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Fernando G. Branco Licenciatura em Eng. Civil - Unilúrio 2014 Agregados Fernando G. Branco Agregados: materiais granulados usados em construção. Podem ser de origem natural, artificial ou reciclados. As dimensões correntes variam entre cerca 200 mm e 0.1 mm, embora para os casos correntes de betão armado a dimensão máxima dos agregados não costume exceder 40 mm. Agregados naturais: provenientes de fontes minerais, sendo sujeitos apenas a tratamento mecânico. Agregados artificiais: de origem mineral, resultado de um processo industrial envolvendo tratamentos térmicos ou outras modificações (ex. argila expandida, escórias de siderurgia) Agregados reciclados: resultantes de processamento de materiais inorgânicos usados previamente em construção (ex. betão britado, misturas betuminosas escarificadas). Fíler: agregado com dimensão inferior a 0.063mm, que pode ser adicionado a outros materiais de construção para lhes fornecer certas propriedades. Definições Fernando G. Branco Classificações dos agregados Quanto à baridade: •ultraleve (<300 kg/m3) •leve (>300 e <950 ou 1200) •denso (normal) (>950 ou 1200 e <1700) •extradenso (>1700) Classificação dos agregados quanto à baridade e principais aplicações do betão com ele fabricado Classifica ção Quanto à massa volúmica absoluta: massa volúmica normal (>2300 e <3000 kg/m3) pesados (>3000) leves (<2300) Fernando G. Branco Agregados – âmbito de aplicação • Betões, argamassas e caldas • Misturas betuminosas e tratamentos superficiais • Misturas não ligadas ou tratadas com ligantes hidráulicos • Enrocamentos • Balastros de vias férreas Agregados em betão • Os Agregados são o esqueleto do betão, sendo colados entre si por um ligante que, nos casos mais correntes é o Cimento Portland Normal. • O termo inertes resultou do facto de se pensar que os granulados não reagiam quimicamente com os outros componentes. Sabe-se, contudo, que os agregados são por vezes reactivos com o cimento, com a água, com os aditivos e/ ou adjuvantes e uns com os outros. O termo inertes ainda é utilizado, mas tende a ser substituído pelo termo mais correcto “agregados”. • Ocupam 70% a 80% do volume do betão => Importância do conhecimento das suas propriedades e definição da sua qualidade para o fabrico de um bom betão. Fernando G. Branco Legislação – Normas harmonizadas de especificação Especificam as propriedades dos agregados e fílers para determinada utilização do agregado. EN 12620:2002 – Agregados para betão EN 13043:2002 – Agregados para misturas betuminosas EN 13055-1:2002 – Agregados leves – Parte 1: Agregados leves para betão, argamassa e calda de cimento EN 13139:2002 – Agregados para argamassas EN 13242:2002 – Agregados para misturas não ligadas ou tratadas com ligantes hidráulicos EN 13383:2002 – Agregados para estruturas de protecção costeira EN 13450:2002 – Agregados para balastro Fernando G. Branco Legislação – Normas harmonizadas de especificação - Especificam o sistema de controlo de produção em fábrica - Definem as propriedades a controlar e os métodos de ensaio - Para cada propriedade a controlar, definem a forma de especificar o desempenho do agregado - Definem as frequências mínimas das inspecções e ensaios Normas harmonizadas de especificação - Estrutura • Objectivo, campo de aplicação, referências normativas • Termos e definições • Requisitos geométricos, físicos e químicos • Avaliação de conformidade • Designação, marcação e etiquetagem • Anexos: • Orientações referentes a utilizações específicas ou produtos específicos • Controlo de produção na fábrica (Nota: define frequência mínima de ensaios) • Anexo ZA – requisitos essenciais ou outras disposições da directiva • Bibliografia • Anexo Nacional (Nota: faz a correspondência entre as normas portuguesas e as normas internacionais citadas na norma) Fernando G. Branco Propriedades dos Agregados Propriedades gerais – comuns a todos os agregados (ex. Granulometria, forma, resistência à fragmentação, etc. Propriedades específicas para uma utilização – dependem do tipo de utilização pretendida para o agregado (ex. Resistência ao polimento acelerado para misturas betuminosas, ou betão para camada de desgaste). Propriedades de agregados de origens específicas – influência da prove- niência dos agregados nas suas características (ex. teor em cloretos para agregados de origem marinha; desintegração do ferro para escórias de alto forno). Requisitos dos agregados - Prop. de determinação sempre obrigatória - Prop. de determinação obrigatória função da legislação aplicável a um local ou utilização (“quando requerido”). Fernando G. Branco Normas de ensaio - Estabelecem os métodos para determinação das propriedades dos agregados • Grupos de normas EN 932 – Ensaio das propriedades gerais dos agregados EN 933 – Ensaio das propriedades geométricas dos agregados EN 1097 – Ensaio das propriedades mecânicas e físicas dos agregados EN 1367 – Ensaio das propriedades térmicas e de meteorização dos agregados EN 1744 – Ensaio das propriedades químicas dos agregados • EN 932 – Ensaio das propriedades gerais dos agregados Parte 1 - Métodos de amostragem Parte 2 - Métodos de redução de amostras em laboratório Parte 3 - Procedimento e terminologia de descrição petrográfica simplificada Parte 4 - [Documento suspenso] Parte 5 - Equipamento de laboratório corrente e calibração Parte 6 - Definições de repetibilidade e de reprodutibilidade Fernando G. Branco Normas de ensaio • EN 933 – Ensaio das propriedades geométricas dos agregados (11 partes) - Análise granulométrica: método de peneiração - Forma das partículas: índice de achatamento e índice de forma - Percentagem de superfícies esmagadas e partidas (agregados grossos) - Coeficiente de escoamento - Teor em conchas - Teor em finos: equivalente de areia; azul de metileno; granulometria de filer - Classificação de constituintes dos agregados reciclados grossos • EN 1097 – Ensaio das propriedades mecânicas e físicas dos agregados (10 partes) - Resistência ao desgaste: micro-Deval - Resistência à fragmentação - Baridade e volume de vazios - Vazios em filer seco compactado - Teor em água - Massa volúmica e absorção de água - Massa volúmica de fíler (picnómetro) - Coeficiente de polimento - Desgaste por pneus com correntes - Altura de absorção de água Fernando G. Branco Normas de ensaio • EN 1367 – Ensaio das propriedades térmicas e de meteorização dos agregados - Resistência ao gelo-degelo - Ensaio do sulfato de magnésio - Ensaio de ebulição dos basaltos “sonnenbrenner” e de desintegração das escórias - Determinação da retracção por secagem - Determinação da resistência ao choque térmico • EN 1744 – Ensaio das propriedades químicas dos agregados - Análise química (vários métodos de ensaio para vários elementos) - Determinação da resistência à reacção álcali-agregado - Preparação dos “eluatos” por lexiviação dos agregados - Determinação da susceptibilidade à água dos fíleres para misturas betuminosas - Determinação dos sais de cloretos solúveis em ácido - Determinação da influência do extracto dos agregados no tempo de presa do cimento Fernando G. Branco Agregados – Requisitos geométricos Propriedade EN de ensaio EN de especificação Betão (12620) Betuminosos (13043) Leves p/ betão (13055-1) Argamassas (13139) Const. Rodov. (13242) Vias férreas (13460) Granulometria 933-1 933-10 S S S S S S Forma partic. 933-3 933-4 QR QR QR QR QR QR Teor conchas 933-7 OE OE Teor finos 933-1 S QR QR S QR S Teor partic. finas933-1 S Quant. finos 933-8 933-9 S S S S % part. Esmagadas 933-5 QR QR Angulosidade agregado fino 933-6 QR Comp. particulas S Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica Granulometria: é a distribuição dos dimensões das partículas, expressa em percentagens da massa das que passam em peneiros com dimensões especificadas. Dimensão de uma partícula: É definida pela abertura de uma malha com forma determinada pela qual esta partícula passa, ficando retida numa malha idêntica de menor abertura. Dimensão do agregado: designação do agregado em termos das aberturas do peneiro inferior (d) e do superior (D), expressa como d/D. Esta designação admite a presença de algumas partículas retidas no peneiro superior (sobretamanhos) e de algumas que passam no peneiro inferior (infratamanhos). Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica • Dimensão do agregado D im e n s ã o ( m m ) 4mm 0.063mm Agregado Grosso Agregado Fino Agregado de granulometria extensa: agregado constituído por mistura de agregados grossos e finos. Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica • Séries de peneiros: - Série Renard (França) furos circulares - Série francesa malha quadrada - Série Americana da ASTM - Série ISO 3310 110 10i i 110 10i id d 12i id d 12i id d Peneiros ASTM Máxima dimensão D (mm) Massa mínima do provete (kg) 63 40 32 10 16 2.6 8 0.6 <4 0.2 Massas dos provetes p/ ensaio Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica • Determinação da granulometria: • NP EN 933-1 – análise granulométrica – métodos de peneiração • NP EN 933-2 – Peneiros de ensaio, dimensão nominal da abertura dos peneiros • Caracterização de um agregado em função da dimensão das suas partículas: - Distribuição granulométrica (curva de passados acumulados) - Módulo de finura • Série base de peneiros: 0.063mm 0.125mm 0.250mm 0.500mm 1 mm 2 mm 4 mm 12i id d Peneiros em rede 8 mm 16 mm 31.5 mm 63 mm 125 mm Peneiros em chapa perfurada Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica • Séries de peneiros: Série Base (mm) Série Base + Conjunto 1 (mm) Série Base + Conjunto 2 (mm) 0 0 0 1 1 1 2 2 2 4 4 4 --- 5.6 (5) --- --- --- 6.3 (6) 8 8 8 --- --- 10 --- 11.2 (11) --- --- --- 12.5 (12) --- --- 14 16 16 16 --- 22.4 (22) 20 31.5 (32) 31.5 (32) 31.5 (32) --- --- 40 --- 45 --- 63 63 63 As dimensões (d/D) dos agregados podem ser especificadas de acordo com UMA das colunas da tabela. Não é possível utilizar combinações incluindo peneiros das colunas 2 e 3. D/d>1.4 Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica • Requisitos p/ designações de agregados • Dimensões (d/D) • Requisitos gerais (2D; 1.4D; D; d; d/2) • Limites gerais e tolerâncias relativos aos peneiros intermédios • Tolerâncias relativas à granulometria declarada pelo produtor • Teor de finos Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica • Requisitos gerais para agregados p/ argamassas (EN 13139) - escolhe-se, de preferência, entre as seguintes dimensões: 0/1mm; 0/2mm; 0/4mm; 0/8mm; 2/4mm; 2/8mm • Requisitos gerais para agregados p/ balastros (EN 13450) - a norma admite duas dimensões possíveis: d D 31.5mm 50mm 63mm Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica • Requisitos gerais para agregados p/ betão (EN 12620) % passados em massa Agregado Dimensões 2D 1.4D D d d/2 Categoria G 100 98- 100 85-99 0-20 0-5 Gc85/20 D/d<2 ou D<11.2mm 100 98- 100 80-99 0-20 0-5 Gc80/20 Grosso (coarse) D/d>2 e D>11.2mm 100 98- 100 90-99 0-15 0-5 Gc90/15 Fino D<4mm e d=0 100 95- 100 85-99 --- --- GF85 Natural 0/8 D=8mm e d=0 100 98- 100 90-99 --- --- GNG90 100 98- 100 90-99 --- --- GA90 “All-in” D<45mm e d=0 100 98- 100 85-99 --- --- GA85 Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica • Limites gerais e tolerâncias relativas a peneiros intermédios • agregados p/ betão (EN 12620) Limites gerais e tolerâncias no peneiro intermédio D/d Peneiro intermédio (mm) Limites gerais Tolerância na granulometria declarada pelo produtor Categoria GT <4 D/1.4 25 a 70 15 GT15 > 4 D/2 25 a 70 17.5 GT17.5 Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica • Conteúdo de finos • agregados p/ betão (EN 12620) Agregado % passados no peneiro 0.063mm Categoria f <1.5 f1.5 <4 f4 >4 fDeclarado Grosso (coarse) Não requerido fNR <3 f3 <10 f10 <16 f16 <22 f22 >22 fDeclarado Fino Não requerido fNR <3 f3 <10 f10 <16 f16 >16 fDeclarado Natural 0/8 Não requerido fNR <3 f3 <11 f11 >11 fDeclarado “All-in” Não requerido fNR Agregados – Granulometria de agregados muito finos Para elementos com dimensão inferior a 0.063mm (filler), já não é possível efectuar a análise granulométrica através de peneiração. Utiliza-se neste caso o método de Sedimentação (EN 933-10). Fernando G. Branco Agregados – Análise granulométrica Curva granulométrica – representação gráfica da granulometria, em que nas ordenadas do gráfico são representadas as percentagens de retidos acumulados e em abcissas a dimensão do peneiro. A escala das abcissas pode variar, sendo algumas das mais comuns: log d, log2d , d5, d Fernando G. Branco Exemplo: curva granulométrica Peneiro Massa retida (g) % retida % total que passa % total retida 31.5 0.0 0.0 100.0 0.0 16 150.0 5.7 94.3 5.7 8 86.0 3.3 91.0 9.0 4 195.8 7.4 83.6 16.4 2 587.0 22.3 61.3 38.7 1 319.4 12.1 49.1 50.9 0.500 990.3 37.6 11.5 88.5 0.250 103.0 3.9 7.6 92.4 0.125 150.0 5.7 1.9 98.1 0.063 50.0 1.9 0.0 100.0 refugo 0.0 0.0 100.0 0.0 Total= 2631.5 _ 150*100 % *100 5.7% 2631.5 massa retida retida massa da amostra Fernando G. Branco Exemplo: curva granulométrica Peneiro Massa retida (g) % retida % total que passa % total retida 31.5 0.0 0.0 100.0 0.0 16 150.0 5.7 94.3 5.7 8 86.0 3.3 91.0 9.0 4 195.8 7.4 83.6 16.4 2 587.0 22.3 61.3 38.7 1 319.4 12.1 49.1 50.9 0.500 990.3 37.6 11.5 88.5 0.250 103.0 3.9 7.6 92.4 0.125 150.0 5.7 1.9 98.1 0.063 50.0 1.9 0.0 100.0 refugo 0.0 0.0 100.0 0.0 Total= 2631.5 % 100 % 100 5.7 94.3%total passados retida Fernando G. Branco Exemplo: curva granulométrica Peneiro Massa retida (g) % retida % total que passa % total retida 31.5 0.0 0.0 100.0 0.0 16 150.0 5.7 94.3 5.7 8 86.0 3.3 91.0 9.0 4 195.8 7.4 83.6 16.4 2 587.0 22.3 61.3 38.7 1 319.4 12.1 49.1 50.9 0.500 990.3 37.6 11.5 88.5 0.250 103.0 3.9 7.6 92.4 0.125 150.0 5.7 1.9 98.1 0.063 50.0 1.9 0.0 100.0 refugo 0.0 0.0 100.0 0.0 Total= 2631.5 % 100 % 100 94.3 5.7%total retida total passados Fernando G. Branco Agregados – Módulo de finura Módulo de finura – parâmetro utilizado para determinar a dimensão média das partículas de um agregado. Determina-se dividindo por 100 a soma das percentagens de retidos acumulados nos peneiros da série base. 1 % 100 n i i ra MF onde: - %rai representa a percentagem de retidos acumulados no peneiro i - iX[0.125; 0.25; 0.5; 1 ;2 ;4 ;8 ;16; 32; 63] Fernando G. Branco Agregados – Mistura de agregados Agregado grosso Agregado fino Mistura de agregadosFernando G. Branco Agregados – Mistura de agregados Em cada peneiro, a percentagem de material passado de uma mistura de agregados pode ser determinada através soma das percentagens de passados acumulados nesse peneiro, de todos os agregados que constituem a mistura, ponderadas pelo peso desses agregados na mistura. onde: %pMi – percentagem de passados acumulados da mistura no peneiro i. %pAij – percentagem de passados acumulados do agregado j no peneiro i. %Aj – peso percentual do agregado j na mistura M. 1 % *%% n i ij j j pA ApM O Módulo de Finura de uma mistura de agregados (MFM) é igual à soma dos módulos de finura dos agregados que constituem a mistura (MFj), ponderados pelo peso desses agregados na mistura (%Aj). 1 *% n M j j j MF AMF Fernando G. Branco Agregados – Mistura de agregados Em cada peneiro, a percentagem de material passado de uma mistura de agregados pode ser determinada através soma das percentagens de passados acumulados nesse peneiro, de todos os agregados que constituem a mistura, ponderadas pelo peso desses agregados na mistura. % . º *100 % . . 100 100 ret acumulados n peneiros retidos no peneiro MF Peneiros p/ MF Fernando G. Branco Agregados – Mistura de agregados Módulo de Finura: 1 4*100 99 96 20 15 1.70 100 AMF Módulo de Finura da mistura: 1.70*8.4 2.81*13.6 6.26*24.4 7.14*53.6 /100 5.87MMF Fernando G. Branco Agregados – Mistura de agregados Fernando G. Branco Agregados – Representação triangular para areias (Feret) Fernando G. Branco Agregados – Representação triangular para areias (Feret) Peneiro Malha (mm) 6,3 4 2 1 0,500 0,250 0,125 0,063 Areia A1 (rolada) ( % de passados) 100 85 62 50 35 5 0 Areia A2 (rolada) ( % de passados) 100 85 80 76 70 50 15 0 Areia A3 (rolada) ( % de passados) 100 50 40 35 20 5 2 0 1Areia A 2Areia A3Areia A15 20 60 35 10 20 50 70 20 G M F Fernando G. Branco Agregados – Representação triangular para areias (Feret) A3 A1 A2 1Areia A 2Areia A3Areia A15 20 60 35 10 20 50 70 20 G M F Fernando G. Branco Agregados – Forma das partículas de agregado A forma das partículas influencia as propriedades do betão: Trabalhabilidade; Ângulo de atrito interno; Compacidade, etc. Principais parâmetros para especificação da forma Normas antigas Nova legislação Índice de lamelação Índice de alongamento Índice volumétrico % de partículas britadas Teor de conchas Índice de achatamento Índice de forma % de superfícies esmagadas e partidas Limpeza do agregado Fernando G. Branco Agregados – Forma das partículas de agregado A forma de uma partícula pode caracterizar-se simplificadamente através de 3 dimensões: -Comprimento (C) -Largura (L) -Espessura (E) C L E Fernando G. Branco Fracção (mm) P. Barras (mm) Fracção (mm) P. Barras (mm) 63/80 40 12.5/16 8 50/63 31.5 10/12.5 6.3 40/50 25 8/10 5 31.5/40 20 6.3/8 4 25/31.5 16 5/6.3 3.15 20/25 12.5 4/5 2.5 16/20 10 Agregados – Forma das partículas de agregado • Índice de achatamento (norma de ensaio: NP EN 933-3) • Domínio de aplicação: - Agregados com 4mm < D < 80mm • Princípio de ensaio: - O índice de achatamento (FI) de cada fracção granulométrica di/Di corresponde ao passado na grelha de espaçamento D/2, expresso em percentagem da massa total da fracção • Procedimento de ensaio: - peneirar o provete e determinar a massa de cada fracção (M1i) - passar cada uma das fracções pelo peneiro de barras correspondente - determinar a massa de cada fracção (M2i) - determinar FI=100xM2/M1 (M1=M1i; M2=M2i - FI arredondado ao inteiro mais próximo Fernando G. Branco Agregados – Forma das partículas de agregado • Índice de forma (norma de ensaio: NP EN 933-4) • Domínio de aplicação: - Agregados com 4mm < D < 63mm • Princípio de ensaio: - O índice de forma (SI) corresponde à massa de partículas cuja relação C/E é superior a 3, expressa em percentagem da massa total das partículas ensaiadas • Procedimento de ensaio: - peneirar o provete e determinar a massa de cada fracção (M1i) - avaliar os parâmetros C e E e separar as partículas com relação C/E>3. - determinar a massa das partículas separadas (M2i) - calcular SI=100xM2/M1 (M1=M1i; M2=M2i) C/E>3 C/E<3 E C Fernando G. Branco Agregados – Forma das partículas de agregado • Percentagem de superfícies esmagadas e partidas nos agregados grossos (C) (norma de ensaio: NP EN 933-5) • Domínio de aplicação: - Agregados com 4mm < D < 63mm • Princípio de ensaio: O ensaio consiste na separação manual das partículas em 4 categorias: - partículas semi-britadas, incluindo as totalmente britadas (Mc) - partículas semi-roladas, incluindo as totalmente roladas (Mr) - partículas totalmente britadas (Mtc), separadas a partir do primeiro grupo - partículas totalmente roladas (Mtr), separadas a partir do segundo grupo • Expressão dos resultados: (4 índices: Cc; Cr; Ctc; Ctr) ( , , , ) ( , , , ) 1 *100 c r tc tr c r tc tr M C M Provetes em que D<2d: ( , , , ) ( , , , ) 1 *100 ci ri tci tri c r tc tr i M C M Provetes em que D>2d: Resultado é obtido a partir do somatório das massas de todas as fracções granulométricas Fernando G. Branco Agregados – Limpeza do agregado Teor de finos (<0.063mm) Equivalente de areia Azul de metileno >3%? Não Sim EA<lim. especifi cado?Sim Não Fim Fernando G. Branco Agregados – Limpeza do agregado • Equivalente de Areia (norma de ensaio: NP EN 933-8) • Domínio de aplicação: - Agregados finos e de granulometria extensa (AGE) - Ensaia-se a fracção 0/2mm (referência) ou 0/4mm • Princípio de ensaio: - Introduz-se uma pequena quantidade de agregado e de solução flocolante numa proveta cilíndrica. Agita-se e deixa-se repousar por 20min. Ensaio realizado a 23ºC. - Em seguida, mede-se a altura h2 (sedimento existente no fundo da proveta) e h1 (sedimento + partículas em suspensão) - O valor de equivalente de areia (SE) corresponde à relação (%) entre h1 e h2. Fernando G. Branco Agregados – Limpeza do agregado • Equivalente de Areia (norma de ensaio: NP EN 933-8) • Procedimento de ensaio: - Amostra NÃO seca em estufa. Teor de humidade <2%. - Peneirar amostra até se obter a fracção desejada (0/2 ou 0/4) - Retirar, por repartição, uma porção de fracção 0/2 e determi- nar o seu teor em água. Preparar dois provetes c/ 1.2(100+w)g - Introduzir na proveta a fracção 0/2. Juntar pequena quantidade de solução EA e repousar por 10min. Agitar a solução por 301s, completando 903 ciclos. - Completar o preenchimento da proveta com solução, utilizando um tubo de lavagem que faz com que os finos venham ao de cima e fiquem em suspensão. -Após 20 min. de repouso, medir alturas h1 e h2. - Com os valores de h1 e h2, calcular o valor do Equivalente de Areia: SE=100*h2/h1 h1 h2 Fernando G. Branco Agregados – Limpeza do agregado • Azul de metileno (norma de ensaio: NP EN 933-9) • Domínio de aplicação: - Agregados finos e de granulometria extensa (AGE) - Ensaia-se a fracção 0/2mm (referência) ou 0/0.125mm (misturas betuminosas) • Princípio de ensaio: - Doses de solução de azul de metileno (10g/l) são sucessivamente adicionadas a uma suspensão do provete em água, até que o limite de adsorção do azul de metileno pelas partículas seja atingido.- Este limite é identificado através do método da mancha em papel de filtro. - Quando os finos são pouco argilosos, pode adicionar-se caulinite à suspensão. Fernando G. Branco Agregados – Limpeza do agregado • Azul de metileno (norma de ensaio: NP EN 933-9) • Procedimento de ensaio: - Amostra é seca a 110ºC. Peneirar amostra até se obter a fracção desejada (0/2 ou 0/4). As partículas >2mm são separadas por peneiração e rejeitadas. Pesa-se o provete, devendo a sua massa (M1) ser superior a 200g (30g se a fracção a ensaiar for 0/0.125mm). - Coloca-se o provete num copo com 500ml de água destilada e agita-se, usando um agitador de ventoinha. - Mantendo a preparação em agitação, vão-se adicionando doses sucessivas de solução de azul de metileno (5ml – 2ml) e determinando, através do teste da mancha, qual o momento em que passa a haver azul de metileno livre na preparação. Este ponto coincide com o aparecimento de uma auréola azul turquesa à volta de uma mancha azul escura. Regista-se o volume total de solução adicionado. - Calcula-se o valor de Azul de Metileno (VB) através da expressão: VB=V1/M1*10, e é expresso em g (de azul)/100g (de 0/2 ou 0/0.125mm). Fernando G. Branco Agregados – Resistência Mecânica • Resistência ao desgaste micro-Deval (norma de ensaio: NP EN 1097-1) • Domínio de aplicação: - Agregados grossos para pavimentos e betões hidráulicos. • Princípio de ensaio: - As partículas do agregado são sujeitas ao atrito, avaliando-se o seu desgaste. O valor MDE corresponde à percentagem de massa de material desgastado relativamente à massa total de material ensaiado. Fernando G. Branco Agregados – Resistência Mecânica • Procedimento de ensaio: - Peneirar a amostra e preparar um provete 10/14mm, devendo a fracção 10/12.5mm corresponder a 60-70% do provete (30-40% se se preparar a fracção 10/11.2mm) - Lavar o provete e secar em estufa a 110ºC. - Pesar um provete de 5000.5g. - Colocar o provete dentro de um tambor com 5000g de esferas (=10mm) e 2.5l de água. - Sujeitar o tambor a 12000 voltas (100 r.p.m.). - Lavar o provete e passá-lo pelo peneiro de 1.6mm de abertura. - Secar em estufa o material retido. - Pesar o material retido e calcular: MDE= % <1.6mm Fernando G. Branco Agregados – Resistência Mecânica • Ensaio de Los Angeles (norma de ensaio: NP EN 1097-2) • Domínio de aplicação: - Agregados grossos para pavimentos e betões hidráulicos. Ensaio de referência relativamente à avaliação da fragmentação. - O outro ensaio de fragmentação é o ensaio que determina a resistência ao impacto. • Princípio de ensaio: - As partículas do agregado são sujeitas à acção de fragmentação num tambor com esferas pesadas, avaliando-se o seu desgaste por fragmentação (por via seca). - O valor LA corresponde à percentagem de massa de material desgastado relativamente à massa total de material ensaiado. Fernando G. Branco Agregados – Resistência Mecânica • Procedimento de ensaio: - Peneirar a amostra e preparar um provete 10/14mm, devendo a fracção 10/12.5mm corresponder a 60-70% do provete (30-40% se se preparar a fracção 10/11.2mm) - Lavar o provete e secar em estufa a 110ºC. - Pesar um provete de 5000g. - Colocar o provete dentro de um tambor com 11 esferas grandes de aço. Sujeitar o tambor a 500 voltas (32 r.p.m.). - Lavar o provete e passá-lo pelo peneiro de 1.6mm de abertura. - Secar em estufa o material retido. - Pesar o material retido e calcular: LA= % <1.6mm Fernando G. Branco Resistência da ligação cimento/agregado Esta ligação ainda não é conhecida com rigor suficiente, mas constitui um factor importante em todas as propriedades do betão: tensão de rotura; permeabilidade; capilaridade; resistência ao gelo; retracção; fluência. • Tipos de ligação • Ligação mecânica por rugosidade superficial do agregado (os cristais do cimento envolvem as asperezas da superfície do grão de agregado). • Aderência devida à absorção, pelo agregado, de água contendo ligante dissolvido (que após penetrar na superfície da partícula cristaliza ao mesmo tempo que a pasta ligando-se a ela). • Atracção entre a pasta de cimento e a superfície do agregado por forças de Van der Waals (ligação do tipo puramente físico). • Continuidade da estrutura cristalina do agregado nos produtos de hidratação do cimento. • Aderência de origem química devida a reacções entre os produtos da hidratação do cimento e a superfície do agregado. Fernando G. Branco Propriedades térmicas dos agregados Para que o betão seja resistente à congelação da água, é necessário que os agregados sejam provenientes de rochas com resistência suficiente às alternâncias de congelação – descongelação. A pasta de cimento pode adquirir estas propriedades, casos sejam usados introdutores de ar. As principais propriedades térmicas que interessa considerar são: • coeficiente de dilatação térmica • calor específico • coeficiente de condutibilidade térmica O coeficiente de dilatação térmica do agregado influi no do betão e pode ser muito diferente do da pasta de cimento. Grande variação na temperatura pode introduzir diferença apreciável nas dimensões relativas do agregado e da pasta de cimento podendo daí resultar a rotura da ligação entre estes. • Coef. Dilat. Térmica: pasta de cimento: 11x10-6 a 16x10-6 ºC-1;argamassa: 8x10-6 a 12x10-6 ºC-1 rochas mais correntes: 0.9x10-6 º C-1 a 16x10-6 ºC-1 • Coeficiente de condutibilidade térmica - varia com a natureza da rocha e com o grau de humidade. • Calor específico - é pouco variável : cerca de 0.20 cal. g-1ºC-1 Fernando G. Branco Impurezas contidas nos agregados • Partículas com resistência baixa e/ou com expansões ou contracções excessivas Partículas que alteram a resistência do betão: resistência inferior à argamassa, alterações volumétricas excessivas por embebição, secagem ou congelação da água no seu interior. Ex: partículas xistosas, de baixa densidade, grumos de argila, madeira, carvão, etc. podem conduzir à formação de crateras ou de desagregações locais sob a forma de fissuração ou escamação. Limitação: especificação LNEC E-373. • Matéria orgânica Húmus resultante da decomposição de detritos vegetais e animais. A sua presença é mais prejudicial nas areias do que no agregado grosso, este lava-se mais facilmente e tem menor superfície específica. Os ácidos orgânicos podem: retardar a presa, reduzir a resistência inicial e em certos casos a resistência final do betão. A acção nociva dos ácidos orgânicos resulta da sua combinação com o hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) libertado pela hidratação dos componentes do cimento o que faz diminuir o pH da solução ou da sua adsorção pelas partículas de cimento. Fernando G. Branco Impurezas contidas nos agregados • Argila Pode revestir as partículas de agregado, estar presente sob a forma de grumos ou dispersa e misturada com o agregado sob a forma de pó. São partículas coloidais de dimensões inferiores às do cimento (1m a 0.00m), podendo ser adsorvidas pela superfície dos grãos de cimento formando uma barreira que impede a hidratação e consequente cristalização do cimento. Se a argila reveste o agregado, impede a perfeita ligação cimento-agregado, com decréscimo das tensões de rotura. Limitação: especificação LNEC E-373. • Partículas finas (filler) A parte do agregado constituída pelas partículas que passam no peneiro 0.063mm. Os finos são inconvenientes porque: elevada superfície específica exigem grande quantidade de água de amassadura excesso de água perda de compacidade : - diminuição da resistência à compressão e ao desgaste - aumento da porosidade; aumento da retracçãoOs finos podem ser benéficos em betões com baixa dosagem de cimento aumentam a trabalhabilidade. A presença de pó de pedra não é tão perigosa como a argila devido às maiores dimensões das partículas(0.002 a 0.006 mm). Limitação: especificação LNEC E-373. Fernando G. Branco Impurezas contidas nos agregados • Impurezas constituídas por sais minerais • Cloretos Podem existir nos agregados ou provir de águas com que estiveram em contacto. Alteram o tempo de presa do cimento e a velocidade de endurecimento, mas não são perigosos para o betão, não formam compostos indesejáveis com os componentes do cimento. Oxidam as armaduras de aço sob a forma de ferrugem com um notável aumento de volume que acaba por romper o revestimento de betão. (especificação LNEC E-373). • Sulfatos Os sulfatos podem reagir com a alumina (Al2O3) do cimento ou do agregado originando o sulfoaluminato de cálcio hidratado reacção que é bastante expansiva quando se dá no interior do betão. (especificação LNEC E-373). • Sulfuretos Os sulfuretos de ferro FeS originam manchas e expansões no betão. Reagindo com a água e com o oxigénio forma um sulfato ferroso que posteriormente se decompõe em hidróxido (dá origem às manchas de ferrugem) e em sulfato que pode reagir com a alumina. (especificação LNEC E-373). Fernando G. Branco Impurezas contidas nos agregados • Impurezas constituídas por sais minerais • Compostos ferrosos Os compostos ferrosos presentes nos agregados podem dar origem a manchas de ferrugem e, por oxidação, provocar expansões excessivas. • Alcalis Os iões alcalinos reagem com a sílica dos agregados, dando origem a silicatos de sódio que provocam fortes expansões no interior do betão endurecido. A sua pesquisa só interessa quando a sílica do agregado a utilizar é reactiva com os álcalis e quando o ligante é o cimento portland normal. (especificação LNEC E-373). • Compostos de chumbo e zinco solúveis em água de cal Estes compostos podem retardar muito a presa, mas as tensões de rotura a longo prazo são superiores às que se verificam quando não há retardação. Fernando G. Branco Reacções expansivas entre cimento e agregado A ocorrência deste tipo de reacções poderá afectar negativamente a durabilidade do betão. • Reacção dos alcalis com a sílica do agregado Betão conservado em meio húmido + agregado contém sílica reactiva+ pasta de cimento com >0.6% de alcalis (óxidos de sódio e potássio) reacção expansiva com formação de silicatos alcalinos. Formas cristalinas da sílica desde a mais reactiva à mais estável: cristobalite, tridimite e quartzo Manifestações exteriores desta reacção: Expansão exagerada e deformações desordenadas, originando fissuras em direcções que não correspondem às tensões instaladas na estrutura. Formação de crateras mais ou menos profundas, de forma cónica. Exsudação de um gel de sílica. Maneiras de combater esta reacção: Utilizar betões cujo teor total de alcalis (cimento+agregados+água+adições) e expresso em óxido de sódio (NaO) seja inferior a 0.6% em relação à massa do cimento ou (cimento+ adições). Não utilizar agregados com sílica reactiva Utilizar cimentos de tipo II, III ou IV (LNEC E-373) Utilizar pozolanas e escórias de alto forno em quantidade e qualidade suficiente Fernando G. Branco Reacções expansivas entre cimento e agregado • Reacção dos alcalis com os calcários dolomíticos O calcário dolomítico é uma rocha sedimentar constituída por uma mistura de carbonato de cálcio (calcite CaCO3) com carbonato duplo de cálcio e magnésio (dolomite CaMg(CO3)2). Os alcalis existentes na pasta de cimento e provenientes dos componentes do betão reagem com a dolomite e com a calcite originando produtos fortemente expansivos. São reacções que conduzem à formação de novos compostos sólidos, sem dissolução do sólido primitivo e que por isso são expansivas. As rochas em que a calcite predomina (calcários e mármores) não são reactivas. À medida que a % de dolomite aumenta a expansão cresce. O único meio de combater esta reacção é limitar o teor total de alcalis a valores inferiores a 0.4%. Fernando G. Branco Reacções expansivas entre cimento e agregado • Reacção dos sulfatos com a alumina Alumina reactiva (dos agregados ou do cimento)+hidróxido de cálcio (cimento)+ sulfatos (do cimento ou do ambiente) Sulfoaluminato de cálcio hidratado (sólido fortemente expansivo, sal de Candlot). Este sólido é fortemente expansivo porque não há dissolução do aluminato. Esta reacção pode ser combatida pela utilização de pozolana, que faz baixar a concentração de hidróxido de cálcio nos poros do cimento hidratado e aumentar solubilidade do aluminato, de modo que a formação do sulfoaluminato se faça pela sua precipitação a partir dos aluminatos dissolvidos, o que já não provoca expansão porque desaparece um sólido (aluminato) e surge para seu lugar um novo sólido (sulfoaluminato)
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