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Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 1/12 Olá pessoal! Bom dia/boa tarde/boa noite/boa madrugada Passados alguns dias de ‘isolamento digital’ — não, não foi um caso de rehab ou coisa que o valha, apenas compromissos familiares que me mantiveram distante do computador — venho cumprir minha obrigação docente e analisar/comentar os grandes acontecimentos legislativos da semana passada: a Lei 13.135 (conversão da famigerada MP 664) e a MP 676. É tanta coisa, que não posso perder tempo com maiores delongas. Vamos ao trabalho?? Vou comentar, um a um, os dispositivos alterados. Ficará um pouco cansativo? Talvez... mas é a melhor maneira de não deixar passar nada. 1. DEPENDENTES Foi alterado o inciso III do art. 16 da LBPS. Redação anterior: Art. 16. São beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado: [...] III - o irmão não emancipado, de qualquer condição, menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; Nova redação: Art. 16. [...] III - o irmão de qualquer condição menor de 21 (vinte e um) anos ou inválido ou que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, nos termos do regulamento; Esse artigo entrará em vigor em 180 dias da publicação da Lei 13.135; a partir de então o irmão menor de 21 anos, ainda que emancipado, poderá ser reconhecido como dependente — desde que, obviamente, comprove sua dependência econômica, pois esta exigência é inafastável para os dependentes de 3ª classe (art. 16, §4º da LBPS). Também será dependente o irmão “com deficiência grave, nos termos do regulamento”. O RPS — Decreto 3.048/99 — ainda não define o que seria deficiência grave. Vamos torcer para, nos próximos 180 dias, fazê-lo. 2. CARÊNCIA A MP 664 havia alterado os artigos 25 e 26 da LBPS, retirando os benefícios de pensão por morte e auxílio-reclusão das hipóteses de isenção e criando para eles prazos de carência (24 meses). A Lei 13.135 não preservou estas alterações. Portanto, tudo volta a ser como antes, pensão por morte e Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 2/12 auxílio-reclusão permanecem como benefícios isentos de carência, como atesta a redação do inciso I do art. 26, deixada intacta pela Lei 13.135: Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações: I - pensão por morte, auxílio-reclusão, salário-família e auxílio-acidente; 3. ELABORAÇÃO DE LISTA DE DOENÇAS O art. 26, II, da LBPS foi objeto de uma terrível BAGUNÇA nesses últimos tempos. Sua redação original podia se dizer desatualizada, por um detalhezinho bobo: Art. 26. [...] II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e do Trabalho e da Previdência Social a cada três anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência, ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; Já faz tempo, contudo, que o Min. do Trabalho e da Previdência Social foi desmembrado, dando origem ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e ao Ministério da Previdência Social (MPS). Então a MP 664 atualizou a redação deste inciso e eliminou a exigência de atualização da lista a cada 3 anos. Ficou assim: Art. 26. [...] II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao Regime Geral de Previdência Social, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; (Redação dada pela Medida Provisória nº 664, de 2014) Quando comentei a MP 664 teci elogios à eliminação da exigência da revisão trienal da lista. Doença grave é doença grave, dificilmente deixará de sê-lo em prazo tão curto. E se forem identificadas novas enfermidades? Ora essa... aí sim, se atualize a lista, sem uma imposição legal para tanto. Mas os excelentíssimos senhores Deputados e Senadores pensaram diferente deste pobre professor... alteraram de novo a redação do inciso II, mantendo a nomenclatura correta dos Ministérios e incluindo, novamente, a exigência de revisão da lista de doenças a cada 3 anos. Vejam só... Art. 26. [...] II - auxílio-doença e aposentadoria por invalidez nos casos de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três) anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado; Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 3/12 4. LIMITAÇÃO DA RENDA DO AUXÍLIO-DOENÇA A Lei 13.135 não mexeu na redação do §10 do art. 29 da LBPS, que estabeleceu um limitador de valor de renda do auxílio-doença: Art. 29. [...] § 10. O auxílio-doença não poderá exceder a média aritmética simples dos últimos 12 (doze) salários-de-contribuição, inclusive em caso de remuneração variável, ou, se não alcançado o número de 12 (doze), a média aritmética simples dos salários-de-contribuição existentes. Como já disse ao comentar a MP 664, no já longínquo mês de janeiro deste ano, essa disposição quer dizer, basicamente, que a concessão do auxílio- doença não pode resultar em ‘aumento’ da remuneração do segurado. O cálculo do benefício segue a regra por nós bem conhecida, mas obtido o valor da renda mensal (91% do SB) faz-se a comparação prevista nesse dispositivo; caso o valor apurado seja superior à média dos últimos 12 SC, o benefício será limitado a esta média. 5. AUXÍLIO-DOENÇA E APOSENTADORIA POR INVALIDEZ CAIUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU a regra que ampliava o prazo de pagamento sob responsabilidade da empresa no caso desses dois benefícios por incapacidade. Desde a origem da LBPS, em 1991, a empresa pagaria o salário integral do empregado apenas durante os primeiros 15 dias de afastamento. A MP 664 ampliou este prazo para 30 dias. A Lei 13.135 não repetiu estas alterações. Portanto, JÁ ERAM! Caíram! Não vingaram! Voltamos ao que sempre havíamos estudado. A redação do art. 43, §1º, alínea ‘a’ e do art. 60, incisos I e II, voltam ao que eram antes da MP 664. Ponto negativo: O auxílio-doença volta a ser devido só com mais de 15 dias de incapacidade (já que a revogação do caput do art. 59 da LBPS, perpetrada pela MP 664, não foi mantida pela Lei 13.135). Para o empregado, tudo bem... ele recebe da empresa caso se afaste por 2, 5, 10 ou 15 dias... mas o contribuinte individual, como fica? Só terá direito ao benefíciose sua incapacidade perdurar por prazo superior a esse limite. Se passar 10 dias sem poder trabalhar, azar o seu. É isso que o art. 59, com sua redação original, ‘ressuscitada’ agora, nos permite concluir: Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei, ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. Por fim, foram incluídos no art. 60 os seguintes parágrafos: Art. 60. [...] § 5º Nos casos de impossibilidade de realização de perícia médica pelo órgão ou setor próprio competente, assim como de efetiva incapacidade física ou técnica de implementação das atividades e de atendimento adequado à clientela da previdência social, o INSS poderá, sem ônus para os segurados, celebrar, nos termos do regulamento, convênios, termos de execução descentralizada, termos de fomento ou de colaboração, contratos não onerosos ou acordos de cooperação técnica para realização de Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 4/12 perícia médica, por delegação ou simples cooperação técnica, sob sua coordenação e supervisão, com: I - órgãos e entidades públicos ou que integrem o Sistema Único de Saúde (SUS); II - (VETADO); III - (VETADO). § 6º O segurado que durante o gozo do auxílio-doença vier a exercer atividade que lhe garanta subsistência poderá ter o benefício cancelado a partir do retorno à atividade. § 7º Na hipótese do § 6º, caso o segurado, durante o gozo do auxílio- doença, venha a exercer atividade diversa daquela que gerou o benefício, deverá ser verificada a incapacidade para cada uma das atividades exercidas. O §5º segue a linha inaugurada pela MP 664, mas com melhor técnica; a previsão original deixava ‘a critério do INSS’ a realização de perícias por meio de convênio ou acordo com empresas; a nova redação estabelece os motivos para a realização destes pactos. É uma medida inteligente, para tentar combater um dos grandes gargalos da Previdência Social brasileira, que é a falta de profissionais suficientes para atender à gigantesca demanda de perícias. Quem já conhecia a redação do art. 46 da LBPS (O aposentado por invalidez que retornar voluntariamente à atividade terá sua aposentadoria automaticamente cancelada, a partir da data do retorno.) considerará até mesmo desnecessário o §6º do art. 60, acima transcrito. Mas observem que não havia previsão expressa nesse sentido para o auxílio-doença. Desconfio que a razão para a inserção tardia se deva ao que prevê o §7º... Eu explico... O auxílio-doença é benefício devido, em regra, para a incapacidade (I) parcial e temporária para TODAS as atividades; (II) total e temporária para TODAS as atividades; (III) parcial e permanente para algumas atividades; ou, por fim, (IV) total e permanente para algumas atividades. Se o segurado está afastado por se enquadrar nas hipóteses I ou II, o retorno à atividade deverá, necessariamente, resultar em cancelamento do benefício? NÃO!!!! É perfeitamente possível que ele se enquadre nas hipóteses III ou IV. Um exemplo, bem didático... imaginemos um segurado que é pedreiro durante o dia e à noite trabalhe como porteiro em um edifício. Ele sofre um acidente na obra que lhe lesiona seriamente a coluna. Durante o período de recuperação ele se afasta de todas as atividades, em auxílio-doença. Depois de um certo tempo, retoma a atividade de porteiro. Antes do cancelamento caberá ao INSS verificar qual atividade gerou o benefício. Caso constate que ele realmente está inapto para a atividade de pedreiro (sua lesão impede a realização de esforço físico intenso), mas não tem restrição ao labor de portaria, manterá o benefício... a única diferença é que esse benefício ‘mantido’ será recalculado, tomando por base apenas a renda da atividade de pedreiro. Ficou claro? Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 5/12 6. PENSÃO POR MORTE Esse benefício, que havia sido o mais alterado com a MP 664, agora foi o mais alterado, de novo, com a Lei 13.135. As regras DURÍSSIMAS da MP foram flexibilizadas, bastante suavizadas, mas não sumiram por completo. A carência de 24 contribuições, por exemplo, não existe mais, a pensão voltou a ser isenta de carência... mas se o segurado falecido não tiver ao menos 18 contribuições a duração do benefício será curta. A única modificação que realmente caiu foi a redução do valor da pensão. Era Desde 1995 a pensão correspondia a 100% do valor da aposentadoria que o segurado recebia, ou daquela a que teria direito se aposentado por invalidez na data do óbito; com a MP 664, passou a 50% + 10% por dependente; voltou a 100%. “Puxa vida, professor! Assim fica difícil estudar!” Concordo com vocês, meus amigos... esse ano de 2015 foi especialmente estressante para professores e alunos de Previdenciário. Por isso eu já havia, há algum tempo, alertado para não estudarem certos pontos do conteúdo, até que as alterações fossem solidificadas em LEI. Medida Provisória, como o próprio nome faz perceber, é provisória. Quando resulta em grande restrição de direitos, como a MP 664, é grande a possibilidade de ser alterada ou rejeitada pelo Congresso. Foi o que aconteceu agora. A Lei 13.135 trouxe regras que ao menos tendem a ter maior duração. Agora estamos liberados pra estudar tudo de novo. Vejamos as mudanças nos artigos 74 e 75, de dezembro pra cá... A MP 664 inseriu no art. 74 os seguintes dispositivos: Art. 74. [...] § 1º Não terá direito à pensão por morte o condenado pela prática de crime doloso de que tenha resultado a morte do segurado. § 2º O cônjuge, companheiro ou companheira não terá direito ao benefício da pensão por morte se o casamento ou o início da união estável tiver ocorrido há menos de dois anos da data do óbito do instituidor do benefício, salvo nos casos em que: I - o óbito do segurado seja decorrente de acidente posterior ao casamento ou ao início da união estável; ou II - o cônjuge, o companheiro ou a companheira for considerado incapaz e insuscetível de reabilitação para o exercício de atividade remunerada que lhe garanta subsistência, mediante exame médico-pericial a cargo do INSS, por doença ou acidente ocorrido após o casamento ou início da união estável e anterior ao óbito.” O §1º trata de medida justa, replicando na seara previdenciária o que já existe na esfera civil (proibição da herança a quem der causa a morte do instituidor). E o §2º tratava da tal ‘carência matrimonial’. A Lei 13.135 mudou a redação dos dois parágrafos, melhorando substancialmente a técnica. Leiam atentamente o texto acima e me digam... a previsão do §2º não estaria “pré- julgando” uma união recente, considerando-a, sem o direito ao contraditório e Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 6/12 à ampla defesa, constituída indevidamente apenas para a obtenção de um benefício? Não está pressupondo a fraude? A nova redação, agora firmada pela Lei 13.135, é um tanto superior nesses ponto: Art. 74. [...] § 1º Perde o direito à pensão por morte, após o trânsito em julgado, o condenado pela prática de crime de que tenha dolosamente resultado a morte do segurado. § 2º Perde o direito à pensão por morte o cônjuge, o companheiro ou a companheira se comprovada, a qualquer tempo, simulação ou fraudeno casamento ou na união estável, ou a formalização desses com o fim exclusivo de constituir benefício previdenciário, apuradas em processo judicial no qual será assegurado o direito ao contraditório e à ampla defesa. A diferença do §1º é sutil, mas importante. Repercute o princípio constitucional da presunção de inocência (Constituição, art. 5º, LVII) e deixa claro que o resultado morte deve ser esperado no cometimento do crime. A expressão “crime doloso de que tenha resultado a morte” é um tanto generalista e poderia, no limite do absurdo, resultar em injustiças horrendas... Ilustrando, para esclarecer: imaginemos um adolescente, dependente químico, que, para sustentar seu vício, passa a furtar objetos da casa de seus pais. Seu pai, que sofre de enfermidade cardíaca, ao tomar ciência dos furtos não suporta o desgosto e vem a falecer. Houve um crime doloso? Sim... o furto. Isso resultou na morte do segurado? Indiretamente, sim... mas nem o mais agressivo promotor ousaria dizer que o ‘resultado morte’ foi ‘desejado intencionalmente’ pelo rapaz. A redação primeira, dada pela MP 664, permitiria enquadrar até mesmo essa hipótese na proibição do recebimento da pensão. A nova redação elimina essa interpretação dúbia. Ficou bem melhor, reconheçamos... E o §2º retira por completo a presunção de fraude que a MP 664 havia trazido para a nossa Lei de Benefícios. Agora, o benefício será cessado se comprovada a união fraudulenta, com o fim específico de constituir benefício previdenciário. Foi uma evolução e tanto, porque (1) elimina o pré-julgamento que existia na redação anterior; e (2) retira o ‘fator tempo’ da equação. Se era usual a constituição de uniões dias ou semanas antes do óbito de aposentados, para ‘deixarem a pensão para suas cuidadoras’, a criação da ‘carência matrimonial’ serviria simplesmente para forçar os fraudadores a se organizarem com maior antecedência. Ao retirar da equação o fator tempo, dificulta-se a vida desses ‘espertalhões’, pois a fraude pode ser punida independentemente da data de sua ocorrência. O art. 75 da LBPS, que trata do valor do benefício, havia sido completamente modificado pela MP 664, ressuscitando a regra que existia antes da LBPS (50% + 10% por dependente). A Lei 13.135 não sustentou esta alteração, voltando a valer a redação que está na LBPS desde 1997: Art. 75. O valor mensal da pensão por morte será de cem por cento do valor da aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento, observado o disposto no art. 33 desta lei. (Redação dada pela Lei nº 9.528, de 1997) Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 7/12 Mas a “carência matrimonial” não sumiu por completo da LBPS. Ela se tornou um fator com influência na duração do benefício. Vejam a nova redação do art. 77, §2º: Art. 77. [...] § 2º O direito à percepção de cada cota individual cessará: [...] II - para filho, pessoa a ele equiparada ou irmão, de ambos os sexos, ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência; III - para filho ou irmão inválido, pela cessação da invalidez; IV - para filho ou irmão que tenha deficiência intelectual ou mental ou deficiência grave, pelo afastamento da deficiência, nos termos do regulamento; V - para cônjuge ou companheiro: a) se inválido ou com deficiência, pela cessação da invalidez ou pelo afastamento da deficiência, respeitados os períodos mínimos decorrentes da aplicação das alíneas “b” e “c”; b) em 4 (quatro) meses, se o óbito ocorrer sem que o segurado tenha vertido 18 (dezoito) contribuições mensais ou se o casamento ou a união estável tiverem sido iniciados em menos de 2 (dois) anos antes do óbito do segurado; c) transcorridos os seguintes períodos, estabelecidos de acordo com a idade do beneficiário na data de óbito do segurado, se o óbito ocorrer depois de vertidas 18 (dezoito) contribuições mensais e pelo menos 2 (dois) anos após o início do casamento ou da união estável: 1) 3 (três) anos, com menos de 21 (vinte e um) anos de idade; 2) 6 (seis) anos, entre 21 (vinte e um) e 26 (vinte e seis) anos de idade; 3) 10 (dez) anos, entre 27 (vinte e sete) e 29 (vinte e nove) anos de idade; 4) 15 (quinze) anos, entre 30 (trinta) e 40 (quarenta) anos de idade; 5) 20 (vinte) anos, entre 41 (quarenta e um) e 43 (quarenta e três) anos de idade; 6) vitalícia, com 44 (quarenta e quatro) ou mais anos de idade. § 2º-A. Serão aplicados, conforme o caso, a regra contida na alínea “a” ou os prazos previstos na alínea “c”, ambas do inciso V do § 2º, se o óbito do segurado decorrer de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho, independentemente do recolhimento de 18 (dezoito) contribuições mensais ou da comprovação de 2 (dois) anos de casamento ou de união estável. § 2º-B. Após o transcurso de pelo menos 3 (três) anos e desde que nesse período se verifique o incremento mínimo de um ano inteiro na média nacional única, para ambos os sexos, correspondente à expectativa de sobrevida da população brasileira ao nascer, poderão ser fixadas, em números inteiros, novas idades para os fins previstos na alínea “c” do inciso V do § 2º, em ato do Ministro de Estado da Previdência Social, limitado o acréscimo na comparação com as idades anteriores ao referido incremento. [...] § 4º (Revogado). § 5º O tempo de contribuição a Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) será considerado na contagem das 18 (dezoito) contribuições mensais de que tratam as alíneas “b” e “c” do inciso V do § 2º. Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 8/12 De um modo geral, as modificações aqui introduzidas deixam claríssima a intenção de economizar. Se o segurado contribuiu pouco, a pensão durará pouco; se a expectativa de vida aumentar, o prazo de duração do benefício poderá ser reduzido... QUE DUREZA!! Vamos esmiuçar as modificações. Hipóteses de cessação da pensão: A) Morte do pensionista – essa hipótese, presente no inciso I do §2º do art. 77 não foi alterada pela MP 664, nem pela Lei 13.135. Tá valendo!! B) Para o filho ou irmão, o inciso II do §2º previa o seguinte: Art. 77. [...] §2º. [...] II - para o filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela emancipação ou ao completar 21 (vinte e um) anos de idade, salvo se for inválido ou com deficiência intelectual ou mental que o torne absoluta ou relativamente incapaz, assim declarado judicialmente; (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) A Lei 13.135 mudou apenas a parte grifada, fazendo constar “inválido ou com deficiência”. Caberá ao regulamento definir a forma pela qual será reconhecida a “pessoa com deficiência” apta a receber o benefício de pensão por morte. Elimina-se a necessidade de declaração judicial. Cai por terra um formalismo excessivo que a legislação pretérita criara. C) Para o filho ou irmão inválido, o inciso III dizia o seguinte: III - para o pensionista inválido pela cessação da invalidez e para o pensionista com deficiência intelectual ou mental, pelo levantamento da interdição. (Redação dada pela Lei nº 12.470, de 2011) A MP 664 havia se limitado a retirar a palavrinha “intelectual” do texto acima. A Lei 13.135, como vocês devem ter percebido, mudou bastante o inciso. Deixou de tratar do ‘pensionista inválido’ para deixar claro que o inciso se dirige ao ‘filho e ao irmão’. É apenas um ajuste para evitar a inclusão indevida do cônjugeneste item, já que há, para ele, previsão específica no inciso V. Retirou deste inciso o pensionista com deficiência, inserindo-o no inciso IV. Agora está claro que o filho ou irmão inválido perderá o direito à sua cota individual com a cessação da invalidez. D) O novo inciso IV do art. 77 §2º resultou do desmembramento do antigo inciso III. Para o filho ou irmão com deficiência intelectual ou mental, ou com deficiência grave, o direito à sua cota individual cessará com o “afastamento da deficiência”, nos termos do regulamento. A LBPS, no site do Planalto, preservou a redação do inciso IV apresentada pela MP 664, em uma ‘distração’ do servidor responsável pela atualização legislativa. É que o art. 6º da Lei 13.135 diz que o art. 77, §2º, inciso IV, entrará em vigor dois anos após sua publicação em relação às pessoas com deficiência intelectual e mental. Ocorre que o inciso também menciona pessoa com ‘deficiência grave’, de modo que a redação deveria ser, de imediato, alterada, servindo a regra de vigência quase como um indicativo Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 9/12 de interpretação. Quando forem estudar, CUIDADO. O texto da LBPS, disponível no site da Previdência Social, corretamente alterou o inciso IV. E) Aqui sim, a grande confusão... para o cônjuge, a pensão cessará... � Em 4 meses se o segurado não tiver recolhido ao menos 18 contribuições ou se o casamento/união tiverem sido iniciados menos de 2 anos antes do óbito. Vemos que aqui estão presentes as regras de carência e de carência matrimonial que haviam sido criadas pela MP 664. Não figuram mais como impeditivos à concessão do benefício, mas reduzem drasticamente sua duração. Essa regra não se aplica se o óbito for decorrente de acidente de qualquer natureza ou de doença profissional ou do trabalho. Nessa situação valerão as duas outras regras abaixo, conforme o caso. � Vertidas mais de 18 contribuições e com união/casamento superior a 2 anos, seguindo a tabela abaixo, conforme a idade do cônjuge/companheiro: Idade do(a) cônjuge sobrevivente Duração do benefício de pensão por morte (em anos) Menos de 21 anos 3 De 21 a 26 anos 6 De 27 a 29 anos 10 De 30 a 40 anos 15 De 41 a 43 anos 20 44 anos ou mais Vitalícia A Lei agora permite que esses limites etários sejam revisados por ato do Ministro da Previdência, sempre que haja incremento de no mínimo 1 ano inteiro na expectativa de sobrevida nacional. As contribuições exigidas (mínimo de 18) serão computadas mesmo que vertidas para regime próprio de previdência social. � Se o cônjuge/companheiro for inválido ou com deficiência, o benefício será pago (a) enquanto durar a deficiência e (b) respeitado o período mínimo da tabela acima. EXEMPLO: João faleceu e deixou viúva Maria, inválida, com 30 anos de idade. 10 anos depois do óbito de João, um tratamento revolucionário surgiu e resultou na cessação da invalidez de Maria. O benefício deve cessar? Não! Seguindo a regra da tabela, Maria ainda receberá a pensão por 5 anos. José faleceu e deixou viúva Paula, inválida, com 35 anos de idade. Passaram- se os 15 anos da tabela acima e a condição de saúde de Paula permanece inalterada (ela continua inválida). O benefício deve cessar? NÃO!!! Enquanto permanecer inválida ela terá direito à pensão. Podemos então dizer que há uma regra geral: o cônjuge inválido ou com deficiência perderá o direito à sua cota individual da pensão pela cessação da Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 10/12 invalidez/deficiência ou pelo decurso do prazo da tabela acima, o que ocorrer depois. 7. LISTA DE DOENÇAS Pra fechar essa EXTEEEEEEENSA lista de alterações da Lei 13.135, ela alterou a redação do art. 151 da LBPS, incluindo duas enfermidades à lista que já era extensa... Vejamos. Art. 151. Até que seja elaborada a lista de doenças mencionada no inciso II do art. 26, independe de carência a concessão de auxílio-doença e de aposentadoria por invalidez ao segurado que, após filiar-se ao RGPS, for acometido das seguintes doenças: tuberculose ativa, hanseníase, alienação mental, esclerose múltipla, hepatopatia grave, neoplasia maligna, cegueira, paralisia irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante), síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina especializada. A hepatopatia grave já havia sido inserida na Instrução Normativa 45/2010, mas não figurava na LBPS (e penso que nem precisava, pois a redação do art. 151 já deixa claro que sua previsão deveria valer “enquanto não elaborada a lista de doenças”). Os legisladores atualizaram a redação do artigo, incluindo a hepatopatia e ampliando o rol, com a inserção da esclerose múltipla na lista de doenças que dispensam a carência para a concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. 8. FATOR PREVIDENCIÁRIO OPCIONAL A fim de ‘aliviar sua barra’ com a opinião pública os excelentíssimos deputados e senadores, ao apreciar a MP 664, incluíram no texto uma regra de eliminação do fator previdenciário, aquele índice bandido que reduz sensivelmente o valor das aposentadorias. Com isso, a economia pretendida com as reformas previdenciárias seria “um pouquinho” reduzida (de 40 bi para 10 bi). Logicamente tal insanidade não poderia prosperar. Não pensem que sou favorável ao fator previdenciário, meus amigos... Penso que seria mais honesto com os aposentados estabelecer uma idade mínima para a aposentadoria e ponto final... a criação do fator é uma forma disfarçada de fazer isso, mas a fórmula é tão confusa que boa parte do povo não faz a menor ideia de como funciona e nem imagina o impacto que isso pode ter na sua renda. A proposta original era a inserção da regra dos 85/95. Mulheres que, somando tempo de contribuição e idade, totalizassem pelo menos 85, poderiam deixar de aplicar o fator previdenciário; o mesmo valeria para homens que somassem 95. O governo vetou essa regra e editou a MP 676, que cria a regra dos 85/95. Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 11/12 “Como é, professor? A Dilma vetou a regra e na MP criou a mesma regra? Que doideira é essa?” Calma... eu explico. Como parte do acordo com o Congresso ela iria criar uma regra ‘intermediária’. Nem tão generosa quanto a 85/95, nem tão bandida quanto a manutenção irrestrita do fator previdenciário. Então surgiu a MP 676, incluindo na LBPS o art. 29-c, com o seguinte conteúdo: Art. 29-C. O segurado que preencher o requisito para a aposentadoria por tempo de contribuição poderá optar pela não incidência do fator previdenciário, no cálculo de sua aposentadoria, quando o total resultante da soma de sua idade e de seu tempo de contribuição, incluídas as frações, na data de requerimento da aposentadoria, for: I - igual ou superior a noventa e cinco pontos, se homem, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta e cinco anos; ou II - igual ou superior a oitenta e cinco pontos, se mulher, observando o tempo mínimo de contribuição de trinta anos. § 1º As somas de idade e de tempo de contribuição previstas no caput serão majoradas em um ponto em: I - 1º de janeiro de 2017; II - 1º dejaneiro de 2019; III - 1º de janeiro de 2020; IV - 1º de janeiro de 2021; e V - 1º de janeiro de 2022. § 2º Para efeito de aplicação do disposto no caput e no § 1º, serão acrescidos cinco pontos à soma da idade com o tempo de contribuição do professor e da professora que comprovarem exclusivamente tempo de efetivo exercício de magistério na educação infantil e no ensino fundamental e médio. Traduzindo... - Essa regra só vale para a ATC, porque era o único benefício que sempre sofria a incidência do fator previdenciário; - Não é uma maneira de ‘trabalhar menos’; a regra não altera os requisitos para concessão da ATC. O homem precisa ter pelo menos 35 anos de contribuição. A mulher, pelo menos 30; - Em suma, é benéfico para quem começa cedo a trabalhar. Como uma das variáveis que influenciam o fator previdenciário é a expectativa de sobrevida, quanto mais jovem o segurado se aposenta, menor o fator previdenciário e, por conseguinte, menor a aposentadoria. Quem começou a trabalhar aos 16 anos conseguirá se aposentar com 100% de seu salário-de-benefício aos 56 anos (ou 55 anos e meio, para ser bem preciso); - Então, meus amigos, até 31.12.2016 teremos a regra 85/95; em 2017 valerá a regra 86/96; em 2019, 87/97; em 2020, 88/98; em 2021, 89/99; e, por fim, em 2022, a regra 90/100. Essa regra é vantajosa para quem começa a trabalhar cedo. Quem começou um pouco mais tarde pode preferir continuar com o fator previdenciário. Análise das Alterações Previdenciárias Lei 13.135 e MP 676 Prof. Cassius Garcia Prof. de Direito Previdenciário www.concurseirofiscal.com.br https://www.facebook.com/prof.cassius 12/12 Vejam, por exemplo, um segurado com 65 anos de idade e 35 de contribuição... seu fator previdenciário será de 1,0541, ou seja, aumentará seu SB. Nesse caso a regra do 90/100 de nada lhe valerá. Se ele começou um pouquinho antes e somou 40 anos de contribuição, o fator previdenciário é de 1,2153. Resumindo: o fator previdenciário é um ótimo negócio para quem TRABALHA MUITO. Aquelas pessoas que não se imaginam aposentados aos 50, 55 anos, são bastante estimulados a permanecer na ativa, pois isso pode resultar em incremento de seus rendimentos no momento da aposentadoria. Mas quem começou cedo a trabalhar e já está cansado, quer parar e curtir a velhice pode se beneficiar bastante da regra do 85/95, mesmo quando se tornar regra dos 90/100. E pronto, meus amigos. Estas foram as mais recentes mudanças em um semestre agitado. Tivemos, nos últimos 6 meses: - Lei 13.063 – dispensa a perícia em alguns casos de aposentadoria por invalidez; - MP 664 – mexeu na pensão, auxílio-reclusão, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez; - MP 665 – mexeu no seguro-desemprego; - Decreto 8.424 – redefiniu as regras de enquadramento do pescador artesanal nas categorias de segurado; - LC 150 – regulamentou a PEC das Domésticas, concedendo novos benefícios a essa categoria de segurados e alterando o prazo de contribuição do empregador doméstico; - Lei 13.135 – conversão da MP 664, manteve poucas das alterações perpetradas por ela, mas mexeu substancialmente na pensão por morte; - MP 676 – criou regra alternativa ao fator previdenciário; - Lei 13.137 – publicada ontem, dia 23.06.2015, alterou as alíquotas do PIS e COFINS-Importação e modificou a LOCSS, afastando do conceito de remuneração certos pagamentos efetuados a ministros de confissão religiosa, membros de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa. Ufa... TUDO ISSO, meus amigos, resultará em atualização de praticamente todas as aulas dos meus cursos. Nos próximos dias substituirei os arquivos das aulas, informando a vocês os pontos alterados. E depois, sangue nos olhos até o edital! Um grande abraço. Bons estudos. Que Deus permaneça conosco. “Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora” Mt 25, 13
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