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Constituição e Constitucionalismo

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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
FACULDADE CESMAC DO SERTÃO
Prof. Esp. Ailton Júnior
ailtonsjunior@gmail.com
@Mr_AiltonJr
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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Canotilho diz que a Teoria da Constituição “é uma ciência que estuda a teoria política e científica da Constituição”. 
É Política porque pretende compreender a ordenação constitucional através da análise, discussão e crítica da força normativa, possibilidades e limites do Direito Constitucional. 
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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
É científica porque procura descrever, explicar e refutar os fundamentos, idéias, postulados, construção, estruturas e métodos do Direito Constitucional. 
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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Canotilho: “A teoria da constituição é, mais do que uma teoria política é uma teoria científica do direito constitucional. Aspira ainda a ser um estatuto teórico da teoria crítica e normativa da constituição”. 
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NOÇÕES INTRODUTÓRIAS
Triplo sentido:
como instância crítica das soluções constituintes consagradas nas leis fundamentais e das propostas avançadas para a criação e revisão de uma constituição  nos momentos constitucionais; 
como fonte de descoberta das decisões, princípios, regras e alternativas, acolhidas pelos vários modelos constitucionais;
como filtro de racionalização das pré-compreensões  do intérprete das normas constitucionais procurando evitar que os seus prejuízos e pré-conceitos jurídicos, filosóficos, ideológicos, religiosos e éticos afectem a racionalidade e razoabilidade indispensáveis à observação da rede de complexidade do estado de direito democrático-constitucional. 
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A CONSTITUIÇÃO
O conceito de “Constituição” foi desenvolvido inicialmente pelos Gregos, que distinguiam o fundamento do Estado e as Leis simples, como forma de ordenar o poder e não permitir a instalação da anarquia na “pólis”
A palavra “Constituição”, por seu turno, foi empregue pela primeira vez com o sentido de norma jurídica de organização do Estado por um jurista e filósofo romano, de nome Marco Túlio Cícero.
Cícero definiu a Constituição, como o conjunto de normas que tratam da organização do poder na sociedade. 
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A CONSTITUIÇÃO
Constituição em sentido sociológico é aquela concebida como fato social, e não propriamente como norma. O texto positivo da Constituição seria resultado da realidade social do País, das forças que imperam na sociedade, em determinado momento histórico.
Ferdinand Lassale, representante dessa visão sociológica, afirma que a Constituição do País “é a soma dos fatores reais de poder que regem nesse País”.
Para ele, convivem no Estado duas Constituições: uma real, efetiva, que corresponde à soma dos fatores reais de poder, e outra, escrita, por ele chamada “folha de papel”, que só teria validade se correspondesse à Constituição real, pois num eventual conflito, a Constituição escrita (folha de papel) sucumbiria perante a Constituição real, em virtude da força dos fatores reais de poder (os grupos dominantes, por exemplo).
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A CONSTITUIÇÃO
Constituição em sentido político é aquela considerada “uma decisão política fundamental”, cujo teórico principal foi Carl Schmitt. Para ele, a validade de uma Constituição não se apóia na justiça de suas normas, mas na decisão política que lhe dá existência.
Para chegar a esse conceito de Constituição, Schmitt estudou e classificou os conceitos de constituição em quatro grupos: sentido absoluto, relativo, positivo e ideal. Em sentido absoluto, a Constituição é o próprio Estado, é a concreta situação de conjunto da unidade política e da ordem social de um certo Estado. Em sentido relativo, a Constituição aparece como uma pluralidade de leis particulares. Em sentido ideal, a Constituição identifica-se com certo conteúdo político e social, só existindo Constituição quando o documento escrito corresponder a certo ideal de organização política. Em sentido positivo, a Constituição é considerada como uma decisão política fundamental, decisão concreta de conjunto sobre o modo e a forma da existência da unidade política, só sendo possível um conceito de Constituição quando se distingue Constituição de leis constitucionais, sendo este último sentido (positivo) o verdadeiro conceito de Constituição.
Schmitt, assim, estabeleceu uma diferença entre Constituição e leis constitucionais: a Constituição disporia somente sobre as matérias de grande relevância jurídica, sobre as decisões políticas fundamentais (organização do Estado, princípios democráticos e direitos fundamentais, entre outras); as demais normas integrantes do texto da Constituição seriam, tão somente, leis constitucionais.
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A CONSTITUIÇÃO
Constituição em sentido jurídico é aquela compreendida de uma perspectiva estritamente formal. Hans Kelsen, jurista austríaco, considera a Constituição como norma, e norma pura, como puro dever-ser, sem qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico. 
Kelsen desenvolveu dois sentidos para a palavra Constituição: a) um sentido lógico-jurídico e b) um sentido jurídico-positivo.
Em sentido lógico-jurídico (pretensão de validez universal), a Constituição significa a norma fundamental hipotética (pensada, pressuposta), cuja função é servir de fundamento da validade da Constituição em sentido jurídico-positivo. Essa norma fundamental hipotética, fundamento da Constituição positiva, teria, basicamente, o seguinte comando: conduza-se na forma ordenada pelo autor da primeira Constituição. Como Kelsen não admitia como fundamento da Constituição positiva algo de real, foi obrigado a desenvolver este fundamento meramente formal.
Em sentido jurídico-positivo (específica), a Constituição corresponde à norma positiva suprema, conjunto de normas que regula a criação de outras normas, sem qualquer consideração de cunho sociológico, político ou filosófico. Seu fundamento é a norma fundamental hipotética.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
Conceito: ramo do saber que se debruça sobre o estudo da constituição.
A constituição é, por excelência, o instrumento que disciplina o poder do Estado, visto que cria os próprios elementos constitutivos deste, assim como dispõe sobre os limites e obrigações estatais.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
A constituição é o elemento central do estudo do direito público, pois este nada mais é do que o ramo de estudo que aborda a relação de poder soberano que o Estado exerce tanto no sentido vertical (em relação aos cidadãos, aos particulares), quanto no sentido horizontal (em relação a outros Estados).
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DIREITO CONSTITUCIONAL
O direito constitucional se divide em:
direito constitucional positivo;
direito constitucional comparado e
direito constitucional geral (descritivo e prescritivo). 
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DIREITO CONSTITUCIONAL
a) Direito constitucional positivo:
O Direito Constitucional Positivo é aquele que tem por objeto de estudo uma determinada constituição.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
b) Direito constitucional comparado:
O Direito Constitucional Comparado, como o próprio nome diz, é aquele que estuda com interesse predominantemente comparativo duas ou mais constituições.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
c) Direito constitucional geral:
O Direito constitucional geral é aquele que não se detém a constituições específicas. Ele tenta vislumbrar elementos e conceitos que devem (ou deveriam) estar presentes em todas as constituições.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
c.1) Direito constitucional geral descritivo:
O Direito constitucional geral descritivo é o que se propõe a fazer uma descrição dos princípios que estão explícita ou implicitamente presentes em todas as constituições.
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DIREITO CONSTITUCIONAL
c.2) Direito constitucional geral prescritivo:
O Direito constitucional geral prescritivo tenta vislumbrar os princípios que, por suas naturezas, deveriam estar presentes em todas as constituições, independentemente do fato de se já se fazerem presentes ou não.
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
Início da vida em sociedade: normas baseadas na força, na legitimação
divina e, posteriormente, nos costumes.
No ano 1.200 a 900 a.C a Grécia atravessou um período denominado “era das trevas” e, no começo de 900 a.C eles ainda não tinham leis oficiais. Só no meio do século VII a.C eles criaram suas primeiras leis codificadas. 
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
Importantes legados gregos às Constituições:
a valorização antropocêntrica do ser humano como centro da sociedade política (Sócrates);
o primado da legalidade como garantia dos governados (Platão);
a separação dos poderes e a utilização do bem comum para a definição das formas puras de governo (Aristóteles) 
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
O Estado romano centrou sua produção no direito civil, ignorando em parte o direito público.
Os hebreus que eram contra o poder romano eram influenciados pelos princípios divinos e a democracia grega com o respeito a certas individualidades dos cidadãos. Nessa sociedade teocrática, o poder era limitado pela “Lei do Senhor Deus”
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
Na era medieval surgiu o primeiro documento escrito que reduz o poder do Estado (Magna Carta), assinada em 1215 pelo rei João sem Terra, que abdicou de poderes em favor da nobreza inglesa para garantir o continuísmo de seu poder. 
ATENÇÃO!!! 1ª Noção de Constituição!!! Limitação de poderes!!!
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
Na Idade Moderna, surgiu a burguesia e conflitos com a nobreza. A nobreza baseava seu poder nos princípios do direito divino. Mas a nova camada social detentora do poder econômico e a insatisfação com os modelos inalterados há séculos acabou criando um caldo de cultura para o surgimento de movimentos libertários que buscavam a repartição dos poderes. 
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
Em meados do Séc. XVIII, começa a ser difundida a idéia de que o próprio homem é capaz de dar forma ao Estado , através de uma nova ordem constitucional e por intermédio de um documento escrito (Constituição).
Leviatã, escrito por Hobbes, e O Contrato Social, escrito por Rousseau, desenvolvem a idéia de pacto que fundamenta a sociedade.
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
Os primeiros documentos que refletiram essa movimentação da burguesia foram Petition of Rights (1628) e Bill of Rights (1689) pactos que buscavam o aumento dos direitos da burguesia frente ao poder estatal 
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
A movimentação burguesa era intensa na Europa e acabou espalhando-se pelo mundo. Assim, os colonos ingleses que aportaram no que hoje são os Estados Unidos da América, desejavam libertar-se da influência dos monarcas ingleses e quiçá criar uma nova sociedade. Assim produziram documentos que privilegiavam os direitos dos cidadãos frente ao Estado (Declaração de Independência em 1776) 
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
O sucesso da burguesia norte-americana potencializou os movimentos no velho continente e desencadeou as chamadas Revoluções Burguesas, donde o maior destaque, indiscutivelmente, foi a Revolução Francesa de 1789. A burguesia francesa estava sufocada pela decadente nobreza que concentrava todo o poder e massacrava a sociedade para poder manter os luxos palacianos. De outro lado, as massas populares sofriam com a pobreza extrema resultado da concentração de riquezas e com as intempéries da natureza. Assim, o povo comandado pela burguesia, apeou do poder e guilhotinou o rei e se instalaram na chefia do Executivo produziram um documento emblemático na luta pela defesa dos direitos fundamentais, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão. 
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ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES
Os documentos mais importantes do período foram a Constituição norte-americana de 1787 e Constituição francesa de 1791, as primeiras Cartas políticas de que se tem notícia.
TRAÇOS MARCANTES:
Organização do Estado e limitação do poder estatal, através de direitos e garantias fundamentais 
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CONSTITUCIONALISMO
Conceito: é como se denomina o movimento social, político e jurídico e até mesmo ideológico, a partir do qual emergem as constituições nacionais.
 
Constitucionalismo Clássico (1787-1918)
Constitucionalismo Moderno (1918-...)
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
Posição geográfica  Pouca influência externa; preservação das culturas estabelecidas com a longa reiteração de usos.
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
A sociedade inglesa, antes do advento das Constituições escritas buscavam fundamento de validade para as regras de comportamento e da organização social na “constituição”.
Muitos estudiosos, no entanto, resistem a idéia de uma constituição inglesa escrita
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
Dawn Oliver não nega a existência de uma Constituição Inglesa, mas destaca que nunca foi aprovada uma com esse nome: “Constituição da Inglaterra (ou do Reino Unido)”.
Ele distingue Constituição com “C” maiúsculo (Constituição dos EUA, do Brasil, etc) com constituição com “c” minúsculo (constituição inglesa) 
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
A Constituição inglesa tem uma importante característica: a flexibilidade.
O parlamento inglês funciona ao mesmo tempo como Poder Legislativo e como Poder Constituinte Permanente. 
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
Os costumes:
Blackstone aponta características do fato social para que se torne um costume entendido como lei:
1) estar em uso por tempo imemorial;
2) deve ter sido contínuo;
3) deve ter sido praticado de forma pacífica;
4) deve ter um sentido certo e não sujeito a avaliações. 
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
Histórico do constitucionalismo inglês
Magna Carta: Rei X Nobreza e “Burguesia”
Simon de Monfort cria a noção de parlamento, convocando nobres e burgueses para reuniões com o objetivo de restringir o Poder do Rei.
Vencem a Nobreza e a Burguesia
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
Histórico do constitucionalismo inglês
A realeza e os nobres continuam brigando.
A burguesia (classe média) se utiliza do enfraquecimento financeiro e político dos nobres para destacar o Poder da Câmara dos Comuns
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
Grande contribuição: parlamentarismo
1694  Morre a Rainha Maria II Stuart
1714  Morre a Rainha Ana, sem deixar herdeiros;
Por decisão do Parlamento, ascende ao trono inglês o Rei Jorge I, de Hanover, da Alemanha;
Destaque para o Ministro Robert Walpole  Primeiro-Ministro
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
O parlamento, ao compreender o papel do “Primeiro-Ministro”, passou a exigir que só ocupasse aquele cargo quem tivesse a prévia autorização da Câmara dos Comuns.
As exigências do Parlamento demonstraram sua força. O Parlamento não é “obrigado” a respeitar a “Constituição”, uma vez que ele pode mudá-la a qualquer tempo.
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
O parlamento inglês, de um determinado instante até bem pouco tempo atrás, concentrava poderes característicos do Legislativo, do Executivo e do Judiciário. 
As disposições da “Bill of Rights” deixaram evidente que o governo parlamentar era, na verdade, o governo pela Câmara dos Comuns, integrada pela burguesia.
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
Importantes acontecimentos nos últimos dois Séculos:
1) O “parliament act” (1911)  documento escrito que demonstra o caráter subsidiário e inferior da Câmara dos Lordes em relação a Câmara dos Comuns.
2) Uma Lei, aprovada em 11.11.1999, extinguiu o pariato hereditário na composição da Câmara dos Lordes,podendo um herdeiro titular de um “Lord” votar e ser votado para a Câmara dos Comuns.
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CONSTITUCIONALISMO INGLÊS
Em 2003, houve a extinção do cargo de “Lord High Chancellor of Great Britain and Keeper of the Great Seal”, que existia desde, praticamente, o Século XII e era o único caso nas democracias ocidentais de acumulação de três Poderes em uma única pessoa. Ele era integrante do Ministério, somente inferior hierarquicamente ao Primeiro-Ministro, era “speaker”, ou seja, Presidente da Câmara dos Lordes e Chefe do Poder Judiciário, tendo assento entre os “Law Lords”, Comissão da Câmara que constituía a mais alta Corte do Reino Unido.
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CONSTITUCIONALISMO
INGLÊS
Em outubro de 2009, ocorreu a inauguração de uma Suprema Corte, instalada fora da Câmara dos Lordes, o que, certamente, dará uma independência que os “Law Lords” não possuíam.
De tudo o que foi apresentado, é inegável que a grande contribuição da Inglaterra ao Constitucionalismo mundial foi o parlamentarismo e o diferencial do modelo inglês de Constituição é a supremacia do Parlamento.
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
A Constituição francesa de 1791 foi a primeira carta escrita da Franca e de toda a Europa. No plano doutrinário, foi influenciada por contribuições oferecidas pelos pensadores da época, tais como as idéias de um contratualismo democrático, baseado na soberania da vontade geral (J.J. Rousseau) e a afirmação da separação dos poderes como técnica jurídico-política de contenção do arbítrio (Montesquieu). 
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Influência da Constituição Americana de 1787;
Pela limitação dos meios de comunicação divulgação e por estarem envolvidos em conflitos de natureza local, os líderes do movimento na França, com raras exceções, não tinham pleno conhecimento da Constituição que fora criada nos EUA.
Thomas Jefferson, mentor de parte da Constituição Americana era, na época das discussões da Assembléia Nacional Constituinte Francesa, embaixador do EUA na França.
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
1302  Rei Filipe convocou uma reunião dos Estados Gerais (Nobreza, Clero e Terceiro Estado – Burguesia), que se reuniam separadamente para atuar como uma espécie de Conselho Consultivo do Rei. Isso se repetiu por anos até 1664.
Passados diversos anos, o Rei Luis XVI convocou os Estados Gerais.
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Foram eleitos representantes de cada ordem: nobreza, clero e terceiro estado – povo comum.
Os eleitores deram aos eleitos uma espécie de mandato imperativo, sob a forma de “cadernos de queixas (cahiers de doléances)”
Entre estes “cadernos” aparecia, muitas vezes, a reclamação de uma Constituição Escrita, como a dos Estados Unidos
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Histórico:
05.05.1789  Os eleitos nas três ordens não se preocuparam em analisar um Projeto de Constituição em razão de grande divergência entre o Rei e o Terceiro Estado. Problemas relativos a contagem dos votos para deliberação.
17.06.1789  Os deputados do Terceiro Estado se declararam Assembléia Nacional Constituinte. Início dos trabalhos depois de acordo.
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Histórico:
06.07.1789  A Assembléia elegeu um Comitê de trinta membros para elaborar o Projeto da Constituição. Esse Comitê era composto, em sua maioria, por moderados.
Obs.: Para os membros do Comitê, o entendimento era colocar por escrito, numa ordem racional, as antigas instituições (costumes) da França, alterando apenas o estritamente necessário. Dentre os pontos acordados, estava a preservação da Monarquia Hereditária.
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Histórico:
14.07.1789  O povo se rebelou nas ruas de Paris, culminando com a “Tomada da Bastilha”, símbolo do Poder Real.
27.07.1789  Temendo que a revolta se generalizasse, chegasse ao campo e ameaçasse o regime feudal e os senhores feudais, os membros da Assembléia resolveram trabalhar inicialmente numa Declaração de Direitos, baseados nas “Cahiers de Doléances” (Cadernos de Queixas).
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Histórico:
Obs.: Neste instante, as grandes discussões eram relativas a matérias religiosas e acerca do direito de propriedade.
Soluções: 
1) Inclusão, na Declaração de Direitos, da expressão “Sob os auspícios do Ser Supremo...”
2) Inserção, no art. 2º, da seguinte norma: “São direitos naturais e imprescritíveis do homem a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão”.
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Soluções: 
3) Quanto a propriedade, ainda foi determinado: “Artigo 17 – Sendo a propriedade um direito inviolável e sagrado, ninguém poderá ser dela privado, a não ser que a necessidade pública, legalmente constatada, o exija de modo evidente, e sob condição de uma justa e prévia indenização”.
Obs.: Importante!!!! A Declaração de Direitos rejeitou de forma expressa o absolutismo, prevendo em seu artigo 17: “Toda sociedade na qual a garantia dos direitos não esteja assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem Constituição”.
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Histórico:
26.10.1789  A Declaração de Direitos é votada e aprovada.
A partir desses eventos passou-se a considerar que a Declaração de Direitos era a base em que deveria se assentar o texto constitucional.
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Importante destacar que, embora não programada, a Declaração de Direitos francesa de 1789 não surgiu do improviso e, de certo modo, estava implícita na ideia de Constituição, que era a preocupação inicial dos membros da Assembléia.
Anote-se que uma Declaração formal de direitos foi uma exigência comum de diversas “Cahiers de Doléances”
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Destaque-se, ainda, que, embora tenha elaborado uma Declaração de Direitos em 1776, na Colônia da Virgínia, os EUA não a incluíram em sua Constituição escrita, de 1787, o que só veio a acontecer em 1791, com a aprovação das dez primeiras emendas á Constituição daquele país.
A França, como já visto, aprovou inicialmente, a Declaração de Direitos para, apenas em 1791, aprovar o texto de sua primeira Constituição.
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CONSTITUCIONALISMO FRANCÊS
Desde a primeira Constituição Francesa de 1791 até o presente, foi a Declaração de Direitos incorporada ao texto constitucional, tendo a de 1791 feito referência expressa a esta no preâmbulo daquela.
Assim, desde a aprovação da primeira Constituição Francesa, a Declaração de Direitos foi incorporada ao constitucionalismo francês como valor supremo, condicionante de todo o sistema jurídico-constitucional e se tornou característica do modelo de Constituição daquele país. 
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
O conflito de interesses entre colonos norte-americanos e autoridades britânicas existiu desde o início da colonização, ainda que de forma branda.
Fugindo de perseguições religiosas e de dificuldades econômicas, comunidades inteiras emigraram para o Novo Mundo, estabelecendo-se na costa leste americana (litoral do Atlântico). Ao Norte da costa, estabeleceram-se comunidades puritanas e presbiterianas, principalmente. Ao Centro e Sul, estabeleceram-se comunidades anglicanas e católicas, em sua maioria.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Colônias do Norte ou Nova Inglaterra: Provincías de New Hampshire e Baía de Massachusetts e Colônias de Rhode Island e Connecticut;
Colônias Centrais: Províncias de Nova Iorque, Nova Jérsei e Pensilvânia e Colônia de Delaware;
Colônias do Sul: Províncias de Maryland, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia e Colônia de Domínio da Virgínia. 
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Até meados do Século XVIII, as Colônias eram leais à Coroa Britânica e gozavam de certa autonomia.
O Governador das Colônias era indicado pela Inglaterra, mas havia um Legislativo eleito pelos cidadãos locais (que preenchessem os requisitos de propriedade) e um Judiciário próprio.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Colônias do Norte: agricultura baseada na policultura e na pequena e média propriedade rural. Extração de madeira e peles, atividade pesqueira e um dinâmico comércio marítimo com as Antilhas e regiões da África;
Colônias do Centro: agricultura diversificada (culturas de trigo, cevada e centeio), média e pequena propriedade. Criação de bois, cabras e porcos.
Nessas regiões desenvolveram-se colônias relativamente autônomas que escaparam de uma exploração colonial intensa, como nas espanholas e portuguesas.
Colônias do Sul: produção agrícola voltada para o mercado externo (tabaco e, posteriormente, algodão); sítios e grandes propriedades rurais (plantations); utilização do trabalho escravo africano. No Século XVIII, os escravos africanos atingiram quase 40%
da população.
Mais dependente da metrópole, boa parte dos colonos do sul também era mais conservadora e foi, até mesmo, contrária ao rompimento definitivo com a Inglaterra.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
A dominação inglesa e o processo de independência
O processo de independência das 13 colônias inglesas da América foi desencadeado no fim da Guerra dos Sete Anos (1756-1763), na qual Inglaterra e França disputavam, também, regiões da América do Norte (em especial o Canadá). Embora vitoriosa, a Inglaterra saiu da guerra com sua economia abalada, devido às despesas militares.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Para recuperar a economia, o governo inglês tomou medidas que ampliaram a dominação sobre suas 13 colônias na América do Norte.
1) Lei do Açúcar (1764) — proibia a importação do rum estrangeiro e cobrava taxas sobre a importação de açúcar (melaço) que não viesse das Antilhas britânicas.
2) Lei do Selo (1765) – cobrava uma taxa sobre os diferentes documentos comerciais, jornais, livros, anúncios etc.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
3) Lei dos Alojamentos (1765) exigia que os colonos fornecessem alojamento e alimentação às tropas inglesas que estivessem em território americano.
4) Lei do Chá (1773) — concedia o monopólio de venda de chá nas colônias à Companhia das Índias Orientais (criada para comercialização dos produtos coloniais). O objetivo do governo inglês era combater o contrabando de chá promovido pelos comerciantes americanos. Revoltados com essa concessão, no dia 16 de dezembro os colonos, prejudicados em seus negócios, destruíram diversos carregamentos de chá que estavam nos navios da companhia, atracados no porto de Boston.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
5) Leis Intoleráveis (1774) — para conter o clima de revolta que se espalhava pelas colônias, o governo inglês adotou duras medidas, que determinavam, por exemplo, o fechamento do porto de Boston e autorizavam o governo colonial a julgar e a punir severamente todos os colonos envolvidos em distúrbios políticos contrários à autoridade inglesa.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Essas medidas provocaram a reação da elite colonial norte-americana, que não desejava perder sua relativa autonomia local. Acostumados com a falta de controle do governo britânico, os comerciantes, os proprietários de terras e os membros da classe média urbana americanos, principalmente das colônias do norte, não aceitaram a intensificação da exploração colonial. Até mesmo porque, durante a Guerra dos Sete Anos, a participação dos colonos ingleses na América do Norte foi decisiva para as vitórias sobre os franceses
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Para protestar contra as Leis Intoleráveis, realizou-se em setembro de 1774, o Congresso de Filadélfia, com a participação dos principais representantes das 13 colônias. Nesse congresso elaborou-se um documento de protesto que foi enviado ao governo inglês.
Em maio de 1775, os colonos que desejavam a independência realizaram o 1º Congresso Continental em Filadélfia, no qual conclamou-se os cidadãos às armas e nomeou-se George Washington comandante das tropas norteamericanas. 
No dia 4 de julho de 1776, no 2º Congresso Continental tornou-se pública a declaração oficial da independência dos Estados Unidos, cujo principal redator foi o político Thomas Jefferson (1743-1826).
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
A guerra pela independência prolongou-se por seis anos, durante os quais morreram cerca de 70 mil combatentes.
No dia 19 de abril de 1781, o último exército inglês foi derrotado em Yorktown. Era o fim da guerra. Mas somente em 1783 o governo inglês reconheceu oficialmente a independência das colônias norte-americanas.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
A Constituição americana
Após ser convocada em 14.05.1787, uma Convenção, com um total de 55 representantes de quase todos os Estados, realizada na Filadélfia, proclamou, por voto de 39 membros, a Constituição dos Estados Unidos (primeiro texto constitucional escrito), que regula as instituições daquele país até hoje.
Benjamin Franklin disse, "há várias partes desta Constituição que não aprovo agora, mas não estou seguro que nunca as aprovarei. [...] Duvido também se alguma outra Convenção que pudéssemos conseguir fosse capaz de fazer uma Constituição melhor. [...] Portanto surpreende-me, Senhor, encontrar um sistema que se aproxima tanto da perfeição como este; e creio que isto surpreenderá os nossos inimigos [...]" .
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
A Constituição americana
Tríplice conteúdo: a) independência das colônias; b) superação do modelo monárquico; c) implantação de um governo fundado na separação dos Poderes, na igualdade* e na supremacia da Lei.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Pontos fundamentais:
Tipo de Estado — os Estados Unidos tornaram-se uma república federativa presidencialista, ou seja, formada por estados-membros associados numa União política (federação) chefiada por um presidente.
Cidadania — o exercício dos direitos políticos e civis era assegurado pela Constituição por meio de normas que garantiam a liberdade de expressão, de imprensa, de crença religiosa e de reunião, a inviolabilidade do domicílio e o direito a julgamento (ninguém podia ser preso e condenado sem o devido processo judicial), entre outros.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Pontos fundamentais:
Tripartição dos poderes — os poderes do Estado foram separados em: Executivo (administração), Legislativo (elaboração das leis) e Judiciário (aplicação da justiça).
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
A batalha política pela ratificação pelas Convenções (parlamentos) dos Estados foi árdua.
Necessidade de ratificação por nove Estados para que vigorasse.
Em 21 de junho de 1788, dez Estados haviam ratificado a Constituição, conforme Artigo VII: “A ratificação por parte das convenções de nove Estados será suficiente para a adoção desta Constituição nos Estados que a tiverem ratificado”.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
A Constituição dos Estados Unidos prevê um sistema de alterações, por intermédio de Emendas, tendo ao longo dos anos sido aprovadas um total de 27.
As 10 primeiras Emendas foram designadas por ato conhecido como “Bill of Rights” por conterem os direitos básicos do cidadão face ao poder do Estado. Não tendo sido consensual a sua inserção no texto original da Constituição, foram apresentadas depois da entrada em vigor da Constituição.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
O governo federal é composto de três ramos:
Legislativo: Congresso bicameral, composto pelo Senado e pela Câmara dos Representantes, faz a lei federal, declara guerras, aprova tratados, tem o poder da bolsa e tem o poder de impeachment, pelo qual pode remover membros efetivos do governo.
Executivo: o Presidente é o Chefe das forças armadas, pode vetar projetos de lei antes de se tornar lei e nomeia os membros do Conselho de Ministros (sujeito à aprovação do Senado) e outros poderes, que administram e fazem cumprir as leis federais e políticas .
Judiciário: A Suprema Corte e tribunais inferiores, cujos juízes são nomeados pelo presidente com aprovação do Senado, interpretam as leis e “derrubam” aquelas que são inconstitucionais.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Poder Legislativo
A Câmara dos Representantes tem 435 membros votantes, para um mandato de dois anos. 
As cadeiras na Câmara são distribuídas entre os Estados pela população a cada dez anos. De acordo com o censo de 2000, sete Estados têm um mínimo de um representante, enquanto a Califórnia, o Estado mais populoso, tem cinquenta e três. 
O Senado tem 100 membros com cada Estado tendo dois senadores, eleitos para mandatos de seis anos.
Um terço das cadeiras do Senado são modificadas a cada eleição. 
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Poder Executivo
O presidente não é eleito pelo voto direto, mas por uma instituição chamada colégio
eleitoral, para um mandato de quatro anos, permitida uma recondução. 
De acordo com a Constituição Americana, a escolha do Presidente e seu Vice depende de delegados estaduais, estes sim escolhidos pelos eleitores 
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Poder Executivo
Cada um dos 50 estados tem direito a um número de delegados proporcional ao total de representantes que possui no Congresso Nacional - um para cada deputado e um para cada dois senadores. Por exemplo: O voto de um eleitor da Califórnia, por exemplo, nunca é contado juntamente com o de um eleitor de Nova York, ou da Dakota do Sul. Os eleitores da Califórnia elegem 55 delegados, que representam 55 votos para o candidato à Presidência naquele estado, enquanto os de Nova York elegem 31 delegados e os da Dakota do Sul levam apenas 3 votos no Colégio Eleitoral.  
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Poder Executivo
Na maior parte dos Estados, o candidato que ganhar o maior número de votos populares leva os votos de todos os delegados desse Estado. Exceção: Maine e Nebraska.
No Nebraska, há três distritos eleitorais. O candidato mais votado em cada um deles leva um voto, e o mais votado no geral leva mais dois. No Maine, funciona da mesma maneira, mas com dois distritos.   
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Poder Executivo
É bom lembrar que além dos dois candidatos principais (que disputam de fato a Presidência), há uma série de candidatos independentes lutando pelo cargo mais importante do governo norte-americano, que podem afetar o resultado da votação. 
Caso haja uma divisão dos votos e nenhum dos candidatos receba ao menos 270 votos, os três candidatos que receberam mais votos do Colégio Eleitoral vão para uma nova eleição. Neste caso, porém, a decisão passa do Colégio Eleitoral para a Câmara de Representantes, onde cada estado tem um voto.   
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Poder Executivo
O sistema eleitoral norte-americano pode trazer resultados curiosos: nem sempre vence a eleição quem tem mais votos em todo o país. Isso aconteceu recentemente, em 2000, quando o democrata Al Gore teve mais votos entre a população do que o republicano George W. Bush, mas acabou perdendo a eleição. Esse fenômeno também aconteceu com John Quincy Adams (em 1825), com Rutherford Hayes (em 1877) e com Benjamin Harrison (em 1889). 
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Observações:
Cidadania para poucos – o direito à liberdade e à busca da felicidade que constava na Declaração de Independência dos Estados Unidos não era válido, na realidade, para todas as pessoas. 
A escravidão africana, por exemplo, foi plenamente mantida nos Estados Unidos até a Guerra de Secessão (1861-1865). 
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
Thomas Jefferson foi um dos grandes proprietários de escravos de seu tempo, embora fosse, teoricamente, antiescravista e abolicionista.
Os índios norte-americanos também não tiveram o mesmo direito à liberdade e à felicidade garantido aos proprietários brancos. 
As mulheres norte-americanas não tinham os mesmos direitos civis dos homens. Naquela época, a mulher era considerada um "ser frágil", por isso, muitas vezes, estava subordinada ao poder masculino.
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CONSTITUCIONALISMO NORTE-AMERICANO
O Juiz Warren Burger (1907-1995), que por mais tempo presidiu a Suprema Corte americana (1969-1986) disse:
“A Constituição representou não uma concessão de poder dos governantes aos governados - como o Rei João sem Terra concedeu a Magna Carta em Runnymede em 1225 – mas uma delegação de poder feita pelo povo ao governo que criou”.
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CONSTITUCIONALISMO
CICLOS:
1° - CONSTITUIÇÕES REVOLUCIONÁRIAS DO SÉC. XVIII  Constituição Americana de 1787, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão francesa de 1789, entre outros documentos importantes (Obs.: a Magna Carta de 1225 pode ser incluída aqui).
2° - CONSTITUIÇÕES NAPOLEÔNICAS  autoritárias do início do século XIX.
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CONSTITUCIONALISMO
CICLOS:
3° - CONSTITUIÇÕES DA RESTAURAÇÃO  a dos Bourbons, de 1814. 
Obs.: Esse ciclo, que se estende até 1830, consagra as MONARQUIAS LIMITADAS, mas também se caracteriza por conter Constituições outorgadas, feitas sob um processo autoritário de elaboração (como a do Império do Brasil de 1824).
4° - CONSTITUIÇÕES LIBERAIS  a francesa de 1830 e a belga de 1831 (essa última muito importante por trazer uma inovação que marca o Constitucionalismo: incorpora a declaração dos direitos à Constituição e não os dispondo marginalmente).
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CONSTITUCIONALISMO
CICLOS
5° - CONSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS, iniciado em 1848. Conta com documentos como as leis constitucionais francesas de 1875. 
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CONSTITUCIONALISMO
CICLOS DO CONSTITUCIONALISMO MODERNO
1ª - Constitucionalismo do tipo DEMOCRÁTICO-RACIONALIZADO  Constituição de Weimar de 1919 que tem como grande mérito a incorporação dos direitos sociais ao corpo constitucional (apesar de uma forte corrente atribuir tal mérito à Constituição Mexicana de 1917). Ainda podemos lembrar aquelas "Constituições dos professores", como a austríaca de 1920, sob acentuada influência de Kelsen. 
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CONSTITUCIONALISMO
CICLOS
2º - SOCIAL-DEMOCRÁTICO  Constituições francesas de 1946, italiana de 47 e a alemã de 49. Esse ciclo é muito importante pela ênfase nos direitos sociais e econômicos. Ele se estende até os nossos dias e compreende também as Constituições portuguesa de 76, a espanhola de 78 e a brasileira de 88. O "estado social" é elevado na sua máxima expressão.
3º - EXPERIÊNCIA NAZI-FACISTA, reformas às Constituições que modificaram seu núcleo em sua essência. Seriam "fraudes à Constituição".
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CONSTITUCIONALISMO
CICLOS
4° - CONSTITUIÇÕES SOCIALISTAS surgidas em 1917 com a Declaração dos Direitos dos Povos da Rússia. Dentre elas estão as Constituições deste povo de 1924 e de 36. Nestas Constituições era comum a prática política de burlar a Constituição (democracia no papel).
5° - CONSTITUIÇÕES DO TERCEIRO MUNDO que caracterizam-se por uma tentativa de copiar as construções estrangeiras e que tombaram por terra diante de uma realidade que não condizia com as instituições copiadas.
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CONSTITUCIONALISMO
CONSTITUCIONALISMO DO FUTURO
José Roberto Dromi, jurista argentino, aponta que o futuro do Constitucionalismo estaria no equilíbrio entre as concepções dominantes do constitucionalismo moderno e os excessos praticados no constitucionalismo contemporâneo, sendo as constituições influenciadas por sete valores fundamentais:
1. Verdade: As futuras constituições não deverão consagrar promessas impossíveis de serem realizadas. Bom senso na elaboração das constituições. Isso é possível ou não?
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CONSTITUCIONALISMO
CONSTITUCIONALISMO DO FUTURO
2. Consenso: As futuras constituições deverão ser fruto de um consenso democrático.
3. Solidariedade: Deverão estar mais próximas de uma nova ideia de igualdade, baseada na solidariedade entre os povos, no tratamento digno ao ser humano e na justiça social.
4. Continuidade: Não deverá haver nas constituições modificações que destruam sua identidade ou causem uma ruptura na lógica de seu sistema.
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CONSTITUCIONALISMO
CONSTITUCIONALISMO DO FUTURO
5. Participação: A democracia participativa impõe uma ativa e responsável participação popular na vida do Estado.
6. Integração: A integração entre os povos dos diversos Estados é uma realidade, mas cabe às constituições futuras propiciar mecanismos de integração supranacional.
7. Universalização: A universalização dos direitos humanos é uma exigência do primado universal da dignidade da pessoa humana.
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CONSTITUCIONALISMO
CONSTITUCIONALISMO DO FUTURO
Apesar de tal pensamento, Norberto Bobbio adverte: “cada um de nós projeta no futuro as próprias aspirações e inquietações, enquanto a história prossegue o seu curso indiferente às nossas preocupações. [...]”. 
Prosseguindo, lembra que “[...] as previsões feitas pelos grandes mestres do pensamento sobre o curso do mundo acabaram
por se revelar, no final das contas, quase sempre erradas [...]”.
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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Classificações 
Quanto ao conteúdo:
a) materiais: a constituição significa o complexo de normas escritas ou costumeiras que integraram o ordenamento constitucional do Estado, delineando a sua estruturação orgânica e garantindo direitos fundamentais;
b) formais: a constituição é um documento escrito e solene, apenas alterável por meio de formalidades estabelecidas nela mesma.
Obs.: É possível, de acordo com certa posição doutrinária haver normas não constitucionais dentro da Constituição. Pelo simples fato de estarem na Constituição elas são formalmente constitucional. As regras formalmente constitucionais são chamadas por alguns autores de lei constitucional, é como se fosse uma lei na constituição. 
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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Classificações 
Quanto à forma:
a) escritas: aquelas cujas suas normas vêm prescritas de modo sistemático e codificado através da grafia. Estabelecem-se por um órgão constituinte, que estipula e esquematiza o funcionamento dos poderes constituídos, o modo de exercício e os limites de atuação deles;
b) não-escritas: são aquelas cujas normas não vêm disciplinadas de modo único, sistemático e codificado, num documento técnico e solene. Formam-se ao lado dos costumes, das praxes, das convenções e até da reiteração uniforme dos julgados.
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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Classificações 
Quanto ao modo de elaboração: 
a) Dogmática: é Constituição sistematizada em um texto único, elaborado reflexivamente por um órgão constituinte = é escrita. É a que consagra certos dogmas da ciência política e do Direito dominantes no momento. É um texto único, consolidado. Esta consolidação pode ser elaborada por uma pessoa (será outorgada, ex. na monarquia) ou por uma Assembléia Constituinte (será promulgada, ex. nos sistemas representativos, Presidencialismo e Parlamentarismo). As constituições dogmáticas podem ser:  ortodoxa (quando segue uma só linha de raciocínio, tem um único pensamento)  e eclética (não há um fio condutor, temos dispositivos completamente antagônicos em razão da divergência que existiam entre os parlamentares, já que cada um visava os seus próprios interesses. - é uma dogmática que mistura tudo).
b) Histórica: é sempre não escrita e resultante de lenta formação histórica, do lento evoluir das tradições, dos fatos sócio-políticos, que se cristalizam como normas fundamentais da organização de determinado Estado.  Como exemplo de Constituição não escrita e histórica temos a Constituição do Estado chamado Reino Unido da Grã Bretanha e da Irlanda do Norte. A Inglaterra tem uma constituição não escrita, apesar de ter  normas materialmente constitucionais que são escritas. Portanto, a Constituição não escrita é, em parte escrita, tendo como característica diferenciadora que os seus textos escritos não estão reunidos, não é codificado, são textos esparsos e se eternizam no tempo, denominados Atos do Parlamento  (ex.  Magna Carta - datada de 1215).
A escrita é sempre dogmática. A não escrita é sempre histórica.
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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Classificações 
Quanto à origem:
a) promulgadas: são as constituições democráticas ou populares, que se originam através da participação popular. O povo, na qualidade de eleitor, escolhe livremente, através do voto, os representantes que irão integrar a Assembléia Constituinte, destinada a elaborar e estabelecer, sem interferência dos outros Poderes, normas constitucionais;
b) outorgadas: são as que derivam de uma concessão do governante, seja ele um rei, imperador, presidente, representante de uma junta governativa, ditador, líder carismático (na concepção weberiana), pessoas que titularizam o poder constituinte originário, em um contexto não-democrático.
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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Classificações 
Quanto ao processo de mudança:
a) rígidas: são aquelas somente suscetíveis de mudança por intermédio de um processo solene e complicado, bem mais específico e rigoroso do que aquele utilizado para modificar as leis em geral;
b) flexíveis: a cada momento, é capaz de ser modificada, expandida, contraída, sem processo formal complexo, da mesma forma que as leis em geral;
c) semi-rígidas: possuem uma parte rígida e outra flexível, como a Constituição Imperial de 1824.
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CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES
Classificações 
Quanto à extensão:
a) sintéticas: são constituições compactas, em que a matéria constitucional vem predisposta de modo resumido;
b) analíticas: são amplas e minuciosas, cujos artigos, desdobrados em incisos e alíneas, se ordenam de modo reiterado em várias partes do texto.
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PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL
O verbete princípio possui diversos significados. 
O lexicógrafo Aurélio Buarque Ferreira, definiu: “princípio sm. 1. Momento ou local ou trecho em que algo tem origem. 2. Causa primária, origem. 3. Preceito, regra”[1]. 
Caldas Aulete, por sua vez, conceituou: “princípio sm.  1. Ação ou resultado de principiar ; COMEÇO; INÍCIO; ORIGEM. [...] 5. Preceito, regra, lei (princípio de geometria/de direito).[...] [F.: Do lat. principium,ii. Hom./Par.: principio (fl. de principiar).]”[2].
[1] FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova Fronteira, 2002. p. 557.
[2] AULETE, Caldas. Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa. vol. III, Rio de Janeiro: Delta, 1958. p. 2.667
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PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL
Contudo, em que pesem os esforços dos lexicógrafos, em sentido jurídico, ainda há discórdias no que toca ao significado da expressão princípios. 
A doutrina mais abalizada tem procurado encontrar um significado, através de classificações e enquadramentos, que possa se adequar as particularidades do uso de tal expressão no Direito. 
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PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL
Na visão de Celso Antônio Bandeira de Mello, princípio é “o mandamento nuclear de um sistema, verdadeiro alicerce dele, disposição fundamental que se irradia sobre diferentes normas compondo-lhes o espírito e servindo de critério para sua exata compreensão e inteligência, exatamente por definir a lógica e a racionalidade do sistema normativo, no que lhe confere a tônica e lhe dá sentido harmônico”.
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PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL
Gilmar Ferreira Mendes, fazendo referência a Gomes Canotilho, revela as seguintes características dos princípios:
são normas com um grau de abstração relativamente elevado;
carecem de mediações concretizadoras, seja do legislador ou seja do jurista, pelo fato de serem vagos e indeterminados;
pela posição hierárquica no sistema de fontes ou pela importância estruturante dentro do sistema jurídico, possuem um papel fundamental no ordenamento;
são standards juridicamente vinculantes, radicados nas exigências de justiça ou na idéia de direito; e
são fundamentos de regras, isto é, são normas que estão na base ou constituem a ratio de regras jurídicas, desempenhando, por isso, uma função normogenética fundamentante.
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PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL
A Teoria dos Princípios aponta que a grande contribuição no tange a diferenciação entre princípios e regras veio da escola anglo-saxônica. Ronald Dworkin tentou diferenciar normas e princípios argumentando que:
[...] as regras são aplicadas ao modo tudo ou nada (all or nothing), no sentido de que, se a hipótese de incidência de uma regra é preenchida, ou é a regra válida e a conseqüência normativa deve ser aceita, ou ela não é considerada válida. No caso de colisão entre regras, uma delas deve ser considerada inválida. Os princípios, ao contrário, não determinam absolutamente a decisão, mas somente contêm fundamentos, os quais devem ser conjugados com outros fundamentos provenientes de outros princípios. [...] os princípios, ao contrário das regras, possuem uma dimensão de peso (dimension of weight), demonstrável na hipótese de colisão entre os princípios, caso em que o princípio com peso relativo
maior se sobrepõe ao outro, sem que este perca sua validade [...] (DWORKIN, Ronald apud ÁVILA, Humberto Bergmann. Teoria dos Princípios. São Paulo: Malheiros, 2002. p. 28).
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PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL
Humberto Ávila pontificou:
As regras são normas imediatamente descritivas, primariamente retrospectivas (regulam situações já ocorridas para lhes dar uma solução jurídica no futuro) e com pretensão de decidibilidade e abrangência, para cuja aplicação se exige a avaliação da correspondência, sempre centrada na finalidade que lhes dá suporte ou nos princípios que lhes são axiologicamente sobrejacentes, entre a construção conceitual da descrição normativa e a construção conceitual dos fatos.
Os princípios são normas imediatamente finalísticas, primariamente prospectivas (apontam uma direção) e com pretensão de complementariedade e de parcialidade, para cuja aplicação se demanda uma avaliação de correlação entre o estado de coisas a ser promovido e os efeitos decorrentes da conduta havida como necessária à sua promoção. 
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PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL
Pinto Ferreira aponta cinco grande princípios do Direito Constitucional Moderno:
a) princípio da supremacia da Constituição;
b) princípio democrático;
c) princípio liberal;
d) princípio do socialismo;
e) princípio do federalismo.
Obs.: Há de se anotar que nem todos esses princípios são encontrados em todos os sistemas constitucionais 
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PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL
No âmbito do Direito Constitucional Brasileiro, José Afonso da Silva admite a existência dos seguintes princípios:
a) Princípio da supremacia das normas constitucionais;
b) Princípio do Federalismo, envolvendo a autonomia dos Estados;
c) Princípio do controle jurisdicional da constitucionalidade das leis;
d) Princípio da Autonomia Municipal;
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PRINCÍPIOS DO DIREITO CONSTITUCIONAL
e) Princípio da Proteção da autonomia individual em face do poder;
f) Princípio da Proteção Social do Trabalhador;
g) Princípio da proteção da família, do ensino e da cultura (embora com características programáticas);
h) Princípio da Independência da Magistratura;
i) Princípio da Representação Partidária.

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