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Como fazer tese em saúde pública

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00\ ,L{2
l' ~~~,0
CONSULTA
VEDADOEMPRÉSTIMO
Como fqzerteses
em sqúdepúblicq
conselhose idéiasparaformular
projetos e redigir tesese
informes de pesquisas
2i!Reimpressão
FedericoTobar
MargotRomanoYalour
Tradução
MariaÂngelaCançado
EDITORA
f]i
~
Sum~rio
PrefácioàEdiçãoBrasileira""'''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''' 9
Prólogo """""""""""""""'''''''''''''''''''''''''''''''''''' 11
ParteI - O Projeto
1.DaArteà Ciência ""''''''''''''''''''''''''''''''19
2.DaDúvidaaoProblema 33
3.DoProblemaaoProjeto 47
Parte 11- APesquisa
4. Do ProjetoàAção ""'''''''''''''''''''''''''''''''''' 85
5.ACaixadeFerramentasdoPesquisador'"'''''''''''''''''' 95
6. HipóteseseVariáveis"'''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''' 111
ParteIII - O Informe
7. DaAçãoàRedação 131
Anexo - Como Continuar? ""'''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''' 157
Pref~cio~ Ediç~o
Br(15iIeir(1
Em muitoboahoraa EditoraFiocruzresolveupublicarempor-
tuguêsComoFàzerTesesemSaúdePúhlica,deFedericoTobare
MargotRomanoYalour.Osestudantesbrasileirosdesaúdepública
careciamdeummaterialcomoesteque,antesdetudo,desmÍstifica
asdificuldadesdedesenvolverumtrabalhocientíficodequalidade.
Comoapontamosautores,asdisciplinasdemetodologiadapes-
quisanoscursosdepós-graduaçãosão,emgeral,umapanhadode
múltiplasquestõesoriundasdaepistemologia,dalógica,daestatísti-
ca etc.- muitoimportantesparaa formaçãoglobaldo pós-gra-
duando-, semdúvida,masqueraramentecumpremcomoobjetivode
serumguiapráticoqueacompanheo estudanteemtodasasfases
derealizaçãodeumapesquisaatéa produçãodotrabalhofinal.
Em umalinguagemsimples,coloquial,estelivroinduzo estu-
dantea iniciar-senestalindaarte,maisdo queciência,queé o
processodesecolocara indagaçãoinicialdeumproblema,passan-
dopelaformulaçãodamaneiradevê-Ioe resolvê-Ioe, finalmente,
transmitiraosseusparestodososachadosidentificadosnotranscur-
sodapesquisacientíficadequalidade.
Organizadoemtrêspartesesetecapítuloslogicamenteencadea-
dos,estáricamenteilustrado,paracadafase,comexemplosdees-
tudosepesquisaslevadasa cabo,emanosrecentes,porestudantes
brasileiroseargentinoseminstituiçõesdosdoispaíses.Porissomes-
mo,cresceseuvalor,enraizadoqueestánasnossascondiçõesreais
dedesenvolvimentodapesquisaemsaúdepública.No anexoofere-
ceumainteressanterelaçãodefontesmetodológieasparaváriosra- 9
mosdo complexocampoda saúdepública,reunindoreferências
nacionaise internacionais,como cuidadodeselecionartextosem
português,espanhole inglês,numamélangedeexperiênciase idio-
masquesófazenriquecera publicação.
FedericoTobarjá ébemconhecidodo leitorbrasileirodocam-
po dasaúdepública,porsuaspublicaçõesnasáreasdeeconomia
dasaúdeesistemasdesaúde.Na suapassagempelaEscolaNacio-
naldeSaúdePública,mostrou-seuminquietoeorganizadoinves-
tigador.Só amadureceuemsuatrajetóriaacadêmicapor institui-
çõesargentinas.
Saúdocommuitasatisfaçãoo lançamentodestelivro,quecerta-
mentepreencheumalacunaimportantena- paraorgulhodetodos
nós,militantesdaárea- já extensaemuitoqualificadabibliografia
de saúdepúblicaqueestepaís acumuloudesde1975, como
surgimentodo CEBES,e quefoimagnificamentecontinuadacomo
surgimentodaÁBRi\SCOesualinhaeditorial,a partirde1979e,mais
recentemente,daeditoradestaCasa,quesurgiuem1994.
Paulo MaI"chioáBuss
PresidentedaFundaçãoOswaldoCruz
10
Prólogo
Um livro é umacoisaentreas coisas,um volume
perdidoentreosvolumesquepovoamoindiferente
universo,atéqueencontraseuleitor,ohomemdesti-
nadoaseussúnholos.Ocorreentãoumaemoçãosin-
gularchamadaheleza,esselindomistérioquenema
psicologianema retóricadecifram...Oxalásejaso
leitorqueestelivroaguardava.
JorgeLuisBorges
Prólogoderivadepro (para)e logos(conhecimento),éjustifica-
tivadoquevemdepois.Esteéumlivrosobrepesquisacientífica,eo
quevemdepoisdeveriaseraquiloquenós(osautores)sabemos
sobreossegredosdapesquisacientífica.
Alguémnossugeriuumavezquefizéssemosumlivrocomo título
"Ossegredosda pesquisa".Masdesistimos,aoverificarmosque,na
realidade,carecíamosdequalquersegredometodológicoquemere-
cesseserdivulgado.Dispomos,sim,deumconjuntode'dicas'esuges-
tõesquepodemfacilitara vidaou,melhordizendo,o trabalhode
quemsedisponhaa iniciarumapesquisacientíficapelaprimeiravez.
A idéiaoriginalerachamarestelivro"Comopesquisar",o que
nospareceuumtítuloeficiente,maspoucooriginal.O quemantive-
mosdestaprimeiraidéiade títuloé queseo 'como'é o logos,o
pro-Iogosdeveriaser:'o quê?','porquê?'e 'paraquê?'.Entãoo
prólogodestelivrodeveriaexplicaremqueconsisteo livro,porquee
paraquefoi escrito.De fato,a ciênciasepreocupacomo 'como'
dascoisas,e sea pesquisaé a formadefazerciência,então,como
pesquisarsepoderiatraduzirem'comofazercomo'. 11
Custou-nosdesistirdoprimeirotítulo,já queeracurtoegráfico.
Alémdomais,umadascaracterísticasdalinguagemcientíficaéque
elaprivilegiaa exatidãoemdetrimentodaoriginalidade.Chegamos
a pensarqueerapoucocientíficoconsiderarinadequadoum título
pelosimplesfatodesermuitorepetido.Entãonossurpreendemos
comduascoisas.Primeiro,semnosdarmosconta,já estávamos
pesquisandode novo,postoque estávamosproblematizando,
tematizandoou dissertandosobreestelivroc seutítulo.Segundo,
estávamosfazendoum livrosobreciência,masnãoestávamosfa-
zendoumlivrocientífico.
Queparadoxo!Fazerumlivronãocientíficoqueversesobrecomo
fazerciência.É queacreditamosque,no campoda atividadeda
produçãocientífica,o conhecimentoé o produto,e o métodoé o
caminhooua formaparasechegara esseproduto.O métododeve
sercientífico,masa formadeensinar,detransmitiro métodonão
temporqueo ser.
Nãoháumcaminhoúnicoqueconduzaaoconhecimento.Cada
pesquisaadmiteum conjuntodealternativasparachegara bom
termo.Nãoháumasóalternativaenãohásequerumaformaindis-
cutivelmentemelhorde pesquisar.Entretanto,quemcomeçaa
pesquisarcomfreqüênciasentequeenfrentao enormedesafiode
encontrar'o' método,o 'único'caminho,queo levea desenvolver
12
corretamenteseusprojetos.
Osdesafiosquevãosurgindoatuamsobreo investigador,trans-
formando-o.Assim,um esbeltoe onipotenteHércules,quevaloro-
samenteenfrentaastarefasqueosdeuseslheencomendaram,con-
verte-seemumlânguidoQuixote,quesedebateinternamentecon-
traosmoinhosdevento.A solidãoéumdosmaioresdesafiosenfren-
tadospelopesquisador,e, umavezembarcadono p~ojeto,poucos
serãoosquepoderãoaconselhá-lo'''sigaporestecaminho","nãose
preocupe".Astentações,asconfusões,podemlevá-loa desistir.Ou,
parafraseandoOctavioPaz,ficadifícilsustentaruma"versão"entre
tanta"di-versão"e tanta"per-versão".
O conhecimentocientíficoéobradoshumanose,entretanto,ad-
quiriuvidae relevânciaalémdoshomens.No transcursodevários
séculos,o conhecimentocientíficofoi seerguendocomoummonu-
~
-,
~
'-o
"
/
mentocujaimagemnoscausa,aomesmotempo,admiraçãoe sen-
saçãodeesmagamento.Masestemonumentoconstruídopelosho-
mensnãoéumatorre,massimumlabirinto,eaindanãosedesco-
briuumverdadeirométodocientíficoparasairdele.
Em outraspalavras,acredi~amosquenãoháummétodocientí-
ficoparaencontraro métodocientífico.Nossapropostaconsiste,
então,emtiraro pó daciência,emtirá-Ia desuacaixa.Queremos
proporaosleitoresquedesenvolvamprojetosmenosrigorososemais
passionais.Queremospensara produçãodo conhecimentocomo
umaarte,aindaquesetratedeconhecimentocientífico.Nãoenun-
ciamosregras,nemsequernormas,limitamo-nosa sugerir'dicas'
Comoumaobradearte,umapesquisasealimentadepaixão,não
fazdelaseuinsumoprincipal,maséporelaqueselevanta,seani-
ma,quetomavidae sentido.
Osautoresdestelivrosãopesquisadoresdeofício.Comoocorria
nosgrêmiosmedievais,herdamosde nossospaisestavocaçãoe,
durantegerações,trabalhamosnelacomoumadeliciosacondena-
ção,sema ambiçãonema tentaçãodemudardeofício.No trans-
correrdenossastarefas,fomosprotagonistasdemuitosprojetosde
pesquisa.Algunschegarama bomportoe outrosnaufragaramem
diferentespontosdocaminho.Mas,comoemtodoofíciomedieval,apartirdeumdeterminadomomento,exigiu-nosquededicássemosuma
partecadavezmaiordenossosesforçosa 'professar'.Ou seja,a ex-
pandirnossacapacidadedetrabalhoatravésdaprédicaedainstrução
aoutrossobrecomoprocederemcadasituação.Destemodo,alémde
sermosprotagonistasdenossaspesquisas,passamosa serespectado-
resdeumnumerosoconjuntodepesquisasdeterceiros.
Nessaatividade,coletamosexperiências,elaboramosparecerese
adquirimosmanhasepreconceitos.Estelivrosurgemaisdosúltimos
doquedosprimeiros.Nelederramamosmaisnossasmanhasepre-
conceitos,emformadesaberprático,doquenossosconhecimentos,
emformadedoutrina.
Iniciamosa redaçãodolivrocomo mesmoespíritodaqueleque,
havendovisitadorepetidasvezesumaregião,confeccionaum guia
doviajanteparafacilitaro caminhodosquesepredisponhama se-
guirosseuspassos.Nossastarefascomopesquisadorese comopro- 13
14
fessoresnosmostramàsvezesa necessidadedenosconvertermos
emterapeutasdospesquisadoresmaisnovos.Descobrimosque,para
conquistarresultados,devemosinvestirpartedenossotempoeenergia.
emajudarosalunos,orientandoseassistentesa superaro bloqueio,
osmedosea ansiedade.Provavelmente,hápoucosobjetosouativi-
dadescomtantopoderdenosmobilizarcomoumatese,que,em
instantes,écapazdefazerseuautorpassardaonipotênciaabsoluta
à impotênciatotal.
Quandoumalunodepós-graduaçãosevêanteo desafiodere-
digirsuatese,experimentaumagrandeconfusão.Atualmente,a
maioriadascarreirasuniversitáriasdedicaumapartereduzidados
currículosa formarseusalunosemmetodologiadapesquisa.Como
a formaçãodepós-graduaçãostritosensu(mestradosedoutorados)
requerqueo alunoelaboremonografias,dissertaçõese teses,a falta
deconhecimentosmetodológicossetomaangustiante.O problema
aumentaquandoo pós-graduandoverificaque,sobo títulode
"Metodologiadapesquisa"seformulaumaamplasériedequestões
queincluemelementosdeepistemologia,estatística,lógica,mate-
mática,lingüística,às quaisseagregaum conjuntodetécnicase
instrumentosqualitativoselaboradospelasciênciassociais.
A pesquisarseaprendepesquisando,e elaborarumatesenão
exigequeoalunoseconvertaemumespecialistaemmetodologia.O
importanteé queo pesquisadorconheçaasopçõespossíveise se
aprofundeatéondesejanecessárionaquelastécnicasquesemos-
tremmaisadequadasaoproblemaselecionado.Por exemplo,não
fazsentidoparaquempensaemfazerumestudodalegislaçãocom-
paradadedicarboa partede seutempoa estudartécnicasde
processamentoestatístico,da mesmaformaquenãovalea pena
paraquempropõeum experimentotradicionalpreocupar-seem
conhecertécnicasdeanálisedodiscurso.
Osalunosdepós-graduaçãosãoprofissionaisformados,especi-
almentenaAméricaLatina,ondea idademédiadessesalunosé
muitosuperiora deoutrospaísescommaiortradiçãoacadêmica.
Em geral,nãosãofrágeis,sãoárvoresmadurasquesequeremcon-
solidarnoterreno.Algunsbuscamessaconsolidaçãoatravésdasua
copa,elevando-separacaptarmaisluzsolar.Outros,aocontrário,
buscamessecrescimentoabaixo,aprofundandosobo terreno,crian-
doraizes.Osprimeirosbuscamaqualificação;ossegundos,a especi-
alização.Têmmuitascoisasemcomum,entreelasosrequisitosaca-
dêmicosquedeverãocumprir,mastêmcaracterísticasmuitodiferen-
tesquederivamdesuaatitudediantedoconhecimento.Estaatitude
diferencialserevelamaisdoquenuncanahoradeformularuma
pesquisa,porquepesquisaréjustamenteproduzirconhecimento.
Como lei" este I iVi"O
Estelivronãotema intençãodeserummanual,masumguia,
nãoapresentanormas,masumconjuntodesugestõese recomenda-
ções.Comcerteza;nãoserásuficienteparaelaborarumapesquisa,
masconfiamosqueajudaráaquemempreendaestaaventuraa sen-
tir menosmedode seperder.O leitorencontraráum conjunto
deidéiaseorientaçõessobreo quesignificarealizarumtrabalhode
tese,comoorganizá-Io,planejá~loe redigi-lo.O livrofoi redigido
tendocomoobjetivosconseguirajudarosleitoresa:
1. desenvolverumprojetodepesquisa;
2. formularcomprecisãoo problemadeestudo;
3. identificarasestratégiasmetodológicasadequadasparaa re-
soluçãodoproblema;
4. formularhipótesestestáveisempiricamente;
5. incorporarformascriativase inovadorasdeoperacionalização
e medição;
6. integraro conhecimentoteórico-conceitualcoma estruturados
dadosutilizados,sejamestesnuméricosou lingüísticos.
A primeiraparteapresentaum h'1liaparaa estruturaçãodeum
projetodepesquisa.O projetoéoprincípio,agênese.Sugeriu-seque
o princípioé a metadedotodo,demodoquea formulaçãodopro-
jetotemumcaráterestratégicoparaodesenvolvimentofinaldapes-
quisa.Entretanto,cremosqueé maisdo queisso,o projetoé a
concepção;a gestação,a gravidezdapesquisa.Estaparteapresen-
15
ta umconjuntodeorientaçõessobrecomointerpretarcadaumdos
componentesdopr~jetoe assimcomeçara estruturá-lo.
A segundaparteabordaa questãodoplanejamentodasativida-
des.Temcomoobjetivoapresentarao leitorum menudeopções
técnicasemetodológicasparapromoveracaptaçãoeoprocessamento
dosdados,convertendo-oseminformaçõesúteis.
A terceiraparteapresentaumconjuntodeidéiaseesquemasde
redaçãocientíficaquepodemserúteisparaaconfecçãodeinformes,
monografiase teses.Por último,anexa-seumabrevebibliografia
comentadasobremetodologiadapesquisa,quepretendeorientaro
leitorsobreondebuscarparaaprofundarasleiturassobretécnicas,
métodose tiposdedesenhos.
Algunsdosexemplosutilizadosforamextraídosdeteseseproje-
tos.OutrosforaminspiradosnosresumosincluídosnoLUAcs(Lite-
raturaLatino-AmericanadeCiênciasda Saúde)e no Catálogode
TesesemAndamentoqaEscolaNacionaldeSaúdePública/Fiocruz.
Porém,osexemplosdepesquisasaquiincorporadospodemnãorefletir
a verdadeiraintençãodeseusautores.Foramincluídosparafor-
necerexemplosconcretossobretesespossíveisno Brasil,e pedi-
mosdesculpasse,porventura,distorcemoso sentidooriginalde
seustrabalhos.
16
o Projeto
ParteI
D~Arte ~ Ciênci~
Aindaquepareçacontraditório,apesquisacientíficaconstituium
empreendimentoartesanal.Nãohá um caminhoúnicoparatoda
pesquisa,existemmúltiploscaminhos,existemmúltiplospontosde
chegada.Pesquisaré viajar,partirembuscadoconhecimento.Ge-
ralmente,quandoseiniciaaviagem,nãosesabecomexatidãoaon-
desechegará.Por issonãosepodenormatizara pesquisa.Assim
comonosofíciosartesanais,existemtécnicas,existemmétodose
existeminsumos.Cadaum delesapresentavantagense desvanta-
gensqueo artesãodainformaçãodeveráavaliar,tentandoescolher
o maisadequado.
Arte e ciênciq
A ciênciaassumecomomissãoalcançaro conhecimentooumor-
rerno intentodeaIcançá-1o.Astentativasfracassadasdedescober-
tascientíficasnãooutorgamfama,glórianemdinheiroa seusartífi-
ces,mastambémcontribuemparaa buscado conhecimento.Os
quevieremdepoissaberão,pelaexperiênciaalheia,seconvémse-
guirporaquelecaminhoounão.Porisso,emciência,costumamser
tãoimportantesosprocessosquantoosresultados.Tão importante
quantochegarà verdadeé encontrarformasdemedi-Ia.
Na arte,nãohá a pretensãodereplicação.A obradeumartista
nãosejustificapelastécnicasempregadas,maspeloresultadoalcan-
çado.Mas o importantenãoé que- no casode existirem- asregras
Capítulo1
o métodoé o
caminhoparao
conhecimento
19
da criaçãoartísticasejammenosexplícitas,menosrigorosase mais
subjetivas.A principaldiferençaentreasformasdeproduçãodaartee
daciênciaéapreocupaçãodestaúltimacomacontinuidadedabusca.
Essapreocupaçãopelacontinuidadelevaforçosamentea uma
sensibilidadeplural.ComoafirmavaClaudeBernard:"a artesou
eu,aciênciasomosnós".A comunidadeacadêmicadificilmentetole-
raráumtrabalhodepesquisaquecomecee telmineemsi mesmo,
quenãosepreocupeemrevisaro queosoutrosfizeramantessobre
o tema,nemseesforceemfacilitarocaminhodequemvenhadepois
a continuara investigação.
Teot".iêle método
Afunçãodo
projetoédar
garantiasdeque
sechegaráao
destino
20 .
f----
L
Métodosignificacaminho,métodoseramosmarcosdasestradas
naCréciaantiga.FerraterMoradizquemétodosignificaliteralmen-
teperseguição:"O métodoé,então,umprograma,masumprogra-
madirigidoà obtençãodosaber,atravésdo qualo métododeve
distinguir-sedequalqueroutroprocedimentoeujafinalidadenãoseja
a obtençãodosaber".!A questãodométodoéumaquestãodepro-
cedimentos,nãodeatéondeavançar,masde comofazê-Io,de
quaissãoasformasquepermitemaopesquisadordesviar-semenos,
perdermenostempoc energia.O métodonãogaranteosresultados,
massimo acessoaosmesmos.
Na pesquisacientífica,o métodoéumcaminhoiluminadopor
uma teoria.Teoriasignificaver.Não há trânsitopossívelsem
integrarteoriae dadose vice-versa,e istoé conseguidoatravés
deum método.
Pesquisaré perguntar,incorporar-seaodesconhecido,é buscar
domesticara ignorância.Nãoéencontrarasrespostas,masmelho-
rarasperguntas.A maioriadosgrandesdescobrimentosforamres-
postasà perguntaqueosmotivou.A ciêncianãoavançacomres-
postas,mascomperguntas.Colombodescobriua Américabuscan-
doumnovocaminhoparaoOriente.O mesmoaconteceucomgrande
1 Ferrater Mora, J. Diccionario de Fílosofía. 2.ed. México, D.F: Editorial Atlante, 19+t
partedosdescobrimentoscientíficos.Os epistemólogoschamama
issoserendÍpÍtyouconseqüênciasimprevistasdepesquisa.
Quandocomeçamosumapesquisa,temosumaleveidéiadeaonde
queremoschegaremuitopoucasgarantiasdequeo conseguiremos.
Aí estáa importânciadoprojeto:é eleo guia,o mapaquenosdá
garantiasdechegara um lugarqueserá,pelomenos,próximoou
similarao quebuscávamos.Masessemapa,esseguia,nãofoiútil
apenasparaColombo,mastambémparaIsabeldeCastela,a qual,
compartedassuasjóias,financioua expedição.
O pesquisadorqueiniciaumprojetonãonecessitaconhecer
todososmétodospossíveis,assimcomoo exploradorquepartede
um lugarnãoprecisaconhecertodososcaminhos.Precisaapenas
dispordealgunssinais,dealgumasferramentasquelhepermitam
avançare seorientar.Em muitoscasos,ospesquisadores,comoos
caminhantes,"fazemo caminhoaocaminhar...".
o queé umqtese?
Tesesignificaposição,éumatomadadepartidoparasolucionar
um problema,o problemadapesquisa.Fazerumateseé sustentar
umaposiçãoa respeitodeumadeterminadaquestãoemumadeter-
minadaáreado conhecimento.Daí derivaseucaráterderequisito
máximoparaalcançarumaposiçãoacadêmica.Sustentarcientifi-
camenteumaposiçãoimplicademonstrarumadeterminadahabili-
dadequeécaracterísticados'mestres':a habilidadededissertar.
Umateseacadêmicaé,emsíntese,aabordagemcientíficadeum
problemadeconhecimento,queenvolvenecessariamenteumapes-
quisa,ainda que amesmasejaexclusivamenteteórica.A formação
acadêmicaé talveza únicaáreadeatividadequeconservaquase
2 "Estesúbitobrotardepercepções,e!>1ruturasinteleduaisevisõesdaronsciênciasquesem
dúvidanãoseteriamreveladonamenteronscientc,seestanãoestivesseocupada,masde
<:ujagestãonãotivemosnotícias.Apalavrasen~ndJÍ1ityfoiinventadaem1724,porHorace
Walpole,quesebaseounocontoorientaldaprincesade'serenidade',quetinhatrêspreten-
dentesetlueacadaumdelesdeuumatarefaquaseimpossível.Ostrêsfracassaram,mas,
nodecorrerdeseusesforçosheróicos,cadaumdelesrealizoualgoaindamaismaravilhoso"
(White,L. MaehineexDeo:latecnologíay Iaeultura.Méxiro:Ed. Asociados,1973,p.32).
Tesesignifica
posição
21
intactoomodelodeproduçãomedieval.Parapassardacondiçãode
aprendizà demestre,o únicocaminhopossívela serpercorridoé
confeccionarumaobra-mestra.Em outraspalavras,o alunopreci-
sadesenvolverumprodutopeloqualosmestreso reconheçamcomo
par.Porestemotivo,natradiçãoacadêmicamaisestrita,a tesedeve
sérdefendidadiantedeumabancadenotáveis.
o queé um'1monogr'1fi'1?
Uma monografia
é umaabordagem
sistemáticade um
temaque não
precisa necessaria-
mentemarcar
umaposição
r
otermomonografiaderivadogrego1110110(um)e8Tapho(es-
crever).O trabalhomonográficoé um textoquev~rsasobreum
temaparticular- umaabordagempontual.A monografiaé apenas
umacontribuição,nãopretendeesgotara discussão.Aindaqueo
termoadquirano usocotidianomúltiplasacepções,o utilizaremos
aquiemsentidorestrito.
Umamonografiatematiza,maso fazatravésdepostulados,de
silogismos,ouseja,nãoapenasrequerquesesaibao quesequer
dizer,mastambémo quenãosevaidizer.JeanJacquesRousseau
diziaquesepredispunhadeformamuitodiferenteparaescrever
umacartaouparaescreverumlivro.Antesdecomeçarumtrata-
do, dedicavamuitotempoa meditarsobreo queeraimportante
dizer.Ao mesmotempo,esteautorironizavaquecomeçavauma
cartasemsabero queia dizere terminava-asemsabero que
haviadito.
Umamonografiapodecoincidircomum experimentoou asse-
melhar-sea ele.Por exemplo,pode-sefazeruma monografia
sobrefatorescondicionantesda mortalidadeinfantilna Baixada
Fluminense,em quea principalfontede informaçãoseriaum
conjuntode registrosde mortalidade.A partir dessesregistros,
poder-se-ia,talvez,controlaroutrasvariáveis,tais comonível
nutricionalda criança,lugarde residênciada família,nívelde
instruçãodamãe,empregodochefedefamíliaetc.Se,combase
na análisedeumaamostraconsistentee representativa,severi-
ficaqueexisteumacorrelaçãomensurávelentrea mortalidade
infantildeumaregiãoeessastrêsvariáveis,seestáaplicandoum
desenhode pesquisaquaseexperimental.Entretanto,o informe
quegeraestetrabalhocientíficosomentese converteem uma
monografiaquandoele:
1. incluiantecedentesdetrabalhossimilaresanterioresouo
estadodaartedotemaabordado;
2. descrevecomprecisãoosconceitosouvariáveisutilizados
eanalisa,ouaomenosenuncia,categoriasanalíticas,variá-
veis,dimensõesou indicadoresalternativos;
3. explicitaashipótesesdetrabalho.
o queé um ensqio!
As fronteirasentremonografiae ensaiopodemchegara ser
muitosutis.Uma monografiapodecoincidirou assemelhar-sea
um ensaio.Entretanto,esteúltimoé umaformade redaçãopró-
priadafilosofia,daliteraturaedacríticadearte.Ou seja,daquelas
formasdeculturanasquais,aindaqueexistamtécnicase métodos
detrabalho,autilizaçãodosmesmoscontinuasendopredominante-
menteartesanal.Todavia,o queé importantedistinguiraquié a
distânciaentrea monografiacientíficae o ensaiojornalístico.As
monografiastêma pretensãodeseconstituiremensaioscientíficos,
istoé,deapresentara informaçãodeformasistemáticaepossívelde
serverificada.Um componentefundamentaldeumamonografiaéa
sualógica.O fundamentalnãoé a pessoaqueescreve,masqueo
resultadosejacoerentee respondaa umauniformidadedecritério.
JoséOrtegay Gasset;um dosgrandesensaístasdo séculoXX,
defineo gênerocomo "a ciênciamenosa prova explícita",
enfatizandoquenãosetratadeumaconcessãoa um públicoin-
cultooudesinteressadoa quemsedeveatraircomrecursossedu-
tores.O ensaio.éumaexigênciada própriaíndoleda meditação
filosófica.Lembre-sequesetratado meiodeexpressãocaracte-
rísticodamodernidade.
23
Umensaio
implicauma
tomadadeposição
sobreumtema
masnãoexige
suacomprovação
segundoo
métodocientífico
o ensaioenvolveumatomadadeposiçãoc!iantedo temaou
objetodemeditação.Explicitaasubjetividadedeseuautoreocom-
promete.É umexercícioClíticodeprocura,eo queseprocurasão
maneirasnovasdeolharascoisas.,
Porestemotivo,o ensaioé sempreexploratório.Ensinaa vere
,convidaa olhardeoutraforma.Masape?a.~conseguevera paisa-
gemquemtransitapelocaminhoou o percorre.:!Destaforma,o
ensaiovaiseaproximandodoexperimento.
Concluindo:serámaisfácilparaquemtransitoupeloscaminhos
doensaioavançaratéumamonografiadoqueo contrário.Poreste
motivo,tentarescreverum ensaio,experimentarnovasformasde
. abordarumtemapodeconstituirumexcelenteexercícioparainiciar
umapesquisaqueconcluaemumateseoumonografia.
o quec\iferenciêlumêltese
de umêlmonogrêlfiêl?
Um conjunto
articuladode
monografiaspode
chegara constituir
umatese
24
Freqüentementedistinguimosumamonografiadeumatesepor-
quea primeiradevecumpriro requisitodaoriginalidade,derepre-
sentarum avançono estadodo conhecimentocomrelaçãoa um
tema.A monografiapodeconsistirapenasnarevisãoe sistematiza-
çãodesseestadodeconhecimento.Umatesenãosepodelimitara
um conjuntoderesenhasbibliográficassemo aportedenenhuma
hipóteseoumétododetratamentoouanáliseda informação.Uma
monografia,sim,podelimitar-seaisso.
Umatesepodeincluirumconjuntodemonografias,masissonão
implicaquequalquerconjuntodemonografiasconstituaumatese,
nemmesmonoscasosemqueo temasejasempreo mesmo.
Em termosestritos,a distinçãoestánoâmbitodosobjetivoS'for-
mulados;asmonografiasemgeralpropõemobjetivosdemenoral-
cance.Comfreqüênciaosprofessoresresponsáveispordisciplinasde
pós-graduaçãopedemaosalunos,comorequisitoparaaprovação,
3 Cerezo GaIan, P. Meditaciones dei Quijote o eI estilo dei heroe. In: Molinuevo, J. L. et a\.
(Coord.) Ortega.v IaArgentina. Buenos Aires: Fondo de Cultura Económica, 1997.
a elaboraçãodemonografiasemqueestabeleçamumarelaçãoen-
treosconteúdoseabibliografiaestudadoseoseutemadepesquisa.
Em algunscasos,osalunosconseguemavançar,destamaneira,até
a tese.Em outros,corre-seo riscodequea monografiaelaborada
sedesviedotemadeinteresseou,aindaqueo seudesenvolvimento
sejaexcelente,termineporavançaremumsentidodiferentedoque
exigiriaa soluçãodoproblema..
Então,quandoum conjuntodemonografiaspoderáconstituir
umatese?Somentenoscasosemqueopesquisadorformuleumobje-
tivogeral,paraoqualavancepormeiodocumprimentodeobjetivos
específicos(dosquaisdãocontaasmonografias).Quandosecum-
preestacondição,umconjuntodeartigosoumonografiassetrans-
formaemumatese.
Que seespeJ-qde umq
'tese'de mestJ-qdo?
Noscursosdemestrado,nãoseexigedosalunosquedesenvol-
vamuma'tese"masumamonografiaoudissertação.Estadistinção
provémdeuni usomuitoespecíficodovocábuloqueconsideraque
tese.é somenteo requisitofinalparaa aprovaçãodeum cursode
doutoradoou PhD - Phi/osophica/DoctOl:Em contraposição,o
requisitofinalparaa conclusãodeummestradodeveriaserumes-
tudonoqualseapliqueo métodocientífico,massempretensõesde
constituirumacontribuiçãosignificativaaoconhecimento.A disser-
taçãodemestradoé destinadaa demonstrarqueo estudanteé ca-
pazdeaplicaro queaprendeu.Em geral,deveriarespondera algu-
maperguntadeinvestigação(problema)simplese limitada.~
Espera-sedeumdoutorquedomineamplamenteo temaso-
breoqualcentrouseuestudo.Deummestreespera-sequedemons-
trehabilidadeparaenfrentarumestudo,parasistematizareproces-
. Para lUTIaexcelenteanálise dessasaflJ'maçóes,ver: Pantelides, E. A. De cómo garantizar eI
fracaso (o cómo lograr que nadie escriba Ia tesis). Boletín dei Consejo de Profeslonales en
Soclologí8,abril de 1999.
o rigorda
proposiçãoé
maisimportante
do quea
originalidadedo
tema,a profundi-
dadeoua
extensão
25
A dissertaçãode
mestradonão
precisatrazer
umacontribuição
teórica
26
sarinformações,paraencontrare consultarbibliografiae parapo-
derextrairconclusõesrelevantes.
Nãoérequisitodeumadissertaçãodemestradoapresentarumnovo
enfoqueteórico,constituirumparadigmaouformularaúltimapalavra
sobreumtemaespecífico.O mestretemdepoderestudarumtema,
masnãonecessitalevaresteestudoatéa fronteiradoconhecimento.
Apesquisaquedáorigemaumadissertaçãopodeterdiversasabor-
dagensmetodológicas(qualitativa,quantitativaouambas)e valer-se
dequalquertipodefontedeinformação(primáriasousecundárias).5
Porúltimo,há controvérsiascomrespeitoà extensãoadequada
paraumadissertaçãodemestrado.Contrariamentea nossoscole-
gasdasciênciasexatas,parecequeoscientistassociaisnosconven-
cemosdequeumargumentodepesoéumargumento'pesado'.Os
trabalhos,artigos,papel"Se informestendema cresceremespessura
(provavelmentemaisdoqueemqualidade).Entretanto,muitasuni-
versidadesdospaísesdesenvolvidose algumasdaAméricaLatina
começaramadelimitarosrequisitosparaasdissertaçõesdemestrado.
Entreosnovoslimites,destaca-seo daextensão.Enquantona re-
giãoalgunscursosaindaestabelecememseusregulamentosdeteses
edissertaçõeslimitesdenúmeromínimodepáginas,nospaísescom
sistemasdepós-graduaçãoconsolidados,tende-sea estabelecerli-
mitesde quantidademáximadepáginas.Aindaqueo excessode
páginasdificilmenteseconvertaemmotivoderecusadeumatese,
emgeralseconsideraqueumatesedemestradonãodeveexcederas
setentapáginas(tamanhoA4,espaçosimplese oitentaespaços),ao
passoqueumadedoutoradonãodeveexcederastrezentaspáginas.
Os requisitosde inov'1ç~oe
orig ~ n'1lid'1den'1Steses
Inovarsignificafazerdeformanova;fazeralgooriginalimplica
dar origema algo.A contribuiçãooriginaldeumadissertaçãode
mestradopoderesidirnasformasdeapresentaresistematizarumtema,
deaplicaralguminstrumentoexplicativojá conhecidoa umâmbito
" Pantelides,op.dt.
específico,desintetizardefonnaconcisae rigorosao estadodaarte
sobreo tema.Pode-seinovarnométodo,naproposição,naapresenta-
çãodeumtema,semfazê-Ionecessariamentenosresultados.
Tentandoexplicara inovação,JosephSchumpeterdistinguetrês
momentosdamudança:a invenção,a inovaçãoeadifusão.6A primei-
ra seoriginadapesquisabásica,geralmenteé a menosprodutivaea
maisfrustranteparaumpesquisadoriniciante,já quesenecessitademil
tentativasparasechegarauminvento.A inovaçãovincula-seàpesqui-
saaplicadaeaodesenvolvimento,buscaresolverproblemastendocomo
baseoquejá estáinventado- geralmenteporoutros.A difusãoéa fase
maisgratificante,vistoqueéomomentoemqueamudançacomeçaa
seconsolidar,emqueo conhecimentocausaumverdadeiroimpacto.
Paraseroriginalinventando,sãonecessáriosdedicaçãoe talento,
mas,alémdisso,éprecisoterumpoucodesorte.Serinovadoréalgo
maisfácil,é precisodedicação,éprecisoanimar-sea revero queà
primeiravistapareceóbvio.Emoutraspalavras,énecessárioumpouco
depaixão.Serumdivulgadordedescobrimentosalheioséumatarefa
modesta,mastemseumérito.Quemconseguedivulgarumaidéia
facilitao caminhoparaos-demaise,portanto,multiplicaabusca.
Comfreqüência,osalunosdocursodemestradoatÍnnamsesenti-
remobrigadosa desenvolververdadeirosparadigmassobreo temaem
estudo.Àsvezes,empreendemaredaçãodecompêndioslonguíssimose
muitocompletos,semqueporissoconstituamumaverdadeiratese,isto
é,umatomadadeposiçãosobreotemapropostocomrigormetodológico.
Riscostlqescolhqdo temq
o fatode queboapartedosalunosbusqueconcentrar-seem
temaseáreasdiferentesdaquelaqueconstituisuaformaçãooriginal
poderiaserconsideradocomoumindicadordequalidadee eficácia
acadêmica,já quegarantetantoa construçãode conhecimento
" JosephSchumpeterfoiumeconomistaaustríacoquecnsinouemHarvardUniversity.Esta
trilogiadainovação,hojeclásica,foimuitodcbatidaefoiapresentadanoconhecidolivro
G.c1pJi,7lism.SocÚJismmldDemocracy,publicadoem1943.
o principal
compromissode
qualquer
dissertaçãoé
como rigorenão
comainvenção
27
Não pretenda
trocarsuavida
pela tese.
É melhorconcluir
sua tesee, em
seguida,mudá-Ia
ao longo de sua
vida.
28
interdisciplinarquantoa incorporaçãodosprofissionaisqueparti-
cipamdoprograma.Entretanto,estatransgressãodosmarcosdis-
ciplinaresoriginaistambém-acrescentanovosdesafiosà elabora-
çãoda tese.Umapessoaquededicoutrintaanosde suavidaà
atividadehospitalarprovavelmenteincorporoumuitosconhecimen-
tosempíricossobreessasinstituições.Ao elaborarumatesesobre
gestãohospitalar,essapessoa,comcerteza,necessitaráconsultar
menosmaterialbibliográfico,fazermenosentrevistasa informan-
tes-chave'coletare processarmenosinformaçãodo quesesua
pesquisaseconcentrasseemoutrasáreas,como,por exemplo,le-
gislaçãocomparada.
Na pesquisatambémimperao sensocomum,portanto,cabe
repetiro velhoditadoqueafirmaserrecomendávelunir o útil
aoagradável.Em temposdeturbulênciasocialeeconômica,de
contextostrabalhistasinstáveis,freqüentementeéo própriomer-
cadoqueestimulaos alunosa buscarsuainserçãoprofissional.
Maspodeparecerdemasiadoambiciosoproporessainserçãopor
meioda tese.Especialmentequandose trata de pessoasque,
alémdeingressarememumnovomarcodisciplinar,sãoneófitas
empesqUisa.
Na direçãoopostaencontram-seaquelesalunosdepós-gradu-
açãoque,emlugardebuscarampliarfronteiras,procurama es-
pecialização,paradominarmaisferramentasemseuâmbitode
trabalho.Nestecaso,o alunopoderessentir-sedetodosaqueles
conhecimentosquenãotêmumaaplicaçãoimediataequeeviden-
tementelhepareceminúteisefazemperdertempo.A dificuldade
característicadestescasosestána perdada relaçãofigura-fundo.
Melhordizendo,a árvorenãoosdeixavero bosque.O riscocon-
sisteemformulartrabalhosnosquaissedá tudopor conhecido
semmaioresesclarecimentos.Istogeramonografiasquecomeçam
porconclusões,projetosquenãosãodepesquisamasdedesenvolvi-
mento(vejaa diferençaentreprojetosdepesquisaededesenvol-
vimentonocapítulo3).
(omo qproveitqrseutempo e
experiênciqpqrqfqzerSUqtese
Aspessoaspensamqueumpesquisadoréalguémquepraticaum
ofíciocomoqualqueroutro,sejaum bombeiro,um carpinteiro,
umindustrial,umengenheiroouummédico.A diferençaentrees-
tesofíciose o de pesquisadoré que nenhumdosprofissionais
mencionadospublicasobresuamaneiradetrabalhareque,talvez,a
maioriadelesesqueceo ofício,quandoseretiradeseulugarhabi-
tualdc trabalho.
O pesquisador(cientista,jornalistaouliterato),aocontrário,"não
separaseutrabalhodesuavidaprivada".Seelepodelevara sério
ambasascoisase nãodissociá-las,poderáenriquecersuaimagina-
çãoparaacrescentartodososdiasidéiasà suapesquisa.
Escolhero caminhodapesquisaéescolherumestilodevida,eé
suaexperiência,emmuitoscasos,a fontedeseleçãodeseutema,
suamaiorfortalezaparadesenvolverumbomprojetodepesquisa.
Aproveitesuaexperiênciavividaeporviverparaformularhipó-
teses,indodovividoaopensamentoedopensamentoaovivido,em
umarelaçãoconstante.
Conselhos
1. Definacom precisãosuaáreade interesse.Aindaquevocê
tenhaintençãoderealizarumaabordageminterdisciplinar,severá
obrigadoa partirdeumpontodeapoio.Pergunte-se:quematé-
rias,módulosouáreasdeconcentraçãodocursolheserãomais
úteis?Pergunte-setambém:a quaisdocentesdo cursopoderão
interessarmaisosresultadosdeseuestudo?
2. Selecioneo temaquemaiso apaixone.Osalunosqueobtêm
melhorese maisrápidosresultadoscomsuastesessãoaqueles
queconseguemarticulara motivaçãocoma facilidadedeacesso
à informação.Aindaquetenhagrandeprn1edotrabalhoconclu-
ída,nãobaseiesuateseneleseo temanãolheagrada.Umavez
escolhidoo tema,a pergunta-chavequelherecomendamosfa- 29
zer-seé: estariadispostoa sacrificarum belodomingodesol
paraficarfechadoemca.<=;atrabalhandonessetema?
3. Nãosejademasiadoambicioso.Os alunosquetêmmaiores
expectativasemrelaçãoàs suastesescostumamseros mais
propensosa experimentarbloqueiosedesilusões.Vocêpodedar
umagrandecontribuiçãoparao conhecimentoaolongodesua
vida,masnãoprecisadá-Iatodadeumavez.O professorMa-
rioHamilton- daEscolaNacionaldeSaúdePública/FibCruz-
costumacomentarque,quandoorientaumalunoemumatese,
nãoesperaqueestatesechegueatéa fronteiradoconhecimen-
to,masatéoslimitesqueo alunopodechegara prodúzirna-
quelemomento.
-
4. Busqueorientadoresapropriados.Quandovocêelaborauma
tese,nãoénecessárioquesaibatudoa respeito.dotemaescolhi-
do.Apenasdevedispordeummétodoedevontadedetrabalhar.
Tratedeidentificarreferentes,tantonotemaquantonosmétodos
e técnicasdepesquisaadequados.
A assessoriadeum pesquisadorcomexperiênciapodefazê-Io
economizarmuitotempoeesforço.Umapessoaquesabemuito
sobreumdeterminadotema,masnuncapesquisou,somentepode
lheproporcionarumaorientaçãoparcial.Recorde-sequea tare-
fa deorientaçãoexigedoorientadorváriashorasdededicação,
deleitura,dediscussãoe deconsultas.Na maioriadasinstitui-
çõesacadêmicas,estabelece-seumlimitemáximodealunosque
cadaprofessorpodechegara orientarsimultaneamente.Desta
maneiraseevitamosorientadoresfantasmas.
30
5. Vincule-sea outraspessoasinteressadaspelotema.O inter-
câmbioéfundamentalparaelaborarumtrabalhocientífico.Não
espereobterresultadosfinaisparacomeçara mostrarseutraba-
lho.Busquevincular-sea gruposdepessoasquetrabalhemcom
o temaou estejaminteressadosnele.Vocêpodetrocarbiblio-
grafia,dados,contatos,opiniõese fichasbibliográficascomou-
trosalunos,comdocentesoucomgestoreseoutrosatoressociais
aosquaissuapesquisapossainteressar.
Lembre-sequeo mododeproduçãocientíficaaspiraa serco-
munitário.Sempredevehaverpessoase instituiçõesinteressadas
emseuobjetodetrabalho.Senãohá,pergunte-seentãosevale
a penafazeressatese.
6. Leveumarquivodiárioondepossaanotarsuasexperiênciase
suasidéiassobreessasexperiências.Nãotenhamcdodeempre-
gara experiênciae relacioná-Iadiretamentecomo trabalhoem
marcha.Muitasvezes,o quejá sabemosparecetãoóbvioque
julgamosserinsignificante.Entretanto,outrospodemnãosabero
queaprendemosaolongodeváriosanosdeprática.A sistematiza-
çãodessaexperiênciapoderesultaremumacontribuiçãoválida.
7. Tentepensardiferente.Estimuleidéiasmarginais,diversase
aparentementecontraditóriasquepossamserprodutoda vida
cotidiana.Como,por exemplo,conversasentreaspessoasque
trabalhememumainstituição,fatosocorridosna mesma,e até
sonhosousuaprópriaopiniãosobreessesfatos.
8. Formalizesuasidéiase experiências.Sistematizeessepensa-
mentoparavalorizara experiênciadireta.Armeconjecturase
formulehipótesescomdadosda vidacotidiana.Permita-seser
óbvioe trivial;àsvezessabemostantosobreum temaquenão
percebemosquantossegredosdomesmodominamos.Enunciare
sistematizaressessegredospodeserumaexcelentecontribuição
à comunidadeacadêmica.
31
D'1 Dúviq'1 '10
Problem'1
A dúvidaéa mãedaiÍlVenção.
GaJileu
Pesquisaréresolverproblemas.Aindaquepareçacontraditório,já
quepassamospartedenossasvidasfugindodosproblemas,o primei-
ropassodeumapesquisaénecessariamente'terumproblema'.
'Pescar'umbomproblemanãoémuitofácil.A maioriadospro-
blemasé escorregadiça,nãogostadeserresolvida,por issoseca-
muflaou apontaparaoutrosprobl~masna esperançade quese
tentepescarexemplaresmaiores.Porisso,assimcomoumpescador,
quandosentequesualinhacomeçaa puxar,o pesquisadordeve
armar-sedemanhaepaciênciaeassegurar-sedehavercompreen-
didorealmenteseuproblema.
A pt"ocut"êido pt"oblemêi
Comoencontrarumproblemadepesquisa?Paradetectarproblemas,
énecessárioserevera realidade.Vocêsolucionadezenasdeproblemas
todososdias.Penseemtodososproblemasqueresolveuontem,por
exemplo.A resoluçãodosproblemaséinevitávelnamaioriadasocupa-
ções,desdeastarefasdomésticasatéo comandodastropasdaOtan.
Claroque,na maioriadasvezes,taisproblemasnãorequerem
umaabordagemsistemática.Somenteusamosmétodosderesolu-
çãodeproblemasquandoprocuramosalcançarcertoobjetivoque
Capítulo2
Paracomeçara
pesquisaé
necessárioterum
problema
33
--
Um problema
envolveuma
situaçãode
partida,uma
situaçãode
chegadae regras
ou restriçõesque
devem ser
obedecidaspara
passarda
primeiraparaa
segundasituação
t
34
nãoestáfacilmentedisponível.Enfrentamo-noscomumproblema
quandoexisteumvácuoentreondeestamosagoraeondequeremos
estar,e nãosabemoscomoatravessarestevácuo.
Componentesqo problemq
Em todoproblemapodemseridentificadostrêscomponentes:"7
1.a situaçãodepartidaoua situaçãooriginal- descreveas
condiçõesnaorigemdoproblema;
2. a situaçãodechegadaousituação-objetivo- descreveas
condiçõesemqueo problemaéresolvido;
--.
3.asregras- descrevemasrestJiçõeseosprocedimentosque
devemserseguidosnatransiçãoentrea situaçãodeparti-
dae a dechegada.
Um aspectodasoluçãodeproblemasaoqualnãoseprestasufi-
cienteatençãoéaprocuradoprohlema.Umexemplodeprocurafoi
apresentadorecentementepelosdiretoresdeumaempresablitânica,
aodescobriremqueestavamexigindodeseusempregadosumcon-
sumomuitograndedepapelemsuastarefas.Atéentãoninguém
havianotadoquetalusopudesseconsistirumproblema.Um ano
depoisde identificadoe solucionadoo problema,a empresahavia
reduzidoo consumodepapelem26milhõesdefolhas.
As criançastendemespontaneamentea verproblemasonde
osadultosnãoosvêem.Alh'1lnseducadores,inclusive,argumentam
quea educaçãoformalnãoosincentivaa aprenderaprocurarpro-
blemas.8làlvezninguémtenhacaptadomelhoressacapacidadeinata
dascriançasdoqueOscarWtlde,quandoironizava:"nãoentendo
por quemeuspaisdecidiraminterromperminhaeducaçãopara
mandar-meà escola".
Quandoresolvemosproblemas,raramenteo fazemosporacaso,tentandoporensaioeerroatéquealgumasoluçãoapareça.Aocon-
trário,planejamosa abordagem,identificandoos componentese
7 BaseadoeadaptadodeMatlin,M. Cogmiioll. HardcourytBracc,1994(cap.1O- Problem
solvingand creativity).
n Ver: Brown & Waltel; apudMaitlin, op. cit.
fonnulandoospassospararesolvercadaumdoscomponentes.Istoé
utilizarumaestratégia,esabemosqueépossívelidentificarestratégias
quepermÍtan1chegarmaisrapidamenteaosresultadosdesejados.
Começaremospordiscutiro quesignificaentendero problema.A
seguirapresentaremosumavariedadedeenfoquespararesolvê-Io,
assimcomoosfatoresqueinfluenciamsuaresolução.O passofinal
serámmaroquebra-cabeçadaresoluçãodeproblemas:acriatividade.
Entender o problemé1
Há algunsanosempresasquetinhamescritóriosemumantigo
arranha-céudeNovaYorkenfrentaramum grandeproblema.As
pessoassequeixavamda lentidãodoselevadores.Váriosconsultores
foramconvocados,masasqueixassóaumentavam.A únicasolução
pareciasera substituiçãodoselevadoresexistentesporequip~entos
novos,o querequereriaamplasreformase custososinvestimen-
tos.Poucoantesdeiniciarasreformas,alguémsugeriucolocargran-
desespelhosno lohhydoedifício.Asqueixascessaramimediatamen-
te. Na verdade,a situaçãonãotinhasidobemcompreendida.O
problemanãoestavarelacionadoà lentidãodoselevadores,masao
aborrecimentodaespera.
Quandodizemosqueentendemoso problema,a quenosrefe-
rimos?Compreendersignificaconstruiruma representaçãoin-
terna.Por exemplo,se vocêentendeum parágrafo,cria uma
representaçãointernaoupadrãoemsuamente,demodoqueos
conceitosserelacionamcomosoutrosnomesmosentidoemque
elesse relacionamcomos outrosno parágrafooriginal.Para
criar essespadrõesem nossamente,recorremosa nossosco-
nhecimentosprévios,assimcomoao significadodaspalavrasin-
cluídasno parágrafo.
A compreensãodoproblemaexigeo cumprimentodetrêsrequi-
sitos:coerência,correspondênciae vinculaçãocomosconhecimen-
tosprévios- eminglês,hackground(referente).
35
otemaéo
terrenoonde
brotamos
problemas
36
1. Coerênciaé um padrãoqueconectae dá sentidoa todasas
partes(emconseqüência,quandonãohá coerência,aspartes
nãoseconectamnemadquiremsentido).Uma representação
coerenteéo padrãoaoqualestáconectadaa situaçãoe fazcom
quetodasassuaspeçasfaçamsentido.
2. Correspondênciaé a relaçãoentrea informaçãodequedispo-
mossobreo problemae a representaçãointernaquedelefaze-
mos.Porexemplo,quandoutilizamosmetáforaslingüísticasou
visuaisparapensarum problema:a pirâmidedemográfica,a
espiralinflacionária,a escalahierárquicaetc.,estamosincorpo-
randoe utilizandonoçõesabstratas(demografia,inflação,po-
der)atravésdesuavinculaçãocomnoçõesconcretSl5(pirâmide,
espiral,escada).BertrandRusselsustentavaqueboapartedoque
consideramosparadoxos,na verdade,sãopostuladosaosquais
faltacoerência.lrata-sedesituaçõesnasquaisbuscamosmetáfo-
rasoufigurasquenãorepresentamadequadamenteo problema.
3. Backgroundou referente- o materialdo problemadevere-
lacionar-se com conhecimentosprévios de quem busca
compreendê-lo.Obtemosum claroexemplodecomofunciona
o hackf]TOundquandonosinscrevemosemumadisciplina- na
qualsomosleigos- deum cursodepós-graduação.A maior
partedo tempo,sertimosqueos conceitosno;;escapamcomo
águaentreos dedos.
Paracomeçara compreendero problema,deveremossepararo
joiodotrigo.Istoimplicadecidirquaissãoasinformaçõescruciaise
quaissãoasirrelevantesparaoproblema.O passoseguinteconsiste
emdecidircomoenunciarourepresentaro problema.
Primeiro Pqsso:seleç~o-do temq
O primeirorecortedarealidadequefazemosao formularum
problemaéa seleçãodotemadapesquisaa realizar,e istomere-
ceumaadvertência:na medIdadopossível,nãoescolhertemas
tãogeraisquese torneminahordáveis.Ex.: A saúdeno mundo
ou a legislaçãoemsaúde(principalmentequandonãoseé um
especialistaemleis).É preferívelescolherumatemáticamenos
abrangentecomo,por exemplo,a saúdematerno-infantilemum
determinadodistritosanitário.Istoporque,ao setentarabarcar
muitacoisa,háumriscomaiordeseomitiremaspectosjá conhe-
cidospelosgeneralistasou enciclopedistasquejá vêmestudando
a problemáticahá anos,e, assim,se tornarvulnerávelà crítica
da comunidadecientífica.9
Quandouma pesquisarefere-seà saúdedosjovens,deverá
especificara quejovensserefere,s_eurbanos,rurais,decapitais,
de cidadesintermediárias,a quegruposocioeconômicopérten-
cem.O mesmoseaplicaa trabalhossobremulheres,é conveni-
enteespecificaros diferentestiposde mulherescomrelaçãoàs
variáveiscitadas.
Estessãoalgunsdo,sexemplosaosquaissepodeagregaro estu-
dodepopulaçõesindígenas,mães,deficientes,populaçõe~marginais'
e pacientes.
Tema:Saúdedasmulheresemsetorespopulares.
fônnuJaçâodoprohJema:Quaissãoasrepresentações,no quese
refereàsaúdeeenfermidade,quepredominamnossetorespopu-
laresde(nomedacidadé,estado,município,país)?
Tema:Saúdedepopulaçõesindígenasargentinas.
FormuJaçlíodoprohJema:Comosãoasconcepçõesancestraissobre.
saúdeeenfermidade(entreosíndiosTobas,habitantesdaSmar-
gensQORio 2, na provínciaArgentinado Chaco)?Comointe-
gramos indígenas(habitantesdo Chaco,Rio Bermejito)suas
crençasancestraissobresaúdee enfermidade?
<)"Bastaqueabancaobservetrêsomissõesfolhetmdoo índice,paraqueoestudantercceba
umarajadadeacusaçõesquefarãocomqueatesepareçaumasériededisparates.Entre-
tanto,sco alunotrabalhouseriamenteemum temabempreciso,controlaum material
desconhecidoparaamaiorpaltedabanca.Nãoestousugerindoum'truquezinho'barato,
é um truque,masnãobarato,já que envolvetrabalho.Acontecesimplesmenteque o
aspinmteseapresentacomoumespecialistafrenteaumpúblicomenosespecialistaqueelee,
vistoqueteveotrabalhodesetornarumespecialista,é.justoqucgozedasvantagensdesua
situação~(Eco,U. Gí'ifllOse/J.1ceII/WTesis:tÚ11l(~ISr procedimientosdeill vestig<7cÚ'in,
estudiorescnium.BuenosAires:EditorialGcdisa,1977).
Quantomais
próximoestejao
problemade
pesquisadeum
problemade
gestão,mais
aplicadaseráa
pesquisa
38
Diferençqenhe temq e pt"Oblemq
o tema é o assuntodo qual provém o problema a ser
pesquisado.Um temapodesuscitarváriosproblemas.O tema
possui,portanto,um carátermaisgeral,maisabrangentedoque
o problema.
É precisonãoconfundiro temacomoproblema.Comfreqüên-
cia,osiniciantes,diantedapergunta'qualé o seuproblemaa ser
pesquisado?',respondem:AtençãoDomiciliar.Istocorrespondea
umsubtemadentrodeumtemageralModelosdeAtençãoMédica
enãoconstituiumproblemaa pesquisa!:
Deve-seformularclaramente,comoporexemplo:quaissãoos
custosebenefíciosdecadamodelodeatençãomédica?Quaissão
asexperiênciasemnívelmundialsobreatençãodomiciliar?Quais
sãoas vantagensparaos pacientes?Comovariamessasvanta-
genssegundoo tipodepacienteeo tipodepatologiaa atender?
Exemplosc\etem<Jse problem<Jsem s<Jú0e/
1Qtema:Saúdematerno-infantil
Problema:Queimpactoprovocao desempregona saúde
materno-infantil?(medidaatravésdeindicadorestaiscomo
morbi-mortalidadematernae infantil)
2Qtema:Acidentesdetrânsito
Problema:ComovariaIllosacidentesdetrânsitoemrela-
çãoaotaIllanhodascidades?Em quegruposetáriosocor-
remaiormortalidadeporacidentesdetrânsito?
3Qtema:Capacitáçãoemaltagerênciapública
Problema:Oscursosdepós-graduaçãoemadministnu,:ão
públicaexistentesnopaísrespondem,qualitativamente,às
necessidadesdeseusagentes?Qualé a relaçãoentrefor-
maçãoemadministraçãopúblicae eficáciana prática
gerencialdosagentespúblicos?
~tema:MortalidadeperinatalnoestadodoRio deJaneiro
Problema:Comoinfluema idade,o níveleducacionale o
controlepré-natalnataxademortalidadeperinatal?Qual
éa influênciadosistemadesaúdeedaqualidadedaaten-
çãomédicasobrea mortalidadeperinatal?
5~tema:Papeldo farmacêuticono Brasil
Problema:Comoinfluíramasreformasdossistemasde
saúdesobrea estruturaçãodopapeldo farmacêutico?
62tema:Formaçãodo médicono estadode Pernambuco,
Brasil
Problema:Quaissãoasrelaçõesentreo graudeforma-
çãodosmédicosdePernambucoeseuposteriorexercícioprofissional?
Quaissãoasnovasdemandase expectativasdecumpri-
mentodopapeldomédico?
Qualé,no imagináriosocial,a funçãodomédico?
SegundoPqSSO:ÇOl"mulqç~odo pl"oblemq
Chamamosdeproblemaà perguntaqueo pesquisadorfOllliula
paraserrespondidapor meiode seutrabalhode pesquisa.Toda
pesquisaenvolvepelomenosumproblema.AI€,'llnspr~jetosformu-
larãomaisdeumproblema,mas,à medidaqueo númerodepro-
blemasaumenta,a hierarquiadosmesmosdiminui.
Freqüentemente,o alunoescolheumtemadeteseporqueconta
comexperiêncianomesmo.Istoé recomendável,entretanto,aquele
quejá teveumaformaçãoprática- empírica- emumtemacorreo
riscodenãopoderequilibrarsuaaprendizagemcoma reflexãosis-
temáticaeo conhecimentoteóricoquebuscaincorporara educação
formale tendea formularmaisrespostasqueperguntas.O sensoco-
mumformulamaisrespostasqueperguntas;o cientista,ao con-
trário,formulamaisperguntasdo querespostas.Fazerciênciaé
procurara perguntaadequada.
Nessescasos,aprimeiraperguntaquesedevefazerqueminicia
umprojetodepesquisasobreumtemaquedominarelativamenteé
comqueproblemadavidacotidianaestárelacionadoesseproble-
madepesquisa.Um modelooutipodepesquisasãoosestudosde 39
Lembre-sede
queasconclusões
desuatese
deverãodar
respostaao
problemaque
vocêformulouno
projeto
40
casos,que,comosevecámaisadiante,buscamrespondera pro-
blemasdegestão,ouseja,à tomadaconcretadedecisõesnocon-
textodeumaorganizaçãoespecífica.
Na vidacotidiana,aspessoasenfrentamproblemasconcretosque
envolvemtomadasdedecisão.O gerenteteráproblemasdegestão,o
políticoteráproblemasdepolítica.No casodeumsanitarista,estes
problemasdepolíticaestarãorelacionadoscomproblemasdesaúde
dapopulaçãoouproblemasdegestãodosserviçosouambos.Sem-
preexistea possibilidadedeformularproblemasdepesquisaque
envolvama tomadadedecisões.Quantomaispróximosestiverem
osproblemasdepesquisae osdegestão,maisaplicadaseráa pes-
quisa.Masapesquisatemsuasregras,quesãoasquedãogarantias
dequeseavançarána produçãodeconhecimento,e ess.~s-regras
exigemqueo problemadegestãosejatraduzidoemum{Íinguagem
científica.Traduzirouadaptaroproblemaésuperaroparticularismo,
égarantirqueosresultadosaseremobtidosserãoúteisàcomunidade
científica,enãoapenas.aogerentedeumadeterminadaempresa.
FormulêlçâoC\Oproblemêlem estuc\os
c\e pesquisêlêlplicêlc\êI
O gerentepodeperguntar-se:"comovoualimentarmeusemprega-
dos?",masaperguntafOlmuladadestamaneiranãoconstituiumpro-
blemadepesquisa.Pode-sebuscarumafOlmamaisadequada,dotipo:
"quaissãoasalternativasexistentesparaa alimentaçãodosemprega-
dosemumaorganizaçãodeX características?"ou"quaissãoasvanta-
genseasdesvantagensdasdiferentesestratégiasparaproveralimenta-
çãoaosempregadosdeumaorganizaçãocomessascaracterísticas?".
Na áreadasaúde,umproblemapodesera altamortalidade,o
longotempodepermanênciaeminternação,a baixaqualidadedos
serviços.Masnenhumdessespontosrepresentapor si mesmoum
problemadepesquisa.Entretanto,sepoderiamformularproblemasde
pesquisaassociadosa essesproblemasdesaúdeou dosserviços
desaúdeatravésdeperguntascomo:
.QuaissãoosdeterminantesecondicionantesdemOlialida-
deinfantilnomunicípioY?
.Quealternativasexistemparareduziro tempomédiode
permanênciaeminternaçãodospacientesqueprocuramo
serviçoZ dohospitalX?
.Qualé o níveldequalidadedosserviçosprestadospela
instituiçãoW?
Aindaquevoltemosmaisadiantea estetema,convémadiantar
que,ao formularum problema,o pesquisadorsedeparacomum
conjuntodeinterrogaçõestaiscomo:
.Quedadosvairecolher?Quemétodosvaiutilizar?Como
os analisará?
.Qualé exatamentea questão?
.Quaissãoosconceitosevariáveisa estudar?
.O quesepodeobterporsimplesobservaçãodireta?E o
queéposs~velporobservaçãoindireta?.Teráestapesquisaumacontribuiçãoimportanteediferente
paraalguémeporquê?.Imaginatodasasfontespossíveisde"dificuldadesa serem
enfrentadas?
A maioriadaspessoasqueelaboraprojetosdepesquisae teses
encontradificuldadesparafonnularoproblemacientíficodoqualde-
penderáo seutrabalhoacadêmico.Estaafilmaçãosih1J1ificaque:
. asdissertaçõesoutesessurgema partirda existênciados
problemascientíficos,porqueelassãoasrespostasa esses
problemas;.a fonnulaçãodeproblemascientíficosconstituiumaques-
tãoestratégicanodesenhodeumatesee,pOltanto,éuma
dastarefasmaisdifíceis;.problemasmalformuladosconduzema respostasquenão
atingemosobjetivos,quefazemfracassartodoo trabalho.
Aindaqueadefiniçãodeumproblema,porsisó,nãogaran-
taoêxitodeumaproduçãocientífica,asuadefiniçãoinade-
quada,certamente,garantiráo seufracasso.A fonnulação
corretadoproblemaé umacondiçãonecessária,masnão
suficiente,paraasseguraraqualidadeciotrabalhocientífico. 41
A formulaçãodeumproblemasupõeintelTogaçõescujasrespos-
tasopesquisadorpretendeencontraraolongodainvestigação.Uma
questãonãoresolvidapodeestarrelacionadacomumalamna
epistemológicaoumetodológicapercebida,comalgumadúvidaquan-
to à sustentaçãodeumaafirmaçãogeralmenteaceita,comuma
necessidadedecomprovar.umasuposição,oupodeestarrelaciona-
dacominteressespráticosrelacionadoscoma tomadadedecisões,
oucomo desejodetestarumahipóteseteórica.
Masumproblemacientíficonãoé umaperguntaqualquer.Por
exemplo,umapessoaleiga,principalmentenosdiasdehoje,pode
perguntar-se:"comosereternamentejovem?".Um cientistaprova-
velmenteindagaria:"queregrasdecondutaseassociamcomuma
maiorqualidadedevidahumana?".Quasesempreosproblemas
apresentamrelaçãoentreasvariáveis,ouseja,'implicamconjecturas
ouhipóteses(quepodemestaraindadesordenadas).A definiçãono-
minal(teórica)e operacional(buscade indicadores),assimcomo
exemplosdehipótesesserãoexaminadosmaisadiante.
Terceiro Pq550:re50luç~odo problemq
Resolveré darresposta.Dizemosquea conclusãoda pesquisa
assumea funçãodedarrespostaconcisae,sepossível,sintéticaao
problema.Masa resoluçãodo mesmonãoé funçãoexclusivadas
conclusões,é a missãodateseoudapesquisaemseuconjunto,sua
razãodeser.
Podem-sesintetizarosrequisitosparaa resoluçãodeWllproblema:
1. Entendero problema- istosignificaresponderàsseguin-
tesquestões:
.Qualé (são)o(s)meu(s)tema(s)?
.Qualé (são)o(s)meu(s)problema(~)?
.Estousegurodequeéesseenãopodeseroutro?
.Qualéminhasituaçãoinicial?
.Qualé minhasituação-objetivo?
42
I
l
~
2. Selecionara informação
.Queinformaçãoenvolveo problema?
.Há coerênciaentretemae problema?
.Qualéa informaçãocentralparaa resoluçãodoproblema
e qualnãoé?Quetipodeinformaçõespermitefazerum
recortemaisespecíficodoproblema?
.Comopossoobteressasinformações?
.Possosubdividiro problemaemsubproblemasmenores?
.Em casoafirmativo,possoestabelecera diferençaentrea
situaçãoinicialeasituação-objetivoemcadasubproblema?
.Em casoafirmativo:consigoinformaçãorelevanteseana-
lisoo problemasimulandoqueavançodasituaçãoinicial
atéa situação-objetivo?.Em casonegativo,consigoinfOlmaçãorelevanteseanaliso
o problemasimulandoqueretrocedodasituação-objetivo
atéa situaçãoinicial?
3. Definir um enfoquepara resolvero problema
.Quãoestruturadoestáo problema?
.Quepossibilidadestenhodechegara um algoritmo?Que
recursosimplica?
.Pode-seresolverporensaioe erro?
.Quetipoe variedadedesoluçõcsserãopossíveis?
.Haverásomenteumarespostapossívelouhaverámaisde
uma?
Recomet1c1qçõesp,nq q ~edqç~odo pwblemq
É possíveldeterminaralgumasregraspráticasparaa formula-
çãodoproblpma:
1. O problemadeveser formuladosob a formade pergunta.
Logo seperceberácomoesterecursoaclaraparao autordo
projetoe,naturalmente,parao leitoraquiloquesepretendesa-
ber.Comfreqüênciasecorreo risco- emumprimeiromomento 43
- deconfundirtemacomprohlema.Masa formulaçãodopro-
blemaemformadeperguntaajudaa distinguirumdooutro.
2. A perguntadeveser formuladade maneiraclarae concisa.
\
Palavrasdemaisoudemenospodemconfundiro pesquisadore
o leitor.É útilqueseencontreoequilíbriodesejado.
3. O problemadeveserdefinidodetalformaquea suasolução
sejapossível.No casodoexemploanterior,nãoépossívelres-
p9nderseriamenteà pergunta:comosereternamentejovem?
Um pesquisadorcompetente,ao contrário,cedooutarde,for-
mulaproblemascujasoluçãosejapossívelparaeleeparaoutras
pessoas.Há problemascujassoluçõesnãosãotão difíceis.As
dificuldades,empesquisacientífica,sefundamentamnasdeci-
sõesquesetomamnoqueserefereaoscaminhosa seguir.
Exemplo:comoohteros d8dosnecessários?comodominar<'I
tecnologÚladequad8p8raseuprocess8mento?como8n81isá-los
eintelpretâ-los?A partirdomomentoemqueseformulaopro-
blema,épertinenteperguntarsobrea relaçãoentreoproblemaa
pesquisarea metodologiaa utiliz31:
4. O problemadeveser propostode formatal que contribua
paratornarfactívelsuasolução.Ditodeoutraforma,épreciso
selecionarvariáveis,definira perspectivatempo-espaçoe outros
elementoscomosquaissepossaoperarpropondoa tarefade
modoacessível.No exemplojá citado- "quenormasdeconduta
seassociamcomumamelhorqualidadedevida?"- avança-se
sobrea respostana medidaemquea mesmaestácontidana
pergunta.Istopressupõequeasnormasdecondutaserelacio-
nemcoma qualidadedevida.
5. Ao formular o problema,é útil considerarque o mesmo
deveser respondidonas conclusõesfinais do informeou
tese.Istocondicionaostermosempregadosna pergunta.Por
exemplo:
44
.problemasdotipo:emquemedlda?levamnecessariamen-
teaconclusõesquantificadas,ous~ja,sãorespondidoscom
números;
.problemasdotipo:quaissãoascondicionantesdaeficácia
da desccntralizaçãobospitalarnaprovínciadeMissões?
levama formularconclusõesemtermosdeumaclassifica-
ção,umalistaouumquadrodecondicionantes;
.problemadotipo:podeobospitaldePlumas~niesincor-
porara autogestão?conduzema conclusõesdo tipo de
umamatrizDOfi\.10
10 Asiglaoumatriz[)(JI'A- ou,emsuaversãoinglesa,Swu"- éuminstrumentodeplanejamen-
toestratégicoque aponta para a avaliaç.'i.odos 8C,,"UintesfÍltOl'es:debilidades, oportunidades,
fortalezase ameaças. Por seu caráter sintético, torna-se muito adequada para resumir os
resultadosde várias modalidades de estudosdescritivos,já que podt' seraplicada a projetos
(por exemplo,em estudosde viabilidade), à análise institucional c a diferentesníveis que vão
desdeosenfoques micm atéàqueles macm, 45
Do Problem'1'10
Proieto
)
Nãoexisteummodeloúnicoparaestrutural'umprojetodepesqui-
sa,a escolhadependeda/Jatl/reZlldoproblema,dométodoutilizado
parao desenvolvimentodotrabalho,do tipodepcsqlJJsa,dasprefe-
rências,expeIiênciasevaloresdopesquisador,doestilodo8l/tOl:En-
tretanto,hácertosaspectosourequisitosquenãopodemseromitidos
emnenhumprojeto.Sãoessesrequisitosquemotivamestetrabalho.
Estecapítuloapresentaumguiametodológicoparaaestruturaçãode
umprojetodepesquisa.O objetivoéfacilitara formulaçãodeumproje-
to,nãopretendeserumreceituárioparaseraplicadomecanicamente,
semimaginação,nempossuircaráteruniversal.Tampoucoapontapara
a discussãodequestõesontológicase epistemológicas,nemparadeci-
sõesmetodológicasquedelasdeIivem.Suanaturezaédeordemprática,
propondoumcaminhoa perCOlTerdesdeomarcoteóIicoatéosdados,
caminhoquenãoélinearequeincluiacIiatividadedopesquisador.
queé um pt'ojeto?
Projetarquerdizeravançar.II Umprojetoéuminstrumentopara
avançaratéumobjetivo,atéumresultado.Projetarenvolvedefinir
doispontos:o depaltida(ondeestamos?)e o dechegada(aonde
11Prqjct. jX'nséc.s/esc,progetto. design,scheme,do latim pmjccllIs. "Disposição que se forma
para um tratado ou para a exccu~:ãode uma coisa imp0l1ante,anotando e ampliando todas
ascirmnstâncias principais que devem concorrer para a sua consccução~.Projetar si/,'Ililica
arremessar,lançar adiante ou à distância..
Capítulo3
Emboranão
existaummodelo
únicopara
formularum
projeto,hácertos
componentes
quenãopodem
seromitidos
o projetoé
fundamentalmente
uminstrumento
decontrole
47
queremoschegar?).O projetoé o mapada estrada,a trajetória
escolhida,quepodeserlinearou sinuosa.No projeto,secombi-
nam,seequacionam,osdiferentesfatoresqueinfluemna viagem
(a pesquisa):
.a motivaçãopelaqualempreendemosa viagem(problema);
.o lugardeondepartimos(estadodoconhecimento);
.a escolhado caminhoa seguirparanãonosperdermos,
parachegarmosaondequeremos(método);
.a luzqueiluminaránossocaminho(teoria);
.asferramentasquelevaremosparaabrirocaminho(técnicas);
.a velocidadecom,queavançaremosdeacordocomosre-
cursosdisponíveis(aspectosoperativos);
.o lugaraondequeremoschegar(objetivose resultados).
Tipos~eproietos
Quantomais
próximoestejao
problemade
pesquisadeum
problemade
gestão,mais
aplicadaseráa
pesquisa
48
Em primeirolugar,cabeumadistinção,segundosuanatureza,
entredoistiposdeprojeto:
1. depesquisa;
2. dedesenvolvimento.
Os primeirosrespondema perguntas,ossegundosconcretizam
realizações.Ambosproduzemresultados,masunssãoemtermosde
conhecimentoeosoutrossãomateriais:obras,sistemasdeinforma-
ção,tecnologias,mudançasnascondiçõesdesaúdeda população.
Há aindaumaterceiracategoriahíbrida- osPr~jetosdePesquisa
eDesenvolvimento(PPD).Sãoaquelesqueintervêmnarealidadepara
transformá-Ia,a partirdosconhecimentosadquiridosouproduzidos.
Exemplosde Pt"oietosde pesquis21
1.Título:EstratégiasdeparticipaçãosocialemsaúdenoBrasil.
Oi!ietivocentral:IdentificareanalisaràSdiferentesestraté-
--
giasdeparticipaçãosocialquesedesenvolveramnoâmbi-
todasaçõesdesaúdenoBrasil.
2. Título: Modelosdegestãodescentralizadaemhospitais
públicosdaRepúblicaArgentina.
Ohjetivocentral:Identificareanalisarasdiferentesestraté-
giasdedescentralizaçãoquesedesenvolveramemhospi-
taispúblicosdaRepúblicaArgentina.
Exemplosde proietosde desenvolvimento
3. Título: Construçãodeum CentrodeAssistênciaà Saúde
noDistritoX.
OhjetÍvocentral:Expandir a capacidadede atenção
emAPS atravésde um aumentoda ofertapúblicade
serviço.
4. Título: Aumentoda arrecadaçãoatravésde cobrançaa
terceirospagadoresemumhospitalpúblico.
Ol{jetivocentral:Aumentarosrecursosdisponíveisnohos-
pitalpormeiodemecanismosqueotimizema arrecadação
atravésdecobrançaa obrassociaisea empresasprivadas
desegurodesaúde.
Exemplosde proietosde pesquis'Je
desenvolvimento
5. Título: ParticipaçãocomunitáriaemsaúdenodistritoX.
Ohjetivocentral:Identificarc promovermodelosdeparti-
cipaçãocomunitáriaapropriadosparao desenvolvimento
daAPSnodistritoX.
6. Título: Desenvolvimentodecontratosdegestãoparaos
hospitaispúblicosdomunicípioX.
ONetivocentral:Fortalecera autonomiadegestãoatra-
vésdecontratosdegestãoemhospitaispúblicosdomuni-
cípioX.
Asteseseostrabalhosacadêmicosenvolvemprojetosdepesquisa.As
instituiçõesempreendemgastosepolíticasatravésdeprojetosdedesen-
Afunção
principaldetodo
projetoé
permitiro
controlesobreas
atividadese
garantirquese
chegueaos
resultados
esperados
49
r-
I
volvimento.Quandoasaçõesdedesenvolvimentoexigemum com-
ponentedepesquisa,serecorreaosPPD. Esteéo casodoslabora-
tóriosouinstitutosquedesenvolvempatel)tesdeprodutosouproce-
dimentosnovos.
é)ré)que serve um proieto?
A funçãodo projetoé dargarantiasdequesevai chegaraos
resultadosesperados.Quandoumpareceristaouumacomissãoexa-
minadorajulgaumpedidodefinanciamentoouexaminaumproje-
to, buscaavaliarseaquelesqueo formularamtêmcondiçõesde
chegaraosresultadosesperados.
Nestesentido,oprojetoéo instrumentodecontroletantoparaos
avaliadores,financiadoresoudiretores,quantoparaosrealizadores
domesmo.Em queconsisteo controle?
1.Os resultadospropostoscorrespondemaosinteressesou
preocupaçõesdo financiador,da instituiçãoacadêmica
oudaautoridadediantedaqualseapresentaráoinfOlmeou
a tese?
2. O pesquisadorourealizadortematitudeprofissionalpara
chegara obteressesresultados?
3. O pesquisadorconheceo instrumental,a tecnologiaou
a metodologiamaisadequadaparaalcançarosresulta-
dosesperadoscomeficiência(emtermosde custoe de
tempo)?
4. O pesquisadorsabeondeobterosdadose comotrabalhá-
losparaconvertê-Iosnainformaçãoquepermitiráchegar
aosresultadosesperados?
.omponentesdo proietodepesquisq
50
Umpr~jetodepesquisaconstadequatrocomponentesprinci-
paisqueseapresentamemordemseqüencialnoseguintediagrama.
Princip<1iscomponentesc\eum projeto c\epesquis<1
COMPONENTE SIGNifiCADO
1.Formulaçãodoproblema
2.Marcoteórico-conceitual
Perguntaqueoriginaapesquisa
Luzqueiluminaabusca
Caminhoparachegaràpesquisa
Organiza~ãodosrecursosdisponíveis
3. Metodologia
'*.Aspectosoperacionais
Estelivropartedeumapropostaparamodelara formulaçãode
pr~jetosquesupõequecadaumdost,'Tandescomponentesdopr~je-
to representaumaperguntaouum conjuntodeperguntasa queo
pesquisadordeveresponder.Na medidaemqueconsigaavançar
comasdefiniçõesqueessasperh'lmtaslhepropõem,seaproximará
dosresultadosesperadosdapesquisa.
1. Formulaçãodo problema
.Qualé a ~inhaintelTogação?.A queperguntaqueroresponder?
.A queperguntasdevereiresponderparachegara resolver
o problemaemestúdo?
2. Marcoteórico
.O quesabemosatéhojesobreo problema?.Quemosestudou?Comoosestudaram?
.Há maisdeumaposiçãosobreo problema?
.Comovoulere interpretarosdadosqueobtiveremmeu
estudo?
3. Metodologia
.Quetipodepesquisa(desenho)meproponhoa fazer?
.Comquedadosvoutrabalhar?Meusdadosserãonúmeros
ou palavras?.Comovouobterosdados?
.Quequantidadededadosserásuficienteparaalcançaros
resultadosa quemeproponho? 51
Quantomenos
tempose
disponhapara
desenvolvero
estudo,mais
tempoconvém
investirna
formulaçãodo
projeto
52
.Quevoufazerquandoconseguirosdados?Vouprocessá-
losdealgumamaneira?Vouinterpretá-Iossebrundoo mar-
codeumateoria?
4. Aspectosoperacionais
.Quais sãoos recursoshumanos,físicostecnológicose eco-
nômicosdisponíveis?
.Quaissãoos recursoshumanos,físicos,tecnológicose eco-
nômicosnecessáriospara concretizarmeu estudo?
.Comovouorganizarmeusrecursosno tempoe espaço?
Dequeformavoudividiro trabalho?
.Quefasesouetapasteráminhapesquisa?Queresultados
parciaispoderáoferecer?
.Quantotempovai levartodaa pesquisa?Quantotempo
vai levarcadafase?
Emboraaquiseapresentemasinterrogaçõesemumaordem
seqüencial,ébemprovávelqueopesquisadornãoconsigarespondê-
Iasna mesmaordem.Porisso,emalgunscasos,é convenienteco-
meçara responderaquelespontossobreosquaissetemmaisclare-
za, istopermitiráir avançandosobreosaspectosmaisobscurose
difusos.É bempossívelqueopesquisadorvolteatrásereformuleum
ouvárioscomponentesdeseuprojeto,atémesmoasfasesfinaisde
suapesquIsa.
Um projetoadequadamenteestruturadopermiteaopesqui-
sadorempregarcomeficiênciatempoe esforços.Quemdispuser
deapenaspoucashorassemanaisparasededicarà suatese,deve-
rácontarcomumesquemadetrabalhomuitoorganizado.Docon-
trário,cadavezquecorileçara trabalhar,levaráa maiorpartedo
temponospreparativos.
----
PqSSOSPqrq q form uIqç~o
do proieto de pesquisq
Como objetivodesistematizara formulaçãodoprojetodepes-
quisa,sedescreverá,emseguida,um conjuntodepassosqueinte-
gramcadaumdosquatrocomponentes.
shutul"qdo pl"oietode pesquisq
1. Formulaçãodo problema
1.1.lntrodução
1.2.0bjetivos(finaise intermediários)
1.3.Formulaçãodeperguntasa seremrespondidas
1.4.Delimitaçãodoproblema
1.5.Relevânciadotemae doproblemaa pesquisar
2. Marcoteórico-conceitual
2.1.Definiçãodosconceitose sua traduçãoem termos
empíricos(variáveis)
2.2.Hipótesesou supo~ições
3. Metodologia
3.1.Tipodepesquisa
3.2.Universoe amostra
3.3.Seleçãodosassuntose/ouunidadesdeanálise
3.4.Coletadedados
3.5.Processamentodosdados
3.6.Limitaçõesdométodo
4. Aspectosoperacionais
4.1.Cronograma
5. Bibliografia
6. Anexos
53
Apresentam-se
títulos,introdu-
zem-se~conceitos
ehipóteses
Econveniente
queaintrodução
sejacurtae
concluacomo
problemaem
formade
pergunta
54
lntroduçâo
É o iníciodo primeirocapítulo"O problema",emquesefaz
umadescriçãoda situaçãoinicial,antesde começara investiga-
ção.Tambéménessapartedotrabalhoqueseestimulaa curiosi-
dadedoleitor,parademonstrara relevânCiadoproblema.A intro-
duçãodevesercurta,proporcionalaonúmerodepáginasdopro-
jeto. É adequadoterminarcoma formulaçãodo problema,na
formadeumapergunta.
Umaintroduçãoé diferentedeumasimplesapresentaçãooude
umresumo,ahstractousíntese.A introduçãoéumaprimeiraaproxi-
mação- introduz- àshipóteses,aosconceitose ao problemaem
estudo.Logoapósseapresentaocontextoemqueserealizaapesqui-
sa,a instituiçãoe/ouaspessoasenvolvidas,o tipodeapoiofinanceiro,
quandoserárealizada,a articulaçãocomoutrostrabà1hosetc.
A apresentaçãopode,alémdisso,incluirumadescriçãodaestru-
turadotrabalho- capítulose temasabordadosemcadaum deles.
Uma síntesepodeounãoapresentara estruturado trabalhoe se
limitaa descrevercompoucaspalavraso quesefeznotrabalho.
A formulaçãodoproblemaéopontovitalnaconstruçãodoproje-
to.Porestemotivo,éconvenienteressaltaroproblemanaintrodução.
Obietivo hnqle obíetivosintermedi~rios
Seoproblemaéumaquestãoapesquisa/;oobjetivofinal,também
chamadoobjetivogeralouprincipal,indicaumresultadoa alcança/'.
O objetivofinalcorrespondeà respostaaoproblemaproposto.É im-
portantemantera coerênciaentreproblemae objetivofinal.
Osobjetivosseformulamcomo verbonoinfinitivo.
Exemplosde obietivosfin<lise específicos
1<>problema:A escassacontrataçãodesegurosdesaúdepriva-
dos,porpartedaspessoasnaArgentina,é conseqüênciada oferta
inadequadaoudobaixoníveldeconsumodossetoresmajoritários
dapopulação,emcomparaçãocoma realidadeinternacional?
Ohjetivofinal:Identificarosdeterminantesdoníveldeassociação
aossegurosdesaúdeprivadosnaArgentina.
Ohjetivosespecíficos:
a)Mediro níveldefiliação- oucoberturapopulacional- aos
segurosdesaúdeprivadosnaArgentina.
b)Analisara morfologiadomercadodeempresasdeseguros
desaúdeprivados.
c) Descreveraofeltadeserviçosdesegurosdesaúdeprivados.
d)Comparara ofertadeserviçosdesegurosdesaúdepriva-
doscoma deoutrospaíses.
e)Analisaro poderaquisitivoda populaçãobeneficiáriade
segurosdesaúdeprivados.
/) Estimaropotencialdefiliaçãodasempresasdesegurosde
saúdeprivados.
2"problema:Qualo níveldeintoxicaçãoporvapordemercúrio
dostrabalhadoresemumaindústriadecloro-soda?
Ohjetivofinal:Prognosticarsobrea associaçãoentre.exposiçãoa
vaporesdaindústriadecloro-sodaea cronicidadenaintoxicação.
Ohjetivosespecíficos:
a)Analisaros quadrosclínicosencontradose suaassociação
como níveldc mercúriona urinadostrabalhadoresda
indústriadecloro-sodanomunicípiodoRiodeJaneiro.
b)Determinara relaçãoexistenteentreexposiçãoa vapores
na indústriadecloro-sodae cronicidadedeintoxicação.
3"problema:Quaissãoascausasdaobesidadeemmulheresde
baixarendadeY.
Ohjetivofinal:Determinarasprincipaisvariáveiscausaisdaobe-
sidadeemmulheresdebaixarenda.
Ohjetivosespecíficos:
a)Analisara percepçãodahistóriadeum corpoobeso.
b)Analisara atuaçãodoprofissionaldesaúdena atençãoa
mulheresobesas.
Um projeto bem
formulado traça
uma linha reta
entre o problema
e as conclusões
55
56 (continua)
J
(amo formulqros ob>ietivos?
o verboutilizadonaformulaçãodoobjetivoestarápredeterminando
aspossíveisrespostas.Porestemotivo,é importanteescolherosver-
bosadequadamente.
Todapalavra,ao seremitida,sejapor formaoralou escrita,
apresentaumsentidodenotativo,masseussignificadosdiversos,seus
conteúdoslatentes,envolvemumaconotação.
Apresentaremos,noquadroa seguil;exemplosdosverbosmais
utilizadose suascorrespondentesdenotaçõese conotações.
Verbo Denotação
T'1xionomi'1dos objetivos d'1pesquis'1
Conotação
Asvariáveisforammedidasousão
mensuráveis,háindicadoresclarosque
podemsercombinadosatravésde
fórmulas.
Desenrolar.Desenvol-É umtemaquenãofoisuficientemente
verumtema,doponto analisadoequenecessitaserdesen-
devistaintelectual. volvido.
PrognosticarPredizer,projetar:
Modelar Darforma,desenvol-
verumconjuntode
equações.
Desenvolver
AvaliarDar valoresnuméricos
e/ounominaisaum
fatoocorrido.
Medir Atribuirgrandezasa
umavariável.
DeterminarEstabeleceruma
relaçãocausal,sele-
cionaropções.
Analisar Decompor,dissecar.
Já sãoconhecidasemedidasascone-
xõescausaisentreasvariáveis.Exis-
temmodelos.
Supõeumsistemadevalorese/oucri-
tériosapartirdosquaisatribuodiferen-
tesgrandezasadimensõesoupartesde
umavariável.
Supõequetenhodefinidaoperacio-
nalmentea variávelepossoatribuir-
lhegrandezas,quaissejamdeinter-
valos(quepartemde°, 11)ounomi-
naisoudequalidade(alto,médio,baixo).
Precisão.É maisimportantequeafle-
xibilidade.Dispõedecritériosexplíci-
toseo maisprecisospossíveisparaa
seleçãodealternativas.
Aprofundarsobreoconhecido.Oscri-
tériosdeseleçãoouavaliaçãosãore-
sultadodotrabalhodepesquisa.
Verbo Denotação Conotação
Listarummentideopções.Explicitar
critériosdeanálise.
Identificar Encontrar,relacionar,
assocIar.
DescTever Delinear,desenhru;
representarpessoas
oucoisasrelacionando
assuasdiferentes
partes,caracterizar.
Descobrir,indagar.
Supõehaverselecionadoasvariáveis
atravésdasquaissetraçaráumperfil
decadapopulação,decadaindivíduo
oudecadaregião,bairrooucidade.
Explorar Fazerpelaprimeiravezessabusca,ao
nãoconhecerquasenadasobreotema
nemsobreasunidadesdeanálise.Che-
gara hipótesescomoprodutofinal.
Delimitqç~odo estudo
A delimitaçãodoestudorefere-seaoenfoqueoumolduraque
o autorcolocaemseuestudo.É o momentoemqueseexplicita
parao leitoraquiloqueépartedoestudoeaquiloquepermanece
foradele.Emboraa realidadesejacomplexae histórica,eembo-
ra tudoestejarelacionado,é impossívelestudar'tudo'.Para isso
é precisorecortar,delimitaro objetode estudo,paraseutrata-
mentoe análise.
A delimitaçãoaludeàsfronteirasconcernentesàsvariáveis,ao
tempoe aoespaço.Paraavançarna delimitaçãodo estudo,é útil
fazer-sea perguntainversaaoproblema:o quenãomeinteressa
conhecer?o quenãovouestudar?Em outraspalavras,quecami-
nhosnãovouseguireparaondenãoqueroir?
Porexemplo,duranteo anode1997,váriosalunosdepós-gra-
duaçãodo InstitutoUniversitarioIsalud12escolherama temática
lntemaçãoDomiciliarparadesenvolversuasteses.Estetemainse-
re-sedentrodaproblemáticadosmodelosdeatençãoà saúde.En-
tretanto,algunspr~jetosestavamrelacionadoscomaspectosdeges-
tãoeoutrosnão.Em conseqüência,omarcoteóricodaquelesquenão
sefizeramperguntasrelacionadasà gestãonãotinhamporquein-
cluirdefiniçõessobremodelose instrumentosdegestão.
12Instituiçãodepós-graduaçãoemsaúdepúblicanaArgentina.
A delimitaçãodo
estudoé comoa
letrapequenadas
apólicesde
seguro:diz
aquiloqueo
nossoestudonão
cobre
57
~Paralelamente,algunssepreocuparamemverificarseessemo-
delodeatençãopoderiaseradequadoparao tratamentodedeter-
minadotipodepacientesportadoresde determinadaspatologias.
Nessecaso,adquiriamrelevânciaasdimensõeséticase a perdiam,
as econômicas.
A delimitaçãodoestudotambémcumprea funçãodegarantir
queo caminhopercorridoparaa soluçãodoproblemaseráo mais
curtopossível.Quantomaisprecisaa pergunta,melhorseráa deli-
mitaçãodoestudoemenoresaspossibilidadesdequeo pesquisador
sedisperseouvá poroutroscaminhos.Umaestratégiaparaverifi-
carseseconseguiudelimitarbemo estudoconsisteemidentificara
bibliografiaadequada.Aquelesquenãoo fazemacreditamquepre-
cisamlermuitascoisasouacreditamqueninguémnomundojamais
sepreocupoucomo temaqueIhescompete,e, por isso,nãohá,
nenhumtextonomundocapazdeajudá-Iosa resolvero problema.
Nenhumdestesdoisúltimoscasosrepresentaumcaminhoemlinha
retaatéa resoluçãodoproblema.
Mqrcoteórico-conceituql
o marcoteórico
é nosso libreto
de inscriçãona
comunidade
científica
58
Temosmuitosconceitos,maspoucasteoriasconfirma-
d1S;muitospontosdeVÍsltc4maspoucostroremas;mui-
tosexpcnÍ11entos,maspoucosresultados.7àlvezlima
variaçãonaIÍltcnsidl1defossebenéfica.
RobertT. Merton
Denomina-semarcoteóricoaquelecapítulodoprojetoquetem
por objetivoapresentaros estudossobreo tema,ou especifica-
mentesobreo problema,já realizadospor outrosautores.Tem
umafunçãocontextualizadora,inclusivedo.pontodevistahistóri-
co.Serveparaqueo autordopr~jetoe o leitor- cadaum a seu
tempo- tomemconhecimentodequeo temajá foi abordadoou
discutidoantes,queháumahistoricidade,emseutratamentoesua
análise.Istodá consistênciaà pesquisae constituio 'estadoda
arte'.Permitetambémqueo autortenhamaiorclarezana formu-
laçãodoproblemadepesquisa.Facilitaa formulaçãodehipóteses
oudesuposições.Permiteidentificarqualé o procedimentomais
adequadoparaa coletae o tratamentodosdados,e comoestes
sãointerpretadospor diversosautores.
Marcoéamoldura,étambémumadelimitação.Emoutrosidiomas
seutilizamtermoscomoest11ltura,esqueleto,suporteouquadroconceitual.
A estruturapodeserrepresentadacomoumcaminho,umaorganiza-
çãodoselementos(físicos,espaciais,temporais,depoder)queprefigura
determinadostrajetos.Estarepresentaçãodométodocomocaminhoe
domarcoteóricoreferencialcomorecortequeobrigaapercorrerdeter-
minadostrajetosilustraa relaçãoentreteoriaemétodo.
O marcopodeserabordadodeduasmaneiras.
a) MarcoTeórico
Quandoexisteemrelaçãoaoproblemaemestudosuficienteco-
nhecimentoacumulado,podem-seencontrarumafundamentaçãoe
umrecorteteórico.Dissemosqueteoriasignificaluz; assumirum
marcoteóricoé incorporarumalanternaà nossabusca.Facilitaa
pesquisa,porquenosdágarantiasdecomovamoslerosdadosque
encontraremosnarealidade.
Tododadoadquiresentidoà luzdeumateoriae todateoriain-
terpretao dado.Issopressupõeumprocessointerpretativoporparte
dopesquisador.O marcoteóricofuncionacomoumamemóriaes-
critaqueproporcionaumagamainteressantedeconceitos,de vmiá-
veisedehipóteses,aosquaiso pesquisadorpodee deverárecorrer
paradarumsentidoaosfatosquepretendeestudar.A perguntaque
sedevefazeré: contocomo respaldodealgumateoria?
Definiro marcoteóricoétomarpartidonalutaparadigmática,é
recrutaremumexércitodepensadoresquecombatemporumade-
terminadafacção,sejaestaa psicanálise,o materialismohistórico,o
funcionalismoestrutural,a microfísicadopoder,a atençãoprimária
à saúde,a teoriaeconômicaneoclássica,a sociologiacríticadaes-
coladeFrankfurt,a teoriafenomenológica,a escolabehavioristaou
asistêmicanaTeoriadasOrganizações,oenfoquedosSistemasLocais
deSaúdeouo dosMunicípiosSaudáveisetc.
Somente
dispomosdeum
autênticomarco
teóricoquando
nosenquadramos
emum
paradigma
A perguntaque
sedevefazero
pesquisadoré:
contocomo
respaldode
algumateoria?
59
Quandonosfalta
umrespaldo
teórico,o marco
selimitaaum
'estadodaarte'
60
\
b) MarcoReferencial
Utiliza-sea expressãomarcoreferencialemvezdemarcoteórico
quandoo pesquisadornãodispõedeumateoriaqueo respalde.Isto
podeOCOlTerporquenãohá, emrelaçãoao problema,um corpo
organizadodeconhecimento(teoria),ouporque,havendoum,re-
vela-seinsuficienteou inadequadoparaa abordagemproposta,é
maisestabelecerlinlltesdoqueiluminaro caminho.Nessecaso,o
autorseesforçaráporselecionare resenhar,da formamaisorgani-
zadae sistemáticapossível,todasasabordagensteóricasrelaciona-
y .
dasaotema;ouaomenosasprincipais.
EsseéoconceItode'estadodaarte'.Todopesquisador,quando
iniciaseuestudo,tema obrigação,'deve"fazerumestudodas'ar-
tes'dotema,paranãoduplicarestudose/ouparacontinuaroutros
quenãochegaramaumfinalsatisfatório.Destaforma,incrementa-
sea memóriahistóricainvesâgativae testam-sehipóteses,talvez
geradasemoutroscontextoshistóricose/ouespaciais,cott:jando-as,
contextualizando-as,agregando-lhesoutrasvariáveisintervenientes,
emsuma,enriquecendoosmarcosteóricosexistentese proporcio-
nando-lhesrealidadesempíricas.
Nestecaso,asperguntasqueopesquisadorsedevefazersão:
.o quesabemosatéhojesobreo problema?
.quemo estudou?.comoo estudaram?
.hámaisdeumaposição?
.e,mcasoafirmativo,em quediferemasposiçõesexistentes?
o marcoreferencialnãotemporquesernecessariamenteteóri-
co.Quandosetratadeumestudototalmenteempírico,como,por

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