtrado; 50% da ureia filtrada; e uma
quantidade variável dos íons Ca2+, Mg2+ e HPO4
2–
(fosfato) filtrados. Além disso, os túbulos contorcidos
proximais secretam uma quantidade variável de H+, íons
amônia NH4
+) e ureia (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A maior parte da reabsorção de solutos no túbulo
contorcido proximal (TCP) envolve o Na+. O transporte
de Na+ ocorre via mecanismos utilizando simportadores e
antiportadores no túbulo contorcido proximal.
Normalmente, a glicose, os aminoácidos, o ácido láctico,
as vitaminas hidrossolúveis e outros nutrientes filtrados
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não são perdidos na urina. Em vez disso, são
completamente reabsorvidos na primeira metade do
túbulo contorcido proximal por vários tipos de
simportadores Na+ localizados na membrana apical
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Dois íons Na+ e uma molécula de glicose se ligam à
proteína simportadora, que os transporta do líquido
tubular para dentro da célula do túbulo. As moléculas de
glicose então saem através da membrana basolateral via
difusão facilitada e se difundem para os capilares
peritubulares. Outros simportadores Na+ no TCP
recuperam os íons HPO4
2– (fosfato) e SO4
2– (sulfato),
todos os aminoácidos e o ácido láctico filtrados de um
modo semelhante. (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Em outro processo de transporte ativo secundário, os
contratransportadores Na+-H+ carregam o Na+ filtradoa
favor do seu gradiente de concentração para dentro de
uma célula do TCP conforme o H+ é movido do citosol
para o lúmen, fazendo com que o Na+ seja reabsorvido
para o sangue e o H+ seja secretado no líquido tubular
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ As células do TCP produzem o H+ necessário para
manter os contratransportadores deslocando-se da
seguinte maneira. O dióxido de carbono CO2) se difunde
do sangue peritubular ou líquido tubular ou é produzido
por meio de reações metabólicas no interior das células.
Como também ocorre nas hemácias, a enzima anidrase
carbônica (AC) catalisa a reação do CO2 com a água H2O)
para formar o ácido carbônico (H2CO3); este, em seguida,
dissocia-se em H+ e HCO3
– (TORTORA, 14ª ed.).
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↠ A maior parte do HCO3
– do líquido filtrado é
reabsorvida nos túbulos renais proximais, salvaguardando
assim o suprimento do corpo de um importante tampão.
Depois que o H+ é secretado para o líquido no interior do
lúmen do túbulo contorcido proximal, ele reage com o
HCO3
– filtrado para formar H2CO3, que se dissocia
facilmente em CO2 e H2O (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O dióxido de carbono então se difunde para dentro
das células dos túbulos e se junta ao H2O para formar
H2CO3, que se dissocia em H+ e HCO3
–. À medida que o
nível de HCO3
– no citosol sobe, ele sai via transportadores
por difusão facilitada na membrana basolateral e se
difunde para o sangue com o Na+. Assim, para cada H+
secretado no líquido tubular do túbulo contorcido
proximal, um HCO3
– e um Na+ são reabsorvidos
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A reabsorção de soluto nos túbulos contorcidos
proximais promove a osmose de água. Cada soluto
reabsorvido aumenta a osmolaridade, primeiramente no
interior da célula do túbulo, em seguida no líquido
intersticial, e por fim no sangue. Assim, a água se move
rapidamente do líquido tubular – tanto por via paracelular
quanto via transcelular – para os capilares peritubulares e
restaura o equilíbrio osmótico (TORTORA, 14ª ed.).
Em outras palavras, a reabsorção dos solutos cria um gradiente
osmótico que promove a reabsorção de água por osmose. As células
que revestem o túbulo contorcido proximal e a parte descendente da
alça de Henle são especialmente permeáveis à água, porque contêm
muitas moléculas de aquaporina1. Esta proteína integrante da
membrana plasmática é um canal de água que aumenta muito a
velocidade do movimento da água através das membranas apical e
basolateral (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Conforme a água deixa o líquido tubular, as
concentrações dos solutos filtrados restantes aumentam.
Na segunda metade do TCP, os gradientes
eletroquímicos para o Cl–, K+, Ca2+, Mg2+ e ureia
promovem a sua difusão passiva para os capilares
peritubulares utilizando tanto as vias paracelular quanto
transcelular. Entre estes íons, o Cl– está presente na
concentração mais elevada. A difusão do Cl–
negativamente carregado para o líquido intersticial por
meio da via paracelular torna o líquido intersticial
eletricamente mais negativo do que o líquido tubular. Essa
negatividade promove a reabsorção paracelular passiva
de cátions como o K+, Ca2+ e Mg2+ (TORTORA, 14ª ed.).
A amônia (NH3) é um produto residual tóxico derivado da desaminação
(remoção de um grupo amina) de vários aminoácidos, uma reação
que ocorre principalmente nos hepatócitos (células do fígado). Os
hepatócitos convertem a maior parte desta amônia em ureia, um
composto menos tóxico. Embora pequenas quantidades de ureia e
amônia estejam presentes no suor, a maior parte da secreção desses
produtos residuais contendo nitrogênio ocorre por meio da urina
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A ureia e a amônia no sangue são filtrados no
glomérulo e secretados pelas células tubulares proximais
renais para o líquido tubular. As células do túbulo
contorcido proximal podem produzir NH3 adicional pela
desaminação do aminoácido glutamina, em uma reação
que produz igualmente HCO3
–. A NH3 se liga rapidamente
ao H+ para se tornar o íon amônio (NH4), que pode
substituir o H+ a bordo dos contratransportadores Na+H+
na membrana apical e ser secretado para o líquido tubular
(TORTORA, 14ª ed.).
O HCO3
– produzido nesta reação se move através da membrana
basolateral e então se difunde para a corrente sanguínea, fornecendo
tampões adicionais ao plasma sanguíneo (TORTORA, 14ª ed.).
REABSORÇÃO NA ALÇA DE HENLE
↠ Como todos os túbulos contorcidos proximais
reabsorvem aproximadamente 65% da água filtrada
(aproximadamente 80 ml/min), o líquido entra na parte
seguinte do néfron, a alça de Henle, a uma velocidade de
40 a 45 ml/min. A composição química do líquido tubular
agora é muito diferente daquela do filtrado glomerular,
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porque a glicose, os aminoácidos e outros nutrientes não
estão mais presentes. Contudo, a osmolaridade do líquido
tubular ainda é semelhante à osmolaridade do sangue,
porque a reabsorção de água por osmose mantém o
ritmo com a reabsorção de solutos ao longo do túbulo
contorcido proximal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A alça de Henle reabsorve aproximadamente 15% da
água filtrada, 20 a 30% do Na+ e K+ filtrados, 35% do Cl–
filtrado, 10 a 20% do HCO3
– filtrado e uma quantidade
variável do Ca2+ e Mg2+ filtrados. Aqui, pela primeira vez,
a reabsorção de água por osmose não é
automaticamente acoplada à reabsorção de solutos
filtrados, porque parte da alça de Henle é relativamente
impermeável à água (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A alça de Henle define assim o cenário para a
regulação independente tanto do volume quanto da
osmolaridade dos líquidos corporais. As membranas apicais
das células da parte ascendente espessa da alça de Henle
têm simportadores Na+-K+-2Cl– que simultaneamente
recuperam um Na+, um K+ e dois Cl– do líquido no lúmen
tubular. O Na+ que é transportado ativamente para o
líquido intersticial na base e nas laterais da célula se difunde
para as arteríolas retas. O Cl– se move pelos canais de
vazamento na membrana basolateral para o líquido
intersticial e, em seguida, para as arteríolas retas. Como
muitos canais de vazamento de K+ estão presentes na
membrana apical, a maior parte do K+ trazido pelos
simportadores se move a favor do seu gradiente de
concentração de volta para o líquido tubular. Assim, o
principal efeito dos simportadores Na+-K+-2Cl– é a
reabsorção de Na+ e Cl– (TORTORA, 14ª ed.).
↠ O movimento do K+ carregado positivamente para o
líquido tubular através dos canais da membrana apical
deixa o líquido intersticial e o sangue com cargas mais
negativas em relação ao líquido na parte ascendente da
alça de Henle. Essa negatividade relativa promove a
reabsorção de cátions – Na+, K+, Ca2+ e Mg2+ – utilizando
a via paracelular (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Embora aproximadamente 15% da água filtrada sejam
reabsorvidos na parte descendente da alça de Henle,
pouca ou nenhuma água é reabsorvida na parte
ascendente. Neste segmento do túbulo, as membranas
apicais são praticamente impermeáveis à água. Como os
íons, mas não as moléculas de água, são reabsorvidos, a
osmolaridade do líquido tubular diminui progressivamente
à medida que o líquido flui para a extremidade da parte
ascendente (TORTORA, 14ª ed.).
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REABSORÇÃO NO INÍCIO DO TÚBULO CONTORCIDO DISTAL
↠ O líquido entra nos túbulos renais distais a uma
velocidade de aproximadamente 25 ml/min, porque 80%
da água filtrada agora foram reabsorvidos. A parte inicial
do túbulo contorcido distal (TCD) reabsorve
aproximadamente 10 a 15% da água filtrada, 5% do Na+
filtrado e 5% do Cl– filtrado. A reabsorção de Na+ e Cl–
ocorre por meio dos simportadores Na+Cl– nas
membranas apicais. As bombas de sódio-potássio e os
canais de vazamento de Cl– nas membranas basolaterais
então possibilitam a reabsorção de Na+ e Cl– para os
capilares peritubulares (TORTORA, 14ª ed.).
↠O início do TCD também é um importante local onde
o hormônio paratireóideo (PTH) estimula a reabsorção de
Ca2+. A quantidade de reabsorção de Ca2+ no início do
TCD varia de acordo com as necessidades do organismo
(TORTORA, 14ª ed.).
REABSORÇÃO E SECREÇÃO NO FINAL DO TÚBULO
CONTORCIDO DISTAL E NO DUCTO COLETOR
↠ No momento em que o líquido alcança o final do túbulo
contorcido distal, 90 a 95% dos solutos filtrados e água
retornaram para a corrente sanguínea. Lembre-se de que
existem dois tipos diferentes de células – principais e intercaladas – na
parte final ou terminal do túbulo contorcido distal e ao longo do ducto
coletor (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As células principais reabsorvem Na+ e secretam K+;
as células intercaladas reabsorvem K+ e HCO3
– e
secretam H+. Na parte final dos túbulos contorcidos distais
e nos ductos coletores, a reabsorção de água e solutos
e a secreção de soluto variam de acordo com as
necessidades do organismo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Em contraste com os segmentos prévios do néfron,
o Na+ atravessa a membrana apical das células principais
via canais de saída de Na+, e não por meio de
simportadores ou contratransportadores. A concentração
de Na+ no citosol permanece baixa, como de costume,
porque bombas de sódio-potássio transportam
ativamente o Na+ através das membranas basolaterais. O
Na+ então se difunde passivamente para os capilares
peritubulares dos espaços intersticiais em torno das
células tubulares (TORTORA, 14ª ed.).
Normalmente, a reabsorção transcelular e paracelular no túbulo
contorcido proximal e na alça de Henle retornam a maior parte do K+
filtrado para a corrente sanguínea. Para se ajustar à ingestão dietética
variada de potássio e manter um nível estável de K+ nos líquidos do
corpo, as células principais secretam uma quantidade variável de K+
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Como as bombas de sódio-potássio basolaterais
trazem continuamente K+ para as células principais, a
concentração intracelular de K+ permanece alta. Os canais
de vazamento de K+ estão presentes nas membranas
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apical e basolateral. Assim, um pouco do K+ se difunde a
favor do seu gradiente de concentração no líquido
tubular, onde a concentração de K+ é muito baixa. Este
mecanismo de secreção é a principal fonte do K+
secretado na urina (TORTORA, 14ª ed.).
Produção de urina diluída e concentrada
Mesmo que a ingestão de líquidos seja muito variável, o volume total
de líquido no corpo humano normalmente permanece estável. A
homeostasia do volume de líquido corporal depende, em grande parte,
da capacidade dos rins de regular a taxa de perda de água na urina.
Os rins com funcionamento normal produzem um grande volume de
urina diluída quando a ingestão de líquidos é elevada, e um pequeno
volume de urina concentrada quando a ingestão de líquidos é baixa ou
a perda de líquidos é grande. O hormônio antidiurético controla se é
formada urina diluída ou urina concentrada. Se não houver HAD, a
urina é muito diluída. No entanto, um nível elevado de HAD estimula a
reabsorção de mais água para o sangue, produzindo a urina
concentrada (TORTORA, 14ª e.).
FORMAÇÃO DE URINA DILUÍDA
O filtrado glomerular tem a mesma proporção de água e partículas
de solutos que o sangue; sua osmolaridade é de aproximadamente
300 mOsm/l (TORTORA, 14ª e.).
↠ Como observado anteriormente, o líquido que deixa o
túbulo contorcido proximal ainda é isotônico em relação
ao plasma. Quando está sendo formada urina diluída, a
osmolaridade do líquido no lúmen tubular aumenta à
medida que ele flui para baixo para a parte descendente
da alça de Henle, diminui à medida que ele flui para cima
pela parte ascendente, e diminui ainda mais quando ele
flui pelo restante do néfron e pelo ducto coletor
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Estas alterações na osmolaridade resultam das
seguintes condições ao longo do trajeto do líquido tubular:
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ Como a osmolaridade do líquido intersticial da
medula renal se torna progressivamente maior,
mais e mais água é reabsorvida por osmose
conforme o líquido tubular flui ao longo da parte
descendente em direção à ponta da alça de
Henle. Como resultado, o líquido que permanece
no lúmen torna-se progressivamente mais
concentrado.
➢ As células que revestem a parte ascendente
espessa da alça de Henle têm simportadores
que reabsorvem ativamente o Na+, K+ e Cl– do
líquido tubular. Os íons passam do líquido tubular
para as células da parte espessa da parte
ascendente, então para o líquido intersticial e,
por fim, um pouco se difunde para o sangue nas
arteríolas retas.
➢ Embora os solutos estejam sendo reabsorvidos
na parte ascendente espessa, a permeabilidade
à água desta porção do néfron é sempre muito
baixa, por isso a água não pode seguir por
16
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
osmose. Conforme os solutos – mas não as
moléculas de água – estão deixando o líquido
tubular, sua osmolaridade cai para
aproximadamente 150 mOsm/l. O líquido que
entra no tubo contorcido distal é, portanto, mais
diluído do que o plasma.
➢ Enquanto o líquido continua fluindo ao longo do
túbulo contorcido distal, são reabsorvidos solutos
adicionais, e apenas algumas moléculas de água.
As células da parte inicial do túbulo contorcido
distal não são muito permeáveis à água e não
são reguladas pelo HAD.
➢ Por fim, as células principais da parte final dos
túbulos contorcidos distais e ductos coletores
são impermeáveis à água quando o nível de
HAD é muito baixo. Assim, o líquido tubular
torna-se progressivamente mais diluído à
medida que flui adiante. No momento em que o
líquido tubular flui para a pelve renal, sua
concentração pode estar em 65 a 70 mOsm/l.
Isto é quatro vezes mais diluído do que o plasma
sanguíneo ou o filtrado glomerular.
FORMAÇÃO DE URINA CONCENTRADA
↠ Quando a ingestão de água é baixa ou a perda de
água é elevada (p. ex., durante a transpiração intensa), os
rins precisam conservar a água enquanto eliminam
escórias metabólicas e o excesso de íons. Sob influência
do HAD, os rins produzem um pequeno volume de urina
altamente concentrada (TORTORA, 14ª ed.).
A urina pode ser quatro vezes mais concentrada (até 1.200 mOsm/l)
do que o plasma sanguíneo ou o filtrado glomerular (300 mOsm/l)
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ A capacidade do hormônio antidiurético de causar a
excreção de urina concentrada depende da existência de
um gradiente osmótico de solutos no líquido intersticial da
medula renal. Observe na figura abaixo que a
concentração de solutos do líquido intersticial nos rins
aumenta de aproximadamente 300 mOsm/l no córtex
renal para aproximadamente 1.200 mOsm/l
profundamente na medula renal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os três principais solutos que contribuem para esta
alta osmolaridade são Na+, Cl– e ureia. Dois fatores
principais que contribuem para a formação e manutenção
deste gradiente osmótico são: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ as diferenças de soluto e permeabilidade à água
e a reabsorção em diferentes porções das alças
de Henle longas e ductos coletores;
➢ o fluxo em contracorrente de líquido ao longo
de estruturas em forma de tubo na medula renal.
↠ O fluxo em contracorrente se refere ao fluxo de
líquido em sentidos opostos. Isto ocorre quando o líquido
que entra em um túbulo contraria (se opõe) a um líquido
que flui em um túbulo paralelo das proximidades. Exemplos
de fluxo em contracorrente incluem o fluxo de líquido pelas partes
descendente e ascendente da alça de Henle e o fluxo sanguíneo pelas
partes ascendente e descendente das arteríolas retas (TORTORA,
14ª ed.).
↠ Existem dois tipos de mecanismos de contracorrente
nos rins: a multiplicação em contracorrente e a troca em
contracorrente (TORTORA, 14ª ed.).
MULTIPLICAÇÃO EM CONTRACORRENTE
↠ A multiplicação em contracorrente é o processo pelo
qual um gradiente osmótico que aumenta
progressivamente é formadono líquido intersticial da
medula renal como resultado do fluxo em contracorrente.
A multiplicação em contracorrente envolve as alças de
Henle longas dos néfrons justamedulares (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Observe na imagem acima que a parte descendente
da alça de Henle transporta líquido tubular do córtex renal
profundo para a medula, e a parte ascendente transporta-
o na direção oposta. Uma vez que o fluxo em
contracorrente ao longo das alças descendente e
ascendente da alça de Henle longa estabelece o gradiente
osmótico na medula renal, diz-se que a alça de Henle
17
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
longa atua como um multiplicador por contracorrente. Os
rins usam este gradiente osmótico para excretar urina
concentrada (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A produção de urina concentrada pelos rins ocorre da
seguinte maneira: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Simportadores nas células da parte ascendente
espessa da alça de Henle causam um acúmulo
de Na+ e Cl– na medula renal. Na parte
ascendente espessa da alça de Henle, os
simportadores Na+-K+-2Cl– reabsorvem Na+ e
Cl– do líquido tubular. A água não é reabsorvida
neste segmento, no entanto, porque as células
são impermeáveis à água. Como resultado, há
um acúmulo de íons Na+ e Cl– no líquido
intersticial da medula.
➢ O fluxo em contracorrente pelas partes
descendente e ascendente da alça de Henle
estabelece um gradiente osmótico na medula
renal. Como o líquido tubular se move
constantemente da parte descendente para a
parte ascendente espessa da alça de Henle, a
parte ascendente espessa está constantemente
reabsorvendo Na+ e Cl–. Por conseguinte, o Na+
e o Cl– reabsorvidos se tornam cada vez mais
concentrados no líquido intersticial da medula
renal, o que resulta na formação de um
gradiente osmótico que varia de 300 mOsm/l na
medula externa a 1.200 mOsm/l profundamente
na medula interna. A parte descendente da alça
de Henle é muito permeável à água, mas é
impermeável a solutos, exceto a ureia. Como a
osmolaridade do líquido intersticial fora da parte
descendente é maior do que a do líquido tubular
dentro dela, a água se move para fora da parte
descendente via osmose. Isto faz com que a
osmolaridade do líquido tubular aumente. À
medida que o líquido prossegue ao longo da
parte descendente, sua osmolaridade aumenta
ainda mais: na curva fechada da alça, a
osmolaridade pode chegar a 1.200 mOsm/l nos
néfrons justamedulares. Como você já viu, a
parte ascendente da alça de Henle é
impermeável à água, mas seus simportadores
reabsorvem Na+ e Cl– do líquido tubular para o
líquido intersticial da medula renal, de modo que
a osmolaridade do líquido tubular diminui
progressivamente à medida que ele flui pela
parte ascendente. Na junção entre a medula e
o córtex, a osmolaridade do líquido tubular cai
para aproximadamente 100 mOsm/l. Em geral, o
líquido tubular se torna progressivamente mais
concentrado conforme flui ao longo da parte
descendente e progressivamente mais diluído
enquanto passa ao longo da parte ascendente.
➢ Células nos ductos coletores reabsorvem mais
água e ureia. Quando o HAD aumenta a
permeabilidade à água das células principais, a
água se move rapidamente por osmose para
fora do líquido do ducto coletor para o líquido
intersticial da medula interna, e então para as
arteríolas retas. Com a perda de água, a ureia
deixada para trás no líquido tubular do ducto
coletor torna-se cada vez mais concentrada.
Como as células tubulares profundas da medula
são permeáveis à ureia, ela se difunde do líquido
no túbulo para o líquido intersticial da medula.
➢ A reciclagem de ureia provoca seu acúmulo na
medula renal. Conforme a ureia se acumula no
líquido intersticial, um pouco dela se difunde para
o líquido tubular nas partes descendente e
ascendente delgada das alças de Henles longas,
que também são permeáveis à ureia. No
entanto, enquanto o líquido flui pela parte
ascendente espessa, túbulo contorcido distal e
parte cortical do ducto coletor, a ureia
permanece no lúmen porque as células nesses
segmentos são impermeáveis a ela. Conforme
o líquido flui pelos ductos coletores, a
reabsorção de água continua via osmose
porque existe HAD. Esta reabsorção de água
aumenta ainda mais a concentração de ureia no
líquido tubular, mais ureia se difunde para o
líquido intersticial da medula renal interna, e o
ciclo se repete. A transferência constante de
ureia entre os segmentos do túbulo renal e o
líquido intersticial da medula é chamada
reciclagem de ureia. Desta maneira, a
reabsorção de água a partir do líquido dos
túbulos promove o acúmulo de ureia no líquido
intersticial da medula renal, o que por sua vez
promove a reabsorção de água. Os solutos
deixados para trás no lúmen então se tornam
muito concentrados, e um pequeno volume de
urina concentrada é excretado.
TROCA EM CONTRACORRENTE
↠ A troca em contracorrente é o processo pelo qual a
água e os solutos são passivamente trocados entre o
sangue das arteríolas retas e o líquido intersticial da
18
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
medula renal, como resultado do fluxo em contracorrente
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Assim como o líquido tubular flui em direções opostas
na alça de Henle, o sangue flui em direções opostas nas
partes ascendente e descendente das arteríolas retas.
Uma vez que o fluxo em contracorrente entre as partes
descendente e ascendente das arteríolas retas possibilita
a troca de solutos e água entre o sangue e o líquido
intersticial da medula renal, diz-se que as arteríolas retas
atuam como um trocador por contracorrente
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ O sangue que entra nas arteríolas retas tem uma
osmolaridade de aproximadamente 300 mOsm/l. À
medida que ele flui ao longo da parte descendente para
a medula renal, onde o líquido intersticial se torna cada
vez mais concentrado, o Na+, o Cl– e a ureia se difundem
do líquido intersticial para o sangue e a água se difunde
do sangue para o líquido intersticial. Mas depois que a
osmolaridade aumenta, o sangue flui para a parte
ascendente das arteríolas retas. Aqui, o sangue flui por
uma região em que o líquido intersticial se torna cada vez
menos concentrado. Como resultado, o Na+, o Cl– e a
ureia se difundem do sangue de volta para o líquido
intersticial, e a água se difunde do líquido intersticial de
volta para as arteríolas retas (TORTORA, 14ª ed.).
A osmolaridade do sangue que sai das arteríolas retas é apenas
ligeiramente maior do que a osmolaridade do sangue que entra nas
arteríolas retas. Assim, as arteríolas retas fornecem oxigênio e
nutrientes para a medula renal sem extinguir nem diminuir o gradiente
osmótico. A alça de Henle longa estabelece o gradiente osmótico na
medula renal por meio da multiplicação em contracorrente, mas as
arteríolas retas mantêm o gradiente osmótico na medula renal por
troca em contracorrente (TORTORA, 14ª ed.).
Fisiologia da micção
↠ Uma vez que o filtrado deixa os ductos coletores, ele
já não pode mais ser modificado, e a sua composição
não se altera. O filtrado, agora chamado de urina, flui para
a pelve renal e, então, desce pelo ureter, em direção à
bexiga urinária, com a ajuda de contrações rítmicas do
músculo liso (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A bexiga urinária é um órgão oco cujas paredes
contêm camadas bem desenvolvidas de músculo liso. Na
bexiga, a urina é armazenada até que seja excretada no
processo conhecido como micção. A bexiga urinária pode
se expandir para armazenar um volume aproximado de
500 mL de urina. O colo da bexiga é contínuo com a
uretra, um tubo único pelo qual a urina passa até alcançar
o meio externo. A abertura entre a bexiga e a uretra é
fechada por dois anéis musculares, chamados de
esfíncteres (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O esfincter interno da uretra é uma continuação da
parede da bexiga e é formado por músculo liso. Seu tônus
normal o mantém contraído. O esfincter externo da
uretra é um anel de músculo esquelético,controlado por
neurônios motores somáticos (SILVERTHORN, 7ª ed.).
A estimulação tônica proveniente do sistema nervoso central mantém
a contração do esfincter externo, exceto durante a micção
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A micção é um reflexo espinal simples que está sujeito
aos controles consciente e inconsciente pelos centros
superiores do encéfalo. À medida que a bexiga urinária se
enche com urina e as suas paredes se expandem,
receptores de estiramento enviam sinais através de
neurônios sensoriais para a medula espinal. Lá, a
informação é integrada e transferida a dois conjuntos de
neurônios (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ O estímulo da bexiga urinária cheia estimula os
neurônios parassimpáticos, que inervam o músculo liso da
parede da bexiga urinária. O músculo liso contrai,
aumentando a pressão no conteúdo da bexiga urinária.
Simultaneamente, os neurônios motores somáticos que
inervam o esfincter externo da uretra são inibidos
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ A contração da bexiga urinária ocorre em uma onda,
a qual empurra a urina para baixo, em direção à uretra.
A pressão exercida pela urina força o esfincter interno
da uretra a abrir enquanto o esfincter externo relaxa. A
urina passa para a uretra e para fora do corpo, auxiliada
pela gravidade (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ Este reflexo de micção simples ocorre principalmente
em crianças que ainda não foram treinadas para o
controle dos esfincteres. Uma pessoa que foi treinada para
19
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
o controle esfincteriano adquire um reflexo aprendido,
que mantém o reflexo da micção inibido até que ele ou
ela deseje conscientemente urinar (SILVERTHORN, 7ª
ed.).
↠ O reflexo aprendido envolve fibras sensoriais adicionais
à bexiga urinária, que sinalizam o grau de enchimento.
Centros no tronco encefálico e no córtex cerebral
recebem essa informação e superam o reflexo de
micção básico, inibindo diretamente as fibras
parassimpáticas e reforçando a contração do esfincter
externo da uretra. Quando chega o momento apropriado
para urinar, esses mesmos centros removem a inibição
e facilitam o reflexo, inibindo a contração do esfincter
externo da uretra (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Além do controle consciente da micção, vários fatores inconscientes
podem afetar esse reflexo. A “bexiga tímida” é uma condição na qual
a pessoa não consegue urinar na presença de outra pessoa, apesar
de sua intenção consciente de fazê-lo. O som de água corrente facilita
a micção e, muitas vezes, é utilizado para ajudar os pacientes a urinar
quando a uretra está irritada pela inserção de um cateter, um tubo
inserido dentro da bexiga urinária para drená-la passivamente
(SILVERTHORN, 7ª ed.).
Referências
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008
SILVERTHORN, Dee U. Fisiologia Humana. Disponível em:
Minha Biblioteca, (7th edição). Grupo A, 2017.
GUYTON & HALL. Tratado de Fisiologia Médica, 13ª ed.
Editora Elsevier Ltda., 2017
GARTNER, L. P.; HIATT, J. L. Tratado de Histologia em
cores, 3ª ed., Elsevier Ltda., 2007.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.ed.).
B - WNT9B e WNT6 secretados pelos ramos do broto ureteral
promovem a regulação de PAX2 e de WNT4 no mesênquima
circunjacente. Esses genes, por sua vez, fazem com que o
mesênquima se transforme em epitélio (PAX2) e forme túbulos
(WNT4). Também ocorrem alterações na matriz extracelular, de
4
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
modo que laminina e colágeno IV formam uma membrana basal
(laranja) para as células epiteliais (LANGMAN, 13ª ed.).
MUDANÇAS POSICIONAIS DOS RINS
↠ Inicialmente, os rins permanentes primordiais situam-
se próximos um do outro na pelve, ventrais ao sacro. À
medida que o abdome e a pelve crescem, os rins
gradualmente se posicionam no abdome e se afastam. Os
rins atingem sua posição adulta durante o começo do
período fetal (MOORE, 10ª ed.).
↠ Essa “ascenção” resulta principalmente do crescimento
do corpo do embrião caudal aos rins. De fato, a parte
caudal do embrião cresce afastando-se dos rins, de modo
que eles, progressivamente, ocupam sua posição normal
em cada lado da coluna vertebral (MOORE, 10ª ed.).
↠ Inicialmente, o hilo de cada rim (depressão do bordo
medial), onde os vasos sanguíneos, ureter e nervos
entram e saem, situa-se ventralmente, contudo, à medida
que os rins mudam de posição, o hilo rota medialmente
quase 90° (MOORE, 10ª ed.).
↠ Pela nona semana, os hilos estão direcionados
anteromedialmente. Finalmente, os rins se tornam
estruturas retroperitoneais (externas ao peritônio) na
parede abdominal posterior. Nessa época, os rins entram
em contato com as glândulas suprarrenais (MOORE, 10ª
ed.).
ALTERAÇÕES NO SUPRIMENTO SANGUÍNEO DOS RINS
↠ Durante as alterações nas posições dos rins, estes
recebem seu suprimento sanguíneo de vasos que estão
próximos a eles. Inicialmente, as artérias renais são ramos
das artérias ilíacas comuns. Mais tarde, os rins recebem
seu suprimento sanguíneo da extremidade distal da aorta
abdominal (MOORE, 10ª ed.).
↠ Quando os rins são localizados em um nível mais alto,
eles recebem novos ramos da aorta. Normalmente, os
ramos caudais dos vasos renais sofrem involução e
desaparecem (MOORE, 10ª ed.).
↠ As posições dos rins se tornam fixas, uma vez que os
rins entram em contato com as glândulas suprarrenais na
nona semana. Os rins recebem seus ramos arteriais mais
craniais da aorta abdominal; esses ramos se tornam as
artérias renais permanentes. A artéria renal direita é mais
longa e muitas vezes está em uma posição mais superior
que a artéria renal esquerda (MOORE, 10ª ed.).
ARTÉRIAS RENAIS ACESSÓRIAS
As variações comuns no suprimento sanguíneo dos rins refletem a
maneira pela qual o suprimento sanguíneo se altera continuamente
durante a vida embrionária e fetal inicial. Aproximadamente 25% dos
rins adultos têm duas a quatro artérias renais (MOORE, 10ª ed.).
Artérias renais acessórias (supranumerárias) usualmente se originam
da aorta superior ou inferior à artéria renal principal acompanhando-a
até o hilo do rim (MOORE, 10ª ed.).
Artérias acessórias também podem entrar nos rins diretamente,
usualmente pelo polo superior ou inferior. Uma artéria acessória para
o polo inferior (artéria renal polar) pode cruzar anteriormente ao
ureter e obstruí-lo, causando hidronefrose, ou distensão da pelve e
cálices renais com urina. Se a artéria entrar no polo inferior do rim
direito, ela usualmente cruza anteriormente à veia cava inferior e
ureter (MOORE, 10ª ed.).
As artérias renais acessórias são artérias terminais; consequentemente
se uma artéria acessória for danificada ou ligada, a parte do rim suprida
por ela se tornará isquêmica. Artérias acessórias são aproximadamente
duas vezes mais comuns que veias acessórias (MOORE, 10ª ed.).
RIM EM FERRADURA
Em 0,2% da população, os polos dos rins são fundidos; usualmente
são os polos inferiores que se fundem. O grande rim em forma de U
geralmente se localiza na região púbica, anterior às vértebras lombares
inferiores. A ascensão normal dos rins fundidos é impedida porque eles
ficam presos pela raiz da artéria mesentérica inferior (MOORE, 10ª ed.).
Um rim em ferradura usualmente não produz sintomas porque o seu
sistema coletor se desenvolve normalmente e os ureteres entram na
bexiga. Se o fluxo de urina for impedido, pode aparecer sinais e
sintomas de obstrução e/ou infecção (MOORE, 10ª ed.).
5
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Morfologia dos rins
Anatomia macroscópica dos rins
LOCALIZAÇÃO E ANATOMIA EXTERNA DOS RINS
↠ Os rins, em forma de grão de feijão, estão dispostos
no espaço retroperitoneal (entre a parede posterior do
corpo e o peritônio parietal) na região lombar superior.
Estendendo-se aproximadamente de T12 a L3, os rins
recebem alguma proteção da parte inferior da caixa
torácica (MARIEB, 3ª ed.).
↠ O rim direito é comprimido pelo fígado e está
ligeiramente mais abaixo que o esquerdo. O rim adulto
possui uma massa de cerca de 150 g, e suas dimensões
médias são 12 cm de comprimento, 6 cm de largura e 3
cm de espessura - do tamanho aproximado de uma barra
de sabão grande (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A superfície lateral é convexa. A superfície medial é
côncava e possui uma fenda vertical chamada de hilo
renal, localizada em um espaço interno do rim chamado
de seio renal. A pelve renal, os vasos sanguíneos e
linfáticos e os nervos se juntam no hilo em cada rim e
ocupam o seio (MARIEB, 3ª ed.).
↠ No topo de cada rim há uma glândula supra-renal (ou
adrenal) (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Três camadas de tecido circundam cada rim:
(TORTORA, 14ª ed.).
6
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
➢ A camada mais profunda, a cápsula fibrosa, é
uma lâmina lisa e transparente de tecido
conjuntivo denso não modelado que é contínuo
com o revestimento externo do ureter. Ela
serve como uma barreira contra traumatismos
e ajuda a manter a forma do rim (TORTORA,
14ª ed.). Impede que infecções das regiões
vizinhas se espalhem para o rim (MARIEB, 3ª ed.).
➢ A camada intermediária, a cápsula adiposa, é
uma massa de tecido adiposo que circunda a
cápsula fibrosa. Ela também protege o rim de
traumas e ancora-o firmemente na sua posição
na cavidade abdominal (TORTORA, 14ª ed.).
➢ A camada superficial, a fáscia renal, é outra
camada fina de tecido conjuntivo denso não
modelado que ancora o rim às estruturas
vizinhas e à parede abdominal. Na face anterior
dos rins, a fáscia renal (TORTORA, 14ª ed.).
INTERESSANTE
O revestimento adiposo dos rins é importante para mantê-los na
posição correta no corpo. Se a quantidade de tecido adiposo diminui
(como no emagrecimento extremo ou em uma rápida perda de peso),
um ou ambos os rins podem cair para uma posição mais baixa, um
evento chamado de nefroptose (ptose renal) (ptose=queda). A
nefroptose pode fazer o ureter se dobrar, trazendo problemas, pois,
se a urina não consegue ser escoada, volta para o rim e exerce
pressão neste tecido (MARIEB, 3ª ed.).
A volta da urina, a partir de uma obstrução no ureter ou de outras
causas, é chamada de hidronefrose ("água nos rins"). A hidronefrose
pode prejudicar gravemente o rim, levando a necrose (morte tecidual)
e insuficiência renal (MARIEB, 3ª ed.).
ANATOMIA MACROSCÓPICA INTERNA DOS RINS
↠ Um corte frontal através de um rim revela duas
regiões distintas de tecido renal: córtex e medula. A região
mais superficial, o córtex renal, tem cor clara e possui
uma aparência granular. Abaixo do córtex encontra-se a
medula renal, mais escura, e que consiste em massas
cônicas chamadas pirâmides renais (MARIEB, 7ª ed.).
↠ A ampla base de cada pirâmide faz fronteira com o
córtex, enquanto o ápice da pirâmide, ou papila renal,
aponta para dentro. As pirâmides renais exibem estrias
porque contêm feixes aproximadamente paralelos de
delgados túbulos coletores de urina (MARIEB, 7ª ed.).
↠ As colunas renais, que são extensões do córtex renal
para dentro, separam as pirâmides adjacentes. Admite-se
queos rins humanos têm lobos, e cada lobo consiste em
uma única pirâmide renal e um tecido cortical que
circunda essa pirâmide. Existem de 5 a 11 lobos e pirâmides
em cada rim (MARIEB, 7ª ed.).
↠ O seio renal é um grande espaço na parte medial do
rim que se abre para o exterior através do hilo renal. Na
realidade, esse seio é um “espaço preenchido”, já que
contém vasos e nervos renais, alguma gordura e os tubos
que transportam urina chamados pelve e cálices renais
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ A pelve renal (pelve = bacia) - tubo plano em forma
de funil - é simplesmente a parte superior do ureter
expandida. Extensões ramificadas da pelve renal formam
dois ou três cálices renais maiores, cada um deles
dividindo-se e formando vários cálices renais menores,
tubos em forma de taça que confinam as papilas das
pirâmides. Os cálices coletam a drenagem de urina das
papilas e a desaguam na pelve renal; então, a urina escoa
pela pelve renal e entra no ureter, que a transporta até
a bexiga, onde será armazenada (MARIEB, 7ª ed.).
Cada rim tem de 8 a 18 cálices renais menores e 2 ou 3 cálices renais
maiores (TORTORA, 14ª ed.).
Uma vez que o filtrado entra nos cálices, torna-se urina, porque não
pode mais ocorrer reabsorção. O motivo é que o epitélio simples dos
néfrons e túbulos se tornam epitélio de transição nos cálices
(TORTORA, 14ª ed.).
SUPRIMENTOS SANGUÍNEO E NERVOSO DO RIM
↠ Dado que os rins limpam continuamente o sangue, não
é de surpreender que eles tenham um rico suprimento
7
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
sanguíneo. Em condições normais de repouso,
aproximadamente um quarto do débito cardíaco
sistêmico chega aos rins através das artérias renais, que
se ramificam em ângulos retos a partir da parte abdominal
da aorta, entre a primeira e a segunda vértebra lombar
V (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Uma vez que a aorta se situa ligeiramente à esquerda
da linha média do corpo, a artéria renal direita é mais longa
do que a esquerda. À medida que cada artéria renal se
aproxima do rim, ela se divide em cinco artérias
segmentares que entram no hilo (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Dentro do seio renal, cada artéria segmentar divide-se
em artérias interlobares, que se situam nas colunas renais
entre as pirâmides renais (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Na junção medula-córtex, as artérias interlobares
ramificam-se nas artérias arqueadas, que formam arcos
sobre as bases das pirâmides renais. Irradiando-se para
fora das artérias arqueadas e abastecendo o tecido
cortical encontram-se as pequenas artérias interlobulares
(corticais radiadas). Mais de 90% do sangue que entra no
rim perfunde o córtex. Essas artérias originam as
arteríolas aferentes e eferentes que alimentam os
capilares peritubulares que circundam os túbulos no rim
(MARIEB, 7ª ed.).
↠ As veias renais seguem o caminho inverso das artérias:
o sangue que sai do córtex renal drena sequencialmente
nas veias interlobulares, arqueadas, interlobares e renais
(não há veias segmentares). A veia renal sai do rim no
hilo e drena para a veia cava inferior (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Como a veia cava inferior situa-se no lado direito da
coluna vertebral, a veia renal esquerda tem
aproximadamente duas vezes o comprimento da veia
renal direita. Cada veia renal situa-se em posição anterior
à artéria renal correspondente e ambos os vasos
sanguíneos situam-se em posição anterior à pelve renal
no hilo renal (MARIEB, 7ª ed.).
↠ O suprimento nervoso do rim é fornecido pelo plexo
renal, uma rede de fibras autônomas e gânglios
autônomos nas artérias renais. Esse plexo é um
desdobramento do plexo celíaco. O plexo renal é
abastecido por fibras simpáticas do nervo esplâncnico
torácico maior. Essas fibras simpáticas controlam os
diâmetros das artérias renais e influenciam as funções de
formação da urina dos túbulos uriníferos (MARIEB, 7ª ed.).
SEGMENTAÇÃO RENAL
↠ As artérias segmentares são distribuídas para os
segmentos renais do seguinte modo: (MOORE, 7ª ed.).
➢ O segmento superior (apical) é irrigado pela
artéria do segmento superior (apical);
➢ Os segmentos anterossuperior e anteroinferior
são supridos pelas artérias do segmento anterior
superior e do segmento anterior inferior;
➢ O segmento inferior é irrigado pela artéria do
segmento inferior.
8
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Essas artérias originam-se do ramo anterior da artéria
renal (MOORE, 7ª ed.).
➢ A artéria segmentar posterior, que se origina de
uma continuação do ramo posterior da artéria
renal, irriga o segmento posterior do rim
(MOORE, 7ª ed.).
Anatomia microscópica dos rins
↠ A principal unidade estrutural e funcional do rim é o
néfron. Mais de um milhão desses túbulos apinham-se
(unem-se estreitamente) em cada rim (MARIEB, 7ª ed.).
ESTRUTURA DO NÉFRON
↠ Cada néfron é composto de corpúsculo renal e túbulo
renal; este último é dividido em porções: túbulo
contorcido proximal, alça do néfron (de Henle), túbulo
contorcido distal e túbulo coletor. Em todo o seu comprimento,
o néfron é revestido por um epitélio simples que é adaptado a vários
aspectos da produção de urina (MARIEB, 7ª ed.).
CORPÚSCULO RENAL
↠ A primeira parte do néfron, onde ocorre a filtração, é
o corpúsculo renal esférico. Os corpúsculos renais
ocorrem estritamente no córtex. Eles consistem em um
novelo de capilares chamado glomérulo (“novelo de lã”)
circundado por uma cápsula do glomérulo oca em forma
de cálice (cápsula de Bowman) (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Esse novelo de capilares é abastecido por uma
arteríola aferente e drenado por uma arteríola eferente.
O endotélio do glomérulo é fenestrado (possui poros) e,
portanto, esses capilares são altamente permeáveis
permitindo que grandes quantidades de fluido e de
pequenas moléculas passem do sangue do capilar para o
interior oco da cápsula, o espaço capsular. (MARIEB, 7ª
ed.).
Esse fluido é o filtrado que, no fim das contas, é processado para se
transformar em urina. Aproximadamente apenas 20% do fluido sai do
glomérulo e entra no espaço capsular; 80% permanece no sangue
dentro desse capilar (MARIEB, 7ª ed.).
TÚBULO RENAL
↠ Depois de se formar no corpúsculo renal, o filtrado
avança para a seção tubular longa do néfron, que começa
com o túbulo contorcido proximal espiralado de modo
elaborado, cria uma alça chamada alça do néfron (de
Henle), curva- se várias vezes num trajeto sinuoso como
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
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túbulo contorcido distal e termina como túbulo coletor se
juntando ao ducto coletor (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Os ductos coletores então se unem e convergem em
várias centenas de grandes ductos papilares, que drenam
para os cálices renais menores. Os ductos coletores e
papilares se estendem desde o córtex renal ao longo da
medula renal até a pelve renal. Então, um rim tem
aproximadamente 1 milhão de néfrons, mas um número
muito menor de ductos coletores e ainda menor de
ductos papilares (TORTORA, 14ª ed.).
Essa natureza sinuosa do néfron aumenta o seu tamanho e melhora
sua capacidade para processar o filtrado que escoa por ele. Cada parte
da seção tubular do néfron tem uma anatomia celular única que reflete
sua função de processamento do filtrado (MARIEB, 7ª ed.).
Øbs.: O corpúsculo renal e os túbulos contorcidos proximais e distais
se localizam no córtex renal; a alça de Henle se estende até a medula
renal, faz uma curva fechada, e então retorna ao córtex renal
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Em um néfron, a alça de Henle comunica os túbulos
contorcidos proximais e distais. A primeira parte da alça
de Henle começa no ponto em que o túbulo contorcido
proximal faz a sua última curva descendente. Inicia-se no
córtex renal e estende-se para baixo e para dentro da
medula renal, onde é chamada ramo descendente da alça
de Henle (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Em seguida, faz uma curva fechada e retorna para o
córtex renal, onde termina no túbulo contorcido distal e
é conhecidocomo ramo ascendente da alça de Henle.
(TORTORA, 14ª ed.).
CLASSE DE NEFRONS
↠ Embora todos os néfrons tenham as estruturas que
acabamos de descrever, eles são divididos em duas
categorias de acordo com a localização (MARIEB, 7ª ed.).
↠ Aproximadamente 80 a 85% dos néfrons são néfrons
corticais. Seus corpúsculos renais se encontram na parte
externa do córtex renal, e têm alças de Henle curtas, que
se encontram principalmente no córtex e penetram
somente na região externa da medula renal (TORTORA,
14ª ed.).
↠ As alças de Henle curtas são irrigadas por capilares
peritubulares que emergem das arteríolas glomerulares
eferentes (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os outros 15 a 20% dos néfrons são néfrons
justamedulares. Seus corpúsculos renais encontram-se
profundamente no córtex, próximo da medula renal, e
têm alças de Henle longas que se estendem até a região
mais profunda da medula renal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As alças de Henle longas são irrigadas por capilares
peritubulares e arteríolas retas que emergem das
arteríolas glomerulares eferentes. Além disso, o ramo
ascendente da alça de Henle dos néfrons justamedulares
consiste em duas partes: uma parte ascendente delgada
seguida por uma parte ascendente espessa. O lúmen da
parte ascendente fina é o mesmo que em outras áreas
do túbulo renal; apenas o epitélio é mais fino. Os néfrons
com alça de Henle longa possibilitam que os rins excretem
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urina muito diluída ou muito concentrada (TORTORA, 14ª
ed.).
VASOS SANGUÍNEOS ASSOCIADOS AOS NÉFRONS
↠ Os néfrons estão intimamente associados a dois leitos
capilares: o glomérulo e os capilares peritubulares. Os
néfrons justamedulares também estão associados a vasos
retos similares aos capilares (MARIEB, 7ª ed.).
Glomérulos
↠ O glomérulo é diferente de todos os outros leitos
capilares no corpo: ele é ao mesmo tempo alimentado e
drenado por arteríolas - uma arteríola aferente e uma
arteríola eferente, respectivamente (MARIEB, 7ª ed.).
↠ As arteríolas aferentes surgem das artérias
interlobulares que passam pelo córtex renal. Como as
arteríolas são vasos de alta resistência e a arteríola
eferente é mais estreita do que a arteríola aferente, a
pressão do sangue no glomérulo é extraordinariamente
alta para um leito capilar e obriga facilmente o filtrado a
sair do sangue e entrar na cápsula do glomérulo (MARIEB,
7ª ed.).
Os rins geram um litro desse filtrado a cada oito minutos, mas apenas
1% acaba se transformando em urina; os outros 99% são reabsorvidos
pelos túbulos e devolvidos ao sangue nos leitos capilares peritubulares
(MARIEB, 7ª ed.).
Capilares peritubulares
↠ Os capilares peritubulares surgem das arteríolas
eferentes que drenam os glomérulos corticais. Esses
capilares situam-se no tecido conjuntivo intersticial do
córtex renal, um tecido conjuntivo frouxo, que circunda
os túbulos renais. Os capilares prendem-se aos túbulos
contorcidos e drenam nas vênulas próximas do sistema
venoso renal (MARIEB, 7ª ed.).
Os capilares peritubulares são adaptados para absorção: são vasos
porosos de baixa pressão que absorvem imediatamente os solutos e
a água das células tubulares após essas substâncias serem reabsorvidas
do filtrado. Além disso, todas as moléculas secretadas pelos néfrons e
que entram na urina são provenientes do sangue dos capilares
peritubulares próximos (MARIEB, 7ª ed.).
Vasos retos
↠ Na parte mais profunda do córtex renal, as arteríolas
eferentes dos glomérulos justamedulares continuam em
vasos de paredes finas chamados vasos retos, que
descem para a medula formando uma rede em volta da
alça do néfron. Os vasos retos, junto com as alças do
néfron longas, fazem parte do mecanismo de
concentração de urina do rim (MARIEB, 7ª ed.).
COMPLEXO JUSTAGLOMERULAR
↠ O complexo (ou aparelho) justaglomerular (“perto do
glomérulo”), uma estrutura que funciona na regulação da
pressão arterial, é uma área de contato especializado
entre a extremidade do túbulo contorcido distal e a
arteríola aferente (MARIEB, 7ª ed.).
Histologia do Sistema renal
↠ Denomina-se túbulo urinífero do rim o conjunto
formado por dois componentes funcionais e
embriologicamente distintos, o néfron e o túbulo coletor
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Cada túbulo urinífero é revestido por uma lâmina basal,
a qual é envolvida pelo escasso tecido conjuntivo do
interior do rim que forma o componente denominado
interstício renal (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Uma camada única de células epiteliais forma toda a
parede da cápsula glomerular, túbulos e ductos renais. No
entanto, cada parte tem características histológicas
distintas que refletem suas funções específicas
(TORTORA, 14ª ed.).
NÉFRON
CÁPSULA GLOMERULAR
↠ A cápsula é formada por dois folhetos, um interno, ou
visceral, disposto em torno dos capilares glomerulares, e
outro externo, ou parietal, que reveste internamente o
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
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corpúsculo renal. Entre os dois folhetos da cápsula de
Bowman, existe o espaço capsular (ou espaço de
Bowman), que recebe o líquido filtrado através da parede
dos capilares e do folheto visceral da cápsula de Bowman
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ O folheto externo ou parietal da cápsula de Bowman
é constituído por um epitélio simples pavimentoso, que
se apoia na lâmina basal e em uma fina camada de fibras
reticulares. O conjunto constitui uma membrana basal
bem visível ao microscópio de luz (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Enquanto o folheto externo mantém sua morfologia
epitelial, as células do folheto interno ou visceral
modificam-se durante o desenvolvimento embrionário,
adquirindo características muito peculiares. Essas células
são chamadas de podócitos e formadas por um corpo
celular, de onde partem diversos prolongamentos
primários que dão origem aos prolongamentos
secundários (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os podócitos contêm actina, apresentam mobilidade e
se apoiam sobre a lâmina basal dos capilares glomerulares.
Seus prolongamentos envolvem completamente o
capilar, e o contato com a lâmina basal é feito pelos
prolongamentos secundários. Os podócitos estabelecem
contato com a membrana basal por meio de várias
proteínas, dentre as quais se destacam as integrinas
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Entre os prolongamentos secundários dos podócitos
existem espaços denominados fendas de filtração. Essas
fendas são fechadas por uma membrana muito delgada,
com cerca de 6 nm de espessura, constituída por um
conjunto de proteínas (p. ex., a nefrina) que se liga, através
da membrana plasmática, com os filamentos
intracitoplasmáticos de actina dos podócitos (JUNQUEIRA,
13ª ed.).
↠ Os capilares glomerulares são do tipo fenestrado, sem
diafragmas nos poros das células endoteliais. Há uma
lâmina basal entre as células endoteliais e os podócitos.
Essa lâmina basal é espessa pela fusão das membranas
basais do endotélio e dos podócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Essa lâmina basal apresenta três camadas: a lâmina
rara interna, que aparece clara nas micrografias
eletrônicas, situada próximo às células endoteliais; a lâmina
densa, mais elétron-densa; e a lâmina rara externa,
também clara, localizada mais externamente ao lúmen do
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
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capilar e, portanto, em contato com os prolongamentos
dos podócitos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
As lâminas raras contêm fibronectina, que estabelece ligações com as
células. A lâmina densa é um feltro de colágeno tipo IV e laminina em
uma matriz que contém proteoglicanos eletricamente negativos
(aniônicos) (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
CÉLULAS MESANGIAIS
Além das células endoteliais e dos podócitos, os glomérulos contêm as
células mesangiais internas, mergulhadas em matriz mesangial. Há locais
do glomérulo em que a lâmina basal não envolve toda a circunferência
de um só capilar, constituindo uma membrana comum a duas ou mais
alças capilares. É principalmentenesse espaço entre os capilares que
se localizam as células mesangiais, as quais podem também ser
encontradas na parede dos capilares glomerulares, entre as células
endoteliais e a lâmina basal (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL
↠ No polo urinário do corpúsculo renal, o folheto parietal
da cápsula de Bowman se continua com o epitélio
cuboide ou colunar baixo do túbulo contorcido proximal
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Como suas células são largas, em cada corte
transversal de um túbulo proximal aparecem apenas três
a quatro núcleos esféricos (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os limites entre as células desses túbulos são
dificilmente observados ao microscópio óptico, pois elas
têm prolongamentos laterais que se interdigitam com os
das células adjacentes (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ As células do túbulo proximal têm o citoplasma
bastante acidófilo, especialmente no seu polo basal, em
razão de numerosas mitocôndrias alongadas presentes
nessa região (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A superfície apical das células dos túbulos proximais
apresenta grande quantidade de microvilos, que formam
a orla em escova. Nesta superfície, há grande atividade
de endocitose de material presente no lúmen dos túbulos
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
No túbulo contorcido proximal, inicia-se o processo de reabsorção do
filtrado glomerular e excreção de substâncias no lúmen tubular. Esse
segmento do néfron reabsorve a totalidade da glicose e dos
aminoácidos contidos no filtrado glomerular, e mais de 70% da água,
bicarbonato e cloreto de sódio, além dos íons cálcio e fosfato
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
A glicose, os aminoácidos e os íons são reabsorvidos por proteínas
transportadoras e por transporte ativo, sendo que a água acompanha
passivamente o transporte dessas substâncias. O transporte de água
depende, em grande parte, de moléculas da família das aquaporinas
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
ALÇA DE HENLE
↠ A alça de Henle é uma estrutura em forma de U que
consiste em um segmento delgado interposto a dois
segmentos espessos. O lúmen desse segmento do
néfron é relativamente amplo, porque a parede da alça é
formada por epitélio simples pavimentoso (JUNQUEIRA,
13ª ed.).
TÚBULO CONTORCIDO DISTAL
↠ Revestido por epitélio cúbico simples (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
Em cortes histológicos, a distinção entre os túbulos contorcidos distais
e os proximais, ambos encontrados na cortical e formados por epitélio
13
Júlia Morbeck – 2º período de medicina
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simples cúbico, baseia-se nos seguintes parâmetros: as células dos
túbulos distais são mais estreitas; em consequência, observam-se mais
núcleos em cortes transversais desses túbulos. Além disso, suas células
não têm orla em escova e são menos acidófilas, pois contêm menor
quantidade de mitocôndrias (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Uma propriedade muito importante dos túbulos distais
é o fato de um segmento desses túbulos aproximar-se
do corpúsculo renal do mesmo néfron, local onde a
parede do túbulo se modifica. Suas células tornam-se
cilíndricas, altas e com núcleos alongados e muito
próximos uns dos outros; a maioria delas tem o complexo
de Golgi na região basal. Esse segmento modificado da
parede do túbulo distal, que aparece mais escuro nos
cortes corados, devido à proximidade dos núcleos de suas
células, chama-se mácula densa (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A mácula densa é sensível ao conteúdo iônico e ao
volume de água no fluido tubular, produzindo moléculas
sinalizadoras que promovem a liberação da enzima renina
na circulação (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
TÚBULOS E DUCTOS COLETORES
↠ Os ductos coletores mais delgados são revestidos por
epitélio cúbico e têm um diâmetro de aproximadamente
40 µm. À medida que se fundem e se aproximam das
papilas, suas células tornam-se mais altas, até se
transformarem em cilíndricas. Ao mesmo tempo,
aumenta o diâmetro do tubo. No local próximo à
extremidade das papilas medulares, os ductos coletores
têm diâmetro de até 200 µm (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ Os tubos coletores são formados por células com
citoplasma que se cora fracamente pela eosina e cujos
limites intercelulares são bem marcados. Ao microscópio
eletrônico de transmissão, observa-se que são células
pobres em organelas (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
APARELHO JUSTAGLOMERULAR
↠ Dentro do complexo, as estruturas do túbulo e da
arteríola são modificadas. As paredes das arteríolas
aferentes e eferentes contêm células justaglomerulares
(células granulares), células musculares lisas modificadas
com grânulos secretórios contendo um hormônio
chamado renina (“hormônio renal”) (MARIEB, 7ª ed.).
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
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As células granulares parecem ser mecanorreceptores que secretam
renina em resposta à queda de pressão sanguínea na arteríola
aferente. A mácula densa, que é a terminal do túbulo contorcido distal
adjacente às células justaglomerulares, consiste em células epiteliais
altas e próximas umas das outras que agem como quimiorreceptoras,
monitorando as concentrações de soluto no filtrado. Quando as
concentrações de soluto ficam abaixo de um determinado nível, as
células da mácula densa sinalizam às células justaglomerulares para que
estas secretem renina. A renina inicia uma sequência de reações
químicas no sangue (conhecidas como mecanismo renina-
angiotensina) que resulta, pelo córtex renal, na secreção do hormônio
aldosterona, que aumenta a reabsorção do sódio (Na+) pelos túbulos
contorcidos distais, aumentando a concentração de soluto no sangue
(MARIEB, 7ª ed.).
As células mesangiais têm formato irregular e estão situadas em volta
da base do glomérulo. Essas células exibem propriedades contráteis
que regulam o fluxo sanguíneo dentro do glomérulo. As células
mesangiais extraglomerulares interagem com as células da mácula
densa e as células justaglomerulares como forma de regular a pressão
sanguínea. Os detalhes dessa interação são uma área de pesquisa
permanente (MARIEB, 7ª ed.).
Referências
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica: texto e
atlas. 13. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.
TORTORA. Princípios de Anatomia e Fisiologia. Disponível
em: Minha Biblioteca, (14th edição). Grupo GEN, 2016.
MOORE. Embriologia Clínica, 10ª ed.. Elsevier, RJ, 2016.
MARIEB, E. N.; HOEHN, K. Anatomia e Fisiologia, 3ª ed.,
Porto Alegra: Artmed, 2008.
MARIEB, E.; WILHELM, P. B.; MALLATT, J. Anatomia
Humana, 7ª ed., São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2014.
MOORE et. al. Moore Anatomia Orientada para a Clínica,
7ª ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
Objetivos
1- Compreender a morfologia do ureter, da bexiga
e da uretra;
2- Diferenciar a uretra masculina da uretra feminina;
3- Estudar a fisiologia do néfron;
4- Entender a fisiologia da micção.
Morfologia
↠ A partir dos ductos coletores, a urina flui para os cálices
renais menores, que se unem para se tornar os cálices
renais maiores, que se juntam para formar a pelve renal.
A partir da pelve renal, a urina flui primeiro para os
ureteres e, em seguida, para a bexiga urinária. A urina é
então eliminada do corpo por uma uretra única
(TORTORA, 14ª ed.).
ANATOMIA DO URETER
↠ Os ureteres são tubos delgados, com
aproximadamente 25 cm de comprimento, que
transportam a urina dos rins para a bexiga (MARIEB, 3ª
ed.).
↠ Cada ureter começa superiormente, no nível de L II,
como uma continuação da pelve renal. A partir daí, ele
desce na posição retroperitoneal através do abdome,
entra na pelve verdadeira ao cruzar a cavidade pélvica na
junção sacroilíaca, entra no ângulo posterolateral da
bexiga e depois segue medialmente dentro da parede
posterior da bexiga antes de se abrir para o interior da
bexiga (MARIEB, 3ª ed.).
Essa entrada oblíqua na bexiga evita o refluxo de urina da bexiga para
os ureteres, pois qualquer aumento de pressão dentro dabexiga
comprime a parede desse órgão, fechando assim as extremidades
distais dos ureteres (VÁLVULA FISIOLÓGICA) (MARIEB, 3ª ed.).
Quando esta válvula fisiológica não está funcionando corretamente, é
possível que microrganismos passem da bexiga urinária para os
ureteres, infectando um ou ambos os rins (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Contrações peristálticas das paredes musculares dos
ureteres empurram a urina para a bexiga urinária, mas a
pressão hidrostática e a gravidade também contribuem.
Ondas peristálticas que vão da pelve renal à bexiga
urinária variam em frequência de 1 a 5 por minuto,
dependendo da velocidade em que a urina está sendo
formada (TORTORA, 14ª ed.).
HISTOLOGIA DO URETER
↠ A estrutura histológica dos ureteres tubulares é a
mesma dos cálices renais e da pelve renal; as paredes
possuem três camadas básicas: mucosa, muscular e
adventícia (MARIEB, 3ª ed.).
➢ A mucosa de revestimento é composta por um
epitélio transicional, que estica quando os
ureteres se enchem de urina, e uma lâmina
própria, composta por um tecido conjuntivo
fibroelástico contendo placas de tecido linfático
(MARIEB, 3ª ed.). O muco secretado pelas células
caliciformes da túnica mucosa impede que as células
entrem em contato com a urina, cuja concentração de
soluto e cujo pH podem diferir drasticamente do citosol das
células que formam a parede dos ureteres (TORTORA, 14ª
ed.).
➢ A camada muscular intermediária consiste em
duas camadas de músculo liso: uma camada
longitudinal interna e uma camada circular
externa. Uma terceira camada muscular, a
camada longitudinal externa, aparece no terço
inferior do ureter (MARIEB, 3ª ed.).
➢ A adventícia (externa) da parede do ureter é
um tecido conjuntivo típico (MARIEB, 3ª ed.).
Contém vasos sanguíneos, vasos linfáticos e
nervos que suprem a túnica muscular e a túnica
mucosa. A túnica adventícia mescla-se a áreas
de tecido conjuntivo e mantém os ureteres em
posição (TORTORA, 14ª ed.).
Corte transversal de ureter. Observe o epitélio de transição (ET), a
lâmina própria (LP) de tecido conjuntivo frouxo muito vascularizado, o
músculo liso (ML) e a camada externa (adventícia) de tecido conjuntivo
(ADV) envolvida por tecido adiposo (AD).
ÅPG 26
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ANATOMIA DA BEXIGA
↠ A bexiga urinária é um órgão muscular oco e
distensível situado na cavidade pélvica posteriormente à
sínfise púbica. Nos homens, é diretamente anterior ao
reto; nas mulheres, é anterior à vagina e inferior ao útero.
Pregas do peritônio mantêm a bexiga em sua posição
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Quando ligeiramente distendida em decorrência do
acúmulo de urina, a bexiga urinária é esférica. Quando
está vazia, ela se achata. Conforme o volume de urina
aumenta, torna-se piriforme e ascende para a cavidade
abdominal (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A capacidade média da bexiga urinária é de 700 a 800
ml. Ela é menor nas mulheres, porque o útero ocupa o
espaço imediatamente superior à bexiga urinária
(TORTORA, 14ª ed.).
Quando cheia, a bexiga fica firme e pode ser palpada através da
parede anterior do abdome imediatamente superior à sínfise púbica.
Uma bexiga que pode ser palpada mais de alguns centímetros acima
da sínfise está perigosamente cheia de urina e requer drenagem por
cateterismo (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A bexiga vazia tem a forma de uma pirâmide de
cabeça para baixo com quatro superfícies triangulares e
quatro cantos, ou ângulos. Os dois ângulos posterolaterais
recebem os ureteres. No ângulo anterior da bexiga (ou
ápice) há uma faixa fibrosa chamada úraco (“canal urinário
do feto”), o remanescente fechado de um tubo
embrionário chamado alantoide. O ângulo inferior (colo)
converge para a uretra (MARIEB, 3ª ed.).
Nos homens, a próstata, uma glândula do sistema genital, situa-se
diretamente inferior à bexiga, onde circunda a uretra (MARIEB, 3ª ed.).
↠ No assoalho da bexiga urinária encontra-se uma
pequena área triangular chamada trígono da bexiga. Os
dois cantos posteriores do trígono da bexiga contêm os
dois óstios dos ureteres; a abertura para a uretra, o óstio
interno da uretra, encontra-se no canto anterior
(TORTORA, 14ª ed.).
O trígono tem uma importância clínica especial porque as infecções
tendem a persistir nessa região (MARIEB, 3ª ed.).
VASOS E NERVOS
↠ As artérias que irrigam a bexiga são ramos das artérias
ilíacas internas, principalmente as artérias vesicais
superiores e inferiores (MARIEB, 3ª ed.).
↠ As veias que drenam a bexiga formam um plexo nas
superfícies inferior e posterior desse órgão cujo sangue
drena nas veias ilíacas internas (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Os nervos que vão do plexo hipogástrico até a bexiga
consistem em fibras parassimpáticas provenientes dos
nervos esplâncnicos pélvicos, algumas fibras simpáticas
oriundas dos nervos esplâncnicos torácicos inferiores e
lombares superiores e fibras sensitivas viscerais (MARIEB,
3ª ed.).
HISTOLOGIA DA BEXIGA
↠ Três camadas formam a parede da bexiga urinária:
(MARIEB, 3ª ed.).
➢ Uma mucosa, com um epitélio transicional
distensível e uma lâmina própria, forma o
revestimento interno da bexiga. O revestimento
mucoso contém pregas, ou rugas, que se
achatam quando a bexiga enche (MARIEB, 3ª
ed.).
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
As células mais superficiais do epitélio de transição são responsáveis
pela barreira osmótica entre a urina e os fluidos teciduais. Por
microscopia eletrônica, observou-se que a membrana plasmática da
superfície externa das células em contato com a urina é especializada
e apresenta placas espessas separadas por faixas de membrana mais
delgada. Quando a bexiga se esvazia, a membrana se dobra nas regiões
delgadas, e as placas espessas se invaginam e se enrolam, formando
vesículas fusiformes intracitoplasmáticas, que permanecem próximo à
superfície celular. Quando a bexiga se enche novamente, sua parede
se distende, e ocorre um processo inverso, com transformação das
vesículas citoplasmáticas fusiformes em placas que se inserem na
membrana, aumentando a superfície das células. Essa membrana
plasmática especial é sintetizada no complexo de Golgi e tem uma
composição química peculiar: os cerebrosídeos constituem o principal
componente da fração dos lipídios polares (JUNQUEIRA, 13ª ed.).
➢ Uma musculatura espessa, chamada músculo
detrusor da bexiga (“empurrar para fora”), forma
a camada intermediária. Esse músculo consiste
em fibras musculares lisas altamente misturadas
e em duas camadas longitudinais (externa e
interna) e uma circular (média). A contração
desse músculo espele a urina da bexiga durante
a micção (MARIEB, 3ª ed.).
➢ Nas superfícies lateral e inferior, a camada mais
externa é a adventícia. A superfície superior da
bexiga é coberta pelo peritônio parietal (MARIEB,
3ª ed.).
A grande capacidade de distensão da bexiga a torna unicamente
adequada para sua função de armazenar urina. Quando há pouca urina
dentro dela, a bexiga dobra-se em seu formato piramidal básico, suas
paredes espessam-se e sua mucosa enruga-se. No entanto, conforme
a urina acumula-se, as rugas aplainam e a parede da bexiga fica mais
fina à medida que estica, permitindo que o órgão armazene
quantidades maiores de urina sem elevar de modo significativo a
pressão interna (pelo menos até um acúmulo de 300 ml). Uma bexiga
adulta cheia abriga cerca de 500 ml de urina, 15 vezes o seu volume
quando vazia (MARIEB, 3ª ed.).
ANATOMIA DA URETRA
↠ A uretra é um pequeno tubo que vai do óstio interno
da uretra no assoalho da bexiga urinária até o exterior do
corpo (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Esse tubo consiste em músculo liso e em uma mucosa
interna (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Na junção bexiga-uretra, um espessamento do
detrusor forma o esfíncter interno da uretra. Esse é um
esfíncter involuntário de músculo liso que mantém a
uretra fechada quando a urina não está passando e evita
o seu gotejamento entre asmicções (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Um segundo esfíncter, o esfíncter externo da uretra,
circunda a uretra no interior da camada muscular chamada
diafragma urogenital. Esse esfíncter externo é um
músculo esquelético utilizado para inibir voluntariamente a
micção. O músculo levantador do ânus do diafragma da
pelve também serve como um constritor voluntário da
uretra (MARIEB, 3ª ed.).
Uretra feminina x uretra masculina
↠ Nas mulheres, a uretra tem apenas de 3 a 4 cm de
comprimento e está presa à parede anterior da vagina
por tecido conjuntivo. Ela abre-se para o exterior no óstio
externo da uretra, uma abertura pequena e
frequentemente difícil de localizar, que se situa anterior à
abertura da vagina e posterior ao clitóris (MARIEB, 3ª ed.).
↠ Normalmente seu lúmen se encontra colabado, exceto
durante a micção. Próximo à bexiga ela é revestida por
um epitélio de transição, e ao longo de seu comprimento
restante por um epitélio estratificado pavimentoso não-
queratinizado. Intercaladas em meio ao epitélio há porções
de epitélio pseudoestratificado cilíndrico (GARTNER, 3ª
ed.).
↠ A mucosa está disposta em pregas alongadas por
causa da organização da lâmina própria fibroelástica. Ao
longo de toda a extensão da uretra há numerosas
glândulas claras secretoras de muco, as glândulas de Littré
(GARTNER, 3ª ed.).
↠ A camada muscular da uretra é contínua com a da
bexiga, mas é constituída apenas por duas camadas de
músculo liso, uma longitudinal interna e uma circular
externa (GARTNER, 3ª ed.).
Corte transversal da parede de bexiga. A. Observe suas camadas: epitélio
de transição (ET), lâmina própria (LP) de tecido conjuntivo frouxo e
feixes de músculo liso (ML). A adventícia ou a serosa não estão
representadas. B. Detalhe do epitélio de transição (ET) com suas células
superficiais em abóbada e a lâmina própria (LP) de tecido conjuntivo
frouxo. (HE. A. Pequeno aumento. B. Médio aumento.)
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ Nos homens, a uretra tem aproximadamente 20 cm
de comprimento e possui três regiões: a parte prostática
da uretra, que tem aproximadamente 2,5 cm de
comprimento e passa pela próstata; a parte intermédia da
uretra, que ocupa aproximadamente 2,5 cm do diafragma
urogenital membranoso; e a parte esponjosa da uretra,
que tem aproximadamente 15 cm de comprimento,
percorre pelo interior do pênis e se abre na glande do
pênis através do óstio externo da uretra. A uretra
masculina transporta para fora do corpo tanto o sêmen
na ejaculação, como a urina na micção, embora não
simultaneamente (MARIEB, 3ª ed.).
↠ A uretra membranosa tem apenas 1 cm de extensão
e é revestida por epitélio pseudoestratificado colunar.
Nessa parte da uretra existe um esfíncter de músculo
estriado: o esfíncter externo da uretra (JUNQUEIRA, 13ª
ed.).
↠ O epitélio da uretra cavernosa é pseudoestratificado
colunar, com áreas de epitélio estratificado pavimentoso
(JUNQUEIRA, 13ª ed.).
↠ A lâmina própria de todas as três regiões é composta
de tecido conjuntivo frouxo fibroelástico altamente
vascularizado. Ela contém numerosas glândulas de Littre,
cuja secreção mucosa lubrifica o epitélio que reveste a
uretra (GARTNER, 3ª ed.).
↠ A túnica muscular da parte prostática é composta
principalmente por fibras de músculo liso circulares
superficiais à lâmina própria; estas fibras circulares ajudam
a formar o músculo esfíncter interno da uretra da bexiga
urinária. A túnica muscular da parte membranácea
consiste em fibras musculares esqueléticas provenientes
do músculo transverso profundo do períneo dispostas
circularmente, que ajudam a formar o músculo esfíncter
externo da uretra (TORTORA, 14ª ed.).
Fisiologia do néfron
↠ Três processos básicos ocorrem nos néfrons:
filtração, reabsorção e secreção (SILVERTHORN, 7ª ed.).
➢ Filtração glomerular: Na primeira etapa da
produção de urina, a água e a maior parte dos
solutos do plasma sanguíneo atravessam a
parede dos capilares glomerulares, onde são
filtrados e passam para o interior da cápsula
glomerular e, em seguida, para o túbulo renal
(TORTORA, 14ª ed.).
Filtração é o movimento de líquido do sangue para o lúmen do néfron.
A filtração ocorre apenas no corpúsculo renal, onde as paredes dos
capilares glomerulares e da cápsula de Bowman são modificadas para
permitir o fluxo do líquido. Uma vez que o fluido filtrado, chamado de
filtrado, chega ao lúmen do néfron, ele se torna parte do meio externo
ao corpo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
➢ Reabsorção tubular: Conforme o líquido filtrado
flui pelos túbulos renais e ductos coletores, as
células tubulares reabsorvem aproximadamente
99% da água filtrada e muitos solutos úteis. A
água e os solutos retornam ao sangue que flui
pelos capilares peritubulares e arteríolas retas
(TORTORA, 14ª ed.).
Observe que o termo reabsorção se refere ao retorno de substâncias
para a corrente sanguínea (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Secreção tubular: Conforme o líquido filtrado flui
pelos túbulos renais e ductos coletores, as
células dos túbulos renais e do ductos secretam
outros materiais – como escórias metabólicas,
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
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fármacos e excesso de íons – para o líquido.
Observe que a secreção tubular remove uma
substância do sangue (TORTORA, 14ª ed.).
Os néfrons (por meio de filtração, reabsorção e secreção) ajudam a
manter a homeostasia do volume e da composição do sangue. A
situação é um pouco semelhante a um centro de reciclagem: os
caminhões de lixo despejam lixo em um alimentador de entrada, onde
o lixo pequeno passa por uma esteira transportadora (filtração
glomerular do plasma). À medida que a esteira transportadora
transporta o lixo, os funcionários removem artigos úteis, como latas
de alumínio, plásticos e recipientes de vidro (reabsorção). Outros
funcionários colocam o lixo adicional deixado na esteira e itens maiores
na esteira transportadora (secreção). No final da esteira, todo o lixo
restante cai em um caminhão para ser transportado para o aterro
(escórias metabólicas na urina) (TORTORA, 14ª ed.).
A imagem abaixo mostra a depuração renal de quatro substâncias
hipotéticas. A substância, mostrada no painel A, é livremente filtrada
pelos capilares glomerulares, mas não é reabsorvida e nem tampouco
secretada. Portanto, a intensidade da excreção é igual à intensidade
com que foi filtrada. Certas substâncias indesejáveis no corpo, tais
como a creatinina, são depuradas pelos rins dessa maneira, permitindo
a excreção de praticamente todo o filtrado (GUYTON, 13ª ed.).
No painel B, a substância é livremente filtrada, mas também é
parcialmente reabsorvida pelos túbulos de volta para a corrente
sanguínea. Portanto, a intensidade da excreção urinária é menor que
a da filtração pelos capilares glomerulares. Nesse caso, a intensidade
da excreção é calculada como a intensidade da filtração menos a da
reabsorção. Esse padrão é típico para muitos eletrólitos corporais,
como os íons sódio e cloreto (GUYTON, 13ª ed.).
No painel C, a substância é livremente filtrada pelos capilares
glomerulares, mas não é excretada na urina porque toda a substância
filtrada é reabsorvida pelos túbulos de volta para a corrente sanguínea.
Esse padrão ocorre para algumas substâncias nutricionais que estão
presentes no sangue, como aminoácidos e glicose. Esse tipo de
depuração permite a conservação dessas substâncias nos líquidos
corporais (GUYTON, 13ª ed.).
A substância no painel D é livremente filtrada pelos capilares
glomerulares, não sendo reabsorvida, mas quantidades adicionais dessa
substância são secretadas do sangue capilar peritubular para os túbulos
renais. Esse padrão frequentemente ocorre com os ácidos e as bases
orgânicas e permite que essas substâncias sejam rapidamente
retiradas do sangue, para serem excretadas, em grande quantidade,
na urina. A intensidade da excreção, nesse caso, é calculada como a
intensidade da filtração mais a de secreçãotubular (GUYTON, 13ª ed.).
↠ Cada um dos processos - filtração glomerular,
reabsorção tubular e secreção tubular - é regulado de
acordo com as necessidades corporais. Por exemplo,
quando ocorre excesso de sódio no corpo, a intensidade
com que o sódio normalmente é filtrado aumenta e
pequena fração do sódio filtrado é reabsorvida, resultando
em excreção urinária aumentada de sódio (GUYTON, 13ª
ed.).
Filtração glomerular
O líquido que entra no espaço capsular é chamado filtrado glomerular.
A fração de plasma sanguíneo nas arteríolas glomerulares aferentes
dos rins que se torna filtrado glomerular é a fração de filtração. Embora
uma fração de filtração de 0,16 a 0,20 (16 a 20%) seja usual, o valor
varia consideravelmente na saúde e na doença. Em média, o volume
diário de filtrado glomerular em adultos é de 150 l nas mulheres e 180
l em homens. Mais de 99% do filtrado glomerular regressa à corrente
sanguínea por meio da reabsorção tubular, de modo que apenas 1 a
2 l são excretados como urina (TORTORA, 14ª ed.).
COMPOSIÇÃO DO FILTRADO GLOMERULAR
Como a maioria dos capilares, os capilares glomerulares são
relativamente impermeáveis às proteínas, assim, o líquido filtrado
(chamado filtrado glomerular) é essencialmente livre de proteínas e
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desprovido de elementos celulares como as hemácias (GUYTON, 13ª
ed.).
As concentrações de outros constituintes do filtrado glomerular,
incluindo a maior parte dos sais e moléculas orgânicas, são similares às
concentrações no plasma (GUYTON, 13ª ed.).
MEMBRANA DE FILTRAÇÃO
↠ Juntos, os capilares glomerulares e os podócitos, que
circundam completamente os capilares, formam uma
barreira permeável conhecida como membrana de
filtração. Esta configuração em sanduíche possibilita a
filtração de água e pequenos solutos, mas impede a
filtração da maior parte das proteínas plasmáticas, células
sanguíneas e plaquetas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ As substâncias filtradas do sangue atravessam três
barreiras de filtração – a célula endotelial glomerular, a
lâmina basal e uma fenda de filtração formada por um
podócito (TORTORA, 14ª ed.).
➢ A primeira barreira é o endotélio capilar. As
células endoteliais glomerulares são bastante
permeáveis, porque têm grandes fenestrações
(poros) com 0,07 a 0,1 µm de diâmetro. Este
tamanho possibilita que todos os solutos do
plasma sanguíneo saiam dos capilares
glomerulares, mas impede a filtração de células
sanguíneas e plaquetas. Localizadas entre os
capilares glomerulares e na fenda entre as
arteríolas glomerulares aferentes e eferentes
estão as células mesangiais. Estas células
contráteis ajudam a regular a filtração glomerular
(TORTORA, 14ª ed.).
Proteínas carregadas negativamente, presentes na superfície dos
poros, também ajudam a repelir as proteínas plasmáticas carregadas
negativamente (SILVERTHORN, 7ª ed.).
➢ A segunda barreira de filtração é a lâmina basal,
uma camada de material acelular entre o
endotélio e os podócitos, consiste em fibras
colágenas minúsculas e proteoglicanos em uma
matriz glicoproteica; as cargas negativas na
matriz impedem a filtração de proteínas
plasmáticas maiores carregadas negativamente
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ A terceira barreira de filtração é o epitélio da
cápsula de Bowman. Estendendo-se de cada
podócito estão milhares de processos em forma
de pé denominados pedicelos, que envolvem os
capilares glomerulares. Os espaços entre os
pedicelos são as fendas de filtração. Uma fina
membrana, a membrana da fenda, se estende
através de cada fenda de filtração; isso possibilita
a passagem de moléculas que têm um diâmetro
menor do que 0,006 a 0,007 µm, incluindo a
água, a glicose, as vitaminas, os aminoácidos, as
proteínas plasmáticas muito pequenas, a amônia,
a ureia e os íons (TORTORA, 14ª ed.).
PRESSÃO NOS CAPILARES
↠ O princípio da filtração – o uso da pressão para forçar
os líquidos e solutos através de uma membrana – é o
mesmo tanto nos capilares glomerulares quanto nos
capilares sanguíneos de outras partes do corpo
(TORTORA, 14ª ed.). As três pressões que determinam a
filtração glomerular – pressão do capilar sanguíneo,
pressão coloidosmótica do capilar e a pressão do fluido
capsular (SILVERTHORN, 7ª ed.).
No entanto, o volume de líquido filtrado pelo corpúsculo renal é muito
maior do que em outros capilares sanguíneos do corpo, por três
razões: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ Os glomérulos capilares apresentam uma grande área de
superfície para a filtração, porque são longos e extensos.
As células mesangiais regulam a quantidade de área de
superfície disponível. Quando as células mesangiais estão
relaxadas, a área de superfície é máxima, e a filtração
glomerular é muito alta. A contração das células mesangiais
reduz a área de superfície disponível, e a filtração
glomerular diminui.
➢ A membrana de filtração é fina e porosa. Apesar de ter
várias camadas, a espessura da membrana de filtração é
de apenas 0,1 mm. Os capilares glomerulares também são
aproximadamente 50 vezes mais permeáveis do que os
capilares sanguíneos da maior parte dos outros tecidos,
principalmente por causa de suas grandes fenestrações.
➢ A pressão sanguínea capilar glomerular é alta. Como a
arteríola glomerular eferente tem um diâmetro menor do
que o da arteríola glomerular aferente, a resistência à saída
do sangue do glomérulo é alta. Como resultado, a pressão
sanguínea nos capilares glomerulares é consideravelmente
mais elevada do que nos capilares sanguíneos em qualquer
outro local no corpo.
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
PRESSÃO EFETIVA DE FILTRAÇÃO
↠ A filtração glomerular depende de três pressões
principais. Uma pressão promove filtração e duas
pressões se opõem à filtração: (TORTORA, 14ª ed.).
➢ A pressão hidrostática glomerular do sangue
(PHGS) é a pressão do sangue nos capilares
glomerulares. Em geral, a PHGS é de
aproximadamente 55 mmHg. Ela promove a
filtração, forçando a água e os solutos do plasma
sanguíneo através da membrana de filtração
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ A pressão hidrostática capsular (PHC) é a
pressão hidrostática exercida contra a
membrana de filtração pelo líquido que já está
no espaço capsular e no túbulo renal. A PHC se
opõe à filtração e representa uma “pressão de
retorno” de aproximadamente 15 mmHg
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ A pressão coloidosmótica do sangue (PCOS),
que é decorrente da presença de proteínas –
como a albumina, as globulinas, o fibrinogênio no
plasma e no sangue – também se opõe à
filtração. A PCOS média nos capilares
glomerulares é de 30 mmHg (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ Assim, uma pressão de apenas 10 mmHg faz com que
uma quantidade normal de plasma sanguíneo (menos as
proteínas plasmáticas) seja filtrada do glomérulo para o
espaço capsular (TORTORA, 14ª ed.).
TAXA DE FILTRAÇÃO GLOMERULAR
↠ O volume de fluido que é filtrado para dentro da
cápsula de Bowman por unidade de tempo é a taxa de
filtração glomerular (TFG) (SILVERTHORN, 7ª ed.).
↠ No adulto, a TFG média é de 125 m l /min em homens
e 105 m l /min em mulheres. A homeostasia dos líquidos
corporais exige que os rins mantenham uma taxa de
filtração glomerular relativamente constante. Se a TFG
for demasiadamente elevada, as substâncias necessárias
podem passar tão rapidamente pelos túbulos renais que
algumas não são reabsorvidas e são perdidas na urina. Se
a TFG for muito baixa, quase todo o filtrado pode ser
reabsorvido e determinadas escórias metabólicas podem
não ser adequadamente excretadas (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A TFG está diretamente relacionada com as pressões
que determinam a pressão efetiva de filtração; qualquer
mudança na pressão de filtração efetiva influencia a TFG
(TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os mecanismos que regulam a TFG operam por dois
modos principais: ajustando o fluxo sanguíneo para dentro
e para fora do glomérulo e alterando a área de superfície
disponível parafiltração capilar glomerular. A TFG
aumenta quando o fluxo sanguíneo nos capilares
glomerulares aumenta. O controle coordenado do
diâmetro das arteríolas glomerulares aferentes e
eferentes regula o fluxo sanguíneo glomerular. A
constrição da arteríola glomerular aferente diminui o fluxo
sanguíneo no glomérulo, enquanto a dilatação da arteríola
glomerular aferente o aumenta (TORTORA, 14ª ed.).
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↠ Três mecanismos controlam a TFG: a autorregulação
renal, a regulação neural e a regulação hormonal
(TORTORA, 14ª ed.).
AUTORREGULAÇÃO RENAL
A autorregulação da TFG é um processo de controle local, no qual o
rim mantém uma TFG relativamente constante frente às flutuações
normais da pressão arterial. Uma função importante da autorregulação
da TFG é proteger as barreiras de filtração da pressão arterial alta
que pode danificá-las. O processo da autorregulação ainda não está
completamente elucidado, mas vários mecanismos atuam dentro
desse processo. A resposta miogênica está relacionada à habilidade
intrínseca do músculo liso vascular de responder a mudanças na
pressão. A retroalimentação (ou feedback) tubuloglomerular é um
mecanismo de sinalização parácrina pelo qual mudanças no fluxo de
líquido na alça de Henle alteram a TFG (SILVERTHORN, 7ª ed.).
RESPOSTA MIOGÊNICA: Quando o músculo liso da parede da arteríola
estira, devido ao aumento da pressão arterial, canais iônicos sensíveis
ao estiramento se abrem, e as células musculares despolarizam. A
despolarização leva à abertura de canais de Ca+2 dependentes de
voltagem, e o músculo liso vascular se contrai. A vasoconstrição
aumenta a resistência ao fluxo e leva a uma redução no fluxo
sanguíneo através das arteríolas. A redução do fluxo sanguíneo diminui
a pressão de filtração no glomérulo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
Se a pressão arterial diminui, o tônus de contração arteriolar
desaparece, e a arteríola torna-se maximamente dilatada. Contudo, a
vasodilatação não é tão eficaz em manter a TFG como a
vasoconstrição, devido ao fato de que normalmente a arteríola
aferente está bastante relaxada. Consequentemente, quando a
pressão arterial média diminui para menos de 80 mmHg, a TFG diminui.
Esse decréscimo é adaptativo, pois se menos plasma é filtrado, o
potencial para a perda de líquido na urina diminui. Em outras palavras,
um decréscimo na TFG ajuda o corpo a conservar o volume
sanguíneo (SILVERTHORN, 7ª ed.).
RETROALIMENTAÇÃO TUBULOGLOMERULAR: é assim chamado
porque parte dos túbulos renais – a mácula densa – fornece feedback
ao glomérulo. Quando a TFG está acima do normal em decorrência
da pressão arterial sistêmica elevada, o líquido filtrado flui mais
rapidamente ao longo dos túbulos renais. Como resultado, o túbulo
contorcido proximal e a alça de Henle têm menos tempo para
reabsorver Na+, Cl– e água. Acredita-se que as células da mácula densa
detectem o aumento do aporte de Na+, Cl– e água e inibam a liberação
de óxido nítrico (NO) das células do aparelho justaglomerular (AJG).
Como o NO provoca vasodilatação, as arteríolas glomerulares
aferentes se contraem quando o nível de NO diminui. Como resultado,
menos sangue flui para os capilares glomerulares, e a TFG diminui.
Quando a pressão do sangue cai, fazendo com que a TFG seja menor
do que o normal, ocorre a sequência de eventos oposta, embora em
menor grau. O feedback tubuloglomerular é mais lento do que o
mecanismo miogênico (TORTORA, 14ª ed.).
REGULAÇÃO NEURAL DA TFG
Como a maior parte dos vasos sanguíneos do corpo, os dos rins são
inervados por fibras simpáticas do SNA que liberam norepinefrina. A
norepinefrina causa vasoconstrição pela ativação de receptores alfa 1,
que são particularmente abundantes nas fibras musculares lisas das
arteríolas glomerulares aferentes. Em repouso, a estimulação simpática
é moderadamente baixa, as arteríolas glomerulares aferentes e
eferentes estão dilatadas, e a autorregulação renal da TFG prevalece.
Com a estimulação simpática moderada, tanto as arteríolas
glomerulares aferentes quanto eferentes se contraem com a mesma
intensidade. O fluxo sanguíneo para dentro e para fora do glomérulo
é restrito na mesma medida, o que diminui apenas ligeiramente a taxa
de filtração glomerular. (TORTORA, 14ª ed.).
Com maior estimulação simpática, no entanto, como ocorre durante
o exercício ou hemorragia, a constrição das arteríolas glomerulares
aferentes predomina. Como resultado, o fluxo sanguíneo para os vasos
capilares glomerulares é muito reduzido, e a TFG diminui. Esta redução
no fluxo sanguíneo renal tem duas consequências: Reduz o débito
urinário, o que ajuda a conservar o volume de sangue. Possibilita um
maior fluxo sanguíneo para os outros tecidos do corpo (TORTORA,
14ª ed.).
REGULAÇÃO HORMONAL DA TFG
Dois hormônios contribuem para a regulação da TFG. A angiotensina
II reduz a TFG; o peptídio natriurético atrial (PNA) aumenta a TFG. A
angiotensina II é um vasoconstritor muito potente que estreita as
arteríolas glomerulares aferentes e eferentes e reduz o fluxo
sanguíneo renal, diminuindo assim a TFG. As células nos átrios do
coração secretam peptídio natriurético atrial (PNA). A distensão dos
átrios, como ocorre quando o volume sanguíneo aumenta, estimula a
secreção de PNA. Ao causar o relaxamento das células mesangiais
glomerulares, o PNA aumenta a área de superfície disponível para a
filtração capilar. A TFG aumenta à medida que a área de superfície
aumenta (TORTORA, 14ª ed.).
Reabsorção e secreção tubular
↠ O volume de líquido que entra nos túbulos renais
proximais em apenas 30 min é maior do que o volume
total de plasma sanguíneo, porque a TFG normal é muito
elevada. Obviamente, parte deste líquido deve ser
devolvida de algum modo à corrente sanguínea
(TORTORA, 14ª ed.).
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Júlia Morbeck – 2º período de medicina
@jumorbeck
↠ A reabsorção – o retorno da maior parte da água
filtrada e de muitos dos solutos filtrados para a corrente
sanguínea – é a segunda função básica do néfron e do
ducto coletor. Normalmente, cerca de 99% da água
filtrada são reabsorvidos. As células epiteliais ao longo dos
túbulos e ductos renais realizam a reabsorção, mas as
células do túbulo contorcido proximal dão a maior
contribuição (TORTORA, 14ª ed.).
↠ Os solutos que são reabsorvidos por processos ativos
e passivos incluem glicose, aminoácidos, ureia e íons
como Na+ (sódio), K+ (potássio), Ca2+ (cálcio), Cl– (cloreto),
HCO3
- (bicarbonato) e HPO4
2- (fosfato). Uma vez que o
líquido passa através do túbulo contorcido proximal, as
células localizadas mais distalmente aperfeiçoam os
processos de reabsorção para manter o equilíbrio da
homeostasia de água e íons específicos (TORTORA, 14ª
ed.).
↠ A maior parte das proteínas e peptídios pequenos que
passam através do filtro também é reabsorvida,
geralmente via pinocitose (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A terceira função dos néfrons e ductos coletores é a
secreção tubular, a transferência de materiais das células
do sangue e do túbulo para o filtrado glomerular. As
substâncias secretadas incluem íons hidrogênio (H+), K+,
íons amônia (NH4
+), creatinina e determinados fármacos,
como a penicilina (TORTORA, 14ª ed.).
↠ A secreção tubular tem dois resultados importantes:
(TORTORA, 14ª ed.).
➢ A secreção de H+ ajuda a controlar o pH
sanguíneo.
➢ A secreção de outras substâncias ajuda a
eliminá-las do corpo pela urina.
Em decorrência da secreção tubular, determinadas substâncias
passam do sangue para a urina e podem ser detectadas pelo exame
de urina. É especialmente importante para testar atletas à procura de
substâncias que intensifiquem o desempenho, como esteroides
anabolizantes, expansores plasmáticos, eritropoetina, hCG, hGH e
anfetaminas. Os exames de urina também podem ser usados para
detectar álcool etílico ou substâncias psicoativas, como maconha,
cocaína e heroína (TORTORA, 14ª ed.).
VIAS DE REABSORÇÃO
↠ Uma substância que está