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JUSNATURALISMO E POSITIVISMO

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Pensamento jurídico. A díade positivismo e jusnaturalismo.
Noção introdutória
	Quando iniciamos um raciocínio sobre um fenômeno jurídico devemos partir de certas premissas de raciocínio. Nisto ha infindáveis vertentes descritas por inúmeras escolas. Importa, por ora, apontar as vertentes principais, cujo estudo pertence a Filosofia do Direito.
	Nesse sentido, sem rigor técnico, mas apenas para finalidade inicial didática, pois voltaremos aos temas, podemos apontar as escolas formalistas ou positivistas que sublimam a segurança jurídica e colocam a norma na berlinda, como centro gravitador do Direito. De outro lado, as escolas idealistas, de origem mais antiga, buscam permanentemente um ideal de justiça e moral dentro do ordenamento, bem como as chamadas escolas realistas, que buscam o progresso social (Bergel, 2001:9). Não ha que se ver antagonismo nem se entusiasmar em excesso por uma ou outra posição, pois a experiência demonstra que, conforme as necessidades sociais, ha que preponderar uma ou outra orientação. Todos os posicionamentos apresentam subdivisões e nuanças cuja enumeração não e ainda apropriada nestas primeiras lições.
	O idealismo jurídico traduz-se, de forma geral, nas doutrinas do direito natural. Nessa vertente, ha pontos em comum como o fato de o direito emanar da natureza, de existirem princípios legais não escritos que se superpõem ao direito posto. Nesse ponto, ha primazia dos ideais mais elevados de justiça.
	O que e justo esta de acordo com a ordem natural. As leis injustas devem ser subjugadas pelo ideal maior de justiça. Nesse sentido, define Bernardino Montejano (2002:14): “Direito natural, em sentido estrito, é o justo natural, e em sentido derivado, são os princípios e normas jurídicas que regulam a vida social do homem, ainda que na ausência de toda ordenação positiva.”
	Quanto ao positivismo, e mais difícil enquadrá-lo como uma doutrina única, pois ha muitos autores que, embora denotem tendência por essa corrente, apresentam opiniões ecléticas que se inclinam também pelo idealismo, sob alguns aspectos. “A heterogeneidade das doutrinas positivistas torna mais aleatória ainda a busca de um critério geral do positivismo” (Bergel, 2001:15).
	Pela forma mais extrema e primitiva dessa doutrina, o chamado positivismo jurídico, somente terão valor as regras do direito positivo. A tendência e reduzir o direito apenas as regras existentes em determinada época e em determinado ordenamento estatal. Ou então, em outras palavras, o Estado e a única expressão do direito. Define Hermes Lima (2002:35), em preciosa obra tantas vezes reeditada, que “direito positivo é, pois, o conjunto de regras de organização e conduta que, consagradas pelo Estado, se impõem coativamente, visando à disciplina da convivência social.”
	Reduzir-se o direito, porem, apenas as normas positivas constitui evidentemente posição ultrapassada, absolutista, que sufraga a imposição e a política de forca do Estado, que tanto serviu a alguns governantes no passado.
	Mesmo os positivistas modernos mais arraigados admitem certa flexibilidade idealista em suas idéias. Sob esse prisma do positivismo extremo, os abusos e as intolerâncias puderam, no passado remoto e próximo, ser justificados. O direito não pode ser reduzido unicamente a normas hierarquizadas pelo Estado, amesquinhando toda a grandeza do seu universo, que em síntese e o universo do Ser Humano. O Direito deve levar em conta, a cada passo, em cada norma, em cada decisão judicial, com absoluta proeminência, a dignidade humana, como demonstra a tendência do século XX e desponta para este novo século. Reduzir o direito a um conjunto de normas frias, impositivas, destemperadas da emoção e da dignidade do Homem e algo custoso de aceitar.
	Basta que se lembre da legislação que justificou o governo cruel na Alemanha nacional-socialista do passado, e tantos outros que a historia remonta.
	Como veremos, ainda que preponderem hoje vertentes positivistas, longe estão elas do extremismo do passado.
	Outros atrelam o positivismo a historia ou a economia. Para Marx, Engels e sua escola, o direito se mostra como uma expressão dos interesses econômicos.
	Parte-se, portanto, de uma superestrutura econômica para impor-se o direito, o que também leva a insensibilidade social.
	Para o chamado positivismo sociológico, o direito e extraído das regras tal qual se apresentam os fatos sociais. A regra de direito e extraída dos fatos sociais. Leon Duguit (2003:13) dizia no inicio do século XX que as doutrinas do direito social estavam substituindo as doutrinas socialistas, como de fato ocorreu. O vinculo entre o direito e a sociologia foi magnificamente estabelecido por esse autor.
	Como se nota facilmente, a magnitude do Direito reside, justamente, no fato de muitas teorias, com ou sem excessos, exporem conveniente e logicamente o pensamento jurídico sem que nenhuma seja definitiva. Em Direito, não ha pensamento totalmente concluído. A cada ponto, em cada exame da fenomenologia jurídica, preponderara um ou outro pensamento, mas todos terão sua parcela importante e integrante na ciência. Estas são apenas palavras introdutórias sobre tão vasto tema, que nesta obra será mais aprofundado no capitulo seguinte.

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