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REDAÇÃO PUBLICITÁRIA AULA 2 Profª Ana Paula Heck 2 CONVERSA INICIAL Essa é a etapa mais empolgante de qualquer viagem: a escolha do destino! Para traçar a melhor rota para chegar aos corações e mentes dos consumidores, você deve montar um roteiro criativo que te ajude a identificar e selecionar as melhores formas de comunicação. Por isso, nesta etapa você vai descobrir como planejar o texto no anúncio. Afinal de contas, ninguém faz uma boa viagem ou escreve um texto bacana sem um plano! Na sequência, você vai compreender o processo criativo de geração de ideias e como criar conceito e tema para tornar uma campanha memorável. Aqui você também vai aprender quais são os apelos básicos aplicados nas campanhas publicitárias, as melhores abordagens de acordo com as necessidades e desejos do seu target, e duas técnicas arrasadoras para conseguir converter clientes. Boa viagem! CONTEXTUALIZANDO O planejamento é essencial para qualquer atividade, inclusive para a escrita. E o plano começa no briefing: entenda o que a marca, produto ou serviço busca com essa campanha. Você descobre isso identificando qual é o problema de comunicação, os objetivos de comunicação e os objetivos de marketing. Se não conseguir perceber isso de maneira clara no documento de briefing, converse com os profissionais de atendimento e planejamento. Essas informações são importantíssimas e guiam a criação. Depois disso, preste atenção na descrição do público-alvo da mensagem, mas entenda esse grupo de pessoas para além de suas características demográficas: investigue seus hábitos, crenças, vontades! Tudo isso vai contribuir na hora de decidir qual tipo de abordagem e linha criativa será mais eficaz para persuadir o target da campanha. 3 TEMA 1 – DECIDA O ROTEIRO: PLANEJAMENTO DO TEXTO NO ANÚNCIO, PROCESSO CRIATIVO E GERAÇÃO DE IDEIAS Depois de escolher o destino, é necessário definir um roteiro que contemple todas as suas necessidades e desejos para a viagem. Ou seja, é preciso planejar! Da mesma forma, é necessário programar os textos de uma campanha. Esse processo começa com uma atitude básica: ler o briefing! Nele, você vai identificar qual é o problema de comunicação (o que a campanha visa “resolver” ou fazer), o objetivo de marketing (referente ao mercado) e os objetivos de comunicação (definidos a partir do problema). Veja este exemplo: Problema de comunicação: como tornar a marca Ana Doces conhecida e divulgar os produtos de Páscoa? Objetivo de marketing: aumentar em 20% as vendas dos ovos em relação ao ano anterior. Objetivo de comunicação: apresentar a marca para o público de interesse, aumentar o índice de lembrança espontânea da marca e consolidar o valor percebido dos produtos pelos clientes. Pense da seguinte forma: como você vai definir um roteiro se você não sabe para onde ir? Por isso, é necessário entender quais são as intenções comunicacionais da campanha. Uma campanha que apresenta um novo produto ao público exige um tipo de construção textual. Outra, cuja meta é divulgar uma ação de Dia das Mães, vai estabelecer um caminho criativo completamente diferente. Depois de ler – e entender! – o briefing, é hora de organizar as informações importantes sempre com os objetivos de campanha em vista. Para isso, entenda: COMPONENTES DA MENSAGEM O que dizer? Para quem? Quais os objetivos da campanha? Qual o tipo de campanha? DADOS E INFORMAÇÕES Informações básicas sobre o anunciante e/ou produto Características Diferenciais Target Como despertar o interesse dessas pessoas PRODUÇÃO DO TEXTO Ideia básica apresentada no briefing Estabelecer relações, complementos e novas ideias Definir conceito e tema Estabelecer linha argumentativa e apelos COMPLEMENTAÇÃO Revisão textual Ancoragem: ampliação de significados com inserção de elementos que reforçam o conceito e tema (imagens, fundos, cores, etc.) Fonte: elaborado por Heck, 2023, com base em Martins, 2008. 4 Imagine que esse planejamento seja como preparar o roteiro: as informações são como os pontos turísticos que você quer visitar nas cidades. Você tem uma lista de lugares para ir, mas precisa organizar uma rota no mínimo prática para otimizar seu tempo e dinheiro. Ou seja, você deve reunir as informações e organizá-las de maneira hierárquica e lógica. Hoff e Gabrielli (2004) adaptam uma ideia de Roberto Corrêa e sugerem que o processo criativo comece pela identificação de 6 itens básicos: 1. Promessa básica: uma afirmação que você faz em relação à marca, produto ou serviço para o público-alvo – leve em conta o ponto de vista do público; 2. Justificativa dessa promessa: há quem chame de “reason why”, motivo compreensível e assimilável que embasa a promessa básica, aquele argumento “matador” e inquestionável – ou quase! – pode ser racional ou emocional (vou falar mais sobre isso em etapa posterior); 3. Promessa secundária: atributos complementares que reforçam a promessa básica, tudo que você acredita que as pessoas devem conhecer sobre a marca, produto ou serviço; 4. Apelos visuais: referências de imagens e “códigos” visuais que reforçam as promessas; 5. Orientações para criação: aqui você lista todas as informações imprescindíveis e orienta sobre informações ou elementos que precisam constar na peça ou merecem destaque; 6. Imagem desejada: descrição de como o cliente deseja ser visto pelos consumidores. Em teoria, essas informações estariam no briefing, mas nem sempre isso acontece. Cabe ao redator identificar isso por meio dos dados repassados pelo atendimento. O próximo passo é buscar soluções criativas e eficientes para a campanha. Veja um exemplo: ANUNCIANTE: Michelin PROMESSA BÁSICA: Segurança JUSTIFICATIVA: Qualidade dos pneus em diferentes situações e climas PROMESSA SECUNDÁRIA: Estabilidade nas curvas ORIENTAÇÃO CRIATIVA: Curva acentuada APELOS VISUAIS: Mascote da Michelin IMAGEM DESEJADA: Michelin protegendo seu caminho 5 Esses elementos ajudam na geração de ideias, e esse processo pode ser complementado por uma rede semântica – tema que você vai ver na próxima etapa (olha o spoiler!) Agora, você pode estar pensando: “Mas não tem nenhuma palavrinha escrita aí nesse anúncio”. No entanto, isso não quer dizer que não há trabalho de um redator nessa peça. Um profissional de redação pensou em todo o conceito que, nesse caso, é representado somente por uma imagem. Ainda existem outros caminhos que ajudam no processo criativo (ou “gerador de ideias”), que, de acordo com Capote (2020), têm início com a compreensão do briefing e passam por algumas etapas. Para compreendê-las, supomos que você esteja fazendo uma campanha para a linha “Danos Vorazes” da marca “Lola” (que existe e é ótima, fica a dica! #LolaMePatrocina). Seu público-alvo são mulheres jovens da classe C que residem na região Sul com cabelos quimicamente tratados. a) Definição de um problema: algo que motiva as pessoas a buscar soluções ou respostas para alguma dificuldade. Como apresentar a linha “Danos Vorazes” ao público-alvo? Quanto mais específico for o problema, melhor! Por isso, inclua aqui todas as informações dispostas no briefing que abordam o problema de comunicação (o que a campanha visa fazer), os objetivos de campanha (de comunicação e marketing), o público-alvo etc. b) Averiguação das causas: pesquise sobre como esse problema afeta as pessoas que compõem o público-alvo. Que tipo de tratamento causa mais danos aos cabelos? Como a linha de produtos pode contribuir para resolver esse problema? Quais componentes do produto são benéficos no caso de cabelos quimicamente tratados? Quais as dificuldades que essas pessoas enfrentam no tratamento de cabelos? Qual o discurso dos concorrentes? c) Gerar soluções potenciais: como os produtos podem contribuir para a soluçãodo problema? Ou seja, como essa linha de produtos ajuda os cabelos quimicamente tratados? d) Selecionar a solução: dentre as possíveis soluções que você identificou, qual seria mais atraente para o público específico? e) Implementação: selecionada a solução, como transmitir isso para o público-alvo? Qual a melhor maneira de argumentar sobre o produto para 6 essas pessoas? Além disso, você pode pensar em soluções criativas em termos de produção das peças, conversando com os outros departamentos da agência. f) Avaliação crítica: essa ideia será poderosa o suficiente para convencer o seu público-alvo? Nessa etapa, você também pode identificar possíveis falhas. Depois desse processo, é hora de produzir e complementar as ideias, para então partir para a escrita: definir o conceito e tema da campanha e escrever os textos. Nesse momento, seu roteiro já está definido, é hora de pensar em tudo que você quer fazer e conhecer nessa viagem! TEMA 2 – DEFINA AS PARADAS: CONCEITO E TEMA DE CAMPANHA Agora que você já sabe seu destino, é hora de pensar na melhor rota. E o roteiro para alcançar a persuasão passa pelo conceito e tema de campanha. Para ser criativo em publicidade, é preciso buscar coisas além do que todo mundo vê, procurar algo novo, uma forma diferente de ver o produto e, com isso, provocar uma reação no público (Públio, 2013, p.177). Saiba mais Leia as características de um produto criativo que MacKinnon definiu. Elas são citadas na página 239 do livro Redação publicitária: percursos criativos e persuasão, de Haroldo Capote Filho. Nessa viagem, nossa “primeira parada” é a definição de um conceito criativo. Esse é o posicionamento que a mensagem adota, o foco da criação. O conceito é o que você quer dizer, a informação central e fundamental que orienta toda a criação. É a partir do conceito que você começa a desenvolver uma série de frases que serão a base criativa das peças. O conceito é definido a partir do problema de campanha e dos seus objetivos (você nunca pode perder essas informações de vista ao escrever!). Você vai determiná-lo considerando as características do produto, do público- alvo e do mercado em questão. Onde estão essas informações? No planejamento de campanha! Resumindo: o conceito é o que você quer dizer para o público-alvo da campanha. 7 Depois disso, você vai pensar na melhor maneira de falar isso para essas pessoas, definir o tema de campanha. O tema é a “ambientação”, o “clima” da campanha, a melhor abordagem, e todas as peças devem seguir a mesma temática para que a campanha seja coesa (Públio, 2013). O tema é apresentado na forma de uma frase de comando e colabora para o processo persuasivo. Ele orienta o discurso e apresenta a solução para o problema identificado. Deve provocar empatia e fortalecer a imagem da marca na mente das pessoas (Capote Filho, 2020). Pense novamente no exemplo da Michelin1 que eu mostrei antes, o conceito é “segurança dos pneus” e o tema é “Michelin cuidando do seu trajeto”. Quer mais um exemplo? Em 2019, a Mercedes-Benz foi líder de vendas no segmento de carros premium. O objetivo da campanha era comunicar aos consumidores sobre a conquista da premiação, que é um “atestado” de qualidade dos carros. O tema da campanha foi: “o primeiro vem primeiro” e todo o planejamento buscava colocar os anúncios à frente da concorrência. DIFERENCIAL: Primeiro lugar em vendas PROMESSA BÁSICA: À frente dos concorrentes CONCEITO CRIATIVO: Líder no ranking de vendas TEMA: O primeiro vem primeiro Para isso, a marca anunciou nas primeiras edições do ano nas revistas AutoEsporte e Quatro Rodas, além de inserir anúncios no YouTube que eram veiculados antes dos vídeos que falavam sobre as principais marcas concorrentes2. Agora você deve estar pensando: tá bem, mas “como faz”? Este estudo pode te ajudar muito nesse sentido, pois existem diversas técnicas e macetes para seguir nessa “viagem”. Um bom ponto de partida é, depois de entender o briefing (o problema de comunicação e os objetivos, como já falei!), começar a escrever seus primeiros pensamentos. Depois, você seleciona as melhores ideias e tenta novas abordagens para essas, novas formas de escrever. Para esse processo, Sant'Anna et al. (2009) dá algumas sugestões: 1 Disponível em: . Acesso em: 29 jun. 2023. 2 Veja os vídeos da campanha. Disponível em: . Acesso em: 29 jun. 2023. 8 • A ideia pode partir do produto: pense na sua utilidade ou vantagens. • Uma ideia simples pode ser desenvolvida e se tornar incrível! Você pode olhar para pensando em algo semelhante, relacionado, diferente ou pouco comum, uma nova forma de olhar para o produto ou o que ele proporciona. • Veja anuários e sites de publicidade do Brasil e do mundo. Mas não procure uma ideia pronta, isso seria plágio, busque inspiração. • Tente sempre ampliar as referências, você pode se inspirar na arte, no folclore e na cultura, locais de compra etc. • Tem gente que pensa melhor enquanto anda, em um parque ou praça, observando a natureza (obs.: tenha sempre um bloco de notas junto com você!). • Se houver pesquisas prontas, leia todas. • Converse com os outros profissionais da agência. Depois de estabelecer o conceito e tema da campanha, sua próxima parada são os apelos básicos, onde você vai identificar as melhores formas de “transportar” suas ideias para a mente dos seus consumidores. Saiba mais Leia o trecho “Conceito e tema de campanha” do livro Redação publicitária: para ler, pensar e escrever, de Cátia S. Weizenmann (p. 68 a 73). TEMA 3 – PLANEJE OS MEIOS DE TRANSPORTE: APELOS BÁSICOS Com o roteiro definido, chega a hora de considerar as melhores formas de chegar ao lugar escolhido. Dependendo do objetivo da viagem – ou da campanha – você vai selecionar as melhores maneiras de chegar ao destino – ou de seduzir os consumidores. Para isso, existem diferentes tipos de apelos básicos: tudo aquilo que faz o consumidor identificar uma necessidade e o leva a buscar resolver isso. São formas de abordar os desejos das pessoas de modo a fazer com que sintam vontade de consumir o produto, serviço ou marca anunciados. Sant'Anna et al. (2009) elenca os principais apelos utilizados na Publicidade: AMBIÇÃO: um desejo ou anseio, uma necessidade, funciona como um “motor” para as pessoas. A ambição impulsiona o target de diferentes formas. Pode ser financeira, 9 profissional, amorosa ou espiritual. Identifique o que as pessoas desejam e aposte nisso como linha argumentativa! AMOR: laços que envolvem as pessoas ao longo de sua existência. Pode ser amor à família, aos amigos, e a outros tipos de relações (como torcer para um time, por exemplo). APARÊNCIA PESSOAL E BELEZA: tem relação com vaidade e autoestima, mas também envolve a “beleza interior”. ATRAÇÃO SEXUAL: parte da ideia de beleza, mas vai além, até o erotismo, o sensual, sexy (sem ser vulgar!). APETITE: não se refere a saciar a fome, mas ao prazer em comer. APROVAÇÃO SOCIAL: desejo de ser apreciado (a), de ser igual socialmente. CULTURA: se refere a conhecer ou aprender coisas novas. CURIOSIDADE: busca por experiências inéditas. ECONOMIA: de dinheiro ou tempo. EVASÃO PSICOLÓGICA: se refere a uma fuga da realidade, à capacidade de sonhar. SAÚDE: proteção, disposição, longevidade e qualidade de vida. SEGURANÇA: financeira, de vida, digital, da família, do carro, da casa, etc. Observe que a maior parte dos apelos são hedonistas, ou seja, focados no prazer. A ideia é que você identifique quais tipos de necessidades ou desejos o produto, marca ou serviço busca suprir e escolha o melhor apelo para essa situação e público. Por mais que às vezes você veja potencial em mais de um apelo, identifique aquele que é mais significativopara o seu público-alvo com base no problema de comunicação proposto. Ou seja, você precisa identificar os melhores apelos para “transportar” as necessidades, aqueles que são mais adequados para fazer com que as pessoas sintam vontade de consumir. Existem outros tipos de apelos apresentados por Weizenmann (2019): testemunhal, que se vale do testemunho de celebridades ou peritos no assunto; o medo (de perder, envelhecer, de estar desatualizado, por exemplo); a culpa (coisas que as pessoas poderiam fazer, mas não fazem); o sexo e o humor. Saiba mais Leia o trecho “Os principais apelos do texto” do livro Redação publicitária: para ler, pensar e escrever, de Cátia S. Weizenmann (p. 94 a 100). TEMA 4 – OS PONTOS TURÍSTICOS: ABORDAGEM Cada destino oferece diferentes lugares para conhecer, é hora de selecionar aqueles mais bacanas. Da mesma forma, você precisa escolher os melhores atrativos para abordar as pessoas que compõem seu público-alvo. 10 A abordagem se refere aos diferentes caminhos para tratar uma ideia – o conceito e tema de campanha. Há quem chame de “linhas criativas”, que consistem em um tipo de fio condutor que guia o desenvolvimento do texto. Tânia Hoff e Lourdes Gabriel (2004), no livro Redação publicitária, identificam algumas linhas criativas (clique nos links e veja os exemplos): HUMOR: abordagem simpática e eficiente para gerar empatia, mas que deve estar diretamente ligada ao contexto do consumo do produto, serviço ou marca. → 8 em 1 Petiscos para cachorros – Mau hálito de cachorro. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. EROTISMO: uso de apelos sensuais para compor a mensagem. → AIAIAI Áudio – Fazendo som sexy. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. NARRATIVO: contar histórias é uma forma muito eficaz de prender a atenção das pessoas e mostrar o produto, serviço ou marca em contexto de uso. → Academia de defesa pessoal para idosos – Idosos mortais. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. INTERTEXTUAL: intertextualidade é a influência ou “aparição” de um texto em outro, de fazer referências. → O boticário – Conto de fadas. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. TESTEMUNHAL: campanhas que usam testemunho de pessoas típicas (como dentista falando de creme dental) ou celebridades para dar depoimento sobre produtos. → Puma – Brechó do Neymar. Disponível em: . 30 jun. 2023. FICCIONAL: linha criativa que investe na fantasia, inventa histórias → Sony – Atmosfera. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. COMPARATIVA: faz comparações a partir do uso do produto ou com concorrentes, o clássico “antes x depois” de usar o produto, marca ou serviço. → Gol – Mais conforto. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. INFORMATIVA: Informar é o objetivo principal do anúncio. → Ministério da Saúde – Seu filho quer a segunda dose da sua atenção. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. IRÔNICA: Uma variante ousada do humor, que faz uso da ironia. → Salvation Army – Black and Blue. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. POLÊMICA: Toma como base a discussão sobre determinados assuntos com opiniões diferentes ou controversas. → Benetton - Unhate (não odeie). Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. 11 AUTORITÁRIA: Linha afirmativa e quase “impositora” de ideias. → Prefeitura de São Paulo – O Lixo é seu. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2023. Teste diferentes linhas criativas a partir do conceito e tema da campanha. Leve em conta o público-alvo (sempre!) e os objetivos da campanha e veja qual se adapta melhor ou é mais convincente. TEMA 5 – MELHORES RESTAURANTES: PUVS E CTAS Se tem uma coisa que me deixa empolgada é pensar em todos os novos sabores que eu vou descobrir nas viagens (eu gosto muito de comer!). Cada restaurante tem seu valor e algo convidativo para conhecer: seja o sabor, o local ou algo diferenciado na forma de servir, por exemplo. Da mesma maneira, na redação existem duas estratégias para mostrar o “sabor” das marcas e chamar as pessoas para “provarem” ela: PUVs e CTAs. A sigla “PUV” significa proposta única de valor, é a essência da marca, mostra seus diferenciais e a destaca em relação à concorrência. Seu objetivo é demonstrar a “singularidade” da empresa, produto ou serviço, sua autoridade e consistência, também contribui para unificar o discurso de marca. É muito importante porque atualmente existem inúmeras marcas atuando em cada segmento, isso quer dizer que a concorrência é altíssima. A partir da determinação de uma boa PUV, sua marca pode se destacar. Consiste em uma frase objetiva que é criada a partir das características diferenciais da marca, produto ou serviço e do público-alvo. Pode ser escrita com base nas características de desempenho, novidades que a marca, produto ou serviço oferece, soluções únicas que oferece, status que confere ao usuário, o preço praticado ou a partir das conveniências que oferece. Mas, você sabe o que uma proposta única de valor NÃO é? Não é um slogan, uma frase poética, a missão da empresa, uma explicação detalhada sobre a marca ou um conceito abstrato. O slogan do McDonald's, por exemplo, é “amo muito tudo isso”, mas essa frase não possui um argumento de valor. Sua proposta de valor consiste em lanches gostosos e rápidos. A PUV da Coca-Cola, por exemplo, é baseada na felicidade (transcrita 12 no slogan “Abra a felicidade”); da Uber é “Preocupados com a sua segurança, onde quer que você vá”; da Netflix é “Filmes, séries e muito mais. Sem limites”. Para escrever uma boa PUV, você pode pensar em respostas para as seguintes perguntas: para quem você atende? Do que essas pessoas precisam (considerando o segmento de atuação da marca)? Como você descreveria a empresa em uma frase? O que há de exclusivo nessa empresa? Quem são seus concorrentes? Como a empresa é diferente deles? As PUVs são frases que podem estar presentes nas peças de diferentes campanhas, ou até mesmo não fazer parte do texto dos anúncios, sendo uma espécie de “presença oculta”. Elas não aparecem, mas servem de fonte de inspiração para o desenvolvimento do conceito e tema. Para construir uma PUV bacana, proponho preencher a seguinte “ficha”: Para: para quem? Que precisam de: quais necessidades dessas pessoas a marca pode suprir? A empresa é a única que: o que tem de diferencial? Diferente de: quem são os concorrentes e o que oferecem? Já a sigla CTA significa “call-to-action”, convite para a ação. Consiste em uma chamada visual ou textual que leva o público-alvo a realizar uma ação. Toda CTA tem um objetivo claro, uma sugestão do que a empresa deseja que o consumidor faça: comprar, clicar, acessar, se inscrever, fazer um download, avaliar, compartilhar etc. O ideal é que a CTA comece com um verbo no imperativo ou infinitivo e seja específica. Por exemplo, você vê várias CTAs na internet em botões dizendo “clique aqui” ou “faça o download”. Uma estratégia que pode funcionar bem também é criar um senso de urgência para mostrar que a ação é fácil ou está disponível apenas por um tempo limitado. Uma boa CTA é curta, direta, clara e adaptada à linguagem do seu público-alvo.Normalmente, a CTA aparece no final do anúncio e pode ser utilizada como assinatura da peça. Você vai aprender mais sobre call-to-action no primeiro tema da próxima etapa, quando aprenderá sobre o esquema AIDA (atenção, interesse, desejo e ação). Com essa pista da nossa próxima parada, me despeço, pois está na hora de arrumar as malas para o seu destino! Até breve! 13 TROCANDO IDEIAS Para trocarmos uma boa ideia, você vai ler dois textos: 1) Leia o item “Para saber mais” do capítulo “As necessidades e desejos da criação Publicitária” do livro Redação publicitária: percursos criativos e persuasão, de Haroldo Capote Filho, sobre a Pirâmide de Maslow. 2) Leia o artigo “Pirâmide de Maslow: entenda a hierarquia das necessidades” no blog da Rock Content. Disponível em: . Acesso em: 29 jun. 2023. Depois de ler os textos, pensando nas necessidades humanas - que são importantes para selecionarmos os melhores apelos básicos e abordagens - identifique uma marca que atua suprindo cada uma das necessidades descritas por Maslow: fisiológicas, segurança, sociais, status/estima e autorrealização. NA PRÁTICA Em 2012, uma campanha da Bayer visava explicar para o seu público- alvo as diferenças entre a Aspirina e a CafiAspirina, sendo esta última uma “aspirina mais forte”, um analgésico mais potente. Os anúncios, que foram premiados no Festival de Criatividade Cannes, destacavam diferentes situações que poderiam causar dor de cabeça de maneiras mais e menos intensas. O tema da campanha era: “para qualquer dor de cabeça”. A linha criativa escolhida pela equipe da agência ALMAPBBDO foi a humorística. Confira alguns anúncios: 14 Fonte: ALMAPBBDO. A partir do mesmo “briefing” e ideias apresentadas, desenvolva novas ideias para a campanha, mas seguindo a linha criativa “testemunhal” fazendo a comparação com dois testemunhos diferentes. O texto deve ser curto e direto. FINALIZANDO Conhecer e compreender as etapas prévias do desenvolvimento do texto, suas estratégias criativas e possibilidades é imprescindível para proporcionar viagens incríveis ao público-alvo através da Redação Publicitária. A criação do conceito e tema de campanha e a escolha dos melhores apelos e linhas criativas são essenciais para escrever textos memoráveis e eficazes. No entanto, como mencionei anteriormente, tudo parte do problema de campanha, seus objetivos e público-alvo. Você nunca pode perder isso de vista! Todas as estratégias persuasivas apresentadas irão te guiar na criação e facilitar o seu caminho. Você já está aumentando seu repertório sobre o texto publicitário, mas ainda existem itens imprescindíveis que devem estar presentes na sua bagagem para que você escreva textos sedutores. 15 REFERÊNCIAS CAPOTE FILHO, H. Redação publicitária: percursos criativos e persuasão. Curitiba: InterSaberes, 2020. CORRÊA, R. Planejamento de propaganda. 11. ed. Global, 2013. HOFF, T.; GABRIELLI, L. Redação publicitária. Rio de Janeiro: Campus, 2004. MARTINS, J. S. Redação publicitária. 2. ed. 7. reimpr. São Paulo: Atlas, 2008. PÚBLIO, M. A. Como planejar e executar uma campanha de propaganda. São Paulo: Atlas, 2013. SANT’ANNA, A. et al. Propaganda: teoria, técnica e prática. 8. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2009. WEIZENMANN, C. S. Redação publicitária: para ler, pensar e escrever. Curitiba: InterSaberes, 2019.