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Administração publica

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Artigo: Administração 
pública e políticas 
públicas
MARTA FERREIRA SANTOS FARAH
1. Administração pública como disciplina e a dicotomia 
entre administração e política
- Campo de estudo da Administração Pública – preparar 
servidores públicos para as atividades próprias da 
Administração Pública (EUA – Final do século XIX);
- Distinguir Administração Pública de Política
- Superar as práticas de apadrinhamento e patrimonialismo
1. Administração pública como disciplina e a 
dicotomia entre administração e política
- Tradição científica (EUA)
- Foco na eficiência
- Formação da burocracia governamental
- Burocracia totalmente imparcial (impessoal)
- Execução de atividades-meio do Executivo e implementação de políticas públicas (orçamento e 
gestão de pessoal
- Deveria ser respaldada nos princípios científicos da administração
- Administração Pública como uma ciência livre de valores
1. Administração pública como disciplina e a 
dicotomia entre administração e política
- Ciência Política e Ciência da Administração
- Separação entre Administração e Política: Até metade do século XX as políticas públicas não 
eram consideradas como objetos de análise da disciplina
- Adoção de princípios válidos para qualquer tipo de organização: pública e privada
- Criou-se uma dicotomia:
-> Administração X Política
◦ Fortalecimento do polo da política (sinônimo de ciência política)
◦ Consolidação da Ciência Administrativa (escola de negócios e administração de empresa) – Perda do 
interesse público
2. Incorporação das políticas públicas 
pela administração pública
1960 – incorpora-se as políticas públicas como objeto de análise
Administradores públicos não apenas executam, mas também participam da formulação e 
avaliação
Dilema
Qual a melhor configuração político-administrativa?
Política, baseada nos valores de confiança?
Profissional, baseada na neutralidade?
Como estabelecer uma configuração híbrida?
Qual a fronteira entre política e administração?
Resgate histórico
Monarquia Absolutista Estado de Direito
Funcionário da Coroa a 
serviço do rei
Funcionário a serviço 
da administração 
pública
Resgate histórico
 Estado de Direito
- Direito positivo
- As leis são criadas pelo próprio Estado
- O Estado também é limitado por estas leis
- Objetivos:
◦ Eliminar o arbítrio no exercício dos poderes públicos
◦ Submeter o poder ao direito
◦ Reconhecer direitos e garantias fundamentais
Modelos de Administração Pública
Modelo Burocrático
- Cientificidade nos procedimentos
- Profissionais de carreira
- Princípios e características:
◦ Normas e procedimentos escritos
◦ Hierarquização
◦ Formalização da comunicação
◦ Distinção entre o particular e o administrativo
◦ Recrutamento impessoal
◦ Divisão do trabalho
◦ Rotinas e procedimentos bem instituídos
Modelos de Administração Pública
Modelo Burocrático
Estrutura hierarquizada, 
mecanicista e orientada para 
processos
Modelos de Administração Pública
Modelo Burocrático
- Globalização
- Mudanças nos processos de comunicação
- Demandas distintas e aceleradas (alterações no contexto da Adm. Pública)
- Disfunções da burocracia
- “Escolha Pública”: uso da posição hierárquica para conseguir vantagens 
pessoais
Modelos de Administração Pública
 New Public Management
- Final do século XX - Crise do modelo do Estado de Bem-Estar Social (Welfare
State)
- Neoliberalismo - Retorno ao modelo econômico liberalizante do século XIX
- Europa (Inglaterra) -> América Latina (Chile)
Modelos de Administração Pública
 New Public Management
- Elementos:
◦ Adoção de práticas próprias da gestão privada
◦ Competição entre as diferentes agências do setor público
◦ Aumento no controle dos custos
◦ Ênfase em resultados
◦ Processos de avaliação de desempenho
- Parte do princípio de que a gestão privada é superior à gestão pública
- Criação de estruturas descentralizadas com maior autonomia
Modelos de Administração Pública
 New Public Management
Estrutura 
horizontalizada, flexível 
e voltada para 
resultados
Modelos de Administração Pública
Modelos de Administração Pública
- Incapacidade de controle das estruturas autônomas
- Endividamento público (aumento das despesas do Estado)
- Não atinge a eficiência ambicionada
 Surge a proposta de um novo modelo: neo Weberianismo/Burocracia 
Liberal
Modelos de Administração Pública
 Neo Weberianismo/Burocracia Liberal
- Instituições públicas com alguma autonomia
- Controle e coordenação das instituições públicas realizadas pelos governos 
legitimamente eleitos
- Orientação para o cumprimento de processos e objetivos específicos
- Centralização das decisões
Modelos de Administração Pública
Burocracia Weberiana New Public Management Neo Weberianismo/Burocracia
Liberal
Centralização Descentralização Maior centralização
Coordenação Delegação Maior coordenação
Controle Desregulação Maior controle
Os dilemas continuam...
Qual a melhor configuração político-administrativa?
Política, baseada nos valores de confiança?
Profissional, baseada na neutralidade?
Como estabelecer uma configuração híbrida?
Qual a fronteira entre política e administração?
3. Redefinição de “público”
- O público para além do Estado
- Mudanças na relação do Estado com a sociedade
- Atores Sociais
- O público está agora pautado na prestação de serviços públicos
- A necessidade de construção de novos modelos para atender a um novo 
cenário
3. Redefinição de “público”
 Teorias de Cooperação
 Teorias de formação de redes
 Teorias de governança
3. Redefinição de “público”
 A burocracia insulada deixa de ser o caminho ideal para assegurar o interesse 
público 
 Integração entre administração e política no nível discursivo e prático
 Brasil Anos 1980 – Participação Social
◦ - Rearticulação entre Estado e Sociedade
◦ - Democracia Representativa e Participativa
◦ Espaços públicos de negociação 
◦ Espaços consultivos e deliberativos
- Gestão Tripartite
- Comissões de Planejamento
- Conselhos gestores de políticas públicas
- Fóruns temáticos
- Orçamento participativo
3. Redefinição de “público”
Sobre o envolvimento da sociedade na administração pública:
◦ Interpretação 1 – descaracterização dos movimentos sociais (Ana Maria 
Doimo)
◦ Interpretação 2 – sobreposição dos vícios da institucionalidade política 
(clientelismo, corrupção, burocracia) aos princípios democratizantes (Renato 
Raul Boschi)
◦ Interpretação 3 – Democratização das estruturas públicas (André Borges de 
Carvalho (Evelina Dagnino)
3. Redefinição de “público”
 Reestruturação da organização do Estado para a co-gestão
 Ou seja, busca tornar a administração pública também política
O Executivo deixaria de monopolizar a administração pública, de forma geral, e 
a formulação e controle das políticas públicas, em específico
 Aplicação de metodologias qualitativas para dirimir a distância entre os 
representantes do poder público e os atores sociais
3. Redefinição de “público
Redefinição dos espaços da Administração Pública:
-Fóruns Temáticos
-Conselhos gestores de políticas públicas
-Orçamento Participativo
3. Redefinição de “público”
Fóruns Temáticos
- Espaço para o debate de problemas públicos
-Geração de nova ideias e propostas de políticas públicas
-Participantes:
- ONGs
- Representantes de órgãos públicos
- Partidos políticos
- Organizações profissionais
- Cidadãos
-Não se envolve diretamente no processo decisório
- Fórum Nacional da Reforma Urbana
3. Redefinição de “público”
 Conselhos gestores de políticas públicas
◦ - Pode ser de caráter consultivo (Conselho Nacional de Educação)
◦ - Pode serde caráter deliberativo (Conselho Nacional da Assistência Social, Conselho 
Nacional da Criança e do Adolescente, Conselhos de Saúde)
◦ Se propõe a romper com o caráter clientelista e patrimonialista da administração 
pública
◦ Exige paridade na representação
◦ Os atuais entraves dos conselhos: corporativismo, falta de conhecimento dos seus 
representantes, distanciamento entre os representantes e as bases populares
3. Redefinição de “público”
 Orçamento participativo
◦ 1% do orçamento público
◦ Deslocamento da cultura tecnoburocrárica para a tecnodemocrática
◦ Os atuais entraves do orçamento participativo: dependência em relação às 
autoridades políticas municipais e disputas por espaço político
4. O gestor público
- Especialistas em burocracia
- Orientação para o desenvolvimento: capazes de desenvolver 
estudos setoriais descritivos
- Planejamento governamental
Uma nova proposição: o saber acadêmico e a crítica social
- Necessidade de formação de um gestor público ético e responsável
4. O gestor público
Características necessárias para esse novo gestor público:
- Capacidade de operar entre a fronteira técnica e a política (buscando romper 
com essa divisão)
- Capacidade de pesquisar, negociar, aproximar pessoas e interesses, planejar, 
executar e avaliar
- Capacidade de reflexão sobre mudanças econômicas, culturais e políticas
- Visão estratégica, cooperativa, participativa e solidária
4. O gestor público
“[O trabalho deste gestor] terá tanto mais relevo quanto mais colaborar para
que se rompa categoricamente o hiato entre técnica e política, quanto mais
ajudar a desmontar a técnica como coisa neutra, autônoma, fatal e invencível,
quanto mais compreender que as soluções por ele buscadas dependem de um
devir coletivo complexo” (NOGUEIRA, 1998)*
* Marco Aurélio NOGUEIRA. As possibilidades da política. Ideias para a reforma democrática do Estado. São Paulo, Paz e Terra, 1998. 305
páginas.

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