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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
FACULDADE CESMAC DO SERTÃO
Prof. Esp. Ailton Júnior
ailtonsjunior@gmail.com
@Mr_AiltonJr
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CONCEITO
O poder constituinte apresenta variados conceitos entre os principais doutrinadores. 
Segundo Michel Temer, poder constituinte “é a manifestação soberana de vontade de um ou alguns indivíduos capaz de fazer nascer um núcleo social”. 
Para Pedro Lenza, o poder constituinte “é o poder de elaborar ou atualizar uma Constituição, através da supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais”. 
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TITULARIDADE DO PODER CONSTITUINTE
O poder constituinte pertence ao povo, que o exerce por meio dos seus representantes (Assembléia Nacional Constituinte). “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição” (art.1º, parágrafo único da CF).
Tendo em vista que o Poder Legislativo, Executivo e Judiciário são poderes constituídos, podemos concluir que existe um poder maior que os constituiu, isto é: o Poder Constituinte. Assim, a Constituição Federal é fruto de um poder distinto daqueles que ela institui.
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PODER CONSTITUINTE
Espécies de Poder Constituinte:
Poder Constituinte Originário:
 
Histórico
Revolucionário
 
Poder Constituinte Derivado
 
Reformador
Decorrente
Revisor
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Originário:
Também é denominado de poder genuíno ou poder de 1º grau ou poder inaugural. É aquele capaz de estabelecer uma nova ordem constitucional, isto é, de dar conformação nova ao Estado, rompendo com a ordem constitucional anterior. 
Poder Constituinte Originário Histórico: É aquele capaz de editar a primeira Constituição do Estado, isto é, de estruturar pela primeira vez o Estado.
Poder Constituinte Originário Revolucionário: São todos aqueles posteriores ao histórico, que rompem com a ordem constitucional anterior e instauram uma nova. 
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Derivado:
Também é denominado de poder instituído, constituído, secundário ou poder de 2º grau. 
Poder Constituinte Derivado Reformador:
É aquele criado pelo poder constituinte originário para reformular (modificar) as normas constitucionais. A reformulação se dá através das emendas constitucionais.
O constituinte, ao elaborar uma nova ordem jurídica, desde logo constitui um poder constituinte derivado reformador, pois sabe que a Constituição não se perpetuará no tempo. Entretanto, trouxe limites ao poder de reforma constitucional.
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Derivado Decorrente:
Também foi criado pelo poder constituinte originário. É o poder de que foram investidos os Estados-membros para elaborar a sua própria constituição (capacidade de auto-organização).
Os Estados são autônomos uma vez que possuem capacidade de auto-organização, autogoverno, auto-administração e autolegislação, mas não são soberanos, pois devem observar a Constituição Federal. “Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição” (art. 25 da CF). Desta forma, o poder constituinte decorrente também encontra limitações.
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Derivado Decorrente (Continuação):
O exercício do poder constituinte decorrente foi conferido às Assembléias legislativas. “Cada Assembléia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de um ano, contando da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta” (art. 11 dos ADCT). 
É importante lembrar que também há o poder reformador para as Constituições Estaduais. Estas são alteradas pela Assembléia legislativa, através de emendas.
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Derivado Decorrente (Continuação):
Discussão sobre a existência de poder constituinte decorrente nos Municípios e Distrito Federal:
Municípios: A CF/88 concedeu a capacidade de auto-organização aos Municípios, ou seja, possibilitou que cada Município tivesse a sua própria Lei Orgânica e que esta seria submissa à Constituição Estadual e à Constituição Federal. Antes de 88, os Municípios de determinado Estado eram regidos por uma única Lei orgânica estadual. Os Municípios são autônomos, uma vez que possuem capacidade de auto-organização, autogoverno, auto-administração e autolegislação. “Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis meses, votar a lei orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitando o disposto na Constituição Federal e na Constituição Estadual” (art. 11, parágrafo único dos ADCT).
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Derivado Decorrente (Continuação):
Os Municípios não tem poder constituinte decorrente, uma vez que são regidos por Lei Orgânica e não por uma Constituição. Do ponto de vista formal, Lei Orgânica não se confunde com Constituição. Há autores que afirmam que como as Leis Orgânicas são Constituições Municipais, os Municípios foram investidos do poder derivado sob a modalidade decorrente. 
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Derivado Decorrente (Continuação):
Distrito Federal: Também é autônomo, uma vez que possui capacidade de auto-organização, autogoverno, auto-administração e autolegislação. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Municípios, reger-se-á por Lei Orgânica, votada em 2 turnos, com interstício mínimo de 10 dias e aprovada por 2/3 dos membros da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos na Constituição Federal (art. 32 da CF).
O Distrito Federal também não tem Constituição, mas sim Lei Orgânica, valendo o disposto para os Municípios. 
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Derivado Decorrente (Continuação):
Crítica a essa corrente: o entendimento do ilustre jurista José Afonso da Silva: 
[...] Com a outorga constitucional (CF, art. 29) de capacidade de auto-organização aos Municípios, os Vereadores adquiriram uma nova função, que não tinham antes, qual seja: a de elaboradores das normas de organização local. A lei orgânica do Município exerce um papel de Carta municipal (o Município de Pompéu, MG, denominou sua lei orgânica de Constituição do Município de Pompéu), como uma espécie de constituição local. Reserva-se aos Vereadores, assim, uma verdadeira função constituinte, na medida em que se lhes reconhece a faculdade de modificar a lei orgânica, incluindo a possibilidade de apresentarem proposta de emendas a ela, subscrita por um certo número dos membros da Câmara, que, em regra, é de um terço. [...]. (Manual do Vereador. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1997. pp. 104-105).
Anote-se, ainda, outras lições, sempre no mesmo sentido: HELY LOPES MEIRELLES, Direito Municipal Brasileiro, Malheiros, 6ª ed., 1993, p. 75; JAIR EDUARDO SANTANA, Competências Legislativas Municipais, Del Rey, 2ª ed., 1998, p. 100; JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso de Direito Constitucional Positivo, Ed. Malheiros, 9ª ed., 1993, p. 547; IVES GANDRA MARTINS, Comentários à Constituição do Brasil, Saraiva, 3º vol., tomo II, p. 198.
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Derivado Revisor:
Também chamado de poder anômalo de revisão ou revisão constitucional anômala ou competência de revisão. Foi estabelecida com o intuito de adequar a Constituição à realidade que a sociedade apontasse como necessária.
O art. 3º dos ADCT, da CF de 1988, estabeleceu que a revisão constitucional seria realizada após 5 anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. O procedimento anômalo é mais flexível que o ordinário, pois neste segundo exige-se sessão bicameral e 3/5 dos votos.
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PODER CONSTITUINTE
Poder Constituinte Derivado Revisor (continuação):
Várias teorias surgiram em relação aos limites do poder constituinte revisor:
Algumas apontaram uma ilimitação.
Outras trouxeram condicionamentos formais: Condicionaram a instalação da Assembléia
Revisional ao resultado modificador da forma ou sistema de governo, no plebiscito de 1993, conforme o previsto no artigo 2º dos ADCT. (O artigo previa o plebiscito para o dia 07/09/93, mas ocorreu em 21/04/93).
Se o resultado fosse mantenedor, não haveria necessidade da revisão anômala. O resultado foi mantenedor, porém o Congresso Nacional instalou a Assembléia Revisional e instituíram 6 emendas constitucionais revisionais. O STF acolheu a posição de que o Congresso Nacional poderia instalar a assembléia revisional. Fez uma interpretação literal do art 3º do ADCT, como se não tivesse relação alguma com o art 2º do ADCT. 
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PODER CONSTITUINTE
Características dos Poderes Constituintes Originário e Derivado:
 
- Quanto ao fundamento:
 
Poder Constituinte Originário: Inicial ou inaugural. É auto-fundante, isto é, tira fundamento de si próprio, não se funda em nenhum outro.
Poder Constituinte Derivado: Deriva da Constituição Federal. Encontra fundamento naquilo que o poder constituinte originário escreveu.
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PODER CONSTITUINTE
Características dos Poderes Constituintes Originário e Derivado:
 
- Quanto à matéria:
 
Poder Constituinte Originário: Autônomo. Não está subordinado a qualquer limitação material. Segundo os adeptos do positivismo (aqueles que negam a existência do direito natural), o poder constituinte, quanto à matéria, é soberano (ilimitado), pois não se submete a nenhuma regra do direito positivo. Para os adeptos do jus naturalismo (aqueles que afirmam a existência de direitos inerentes a condição humana), o poder constituinte originário é limitado em razão do direito natural. Assim, sempre haverá limites decorrentes de uma consciência ética ou de direito natural. Ser ilimitado significa autônomo em razão do direito positivo. 
Poder Constituinte Derivado: Subordinado. O poder constituinte originário estabeleceu limites de ordem material ao poder reformador, isto é, as cláusulas pétreas.
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PODER CONSTITUINTE
Características dos Poderes Constituintes Originário e Derivado:
 
Quanto à forma:
 
Poder Constituinte Originário: Incondicionado. Seu exercício não está submetido à forma, pois é ele quem delibera de que maneira o faz.
 
Poder Constituinte Derivado: Condicionado. Seu exercício é submisso à forma estabelecida pelo poder constituinte originário (limitações formais, procedimentais e circunstanciais).
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DICA
DEIXA A EMENDA ME LEVAR (Paródia da música Deixa a Vida me Levar, interpretada por Zeca Pagodinho)
1. Eu já estudei quase tudo em minha vida/ E Poder Constituinte agora chegou a vez/ Pode ser originário ou derivado/ E agora a diferença eu vou contar para vocês
O Poder Originário é inicial/ Ele só é limitado ao Direito Natural/ Ele é incondicionado, isso não faz mal/ E o poder instituído ou derivado é tudo igual
2. O Poder instituído é limitado/ E também condicionado ao texto da Constituição/ Pode ser reformador ou decorrente/ E assim mesmo de repente acabou nossa canção.
DICA: SITE DO PROFESSOR FLÁVIO MARTINS
http://www.professorflaviomartins.com.br
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TRABALHINHO
Elabore uma análise crítica do sobre o tema “Crise Constituinte e Crise Constitucional”, de acordo com o texto inserido na obra Curso de Direito Constitucional, de Paulo Bonavides (páginas 188-195).
Atenção!!!
O trabalho deverá ser manuscrito e possuir, ao mínimo, duas laudas.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Classificação doutrinária das limitações:
Limitações formais ou procedimentais.
Limitações materiais.
Limitações circunstanciais.
Limitações temporais.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações formais ao poder de reforma:
Iniciativa de uma emenda constitucional: Só pode exercer a iniciativa quem tem poder de iniciativa, pois caso contrário haverá um vício de iniciativa, uma inconstitucionalidade formal (art. 60 da CF). 
 
1/3, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal (art. 60, I da CF): Trata-se de iniciativa coletiva, pois exige a assinatura de no mínimo 1/3 dos Deputados ou Senadores. Não há iniciativa parlamentar individual nas emendas constitucionais. Para apresentar uma proposta de emenda constitucional é necessário 171 Deputados ou 27 Senadores, enquanto que na lei ordinária qualquer membro de qualquer uma das Casas já tem esse poder. 
Presidente da República (art. 60, II da CF): Trata-se de iniciativa unipessoal.
 
Mais da metade das Assembléias Legislativas da unidade da federação, manifestando intimamente pela maioria relativa de seus membros (art. 60, III da CF): Tendo em vista que há, no Brasil, 26 Estados-membros e 1 Distrito Federal, para apresentar uma proposta de emenda constitucional, é necessário que 14 Assembléias Legislativas manifestem-se por maioria relativa. 
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações formais ao poder de reforma:
Votação: A proposta de emenda constitucional apresentada por 1/3 do Senado tem início no Senado. A apresentada por 1/3 da Câmara dos Deputados, pelo Presidente da República e por mais da metade das Assembléias Legislativas, tem inicio na Câmara dos Deputados.
A apreciação da proposta de emenda constitucional é realizada nas 2 casas do Congresso Nacional, separadamente, e em 2 turnos de discussão e votação (no plenário), necessitando de 3/5 dos votos em cada uma delas (art. 60 §2º CF). 
Apresentada a proposta de emenda constitucional na casa iniciadora, os parlamentares fazem a discussão e depois se segue a votação (1 turno). Depois, novamente fazem a discussão e segue-se a votação (2 turno). Se aprovada, a proposta de emenda constitucional, segue-se para a outra casa, em que também passará pelos dois turnos.
Assim, se existe uma emenda constitucional, é porque ela foi aprovada quatro vezes, duas na Câmara e duas no Senado.  São necessários 308 Deputados e 49 Senadores. O projeto de lei ordinário, diferentemente, é apreciado em um turno de discussão e votação, necessitando de maioria relativa em cada uma das Casas do Congresso Nacional.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações formais ao poder de reforma:
Aprovada: O projeto de emenda constitucional seguirá para a promulgação.
Rejeitada em uma das casas: o projeto de emenda constitucional estará rejeitado, pois é necessária a vontade expressa das duas casas para aprovar uma emenda constitucional. Assim, não se aplica o princípio da primazia da deliberação principal sobre a revisional, que é própria do processo legislativo ordinário. 
A emenda constitucional começa e termina no Congresso Nacional, não havendo sanção ou veto do presidente.
Promulgação: A emenda constitucional será promulgada pelas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem (art. 60 §3º CF).
Mesa é o órgão responsável pela condução dos trabalhos legislativos pelo período de dois anos. 
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações circunstanciais ao poder de reforma:
A Constituição não pode ser objeto de emenda na vigência de intervenção federal, estado de sítio e estado de defesa (art. 60 §1º CF). Assim, na vigência dos mecanismos de defesa para se enfrentar situações de crise constitucional (anormalidades constitucionais), a Constituição não pode ser emendada, pois eles têm como feito automático a inibição do poder de reforma.
Estado de sítio: A anormalidade esta generalizada por todo o território nacional.
Estado de defesa: A anormalidade ocorre em alguns pontos do território nacional.
Intervenção federal: A União quebra, temporária e excepcionalmente a autonomia dos Estados, por desrespeitarem as regras do artigo 34 da Constituição Federal.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitação temporal ao poder de reforma:
A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada (barrada na Comissão) não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa (art. 60, §5 da CF). Sessão
legislativa é o período de um ano correspondente ao ano civil. Há autores que consideram essa limitação como procedimental.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Existem limitações explícitas ao poder de reforma e outras implícitas, que decorrem logicamente do próprio sistema constitucional. 
Limitações implícitas:
 
Titular do poder constituinte originário: Pela lógica representa uma limitação, pois se não a criatura iria suprimir o próprio criador. 
Exercente do poder de reforma: O Congresso Nacional não pode transferir esse poder para outros órgãos, pois recebeu procuração sem poderes para substabelecer. 
Procedimento da emenda constitucional (forma do exercício do poder de reforma): Embora não possa ser reduzida a rigidez do procedimento, pois é imutável, pode ser ampliado.
Suspensão total ou parcial das cláusulas pétreas.
Regime de governo (Presidencialismo): Em razão da opção pela manutenção do presidencialismo, realizada pelo titular do poder constituinte originário no plebiscito de 1993. OBS.: Tendo em vista que o plebiscito não foi um treino de democracia, o seu resultado é vinculante. Entretanto, não é imutável, pois nada impede que o eleitorado seja novamente consultado através de um novo plebiscito. 
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
Não será objeto de deliberação a proposta de emenda constitucional tendente a abolir as matérias estipuladas nas cláusulas pétreas ou a modificar o elemento conceitual do instituto. Tais propostas não serão sequer objeto de deliberação.
Forma Federativa do Estado: Não pode ser objeto de emenda constitucional a proposta tendente a abolir a forma federativa de Estado (matéria estipulada na CF) e nem a tendente a modificar a auto-organização ou autonomia dos Estados (elemento essencial de um Estado Federal).
A forma de governo (República), embora não mencionada, também não pode ser mudada, por força do plebiscito de 1993.
Voto direto, secreto, universal e periódico: Não pode ser objeto de emenda constitucional a proposta tendente a abolir ou modificar o voto e suas características. O voto é o instrumento por meio do qual se exerce a capacidade eleitoral ativa do direito de sufrágio. Direito de sufrágio é caracterizado pela soma da capacidade eleitoral ativa e passiva. A falta de capacidade passiva é a inelegibilidade.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
Voto direto: Não pode ser objeto de emenda constitucional a proposta tendente a abolir ou modificar a eleição direta (mandante eleitor escolhe diretamente o mandatário).
Entretanto, a Constituição traz um caso em que a eleição será indireta, isto é, quando houver dupla vacância (Presidente e Vice-Presidente) nos 2 últimos anos do período presidencial. Neste caso, será realizada eleição 30 dias depois da última vaga, pelo Congresso Nacional, na forma da lei.  Trata-se de uma exceção à regra do artigo 14 da Constituição Federal. Os eleitos completarão o período dos antecessores. (art. 81, §1 e 2 da CF). 
 Antes do movimento das “Diretas Já”, a eleição era indireta, isto é, nós escolhíamos o Congresso Nacional e esse escolhia o Presidente.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
Voto secreto: Não pode ser objeto de emenda constitucional a proposta tendente a abolir ou modificar o sigilo do voto, pois é garantia da liberdade de expressão. Todos têm o direito de ninguém saber o conteúdo de sua votação (cabine indevassável).
Voto universal: Não pode ser objeto de emenda constitucional a proposta tendente a abolir ou modificar o direito de voto a todos os nacionais sem qualquer discriminação. 
 
A faixa mínima de fixação eleitoral para 16 anos é determinada tendo em vista que a pessoa tem que ter um mínimo de discernimento para exercer esse direito político. Tal condicionamento não retira o caráter universal do voto.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
Voto periódico: Não pode ser objeto de emenda constitucional a proposta tendente a abolir ou modificar o direito de periodicamente renovar aquele que não vai indo bem. No Brasil, não pode haver investidura vitalícia.
OBS: Pode haver proposta de emenda constitucional para suprimir a obrigatoriedade do voto, pois se o constituinte quisesse que tal característica fosse imutável deveria tê-la incluído no artigo 60, §4 da CF, com as demais características. Princípio do “inclusio unius alterius exclusiu” (o que não está dentro está fora)
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
A separação dos poderes: Não pode ser objeto de emenda constitucional a proposta de ingerência de um poder no outro, pois seria tendente a abolir a separação dos poderes.
Pelo princípio da separação dos poderes, as funções do Estado estão divididas entre o Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário, que são independentes, mas harmônicos entre si (art. 2º da CF).
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
Direitos e garantias individuais: Não pode ser objeto de emenda constitucional a proposta tendente a abolir ou modificar os direitos e garantias individuais. Os Direitos Individuais são uma espécie dos Direitos Fundamentais, juntamente com os Direitos Sociais e os Direitos Políticos, mas somente os Direitos individuais e uma parte dos Direitos políticos (voto e suas características) fazem parte das cláusulas pétreas, estando de fora os Direitos Sociais.  
Direitos sociais: Pelo principio hermenêutico do “inclusio unius alterius exclusiu” (o que não está dentro está fora), poderiam ser objeto de emenda constitucional, pois não estão previstos nas cláusulas pétreas e se o constituinte quisesse inclui-los, utilizaria o gênero “Direitos Fundamentais”.
O art. 7º, XXIX da CF teve 2 alíneas (que dispunham de forma mais favorável ao trabalhador rural no que se refere à prescrição) revogadas pela EC 28/00. Como não houve ADIN e nem manifestação do Supremo Tribunal Federal, conclui-se que há possibilidade de supressão dos direitos sociais por emenda constitucional.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
Direitos e garantias individuais: Não pode ser objeto de emenda constitucional a proposta tendente a abolir ou modificar os direitos e garantias individuais. Os Direitos Individuais são uma espécie dos Direitos Fundamentais, juntamente com os Direitos Sociais e os Direitos Políticos, mas somente os Direitos individuais e uma parte dos Direitos políticos (voto e suas características) fazem parte das cláusulas pétreas, estando de fora os Direitos Sociais.  
Direitos sociais: Pelo principio hermenêutico do “inclusio unius alterius exclusiu” (o que não está dentro está fora), poderiam ser objeto de emenda constitucional, pois não estão previstos nas cláusulas pétreas e se o constituinte quisesse inclui-los, utilizaria o gênero “Direitos Fundamentais”.
O art. 7º, XXIX da CF teve 2 alíneas (que dispunham de forma mais favorável ao trabalhador rural no que se refere à prescrição) revogadas pela EC 28/00. Como não houve ADIN e nem manifestação do Supremo Tribunal Federal, conclui-se que há possibilidade de supressão dos direitos sociais por emenda constitucional.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
Direitos coletivos: O
artigo 5º da Constituição Federal traz 77 incisos sobre direitos individuais e coletivos. Embora os direitos coletivos não estejam previstos nas cláusulas pétreas, não podem ser objeto de emenda constitucional, pois se não é possível suprimir o que é de um, com muito mais razão não se pode suprimir o que é de vários.
Direito individual fora do artigo 5º da CF: Princípio da anterioridade: A EC 3/93 trouxe a possibilidade de uma lei (LC 77/93: IPMF) instituir outro imposto e que, quando criado, a ele não se aplicaria o princípio da anterioridade. O STF decidiu contra a emenda constitucional, afirmando que a anterioridade era tecnicamente um direito individual protegido pela clausula pétrea.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
Direito individual fora do artigo 5º da CF: 
Imputabilidade penal: “São penalmente inimputáveis os menores de 18 anos, sujeitos à legislação especial” (art. 228 da CF).
Corrente minoritária: Não pode ser objeto de emenda constitucional, pois é um direito individual e há precedente no STF reconhecendo um direito individual, mesmo fora do art 5º da CF.
Corrente majoritária: Pode ser objeto de emenda constitucional, pois os princípios de direito penal e de direito processual penal, referentes à pessoa individual, estão localizados no artigo 5º da CF e se o constituinte não incluiu neste artigo o artigo 228, demonstra que aquela regra não está revestida de imutabilidade.
Não há dúvida de que, por lei ordinária, não pode ser mudada a imputabilidade penal para 16 anos.
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O PODER DE REFORMA CONSTITUCIONAL E SEUS LIMITES
Limitações materiais ao poder de reforma:
Limitações explícitas (art. 60, §4 da CF):
Possibilidade de estender à pena de morte (exceção do artigo 5º, XLVII da CF), por meio de emenda constitucional, aos crimes hediondos: Segundo a doutrina não é possível, pois seria tendente a abolir o direito à vida (direitos individuais), mas por consulta plebiscitária ao titular do poder constituinte originário sim. Desta forma não há uma impossibilidade jurídica de ampliação da pena de morte, mas há impossibilidade por reforma.
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DICA
A EMENDA PROMETIDA (Paródia da canção Prometida, interpretada pelo grupo Broz)
Refrão: Sim, sim, sim,/ Estou estudando a emenda/ Não tem sanção nem tem veto/ Espero que me compreenda
1. A emenda é proposta por 1/3 do Senado/ Também pelo Presidente ou 1/3 de Deputados/ Da Assembléia dos Estados pra propor é a metade/ E com maioria simples, isso também é verdade
2. Não tem sanção, nem tem veto: é poder reformador/ Aprovada por 3/5, Deputado e Senador/ E não poderá ser feita na intervenção federal/ Nem no estado de sitio ou de defesa é tudo igual
3. Promulgada pelas mesas da Câmara e do Senado/ Na sessão legislativa se o projeto é rejeitado/ Somente no outro ano alguém poderá propor/ E agora que você sabe tudo, cante com o professor.
DICA: SITE DO PROFESSOR FLÁVIO MARTINS
http://www.professorflaviomartins.com.br
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DICA
JÁ SEI ESTUDAR (Paródia da música Já Sei Namorar, interpretada pelo Grupo Tribalistas)
1. Já sei estudar quais são cláusulas pétreas que não poderão mudar/ No artigo 60, então vê se não esquenta pois agora ou vou falar
2. O primeiro assunto é a Federação/ E dos nossos poderes a Separação/ Eu já me esquecia, direitos e garantias em toda a Constituição/ E também tem o voto, não me ouça mal:/ É direto, secreto, é universal/ E pra terminar, também é periódico, então vamos cantar.
DICA: SITE DO PROFESSOR FLÁVIO MARTINS
http://www.professorflaviomartins.com.br
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Conceito
Recepção é o instituto pelo qual a nova Constituição, independente de qualquer previsão expressa, recebe norma infraconstitucional pertencente ao ordenamento anterior, com ela compatível, dando-lhe, a partir daquele instante, nova eficácia.
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Dado o fato de a entrada em vigor de uma nova Constituição causar uma ruptura na ordem jurídica, paralisando momentaneamente a eficácia de toda a legislação ordinária existente naquele momento.
Tecnicamente, na verdade, a legislação infraconstitucional não permanece em vigor.
Ela perde momentaneamente seu suporte de validade e simultaneamente adquire um novo, se compatível com a nova Constituição, não havendo permanência de eficácia, mas aquisição de nova eficácia, nos termos da nova ordem constitucional. 
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Saliente-se que a recepção ocorre em dois planos, formal e material. 
O formal diz respeito ao tipo de norma, ao quorum de aprovação e à roupagem jurídica. 
Aqui, a norma anterior é recepcionada levando-se em conta o novo status que quis lhe dar o novo constituinte, não se importando com o tipo e quorum anterior, vale dizer, não importa se determinada norma era ordinária e, hoje, exige-se uma lei complementar para disciplinar a matéria; se determinada lei era de competência da União e agora tenha passado para os estados ou, ainda, se o tipo de lei, vigente na constituição anterior, hoje não vige mais. 
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Nada disso importa. Uma norma ordinária, por exemplo, poderá passar a viger, na nova era com sentido de complementar; um decreto-lei, figura não mais existente, pode viger, com o nome anterior – decreto-lei – mas com força de lei complementar, caso seja este o tipo normativo exigido pela nova ordem. Inclusive foi, justamente, isso que ocorreu com o CTN, que é lei ordinária, mas possui status de Lei Complementar, bem como com o Código Penal, que antes foi editado por decreto-lei e, hoje, o é por lei ordinária. 
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Observação Importante:
Vale observar que a, eventual, futura modificação de uma norma recepcionada deve obedecer ao quórum e forma exigidos na nova ordem, ou seja, o CTN, por hipótese, que é Lei Ordinária, mas possui status de Lei Complementar, será exigido, para sua modificação o quórum de maioria absoluta – não simples – típico de lei complementar, consoante prescreve o art. 69 da CF. 
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Em outro norte, temos o plano da recepção material, em que é levado em conta a mens legis, não podendo a norma anterior contrastar em nada o novo texto Constitucional, sob pena de não operar a recepção, mas a revogação. . 
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Recepção total ou parcial
É perfeitamente possível a recepção parcial de uma norma, isto é, ela pode ter uns artigos contrários à nova Constituição e outros não. Neste caso, os contrários serão revogados e os acordantes serão recepcionados. 
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Uma única lei pode ter alguns artigos recepcionados com status originário e ou com status que lhe quis dar o novo constituinte. Uma determinada lei trata em artigos diversos de temas distintos, como, por exemplo, de normas gerais de direito tributário, de procedimento para desapropriação por interesse social e de regimento interno da Câmara dos Deputados. Como a atual Constituição prescreve que normas gerais de Direito Tributário é matéria reservada a lei complementar, que desapropriação por interesse social é assunto a ser regulado por lei ordinária e que regras sobre regimento interno da Câmara dos Deputados é assunto a ser tratado, exclusivamente, por resolução, a lei será ordinária, mas seu status foi definido por cada assunto específico, possuindo, portanto, status de lei complementar, lei ordinária e resolução. (MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de Direito Constitucional.São Paulo: Campus, 2007, p. 1048). 
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TEORIA DA RECEPÇÃO
“A norma precedente recepcionada pela nova Constituição pode passar a ter natureza diversa de sua origem. Assim, leis antes ordinárias podem passar a ter força de leis complementares, decreto-lei pode ganhar força de lei ordinária (a exemplo do CP). Portanto, eventual incompatibilidade formal não impede a recepção”. (CHIMENTI et ali. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2010.).
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Teoria da
Recepção e Poder Constituinte Derivado
Atente-se para a observação de que a teoria da recepção, da mesma sorte que se aplica ao Poder Constituinte Originário, se aplica ao Derivado, digo, em relação às emendas e revisões, a recepção ou revogação terá como base a data da reforma. Essa dica é de suma importância para detectar se o instituto a ser aplicado deve ser o da recepção ou o de análise de constitucionalidade. Se a norma já existia na data da revisão, estaremos no campo da recepção, se posterior, no da análise da constitucionalidade.
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Norma sem eficácia em relação à Constituição anterior, mas não contrastante com a nova Constituição
Não importa se a norma estaria em consonância com a atual Constituição, pois, se, quando da instituição da nova Carta, uma lei já não mais vigorava, não podemos nos ater à Teoria da Recepção, porquanto este instituto somente pode ser levado a efeito em relação a lei vigente. no momento da entrada em vigor do texto constitucional. Nesse caso, em que a lei já não mais vigorava, é cediço que o tema diz respeito a repristinação.
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Efeito Repristinatório
“Possibilidade de restauração da eficácia da norma revogada pela perda de vigência da norma revogadora. Entretanto, o mero advento de um novo texto constitucional não tem o condão de restaurar a eficácia de lei ordinária revogada pela constituição anterior, basicamente pelo fato de tal procedimento instilar grande insegurança nas relações jurídicas”. (SILVA NETO, Manoel Jorge e. Curso de Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2006. p. 678.)
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Repristinação
No Brasil não é admitido o instituto da repristinação tácita. Todavia, caso a nova Constituição, expressamente, refira-se a repristinação de alguma norma infraconstitucional que não mais estava em vigor, tal instituto será aceito. Assim, concluímos que a repristinação expressa é perfeitamente cabível, em nosso ordenamento jurídico.
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Leis existentes, mas ainda não em vigor na data da instituição da nova Constituição
No instante do nascimento da Constituição, pode ser que haja leis que, apesar de existentes, ainda não tenham entrado em vigor, por motivos diversos, como, por exemplo encontrar-se em período de vacatio legis ou por não haverem, ainda, sido promulgadas e publicadas. Neste caso a doutrina se diverge, entendendo Motta e Barchet que não caberia a recepção, por não encontrar-se em vigor aquela lei. (MOTTA, Sylvio; BARCHET, Gustavo. Curso de Direito Constitucional.São Paulo: Campus, 2007, p. 1048).
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Nova Constituição e Constituição anterior
Com a entrada em vigor de uma Constituição, a anterior, imediatamente, perde sua eficácia, totalmente, sendo os efeitos da nova Constituição sobre a anterior, absolutos.
Com a entrada em vigor da nova Constituição, não há se cogitar se determinada norma constitucional constante da antiga estaria ou não em vigor por estar ou não em desconformidade com a nova. Não há necessidade dessa discussão, pois a constituição anterior tomba em bloco.
Apesar de haver doutrinadores que entendem que a nova Constituição poderá aproveitar dispositivos da anterior, que não sejam incompatíveis com a posterior, este não é o entendimento do STF. O entendimento majoritário é no sentido de derrubar, em bloco, a Constituição anterior, vindo a posterior a substituí-la integralmente. 
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TEORIA DA RECEPÇÃO
Conclusão
O instituto da Recepção se refere a leis infraconstitucionais pertencentes ao ordenamento anterior à Constituição, pois, caso a norma parâmetro tenha nascido após a nova Constituição ou após sua reforma, estaremos diante do instituto do Controle de Constitucionalidade, não havendo se falar em recepção ou revogação.
Apesar da celeuma, o STF, firmou entendimento no sentido de que a norma pertencente ao ordenamento anterior, que contrasta com a nova ordem constitucional deve ser considerada revogada, não havendo se falar em inconstitucionalidade superveniente, já que inconstitucionalidade é apenas de normas que tenham passado a vigorar após o advento da nova Constituição.
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
As Constituições podem ser alteradas, com a finalidade de adequar o seu texto com a realidade social em evolução, por meio de dois mecanismos, nomeados pela doutrina como sendo: formais ou informais.
Os mecanismos formais (Emendas e Revisão Constitucional) já foram estudados.
Estudaremos nesta aula os informais.
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
O fenômeno informal de alteração do conteúdo do Texto Constitucional é denominado de "mutação constitucional". Dizemos do conteúdo do Texto porque em verdade, não há qualquer alteração formal na letra da Lei, a mudança ocorre no entendimento da mesma em virtude da dinâmica evolução social. 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Com maior precisão, define Uadi Lammêgo Bulos a mutação constitucional como "O fenômeno, mediante o qual os textos constitucionais são modificados sem revisões ou emendas,... ". 
Prossegue o doutrinador: "Assim, denomina-se mutação constitucional o processo informal de mudança da Constituição, por meio do qual são atribuídos novos sentidos, conteúdos até então não ressaltados à letra da Lex Legum, quer através da interpretação, em suas diversas modalidades e métodos, quer por intermédio da construção (construction), bem como dos usos e costumes constitucionais." 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Com maior precisão, define Uadi Lammêgo Bulos a mutação constitucional como "O fenômeno, mediante o qual os textos constitucionais são modificados sem revisões ou emendas,... ". 
Prossegue o doutrinador: "Assim, denomina-se mutação constitucional o processo informal de mudança da Constituição, por meio do qual são atribuídos novos sentidos, conteúdos até então não ressaltados à letra da Lex Legum, quer através da interpretação, em suas diversas modalidades e métodos, quer por intermédio da construção (construction), bem como dos usos e costumes constitucionais." 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
As mutações constitucionais podem ser puras e impuras.
Nas palavras de Ronaldo Guimarães Gallo, “as mutações constitucionais puras nada mais são que o ajuste do perfeito reflexo que deve existir entre a sociedade (ou os valores que ela contem) e a Regra Fundamental que a regula ("Direito"), é o redirecionamento da exata similitude que deve existir entre o espírito vivente no seio da soberania popular e que igualmente deve habitar o âmago da respectiva Constituição”. 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
As mutações constitucionais puras seriam aquelas que alteram o conteúdo da norma constitucional em virtude da mudança do pensamento, do entendimento, ponto de vista da sociedade, como um todo, sobre determinado tema ou assunto. 
Essa espécie de mutação altera o conteúdo das normas constitucionais para fazer com que elas voltem a se adequar aos novos valores da sociedade, dá novo sentido a estes dispositivos, fazendo-os entrar em sintonia com a dinâmica da evolução social, garantindo a eficácia da Constituição. 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Assim, tentando dispor do maior número de "modalidades" possíveis (mas não as exaurindo), teríamos como elementos integrantes das mutações constitucionais puras os usos e os costumes, as interpretações e as construções judiciais; por sua vez, encontraríamos nas mutações constitucionais impuras, como seus elementos, as complementações legislativas, as práticas governamentais, legislativas e judiciárias e os grupos de pressão. 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Segundo Ronaldo Gallo: “Os usos e costumes nada mais são do que um caminho que conduzirá a uma mutação constitucional pura, entretanto não são modalidades de mutação, o fenômeno é um só: sintonia entre evolução social e sistema jurídico fundamental, os usos e os costumes são apenas parte integrante do fenômeno, o compõe, mas não são espécie do gênero mutação. Da mesma forma a interpretação é um importantíssimo
instrumento das mutações puras. Aliás, nosso entendimento é que os usos e costumes, bem como a construção judicial (adiante melhor explicado) podem muito bem estarem contidas no elemento interpretação, assim, teríamos esta como elemento mor das mutações constitucionais puras e contida na mesma abarcaríamos, como dito, os usos e costumes e as construções judiciais”. 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Prossegue Ronaldo Gallo: “[...] a interpretação, processo de entendimento do normativo analisado, como é realizada por um ser inserido no círculo social, que capta seus estímulos e novas sensações (de forma idiossincrática, é certo), propicia um alinhamento de pensamentos que finda por trazer o sentido da norma para o futuro a que pertence. Novamente ressaltamos, a interpretação, muito embora um importante processo, é elemento das mutações constitucionais puras e não sua modalidade; aquela é instrumento que integra e ajuda no desenvolvimento desta”. 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Por outro turno, verifiquemos o que é uma mutação constitucional impura.
Entendemos como sendo mutações constitucionais impuras aquelas que impõem uma alteração no conteúdo do Texto Fundamental, sem alteração do seu dispositivo (que permanece intacto), entretanto não como reflexo das alterações ocorridas nos ideários sociais, mais sim advindas de pressões efetivadas por determinados grupos (ainda que representativos de determinada parcela da sociedade), de práticas governamentais, legislativas ou judiciárias, ou ainda de complementações legislativas (dentre outros). 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Note-se que para as hipóteses acima indicadas não há mudança no conteúdo do Texto Magno em virtude da alteração de conceitos sociais; a pureza existente entre a transformação do espírito vivente no seio comunitário refletindo diretamente na mudança de entendimento da Carta Fundamental inexiste, o que se tem são transformações daquela concepção jurídica desenvolvida por forte "influência" de setores da sociedade (ou então por órgãos que não a representam na sua totalidade) com suas ações. 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Desenvolvendo melhor o conceito, analisemos os chamados grupos de pressão. Referidos grupos (lobbies, sindicatos, partidos políticos etc.), invariavelmente, esforçam-se por defender interesses setoriais das respectivas classes, que muito embora possam imprimir uma mudança no conteúdo normativo da Lex Legum, tal não é fruto, como insistentemente ressaltado, da alteração do pensamento social como um todo e sim, como o próprio nome diz, da "pressão" exercida por esses grupos.
O mesmo ocorre com as práticas governamentais, legislativas e judiciárias, que também podem tornar-se elemento da mutação constitucional mas não na sua pureza, não em virtude de influxos sociais.
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
No que diz respeito à complementação legislativa, cabe uma análise um pouco mais detida. As complementações legislativas seriam as leis complementares, leis ordinárias etc., que tem como objetivo conferir efetividade a alguma norma constitucional que de tal qualidade não é provida por amoldar-se ao grupo das normas de eficácia contida ou limitada.  
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
As complementações legislativas também podem conferir uma alteração no conteúdo normativo constitucional, não, entretanto, em decorrência de qualquer alteração do espírito dinâmico do corpo social.
É certo que à referida conclusão poder-se-ia contrapor que as complementações são efetivadas pelos legítimos representantes da sociedade (parlamentares), logo, implicariam na captação da mudança do pensamento social, estando-se frente a uma mutação constitucional legitimada pela soberania popular e, via de conseqüência, impregnada da mais lídima e cristalina "pureza".
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
As complementações sofrem intensa influência de grupos de pressão e são frutos de forte confronto político de interesses, sendo certo que essas situações não necessariamente refletem qualquer alteração no pensamento político-social. 
Além do que entendemos que a necessidade da edição de uma lei para a alteração do entendimento de um normativo constitucional finda por contaminar o instituto da mutação, que, na sua pureza, advém da simples evolução social.
Vale frisar, no entanto, que caso a complementação legislativa venha a refletir uma mudança de valores ocorrida na sociedade, considerada-a na sua inteireza, então estaremos diante de uma mutação constitucional pura. Mas, note-se, que neste caso a complementação vem apenas "formalizar" a mutação constitucional, pois que, em verdade, a mesma já existia.
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Quando o mesmo ocorrer com relação a qualquer das hipóteses supra elencadas o raciocínio será o mesmo, ou seja, deverão ser consideradas mutações constitucionais puras. Isto porque é pura a mutação constitucional que corresponda a uma evolução dos valores existentes na sociedade (e não de fragmentos desta), independentemente do elemento contido no fenômeno de mutação, utilizado para averiguar a ocorrência do mesmo (acentuamos que a recíproca é verdadeira para os elementos acentuados como integrantes das mutações constitucionais puras). 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
Finalmente, necessário uma menção especial às construções judiciais.  
Em tese, as construções judiciais refletem o momento social vivido, devidamente adequada às normas atinentes a um caso concreto. Desta feita, o fruto de tal equação só pode ser uma mutação constitucional pura.
Entretanto, ocorre que, pode acontecer das construções judiciais também sofrerem pressões de grupos sociais. Nesta hipótese, como já salientado, o que se verificará é uma mutação impulsionada por entendimentos advindos de setores da sociedade, logo, da espécie das mutações constitucionais impuras.
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
A simples classificação das mutações constitucionais em apenas duas espécies, as quais chamamos puras e impuras, decorre do nosso entendimento segundo o qual as mutações ocorrem como uma forma de adequar a Carta Fundamental (dever ser), à realidade hodierna da sociedade (ser), à evolução do pensamento, dos valores do corpo social. Esse é o fenômeno.
Entretanto, referido fenômeno pode findar por alterar o conteúdo de uma norma do Texto Maior, sem imprimir qualquer modificação à letra da mesma (mutação constitucional) e não refletir a evolução do pensamento de toda a sociedade, mas sim apenas de um setor da mesma, de um grupo. Neste caso estaríamos frente a uma mutação constitucional da espécie impura, porque existe a alteração informal da Carta Magna, muito embora desprovida de pureza, é dizer, do simples e natural reflexo advindo da evolução do pensamento social como um todo, por si só, influindo naturalmente na alteração informal da Constituição.
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
As chamadas modalidades, ou hipóteses, ou categorias de mutação constitucional nada mais são do que elementos desse mesmo fenômeno. O que se pode fazer é analisar como esse elemento atua no fenômeno da mutação constitucional, mas não classificá-lo como categoria de mutação, ou espécies diferençadas de mutação constitucional. 
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MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS
A assertiva acima pode ser comprovada com o seguinte entendimento: imaginemos que hipoteticamente fosse possível visualizarmos a essência das mutações constitucionais. Veríamos, desta forma, uma alteração no comportamento social influindo diretamente no conteúdo de uma norma constitucional como forma de adequá-la ao novo tempo.
Essa é a essência da mutação constitucional. Entretanto, caso seja utilizada a interpretação, e.g., para melhor detectar o fenômeno ora em análise, será a mesma, utilizada como elemento da mutação constitucional, pois não interfere na essência do instituto, logo, não pode ser alçada ao cargo de uma sua modalidade ou espécie, pois, caso assim estivéssemos procedendo, estaríamos classificando institutos distintos dentro de uma mesma categoria.
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NORMAS
CONSTITUCIONAIS
A Constituição é um sistema de normas jurídicas. As normas constitucionais, portanto, conservam os atributos essenciais das normas jurídicas, com especial relevo à imperatividade, pelo que, o comando que contém deve ser zelosamente observado pelos seus destinatários.
As disposições constitucionais, além dessa necessária carga imperativa, são detentoras de um nítido caráter de superioridade hierárquica, aurido de sua origem, em outro lugar.
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Cumpre perceber, também, dois pontos preliminares fundamentais. Primeiro, todo e qualquer dispositivo da Constituição deve, necessariamente produzir um efeito, sendo, na moderna doutrina, absolutamente inadmissível que se entenda um grupo de normas constitucionais como meramente indicativas. Segundo, a partir da admissão de que não há, nas Constituições modernas, nenhum dispositivo destituído de eficácia, é também necessário que se perceba que as duas categorias básicas de dispositivos constitucionais- princípios e regras – não produzem os mesmos tipos de efeitos.  
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Realmente, os princípios constitucionais, de normatividade mais subjetivas, de menor concreção, de menor densidade semântica e, portanto, de maior longevidade por propiciar margem de interpretação mais ampla, tem como efeitos úteis fundamentais a orientação ao legislador, na produção da norma, pra que este se contenha, em seu trabalho, às disposições que o vinculam, e, também, em um segundo momento, para aferir a constitucionalidade da lei, norma ou ato realizados,checando a compatibilidade desses com o conjunto de princípios da Constituição. 
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Os efeitos úteis dos princípios, então, em resumo, seriam o de contenção e orientação do trabalho do legislador, por um lado, e o de conferir a validade e eficácia a uma lei ou norma, ou, ao reconhecer a sua inconstitucionalidade, tirar-lhe ambas, condenando-a à nulidade. Já as regras têm outro tipo de efeito. 
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Dotadas de maior concreção, maior densidade semântica, maior precisão conceitual e detalhamento, e, por isso, de menor longevidade por oferecer margem muito estreita ao trabalho de interpretação, prestam-se a regerem exatamente o ato, fato ou fenômeno a que se refiram, os quais ou serão válidos por estarem acomodados a essas normas, ou, contrariamente, serão tidos por nulos por serem ofensivos ao conteúdo constitucional.
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Normas constitucionais de eficácia plena:
São aquelas que produzem a plenitude dos seus efeitos, independentemente de complementação por norma infraconstitucional. São revestidas de todos elementos necessários à sua executoriedade, tornando possível sua aplicação de maneira direta, imediata e integral. 
Situam-se predominantemente entre os elementos orgânicos da Constituição.  Ex: “São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário” (art. 2º da CF).
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Normas constitucionais de eficácia limitada (relativa complementável):
São aquelas que não produzem a plenitude de seus efeitos, dependendo da integração da lei (lei integradora). Não contêm os elementos necessários para sua executoriedade, assim enquanto não forem complementadas pelo legislador a sua aplicabilidade é mediata, mas depois de complementadas tornam-se de eficácia plena. - Alguns autores dizem que a norma limitada é de aplicabilidade mediata e reduzida (aplicabilidade diferida).
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Ex: “O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica” (art. 37, VII da CF). O direito de greve dos servidores públicos foi considerado pelo STF como norma limitada.
Não produzem, desde logo, todos os efeitos que dela se espera, mas produz alguns efeitos mínimos:
Efeito revogador da normatividade antecedente incompatível (norma que com que ela se mostre colidente).
Inibe a produção de normas em sentido contrário: Geraldo Ataliba denomina de efeito paralisante da função legislativa em sentido contrário.
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Dois grupos de norma de eficácia limitada:
Normas de princípio programático (ou norma programática): Estabelecem programas constitucionais a serem seguidos pelo executor, que se impõem como diretriz permanente do Estado. Estas normas caracterizam a Constituição Dirigente. Ex: "O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais" (art. 215 da CF).
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Normas de princípio institutivo (ou organizativo ou orgânico): Fazem previsão de um órgão ou entidade ou uma instituição, mas a sua real existência ocorre com a lei que vai dar corpo.
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Normas constitucionais de eficácia contida (relativa restringível):
São aquelas que produzem a plenitude dos seus efeitos, mas pode ter o seu alcance restringido. Também têm aplicabilidade direta, imediata e integral, mas o seu alcance poderá ser reduzido em razão da existência na própria norma de uma cláusula expressa de redutibilidade ou em razão dos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Enquanto não materializado o fator de restrição, a norma tem eficácia plena.
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Cláusula Expressa de redutibilidade: 
O legislador poderá contrariar ou excepcionar o que está previsto na norma constitucional contida, pois há na própria norma uma cláusula de redutibilidade. 
Ex: O art. 5º, LVIII, da CF, afirma que o civilmente identificado não será submetido a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei. A lei 10.054/00 (Lei de identificação) restringiu aquela norma constitucional. 
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Princípios da proporcionalidade e razoabilidade: 
Ainda que não haja cláusula expressa de redutibilidade, o legislador poderá reduzi-la baseado nos princípios da proporcionalidade e razoabilidade. Não existe no direito constitucional brasileiro um direito individual absoluto (ao invocar um direito, pode-se esbarrar em outro).
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Ex: O artigo 5º, LVII da CF determina que ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória (princípio da inocência). Entretanto, diversos julgados excepcionam a medida e a Súmula 9, do STJ, dispõe que a exigência da prisão provisória para apelar não ofende a garantia da presunção de inocência. 
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NORMAS CONSTITUCIONAIS
Ex: O art 5º, XII da CF determina que é inviolável o sigilo da correspondência; A Lei de execução penal reduziu a norma constitucional para determinadas hipóteses, podendo o diretor do presídio, havendo fundadas suspeitas de que um crime está sendo cometido, violar as correspondências do preso. O direito ao sigilo do preso individual contrapõe-se ao direito a persecução penal, mas com base na razoabilidade prevalece o segundo.
Nas normas de eficácia limitada, há uma ampliação da eficácia e aplicabilidade e nas contidas há uma redução de seu alcance.

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