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DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES DA CASCA DE PEQUI Caryocar brasiliensis Camb. 934033182

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18 a 22 de maio de 2009 
Águas de Lindóia/SP 
FZEA/USP-ABZ 
 
1 
 
DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES DA CASCA DE PEQUI (Caryocar brasiliensis Camb.) 
PARA TILÁPIAS DO NILO (Oreochromis niloticus)
1
 
 
Moisés Sena Pessoa
2
; Alan Kênio dos Santos Pereira
3
; Leonardo Campos Vieira
3
; Antônio Cleber 
da Silva Camargo
4
. 
 
1
Parte de projeto de pesquisa financiada pelo PIBIC/CNPq/UFMG 
2
Aluno do curso de graduação em Zootecnia pela Universidade Federal de Minas Gerais. email: 
moisessena@yahoo.com.br 
3
Engenheiro Agrônomo formado pela Universidade Federal de Minas Gerais. 
4
Prof. Adjunto II - Instituto de Ciências Agrárias - ICA, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. 
 
Resumo: Na piscicultura, os custos com alimentação representam em média 70% do custo total 
da produção. É importante buscar ingredientes alternativos regionais e de baixo custo para que a 
produção seja viável e lucrativa. No processo de comercialização e de produção do pequi, a 
casca, que representa aproximadamente 70% do fruto é normalmente desprezada. No entanto, 
poderia ser utilizada na alimentação animal. Dessa forma foi testado o farelo da casca de pequi 
(FCP) como ingrediente da alimentação de tilápias do Nilo. O experimento foi conduzido no 
Instituto de Ciências Agrárias (ICA) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) em Montes 
Claros com o objetivo de avaliar a digestibilidade do FCP. Foi utilizada uma ração de referência e 
uma ração teste composta por 70% da ração de referência e 30% do FCP. A ração do farelo da 
casca do pequi apresentou um coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) da proteína bruta de 
97,26% sendo superior a diversos ingredientes tradicionais. O extrato etéreo obteve uma boa 
digestibilidade aparente (88,87%) estando na média dos ingredientes normalmente utilizados. O 
CDA da fibra foi inferior a maioria dos ingredientes tradicionais, porém os percentuais não tiveram 
valores muito discrepantes. Os resultados mostraram que o farelo da casca de pequi se apresenta 
como uma possível alternativa para a alimentação de peixes, no entanto é necessário testes de 
desempenho para avaliar se realmente é viável a inclusão da mesma na dieta. 
 
Palavras–chave: alimento alternativo, composição bromatológica, dieta, nutrição, piscicultura 
 
Digestibility of the nutrients of the bark of pequi (Caryocar brasiliensis Camb.) for nile 
tilapia (Oreochromis niloticus) 
 
Abstract: In fish, food costs represent on average 70% of the total cost of production. It is 
important to seek for alternative regional and low cost ingredients in order to the production be 
viable and profitable. In the process of marketing and production of pequi, the shell, which 
represents approximately 70% of the fruit is usually neglected. However, it could be used in animal 
feed. Thus the meal of the bark of pequi was tested as an ingredient in feed for Nile tilapia. The 
experiment was conducted at the Center for Agricultural Sciences, UFMG in Montes Claros in 
order to assess the digestibility of the flour of the bark of pequi. We used a diet of reference and 
test a diet composed of 70% of the reference diet and 30% of the bark of pequi meal. The ration of 
flour made from the bark of pequi an apparent digestibility coefficients (ADC) of crude protein is 
97.26% more than many traditional ingredients, just behind the scanning of manioc flour (97.52%). 
The ether extract had a good digestibility (88.87%) being the average of ingredients commonly 
used. The CDA of the fiber was less than most traditional ingredients, but the percentages did not 
have very divergent values. The results showed that bark of pequi meal presents itself as a 
possible alternative to the feeding of fish, however it is necessary to performance tests to assess 
whether it is really feasible to include the same diet. 
 
Keywords: alternative food, chemical composition, diet, nutrition, pisciculture 
, 
 
Introdução 
 
2 
 
A cada ano aumenta aceleradamente a procura por produtos da piscicultura. Um dos 
peixes de grande destaque nacional na piscicultura é a tilápia (Oreochromis niloticus). Por ser de 
rápido crescimento, rústica, muito prolífera, apresenta boa resposta a situações adversas do 
ambiente, tais como o baixo nível de oxigênio e altos níveis de amônia na água. Na piscicultura 
atual, os maiores gastos são provenientes da alimentação e, dessa forma, é preciso buscar 
alternativas regionais de baixo custo e eficientes. 
Considerando que o cerrado ocupa cerca de 22% do território nacional, apresenta duas 
estações bem definidas, verão e inverno, que se caracterizam respectivamente por período 
chuvoso e seco, e é um importante centro de produção de grãos, analisar-se-á uma das dez mil 
plantas típicas dessa vegetação para buscar alternativas para a produção de ração. 
Uma das maiores representantes desse tipo de vegetação é o pequi (Caryocar brasiliense). 
Fruto muito apreciado na região Norte do Estado mineiro, o pequi é utilizado de diversas formas 
na culinária regional, como óleos, doces, geléias, sendo que a casca geralmente é desprezada, 
apesar do grande potencial para utilização da alimentação animal. Para se testar a viabilidade da 
inclusão de ingredientes na dieta é necessário primeiro um teste de digestibilidade e 
posteriormente testes de desempenho. Esse trabalho tem o objetivo de avaliar a casca do pequi 
como possível fonte de alimento para peixes. 
 
Material e Métodos 
O presente estudo foi realizado no Laboratório de Nutrição de Peixes do ICA da UFMG, 
Campus Regional de Montes Claros, localização na latitude 16
o
51’38’’ S e longitude 44
o
55’00’’ W. 
Foram utilizados 45 animais revertidos sexualmente da linhagem nilótica, distribuídos em três 
incubadoras com capacidade de 200 litros de água. Foi feita uma adaptação junto ao fundo das 
incubadoras com o objetivo de facilitar a coleta e também evitar perda de nutrientes. O 
mecanismo consistia em um registro acoplado a uma conexão no final com copo coletor. 
A composição bromatológica do FCP é: MS (%), 90; PB (%), 5,59; FDN (%), 26,03; 
FB (%), 18,93; e CINZAS (%), 2,74. 
A dieta foi elaborada utilizando uma ração prática como referência. E a ração teste sendo 
composta por 69% da ração referência e 30% do farelo da casca de pequi (FCP) e adicionada à 
ração 1% de cinza ácida insolúvel como marcador interno. 
Os animais foram adaptados à dieta experimental durante 5 dias, período pré-experimental. 
O período experimental foi de aproximadamente 30 dias, com coleta de fezes diariamente às 
08:30 da manha. Os peixes eram alimentados após a coleta, e novamente alimentados às 16:30, 
sempre 15 minutos após a alimentação era feita a limpeza de todo o sistema de coleta, 
eliminando assim qualquer risco de interferência nas análises. As fezes eram coletadas através 
da conexão acoplada ao fundo da incubadora. Fezes e água eram acondicionadas em um vidro e 
em seguida centrifugadas e secas em estufa a 55ºC. Após 12 horas na estufa as fezes eram 
maceradas e armazenadas em vidros com tampa para posteriores análises. A média de 
temperatura da água durante o experimento foi de 23ºC. 
As coletas foram divididas em duas etapas sendo a primeira feita utilizando apenas a ração 
de referência e a segunda utilizando a ração de referência mais o ingrediente a ser testado. 
Foram realizadas análises de Matéria Seca (MS), Proteína Bruta (PB), Fibra Bruta (FB) e 
Extrato não-nitrogenado (ENN) para ração de macaúba (teste), para ração referência e para as 
excretas. As análises de PB, MS, ENN e FB foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal, 
do Departamento de Zootecnia da UFMG. 
De posse dos resultados das análises do indicador e nutrientes das dietas e excretas, os 
coeficientes dedigestibilidade aparente (CDA) das dietas-referência e dieta-teste foram 
calculados conforme Nose apud Sakomura & Rostagno (2007). 
 
 
CDA*(%)= 100 – 100 %marcador na dieta x %nutriente nas fezes 
 %marcador nas fezes %nutriente na dieta 
 
* Coeficiente de Digestibilidade Aparente 
 
DAN*(%) = (100/30) X [Teste – (70/100 x Referência)] 
* Digestibilidade Aparente do Nutriente 
Teste = Digestibilidade aparente da proteína e energia presente na dieta teste. 
Referencia = Digestibilidade aparente da proteína e energia presente na dieta referência. 
 
3 
 
Por haver anbiguidade de nomenclatura na literatura, para efeito de comparação durante os 
resultados e discussão será adotado o nome CDA para menção ao DAN. 
 
Resultados e Discussão 
Na tabela 1 encontram-se destacados em negrito os valores do CDA de alguns nutrientes 
do farelo da casca de pequi. 
 
Tabela 1. Coeficiente de digestibilidade aparente de alguns alimentos. 
CDA (%) PB E.E Fibra ENN Cinzas Autor 
Farelo da casca de pequi 97,21 88,87 55,32 37,72 45,71 Pereira (nãopublicado) 
Farinha de soja 91 - - - - Hanley(1987) 
Farinha de peixe 86 19,5 59,4 Hanley(1987) 
Fubá de milho 76 92 59,10 - - Hanley(1987) 
Farinha mista de frango 59 - - - - Hanley(1987) 
Triguilho 91,03 1,51 - - - Hanley(1987) 
Farinha de cevada 63 - - - - Hanley(1987) 
Gordura de origem animal 93 - - - - 
Sorgo com baixo tanino 84,94 
87,87 
 
93,65 
- - - Furuya(2004) 
Freire(2005) 
Sorgo com alto tanino 82,4 
75,12 
 
92,29 
- - - Furuya(2004) 
Freire(2005) 
Torta de dendê 91,5 92,79 56,13 - - Oliveira(1994) 
Tegumento de cacau 62,9 - - - - Oliveira(1994 
 
Comparando com Hanley (1987) que determinou o CDA da proteína bruta de diversos 
ingredientes (tabela 1) (91% para a farinha de soja, 86% para farinha de peixe, 76% para fubá de 
milho, 59% para farinha mista de frango, 91,03% para triguilho, 63% para farinha de cevada e 
93% para gordura de origem animal) a ração de farelo da casca de pequi (FCP) obteve 
desempenho superior (CDA PB 97,21%). 
Hanley (1987) determinou ainda que o CDA do extrato etéreo do fubá de milho (92%), e da 
torta de dendê (92,79%) e sorgo com alto e baixo tanino (92,79 e 93,65% respectivamente) foram 
superiores ao CDA do FCP. Sendo que o CDA do extrato etéreo do FCP é superior a farinha de 
peixe (19,5%) e ao triguilho (1,51%). 
Boscolo et al. (2002) determinaram o CDA da proteína bruta do farelo de soja (89,58% PB), 
do milho (22,93% PB), do trigo (86,51% PB), do farelo de trigo (91% PB), do milheto (94,91% PB), 
do triticale (94,78% PB) e da farinha de varredura de mandioca (97,52 PB). Em comparação a 
ração FCP teve um desempenho superior, só ficando aquém da farinha de varredura de 
mandioca. 
Em experimento Oliveira et al. (1994) determinaram o CDA da proteína bruta da torta de 
dendê 91,5% e do tegumento de cacau 62,9%, sendo os resultados obtidos pela ração FCP um 
pouco melhores. 
Em estudos realizados com caprinos Ribeiro (2007) conclui que o farelo da casca de pequi 
teve uma degradabilidade efetiva da proteína bruta superior aos encontrados por Martins et 
al.(1999) para o milho, sorgo e o farelo soja, ingredientes conhecidos por possuir altos 
coeficientes de digestibilidade. 
Em pesquisas sobre os coeficientes de digestibilidade aparente de sorgo com baixo e alto 
teor de tanino pelas tilápias Furuya et al. (2004) encontraram os valores de CDA da proteína bruta 
de 84,94% para o sorgo de baixo tanino e de 82,4% para os de alto tanino. Resultado superior foi 
encontrado no resultado do CDA da proteína bruta da ração FCP (97,21%). Freire et al.(2005) 
determinaram o CDA do extrato etéreo para sorgo de baixo teor de tanino (93,65%) e sorgo com 
alto teor de tanino (92,29%). 
A ração do farelo da casca de pequi obteve um CDA do extrato etéreo de 88,87%, sendo 
inferior aos valores encontrados para o sorgo. O CDA da proteína bruta mostrou que apesar do 
tanino ser um fator anti-nutricional, ele não influencia tão negativamente na absorção de PB. 
Os resultados mostram que houve uma boa digestibilidade dos nutrientes na ração do 
farelo da casca do pequi. Wang et al. (1985) em estudos com alevinos de tilápia do Nilo, 
avaliaram o efeito da celulose sobre a digestibilidade e concluíram que a digestibilidade aparente 
da proteína, extrato etéreo e carboidratos foi maior com o aumento do teor de fibra bruta, no 
entanto o consumo de alimentos decresceu. 
 
4 
 
É preciso testes de desempenho para averiguar se a inclusão do farelo da casca de pequi 
na dieta pode influenciar de forma negativa no desempenho dos peixes levando-se em 
consideração que o alto teor de fibra pode causar uma diminuição no consumo de alimentos. A 
determinação dos CDAs de alimentos alternativos permite a elaboração de rações mais precisas 
e com custos menos elevados, aumentando assim o lucro dos produtores e dando um destino 
adequado aos subprodutos das indústrias de beneficiamento dos produtos agrícolas. 
 
Conclusões 
Os resultados mostraram que o farelo da casca de pequi se apresenta como uma possível 
alternativa para a alimentação de peixes, no entanto é necessário testes de desempenho para 
avaliar se realmente é viável a inclusão da mesma na dieta. 
 
Literatura citada 
BOSCOLO, W. R.; HAYASHI, C.; MEURER, F. Disgestibilidade aparente da energia e nutrientes 
de alimentos convencionais e alternativos para a tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus, L.). 
Revista Brasileira de Zootecnia, v. 31, n.2, p. 539-545, 2002. 
FURUYA, W. W. et al. Coeficientes de digestibilidade aparente da energia e proteína da silagem 
de sorgo com alto e baixo de tanino pela tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). Ciência 
Rural, Santa Maria, v.34, n. 4, 2004. 
HANLEY, F. The digestibility of foodstuffs na the effects of feeding selectivity on digestibility 
determination in tilapia, Oreochromis niloticus (L.). Aquaculture, n. 66, p. 163-179, 1987. 
OLIVEIRA, M.C.B. et al. Coeficiente de digestibilidade aparente da torta dendê e tegumento de 
cacau em tilápia do Nilo (Oreochromis niloticus). In: Simpósio Brasileiro de Aquicultura, 8., 
1994, Piracicaba. Resumos… Piracicaba: SIMBRAQ, p. 59, 1994. 
RIBEIRO, F.L.A. Efeito da inclusão do farelo da casca de pequi em substituição ao capim elefante 
sobre a cinética da degradação ruminal da MS, PB e FDN. Montes Claros: NCA/UFMG, p. 36, 
2007. 
SAKOMURA, Nilza Kazue; ROSTAGNO, Horácio Santiago. Métodos de Pesquisa em Nutrição 
de Monogástricos. Jaboticabal: FUNEP, 2007.

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