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CA PÂNCREAS CIRURGIA 1 CA PÂNCREAS O adenocarcinoma de pâncreas é uma forma de câncer com uma taxa de sobrevida de 5 anos que, mesmo com tratamento, pode ser tão baixa quanto 8% em algumas séries. Existem vários fatores de risco associados a essa doença, sendo o tabagismo um dos principais. A predisposição ao adenocarcinoma de pâncreas está diretamente relacionada à carga tabágica. Outro fator de risco que tem se tornado cada vez mais comum é o início do diabetes em uma fase mais adulta ou idosa. Pacientes que passaram a vida inteira sem diabetes e que desenvolvem a doença por volta dos 50 ou 60 anos podem ter um câncer de pâncreas subjacente. Alguns estudos demonstraram que, nesses casos, o diabetes pode aparecer 2 a 3 anos antes do diagnóstico do câncer. Existem também fatores de risco hereditários para o adenocarcinoma de pâncreas: • Fibrose cística, por exemplo, é um desses fatores. • Síndrome de Peutz-Jeghers, que é caracterizada pela presença de lesões melanocíticas em todo o trato gastrointestinal, também predispõe ao risco de desenvolvimento de câncer de pâncreas. • Síndrome de Lynch: presença de pólipos colorretais isolados ou relacionados à presença de outros tumores na síndrome de Lynch II (ovário, endométrio, mama); • Polipose adrenomatosa familiar (PAF) caracterizada pela presença de mais de 100 pólipos no intestino grosso, também está associada ao desenvolvimento do adenocarcinoma de pâncreas. FISIOPATOLOGIA: A fisiopatologia do adenocarcinoma de pâncreas envolve uma sequência de mutações genética. A primeira mutação que acontece é a mutação no gene K-RAS, um oncogene. Uma série de outras mutações também estão presentes na oncogênese do adenocarcinoma de pâncreas. A mutação de outros dois genes supressores de tumor também é importante: CDKN2A e SMAD4. 2 QUADRO CLÍNICO A localização do tumor no pâncreas tem um impacto significativo no momento do diagnóstico. Os tumores localizados na cabeça do pâncreas geralmente são diagnosticados mais precocemente do que aqueles localizados no corpo ou na cauda do pâncreas. Isso ocorre porque, à medida que o tumor cresce e obstrui a região periampular da ampola de Vater, levando a quadro precoce de icterícia. Por outro lado, um tumor pequeno localizado no corpo ou na cauda do pâncreas raramente é sintomático. Ele não causa dor e às vezes pode estar associado ao início de diabetes. À medida que o câncer de pâncreas progride, ele pode causar dor devido à invasão dos nervos retroperitoneais do plexo celíaco. A perda de peso também é um sintoma comum e importante. Existem vários sinais clínicos que podem indicar a presença de um câncer de pâncreas avançado O sinal de Courvoisier-Terrier (vesícula biliar é palpável e indolor). Presente nas neoplasias periampulares. A presença do linfonodo de Virchow, linfonodo supraclavicular esquerdo, é um sinal de doença metastática e avançada. Outro sinal que pode estar presente é a prateleira de Blumer (nodulação é sentida no peritônio durante o toque retal), caracterizando a presença de carcinomatose peritoneal. O sinal da Irmã Maria José, nodulação umbilical sem hérnia, também pode estar presente no câncer de pâncreas, indicando a presença de carcinomatose peritoneal. CA PÂNCREAS 3 DIAGNÓSTICO O diagnóstico do adenocarcinoma de pâncreas envolve uma combinação de exames de imagem e a dosagem de marcadores tumorais. O principal marcador tumoral para as neoplasias das vias biliares e do pâncreas é o CA19-9. Embora este marcador geralmente esteja elevado em casos de adenocarcinoma de pâncreas, é importante reforçar que isso não ocorre em 100% dos casos. Outros marcadores tumorais, como o CEA e a alfa-fetoproteína, também podem estar presente.. A tomografia de abdômen com contraste é considerada o melhor exame para o diagnóstico do adenocarcinoma de pâncreas. Este exame não só auxilia no diagnóstico, mas também é crucial para o planejamento cirúrgico. Em alguns casos, a ressonância de abdômen pode fornecer informações mais precisas sobre a via biliar e o ducto de Wirsung (ducto pancreático principal). Embora não seja comum, a ultrassonografia endoscópica pode ser necessária para coletar material por meio de uma biópsia por agulha fina (PAAF) para estudo anatomopatológico e confirmação da neoplasia, naqueles pacientes que não tem indicação de ressecção completa (metastáticos / doença localmente avançada / irressecável) TC de abdome – pâncreas com vesícula hiperdistendida (Sinal de Couvoisier-Terrier) CA PÂNCREAS 4 ESTADIAMENTO E TRATAMENTO O estadiamento do câncer de pâncreas é baseado no sistema TNM da American Joint Committee on Cancer (AJCC), que leva em consideração três critérios observados na tomografia de tórax, abdome e laparoscopia diagnóstica: • T: Indica o tamanho do tumor primário. • N: Descreve se existe disseminação da doença para os linfonodos próximos. • M: Indica se existe presença de metástase em outras partes do corpo, como fígado, peritônio, pulmões ou ossos. CA PÂNCREAS 5 CA PÂNCREAS Após o estadiamento podemos dividir os pacientes em três grupos: tumores ressecáveis, tumores borderline e tumores metastáticos. • Tumores ressecáveis (sem invasão vascular, sem linfonodomegalias): quando o câncer está confinado ao pâncreas (Estágio I e II), o tratamento indicado costuma ser a cirurgia radical, seguida de quimioterapia e/ou radioterapia após a cirurgia; • Localmente avançado (borderline): Para tumores que invadiram os vasos sanguíneos próximos (veia mesentérica superior, artéria mesentérica superior até 180º, artéria hepática) a quimioterapia neoadjuvante, às vezes, junto com radioterapia, é administrada antes da cirurgia para reduzir o tamanho do tumor. Exames de imagem e laparoscopia são realizados, para re-estadiar o paciente após a neoadjuvância e se houver resposta ao tratamento propor a ressecção cirúrgica com margens livres. Após a cirurgia é realizada a adjuvância com quimioterapia. • Metastático: O tratamento para o câncer de pâncreas metastático representa um desafio significativo devido à natureza agressiva da doença e à sua propensão a se espalhar para outras partes do corpo. As opções de tratamento sistêmico incluem a quimioterapia e o tratamento das complicações (obstrução da via biliar, obstrução duodenal, dor refratária) TRATAMENTO CIRÚRGICO A técnica cirúrgica para tratar o câncer de pâncreas é decidida a partir da localização do tumor. Tumores localizados na cabeça do pâncreas e processo uncinado (também incluímos neste grupo os outros tumores periampulares – colangiocarcinoma distal, adenocarcinoma de papila duodenal e adenocarcinoma de segunda porção duodenal) têm indicação de gastroduodenopancreatectomia (cirurgia de Whipple). Por outro lado, tumores localizados no corpo e na cauda do pâncreas têm indicação de pancreatectomia corpocaudal. 6 • Gastroduodenopancreatectomia com reconstrução em alça única (cirurgia de Whipple) Esta é uma operação complexa que envolve a remoção da cabeça do pâncreas, do duodeno, da vesícula biliar e do ducto biliar comum. O coto gástrico, a via biliar, o corpo do pâncreas e o intestino delgados são então reanastomosados em alça única. As principais complicações deste procedimento são a infecção de sítio cirúrgico e a deiscência da pancreatojejunoanasotmose. • Pancreatectomia corpocaudal A pancreatectomia corpocaudal, também conhecida como pancreatectomia distal, é uma técnica cirúrgica que envolve a remoção da parte do corpo e da cauda do pâncreas. Muitas vezes, também há a necessidade de remover o baço devido à sua proximidade com a cauda do pâncreas. CA PÂNCREAS 7 TRATAMENTO DAS COMPLICAÇÕES • Obstrução da via biliar: idealmente o tratamento consiste na drenagem da via biliar por meio da colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE) e passagem de uma prótese biliar. • Obstrução duodenal: pode ser tratada com a passagem endoscópica de uma prótese autoexpansível ou com o tratamento cirúrgico realizando a dupla derivaçãodo trato gastrointestinal (anastomose do estômago com o jejuno – gastroenteroanastomose) e da via biliar (derivação biliodigestiva). • Dor: o tratamento da dor crônica e refratária a analgesia pode ser realizado com alcoolização do plexo celíaco. CA PÂNCREAS O QUE ACHOU DESSE RESUMO? RESPONDA AQUI! Queremos garantir que sua experiência com esse resumo tenha sido positivo e proveitoso. Se você puder, por favor, nos fornecer um feedback sobre o conteúdo, a organização ou qualquer outra sugestão que possa melhorar futuras edições, ficaríamos imensamente gratos. 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