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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA E ORÇAMENTÁRIA 2 ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA 1. Administração Financeira e sua Função 1.1. Conceito de Administração Financeira e sua organização Primeiramente, deve-se compreender e entender o sentido e o significado de finanças que, corresponde ao conjunto de recursos disponíveis circulantes em espécie que serão usados em transações e negócios com transferência e circulação de dinheiro. Sendo que há necessidade de se analisar a fim de se ter exposto a real situação econômica dos fundos da empresa, com relação aos seus bens e direitos garantidos. Analisando-se apuradamente verifica-se que as finanças fazem parte do cotidiano, no controle dos recursos para compras e aquisições, tal como no gerenciamento e própria existência da empresa nas suas respectivas áreas, seja no marketing, produção, contabilidade e, principalmente na administração geral de nível tático, gerencial e estratégico em que se toma dados e informações financeiras para a tomada de decisão na condução da empresa. A administração financeira é uma ferramenta ou técnica utilizada para controlar da forma mais eficaz possível, no que diz respeito à concessão de credito para clientes, planejamento, analise de investimentos e, de meios viáveis para a obtenção de recursos para financiar operações e atividades da empresa, visando sempre o desenvolvimento, evitando gastos desnecessários, desperdícios, observando os melhores “caminhos” para a condução financeira da empresa. Tal área administrativa, pode ser considerada como o “sangue” ou a gasolina da empresa que possibilita o funcionamento de forma correta, sistêmica e sinérgica, passando o “oxigênio” ou vida para os outros setores, sendo preciso circular constantemente, possibilitando a realização das atividades necessárias, objetivando o lucro, maximização dos investimentos, mas acima de tudo, o controle eficaz da entrada e saída de recursos financeiros, podendo ser em forma de investimentos, empréstimos entre outros, mas sempre visionando a viabilidade dos negócios, que proporcionem não somente o crescimento mas o desenvolvimento e estabilização. É por falta de planejamento e controle financeiro é que muitas empresas quebram no terceiro ano de sua existência, apresentando insuficiência e inexistência de suporte financeiro para sua organização, sendo indiscutivelmente necessárias de informações do Balanço Patrimonial, no qual se contabiliza estes dados na gestão financeira, se analisando detalhadamente para a tomada de decisão. Pelo beneficio, que a contabilidade proporciona à gestão financeira e pelo íntimo relacionamento que se tem de interdependência é que confunde-se, muitas das vezes, a compreensão e distinção dessas duas áreas, já que as mesmas se relacionam proximamente e geralmente se sobrepõem. 3 É preciso esclarecer que a principal função do contador desenvolver e prover dados para mensurar a performance da empresa, avaliando sua posição financeira perante os impostos, contabilizando todo seu patrimônio, elaborando suas demonstrações reconhecendo as receitas no momento em que são incorridos os gastos (este é o chamado Regime de competência), mas o que diferencia as atividades financeiras das contábeis é que a administração financeira enfatiza o Fluxo de caixa, que nada mais é do que, a entrada e saída de dinheiro, que demonstrará realmente a situação e capacidade financeira para satisfazer suas obrigações e adquirir novos ativos (bens ou direitos de curto ou longo prazo) a fim de atingir as metas da empresa. Pode-se definir então que Administração financeira é a arte e a ciência de administrar fundos. Praticamente todos os indivíduos e organizações obtêm receitas ou levantam fundos, gastam ou investem. A Administração Financeira se ocupa do processo, de instituições, de mercados e de instrumentos envolvidos na transferência de fundos entre pessoas, empresas e governos. A administração Financeira diz respeito às responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Os administradores financeiros administram ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras ou não financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. A organização da administração financeira pode ser apresentada da seguinte forma: Tesouraria : (linha) preocupa-se com a liquidez. Administração de caixa e bancos; Aplicações financeiras; Levantamento de recursos; Crédito e cobrança; Contas a pagar; Custódia de valores; Orçamento de caixa. Controladoria: (assessoria) preocupa-se com a rentabilidade. Contabilidade; Assuntos fiscais; Contabilidade de custos; Relatórios gerenciais; Auditoria Interna; Análise econômico-financeira Planejamento e controle orçamentário; Controle do ativo fixo e Seguro,etc. 1.2 Função Financeira nas organizações As atividades empresariais envolvem recursos financeiros e se orientam para a obtenção de lucros. A empresa é visualizada como um sistema que multiplica os recursos financeiros nela investidos, ou seja, a função financeira compreende um conjunto de atividades relacionadas com a gestão de fundos movimentados por todas as áreas da 4 empresa, buscando a otimização do uso desses fundos para que seja alcançada a rentabilidade desejada e preservada a capacidade da empresa pagar seus compromisso e aquisição de ativos. Exige, portanto uma interação com todas as áreas da empresa. O papel do administrador financeiro é assegurar que o capital esteja disponível nos montantes adequados no momento certo e ao menor custo. Tarefas básicas: - obtenção de recursos (Decisões de financiamento) nas condições mais favoráveis possíveis; e -alocação eficiente (Decisões de investimento) desses recursos na empresa. -análise e planejamento financeiro A administração financeira é uma atividade orientada por objetivos. E o objetivo primordial de cada empresa é o de maximizar a riqueza de seus proprietários, a riqueza é representada pelo valor de mercado da empresa, ou seja, pelo preço que seria alcançado na venda dos direitos de participação no seu capital social. O valor de mercado de uma empresa corresponde ao seu valor atual de seus lucros futuros. Deste modo, o valor de mercado de uma empresa é determinado pela sua capacidade de gerar lucros mediante o uso dos ativos, pela sua tecnologia e competência gerencial e pelo seu conceito junto aos credores e clientes. Os administradores financeiros devem implementar somente aquelas medidas que se espera que elevem o preço das ações. O LPA (Lucro por Ação) é obtido pela divisão do lucro total disponível aos acionistas ordinários da empresa aos proprietários da empresa no período , pelo número de ações ordinárias emitidas. A maximização da riqueza envolve os seguintes aspectos: Perspectiva de longo prazo Valor do dinheiro no tempo Retorno do capital próprio Risco (o retorno deve ser compatível com o risco assumido.maior risco implica a expectativa de maior retorno) Dividendos Maximização do preço da ação Não ão sim Aceitar Rejeitar Administrador Financeiro Ações ou Decisões Financeiras alternativas Aumentam O preço da ação? Retorno? Risco? 5 Fig. 1 : Fluxo de tomada de Decisão 1.2.1 Obtenção de Recursos As fontes de recursos à disposição de uma empresa podem ser classificadas de várias formas: Recursos próprios (capital integralizado, reservas e lucros retidos) e recursos de terceiros(compromissos assumidos e dívidas contraídas); Recursos permanentes (recursos próprios e dívidas em longo prazo) e recursos temporários (compromissos e dívidas em curto prazo); Recursos onerosos (provocam despesas financeiras) e recursos não onerosos. Exemplos: - Compra de equipamento deverá ser financiada com recursos permanentes. - Juros e encargos incidentes sobre os empréstimos e financiamentos oneram o resultado econômico, reduzindo a parcela de lucro que restará aos acionistas.créditos junto aos fornecedores envolvem custo financeiro (custos explícitos). - Os recursos próprios envolvem um custo implícito que corresponde à expectativa de lucros. Deste modo, os recursos adicionais a serem fornecidos através dos acionistas através de novas integralizações de capitais e os lucros reinvestidos envolvem um custo de oportunidade. O Custo de oportunidade corresponde ao retorno que os acionistas obteriam com tais recursos em outras aplicações com o mesmo grau de risco suportado por seus investimentos na empresa. A expectativa de retorno dos acionistas corresponde a uma taxa de lucratividade superior a taxas de juros vigentes no mercado.com isso os recursos próprios acabam constituindo uma fonte de recursos que envolvem custos (implícitos) elevados. 1.2.2 Alocação de Recursos Envolve a constante busca da otimização no uso dos fundos para que seja alcançada a rentabilidade desejada e preservada a capacidade da empresa pagar seus compromissos nos vencimentos. Para alocação dos recursos se faz necessário entender a natureza dos ativos. Alguns são essenciais para desenvolvimento das operações, enquanto outros poderão estar ou não relacionados com as atividades básicas do empreendimento. Assim temos : ativos operacionais , constituídos por ativos fixos e ativos circulantes (estoques,duplicatas a receber e disponibilidades); e outros ativos de natureza operacional ou não, como créditos diversos em curto e longo prazo, participações societárias em outras empresas, imóveis alugados a terceiros, determinadas aplicações financeiras etc. Os recursos encontrados nos ativos não são encontrados em abundância e envolvem custos financeiros e custos de oportunidade. 6 O administrador financeiro atuará no sentido de eliminar os excessos aplicados nesses ativos e os seus efeitos sobre a rentabilidade das operações. 1.2.3 – Funções Básicas (Resumo) Todas as atividades empresariais envolvem recursos e, portanto, devem ser conduzidas para a obtenção de lucro. As atividades do porte financeiro têm como base de estudo e análise dados retirados do Balanço Patrimonial, mas principalmente do fluxo de caixa da empresa já que daí, é que se percebe a quantia real de seu disponível circulante para financiamentos e novas atividades. As funções típicas do administrador financeiro são: – Análise, planejamento e controle financeiro: baseia-se em coordenar as atividades e avaliar a condição financeira da empresa, por meio de relatórios financeiros elaborados a partir dos dados contábeis de resultado, analisar a capacidade de produção, tomar decisões estratégicas com relação ao rumo total da empresa, buscar sempre alavancar suas operações, verificar não somente as contas de resultado por competência, mas a situação do fluxo de caixa desenvolver e implementar medidas e projetos com vistas ao crescimento e fluxos de caixa adequados para se obter retorno financeiro tal como oportunidade de aumento dos investimentos para o alcance das metas da empresa. – Tomada de decisões de investimento: consiste na decisão da aplicação dos recursos financeiros em ativos correntes (circulantes) e não correntes (ativo realizável a longo prazo e permanente), o administrador financeiro estuda a situação na busca de níveis desejáveis de ativos circulantes , também é ele quem determina quais ativos permanentes devem ser adquiridos e quando os mesmos devem ser substituídos ou liquidados, busca sempre o equilíbrio e níveis otimizados entre os ativos correntes e não-correntes, observa e decide quando investir, como e quanto, se valerá a pena adquirir um bem ou direito, e sempre evita desperdícios e gastos desnecessários ou de riscos irremediável, e ate mesmo a imobilização dos recursos correntes, com altíssimos gastos com imóveis e bens que trarão pouco retorno positivo e muita depreciação no seu valor, que impossibilitam o funcionamento do fenômeno imprescindível para a empresa, o 'capital de giro'. – Tomada de decisões de financiamentos: diz respeito a captação de recursos diversos para o financiamento dos ativos correntes e não correntes, no que tange a todas as atividades e operações da empresa que necessitam de capital ou de qualquer outro tipo de recurso que seja necessário para a execução de metas ou planos da empresa, levando-se sempre em conta a combinação dos financiamentos a curto e longo prazo com a estrutura de capital, ou seja não se emprestará mais do que a capacidade que a empresa tem para pagar e ser responsável com suas exigibilidades, seja de curto ou longo prazo. O administrador financeiro pesquisa fontes de financiamento confiáveis e viáveis, com ênfase no equilíbrio entre juros, benefícios e formas de pagamento. É bem verdade que muitas dessas decisões são feitas mediante a necessidade e ate ao certo desespero se for o caso, mas independente da situação de emergência é necessário uma análise e estudo profundo e minucioso dos prós e contras a fim de se ter segurança e respaldo em decisões como está. 1.3 Área de atuação e estrutura Área de atuação das finanças: A administração financeira pode ser divida em áreas de atuação, que podem ser entendidas como tipos de meios de transações ou negócios financeiros, são estas: – Finanças Corporativa: abrangem na maioria, relações com cooperações (sociedades anônimas). 7 – Investimentos: São recursos depositados de forma temporária ou permanente em certo negócio ou atividade da empresa, em que se deve levar em conta os riscos e retornos potenciais ligados ao investimento em um ativo financeiro, o que leva a formar, determinar ou definir o preço ou valor agregado de um ativo financeiro, tal como a melhor composição para os tipos de ativos financeiros. Os ativos financeiros são classificados no Balanço Patrimonial em investimentos temporários e em ativo permanente (ou imobilizado), este último, deve ser investido com sabedoria e estratégia haja visto que o que traz mais resultados é se trabalhar com recursos circulantes por causa do alto índice de liquidez apresentado. – Instituições financeiras: são empresas intimamente ligadas às finanças, onde analisam os diversos negócios disponíveis no mercardo de capitais– podendo ser aplicações, investimentos ou empréstimos, entre outros – determinando qual apresentará uma posição financeira suficiente à atingir determinados objetivos financeiros, analisados por meio da avaliação dos riscos e benefícios do empreendimento, certificando-se sua viabilidade. – Finanças Internacionais: como o próprio nome supõe, são transações diversas podendo envolver cooperativas, investimentos ou instituições, mas que serão feitas no exterior, sendo preciso um analista financeiro internacional que conheça e compreenda este ramo de mercado. A administração financeira de uma empresa pode ser realizada por pessoas ou grupos de pessoas que podem ser denominadas como: vice-presidente de finanças (conhecido como Chief Financial Officer – CFO) diretor financeiro, controller e gerente financeiro, sendo também denominado simplesmente como administrador financeiro. Sendo que, independente da classificação, tem-se os mesmos objetivos e características, obedecendo aos níveis hierárquicos, o diretorfinanceiro coordena a as atividades de tesouraria e controladoria. Mas, é necessário deixar bem claro que, cada empresa possui e apresenta um especifico organograma e divisões deste setor, dependendo bastante de seu tamanho. Em empresas pequenas, o funcionamento, controle e análise das finanças, são feitas normalmente pelo proprietário que detém todo o controle da operação, até mesmo, por questão de encurtar custos e evitar exageros de departamentos pelo fato de seu porte, não existindo necessidade de se dividir um setor que está inter-relacionado e, que dependendo do da capacitação do responsável desse setor poderá muito bem arcar com as duas funções de tesouraria e controladoria. Porém, à medida que a empresa cresce, o funcionamento e gerenciamento das finanças evoluem e se desenvolvem para um departamento separado, conectado diretamente ao diretor-financeiro, associado à parte contábil da empresa, já que esta possibilita as informações para a análise e tomada de decisão. No caso de uma empresa de grande porte que é imprescindível esta divisão, para não ocorrer confusão e sobrecarga, deste modo, a tesouraria (ou gerência financeira) cuida da parte específica das finanças em espécie, na administração do caixa, planejamento financeiro, captação de recursos, tomada de decisão de desembolso e despesas de capital, assim como o gerenciamento de credito e fundo de pensão. Já a controladoria é responsável com a contabilidade, custose orçameto, assim como no gerenciamento de impostos, ou seja, cuida do controle contábil do patrimônio total da empresa. 8 Organogram tradicional do departamento financeiro: 1.2 Liquidez X Rentabilidade 1.2.1 Liquidez = capacidade de transformar ativos em disponibilidade. Uma empresa apresenta boa liquidez quando seus ativos e passivos são administrados convenientemente. O importante é manter os fluxos de entrada e saídas de caixa sob controle . O excesso de imobilizações, estoque, prazo muito longo para pagamentos, utilização de fontes de financiamento inadequadas, pode ser motivo de insolvência de uma empresa. Existe um ciclo operacional na empresa , e para que todas as atividades estejam funcionando bem , o fluxo de caixa deve ser previsto , para que a empresa não sofra restrições de crédito e dificuldades na manutenção do ritmo normal de suas operações. 1.2.2 Rentabilidade (taxa de rentabilidade ou taxa de retorno) É a medida da remuneração dos recursos aplicados. A taxa de retorno deve ser comparada com as expectativas de dos acionistas que envolvem a consideração do risco assumido das demais oportunidades de ganho existentes no mercado para o mesmo grau de risco. A Rentabilidade das operações calcula-se dividindo o Lucro operacional pelo ativo operacional: Lucro Operacional÷ Ativo Operacional ; ou Lucro Líquido÷ Capital Próprio (remuneração dos sócios no exercício) O equilíbrio entre a liquidez adequada e a rentabilidade satisfatória constitui constante desafio enfrentado pela administração financeira. O Risco operacional pode ser percebido na queda das vendas, que pode ter sido causada por diversos fatores. O Risco financeiro é quando a taxa de rentabilidade das operações for menor do que as taxas que reflete os custo médio dos empréstimos e financiamentos, então o retorno dos proprietários sofrerá um impacto altamente desfavorável. Diretoria Financeira Gerência Financeira Controladoria Crédito e Cobrança Caixa Contas a pagar Contabilidade Orçamento Custos 9 1.3 Relacionamento com a Economia e a Contabilidade 1.3.1 Relacionamento com a Economia As teorias econômicas são utilizadas na Administração Financeira como diretrizes para realizar operações comerciais com eficiência. São exemplos: a análise de oferta e procura, as estratégias de maximização do lucro, e a teoria de preços. O princípio econômico básico usado em Administração Financeira é a análise marginal, princípio segundo o qual devem ser tomadas decisões financeiras e realizadas ações, somente quando os benefícios adicionais superarem os custos adicionais. Exemplo: Uma empresa deseja substituir um dos seus equipamentos antigos, por um novo, mais sofisticado, capaz de aumentar a produtividade. O novo equipamento requer um desembolso, à vista , de R$ 80.000, enquanto que o antigo poderá ser vendido por R$28.000. Os benefícios totais a serem gerados pelo novo equipamento seriam de R$100.00, e os benefícios do antigo, no mesmo período de tempo, seriam de R$35.000.aplicando a análise marginal a esses dados, obtemos o seguinte : Benefícios com o novo computador R$100.000 Menos: Benefícios com o equipamento antigo -R$ 35.000 _____________ (1) Benefícios marginais adicionados R$ 65.000 Custo do novo equipamento R$ 80.000 Menos: receita obtida com a venda do antigo equipamento -R$ 28.000 ______________ (2) Custos marginais adicionais R$ 52.000 Benefício Líquido (1-2) R$ 13.000 Uma vez que os benefícios (1) marginais (adicionados) de R$65.000, excedem os custos (2) marginais (adicionados) de R$52.000 , a aquisição do novo equipamento para substituir o antigo é recomendável. A empresa obterá um ganho líquido de R$13.000. 1.3.2 Relacionamento com a Contabilidade A administração Financeira e a contabilidade estão estreitamente relacionadas, utilizam a mesma terminologia e em muitas empresas os contadores estão envolvidos em várias atividades financeiras. No entanto há duas diferenças básicas entre Finanças e Contabilidade: a ênfase no fluxo de caixa e na tomada de decisão. - Ênfase no fluxo de caixa: A função principal do contador é desenvolver e fornecer dados para medir o desempenho da empresa, avaliar sua posição financeira e pagar impostos. Baseando – se em certos princípios padronizados, e geralmente aceitos, o 10 contador prepara as demonstrações financeiras, que reconhecem as receitas no momento da venda e das despesas,. Quando incorridas. Essa abordagem é comumente conhecida como regime de competência. O administrador financeiro, por outro lado, enfatiza o fluxo de caixa, ou seja, entradas e saídas de caixa. Ele mantém a solvência da empresa, Analisando e planejando o fluxo de caixa, para satisfazer as obrigações e adquirir os ativos necessários ao cumprimento dos objetivos da empresa. O administrador adota o regime de caixa para reconhecer as receitas e despesas que efetivamente representam entradas e saídas de caixa. Exemplo: Visão do Contador e do Administrador Financeiro, sobre o desempenho da empresa durante o ano, apresentada pelas demonstrações do resultado do exercício do fluxo de caixa a seguir : Visão do Contador Visão do Administrador Financeiro Demonstração do Resultado do Exercício da Nassau Corporation 31/12 Demonstração do Fluxo de Caixa da Nassau Corporation 31/12 Vendas R$100.000 Menos:Custos R$ 80.000 Lucro Líquido R$ 20.000 Entrada de caixa R$0000 Menos: Saída de caixa R$80.000 Fluxo de caixa líquido (R$80.000) Pode-se ver que no sentido contábil a empresa é bastante lucrativa, em termos do efeito do fluxo de caixa é um fracasso. O regime de competência não revela integralmente as circunstâncias da empresa. Assim o administrador financeiro deve enxergar além das demonstrações financeiras, para poder detectar os problemasatuais ou potenciais. - Tomada de Decisão Enquanto o contador volta a sua atenção para a coleta de dados e apresentação dos dados financeiros o administrador analisa os demonstrativos contábeis, desenvolve dados adicionais e toma decisões. 2. DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS 2.1 Finalidades : O desenvolvimento da função financeira implica na constante avaliação de grande número de informações relacionadas com o fluxo de fundos. Essas informações surgem das análises e interpretações dos dados brutos transmitidos através das demonstrações financeiras. 2.2 Tipos de Demonstrações : Demonstrações Gerenciais para uso interno; Demonstrações Contábeis para divulgações externas. 2.2.1 Demonstrativos Gerenciais Os demonstrativos gerenciais orientam o processo decisório ou refletem os planos da empresa (faturamento, cobrança, saldo bancário,compras, dados projetados para previsão de curto prazo e planos globais). 11 Contabilidade de custos : grande fonte de informação gerencial; fornece elementos para os lançamentos contábeis, gera muitos demonstrativos que permitem controlar os custos de produção, a movimentação e os saldos de estoques (físico e monetário). 2.2.2 Demonstrações Contábeis: Reguladas pela Legislação comercial e fiscal, normas específicas para cias abertas (CMV); Demonstrações Contábeis para serem divulgadas externamente: Balanço Patrimonial; Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (PL) A Demonstração Financeira das Companhias Abertas são obrigatoriamente examinadas por auditores fiscais independentes, apresentando os valores correspondentes aos dois últimos exercícios, junto com as notas explicativas necessárias para esclarecimentos da situação patrimonial e os resultados obtidos. Quem são os interessados? Os acionistas, analistas de mercado de capitais, fornecedores, instituições financeiras, debenturistas, grandes clientes, concorrentes, sindicatos, órgãos governamentais, etc. 2.2.3.1 Balanço Patrimonial Representa os saldos de todas as conta que integram o patrimônio da empresa em determinada data. É uma peça contábil muito importante, devido a sua abrangência, as contas do ativo aparecem em forma decrescente de liquidez. E o passivo em ordem decrescente de exigibilidade. O balanço representa : Todos os bens e direito que formam o Ativo da empresa; o seu Passivo (recursos de terceiros) constituído por suas dívidas e compromissos a pagar. Total de recursos pertencentes aos proprietários (Patrimônio Líquido - PL), Capital Próprio. Observação: o exercício social tem duração de um ano e que a data de seu término deve ser definida no estatuto social. 2.2.3.2 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Proporciona a análise da evolução do capital próprio. Identifica as transações que provocaram aumento ou redução no Patrimônio Líquido (PL), durante o exercício social; e as transferências internas de valores entre as contas que integram esse grupo patrimonial. Alteram o PL: Integralização de capital; ágio na emissão de ações ou debêntures; recebimento de doações e subvenções para investimentos (auxílio pecuniário geralmente concedido pelo governo); reavaliações de ativos; lucro ou prejuízo do exercício, distribuição de dividendos; ajustes de exercícios anteriores relativos à retificação de erro imputável a um exercício já encerrado ou à mudança de critérios contábeis. As transferências Internas : aumento de capital com utilização de reservas, apropriação do resultado do exercício para as Reservas de lucros E compensação de prejuízos com reservas, também causam alterações no PL. 12 2.2.3.3 Demonstração do Resultado do Exercício Evidencia a formação do lucro ou prejuízo do exercício social, mediante confrontação das receitas realizadas e das despesas incorridas. Regime de competência: Independe da movimentação de numerário ocorrida no mesmo período. O lucro real corresponde ao lucro antes do imposto de renda apurado pela contabilidade ajustado por: Adições de despesas não dedutíveis fiscalmente; Deduções de receitas não tributáveis; Deduções a título de incentivo fiscal; Deduções relativas ao deferimento do imposto. Deforma resumida a DRE pode ser elaborada apresentando a estrutura abaixo: Receita operacional bruta : Menos deduções da receita bruta Receita operacional Líquida Menos CMV Lucro Bruto Menos despesas operacionais Menos despesas gerais e administrativas Menos despesas financeiras Mais receitas não operacionais LAIR Provisão IR Participações estatutárias (empregados , administradores,partes beneficiárias) LL Reserva de Capital Reserva de Reavaliação Reserva de Lucros: Estatutária Legal Contingência Lucros a Realizar para Expansão 2.2.3.4. Demonstração Das Origens E Aplicações De Recursos (Doar) A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos, tem por objetivo apresentar de forma ordenada às informações relativas às operações de financiamento e investimento da empresa durante o exercício, e evidenciar as alterações na posição financeira da empresa. Os financiamentos estão representados pelas origens dos recursos,e os investimentos pelas aplicações de recursos, sendo que o significado de recursos aqui não é simplesmente o de dinheiro, ou de disponibilidades, pois, pois abrange um conceito mais amplo: representa capital de giro líquido que, na denominação dada pela Lei, é Capital Circulante Líquido. Como sabemos, o Capital Circulante Líquido é representado pelo Ativo Circulante (Disponível,Contas a Receber, Investimentos Temporários, Estoques e despesas Pagas Antecipadamente) menos o Passivo Circulante (Fornecedores, Contas a Pagar e outras exigibilidades do exercício seguinte). Importância A Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos é de muita utilidade, pois fornece dados importantes que não constam das demais demonstrações financeiras; está relacionada tanto com o balanço como com a demonstração 13 do resultado do exercício, sendo complementar a ambas, fornecendo as modificações na posição financeira da empresa pelo fluxo de recursos. Assim, é muito útil no conhecimento e análise da empresa e de sua evolução no tempo. De fato ela auxilia em importantes aspectos, como, por exemplo: 1. Conhecimento da política de inversões permanentes da empresa e fontes dos recursos correspondentes. 2. Constatação dos recursos gerados pelas operações próprias, ou seja, o lucro do exercício ajustado pelos itens que o integram, mas não afetam o capital circulante. 3. Análise de como foram aplicados os recursos obtidos com os novos financiamentos de longo prazo. 4. Constatação de que a empresa está mantendo, reduzindo ou aumentando o seu capital circulante. 5. Verificação da compatibilidade entre os dividendos pagos oi propostos e a posição financeira da empresa. 6. Essa demonstração também é muito utilizada no acompanhamento de desenvolvimento de novos projetos, comparando os seus valores realizados com os orçados, não só para fins internos da administração e de seus acionistas como também pelos agentes financiadores do projeto. 3. MERCADOS FINANCEIROS E INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS Por que Estudar Mercados Financeiros? Mercados nos quais são transferidos fundos de pessoas que os tem em excesso para pessoas que deles necessitam. Os mercados financeiros, como os mercados de títulos e de ações, são importantes na canalização de fundos que não tem um uso produtivo para aqueles que o tem, um processo que resulta em maior eficiência econômica. Porque Estudar Bancose Instituições Financeiras? Bancos e outras instituições financeiras são a engrenagem dos mercados financeiros. Sem eles, os mercados financeiros não seriam capazes de transferir fundos de pessoas que poupam para pessoas que tem oportunidade de investimento produtivo. Portanto, eles também têm efeitos importantes no desempenho da economia como um todo. 3.1 A Estrutura do Sistema Financeiro. O sistema financeiro é complexo e compreende muitos tipos diferentes de instituições financeiras, incluindo bancos, cia seguradoras, fundos mútuos, cia financeiras, e bancos de investimentos, todos fortemente regulamentados pelo governo. Se você quisesse conceder um empréstimo à IBM ou a General Motors, você não iria diretamente ao presidente da empresa oferecer um empréstimo. Em vez disso, você emprestaria indiretamente a tais companhias através de intermediários financeiros, instituições que fazem empréstimos de fundos das pessoas que poupam e que por sua vez emprestam a outros. Os bancos são instituições financeiras que aceitam depósitos e fazem empréstimos. No termo Bancos, estão incluídas firmas como bancos comerciais, associações de empréstimo, e poupança, bancos de poupança mútua e cooperativa de crédito. Os bancos são os intermediários financeiros com os quais a pessoa comum interage mais freqüentemente. Uma pessoa que necessita de empréstimo para comprar uma casa ou um carro geralmente o obtém de um banco local. 14 A administração da moeda e das taxas de juros. A organização responsável pela conduta da política monetária de uma nação é o Banco Central. A Função dos Mercados Financeiros. Os mercados financeiros desempenham a função econômica essencial de canalizar fundos de pessoas que pouparam fundos em excesso por gastarem menos que sua receita, para pessoas que tem escassez de fundos porque desejam gastar mais do que sua receita. No financiamento direto, os tomadores pedem fundos emprestados diretamente dos emprestadores em mercados financeiros, vendendo títulos para eles, que são direitos sobre a receita futura ou ativa futuros do tomador. Os títulos são ativos para a pessoa que os compra, mas são passivos (dívidas) para o indivíduo ou firma que os vende (emite). Sem mercados financeiros, é difícil transferir fundos de uma pessoa que não tem oportunidades de investimentos para uma que as tenha. Mercados financeiros são, portanto essenciais para promover a eficiência econômica. Mercados de Dívidas e Ações. Instrumento de dívida, como um título ou uma hipoteca, que é um acordo contratual com o emprestador para pagar ao portador do instrumento quantias fixas a intervalos regulares (pagamento de juros e do principal) até uma data específica (data do vencimento), quando um pagamento final é efetuado. O segundo método de levantar fundo é através da emissão de títulos de propriedade, como ações normais da bolsa, que são direitos a uma parcela da receita líquida (receita após despesas e impostos) e os ativos de uma empresa. A Função dos Intermediários Financeiros. Chamado financiamento indireto porque envolve um intermediário financeiro que fica entre os emprestadores- poupadores e os tomadores-gastadores, alem de ajudar a transferir fundos de um para o outro. Na verdade, a mídia concentra grande parte de sua atenção em mercados de títulos, particularmente o mercado de ações, os intermediários financeiros são uma fonte de financiamento bem mais importante para as empresas do que os mercados de títulos. Custos de Transação Os custos de transação, o tempo e o dinheiro gastos na realização de transações financeiras são o grande problema para as pessoas que tem excesso de fundos para emprestar. Os intermediários financeiros podem reduzir substancialmente os custos de transação porque eles desenvolveram expertise em abaixá-los e porque seu tamanho permite que eles tirem vantagens das economias de escala. O sistema financeiro nacional é formado por diferentes tipos de instituições financeiras públicas e privadas. Em função da natureza e do prazo, as operações realizadas por essas instituições podem ser agrupadas em quatro grandes mercados: mercado monetário, mercado de crédito, mercado de capitais e mercado de câmbio. 4.1.1 O Mercado Monetário Compreende operações de curto e curtíssimo prazo. Facilita a aplicação de recursos que estarão disponíveis por um período muito reduzido e permitir o controle da liquidez global através da venda e compra de títulos públicos. 4.1.2 O Mercado de Crédito Envolve empréstimos e financiamentos de curto e médio prazo. Os recursos aplicados nessas operações provêm de depósitos captados pelas instituições financeiras, de repasses de linha de créditos oficiais e de repasses de empréstimos contraídos pelas instituições no país e no exterior. 4.1.3 Mercado de Câmbio Para que se possam transferir fundos de um país para o outro, estes devem ser convertidos da moeda do país de origem (digamos dólares) para a moeda do país de destino (digamos, francos). O mercado de câmbio é onde se dá 15 esta conversão, e, portanto é útil na movimentação de fundos entre países. É também importante porque é onde a taxa de câmbio estrangeira, o preço da moeda de um país em relação à outra, é determinada. O que significa essas flutuações nas taxas de câmbio para o público e para as empresas brasileiras? Uma mudança na taxa de câmbio tem um efeito direto nos consumidores, porque afeta o custo de produtos estrangeiros. 4.1.4 Mercado de Capitais Uma outra maneira para se estabelecer uma distinção entre mercado é com base nos vencimentos dos títulos negociados em cada mercado. O mercado monetário é um mercado financeiro no qual somente títulos de dívida de curto prazo (prazo de menos de um ano) são negociados. O mercado de capital é o mercado no qual as dívidas de longo prazo (vencimento de um ano ou mais) e títulos de propriedade, como ações, são negociados. Títulos de mercado monetário são em geral mais amplamente negociados do que títulos de longo prazo e, portanto, tendem a ter maior liquidez. Os títulos de mercado de capital, como ações e títulos de dívidas de longo prazo, são freqüentemente de propriedades de intermediários financeiros com cia de seguros e fundos de pensão, os quais tem pouca incerteza sobre a disponibilidade da quantidade de fundos no futuro. Instrumentos do Mercado de Capital Os instrumentos do mercado de capital são títulos de dívidas e de ações com vencimentos de mais de um ano. Ações representam direitos sobre a receita líquida e os ativos de uma empresa. Os indivíduos têm em torno de metade do valor do estoque de ações; o resto é de propriedade dos fundos de pensão, fundos mútuos e cia de seguros. Hipotecas são empréstimos à família ou firmas para compra de moradia, terras ou outras propriedades imobiliárias, em que a estrutura ou a própria terra serve como garantia para os empréstimos. O Mercado de Títulos e as Taxas de Juros. Um título (também chamado um instrumento financeiro) é um direito sobre e receita futura do emissor ou seus ativos (qualquer direito financeiro ou propriedade que esteja sujeita a posse). Um bônus é um título de dívida que estabelece pagamentos periódicos por um determinado lapso de tempo. O mercado de títulos é especialmente importante para atividade econômica porque possibilita as corporações ou governos fazerem empréstimo para financiar suas atividades e porque é ele que determina as taxas de juros. Uma taxa de juros é o custo de fazer empréstimo ou o preço pago pela utilização de fundos (geralmente expresso em percentagem anual). Existem muitas taxas de juros na economia como taxa de juros hipotecários, taxa de empréstimo para carros e taxas de juros de muitos tiposdiferentes de títulos. Em um nível mais geral, as taxas de juros têm um impacto na saúde geral da economia porque afetam não só a disposição dos consumidores para gastar ou poupar, mas também as decisões de investimentos dos empresários. Mercado de Ações Uma ação é um título que implica um direito sobre os ganhos e os ativos de uma empresa. Emitir e vender ações ao público são estratégias das empresas levantarem fundos para financiar suas atividades. O mercado de ações, no qual são negociados os direitos sobre os ganhos das empresas (ações), é o mercado financeiro mais amplamente acompanhado na América. O mercado de ações também é um fator importante nas decisões de investimento dos negócios porque o preço das ações afeta a quantidade dos fundos que pode ser levantada através da venda de ações recém emitidas para 16 financiar gastos de investimentos. Um preço mais elevado das ações de uma firma significa que ela poderá levantar uma maior quantidade de fundos, os quais poderão ser usados na compra de meios de produção e equipamentos. No mercado de negociação, as ações são ainda subdivididas de acordo com os critérios abaixo: a) Ações de primeira linha: São aquelas de grande liquidez e participação relevante em termos de volume no mercado, sujeita a movimentos especulativos (cotações influenciadas principalmente por fatores macroeconômicos: consumo, resultado do câmbio, mercados externos, acontecimentos políticos, entre outros), dentre as quais destacam-se as BLUE CHIPS Telebrás (agora privatizada e subdividida), Vale do Rio Doce, Eletrobrás e Petrobrás. b) Ações de segunda linha: São aquelas de boa liquidez e de participação tradicional no mercado acionário. Geralmente são empresas com menor porte de patrimônio e menor faturamento que as empresas cujas ações são de primeira linha. Alguns exemplos: Usiminas, CSN, Souza Cruz, Brahma, Belgo Mineira e outras. c) Ações de terceira linha: São ações de empresas de menor porte patrimonial, em alguns casos de menor liquidez com menor comercialização na bolsa, porém apresenta potencial de crescimento. Ex: Inepar, Lojas Americanas, Duratex. O desempenho da Bolsa de Valores é estabelecido através de um índice específico que recebe seu nome. O índice mais conhecido no mercado é o Bovespa. Mercados Primários e Secundários Um mercado primário é um mercado financeiro no qual novas emissões de títulos, tal como um título de dívida ou uma ação, são vendidas aos compradores iniciais pelas empresas ou órgãos do governo pedindo empréstimo de fundos. Um mercado secundário é um mercado financeiro no qual os títulos de dívidas que tenham sido previamente emitidos e, portanto são de segunda mão, podem ser revendidos. Uma instituição financeira importante que assiste na venda inicial de títulos de dívidas no mercado primário é o banco de investimento. Ele o faz através de um processo de underwriting, garantindo um preço para os títulos de uma empresa e depois os vendendo para o público. As bolsas de valores de Nova York e da América, nas quais as ações previamente emitidas são negociadas, são os melhores exemplos conhecidos de mercado secundário. Outros exemplos de mercados secundários são os mercado de câmbio, os mercados de futuro e os mercados de opções. Quanto mais alto o preço do título no mercado secundário, mais alto será o preço que a firma emissora irá receber por um novo título no mercado primário e, portanto maior a quantidade de capital que ele pode levantar. Corretores e Operadores de Títulos Os corretores e operadores de títulos realizam negócios nos mercados secundários. Os corretores são simples intermediários que atuam como agentes para investidores na compra e venda de títulos. Sua função é de ligar vendedores a compradores, função pela qual recebem comissão de corretagem. Ao contrário dos corretores, os operadores de bolsas ligam os vendedores aos compradores, ficando prontos para vender ou comprar títulos aos preços dados. Portanto, os operadores de bolsas têm estoques de títulos e ganham a vida vendendo estes títulos por um preço ligeiramente mais alto do que pagaram - isto é, no ágio, entre o preço pedido e o preço de cotação. Este pode ser um negócio de alto risco porque os operadores de bolsas têm títulos cujo preço pode subir ou cair; recentemente, muitas firmas especializadas em títulos de dividas entraram em colapso. Os corretores ao contrário não estão expostos ao risco porque não possuem os títulos envolvidos nas suas transações. 17 As firmas de corretagem se engajam nas três atividades do mercado de valores mobiliários, atuando como corretoras, operadoras de bolsa e banqueiros de investimento. Bolsas Organizadas As Bolsas de Valores são associações civis, sem fins lucrativos, que reinvestem seus lucros no desenvolvimento da estrutura do mercado, através de projetos que venham contribuir para o crescimento e consolidação do Mercado de Ações. Os mercados secundários podem ser organizados seja como mercado de balcão, nos quais as negociações são realizadas por meio de operadores de bolsa seja como bolsas organizadas, nas quais as negociações são realizadas em um local central. A Bolsa de Valores de Nova York, que negocia milhares de títulos, é o maior câmbio organizado do mundo e a Bolsa de Valores Americana vem em segundo lugar, embora muito atrás. Uma série de bolsas regionais menores que negociam somente um número reduzido de títulos (abaixo de 100), existe em lugares como Boston e Los Angeles. As instituições sócias das Bolsas de Valores são as Sociedades Corretoras de Valores. As bolsas de Valores organizadas na verdade funcionam como um híbrido de mercado de leilões (no qual os compradores e vendedores negociam uns com os outros em um local central) e um mercado de operadores (no qual os operadores de bolsa fazem o mercado comprando e vendendo títulos aos preços dados). Os títulos são negociados no pregão da bolsa com a ajuda de uma espécie de operador-corretor chamado especialista. Um especialista combina as ordens de compra e venda apresentadas pelo mesmo preço e, portanto desempenha uma função de corretagem. No entanto, caso as ordens de compra e venda não combinem, o especialista compra e vende ações de um estoque pessoal de títulos, desempenhando desta maneira uma função de operador de bolsa. Assumindo as duas funções, o especialista mantém uma negociação regular dos títulos pelos quais é responsável. As bolsas organizadas nas quais são negociados valores mobiliários também são regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio - CMV. Esta não só tem autoridade para impor as normas que regem o comportamento dos corretores e operadores de bolsa envolvidos em câmbio como também tem autoridade para alterar as regras determinadas pelas bolsas. Instituições Financeiras Não-Bancárias Embora os bancos possam ser as instituições financeiras com as quais a maioria das pessoas lida mais freqüentemente, porém não são as únicas com as quais elas têm contato. Suponha que você obtenha um seguro de uma seguradora, consiga um empréstimo de uma financeira para adquirir um carro novo, ou compre uma ação ordinária com a ajuda de um corretor. Em cada uma dessas transações, você esta lidando com uma instituição financeira não-bancária. Na nossa economia, as instituições financeiras não-bancárias também desempenham um papel importante na canalização de recursos de emprestadores-poupadores para tomadores-ganhadores. Além disso, o processo de inovação financeira aumentou a importância das instituições financeiras não-bancárias. Por meio das inovações, as instituições financeiras não-bancárias já competem mais diretamente com os bancos, oferecendo tipos de serviçosbancários aos seus clientes. Exemplo: Seguradoras 18 As companhias de seguros de vida vendem apólices que oferecem renda se uma pessoa falecer, ficar incapacitada por doença ou se aposentar. As companhias de seguros residenciais e contra acidentes se especializam em apólices que pagam pelos prejuízos incorridos em decorrência de acidentes, incêndio ou roubo. A Ameaça Competitiva por Parte do Setor Bancário As seguradoras e seus agentes reagiram a esta ameaça competitiva tanto com processos judiciais como com ações voltadas para impedir os bancos de entrarem no ramo de seguros. A competição de bancos e de outras instituições financeiras está modificando rapidamente a maneira como o seguro é vendido e esta ameaçando a subsistência de agentes de seguros independentes. Fundos de Pensão Estes oferecem ao público outros tipos de proteção: pagamentos de uma renda na aposentadoria. Funcionários, sindicatos ou indivíduos pode organizar fundo de pensão, os quais obtém recursos através de contribuições feitas pelos participantes do plano. As contribuições do empregador aos fundos de pensão do empregado são dedutíveis do imposto de renda. Além disso, a política tributária também incentivou as contribuições do empregado aos fundos de pensão tornado-as também dedutíveis de imposto de renda e permitindo a profissionais autônomos organizar seus próprios planos de pensão com isenção ou benefícios fiscais. As estratégias de investimento dos fundos de pensão mudaram radicalmente com o tempo. Os fundos de pensão são agora os principais investidores no mercado de ações. Financeiras Os financeiros adquirem fundos emitindo commercial pappers ou ações e títulos de dívidas ou pedindo empréstimos bancários e utilizam os proventos para conceder empréstimos, elas pedem grandes quantias emprestadas mais em geral emprestam pequenas quantias – um processo bem diferente das instituições bancárias, que coletavam depósitos em pequenas quantidades e então concediam em geral grandes empréstimos. Uma característica chave das financeiras é que, apesar de emprestarem para muitos dos mesmos clientes que pedem empréstimos a bancos, elas não sofrem nenhum tipo de regulamentação em comparação com os bancos comerciais e instituições de poupança. Existem três tipos de financeiras: - Financeira de vendas pertence a uma determinada companhia de produção ou de varejo e concedem empréstimos a consumidores para que comprem produtos daquela companhia. - Financeira de consumidor concede empréstimo ao consumidor para que compre determinado produto. - Financeiras de empresas oferecem formas especializadas de crédito a empresas concedendo empréstimos e comprando recebíveis (contas devidas à firma), com um desconto, este crédito é chamado Factoring. Fundos Mútuos Os fundos mútuos são intermediários financeiros que agrupam os recursos de vários pequenos investidores vendendo-lhes ações e utilizando os proventos para adquirir títulos. Através desse processo de transformação de ativo em que são emitidas ações em denominações pequenas e compram-se grandes quantidades de títulos, os fundos mútuos podem se beneficiar dos descontos de volume sobre as comissões de corretagem e comprar portifólios diversificados de títulos. Os fundos mútuos permitem que o pequeno investidor tire vantagens dos baixos custos de transação na compra de títulos e da redução de risco através da diversificação do investimento em portifólios de títulos. Bancos de Investimentos Quando uma empresa deseja levantar fundos, normalmente ela contrata serviços de um banco de investimento para auxiliá-la a vender seus títulos. Apesar do nome, um banco de investimento não é um banco no sentido normal; isto 19 é, ele não é intermediário financeiro que recebe depósitos e depois os emprestam. Algumas das mais conhecidas firmas bancárias de investimento são: Morgan Stanley, Merril Lincy, Salomon Bnrothers, e Goldman, que obtiveram enorme êxito não só nos Estados Unidos, como também fora do país. Os banqueiros de investimento auxiliam na venda de títulos da seguinte forma: Aconselha a empresa se ela deve emitir títulos de dividas ou ações. Se a sugestão for para emissão de título da dívida, os banqueiros de investimento dão conselhos com relação ao crescimento e pagamento de juros. Quando a empresa decidir que tipo de instrumento financeiro que irá emitir, ela os oferece aos underwriters ou subscritores - bancos de investimento que garantem a empresa um preço sobre os títulos e depois os vendem ao público. Caso a emissão seja pequena, somente um banco de investimento subscreve (em geral a firma bancária de investimento contratada para dar aconselhamento em relação à emissão). Caso a emissão seja grande, várias firmas bancárias de investimento formam um consórcio para subscrever a emissão em conjunto, evitando o risco. Os underwriters vendem os títulos ao público em geral entrando em contato com possíveis compradores, tais como bancos e seguradoras diretamente e através de anúncios em jornais. As atividades de bancos de investimento e o funcionamento dos mercados primários são duramente regulamentados pela Comissão de Valores Mobiliários e Câmbio (CMV), criada pelas leis de valores mobiliários e cambio de 1933 e 1934 para assegurar que a informação chegue a prováveis investidores. Derivativos Financeiros A partir da década de 1970, e mais intensamente nas décadas de 1980 e 1990, o mundo se tornou um lugar mais arriscado para as instituições financeiras. As oscilações nas taxas de juros aumentaram, e os mercados de títulos ações passaram por alguns períodos de alta volatilidade. Conseqüentemente, os gerentes ficaram mais preocupados em reduzir o risco enfrentado por suas instituições. A resposta a maior demanda por redução de risco foi o processo de inovação financeira produzindo instrumentos financeiros novos que auxiliam os gerentes a administrar melhor o risco. Tais instrumentos chamados Derivativos Financeiros têm preços ligados a valores mobiliários previamente emitidos e constituem ferramentas de redução de risco extremamente úteis. Os Derivativos Financeiros mais importantes utilizados por gerentes de instituições financeiras para reduzir risco: contratos a termo, futuros, opções e swaps (conversões). Contratos a Termo São acordos entre duas partes para se engajarem em uma transação financeira no futuro (a termo). Hedging com Contratos a Termo de Taxas de Juros A eventualidade de uma elevação futura das taxas de juros, o que reduzira o preço desses títulos, expondo-o a uma perda de capital no caso de serem vendidos. Quando entra no contrato a termo, ele congela o preço futuro e também elimina o risco de preço que enfrenta em decorrência das possíveis mudanças na taxa de juros. Portanto, vemos que o contrato a termo nas taxas de juros pode permitir aos gerentes das instituições financeiras a proteção (hedge) contra o risco da taxa de juros. Contratos Financeiros de Futuros É semelhante ao contrato a termo de taxas de juros quanto à especificação de que um instrumento de dívida deve ser entregue de uma parte a outra em uma data futura determinada. No entanto, difere de um contrato a termo de taxas de juros em diversas maneiras que superam alguns dos problemas de liquidez e default dos mercados a termo. Para podermos entender este contrato de forma mais concreta, consideremos o que acontece quando se compra ou se vende um desses contratos de futuros de bônus do tesouro. Exemplo: 20 Digamos que em 01 de fevereiro você venda um contrato de junho de $100.000 pelo preço de $115.000. Ao firmar este contrato, você concorda em entregar, no final de junho e pelo valor de $115.000, títulos de dívidas com o valor deface total de $100.000. Ao comprar o contrato pelo preço de 115, o comprador concordou em pagar os $115.000 pelos mesmos títulos quando forem entregues no final de junho. Caso as taxas de juros de longo prazo se elevem, de forma que quando vencer o contrato no final de junho o preço destes títulos de dívidas terá caído para 110 ( $110.00 pelo valor de face de $100.000), o comprador do contrato terá perdido $5.000 porque pagou $115.000 pelos títulos, mais só pode vendê-los pelo preço de mercado de $110.000. Mas você, o vendedor do contrato, terá ganhado $5.000 porque agora pode vender os títulos para o comprador por $115.000, mas só tem que pagar $110.000 por eles no mercado. Opções As opções são contratos que oferecem ao comprador a opção, ou o direito, de comprar (opção de compra) ou vender (opção de venda) o instrumento financeiro básico a um preço específico, chamado preço de realização ou preço de exercício, dentro de um período de tempo específico. É o mercado onde se negocia os direitos sobre as ações. Swaps É um derivativo financeiro importante para administrar o risco. Os Swaps são contratos financeiros que obrigam uma parte a trocar uma série de pagamentos que possui por uma outra série de pagamentos que pertencem a uma terceira parte. Os swaps permitem que as instituições convertam os ativos de taxa fixa em ativos, com taxa de juros flutuantes sem que isso afete seus balanços patrimoniais. São assim evitados custos de transação elevados. 21 REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO 1. ASSAF, Neto A .; SILVA, César A . T. Administração do Capital de Giro. São Paulo: Atlas, 1995. 2. ASSAF, Neto A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico-financeiro. 7ed. São Paulo: Atlas,2002. 3. BRAGA, Roberto. Fundamentos Técnicas de Administrção Financeira. São Paulo: Atlas, 1998. 4. BREALEY, Richard A . ; MYERS, Stewart C. Princípios de Administração Financeira. 10 ed. São paulo: Makron Books, 2000. 5. GITMAN, Lawrence J. Princípios de Administração Financeira. 10 ed. São Paulo: Harbra, 2004. 6. 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