Prévia do material em texto
Micobactérias são bactérias com uma produção de ácidos graxos de cadeia longa ramificados, extremamente raros, denominados de ácidos micólicos. Em destaque, estão as que causam tuberculose e a causadora da hanseníase (lepra – Mycobacterium leprae). ✓ Mycobacterium tuberculosis ✓ Mycobacterium bovis ✓ Mycobacterium africanum → São microrganismos intracelulares facultativos que infectam e proliferam-se no interior de macrófagos. São finos e ligeiramente curvos, aeróbias estritas e são consideradas fracamente gram positivas. Não possuem flagelos, não formam esporos, não produzem toxinas e não possuem cápsula. → Essas bactérias apresentam um crescimento muito lento. → A Mycobacterium leprae é a única até o presente momento que não é cultivada em ambiente laboratorial. existem quatro tipos principais de paredes celulares bacterianas: bactérias gram positivas, bactérias gram negativas, micobactérias e espiroquetas. → A parede celular microbiana é composta 60% de lipídeos que consistem basicamente de ácidos graxos, os denominados ácidos micólicos e também por arabinogalactano, conferindo à parede baixa permeabilidade, redução na eficácia dos antibióticos e favorecimento a sobrevida dentro dos macrófagos. → Alguns lipídeos da parede representam epítopos passíveis de reconhecimento pelo hospedeiro. retém fucsina básica pela parede celular, mesmo na presença de álcool e ácido, conferindo-lhes a designação de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR). Pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que integram o complexo: Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M. pinnipedi e M. caprae. → A espécie mais importante é a Mycobacterium tuberculosis (bacilo de Koch-BK). Sendo que a Mycobacterium bovis possui sua maior frequência na forma ganglionar e extrapulmonar. → Essa doença ficou conhecida no século XIX como a peste branca, é a principal doença infecciosa causadora de mortes em adultos. Roberto Koch que realizou os mais significativos e completos estudos sobre a doença. Ela possui um tratamento farmacológico eficaz quando descoberto a introdução da estreptomicina. realizado por via aérea em aerossóis de pessoas com tuberculose (TB) pulmonar ou laríngea que eliminam bacilos pela tosse, espirro ou perdigotos propelidos para o ar (bacilíferos), podendo permanecer em suspensão durante algumas horas → É uma doença altamente contagiosa ✓ Concentração de organismos em uma partícula exalada por uma fonte ✓ Sua característica aerodinâmica ✓ Taxa de ventilação e a duração da exposição. → Gotículas exaladas (gotículas de Pfluger) rapidamente se tornam secas e transformam- se em partículas menores. Essas partículas menores, chamadas de núcleos de Wells, contendo um a dois bacilos, podem manter-se em suspensão no ar por muitas horas e são capazes de alcançar os alvéolos, onde podem se multiplicar e provocar a chamada primo-infecção (primeira infecção). A maioria das bactérias e micobactérias não patogênicas são rapidamente mortas quando o fagossomo funde-se com lisossomos. Por outro lado, o M. tuberculosis permanece dentro dos fagossomos e a bactéria libera a PknG (proteína kinase G) para bloquear a fusão do fagossomo com o lisossomo. As bactérias não possuem o gen PknG sendo rapidamente transferidas para os lisossomos e eliminadas. em cerca de 95% dos casos, após aproximadamente 3 semanas de intensa multiplicação, o sistema imunitário suprime a replicação bacilar, geralmente antes que os sintomas ou sinais apareçam. Focos dos bacilos no pulmão ou em outros locais se transformam em granulomas de célula epitelioide, que podem ter centros caseosos e necróticos. Bacilos da tuberculose podem sobreviver nesse material durante anos, o equilíbrio entre a resistência do hospedeiro e a virulência microbiana determina se a infecção essencialmente desaparece sem tratamento, se permanece dormente ou torna- se ativa. → Focos infecciosos podem gerar cicatrizes fibronodulares (focos de Simon, que costumam resultar de disseminação hematogênica a partir de outro local da infecção) ou pequenas áreas de consolidação (nódulo de Ghon). Um nódulo de Ghon com envolvimento de linfonodos é um complexo de Ghon que, se calcificado, é chamado complexo de Ranke. indivíduos rígidos infectados pela Mycobacterium tuberculosis têm aproximadamente 5 a 10% de risco durante a vida de desenvolver doença ativa (podendo variar significativamente de acordo com a idade e outros fatores de risco). Em 50% a 80% dos que desenvolvem a doença ativa, a tuberculose reaparece dentro dos dois primeiros anos, mas também pode ocorrer décadas depois. Qualquer órgão inicialmente infectado pode tornar-se um local de reativação, mas esta ocorre com frequência nos ápices pulmonares, presumivelmente por causa das condições locais favoráveis como alta tensão de oxigênio. Nódulos de Ghon e linfonodos hilares afetados têm muito menos probabilidade de serem locais de reativação. Doenças que comprometem a imunidade celular (essencial para a defesa contra a TB) facilitam significativamente a reativação. Assim, pacientes co-infectados pelo HIV e que não estão recebendo TARV apropriado têm risco anual aproximado de 10% de desenvolver doença ativa. resposta de hipersensibilidade tardia (tipo IV) ▪ tuberculose pulmonar ▪ Tuberculose extrapulmonar: o Forma pleural o Forma ganglionar o Forma meningoencefálica o Forma osteorticular ▪ Diagnóstico bacteriológico: o Cultura para micobactéria, identificação e teste de sensibilidade o Teste rápido molecular para tuberculose (TRM-TB) o Adenosina deaminase (ADA). ▪ Diagnóstico por imagem: o Radiografia de tórax o Tomografia computadorizada de tórax o Outros exames de imagem na avaliação de tuberculose pulmonar e extrapulmonar: ✓ A tomografia por emissão de pósitrons (PET) ✓ A cintilografia pulmonar ventilação-perfusão ✓ Tomografia computadorizada (TC) e a ressonância nuclear magnética (RNM). ▪ Diagnóstico histopatológico → A tuberculose mais a HIV resulta em alta letalidade. → Aumento dos casos resistentes aos medicamentos → Concentração da doença em populações vulneráveis. ▪ Infecção por HIV é o principal – 10% de todos os HIV positivos estão infectados. ▪ Sem teto, pobreza. ▪ Desnutrição ▪ Uso de drogas IV ▪ Alcoolismo ▪ Diabetes ▪ Tratamento prolongado com corticosteróides imunossupressores ▪ Contato intimo com muitas pessoas (prisão, escolas, enfermarias, etc.). → Os bacilos podem permanecer como latentes (infecção latente pelo M. tuberculosis – ILTB) por muitos anos até que ocorra a reativação, produzindo a chamada TB pós- primária (ou secundária). Em 80% dos casos acomete o pulmão e é frequente a presença de cavitação. A reinfecção pode ocorrer se a pessoa tiver uma nova exposição, sendo mais comum em áreas onde a prevalência da doença é alta. → A infecção prévia pelo M. tuberculosis não evita o adoecimento, ou seja, o adoecimento não confere imunidade e recidivas podem ocorrer. →Nenhum sinal ou sintoma característico. →Normalmente queixas inespecíficas: ▪ Comprometimento do estado geral ▪ Febre baixa vespertina com sudorese noturna ▪ Inapetência ▪ Emagrecimento. →Quando a doença atinge os pulmões: ▪ Pode apresentar dor torácica ▪ Tosse produtiva, com escarro com ou sem sangue. Um indivíduo bacilífero pode infectar entre 10 e 15 pessoas/ano Tosse com mais de 3 semanas = sintomático respiratório → Vacina BCG (bacilo Calmette-Guérin): ▪ Cepa viva, atenuada de Mycobacterium bovis ▪ Dose única ao nascer, intradérmica. padronizado e com duração de 6 meses (esquema básico). Nos dois primeiros meses (isoniazida, rifampicina e pirazinamida e etambutol), nos quatro últimos meses apenas isoniazida e rifampicina. → O tratamento é responsabilidade exclusiva do setor público desaúde. é uma doença infectocontagiosa de evolução lenta, com manifestações dermatoneurológicas, podendo levar a incapacidade física e deformidades. → Realizadas biópsias de lesões cutâneas recebendo o nome de hanseníase ou mal de Hansen. → É uma infecção crônica → Possui baixa transmissão: ▪ Ocorre, basicamente, por via respiratória (secreção nasal de pacientes bacilíferos – hanseníase lepromatosa). Pode ocorrer por meio de contato com solo contaminado, embora não se tenha contestado ser um reservatório. → Não é cultivável in vitro → Possui uma alta prevalência no Brasil, Índia e Indonésia. → Manifestações principalmente na pele e nos nervos periféricos (lesões hipopigmentadas, hipostésicas e não pruriginosas). → A terapia multimedicamentosa é eficiente. tem a morfologia semelhante ao M. tuberculosis (bacilos retos ou ligeiramente encurvados). São BAAR+, são não móveis e não produzem esporos, não é cultivável em meios de cultura ou culturas celulares, possui afinidade por células cutâneas e por células dos nervos periféricos. principalmente pela pessoa doente eliminando o bacilo para meio, pelas vias aéreas superiores. É necessário contato direto, ou seja, contato constante com uma pessoa infectada, portanto é necessária uma exposição prolongada ao microrganismo. ▪ Aparecimento da doença – relação parasita/hospedeiro (2-7 anos) ▪ Afeta todas as idades e ambos os sexos, sendo mais frequente em homens (2:1) ▪ É rara em crianças – período longo de incubação da bactéria ▪ Risco acrescido – condições individuais e condições socioeconômicas ▪ Predisposição genética – genes de susceptibilidade comprovados. são observadas em todas as formas da doença e podem ser: ➢ Lesão direta: o As células de Schwann formam uma unidade funcional com os axônios dos nervos periféricos o Lâmina-2 funciona como uma molécula-ponte entre a bactéria e a célula que é internalizada. o Ocorre desmielinização direta dos nervos periféricos o Pode ocorrer a morte por apoptose das células de Schwann e neurônios. ➢ Resposta imune: inflamação com produção de citocinas pró-inflamatórias (TNF-alfa, IL- 1, IFN-gama). →Laboratorial →Baciloscopia – coloração de Ziehl-Neelsen – raspados de pele, mucosa nasal ou amostras de biópsia da pele do lobo das orelhas. →Apoio ao diagnóstico clínico – pesquisa de sensibilidade nas lesões. →Teste de lepromina ou Mitsuda (apenas para lepra tuberculóide), leitura feira após 28 dias.