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38 Pr oj et o de p es qu is a Instrumentalização Científica 39 www.ulbra.br/ead PROJETO DE PESQUISA Como compreender os elementos que compõem a estrutura de um projeto de pesquisa? Este capítulo tem o objetivo de orientar o estudante para diferenciar e compreender os elementos que compõem um projeto de pesquisa. A expectativa é de que o estudante entenda o processo de elaboração de uma pes- quisa e seja capaz de elaborar um projeto de pes- quisa científica. Quebra-cabeça. O projeto de pes- quisa pode ser com- parado a um que- bra-cabeça, pois é composto por várias partes que se com- plementam forman- do um todo. O projeto de pesquisa Desde que se tenha em vista uma pesqui-sa científica, deve-se pensar, antes de tudo, em elaborar um projeto que possa garantir sua viabilidade. Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as suas ações sejam efetiva- mente planejadas. Desse modo o projeto de pesquisa pode ser definido como o processo sistematizado com o qual se pode conferir maior eficiência à inves- tigação para em determinado prazo alcançar o conjunto das metas estabelecidas. Não existem regras fixas de como elaborar um projeto de pesquisa. Sua estrutura é determi- nada pelo tipo de problema a ser pesquisado e também pelo estilo de seu autor. Porém, é necessário que o projeto esclareça como se processará a pesquisa, quais as etapas que serão desenvolvidas e quais os recursos ne- cessários para atingir seus objetivos. De certa maneira, o projeto de pesquisa trará elementos para responder às seguintes questões fundamentais: • O que pesquisar? • Por que se deseja fazer a pesquisa? • Que teorias e autores fundamentarão a pesquisa? • Que métodos serão adotados? • Como pesquisar? • Com quais recursos pretende-se pesqui- sar? • Em que período pretende-se pesquisar? Os elementos habitualmente requeridos em um projeto de pesquisa são os seguintes: Introdução É aconselhável iniciar um projeto de pesqui- sa com uma introdução, para apresentar o assun- to que se deseja desenvolver. É de fundamental importância explicarmos e contextualizarmos o assunto que é o ponto inicial de da pesquisa. Delimitação do Tema Ao delimitarmos o tema de pesquisa procu- raremos responder as seguintes questões: Quem? Onde? Quando? Quanto? etc). O tema deve es- Fig ur a 1 : A rq ui vo U lb ra Ea d Pr oj et o de p es qu is a Instrumentalização Científica 40 www.ulbra.br/ead pecificar o tópico ou enfoque a ser estudado, por- que nunca vamos atingir em uma única pesquisa o conhecimento no seu todo, por isso, devemos fazer recortes para investigarmos um tema de cada vez. Portanto, para cada pesquisa deve-se delimitar um tema específico, que será separado do todo. Como salienta Furasté1,“a delimitação do tema é o momento mais complexo, desafiador e importante para o processo inicial do trabalho científico. Depois de isolados os elementos que compõem o todo, devemos optar por um deles apenas. Lembrando, mais uma vez, que se deve optar por aquele no qual vislumbramos maiores facilidades de compreensão e desenvolvimento, além do gosto pessoal. Neste momento, já se deve estar formulando a noção daquilo que se quer buscar”. Formulação do Problema O problema de pesquisa será sempre uma questão, uma sentença questionadora, em forma interrogativa, para a qual se deseja uma respos- ta ou solução. Portanto, o tema da pesquisa deve ser problematizado, ou seja, antes de iniciarmos a pesquisa propriamente dita, é necessário ter-se uma idéia bem clara do problema que se pretende resolver. Trata-se de uma questão ou dúvida a ser esclarecida. De preferência deve-se elaborar em forma de pergunta que contemple a profundidade do tema a ser pesquisado. Essa pergunta deverá servir como norteadora das atividades de investi- gação no decorrer da pesquisa. O problema deve ser elaborado de forma que possa ser respondido durante todo o processo de pesquisa. Gil2 destaca alguns cuidados que devemos ter ao formularmos um problema de pesquisa: a. o problema deve ser claro e preci- so - não pode ser formulado de forma vaga; b. o problema deve ser empírico - deve atender ao propósito da investigação científica, que tem a objetividade como uma das mais importantes característi- cas. Portanto, deve-se cuidar para não ater-se em percepções pessoais ou jul- gamentos morais e valorativos que nos remetam a considerações subjetivas; c. o problema deve ser suscetível de solu- ção - deve-se ter a idéia de como será possível coletar os dados necessários para a sua resolução. Aqui é necessá- rio ter domínio da tecnologia adequada que viabilize a busca das respostas. Hipótese(s) Será mais fácil estabelecer a hipótese após termos o problema de pesquisa bem claro. A hi- pótese serve para o pesquisador vislumbrar pro- váveis respostas ao problema proposto. A hipó- tese envolve uma possível verdade, um resultado provável, ainda não provado. É uma verdade pré- estabelecida, intuída, com o apoio de uma teoria. As investigações, da pesquisa, poderão compro- var ou não a hipótese. Lakatos3 refere-se dizendo que “podemos Problematização: A fase da problematização em um projeto de pesquisa é com certeza o momento de- cisivo para a definição da etapas posteriores. Fig ur a 2 : A rq ui vo U lb ra Ea d 40 Pr oj et o de p es qu is a Instrumentalização Científica 41 www.ulbra.br/ead Tal como o detetive, no inicio de uma investigação, estabelece várias hipóteses, também o pesquisador, antes de inciar suas investigações científicas deve de- finir suas hipóteses. considerar a hipótese como um enunciado geral de relações entre variáveis (fatos, fenômenos). (...) Constitui-se a hipótese uma suposta, pro- vável e provisória resposta a um problema, cuja adequação (comprovação = sustentabilidade ou validez) será verificada através da pesquisa”. Existem várias maneiras de para elaborar as hipóteses, com maior freqüência usa-se expres- sões na condicional, que pode ser representado assim: ‘se’ e “então’, por exemplo: se desnutri- ção na infância, então dificuldades cognitivas na idade escolar. Salienta-se que as variáveis ficam ligadas entre pelas expressões: ‘se’ e “então’. Elaborar um bom problema de pes- quisa, que seja claro e verificável é como acertar na “mosca”. Fig ur a 3 : A rq ui vo U lb ra Ea d Justificativa A justificativa serve para explicitarmos o nosso convencimento de que a pesquisa que es- tamos propondo é importante e necessária, desse modo, vamos argumentar sobre a importância do tema que escolhemos e justificar sua imperiosa necessidade de ser investigado. Portanto, ao elaborar uma justificativa deve- mos considerar as orientações que segue: • apresentar os motivos pessoais, ou so- ciais, ou históricos, ou econômicos... da escolha do tema, podendo ser teóricos ou práticos; • contextualizar o problema na realidade atual e localizá-lo com maior precisão possível na origem; • explicar sobre a relevância de sua pes- quisa e qual a contribuição que dará para a área de conhecimento; • projetar a relevância ou importância do tema. Objetivos Nos objetivos do projeto de pesquisa explici- tamos o que queremos atingir, que metas quere- mos alcançar com a execução da pesquisa, nesta parte, via de regra, nos movimentamos em torno das interrogações: para quê? Para quem? De pendendo do tipo de pesquisa e de sua abrangência podemos dividir os objetivos em: geral e específicos. a. objetivo geral – tem caráter mais teóri- co e fica mais relacionado ao problema de pesquisa, normalmente, sua elabo- raçãomovimenta-se em torno da per- gunta: para quê; b. objetivos específicos – tendem a indicar questões de ordem prática. Geralmente atende a pergunta PARA QUEM? São as definições operacionais para cada Fig ur a 4 : A rq ui vo U lb ra Ea d. Pr oj et o de p es qu is a Instrumentalização Científica 42 www.ulbra.br/ead situação específica na aplicação do ob- jetivo geral, ou seja, tenta-se fazer uma aplicação do objetivo geral para situa- ções particulares, específicas. A escolha dos objetivos deve estar coe- rente com o tema escolhido, o problema de pes- quisa e a justificativa. Na formulação dos objetivos utilizar, preferencialmente, verbos no infinitivo, que indi- que a ação esperada. Entre os verbos mais usados podemos mencionar: conhecer, propor, analisar, buscar, provar, demonstrar, estabelecer, compa- rar, avaliar, sugerir, ressaltar, descobrir, identifi- car, caracterizar, confirmar, argumentar, justifi- car, enumerar, afirmar. Referencial Teórico Dependendo do autor esta parte poderá ser denominada com um dos seguintes títulos: Refe- rencial Teórico ou Fundamentação Teórica ou Revisão de Literatura. Na verdade, nesta parte faz-se um apanhado e embasamento teórico, a partir de leituras e análises de obras científicas que temos ao nosso dispor. Por isso, ao elabora- mos essa parte do projeto de pesquisa estaremos nos movimentando em torno da revisão biblio- gráfica: QUE AUTORES E TEORIAS FUN- DAMENTARÃO A PESQUISA? No projeto de pesquisa o referencial teórico ou fundamentação teórica ou revisão de literatu- ra1* deve estar coerente com o tema em estudo. Deve ser atualizada e breve, mostrando algumas idéias relevantes do tema proposto. Utilizam-se, como base, citações bibliográficas para justifi- car teoricamente o tema em estudo. São teorias e conceitos que servirão de base para sustentar 1* Pode-se usar qualquer uma dessas designações como título desta parte do projeto de pesquisa. a linha de raciocínio a ser adotada na realiza- ção da pesquisa, isto é, fornecerão a orientação teórica da pesquisa. Também se pode dizer que são as premissas ou pressupostos teóricos sobre os quais o pesquisador fundamentará suas inter- pretações no decorrer da execução da pesquisa. Evidentemente o referencial teórico deverá apre- sentar uma coerência e consistência de identifi- cação com o tema e com o problema de pesqui- sa, formando entre ambos um conjunto lógico. Metodologia Na metodologia da pesquisa descrevemos a forma de como pretendemos realizar a pesquisa, ou seja, explicitamos os procedimentos específi- cos pelos quais o tema será trabalhado durante o processo de pesquisa. Normalmente nesta parte procuramos responder as questões: Como? Com que? Quando? Onde? A definição do método de pesquisa depen- derá do tipo de pesquisa, ou seja, do objeto de es- Ao formular os objetivos da pesquisa deve-se usar, prefe- rencialmente, verbos no infi- nitivo, que indiquem a ação esperada. Professor Favorito (Teachers Pet). Ao elabo-Ao elabo- ramos o Referencial Teórico, devemos buscar um apanhado e embasamento teórico, a partir de lei- turas e analises de obras científicas que temos ao nosso dispor. Fig ur a 5 : S to ck .X ch ng ® 42 Pr oj et o de p es qu is a Instrumentalização Científica 43 www.ulbra.br/ead Normalmente ao estabelecermos a metodologia da pesquisa procuramos responder as questões: Como? Com que? Quando? Onde? tudo. E juntamente ao método deve-se indicar as técnicas e instrumentos para coleta dos dados. As técnicas e instrumentos mais usadas são as seguintes: entrevistas, questionários, observa- ção e experimentação. Também deve-se esclarecer como os dados serão analisados, interpretados. Procedimentos Metodológicos Após a definição da metodologia, são apre- sentados os procedimentos metodológicos, con- forme é dado a seguir: a. Onde? Normalmente faz-se necessário indicar o “campo”, local aonde irá ser realizada a pesquisa. b. População e amostra: descrição da população que é o objeto de estudo e maneira de definir a amostragem (po- pulação a ser pesquisada). Em geral, as pesquisas trabalham com uma pequena parte de uma população (amostra) que possui determinadas características semelhantes. Exige-se que a amostra escolhida seja representativa da popu- lação que se pretende pesquisar. c. Análise e tratamento dos dados: deve-se explicitar como os dados obti- dos serão codificados. Que tabelas, ou gráficos, ou estudos estatísticos serão utilizados e como serão feitos. Que te- orias servirão de referencial para aná- lise. d. Cronograma - elaborar um cronogra- ma de execução da pesquisa, ou seja, prever as principais atividades e quanto tempo necessita-se para executar cada uma delas. Dependendo da natureza do tema de pesquisa, a distribuição pode ser em dias, semanas, meses, etc. Seu objetivo é dar conta do tempo dispo- nível e necessário para cada atividade relacionada. e. Orçamento – aqui devem ser indica- dos os materiais ou equipamentos ne- cessários para o desenvolvimento da pesquisa, tais como: f. Quem vai fazer? Prever os recursos humanos (pesquisadores), necessários para efetuar a pesquisa. Se for necessá- rio remuneração de serviços pessoais ou serviços de terceiros. g. Com que fazer? Recursos materiais e financeiros. Prever dentro do possível, todos os elementos necessários para a execução da pesquisa, ainda se possí- vel, informar a origem dos recursos, se próprios ou de terceiros. Referências, Apêndices e Anexos2* O projeto de pesquisa deve, ainda, apresen- tar as referências utilizadas para em sua elabo- ração, bem como outros elementos pós-textuais como os apêndices e os anexos. 2* Para obter mais detalhes sobre estes elementos, consulte o capítulo 12 – Relatório de pesquisa. 1 LUCKESI, 1995, p.16. 2 COTRIM, 1993. 3 COTRIM, 1993, p. 71. 4 COTRIM, 1993, p. 73. 5 LUCKESI, 1995, p.18. 6 LUCKESI, 1995, p.16-17. 7 COTRIM, 1993, p. 74. 8 Id. 9 CERVO; BREVIAN, 2002, p. 27. 10 LAKATOS; MARCONI, 2005, p. 86. 11 ARANHA; MARTINS, 1997. 12 CERVO; BREVIAN, 2005, p. 33. 13 GRINGS, 1986. p.82. Calculadora (calculator). A fim de garantir a exeqüibilidade da pes- quisa, o pesquisador deve prever e prover-se dos recursos necessários, para atingir seus objetivos.Figu ra 6 : S to ck .X ch ng ®
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