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Direito Civil I RESUMAO

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Direito Civil I - Resumão
DIREITO CIVIL I - Resumão das Aulas
Fonte: Universidade Estácio de Sá - Campus Menezes Côrtes
AULA 1: O CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO: 
Em 11 de janeiro de 2003, entrou em vigor o novo Código Civil (Lei nº 10.406, de 10.01.2002), depois de tramitar por décadas no Congresso Nacional (desde 1968). 
Esse novo Código representa a consolidação das mudanças sociais e legislativas surgidas nas últimas nove décadas, incorporando outros novos avanços na técnica jurídica.
Três princípios fundamentais do novo Código Civil:
a) ETICIDADE –superar o apego do antigo Código ao rigor formal. O novo Diploma alia os valores técnicos aos valores éticos. Por isso percebe-se, muitas vezes a opção por normas genéricas ou cláusulas gerais, sem a preocupação de excessivo rigorismo conceitual.
O mundo contemporâneo testemunha a preocupação constante dos doutrinadores jurídicos, políticos e sociais com a necessidade das relações do homem com os seus e do Estado com os seus administrados serem fortalecidas com a prática de condutas éticas. Afirma que a ética é delimitadora do comportamento humano, abrangendo a realidade que o cerca e influenciando a estrutura dos fatos e atos produzidos pelo cidadão. Declara que O Novo Código Civil apresenta-se em forma de sistema vinculado a dois polos: um formado em eixo central; o outro concentrado em um sistema aberto. O professor pode concluir definindo que a eticidade no Novo Código Civil visa imprimir eficácia e efetividade aos princípios constitucionais da valorização da dignidade humana, da cidadania, da personalidade, da confiança, da probidade, da lealdade, da boa-fé, da honestidade nas relações jurídicas de direito privado.
b) A SOCIALIDADE – Está presente no novo Código a socialidade em detrimento do caráter individualista do antigo Diploma civilista. Daí o predomínio do social sobre o individual.
Um exemplo interessante neste sentido é o da função social da propriedade A Constituição Federal deu uma fisionomia funcional social ao direito de propriedade, que no seu art. 5º, inciso XII, ao lado de garantir o direito de propriedade, logo em seguida no inciso XXIII. 
A funcionalização do direito de propriedade importa em dar-lhe uma determinada finalidade, que na propriedade rural significa ser produtiva (art. 186) e na urbana quando atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressa no plano diretor (art. 182, § 2º) .
Tal novidade acabou por refletir-se na elaboração do novo Código Civil, em seu art. 1228, o que se mostra coerente com a inscrição de novos princípios norteadores, especialmente o da Socialidade, que vem tentar a superação do caráter manifestamente individualista do Diploma revogado, reflexo mesmo da publicização do Direito Civil, admitindo ainda a propriedade pública dos bens cuja apreensão individual configuraria um risco para o bem comum.
De lapidar redação, o § 1.º do art. 1228 estabelece que "O direito de propriedade deve ser exercido em consonância com suas finalidades econômicas e sociais e de modo que sejam preservados, de conformidade com o estabelecido em lei especial, a flora, a fauna, as belezas naturais, o equilíbrio ecológico e o patrimônio histórico e artístico, bem como evitada a poluição do ar e das águas." Também digno de transcrição o § 2.º: "São defesos os atos que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar outrem."
c) OPERABILIDADE – Diversas soluções normativas foram tomadas no sentido de possibilitar uma compreensão maior e mais simplificada para sua interpretação e aplicação pelo operador do Direito. Exemplo disso foram as distinções mais claras entre prescrição e decadência e os casos em que são aplicadas; estabeleceu-se a diferença objetiva entre associação e sociedade, servindo a primeira para indicar as entidades de fins não econômicos, e a última para designar as de objetivos econômicos.
A Constitucionalização do Direito Civil
Em relação a este item a ser desenvolvido pelo docente, uma sugestão é a de se começar afirmando que o Código Civil sempre representou o centro normativo de direito privado, por se preocupar em regular com inteireza e completude as relações entre particulares. Desta forma, o aluno será instado a perceber que existia uma verdadeira cisão na estrutura jurídica liberal no sentido de que a Constituição apenas deveria se preocupar em regular a dinâmica organizacional dos poderes do Estado, enquanto que ao Código Civil era reservado o regime das relações humanas, o espaço sagrado e inviolável da autonomia privada. 
É exatamente nesta linha que surge a codificação de 1916, sendo fortemente influenciada pelo Código Napoleônico de 1804 e pelo BGB da Alemanha de 1896. Com aspirações de um jusnaturalismo racionalista, o Código Civil de 1916 defende os valores do patrimonialismo e de um excessivo individualismo inerentes às codificações liberais. (aqui vale recordar as noções sobre as diversas correntes jusnaturalistas que o aluno aprendeu em IED, no período anterior)
Desta maneira, conferia-se ao Código o papel de garantia e regulação das relações privadas mediante a efetivação dos valores de um iluminismo liberalista. A codificação civil de 1916, então, surgiu impelida pelas ideias libertárias da burguesia ascendente, que visava à consolidação dos valores de um patrimonialismo e individualismo nas relações privadas. Assim, pelo liberalismo econômico, a Constituição exerceria um papel meramente interpretativo, somente podendo ser aplicada diretamente em casos excepcionais de lacunas dos códigos, a quem realmente caberia a missão de regular e equilibrar as relações inter-pessoais.
Neste sentido, o Código Civil se transforma numa verdadeira constituição do direito privado, buscando proteger o indivíduo contra as ingerências do Estado. 
Importante ressaltar ao aluno, ainda que não seja o objetivo primordial desta aula, que o Código Civil de 1916 surgiu com um século de atraso das codificações individualistas e voluntaristas da Alemanha e da França, onde já se iniciavam as demandas por um maior intervencionismo estatal e pelo controle dos desequilíbrios das relações econômicas. Mas, mesmo assim, o Código de 1916 permaneceu ancorado neste modelo abstrato e totalmente inerte a realidade social e a crescente complexidade das relações humanas. 
Esse excessivo individualismo e a liberdade sem limites ocasionaram grandes desigualdades sociais. Houve a necessidade de o Estado interferir nas relações de direito privado para minimizar essas desigualdades e limitar a liberdade dos indivíduos protegendo as classes menos favorecidas, em busca de uma igualdade substancial. 
Aos poucos o Código Civil vai perdendo o seu papel de “Constituição” do direito privado. A idéia de código concebido como um sistema fechado foi sendo destruída, surgindo diversas leis especiais e, ao poucos, o Direito Civil foi se fragmentando. 
Assim, a Constituição assume um novo papel de regência das relações privadas, conferindo uma nova unidade do sistema jurídico. A posição hierárquica da Constituição e sua ingerência nas relações econômicas e sociais possibilitam a formação de um novo centro unificador do sistema, definindo seus verdadeiros pilares e pressupostos de fundamentação. 
Desta forma, a constitucionalização do Direito privado não importa em apenas conferir à constituição a superioridade hierárquica conformadora do ordenamento jurídico, mas, acima disto, quer proporcionar uma releitura dos velhos institutos e conceitos do âmbito privado, visando à concretização dos valores e preceitos constitucionais. A Constituição passa, assim, a definir os princípios e as regras relacionados a temas antes reservados exclusivamente ao Código Civil e ao império da vontade, como a função social da propriedade, organização da família e outros. Assim, foi se derrubando o paradigma individualista do Estado Liberal e do cidadão dotado de patrimônio, e passou-se a adotar um novo paradigma. As constituições começaram a trazerem seu bojo regras e princípios típicos de direito civil e a valorizar a pessoa colocando-a acima do patrimônio. Passou-se a buscar a justiça social ou distributiva e, aos poucos, a liberdade foi sendo limitada, com a finalidade de se alcançar uma igualdade substancial. É importante distinguir, por fim, a Constitucionalização do Direito Civil da publicização do direito privado. Muitos doutrinadores confundem essas duas situações, mas elas são distintas. A primeira é a analise do direito privado com base nos fundamentos constitucionalmente estabelecidos. É a aplicação dos mandamentos constitucionais no direito privado. Já a segunda é o processo de intervenção estatal no direito privado, principalmente mediante a legislação infraconstitucional. 
Por fim, é importante que o professor destaque para o aluno que a norma constitucional, apesar da resistência de alguns setores da doutrina, passa a ser diretamente aplicável às relações privadas. Note-se que a Constituição, por ser um sistema de normas, é dotada de coercibilidade e imperatividade e, sendo assim, é perfeitamente suscetível de ser aplicada nas relações de direito privado. E aqui é importante exemplificar, utilizando, por exemplo o direito de família:
A Constituição de 1988, refletindo as mudanças nas relações familiares ocorridas ao longo do século XX deu um novo perfil aos institutos do direito de família.
Assim o novo CC teve que adaptar-se aos novos ditames constitucionais aprofundando-os:
União Estável - reconhecida;
Maioridade Civil – aos 18 anos;Regime de bens – pode ser alterado por acordo entre os cônjuges;
Exames de DNA para comprovação de paternidade – a recusa implica em reconhecimento da filiação ;
Filhos nascidos fora do casamento – não há mais distinção entre filhos;
Guarda dos filhos em caso de separação - os filhos podem ficar com o pai ou a mãe;
Testamento – não mais precisa ser feito à mão pelo testador;
Sucessão - o cônjuge passa a ser herdeiro necessário.
Aplicação Prática Teórica
patente, a fim de atender a demanda social pelo remédio. Justificando-se que o valor do medicamento inviabiliza a compra pela maior parte das pessoas que sofrem a doença, de acordo com o princípio da socialidade. 
AULA 2 : A PESSOA NATURAL
pESSOA NATURAL: Iniciaremos demarcando que é o próprio homem, isto é, o ser humano individualmente considerado como sujeito de direitos e obrigações. Vale salientar, que as expressões pessoa física e pessoa natural são sinônimas, apenas com a ressalva que esta (pessoa natural) foi a locução adotada pelo Código Civil brasileiro, enquanto que aquela (pessoa física) foi adotada pelas legislações tributárias. Feita esta ressalva, continuaremos, no sentido de introduzir ao aluno o conceito de que personalidade civil ou Jurídica é a capacidade que as pessoas têm de serem titulares de direitos e obrigações.Personalidade não é um atributo natural, isto é, não está necessariamente vinculado ao ser humano. Se assim fosse, a pessoa jurídica não teria personalidade. Por isso se diz que a personalidade é um atributo jurídico.O início da personalidade civil ocorre a partir do momento em que a pessoa nasce com vida, encerrando-se quando de sua morte. Portanto, enquanto a pessoa viver terá personalidade. É o que o art. 2º do novo Código Civil diz: ?A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro?. Do próprio texto da lei temos então que são dois os requisitos para a caracterização da personalidade da pessoa natural: o nascimento e a vida. Após, abordaremos a questão da natureza jurídica do nascituro e as diversas posições doutrinárias, sobre as quais, seguem algumas sugestões:
O já mencionado art. 2º, em sua parte final, salienta que a lei põe a salvo desde a concepção os direitos do NASCITURO - aquele já concebido, cujo nascimento já se espera como fato futuro.
Não se trata de uma exceção à regra de que a personalidade só começa com o nascimento com vida. O objetivo do Código é, apenas, resguardar preventivamente os eventuais direitos que possam ser adquiridos, caso o nascituro nasça com vida. Entretanto, se não ocorrer o nascimento com vida, torna-se inoperante a ressalva contida no Código Civil. Portanto, o NASCITURO não é pessoa natural, tem apenas uma proteção jurídica.
Há duas teorias que buscam estabelecer qual o momento em que se inicia a personalidade jurídica: a concepcionista e a natalista. Pela primeira, a personalidade jurídica se iniciaria no momento da concepção, ou seja, quando o espermatozóide se funde ao óvulo (há quem defenda que a aquisição da personalidade ocorra algum tempo depois, contudo).
Pela teoria natalista, a personalidade começa com o nascimento com vida. A maior parte dos civilistas entende ser essa a teoria adotada pelo Código Civil, que preconiza no art. 2º, primeira parte: "a personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida". Ou seja, partir deste momento, começa a existência da pessoa natural e esta pode ser titular de direitos e obrigações.
A parte final deste artigo diz que: "mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro". Por essa disposição, alguns autores (como Maria Helena Diniz) diz que o Código Civil adotou a teoria concepcionista. Porém, a doutrina majoritária entende que esta disposição não se refere ao inicío da personalidade jurídica. Esta só ocorre com o nascimento com vida. Neste caso, a Lei busca proteger um ser que pode vir a se tornar pessoa (se nascer com vida). Tem muita importância no campo do direito sucessório, por exemplo, se o pai da criança falecer enquanto sua esposa está grávida. Se a criança nascer com vida, esta terá direito à sucessão. Caso contrário (se não nascer com vida), opera-se a sucessão normalmente.
Uma implicação importante: se o bebê morrer pouco após o nascimento? Neste caso, a criança fará juz a sucessão e, logo em seguida, também será autora de herança. Situação diferente da que ocorreria se a morte fosse intra-uterina. 
Sobre a capacidade jurídica, é uma medida limitadora ou delineadora da possibilidade de adquirir direitos e de contrair obrigações. Capacidade significa a aptidão que a pessoa tem de adquirir e exercer direitos. 
A capacidade é a regra, ou seja, pelo código civil toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil; a incapacidade é a exceção, ou seja, são incapazes aqueles discriminados pela legislação (menores de 16 anos, deficientes mentais, etc).
A capacidade divide-se em dois tipos: a) capacidade de direito: em que a pessoa adquire direitos, podendo ou não exercê-los, e b) capacidade de exercício ou de fato: em que a pessoa exerce seu próprio direito. Com isso, podemos concluir que todas as pessoas possuem capacidade de direito, mas nem todas possuem a capacidade de exercício do direito. 
Depois de fixados os conceitos sobre capacidade absoluta e relativa, vamos apresentar as seguintes distinções:
Obs.: A incapacidade relativa gera a anulabilidade do ato jurídico. 
O falido não é incapaz, apenas lhe são impostas restrições à atividade mercantil. 
A condenação criminal não implica capacidade civil. Como pena acessória, pode sofrer o condenado a perda de função pública ou do direito à investidura em função pública; a perda do pátrio poder, da tutela ou da curatela. 
Assistência: Os assistentes dos incapazes serão:
a) os pais ou tutor ? assistem os maiores de 16 e menores de 18 anos.
b) o curador ? assiste os pródigos e os que possuem o discernimento reduzido, se maiores de 18 anos. 
Incapacidade e Impedimento: A incapacidade não se confunde com o impedimento. Neste ocorre a vedação à realização de certos negócios jurídicos, como por exemplo, fazer contratos, adquirir bens etc. Exemplo: a lei proíbe que o leiloeiro e seus prepostos adquiram, ainda que em hasta pública, os bens de cuja venda estejam encarregados. 
Capacidade negocial e Capacidade especial: Além das capacidades de direito e de fato há ainda as capacidades negocial e especial. 
A capacidade negocial éaquela exigida como plus, além da genérica, para a realização de atos jurídicos específicos. Exemplo: exige-se que o outorgante da procuração particular a advogado seja alfabetizado. 
A capacidade especial é a exigida para a realização de determinados atos, normalmente fora da esfera do Direito Privado. Exemplo: para votar exige-se que a pessoa tenha 16 anos completos. 
Aplicação Prática Teórica
AULA 3: PESSOA NATURAL – O FIM DA PERSONALIDADE CIVIL.
O NOME CIVIL. REGISTRO CIVIL: Para o Direito, existem então as pessoas naturais – seres humanos que, enquanto pessoas, têm reconhecida sua personalidade – e as pessoas jurídicas – entes formados pela associação de indivíduos ou de patrimônio voltada para determinado fim comum a que o Direito ressalva uma personalidade jurídica independente das de seus idealizadores. Neste ponto o professor deve focar na pessoa natural. 
O registro civil do nascimento da pessoa natural dota de formalidade e publicidade aquele fato jurídico que é o nascimento com vida, início da personalidade civil; apresenta o indivíduo à sociedade, dando eficácia à sua personalidade. Neste sentido, sua natureza é declaratória, afinal, “a pessoa humana dele não precisa para receber a sua qualidade de pessoa, [...]. Assim, a personalidade civil começa do nascimento com vida [...]”.
Ao nascer, como ao longo da existência, a pessoa possui determinadas características que a qualificam juridicamente. Ao complexo de atributos, com efeitos jurídicos, que determina a condição da pessoa perante a sociedade, chamamos estado. Diz-se estado civil a posição jurídica que alguém ocupa, em determinado momento, dentro do ordenamento jurídico. Segundo o Prof. Francisco Amaral:
O estado nasce de fatos jurídicos, como o nascimento, a idade, a filiação, a doença; de atos jurídicos, como o casamento, a emancipação; de decisões judiciais, como a separação, o divorcio, a interdição. Tais circunstancias levam a caracterização de três estados: o familiar, o político e o pessoal ou individual.
Para o Direito Civil, importa o estado do indivíduo de filho, de solteiro, casado, viúvo, separado ou divorciado – tudo isso gera efeitos jurídicos no âmbito do direito de família –, como também importa o estado de maior idade, menor idade, emancipação, interdição, ausência, sexo masculino ou feminino – gerando efeitos no âmbito dos direitos da personalidade. O estado político, de brasileiro ou estrangeiro, importa ao direito constitucional. Em relação ao nosso estudo, destaca-se o estado individual, em que se enquadra o sexo (status sexual).
Os estados individuais, em geral, são atributos da personalidade, ou seja, integram-na. E, por isso, são protegidos pelos direitos da personalidade. Além disso, “é também objeto de um direito subjetivo, o direito de estado, que protege o interesse da pessoa no reconhecimento e no gozo desse estado” . Amaral releva, ainda, o fato de constituir um direito absoluto, oponível a toda a sociedade, que, portanto, todos devem respeitar; e público por ser reconhecido e protegido pelo Estado.
O registro gera a presunção relativa do estado da pessoa, vez que é ele que dota de oponibilidade erga omnes as situações jurídicas da pessoa perante a sociedade. Contudo, nem sempre a realidade jurídica retrata a realidade fática e, por isso, existem as ações de estado, afinal, é muitas vezes necessário “defender seu estado contra eventuais atentados aos direitos dele decorrentes” . Elas têm por objetivo criar, modificar ou extinguir um estado – e aí, a sentença será constitutiva –; ou reconhecer um estado pré-existente o guarnecendo de eficácia jurídica – quando a sentença será declaratória. 
A QUESTÃO DO TRANSEXUAL: Ocorre que, o transexual, quando do seu nascimento, no registro civil, foi classificado segundo o seu aspecto sexual anatômico externo como pertencente a um dos sexos, ou feminino ou masculino. Este, assentado em registro público, é o sexo civil. Porém, ressalvamos, neste momento, que a avaliação da fisionomia não é a única para a determinação do sexo de um indivíduo, como explicitado no primeiro capítulo do presente estudo. A averiguação do status sexual requer a conjugação dos aspectos biológico, psíquico e comportamentais. Somente o conjunto desses aspectos será capaz de apontar com maior fidelidade e compromisso a qual dos dois sexos pertence a pessoa. A regra, contudo, é que os três aspectos correspondam revelando uma identidade sexual, mas esta convergência harmônica pode não ocorrer.
No caso do transexual operado, que possuía, em primeiro plano aquela inadequação corporal com a psiquê, o sexo civil, determinando comportamento na vida civil, na esfera jurídica e social em geral, imporá barreira para a realização da identidade sexual da pessoa.
Existe um interesse juridicamente relevante no gozo da identidade sexual. O conteúdo de tal interesse da pessoa é representado, essencialmente, no reconhecimento, sob todos os aspectos da vida social, privada e pública, como sendo a mesma pertencente ao próprio sexo.
Com o transexual isso não acontece. A principal inadequação é a factual com a jurídico-formal. Se o registro tem publicidade, autenticidade, eficácia, não existe reconhecimento social da situação daquele indivíduo, do seu estado. A identidade sexual transcende o aspecto morfológico, encontra-se no campo da identificação psíquica de se pertencer a determinado gênero sexual que se externa com o comportamento. 
A identidade sexual integra a identidade pessoal. O Professor Leoni, sobre o direito à identidade, citando Lorenzetti, sinaliza que o indivíduo possui identidade estática e dinâmica. “A identidade estática ‘compreende o nome, a identificação física, a imagem. Isto está protegido pelas leis referentes ao nome, à capacidade e ao estado civil’”. Essa é, então, a resguardada pelo direito à identidade. O direito à identidade sexual como direito à identidade pessoal, constitui direito da personalidade.( OLIVEIRA, J. M. Leoni Lopes de. Direito Civil: teoria geral do direito civil. 2ª ed. atual. e amp. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2000).
DOMICÍLIO CIVIL: O conceito de Domicílio Civil da pessoa natural é determinado pela combinação dos artigos 70 e 71 do NCC. Apenas encontraremos o domicílio civil se preenchermos os dois requisitos determinados no artigo 70 do NCC que são:
Residência - é o objeto do conceito, sendo este palpável. É o elemento externo e visível. Ex: uma casa, um prédio, um apartamento.
nimo definitivo - este é o elemento interno do domicílio civil. Sendo evidenciado por reflexos do indivíduo que demonstram seu interesse em permanecer em tal domicílio. Ex: receber correspondência, receber as contas.
Alguns autores determinam que o domicílio civil é constituído por um elemento objetivo e outro subjetivo. O elemento Objetivo é o objeto do conceito de residência. O elemento Subjetivo é o elemento interno, o ânimo definitivo. 
No modelo brasileiro, reforçado pelo Código Civil, toda pessoa, natural ou jurídica - de direito público interno ou de direito privado -, tem domicílio, que representa a fixação do lugar em que o sujeito, ativo ou passivo, da relação jurídica será encontrado, o qual expressa o centro nevrálgico de onde se irradiam interesses juridicamente relevantes. 
O domicílio significa uma garantia jurídica, haja vista que funciona como cidadela em que se guarnecem os interesses sócio-jurídicos das pessoas naturais ou das pessoas jurídicas. 
Com o domicílio, desenha-se o perímetro em que se fixa o espaço jurídico dentro do qual se enclausura o titular, projetando feixes que se traduzem em direitos e obrigações. 
Do enraizamento da residência decorre o domicílio, como fenômeno material e psíquico que se projeta no âmbito em que prosperam as relações jurídicas. 
Sem residência, inexiste domicílio ; sem domicílio, fragiliza-se o pleno exercício dos direitos civis, do nascimento à morte. 
De tão importante, o domicílio da pessoa natural, mesmo que não tenha residência habitual, será o lugar onde for encontrada. 
Na configuração traçada pelo CódigoCivil, fala-se em: 
a) domicílio da pessoa natural; 
b) domicílio da pessoa jurídica, de direito público interno ou de direito privado; 
c) domicílio necessário; 
d) domicílio legal; 
e) domicílio eleito. Admite-se a existência de mais de um domicílio tanto para a pessoa natural quanto para a pessoa jurídica de direito privado, razão por que se diz que o legislador perfilhou a escola que cultiva a pluralidade de domicílio.
Domicílio da pessoa natural (física) - Em conformidade com a definição legal, o domicílio da pessoa natural "é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo". 
Dois elementos se exigem para a definição do domicílio da pessoa natural: 
a) a residência; e 
b) o ânimo definitivo. A residência é mais do que um fenômeno material, mediante o qual se distingue da moradia, que se traduz na certeza de que é episódica e transitória, sem o estaqueamento aprofundado, capaz de fixar a disposição perene ou definitiva. 
Ao residir, a pessoa mora com perenidade ou longevidade, fenômenos de cuja realidade se extrai a premissa de que há o ânimo de estabelecer o lugar como seu domicílio. Releva lembrar que, na hipótese em que a pessoa natural, por vontade ou necessidade, tenha mais de uma residência, onde, alternadamente, viva, reputar-se-á domicílio qualquer uma delas. 
Considera-se, ainda, domicílio o local em que a pessoa natural desenvolva a sua profissão. 
Por conseguinte, pluralizam-se os domicílios da pessoa natural, quando exerce atividade profissional, haja vista que passam a ser, pelo menos, dois: 
a) o local em que estabelece a sua residência com ânimo definitivo; e 
b) o local em que pratica a sua atividade profissional. 
Se a profissão for explorada e exercitada em lugares diversos, em que se lhe concentram os interesses, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. 
Cabe advertir que não será qualquer emprego ou relação jurídica, por cuja execução se produza atividade laboral, que se capacitará a desenhar o local do trabalho como se domicílio fosse. 
Domicílio profissional não se confunde com o simples local de trabalho, categorias jurídicas que se diferenciam ideológica, social e juridicamente. 
Na identidade do domicílio profissional, impõe-se a presença de elementos em conformidade com os quais se caracteriza o exercício da profissão, que granjeia a certeza de que se trata de um sinal eloqüente capaz de diferenciá-lo do trabalho ordinário e dependente. 
É preciso que se exerça atividade profissional fim, com domínio sobre o comando técnico, administrativo e econômico, e não atividade profissional meio, para que se possa caracterizar o local, também, como domicílio.
Com efeito, não se estimula a assertiva de que o empregado comum, com vínculo jurídico subordinante e protagonista de uma relação jurídica, cujo desfazimento pode se consumar unilateralmente, pelo simples exercício da vontade de seu empregador, transforme o local em que presta serviço como extensão de seu domicílio, ainda que lá consuma jornada diária. 
Cabe ressaltar que o domicílio profissional não abrange e não argola toda e qualquer relação da pessoa natural, mas somente aquela a que estiver conectado por força de amarras que concernem à profissão. 
A atração do domicílio, no caso, depende da ligação entre o exercício da profissão e o local. Destaque-se que a pessoa natural pode ter: 
a) mais de um domicílio doméstico; 
b) mais de um domicílio profissional; e 
c) domicílio doméstico e domicílio profissional.
FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL
Morte: A existência da pessoa natural termina com a morte, conforme preconiza o artigo 6° do Código Civil:
- art 6º. A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quando aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura da sucessão definitiva.
A morte marca o fim da personalidade física, faz cessar consequentemente a personalidade jurídica, sendo assim o homem compreendido em suas funções desaparece no momento de sua morte. Dessa forma, a morte irá cessar com a personalidade jurídica que o acompanhou durante a vida, enquanto ser autônomo de imputação de normas jurídicas. O de cujus não é susceptível de ser titular de direitos e obrigações. 
Morte presumida: - art. 7º . Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência: I – se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; II – se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até 2 (dois) anos após o término da guerra.
Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do lançamento.
No sistema do Código de 1916, não existia o instituto da morte presumida, a não ser para efeitos patrimoniais, nos casos de sucessão provisória e definitiva. Tal não implica extinção da personalidade. É permitida a abertura da sucessão provisória ou definitiva do desaparecido, para proteção de seu patrimônio. Permite-se, no entanto, a justificação judicial de morte nos termos do artigo 88 da Lei de Registros Públicos. Não se trata de presunção de morte. No entanto, mesmo que acolhida uma justificação nesse sentido, nada impede que a pessoa surja posteriormente sã e salva, o que anula todos os atos praticados com sua morte justificada, protegendo-se os terceiros de boa-fé. 
No entanto, o novo ordenamento foi mais além, autorizando a declaração de morte presumida em outras situações, independentemente da declaração de ausência: "A posição tomada pelo novo Código foi outra: O instituto da ausência é tratado dentro da parte geral do diploma (artigos 22 ss.) e não mais no direito de família.
Essa declaração de ausência tradicionalmente tem por finalidade a proteção do patrimônio do desaparecido levando à sucessão provisória e à sucessão definitiva. Os fins do instituto são exclusivamente patrimoniais. No Código de 2002, expressamente o legislador aponta que sejam consideradas mortes presumidas as situações que autorizam a abertura da sucessão definitiva (artigos 37 ss.). Nesse sentido dispõe o artigo 6º da nova lei civil: "A existência da pessoa natural termina com a morte. Presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva." 
Comoriência: Diz o art. 8º. Se dois (dois) ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. 
Temos aqui preservada a regra da comoriência do Código Civil anterior. Só mudou o nº do art. (antes era art. 11), o texto se repetiu por inteiro. 
A regra da comoriência tem relevância principalmente nas questões do direito de sucessão. Para que seja aplicada é necessário que tenham morrido juntos parentes que sejam sucessores recíprocos, isto é, a morte de um tio e um sobrinho numa explosão de um avião, não requer a aplicação da regra da comoriência se esse tio tiver filhos e o sobrinho não for herdeiro direto do tio. Um caso do uso da regra da comoriência seria o seguinte: “A” é único filho de “B”. "B" é casado com “C”. Pois bem, sabemos que na ordem de vocação hereditária a sucessão legítima defere-se na seguinte ordem: primeiro herdam os descendentes, depois os ascendentes, depois o cônjuge sobrevivente e por último os colaterais (o cônjuge concorre com os descendentes e com os ascendentes). Temos duas possibilidades para explicar essa regrinha:
1º - Se na morte conjunta de “A” e “B” (acidente de carro, por exemplo), for possível determinar que “A” morreu após “B”, haverá a passagem da herança de “B”(pai) para “A”(filho), resultando que “C”(mãe) por ser a única herdeira de “A”(filho) ficará com herança todinha para ela.
2º - Se na morte conjunta de “A” e “B” (explosão de um avião, por exemplo) for impossível a fixação do momento exato da morte de ambos, aplicar-se-á a comoriência, isto é, não haverá transmissão da herança, um não herdará do outro. Conseqüentemente,“A” não herdará do pai “B”. A herança de “B” passará para aos seus pais. Se o cônjuge atender determinadas condições concorrerá na herança com os pais do falecido, isto é, se vivos o pai e a mãe de “B”, à “C”(esposa) restará um terço da herança de “B” (não ficará desamparada, portanto).
Ausência: Pelo novo estatuto legal considera-se ausente pessoa de que deixa o seu domicílio, sem deixar notícias suas e nem representante ou procurador que administre os seus bens. Nestes casos, a requerimento do MP ou de outro interessado, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência e nomeará curador provisório.
Ao se analisar o tempo que perdura a ausência, três momentos distintos podem ser destacados, a saber:
10.4.1 Curadoria dos bens do ausente: quando o desaparecimento é recente e a possibilidade de retorno do ausente é, portanto, bem grande, o legislador tem a preocupação de preservar os bens por ele deixados, evitando a sua deterioração. Nesta fase o juiz declara a ausência da pessoa e nomeia-lhe curador.
Ao nomear o curador o juiz deve fixar os limites de seus deveres e suas obrigações (art. 24). Sua incumbência é zelar pela administração e conservação dos bens do ausente. Esta nomeação deverá respeitar a ordem previamente estabelecida pelo legislador no artigo 25 do novo Código Civil. Neste inciso reside outra inovação trazida pelo novo diploma legal: é a inclusão, no caput do artigo 25, do cônjuge separado de fato há mais de dois anos antes da declaração da ausência entre as exceções àqueles que seriam curadores legítimos. O antigo texto legal impedia apenas o cônjuge separado judicialmente de ser curador. Tal inclusão se explica pela entrada em vigor da Lei 6.515/77 (Lei de Divórcio), que prevê a hipótese de divórcio direto nos casos em que os cônjuges estejam separados de fato pelo referido período. Assim, se há a possibilidade de requerimento de divórcio, seria um contra-senso permitir que uma parte cuidasse dos bens deixados pela outra.
O mesmo dispositivo legal, adequado à nova realidade do mundo contemporâneo, foi modificado para conferir aos pais (e não mais ao pai, e em sua falta à mãe) a curadoria dos bens do ausente. Excluiu-se, outrossim, a preferência anteriormente conferida aos varões em relação às mulheres. Atualmente todos têm igualdade de direitos em relação à curadoria dos bens do ausente.
Sucessão Provisória: ainda nesta etapa o legislador se preocupa com a conservação dos bens do ausente, pois existe ainda a remota possibilidade de que este volte para retomar o que é seu de direito. A preocupação daquele é voltada mais para os herdeiros e credores e menos para o ausente. No que tange à sucessão provisória o novo Código Civil reduziu os prazos para o seu requerimento. Com a sua entrada em vigor basta que decorra um ano da data da arrecadação dos bens do ausente, ou três anos no caso de haver sido deixado mandatário constituído, para que os interessados possam requerer a declaração de ausência e abertura da sucessão provisória do ausente.
A sucessão provisória é requerida como se o ausente estivesse morto, estabelecendo o legislador um rol de pessoas que têm legitimidade para requerer a sua abertura. São legítimos interessados:
I) o cônjuge não separado judicialmente. Tem interesse em requerer a abertura da sucessão para que seu quinhão seja delimitado;
II) os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários. Têm interesse, pois a decisão que declara a ausência confere a eles o domínio dos bens deixados;
Uma vez imitidos na posse dos bens, os seus herdeiros ficarão responsáveis por representar o ausente em juízo, tanto em relação às ações em curso, quanto em relação àquelas que eventualmente vierem a ser propostas contra ele (art. 32).
III) aquele que tenha direito a algum bem do ausente subordinado à sua morte, como no caso do donatário que recebe uma doação subordinada à condição suspensiva da morte do doador. Declarada a ausência do doador o donatário poderá requerer a abertura da sucessão provisória daquele para receber a propriedade do bem doado;
IV) os credores de obrigações vencidas e não pagas. Com a morte do ausente as dívidas passam a ser devidas pelos seus herdeiros na proporção de seus quinhões. Neste caso os credores poderão cobrar os seus créditos dos herdeiros do ausente.
Vale salientar que mesmo com a abertura da sucessão provisória a probabilidade de volta do ausente, ainda que remota, existe. Por isso o legislador cercou-se de diversos cuidados para evitar que os bens por ele deixados desapareçam. Podemos destacar algumas:
a) a decisão que declarar a ausência só produzirá efeitos após 180 dias da sua publicação. Trata-se de um prazo suplementar conferido ao ausente, para que volte e reivindique os seus bens. Entretanto, tão logo transite em julgado a sentença declaratória de ausência proceder-se-á a abertura de testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se morto fosse o ausente;
b) a partilha dos bens deixados será feita, mas para que os herdeiros entrem na posse dos bens recebidos deverão prestar garantias, através de penhor (bens móveis) ou hipoteca (bens imóveis), correspondentes ao valor dos quinhões que estejam recebendo (art. 30). Entretanto, o art. 30, § 2º atenua esta exigência permitindo que os ascendentes, descentes e o cônjuge entrem na posse dos referidos bens, desde que comprovem a qualidade de herdeiros. O caput deste artigo, por exemplo, em relação aos herdeiros colaterais, ao Estado, ao Município etc.
Se o herdeiro não tiver condições de prestar a garantia não poderá entrar na posse dos bens correspondentes ao seu quinhão e estes ficarão sob a responsabilidade do curador ou de outro herdeiro designado pelo juiz, que preste a garantia (art. 30, § 1º). Poderá, entretanto, justificando a falta de condições de prestar a garantia, requerer seja-lhe entregue metade dos frutos e rendimentos do quinhão que caberia a ele (art. 34).
c) os bens imóveis do ausente não poderão ser vendidos, salvo em caso de desapropriação pelo poder público ou para evitar que se deteriorem, e também não poderão ser hipotecados, salvo por determinação judicial (art. 31). Neste aspecto merece destaque a modificação trazida pelo novo Código Civil. O seu artigo 31 suprimiu a possibilidade de alienação dos bens do ausente para convertê-los em títulos da dívida pública. Com a entrada em vigor do novo diploma somente é permitida a alienação dos bens do ausente em caso de desapropriação e para evitar a sua ruína. Inovação é a possibilidade de gravar-lhes com a hipoteca, hipótese que não era prevista anteriormente.
d) a renda produzida pelos bens cabentes aos descendentes, ascendentes e ao cônjuge, pertencerá a estes. Os demais herdeiros deverão capitalizar metade destes frutos e rendimentos de acordo com o artigo 29, e prestar contas ao juízo anualmente (art. 33).
Durante o período da sucessão provisória ainda é possível que o ausente retorne, quando em vigência a posse provisória dos herdeirosMesmo procurando preservar ao máximo o patrimônio do ausente enquanto houver uma possibilidade, ainda que remota, de retorno, estabeleceu-se no Novo Código Civil uma espécie de punição para o caso deste retornar e provar-se que a ausência foi voluntária e injustificada. Dispõe parágrafo único do artigo 33 que neste caso o ausente perderá o direito ao recebimento de sua parte nos frutos e rendimentos produzidos pelos bens por ele deixados e arrecadados por seus herdeiros. A preocupação do legislador é clara: evitar que a pessoa desapareça sem motivo justo e retorne quando quiser, aproveitando-se da boa-fé dos herdeiros que zelaram pela conservação de seus bens.
Cumpre salientar, ainda, que durante o período da sucessão provisória ainda é possível que o ausente retorne, quando em vigência a posse provisória dos herdeiros. Poderá ser provado, outrossim, que o ausente se encontra vivo. Nestes casos, todas as vantagens que os herdeiros estiverem auferindo em relação aos bens do ausente cessam, e este tem o direitode recobrar a posse dos bens. Ocorre que, até a efetiva entrega destes bens ao ausente, será de responsabilidade dos herdeiros a sua guarda e manutenção (art. 36).
Sucessão Definitiva: seguindo a mesma linha do artigo 26, o legislador diminui, no artigo 37, o prazo para o requerimento da sucessão definitiva. Com a entrada em vigor do novo Código Civil, decorridos dez anos do trânsito em julgado da sentença concessiva da abertura da sucessão provisória, é permitido que os interessados requeiram a abertura da sucessão definitiva do ausente, bem como o levantamento das cauções anteriormente prestadas. Tal faculdade será ainda conferida a eles no caso de se provar que o ausente conta com oitenta anos e há mais de cinco anos são suas últimas notícias. Nestes casos, o legislador, supondo certa a sua morte, seja pelo tempo decorrido, seja pela sua idade avançada, passa a se preocupar somente com o direito dos seus herdeiros e permite que estes requeiram a conversão da sucessão provisória em definitiva, e o levantamento das cauções prestadas (art. 38). As demais restrições impostas em relação aos bens deixados pelo ausente também desaparecem.
Trata-se em verdade de uma sucessão quase definitiva, pois, mesmo que a volta do ausente seja remotíssima face à enorme probabilidade de morte, ainda existe uma pequena possibilidade de retorno.
Frente a esta possibilidade o legislador estabeleceu que, caso o ausente ou algum de seus ascendentes ou descendentes volte nos dez anos subseqüentes ao trânsito em julgado da sentença que determinou a abertura da sucessão definitiva terão eles o direito de receber os seus bens no estado em que se encontrarem, os sub-rogados em seu lugar ou o preço recebido pelos referidos bens alienados depois daquele tempo (abertura da sucessão definitiva) (art. 39).
Voltando após dez anos da abertura da sucessão definitiva perde o ausente o direito aos bens, pois a partilha torna-se irrevogável. Não havendo interessados em requerer a abertura da sucessão definitiva, a teor do artigo 39, § único, os bens arrecadados passarão para o domínio do Município ou do Distrito Federal, quando localizados nestas circunscrições, ou para o domínio da União.
AULA 4: DIREITOS DA PERSONALIDADE:
OS DIREITOS DE PERSONALIDADE NO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO
O Código Civil e a pessoa: Reunimo-nos aqui para homenagear este monumento que é o C.C. brasileiro. 
Marcou profundamente este século. Marcou-o mesmo totalmente, desde a sua preparação até à provável vigência no de albar de 2000.É um monumento na sua estruturação científica, só possível pelo alto nível que a doutrina civilística brasileira atingiu no século passado; só isso permitiu um diploma desta envergadura. Porque um Código Civil representa sempre um espelho muito fiel da ciência jurídica dum povo.
O Código estrutura-se em grandes categorias científicas, logo visíveis no art. 1.º – quando refere as pessoas, os bens e as situações jurídicas.Não é difícil encontrar aqui manifestação da tripartição de Gaio, nas suas Institutiones, em pessoas, coisas e acções.Começa pelas pessoas (arts. 2 e seguintes). O que não pode deixar de ser sublinhado, porque a pessoa é simultaneamente:– o fim do direito– o fundamento da personalidade jurídica– o sujeito das situações jurídicas.O Código Civil preocupa-se particularmente com o terceiro aspecto: a pessoa que funciona como sujeito das situações jurídicas.Mas isto não significa que o Código Civil não manifeste sensibilidade à pessoa ontológica.Isso revela-se nomeadamente no art. 4, no que respeita ao nascituro.Nesta matéria, como em várias outras, o Código Civil brasileiro poderia encontrar modelos no Código Civil alemão de 1900 e no Código Civil português de 1867.O BGB proclama secamente, no seu § 1º: “A capacidade jurídica do homem começa com o nascimento completo”.O art. 6 do Código Civil português de 1867 era do seguinte teor:“A capacidade jurídica adquire-se pelo nascimento; mas o indivíduo , logo queé procriado, fica debaixo da protecção da lei; e tem-se por nascido para os efeitos declarados no presente Código”.
O Código Civil brasileiro vai além, mesmo do Código Civil português: declara que “a lei põe a salvo desde a concepção os direitos do nascituro”. Afirmando direitos, afirma a personalidade ontológica do embrião,pois só desta maneira lhe poderá reconhecer direitos.Seguindo por esta via, e tendo presente a noção ontológica de pessoa que não pode deixar de subjazer à lei, procuremos então determinar os direitos que o Código Civil reconhece à pessoa, fundado justamente na sua dignidade de pessoa. Porque o art. 1.º se propõe regular os direitos e obrigações de ordem privada relativos às pessoas.
2. A ausência de previsão dos direitos de personalidade: Estariam em causa, antes de mais, os direitos de personalidade. Mas, se os procurarmos, a nossa busca será vã.Nem nos arts. 2 a 12, relativos às pessoas naturais, nem em qualquer outro lugar encontramos previstos os direitos de personalidade.A nossa surpresa ainda aumenta se consultarmos as obras civilísticas brasileiras de carácter geral. Os direitos de personalidade não vêm sequer referidos, normalmente.Significará isto que a categoria dos direitos de personalidade era desconhecida, no início do século?Sabemos que não. A elaboração dos direitos naturais fora levada a fundo pelo jusracionalismo, particularmente no séc. XVIII, e tivera o seu triunfo histórico no séc. XIX. No meio de muitas variantes possíveis, a figurados “direitos do homem” era bem conhecida.Esta manifestara-se historicamente antes de mais nas grandes Declarações de Direitos, que tanto haviam influenciado a história jurídica do séc. XIX.Seria então a categoria desconhecida das codificações civis?De novo, vamos tomar como termos de comparação o BGB e o Código Civil português de 1867.O BGB desconhece a figura dos direitos de personalidade: não os regula.Não surpreende que assim aconteça. A situação imperial germânica não era favorável à germinação desta figura. Por isso o BGB é um instrumento técnico de altíssimo nível mas que evita afrontar essa problemática. Em consequência, o Projecto brasileiro, que tanto se inspirou no Código alemão, não encontrou aí um precedente favorável a uma disciplina global da situação da pessoa humana.Todavia, há no BGB um elemento de particular importância: o§ 823 I, relativo à responsabilidade civil. Aí se indicam os quatro bens pessoais cuja lesão implica o ressarcimento dos danos causados:– a vida– o corpo– a saúde– a liberdade.Esta previsão foi fundamental para o desenvolvimento posterior dos direitos de personalidade nesse país, como veremos.
Outra é a posição do Código Civil português de 1867. Contrapõe os direitos originários aos direitos adquiridos e abre um capítulo para a previsão da categoria dos direitos originários.O Código Civil brasileiro não seguiu nenhuma destas posições.Não seguiu a do Código português, e por isso nunca abre espaço para esta categoria de direitos.Mas não seguiu também a do Código alemão, pelo que não realiza sequer uma enumeração dos “bens da vida” cuja lesão origina responsabilidade civil.Neste domínio específico, tinha razões para o não fazer. O BGB baseia-se na tipicidade dos bens da vida cuja lesão pode originar responsabilidade. O Código Civil brasileiro, pelo contrário, preferiu a fórmula ampla do art. 159: basta “violar direito, ou causar prejuízo a outrem”.Qualquer enumeração seria assim deslocada1.Mas, de uma maneira ou de outra, o resultado é que a matéria dos direitos de personalidade está de todo ausente do Código Civil.
A explicação pelos antecedentes: Haverá antecedentes internos que expliquem esta situação?1Clóvis Beviláqua, Direito das Obrigações, Rio, 1977, no Índice, com referência ao § 79, manifesta consciência desta problemática ao referir o “princípio geral do projecto de Código Civil alemão”.Curiosamente, o Índice não tem nenhuma correspondência no texto. Neste, nenhum princípio geral é referido.
Os direitos de personalidade, tanto quanto nos podemos aperceber, não apareceram autonomizados na obrade Teixeira de Freitas.Talvez viessem a encontrar lugar no seu projecto tardio de um “Código Geral”,que assentaria na distinção dos direitos em pessoais e reais; mas esse projecto malogrou-se2.É curiosa a posição de Clóvis Beviláqua. É evidente que e lê conhecia a categoria. Na sua Teoria Geral faz mesmo uma classificação dos direitos em que surge, como um dos termos, o dos direitos que recaem sobre modos de ser das pessoas3. Entre estes, encontrar-se-iam, na ordem civil, os direitos das pessoas (jura personarum). Seriam:– direito à vida– direito de liberdade– direito de ser respeitado na sua honra– direito autoral (feição pessoal).A verdade porém é que, apesar de os referir à ordem civil, não os estuda em nenhum lugar da sua obra.Só encontramos uma justificação para a omissão desta matéria no Código Civil. Razões pragmáticas, que tanto pesaram na sua elaboração, terão feito pesar que a matéria estava já regulada na Constituição. Quis-se assim evitar a duplicação que consistiria em retomá-la no Código Civil. Além disso, ter-se-á considerado a tutela penal de alguns dos mais importantes direitos da personalidade, como os direitos à vida, à integridade física, à honra e à liberdade de locomoção.
A Constituição Federal brasileira de 1891 continha uma secção epigrafada Declaração de direitos: logo se manifestava a sua inspiração nas históricas declarações dos direitos do homem e do cidadão. Se bem que integrada no título “Dos cidadãos brasileiros”, os direitos eram assegurados “a brasileiros e estrangeiros residentes no país” (art. 72).A preocupação desta declaração de direitos é claramente a da limitação dos poderes do Estado em relação aos cidadãos; não é de modo algum a de compendiar as exigências da personalidade humana. É assim elucidativo que se declare abolida a pena de morte (§ 21), mas se não consagre o direito à vida. E prolongava-se por matérias que nada tinham já que ver com a personalidade humana, de que era exemplar o § 27: “A lei assegurará também a propriedade das marcas de fábrica”.Na realidade, é bem possível que esta Constituição, traduzindo mais as posições de alguns extractos sociais que uma verdadeira preocupação personalística, tenha procurado garantir posições adquiridas perante o poder emergente. Não era de supor que ultrapassasse o sentido das primitivas declarações dos direitos dos cidadãos, não obstante a sua extensão aos estrangeiros domiciliados. Em qualquer caso, era o poder político quem se pretendia vincular.Quer dizer: os direitos assegurados eram políticos. Satisfaziam-se com a democracia formal. Não havia, a nível suficiente, a sensibilidade para a pessoa em si..
Mas isto gerou uma situação algo anómala. O Código Civil não regulou os direitos da personalidade porque não quis duplicar a Constituição;esta não regula os direitos civis, porque o que a preocupa são as vinculações do Estado perante os cidadãos.
4. A evolução posterior : Essa situação manteve-se fundamentalmente até hoje, perante as várias constituições, não obstante o empolamento dado ao elenco dos direitos,liberdades e garantias individuais.Vamos porém procurar traços que melhor expliquem como se apresenta a situação perante a evolução posterior.Não relatamos as posições tomadas pelos Códigos Civis posteriores doutros países. Não pela magnitude da tarefa: espantosamente, a produção de Códigos Civis no séc. XX foi exígua. Não teríamos que considerar mais que uma dúzia de códigos. Mas o nosso trabalho não é de Direito Comparado.Limitamo-nos a apontar algumas realizações legislativas que sejam para nós particularmente significativas.O Código Civil italiano, que representa um momento notável e influenciou toda a evolução posterior, contempla já alguns direitos de personalidade.O mesmo caminho é prosseguido pelo Código Civil português de1966, nos arts. 70 e seguintes. Intervém em dois domínios:
1) No estabelecimento de um regime comum aplicável aosdireitos de personalidade, o que representa um considerável avanço2) Na previsão de alguns direitos de personalidade.Porém, verificamos com surpresa que os direitos previstos são afinal direitos de certo modo marginais:– direito ao nome– cartas-missivas– direito à imagem– direito à reserva sobre a intimidade da vida privada.Não estão compreendidas as figuras mais significativas, como os direitos à vida, à honra ou à liberdade.Porque se passa assim? Para além de o ambiente não ser muito favorável a um aprofundamento da matéria, fecha-se o pacto com a disciplina constitucional. Os direitos que estavam disciplinados na Constituição não são retomados. Disciplinam-se pelo contrário figuras que naquela estavam omissas porque menos relevantes perante uma carta política, como o direito ao nome eo direito à imagem.Ainda no plano internacional, há um factor de evolução a anotar,embora não inteiramente de nível constitucional.A Constituição Federal alemã abre com a frase lapidar: “Die Würde des Menschens ist unantastbar”.Este primado da pessoa humana deveria consequentemente repercutir-se sobre todo o sistema. Mas defrontava-se o obstáculo de o § 823do BGB limitar os “bens da vida”, susceptíveis de gerar responsabilidade civil, aos quatro que enunciava: o que parecia deixar sem protecção outros bens da personalidade.O BGH, supremo tribunal federal alemão, que traduziu depois da guerra uma muito acentuada preocupação ética, considerou isso incompatível com a Constituição; e elaborou a figura do “direito geral de personalidade”,que permitia reagir a todas as ofensas. Porque o primado da personalidade impunha que todos os aspectos da personalidade encontrassem defesa.Não nos interessa a análise desta figura técnica, que se baseia em necessidades particulares da legislação alemã e que aliás não aceitamos6.Interessa, sim, o reconhecimento de que a personalidade se deve impor por si,não podendo ficar na dependência de qualquer previsão da lei positiva.E é com esta base que chegamos ao Projecto de novo Código Civil brasileiro.Este contém, nos arts. 11 a 20, um capítulo intitulado “Dos direitos da personalidade”.O esquema vem fundamentalmente na linha do Código Civil italiano e do Código Civil português. Regulam-se aspectos especiais, como os actos de disposição sobre o próprio corpo, o direito ao nome ou o direito à imagem.Teríamos assim que se manteria a Constituição como a sede principal dos direitos de personalidade. O Código Civil limitar-se-ia a aspectos que se considerariam não suficientemente versados nesta, ainda que com(Sobre todas estas matérias remetemos para o nosso Direito Civil – Teoria Geral, I, Coimbra Editora,1997.)carácter marginal. Para além disso, estabeleceria um regime geral, aplicável a todos os direitos de personalidade
.5. A distinção entre direitos fundamentais e direitos de personalidade: Haverá porém que nos interrogarmos sobre a suficiência do equilíbrio que assim se pretende alcançar.Perguntemos antes de mais: tem justificação que se deixe para a Constituição a matéria dos direitos de personalidade?É função da Constituição estabelecer as bases fundamentais da ordem jurídica. Pareceria assim que deveria ser esta uma matéria que primordialmente lhe caberia, dada a posição nuclear da pessoa humana.Mas uma coisa é reconhecer o primado da pessoa humana, outra estabelecer o elenco dos direitos de personalidade. Este é o objecto de um ramo do direito especial, o Direito da Personalidade, que só pode estar incluído no Direito Civil.Contra, pode observar-se que as Constituições chamaram a si a função de traçar esse elenco; e que o têm ampliado sucessivamente. Chega-se ao ponto extremo de o art. 5 da actual Constituição brasileira conter 77 incisos,que especificam os “direitos e deveres individuais e colectivos”; estes por sua vez são modalidade dos “direitos e garantias fundamentais”.Perante este longo elenco, que viria trazer ainda de útil o Código Civil?A realidade é porém diversa da aparência. Antes de mais, porque direitos fundamentais e direitos de personalidade não são termos equivalentes.Os direitos da personalidade são aqueles direitos que exigemem absoluto reconhecimento, porque exprimem aspectos que não podem ser desconhecidos sem afectar a própria personalidade humana.O acento dos direitos fundamentais é diferente. Não só não respeitam exclusivamente às pessoas físicas como a sua preocupação básica é a da estruturação constitucional. Demarcam muito em particular a situação dos cidadãos perante o Estado. É assim a categoria cidadão (ou se quisermos a do súbdito, para falar com maior amplitude) que está primacialmente em causa.Sendo esta preocupação assim diversa, resulta que há muitos direitos fundamentais que não são direitos da personalidade. É óbvio. Não são direitos fundamentais a garantia do júri, a definição como crime inafiançável e imprescritível a acção de grupos armados, a gratuitidade da certidão de óbito...A preocupação que traduzem é muito diferente. Inversamente, também haverá muitos direitos de personalidade que não são direitos fundamentais. São as manifestações da personalidade que aliás, ainda quando a mesma figura é prevista como direito fundamental e como direito da personalidade, isso não significa que o conteúdo relevante seja o mesmo nos dois sectores, e portanto que o regime se identifique afinal. estão fora do núcleo que levou a Constituição a delimitar os direitos fundamentais.
6. A ambiguidade da multiplicação dos direitos fundamentais: Para além disso, o empolamento constante dos direitos de personalidade esconde uma ambiguidade que deve ser denunciada.Aparentemente, esse crescimento representaria o vitorioso reconhecimento da categoria dos direitos da personalidade, na sua realização histórica.Se confrontarmos porém as previsões normativas com a realidade circunstante, ficamos colocados perante a evidência de que a vastidão das proclamações constitucionais coexiste com a violação continuada dessas previsões. A realidade não acompanha o empolamento da lei.E não pode deixar de nos invadir a dúvida sobre o verdadeiro significado de semelhante empolamento. Pois pode significar manifestação de demagogia. É sempre airoso fazer grandes declarações, sem se tomar nenhum compromisso quanto à transformação social efectiva que deveriam acarretar. É pecha velha das sociedades democráticas escusar-se através do legislativo das culpas de uma situação que só a transformação histórica de uma realidade social poderia apagar.Mas há ainda muito mais do que isto.A multiplicação do número de direitos fundamentais corresponde rigorosamente à sua banalização e enfraquecimento.
Observou-se que “a proclamação generalizada dos direitos do homem coincidiu no tempo com o processo do esvaziamento do seuconteúdo9.E, escorando-nos em certeira afirmação de Cavaleiro deFerreira10, verificamos que o empolamento dos direitos fundamentais implica que os afastemos cada vez mais da base que os deveria sustentar, que seria a imposição da personalidade humana. Por outro lado, os direitos entram em conflito entre si, limitando-se reciprocamente, de maneira que novos direitos,de justificação duvidosa, acabam por limitar antigos direitos, verdadeiramente fundamentais, preexistentes.
7. Direitos da personalidade e direitos pessoais: Aqui devemos ter consciência duma evolução que se processa em nossos dias, e que levou a confundir direitos da personalidade e direitos pessoais.O empolamento dos termos levou a integrar nos direitos da personalidade todos os direitos pessoais; e estes seriam definidos pela negativa, como direitos não patrimoniais.Assim o âmbito da categoria fica distorcido. Já Clóvis Beviláqua contrapunha, aos direitos pessoais na ordem civil, os direitos pessoais na ordem internacional, na ordem política (direito de eleger e ser eleito) e na ordem político-civil (direito de ser nomeado para funções públicas). Serão todos estes direitos de personalidade?Mas mesmo na ordem civil temos os direitos familiares, que são direitos pessoais em geral, mas não são direitos de personalidade. Os termos não se confundem.E pode haver outros direitos pessoais civis, mesmo não pertencentes a ramos institucionalizados do direito, que não são direitos de personalidade. O direito a lugar sentado em transportes públicos, por exemplo,atribuído a grávidas, deficientes físicos ou pessoas idosas, é um direito pessoal, mas nada tem que ver com direitos de personalidade.Porém, esta confusão instalou-se no plano civil, desnaturando o significado da categoria.E fenómeno paralelo se verificou no domínio dos direitos fundamentais. A evolução levou a encontrar na categoria albergue para puros interesses económicos. O longo elenco dos direitos fundamentais deu guarida para uma posição avantajada constitucionalmente em relação aos demais direitos.Assim, o art. XXVIII a da Constituição assegura “a protecção às participações individuais em obras colectivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas actividades desportivas”.Será isto um direito fundamental? Não se vê com que critério será assim considerado. Na realidade, há um lobby que se impôs e que conseguiu que, logo a nível constitucional, os seus interesses fossem salvaguardados. Mas substancialmente isto nada tem que ver com os direitos fundamentais: poderia constar da lei ordinária apenas. A consagração constitucional tem apenas o significado de garantir a este interesse a resistência à mudança que resulta da inclusão naquele diploma. Mas com isto, no ponto de vista dos direitos humanos, a categoria constitucional é descaracterizada, porque abandona o fundamento na personalidade que historicamente a justificou.Descaracterizada assim a categoria constitucional, como base da protecção dos direitos da personalidade, cabe à lei civil retomá-la no seu autêntico sentido.Só pode ser considerado direito da personalidade aquele direito que encontrar fundamento ético na personalidade humana.Consequentemente, só o que tiver esse fundamento merece um regime especial, que o distinga e privilegie em relação a todos os restantes direitos.Estes aspectos merecerão por isso atenção particular.8. O regime dos direitos de personalidade O regime dos direitos de personalidade não se confunde com o dos direitos fundamentais.É certo que os direitos de personalidade cujo conteúdo for correspondente a um direito fundamental beneficiam do regime específico destes. E a regra tem grande extensão, porque o elenco dos direitos fundamentais é aberto, admitindo-se outros resultantes do regime e dos princípios constitucionais (art. 5 § 2º C.B.).Pertence assim ao regime desses direitos:1) a aplicação imediata (art. 5 § 1º C.B.)2) as restrições admitidas na ocorrência de estado de defesa e de estado de sítio (arts. 136 e 139 C.B.)3) o limite à revisão constitucional previsto no art. 60 § 4º IVC.B.)4) a defesa penal contra qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais (art. 5 XLI C.B.).Mas isso não significa, como sabemos já, que se confundam direitos de personalidade e direitos fundamentais. Basta pensar que há direitos de personalidade que não são direitos fundamentais. Assim, fala-se recentemente num direito ao livre desenvolvimento da personalidade. Na medida em que possa ser considerado um direito de personalidade autônomo ,não se integra por isso nos direitos fundamentais, pois não parece possível forçar nesse sentido as previsões constitucionais, que o não referem nunca.O que nos interessa não é porém o regime dos direitos fundamentais: é o regime dos direitos de personalidade. Este deverá ser obrada lei civil, fundada na natureza destes.Quais são os aspectos em que os direitos de personalidade reclamam esse regime civilístico especial?Vamos enumerar os que se nos afiguram os principais:I – Numerus apertus
Os direitos de personalidade são direitos absolutos. Em princípio os direitos de personalidade deveriam pois ser típicos, para defesa de terceiros,porque os direitos absolutos são típicos: os terceiros não podem ser surpreendidos pela oposição de direitos absolutos com que não contavam.Mas em matéria de direitos da personalidade não pode ser assim,porque a defesa da personalidade não pode estar dependentede previsão legal.O que for verdadeiramente emanação da personalidade humana tem de ser reconhecido por todos, porque a personalidade é a própria base comum do diálogo social. Pode por isso ser actuado um direito não tipificado por lei, masque se reconheça ser imposto pelo respeito à personalidade humana.A possibilidade de reconhecimento de concretos direitos de personalidade, em regime de numerus apertus, apresenta a nosso ver grandes vantagens em relação à concepção germânica do direito geral . Os direitos de personalidade devem se incondicionalmente protegidos, independentemente da correspondência a formas prestabelecidas de tutela. E isso implica duas manifestações: 
1) Possibilidade de serem judicialmente decretadas providências atípicas de qualquer espécie, mesmo que em geral não admissíveis.
2) Possibilidade de serem intentados procedimentos e decretadas providências que vão além das providências cautelares, nomeadamente por não serem dependência de processo definitivo a instaurar posteriormente.III – Ofensas a pessoas já falecidas Impõe-se um regime especial, em que se tenha presente que éainda a personalidade do falecido que está em causa, embora obviamente os direitos deste tenham cessado; mas em que se conceda legitimidade a pessoa spróximas para actuarem funcionalmente, defendendo a memória daquele.IV – Irrenunciabilidade, intransmissibilidade e imprescritibilidade Deve estabelecer-se a caracterização fundamental destes direitos,resultante da sua indefectível ligação à personalidade humana.V – Restrições negociaisOs direitos de personalidade estão sujeitos a limites. Esses limites podem ser também negociais. O art. 11 do Projecto de Código Civil brasileiro exagera, ao dispor que o exercício dos direitos de personalidade não pode sofrer limitação voluntária. Assim, é lícito que alguém consinta em submeter-se a uma experiência científica de encarceramento, muito embora isso atinja a sua liberdade de locação.Mas o regime destas restrições tem de estar precisamente demarcado, especialmente no que respeita:1) Ao âmbito em que são admissíveis 2) À legitimação para a autorização quando a pessoa for jáfalecida3) À revogabilidade unilateral4) Ao dever de indemnizar os prejuízos causados pela revogação.VI – Prevalência sobre outras categorias de direitos Em caso de conflito com outros direitos, o direito de personalidade prevalece, dada a sua superioridade intrínseca.Este é porém um princípio muito geral. Só em concreto, perante as situações individuais de conflito, se poderá determinar como o conflito se compõe. Não pretendemos com isto expor um regime positivo, já actualmente vigente na ordem jurídica brasileira. Não deixamos porém denotar que, mesmo na ausência de previsão legal, à generalidade destas regras haverá já hoje que chegar, por força do carácter fundante da ordem jurídica da pessoa humana.
9. O fundamento ético indeclinável: Do que se disse resulta que os direitos de personalidade exigem um regime verdadeiramente excepcional. Mas esse regime só tem razão de ser quando estiver em causa verdadeiramente a personalidade humana. Usá-lo para outros fins criaria uma desproporção incompreensível. Como se justifica, por exemplo, que uma restrição de um direito que se não alicerce na personalidade seja objecto de revogação unilateral? O grande problema revela-se assim como sendo o de determinar os limites em que há exigência da personalidade humana, e aqueles em que não há.Isso obriga-nos a rejeitar decididamente a exclusão actual do âmbito destes direitos, que equivale à dissolução do seu núcleo substancial.Assim, em obra recente dedicada ao tema, são dados como exemplos de direitos de personalidade:– o direito ao lugar sentado em ónibus, quando outro nos passa à frente– a violação constante em espiar dois namorados em banco de jardim.Não pode ser. A confusão com a categoria dos direitos pessoais é inadmissível. Para demarcar o que representa direito de personalidade,podemos distinguir nestes três núcleos:1) os direitos de personalidade em sentido estrito ou direitos à personalidade Asseguram a base da personalidade, como os direitos è existência e à integridade física. São direitos pelos quais o homem se demarca socialmente. Mas compreende-se também a esfera tão importante da privacidade, dando ao homem as condições para realização do seu projecto pessoal.3) os direitos ao desenvolvimento da personalidade Compreendem-se aqui genericamente as liberdades. O acento é agora dinâmico: a personalidade é também um projecto, que o homem de verealizar em comunhão mas também em autonomia.Daqui resulta que só o que estiver eticamente fundado na pessoa cabe no Direito da Personalidade. O que não atingir esta essência não passa os umbrais deste ramo do Direito. Porque só a densidade ontológica da pessoa humana justifica a autonomização desta categoria e o regime a que fica submetida.Todo o direito da personalidade desemboca assim na garantia do desenvolvimento da personalidade de cada um. Desenvolvimento que supõe o silêncio, mas supõe também o outro. Propicia a aventura pessoal de cada, mas num fundo que não pode deixar de ser o da comunhão e da solidariedade.
10. Direito da personalidade e direito dos egoísmos individuais: Tudo isto que acabamos de dizer pode parecer evidente. Mas não é.A sociedade em que vivemos só festeja tão gostosamente os direitos da personalidade porque os deturpa. Na sua densidade ética, a categoria é-lhe incompreensível.A crise do Direito da Personalidade é na realidade tão grande que leva a fazer inverter o sinal a este ramo do direito.O que deveria ser o direito da pessoa ontológica transformou-seno puro direito dos egoísmos individuais. Os direitos da personalidade ganham cariz anti-social, perdendo o sentido de comunhão e solidariedade que lhes é constitutivo.Nada é tão elucidativo como o que se passa com o direito de privacidade, ou de reserva da intimidade da vida privada.O seu empolamento tem sido tal, particularmente na vertenteanglo-americana da privacy, que acaba por se transformar quase no direito de personalidade – o super-direito que englobaria em si todos os outros.Mas acaba por se dar de privacy uma noção individualística ouanti-social, que fez alguns traduzirem-na como o right to be alone. A privacy acaba assim por se tornar mera capa dos egoísmo sindividuais. Passaria à frente de qualquer noção de solidariedade, justificando toda a recusa egoísta de participar no diálogo social ou de atender ao outro.
A transformação do direito de personalidade numa grandeza meramente negativa descaracteriza-o. O elemento personalístico perdeu-se.Espelha a sociedade desumanizada que se generaliza e a definição do outro como o inimigo; mas está nos antípodas do sentido ético do Direito da Personalidade.Contra esta adulteração, é tarefa indispensável trabalhar o núcleo fundamental do Direito de Personalidade, e de pessoa humana que está na sua base. Todos aceitam o fundamento da sociedade na “dignidade de pesso ahumana (art. 1 III da Constituição). Mas é necessário tirar consequências dessa afirmação.Só o Direito Civil está em condições de consagrar e desenvolver este núcleo fundamental de todo o Direito. O Código Civil é o lugar ideal para o fazer.O actual Código Civil correspondeu à sua época. Mas um novo Código terá de ir além. Terá de receber a sua lição e projectá-la para futuro.A deturpação dos direitos da personalidade toma muitas formas.Antes, era uma atitude condenável a ingerência nos assuntos internos doutro país. Hoje, atingem-se exactamente os mesmos objectivos coma capa de defesa dos direitos humanos. Os direitos humanos transformam-se assim numa espécie de arma de arremesso. Mas a preocupação que exprimem nada tem que ver na realidade com a defesa da personalidade.Também, por invocação dos direitos da personalidade,proíbem-se referências laudatórias do nome ou da imagem alheias com finalidades publicitárias. Mas uma referência laudatória em nada atinge a personalidade. Os direitos humanos são aqui invocados como maneira de fazer dinheiro. Pode a regra queo estabeleça ser justificada: não é isso que está em causa. Não tem é nada que ver com os direitos humanos.Perante tudo isto, há que voltar ao essencial. A grande descoberta exprime-se facilmente: os direitos da personalidade são, simplesmente, os direitos da Pessoa.
AULA 5: A PESSOA JURÍDICA
Objetivos
PESSOA JURÍDICA: Existe muita discussão têm ocorrido sobre o verdadeiro conceito de pessoa jurídica. Para alguns, as pessoas jurídicas são seres de existência anterior e independente da ordem jurídica, se apresentando ao direito como realidades incontestáveis (teoria orgânica da pessoa jurídica). Para outros, as pessoas jurídicas são criações do direito e, assim, fora da previsão legal correspondente, não se as encontram em lugar algum (teoria da ficção da pessoa jurídica). Hoje, para a maioria dos teóricos, a natureza das pessoas jurídicas é a de uma idéia, cujo sentido é partilhado pelos membros de uma comunidade jurídica, que a utilizam na composição de seus interesses. Sendo assim, ela não preexiste ao direito.
A pessoa jurídica é um sujeito de direito personalizado, assim como as pessoas físicas, em contraposição aos sujeitos de direito despersonalizados, como o nascituro, a massa falida, o condomínio horizontal, etc. Desse modo, a pessoa jurídica tem a autorização genérica para a prática de atos jurídicos bem como de qualquer ato, exceto o expressamente proibido. Feitas tais considerações, cabe conceituar pessoa jurídica como o sujeito de direito inanimado personalizado.
Pessoa jurídica é, assim, a entidade ou instituição que, por força das normas jurídicas criadas, tem personalidade e capacidade jurídicas para adquirir direitos e contrair obrigações. Ela nasce do instrumento formal e escrito que a constitui (art. 45 CC), ou diretamente da lei que a institui. 
Pessoa Jurídica, considerada como agrupamentos que se equiparam à própria pessoa, preenchendo determinados requisitos legais e com capacidade para ser sujeito das relações jurídicas.
- Principal característica: a pessoa jurídica, embora formada por pessoas naturais, tem vida própria e autônoma não se confundindo com a vida de seus membros.
CLASSIFICAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA:
Pessoa Jurídica de Direito Público
1. P. J. D. EXTERNO: Regidas pelo Direito Internacional, abrangendo: ONU/OEA, UNESCO, FIFA, Nações Estrangeiras; entre outros.
São criadas através de tratados internacionais, fatos históricos, criação constitucional. ? art. 42 novo CC ? Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. 
2. P.J. D. INTERNO: (art. 41) Enumera o Código as pessoas jurídicas desta classe : 
A) ADM. DIRETA - União, os Estados, os Territórios(retorno dos territórios pelo CC 2002), os Municípios e o Distrito Federal. 
B) ADM. INDIRETA : art. 41, IV ? autarquias, e V ? demais entidades de caráter público criadas por lei. 
C) FUNDAÇÕES PÚBLICAS:
Fim específico, sem fins lucrativos.
Surgem quando a lei individualiza um patrimônio a partir de bens pertencentes a uma pessoa jurídica de direito público, afetando-o à realização de um fim administrativo e dotando-o de organização adequada.
Fundação Nacional de Cultura - instituída por lei.
Pessoa Jurídica de Direito Privado
- CORPORAÇÕES (associações, sociedades civis simples e empresariais, partidos políticos, sindicatos)
- FUNDAÇÕES PARTICULARES 
OBS.: São ainda pessoas jurídicas de direito privado como EXCEÇÕES: 
- EMPRESA PÚBLICA 
Entidade com patrimônio próprio e capital exclusivo da União, criada por lei para a exploração de atividade econômica que tenha que ser exercida pelo governo.
- SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA 
Entidade criada por autorização de leipara exploração de atividade econômica sob forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam, em sua maioria à União ou à Administração Indireta.
Inteligência do artigo 37, XIX da CF/88: 
somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação (...) (grifo nosso)
- PARTIDOS POLÍTICOS: 
Associações civis que têm por escopo assegurar dentro do regime democrático, os direitos fundamentais estatuídos pelo CF/88. Foram considerados como pessoa jurídica de direito privado pela Lei 9.096, de 19.09.1995, que dispõe em seu art. 1o :
Entes Despersonalizados: Art. 12 :
III : Massa Falida: Serve para designar a situação jurídica em que se coloca o negócio ou o estabelecimento comercial, em virtude da declaração de falência de seu proprietário, firma ou comerciante.
IV - Herança Jacente e Vacante (herança sem dono) é entendida a herança que não se apresentam herdeiros do de cujus, por não os ter deixado ou por não os ter capazes para sucede-lo como, mesmo, quando livres, por não terem aceito.
V - Espólio: é a soma da totalidade dos bens deixados por uma pessoa, após sua morte.
VII - A sociedade sem personalidade jurídica ? falta um dos elementos para tal.
IX - o condomínio. 
Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
A pessoa jurídica tem o seu fim através da dissolução, deliberada entre seus membros, ou quando é cassada a autorização para seu funcionamento, porém subsiste até a conclusão da liquidação. Concluída a liquidação, será cancelada a inscrição da pessoa jurídica. Ainda poderá ter seu fim por determinação legal ou por ato do governo. 
Domicílio da pessoa jurídica: As regras sobre o domicílio das pessoas jurídicas concentraram-se num mesmo dispositivo legal , bordejando as pessoas jurídicas de direito público interno e as pessoas jurídicas de direito privado. 
Como na expressão domicílio subtende-se a idéia de residência, com ânimo definitivo, jaz inapropriada a sua extensão às pessoas jurídicas, o que, porém e no fundo, ocorre apenas como mais uma criação ficcional do legislador. 
Diz-se, sem receio de equívoco, que ao legislador cabia articular e engenhar sistema normativo mais esmerado e expressão mais adequada para, com precisão, alcançar melhor a disciplina sobre o chamado domicílio das pessoas jurídicas. 
Na realidade, o novo texto pouco ou nada remoçou o instituto do domicílio das pessoas jurídicas, haja vista que foi reproduzido sem inovação de relevo algum. 
Com as considerações acima expendidas, retoma-se o tema, salientando que as pessoas jurídicas, malgrado a sua realidade incorpórea, reclamam a identificação do núcleo ou do centro em que ocorrem as relações jurídicas a partir do qual se desenvolvem as atividades que lhe são próprias, em conformidade com a sua natureza. 
Sob esse influxo, o Código Civil fixou, peremptoriamente, o domicílio das pessoas jurídicas, quer de direito público quer privado, de caráter interno ou externo. 
Domicílio da pessoa jurídica de direito público interno - Em relação às pessoas jurídicas de direito público interno, limitou-se o Código Civil a ativar a regra consagrada na legislação anterior, acrescentando, apenas, que o domicílio dos Territórios são as respectivas capitais, disposição inexistente anteriormente à falta, então, de sua personificação. Com efeito, diz o Código que o domicílio: 
a) da União é o Distrito Federal; 
b) dos Estados e Territórios, as respectivas

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