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Lu iza TXXXI Cardiopatias Isquêmicas Luiza Koslinski Moreira - Medicina Vergueiro - TXXXI Isquemia Definição: Diminuição do suprimento sanguíneo, causando a falta de todos os substratos metabólicos (O2 e glicose), podendo ser parcial ou total; ✓ Isquemia → falta dos substratos metabólicos (íons) → não há produção de ATP e nem contração (não tem cálcio não faz fosforilação oxidativa das fibras musculares) dos cardiomiócitos → alteração funcional (60s após isquemia). Absoluta x Relativa ✓ Classificação em relação ao grau de obstrução; ✓ Absoluta: supressão total da circulação; ✓ Relativa: supressão parcial da circulação, sendo a mais comum no IAM por complicação da aterosclerose; - Fluxo sanguíneo arterial não permite que os trombos arteriais sejam oclusivos; - Relativa já causa lesão celular irreversível nos cardiomiócitos pois tem uma alta demanda metabólica. Etiologia ✓ Aterosclerose: - HAS: lesão por cisalhamento na placa de ateroma → ruptura da túnica íntima → expõe o tecido subendotelial (colágeno e fatores de coagulação) → trombose → dissecção com hemorragia → IAM; - Diabetes Melito: pico hiperglicêmico pode causar lesão endotelial aguda expondo o tecido subendotelial formando trombose. Parede da artéria se rompeu causando uma dissecção aguda e hemorragia. ✓ Embolia coronariana; ✓ Espasmo coronariano: uso de drogas com atividade vasoconstritora, como intoxicação por cocaína e neosoro; ✓ Complicações de doenças do tecido conjuntivo: - Vasculite: deposição de imunocomplexos na superfície vascular → ativa o sistema complemento → inflamação → lesão endotelial → ativa o processo trombótico → embolia. - Síndrome de Marfan. Cardiopatias Isquêmicas Definição: múltiplas síndromes com relação fisiopatológica e associadas à isquemia miocárdica. ✓ Tipos: - Angina pectoris; - Infarto do miocárdio; - Morte cardíaca súbita (arritmia fatal); - Cardiopatia isquêmica crônica. Angina Pectoris ✓ Episódios recorrentes, frente ao esforço físico, de dor torácica intermitente que diminui no repouso, causada por isquemia miocárdica Lu iza TXXXI transitória e reversível, associada a aterosclerose. Causa da Dor: ✓ Aumento da demanda metabólica do cardiomiócito → incapacidade de suprir vascularmente essa demanda → metabolismo anaeróbico → aumento transitório do lactato tecidual → dor; ✓ Repouso → diminui a FC → metabolismo aeróbio → lactato degradado → cessa a dor. Classificação ✓ Angina estável: desconforto precordial com duração de até 20 minutos causado por estresse físico ou emocional, aliviado em repouso ou por uso do nitrato; ✓ Angina instável: dor em repouso que dura mais de 20 minutos, tendo alto risco para IAM. ✓ Angina Prinzmetal: ocorre em tabagistas pois o tabaco diminui a produção de óxido nítrico (vasodilatador), podendo fazer vaso espasmos coronarianos levando a arritmias importantes. OBS: paciente com dores torácicas mas com eletrocardiograma e dosagem sérica de marcadores cardíacos normais tem uma grande chance de ser angina instável → deve ficar em observação pois o risco de infarto é muito alto, deve repetir os exames depois de um tempo. Infarto do Miocárdio Definição: área de necrose miocárdica secundária à isquemia; ✓ D.C → infarto branco por ser uma circulação terminal; ✓ Fatores modificáveis: - Obesidade; - Dislipidemia; - Tabagismo; - D.M; - Sedentarismo. ✓ Fatores não modificáveis: - Idade; - Sexo masculino; - Fatores genéticos. H.A → hipertrofia do VE Sinais e Sintomas ✓ Dor torácica precordial e irradiada para os membros, cabeça e pescoço; ✓ Náuseas; ✓ Epigastralgia: “dor na boca do estômago”; ✓ Diaforese: transpiração em excesso; ✓ Assintomáticos ou sinais atípicos → não ter dor ou ser localizada → neuropatia diabética em pacientes diabéticos Alterações no Eletrocardiograma ✓ Supra ou infradesnivelamento de segmento ST; ✓ Alteração de potencial elétrico na célula, por desnivelamento na concentração de íons cardíacos; Lu iza TXXXI ✓ Não fecha o diagnóstico de IAM, é complementar, pois outras doenças podem causar como miocardite viral. Alterações Laboratoriais ✓ Aumento dos níveis séricos dos marcadores cardíacos de lesão: - CK-MB; - Troponinas T e I (a partir de 4 horas, pico em 24-48 horas); - Mioglobinas. ✓ Necrose cardiomiócitos → autólise enzimática → rompimento de membrana → extravasa o conteúdo intracitoplasmático → aumento dos seus níveis séricos. ✓ Padrão ouro para determinar IAM, mas nenhum marcador é específico é preciso correlacionar sinais e sintomas do paciente e seus fatores de risco. Prognóstico ✓ O prognóstico é inversamente relacionado ao tamanho e ao tempo do infarto. - Tempo: quanto maior o tempo, mais necrose e maiores as complicações; ● Importância clínica (intervenção) e forenses (causa da morte, fator contribuinte); ● Critérios clínicos (exames, fatores de risco), macroscópicos (transplante, autópsia) e microscópicos (histologia).; - Extensão: quanto maior a área de necrose, mais complicações. ✓ Infartos grandes: - Maior frequência de arritmias e de complicações hemodinâmicas; - Maior risco de morte a curto prazo. ✓ Choque cardiogênico: - Ocorre quando o infarto afeta o V.E pois ele que mantém o débito cardíaco; - Ausculta patológica: estertores em base pulmonar → congestão na vasculatura e edema pulmonar. Infarto Agudo ✓ Em menos de 24 horas; ✓ Não tem alterações morfológicas pois as primeiras alterações são funcionais (demoram 60s após isquemia para ocorrer); ✓ Estriações verticais: bandas de contração; - Cardiomiócito entra em estado hipocontrátil em isquemia devido a falta de suprimento. Hemácias em maior quantidade pela hiperemia ativa do processo inflamatório. ✓ Hiperemia (halo hiperêmico): única alteração inflamatória, indicando que o infarto ocorre de maneira muito rápida. Infarto Subagudo: ✓ 1 a 3 dias: - Halo hiperêmico (hiperemia); - Cariólise por autólise (ausência de núcleos); - Infiltrado de neutrófilo (polimorfonucleares) (macrófagos Lu iza TXXXI recrutam por quimio citocinas para auxiliar na fagocitação do tecido necrótico); - Necrose coagulativa → mantém a estrutura tecidual. Halo hiperêmico na borda do infarto Cariólise, neutrófilos, necrose coagulativa ✓ 7 a 10 dias (transmural): - Infiltrado de macrófagos: fagocita cardiomócitos necróticos e sinaliza reparo tecidual, neutrófilos morrem após 3 dias e param de ser recrutados pois não tem mais tanto material extravasado pois estabilizam pela variação de pH, estão em estado de platô; - Tecido de granulação; - Risco de ruptura de parede do tecido de granulação → morte. Tecido de granulação: fibroblastos jovens, colágeno e macrófagos Infarto Cicatrizado ✓ Mais de 2 meses; ✓ Cicatriz; ✓ Hipertrofia compensatória. Lesão de Isquemia-Reperfusão ✓ Lesão miocárdica causada pelo restabelecimento da circulação após um evento isquêmico com consequente expansão da área necrótica; ✓ Borda da área infartada → cardiomiócitos em lesão celular reversível → restabelece circulação → não conseguem metabolizar o O2 → estresse oxidativo produzindo EROs; ✓ Influxo do cálcio intracelular; ✓ Regulação abrupta do pH intracelular; ✓ Inflamação; Lu iza TXXXI ✓ Transformação hemorrágica: ocorre por lesão microvascular → vasos se rompem → inunda a região com sangue → infarto branco vira infarto vermelho. Prognóstico do IAM ✓ Altas chances de infartar novamente e de morte; ✓ Causas de morte: - Insuficiência cardíaca: trombos que podem embolizar; - Arritmia; - Choque cardiogênico: ruptura do tecido de granulação; ✓ Outras complicações: - Insuficiência mitral; - Aneurisma ventricular; - Trombose intracardíaca. Morte Súbita Cardíaca Definição: colapso cardíaco súbito (arritmia cardíaca), que acontece após uma hora do início dos sintomas, na maior parte dos casos é instantânea e leva à perda de consciência em segundos. ✓ Primeira manifestação clínica da doença é a doença arterial coronariana (aterosclerose), em 50% dos pacientes. Patogênese ✓ Lactentes (até 6 meses): anomalias cardíacas congênitas, síndrome da morte súbita do lactente; ✓ Adultos jovens: - Cardiomiopatiahipertrófica: doença genética, ocorre o espessamento do septo interventricular por ondem passam as fibras de purkinje, aumentando as chances de arritmia; - Miocardites e endocardites; - Doenças vasculares e valvares; - Doenças infiltrativas e de armazenamento; ✓ Adultos: complicações agudas da aterosclerose → evento isquêmico coronariano agudo → arritmia cardíaca fatal → “infarto fulminante” , morte repentina; Morfologia ✓ Sinais inespecíficos; ✓ Jovens: hipertrofia do septo atrioventricular; ✓ Adultos: ruptura aguda de placa de aterosclerose; ✓ Eletrofisiologia: fibrilação ventricular e assistolia; Por que acontece com Atletas? Lu iza TXXXI ✓ Alta exigência muscular e cardíaca → aumento da FC e da ventilação pulmonar → desidratam causando alterações eletrolíticas → levam a um quadro de arritmia fulminante. Cardiopatia Isquêmica Crônica Definição: insuficiência cardíaca progressiva que desenvolve em pacientes infartados, onde há uma hipertrofia compensatória com cicatrização, tornando o miocárdio uma câmara incompetente; ✓ Complicações: - Infartos recorrentes; - Arritmias; - Descompensação de I.C.C. ✓ Morfologia: - Graus variados de hipertrofia; - Infartos cicatriciais. ✓ Miocardioesclerose: - Microinfartos clinicamente silenciosos. Insuficiência Cardíaca: Incapacidade do coração em manter o fluxo sanguíneo conforme as necessidades metabólicas, ou apenas através de elevadas pressões de enchimento; ✓ Aguda x Crônica: classificada de acordo com o tempo; ✓ Esquerda x Direita: - Esquerda: pulmonar; - Direita: sistêmica; ✓ Sistólica x Diastólica: - Sistólica: não mantém a sístole e nem o débito cardíaco → IAM, cardiopatias hipertensivas; - Diastólica: não mantém diástole/enchimento do coração e nem DB; ✓ Baixo débito x Alto débito: - Alto débito: hipertireoidismo e anemias profundas; ✓ Hemodinâmico: - Seco: sem sinais de congestão (sem edema); - Úmido: com sinais de congestão (com edema); - Frio: má perfusão (TPP); - Quente: boa perfusão (TPP). Perfil congestivo: - Edema; - Turgência vascular; - Fígado em aspecto noz moscada (ICC direita); - Células do vício cardíaco: macrófagos com hemossiderina (ICC esquerda). Lu iza TXXXI