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DONALD WOODS WINNICOTT Biografia • Nasceu em 07/04/1896 na Grã-Bretanha e morreu em Londres em 25/01/1971; • Nasceu em uma família próspera de Plymonth , filho caçula, tendo duas irmãs. • Seus pais eram amantes da arte e seu pai era comerciante, envolvido com política, era pouco disponível para seu filho. O lar era bem movimentado, havia espaço para todos e não faltava dinheiro. • A mãe era vivaz, gostava de sair e era capaz de demonstrar e expressar afeto. Seu pai era dotado de senso de humor e era considerado bastante inteligente. • Eram vizinhos de seu tio paterno e as famílias estavam sempre juntas: sempre havia o que fazer, com quem e onde fazer. • A família gostava de artes e música. • Era indiscutível que era amado e experienciou, no ambiente familiar, a segurança e o afeto, no entanto, parecia haver uma preocupação para que não fosse mimado. Mais tarde, sua esposa, acreditava que esse fato, fez com que fosse privado de certa intimidade. • Aos 14 anos foi para o internato em Cambridge, por ter dito um palavrão em casa. • Em Cambridge que iniciou seus estudos em Medicina: após ter sofrido uma fratura, aos 16 anos, escolheu a carreira médica, para não depender de nenhum médico na vida. • No começo da I guerra (1914), aos 18 anos, foi auxiliar de Enfermagem e depois se alistou na Marinha. Foi um período de muito pesar, pois por ser aluno de medicina não foi para o exercito e muito de seus amigos foram mortos na guerra. • Após a Guerra foi estudar em Londres e formou-se médico em 1920. • Ao ler um livro de Freud, interessou-se pela Psicanálise e, em 1923 (23 anos) iniciou seu tratamento analítico com James Strachey, que durou 10 anos. • Nesse ínterim, passou a clinicar no Paddington Green Children´s Hospital, onde permaneceu por 40 anos (pedopsiquiatria); • Em 1924 casou-se pela primeira vez (divorciou-se em 1948 após a morte de seu pai); • Em 1935 tornou-se psicanalista habilitado pela Sociedade Britânica de Psicanálise, fez supervisão com Melanie Klein (esta pediu-lhe que atendesse seu filho Erich); • Em 1940 iniciou sua segunda análise com Joan Rivière (também Kleiniana); • Durante a segunda guerra (1939-1945) tornou-se psiquiatra das Forças Armadas. Lá conheceu Claire Britton, assistente social, que viria a tornar-se sua mulher em 1951. • Em 1954, intercedeu junto a MK para que analisasse Clare Winnicott, que se tornaria psicanalista depois. A relação entre Klein e Winnicott já estava de certa forma desgastada em função das divergências teóricas (achava que Klein ignorava demais o mundo exterior). • O lugar de Winnicott na Sociedade Britânica de Psicanálise, nos anos 1940, se deu no grupo intermediário (Middle Group), que não tomavam partido entre as disputas entre Kleinianos e anafreudianos. • O relacionamento com Anna Freud era com base na neutralidade; com Melanie Klein, teceu-se uma longa amizade, que seria ensombrecida pelas divergências teóricas e técnicas. • Foi presidente da Sociedade Britânica de Psicanálise entre 1956 e 1959 e, entre 1965 a 1968. • Proferiu palestras a público diversos: médicos, assistentes sociais, professores e possuía um programa de rádio na BBC sobre o desenvolvimento da criança. • Estava em plena atividade ao morrer, em 1971 em decorrência de doença pulmonar e cardíaca. • Sua extensa obra foi dedicada à construção da teoria do amadurecimento pessoal (um caminho a ser percorrido partindo da dependência absoluta e dependência relativa rumo à independência relativa); • A distinção de seu trabalho, em relação a Freud e outros, foi a decisão de estudar o bebê e sua mãe como uma “unidade psíquica”, o que permitiu observar constelação mãe-bebê, e não como dois seres puramente distintos. • O ambiente facilitador é a mãe suficientemente boa, que atende ao bebê na medida exata das necessidades deste, e não de suas próprias necessidades. • Esta adaptação da mãe, permite ao bebê ser capaz de ter uma experiência de onipotência e cria a ilusão necessária a um desenvolvimento saudável. • Outro conceito importante na obra de Winnicott, de “Preocupação Materna Primária” refere-se a um estado de retraimento da mãe e é necessário para que ela possa estar envolvida emocionalmente com seu bebê. • Para Winnicott, o potencial inato de crescimento num bebê se expressava em gestos espontâneos. • Se a mãe responde apropriadamente a esses gestos, a qualidade da adaptação proporciona um núcleo crescente de experiência para o bebê, que resulta num senso de completude, força e confiança, que ele chama de “verdadeiro self”. • Este permite ao bebê lidar com posteriores frustrações e fracassos relativos; • Se a mãe é incapaz de responder de maneira adequada ao bebê, este desenvolve a capacidade de adaptar-se e submeter-se às “invasões” da mãe, isto é, às iniciativas e exigências dela, e sua espontaneidade é gradualmente perdida. • Winnicott chamou este desenvolvimento defensivo de “falso self”. Quanto maior o “desajuste” entre mãe e o bebê, maior a distorção e interrupção no desenvolvimento da personalidade deste. • Para Winnicott, a psicopatia ou tendência anti-social caracteriza-se como um transtorno no qual a falha ambiental tem um importante papel. • Sua teoria baseia-se no fato de que a psique não é uma estrutura pré- existente e sim algo que vai se constituindo a partir da elaboração imaginativa do corpo e de suas funções – o que constitui o binômio psique-soma. • Essa elaboração se faz a partir da possibilidade materna de exercer funções primordiais como o holding (“manter” sustentação - permite a integração no tempo e no espaço), handling (“manusear” manejo - permite o alojamento da psique no corpo) e a apresentação de objetos (permite o contato com a realidade). • Um ambiente mau é sentido como uma invasão à qual o psicossoma (o bebê) precisa reagir e esta reação perturba a continuidade de existência do bebê. • O adoecimento, então, se dá devido a perturbações na relação mãe-bebê que provocam falhas no desenvolvimento do indivíduo. • Tais perturbações criam uma sensação de falta de fronteiras no corpo, ameaças de despersonalização, angústias impensáveis, ameaças de desintegração e despedaçamento, de cair para sempre, e falta de coesão psicossomática. Referências • NASIO, J-D. Introdução às obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolt, Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995. • WINNICOTT, C., SHEPHERD, R. DAVIS, M. (orgs.) Explorações Psicanalíticas: D. W. Winnicott. Tradução: José Otctavio de Aguiar Abreu. Porto Alegre: Artmed, 1994. • Vídeo sugerido: • https://www.youtube.com/watch?v=aREhERT8COE https://www.youtube.com/watch?v=aREhERT8COE