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FACULDADE CORAM DEO DISCIPLINA: CURRICULOS, DIDÁTICAS E PRÁTICAS AVALIATIVAS CURSO: 2ª GRADUAÇÃO EM PEDAGOGIA Introdução: Além das perspectivas: fé e aprendizado requerem prática Livro: Desejando o Reino: Culto, Cosmovisão e Formação Cultural Autor: James K. A. Smith Na introdução James K. A. Smith propõe uma reflexão sobre a forma como compreendemos o ser humano e o processo educativo, tanto na fé quanto na vida acadêmica. O autor convida o leitor a ir além da ideia de que aprender e crer são apenas atos mentais, defendendo que a formação cristã envolve o coração, o corpo e os hábitos cotidianos. Smith critica a visão moderna que entende o ser humano principalmente como um “animal racional”, guiado apenas pelo pensamento e pela razão. Em contraste, ele afirma que somos, antes de tudo, seres desejantes moldados pelos amores e afetos que cultivamos nas práticas diárias. Assim, tanto a fé quanto o aprendizado não se desenvolvem apenas por meio de teorias, ideias ou doutrinas, mas pela prática concreta e repetida que forma o caráter e orienta o desejo. Para o autor, o culto cristão desempenha um papel essencial nesse processo. Ele não é apenas um momento de ensino ou reflexão, mas uma prática formadora, que treina nossos desejos e direciona nosso amor para Deus. De modo semelhante, a educação cristã, segundo Smith, deve ser entendida como um ato litúrgico, capaz de moldar o coração dos alunos e não apenas transmitir conteúdos. Essa perspectiva amplia a noção de cosmovisão, mostrando que ela não é apenas um conjunto de ideias, mas um modo de vida encarnado. Smith convida o leitor a repensar tanto o papel da igreja quanto o da escola cristã, enfatizando que a verdadeira transformação não vem apenas da instrução, mas da imersão em práticas que cultivam o amor correto. O autor também alerta que, se a igreja não formar o coração dos fiéis por meio de suas liturgias, a cultura secular o fará por meio de seus próprios “ritos” como o consumismo, o entretenimento e o individualismo. Ele demonstra que a formação cristã autêntica não é apenas informativa, mas transformadora, porque molda o coração por meio da prática. Assim, crer e aprender são atos que exigem não apenas reflexão, mas vivência, participação e amor. Capítulo: Seres que amam num tempo perigoso: exegese cultural das liturgias seculares Livro: Desejando o Reino: Culto, Cosmovisão e Formação Cultural Autor: James K. A. Smith Nesse capitulo, James K. A. Smith aprofunda sua tese central de que o ser humano é, antes de tudo, um ser que ama, e que seus desejos são continuamente moldados pelas práticas nas quais está imerso. Ele amplia a reflexão sobre a formação do coração humano ao analisar a forma como a cultura contemporânea cria suas próprias “liturgias”, isto é, rituais cotidianos que moldam nossos amores e hábitos, muitas vezes sem que percebamos. Smith argumenta que o mundo moderno está cheio de “liturgias seculares”, práticas culturais que funcionam como cultos alternativos, direcionando nosso amor e nossa adoração para ídolos modernos como o consumo, o sucesso, o prazer e a autonomia individual. Um exemplo emblemático que ele utiliza é o shopping center, visto como uma espécie de “catedral do consumo”. Assim como o culto cristão, o shopping possui rituais, símbolos e promessas: a ideia de que a felicidade e o sentido da vida podem ser comprados. O autor propõe uma exegese cultural dessas práticas, ou seja, uma leitura crítica dos significados profundos que estão por trás dos hábitos diários. Para Smith, assistir a filmes, navegar nas redes sociais ou participar de eventos esportivos são experiências formativas, elas não são neutras, mas treinam nossos desejos e modelam o que amamos. Nesse sentido, ele alerta que a fé cristã é constantemente desafiada por essas forças culturais que competem pelo nosso coração. A principal contribuição do capítulo é mostrar que a batalha espiritual e cultural do nosso tempo acontece no nível do amor e do desejo, não apenas das ideias. O ser humano é moldado pelo que pratica, e não apenas pelo que acredita racionalmente. Por isso, o autor defende que as comunidades cristãs precisam oferecer práticas e liturgias que contraponham essas formações seculares, ajudando os fiéis a desejarem o Reino de Deus acima das promessas vazias do mundo moderno. Smith nos convida a perceber que, mesmo fora dos templos, estamos sempre sendo formados por práticas que competem pelo nosso amor. Ele reafirma que a verdadeira educação e espiritualidade cristã consistem em reorientar o coração, aprendendo a amar o que realmente merece ser amado, o Reino de Deus. Capítulo: A função social do ensino e a concepção sobre os processos de aprendizagem: instrumentos de análise Livro: A Prática Educativa: Como Ensinar Autor: Antoni Zabala Antoni Zabala propõe uma reflexão sobre o papel social da escola e as diferentes formas de compreender o ensino e a aprendizagem. O autor parte da ideia de que toda prática educativa está sustentada por uma concepção de ser humano, de sociedade e de conhecimento, mesmo quando o professor não tem plena consciência disso. Assim, o ensino nunca é neutro, ele expressa valores, intenções e finalidades sociais. Zabala critica as práticas tradicionais que reduzem o ensino à simples transmissão de conteúdos, ignorando o contexto social e as necessidades reais dos alunos. Para ele, o verdadeiro sentido da educação é formar sujeitos críticos, autônomos e participativos, capazes de transformar a realidade. Essa função social do ensino exige que o professor compreenda o processo de aprendizagem, não como memorização, mas como construção ativa do conhecimento, em que o aluno é protagonista e o docente, um mediador que organiza situações significativas de aprendizagem. O autor apresenta também instrumentos de análise para que o educador possa avaliar suas práticas, levando em conta aspectos como os objetivos educativos, os conteúdos ensinados, as estratégias de ensino e as concepções de aprendizagem que orientam suas ações. Zabala mostra que esses elementos estão interligados e precisam ser coerentes com a finalidade formativa da educação. Assim, ele propõe que o professor adote uma postura reflexiva e crítica, revendo constantemente suas práticas para torná-las mais conscientes e eficazes. Zabala não se limita a criticar o ensino tradicional; ele aponta caminhos para a construção de uma pedagogia transformadora, baseada no diálogo, na cooperação e na valorização das diferenças. Entretanto, a implementação dessa proposta enfrenta obstáculos, como a falta de formação docente adequada, currículos engessados e pressões institucionais que ainda privilegiam resultados imediatos em detrimento da formação integral do aluno. O capítulo evidencia que ensinar é um ato político e ético, que envolve escolhas conscientes sobre que tipo de ser humano e sociedade se pretende formar. Zabala convida o professor a assumir seu papel de agente de mudança, repensando continuamente suas práticas e concepções pedagógicas. Dessa forma, o ensino cumpre sua verdadeira função social: promover o desenvolvimento pleno e crítico do estudante, em busca de uma sociedade mais justa e democrática