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Direito Civil Contratos

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25/02/2016 Direito Civil ­ Contratos
http://notasdeaula.org/dir5/direito_civil4_contratos.html 1/65
Direito Civil
Contratos
Excelente material sobre contratos. Cortesia do professor Sidarta!
 
AULA 1 –  INTRODUÇÃO, CONCEITO E
NATUREZA JURÍDICA
 
 
                            Os negócios jurídicos se classificam quanto à manifestação de vontade em
unilateral e bilateral ou plurilateral. Assim:
 
         Negócio jurídicos  ­  quanto a manifestação de vontade  {1. Unilaterais; 2. Bilaterais ou
Plurilaterais.
 
1.             Unilaterais – Ato de vontade de uma ou mais pessoas com um único objetivo e na
mesma direção.
            
                          1.1 – Receptícios – Só geram efeitos após o destinatário  tomar conhecimento da
declaração unilateral de vontade. Este deverá ser destinado à pessoa certa.
 
             1.2 – Não­receptícios – Sua efetivação independe de endereço a certo destinatário.
 
2.  Bilaterais ou Plurilaterais – Declarações de vontades de duas ou mais pessoas em
sentidos opostos. Podem ser:
             2.1 – Simples – Quando atribui direitos (benefícios) a uma das partes e obrigações
(encargos) à outra. Por exemplo: doação, depósito gratuito, etc.
 
                          2.2 – Sinalagmáticos – Concedem vantagens  e  ônus  recíprocos  entre  ambos os
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sujeitos da relação jurídica.
 
                                                      A natureza  jurídica  do Contrato  é  de negócio  jurídico bilateral  ou
plurilateral.
 
CONCEITO – É  acordo  de  duas  ou mais  vontades,  na  conformidade  da  ordem  jurídica,
destinado  a  estabelecer  uma  regulamentação  entre  as  partes,  com  o  escopo  de  adquirir,
modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial.
 
NATUREZA JURÍDICA – Negócio jurídico Bilateral ou Plurilateral.
 
 
REQUISITOS DE VALIDADE DOS CONTRATOS
 
 
            De forma geral, seguem os requisitos elencados no artigo 104 do Código Civil, quais
sejam: objeto lícito, partes capazes e forma prescrita ou não defesa em lei. De acordo com
estes, podemos classificar em:
 
1.         SUBJETIVOS (Individual, particular, pessoal – diz respeito às Partes)
         Duas ou mais partes (bilateral ou plurilateral)
                 Capacidade genérica para praticar os atos da vida civil (Não pode haver incapacidade 
Relativa ou Absoluta   ­ arts. 3º e 4º do CC). Na sua falta o contrato poderá ser nulo ou
anulável.
         Aptidão específica para contratar. Diz respeito a limitação à liberdade de celebrar certos
contratos. Ex.: Venda de imóvel de pai para filho.
         Consentimento das partes, não poderá haver vícios – erro, dolo, coação e fraude – uma
vez  que  o  mesmo  vincula  os  contraentes  criando  a  relação  jurídica.  (duas  ou  mais
vontades).
 
2.        OBJETIVOS ( Refere­se ao objeto do contrato):
 
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         Licitude do objeto – não pode contrariar a lei, à moral , etc.
                 Possibilidade física ou jurídica do objeto – a impossibilidade material deve existir no
momento da contratação, caso contrário, não será nulo o contrato, mas sim inexeqüível,
com ou sem as perdas e danos, conforme existir ou não a culpa do devedor.
A contrariedade legal ocorre quando o objeto contraria disposição legal. Ex.: venda de bem
de família (CC art. 1.717); estipulação de pacto sucessório (CC art. 426)
                 Objeto determinado ou determinável.  Se o objeto  for  indeterminável o  contrato  será
inválido e ineficaz.
         Valor econômico do objeto.
 
3.       FORMAIS
 
A  regra  é  a  liberdade  de  forma  (art.  107  CC).  A  contratação  poderá  ser  expressa,  escrita,
verbal e tácita, se houver atos que autorizem o seu reconhecimento.
 
DIFERENÇA ENTRE FORMA E PROVA
 
                     “A Forma contratual é o conjunto de solenidades que devem ser observadas
para que as declarações de vontades tenham eficácia jurídica.” Clóvis Beviláqua.
 
A Prova é o conjunto de meios empregados para demonstrar, legalmente, a existência de
negócios  jurídicos. Os contratos admitem por meios de provas os previstos nos artigos
212 e seguintes do Código Civil.
 
 
AULA II – PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL
 
 
1.      PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE:
 
                 É o princípio que estabelece a liberdade contratual dos contraentes, consistindo no
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poder de estipular livremente a disciplina de seus interesses, mediante acordo de vontades,
provocando efeitos tutelados pela ordem jurídica.
                 A liberdade de criação do contrato envolve:
a)    a liberdade de contratar ou não contratar – é o poder de decidir quando e como irá se
estabelecer o vínculo contratual.
                                 Exceção – Quando a obrigação de  contratar decorre de  imposição  legal. Ex.:
auditoria externa em Entidades Fechadas de Previdência Privada.
 
b)    a liberdade de escolher o outro contraente
                 Exceção – os serviços públicos concedidos sob monopólio. Ex.: CEB.
 
c)        a  liberdade  de  fixar  o  conteúdo  do  contrato,  mediante  contratos  nominados  ou
inominados.
                 Contratos nominados – qualquer das modalidades contratuais reguladas por lei,
com as devidas adaptações de cláusulas específicas a  regular os  interesses particulares das
partes.
                 Contratos inominados – novos tipos contratuais, distintos dos modelos previstos
pela ordem jurídica.
                 A liberdade contratual é limitada, estando subordinada aos interesses coletivos, ou
seja, submete­se ao princípio da supremacia do interesse coletivo, de forma que a liberdade
de contratar submete­se:
 
                 I – Às normas de ordem pública – fixam as bases jurídicas que repousam a ordem
econômica e moral da sociedade;
 
                                  II – Os bons costumes – relativos à moralidade social, de  forma que se veda
contratar, por exemplo, de usura, corretagem matrimonial, etc;
                
                                  III  –  Revisão  judicial  dos  contratos,  quando  houver  fato  superveniente
extraordinário e imprevisível, por ocasião da formação do pacto. Daí a Teoria de Imprevisão
ou cláusula  “rebus  sic  stantibus”  (o  vínculo  subordina­se  à  continuação  do  estado  de  fato
vigente no momento da estipulação).
 
                                 Nas relações de consumo a revisão do contrato em face de  fato superveniente
prescinde de imprevisão ou extraordinariedade (Lei 8.078/90, art. 6º, inc. V, e art. 51, §§ 1º e
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2º).
 
2. PRÍNCIPIO DO CONSENSUALISMO
 
                 Considerando que a regra geral dos contratos é a informalidade, basta o acordo de
duas  ou  mais  vontades,  para  se  ter  um  contrato  válido.  Nisto  consiste  o  princípio  do
consentimento,  ao  qual  se  excepcionam  os  contratos  solenes  com  formas  específicas
previstas na lei, portanto, para estes não basta à sua validade o simples acordo de vontade.
 
3.  PRINCÍPIO DA OBRIGATORIEDADE DA CONVENÇÃO
 
                 As estipulações feitas no contrato deverão ser fielmente cumpridas (“pacto sunt
servanda”).  O  contrato  validamente  estipulado  é  lei  entre  as  partes,  sendo  intangível  e
imutável, a menos que as partes, em comum acordo, venham a distratá­lo ou haja escusa por
motivo de força maior ou caso fortuito.O princípio do “pacto sunt servanda” não é absoluto, encontrado  limitação na
teoria da imprevisão (cláusula rebus sic stantibus) e nos fatos supervenientes nas relações de
consumo, nas quais independe de imprevisão ou extraordinariedade.
 
4.  PRINCÍPIO  DA  RELATIVIDADE  DOS  EFEITOS  DO  NEGÓCIO  JURÍDICO
CONTRATUAL
 
                                 O contrato vincula exclusivamente as partes que nele  intervieram, ou seja,  só
produz  efeitos  entre  os  contratantes.  Exceção  –  a)  herdeiros  universais  (art.  1.997  CC)
respondem pelas dívidas do “de cujus” até a força da herança.  b) A estipulação em favor de
terceiros (arts. 436 a 438 CC).
 
5. PRINCÍPIO DA BOA­FÉ
 
                 Consiste na atividade leal e de confiança recíproca entre as partes, de maneira que
haja colaboração mútua na formação e na execução do contrato,  impedindo que uma parte
dificulte a ação da outra. As partes devem ter atividade de sinceridade e lisura recíprocas.
 
 
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AULA III – ELEMENTOS INDISPENSÁVEIS À FORMAÇÃO DOS CONTRATOS
 
 
1.       Acordo de vontade entre as partes, que se manifesta pela oferta ou proposta de um lado e
de outro pela aceitação;
2.      A proposta;
3.  A aceitação.
 
FASES DA FORMAÇÃO DO VÍNCULO CONTRATUAL
 
1.               Negociações  preliminares  –  consistem  nas  conversações  prévias,  sondagens  e
estudos  sobre  interesses  recíprocos,  sem  criar  vínculo  jurídico  entre  os  participantes,
podendo excepcionalmente surgir responsabilidade civil por culpa.
2.       Proposta ou Policitação – é declaração receptícia de vontade, dirigida de uma pessoa
para  outra,  na  qual  a  ofertante  (policitante)  declara  a  sua  intenção  de  se  vincular  ao
ofertado (oblato), se a outra parte aceitar os termos da proposta.
a)    Características:
I – Declaração unilateral de vontade do proponente;
II  –  Reveste­se  de  força  vinculante  ao  proponente,  salvo  expressa  disposição  em
contrário;  impossibilidade pela natureza do negócio ou das  circunstâncias do  caso  (CC
artigo 427, 2ª parte e 428);
III  –  Negócio  jurídico  receptício  (depende,  para  gerar  efeitos,  da  aceitação  da  outra
parte)
IV  –  Deve  conter  todos  os  elementos  essenciais  do  negócio  jurídico  proposta
(quantidade, preço, forma de pagamento, entrega do bem, documentos necessários, etc.);
V – Elemento inicial do contrato, devendo ser séria, completa, precisa inequívoca.
b) Obrigatoriedade da proposta:
É  ônus  ao  proponente  decorrente  da  1ª  parte  do  artigo  427.  Não  é  absoluta  pois  a
segunda parte do mesmo artigo prevê a possibilidade de não obrigar o proponente que
expressamente declarar, ou pela natureza do negócio ou as circunstâncias do caso.
O artigo 428 prevê a não obrigatoriedade da proposta se feito:
I – a pessoa presente, sem prazo de vigência e não aceitar imediatamente (por telefone
também é presente);
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II  –  se  feito  sem  prazo  a  ausente,  tiver  decorrido  tempo  suficiente  a  chegar  ao
conhecimento do policitante;
III – feito a ausente e com prazo estabelecido, sem resposta no prazo dado;
IV – se houver retratação tempestiva (ato simultâneo da outra parte);
 
* subsiste à morte ou incapacidade supervenientes se antes da aceitação.
 
3.       Aceitação – Manifestação da vontade expressa ou tácita do oblato em face da oferta do
policitante. Características:
         Aceitação total – proposta alternativa – o aceitante deve definir qual aceita, sob pena
de ficar a escolha a cargo do policitante.
         Tempestividade – a aceitação deverá ser tempestiva;
                  É  conclusiva,  uma  vez  que  encerra  o  negócio,  caso  chegue  oportunamente  ao
ofertante;
         Morrendo o oblato antes da aceitação os herdeiros não poderão aceitá­la. Porém, se a
morte for após a aceitação, gera seus efeitos.
a)    Requisitos:
1.       Informal;
2.      Expressa ou tácita (exceção: contrato solene);
3.      Tempestiva (arts. 431 e 432 CC);
4.      Adesão integral à proposta;
5.      Conclusiva e coerente.
 
b)    Aceitação em contratos entre presentes:
­          Oferta com prazo – aceitação deverá ser tempestiva;
­          Oferta sem prazo – aceitação imediata;
 
c)    Aceitação em contratos entre ausentes:
­          Oferta com prazo – aceitação deverá ser tempestiva (OBS: se a aceitação se atrasar
sem  culpa  do  oblato,  o  policitante  deverá  disto  cientificá­lo,  sob  pena  de  perdas  e
danos, art. 432 CC);
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­                   Oferta  sem prazo – a  aceitação deverá  ser  feita dentro do  tempo  suficiente para
chegar ao conhecimento do policitante;
 
d)   Retratação do aceitante:
­ Será válida se chegar ao policitante antes ou junto com a aceitação.
 
 
AULA  IV – MOMENTO DA CONCLUSÃO DO CONTRATO
 
 
                      É  o momento em que as partes se vinculam e o contrato passa a produzir seus
efeitos.
 
1.       Entre presentes:
                      No instante em que o oblato aceitar a proposta cria­se o vínculo.
2.      Entre ausentes:
                                        Em face de o policitante estar à distância do oblato, após este dar o aceite à
proposta há um  lapso de  tempo  até  o  policitante  tomar  conhecimento da  aceitação,  o  que
levou a doutrina a vários posicionamentos quanto ao momento que efetivamente se fecha o
círculo negocial, nascendo algumas teorias que tomaram  por referência a resposta à oferta,
tais como:
 
I  –  Teoria  da  Informação  ou  Cognição  –  considera  como  concluído  o  negócio  no
momento  em  que  o  policitante  toma  conhecimento  da  aceitação,  ou  seja,  quando  lê  a
resposta.
OBS:  Teoria  decadencial,  pois  deixa  o  aceitante  submetido  à  vontade  do  policitante
resolver ler a resposta.
 
II  –  Teoria  da  Agnição  ou  Declaração  –  parte  do  princípio  de  que  o  contrato  se
consuma no instante em que o oblato manifesta sua aceitação. Esta teoria tem três espécies:
a)       Subteoria da declaração propriamente dita: o vínculo contratual  se  formaria
no momento  em  que  o  aceitante  formula  a  resposta,  independentemente  de
expedir.  É  insubsistente,  pois  pode  o  oblato  formular  tempestivamente,  sem
expedir, o que não gera o contrato.
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b)        Subteoria  da  expedição:  não  basta  ao  oblato  formular  a  aceitação  sendo
necessário enviá­la ao policitante, postando­a ou transmitindo­a, esgotando as
possibilidades de externar sua aceitação. Ter­se­á o contrato com a expedição
da aceitação.
c)        Subteoria  da  recepção:  entende  que  o  contrato  se  aperfeiçoa  quando  a
aceitação chegar materialmente ao policitante, mesmo que ele não a leia.
 
3.      O MOMENTO DA CONCLUSÃO CONTRATUAL NO DIREITO BRASILEIRO:
                      O Direito Civil Brasileiro adota a subteoria da expedição (artigo 434 CC).
                      A expedição fecha o contrato, porém há um período que o oblato pode sustar
seus efeitos (artigo 433 CC) ­ retratação.
 
             EXCEÇÕES – O artigo 434 estabelece duas exceções a saber:
             INCISO II ­  “...se o proponente se houver comprometido a esperar resposta”. Teoria
da recepção.
                          INCISO  III  –  “...  se  ele  não  chegar  no  prazo  convencionado.”  Para  a  doutrina
majoritária  não  há  razão  para  tal  exceção,  pois  se  o  prazo  é  estipulado  para  resposta,o
contrato fecha com a expedição; e se for fixado o prazo para chegada da resposta rege­se pelo
inciso II.
 
LUGAR DA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO
 
             Artigo 435 – reputa­se celebrado o contrato no local onde foi proposto.
             Relevância no Direito Internacional Privado – fixar o foro competente e a legislação
aplicável à relação contratual, ou seja, a               que foi celebrado o contrato. Não obstante, o
art. 9º, § 2º LICC estabelece que a obrigação decorrente do contrato reputa­se constituída na
residência do proponente.
 
 
AULA V ­ DA INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS
 
 
             O contrato de corre de manifestação de vontade das partes e, como a lei, requer que
seja interpretado, haja vista a possibilidade de  existência de cláusulas de teor duvidoso e/ou
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contraditório.
 
             Segundo o art. 112 do Código Civil, o contrato deve ser interpretado com prevalência
da intenção dos contraentes à literalidade das cláusulas.
 
 
Critérios (técnicas de interpretação):
 
I  –  Retroagir  no  tempo  para  buscar  a  verdadeira  vontade  no momento  da  celebração  do
contexto;
 
II – Analisar o  fato submetido à apreciação não na visão técnica, mas como se  fosse  leigo,
buscando  a  verdadeira  vontade. Na  hermenêutica  dos  contratos  nada  vale  a  presunção  de
que as partes conhecem a lei;
 
III  –  A  interpretação  deve  ser  segundo  a  boa­fé,  às  necessidades  do  crédito  e  as  leis  da
eqüidade.
 
IV – Outras normas podem ser apontadas:
a)     A interpretação deve ter em vista a comum intenção dos contraentes e as vantagens
econômicas que as levaram a contratar;
b)     A interpretação dever se contra o estipulante que podendo ser claro não o foi;
c)      Deve­se interpretar de forma menos onerosa ao devedor;
d)            As  cláusulas  contratuais  devem  ser  interpretadas  como  um  todo  e  não
individualmente, colocando­as em harmonia (int. sistemática);
e)          Se  um  contrato  é  celebrado  alterando  parcialmente  outro,  estes  devem  ser
interpretados como um todo orgânico;
f)             O melhor meio de  interpretar o contrato é a conduta das partes, ou seja, a  forma
como vinham executando o contrato antes da lide;
g)     As cláusulas duvidosas interpretam­se em favor dos que se obrigam;
h)    Nas cláusulas de dupla interpretação deverá ser considerada aquela que poderá gerar
efeitos, nunca prevalecerá a interpretação que resulte na ausência de efeitos. (Ex.: “O
pagamento será na moeda da época” – que época? Celebração ou Pagamento?).
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i)             No conflito de duas cláusulas a contradição será interpretada contra o outorgante e
não contra o outorgado;
j)       Entre cláusula datilografada e impressas prevalecem aquelas.
 
V – Nos contratos em espécie considerar­se­á:
a)     Na compra e venda, quanto à extensão da coisa, a interpretação é contra o vendedor;
b)     Na locação a dúvida resolve­se contra o locador;
c)      Na adesão, a cláusula dúbia interpreta­se em favor do aderente;
d)     Na dúvida entre gratuidade ou onerosidade, a presunção é de onerosidade;
e)     Os contratos benéficos interpretam­se estritamente (art. 114 CC), somente considera­
se o que expressamente o devedor se obrigou.
 
*  Não  obstante  a  necessidade  de  se  conferir  interpretação  aos  contratos,  no  campo
processual  devemos  observar  o  teor  das  Súmulas  05  e  07  do  STJ,  onde  resta  claro  que  a
simples interpretação de cláusula contratual não enseja a admissão do recurso especial.
 
AULA VI – CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS
 
 
I – Considerações preliminares:
 
                      Como qualquer classificação, a dos contratos tem por finalidade básica agrupar
as espécies de contratos acentuando suas semelhanças e diferenças, de maneira que todas as
espécies  fiquem  em  alguma  categoria,  possibilitando  que  as  classificados  numa  rubrica  se
afastem das agrupadas em outras.
 
II – Classificação:
 
                      Os contratos podem ser classificados em duas categorias, a saber: 1) Contratos
considerados em si mesmos; 2) Contratos reciprocamente considerados.
 
1)     Contratos considerados em si mesmos:
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                      Nesta categoria os contratos podem ser classificados da seguinte forma:
 
1.1    – Unilaterais e Bilaterais:
 
 
a)     Unilaterais – um só contraente assume obrigações perante o outro, de modo
que temos somente uma parte ativa de um lado e uma passiva de outro. Ex.:
doação pura; depósito; o comodato; o comodato; o mútuo; o mandato.
b)         Bilaterais – há dependência recíproca de obrigações (sinalágma), ou seja, os
contraentes  são  reciprocamente  credores  e  devedores,  produz  direitos  e
obrigações a ambos.
 
OBS.:  Todo  contrato  em  sua  formação  será  bilateral  ou  plurilateral,  ou  seja,  o
consentimento  jamais  será  unilateral  na  formação  do  contrato.  Logo,  somente
poder­se­á  falar  em  contratos  unilaterais  se  considerarmos  os  seus  efeitos,
portanto,  em  relação  à  bilateralidade  ou  unilateralidade  da  obrigação  (efeitos)
contratada e não da formação do contrato.
 
 
  Vantagens práticas dessa distinção:
           
Exceptio  non  adimplendi  contractus  (Exceção  do  contrato  não  adimplido).  O  contraente
inadimplente não pode exigir o cumprimento do outro (art. 476, do Código Civil).
 
1.2   – Onerosos e Gratuitos (benéficos):
 
a)     Onerosos – estes trazem vantagens para ambos os contraentes, pois sofrerão
com sacrifício patrimonial correspondente ao proveito almejado. Ex.: locação.
b)     Gratuitos ou benéficos – oneram somente uma das partes, sem exigir da outra
qualquer contraprestação, ou seja, apenas um dos contraentes obtém proveito
que corresponde ao sacrifício do outro. Ex.: doação pura e simples; mútuo sem
retribuição, etc.
 
  Vantagens desta distinção:
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             No contrato benéfico o ilícito somente é determinado por conduta dolosa do autor da
liberalidade (não há razão para se apurar o dolo do beneficiado).
                         O doador não responde por evicção ou vício redibitórios, exceto nas doações com
encargo (art. 552 e 441, parágrafo único, Código Civil). Isto não acontece no contrato oneroso
(art. 447 CC).
                          O  contrato  benéfico  será  anulado  pela  ação  pauliana  (revocatória)
independentemente de má­fé (art. 158) do beneficiário; no oneroso, além da insolvência do
devedor/vendedor, será necessário que a insolvência seja conhecida de outra parte (art. 159).
             O contrato benéfico será interpretado restritivamente (não há interpretação tácita e
sim expressa – art. 114 CC).
 
             * Obs: Em regra todo contrato oneroso é bilateral e o gratuito unilateral, mas pode
haver contratos unilaterais e onerosos como ocorre no mútuo feneratício, onde, além de se
restituir a coisa mutuada, deve o mutuário acrescê­la de juros.
 
1.3   – Comutativos e Aleatórios:
 
a)         Comutativos  –  no  ato  da  celebração  do  contrato  as  partes  podem  aferir  a
equivalência  das  suas  respectivas  prestações.  Será  comutativo  o  contrato
oneroso  e  bilateral  quando  a  extensão  da  obrigação  de  cada  parte  for
conhecida  desde  a  vinculação  contratual,  logo,  a  obrigação  será  certo,
determinado  e  definitivo,  representando  uma  relativa  equivalência(subjetividade da equivalência).
b)          Aleatórios  –  (latim  “alea”  =  perigo,  sorte,  azar,  incerteza  de  fortuna)  O
contrato será aleatório se a prestação de uma ou de ambas as partes depender
de um risco futuro e incerto, sem que se possa prever o seu montante, sendo
que o  risco pode  ser de uma ou ambas as partes, mas a  “alea”  deve  ser dos
dois, sob pena de nulidade do contrato. Não há idéia de equivalência por força
da incerteza. Será oneroso e bilateral.
 
DISTINÇÃO ENTRE CONTRATOS COMUTATIVOS E ALEATÓRIOS
 
1.             Nos comutativos  há  certeza  das  prestações  de  cada  parte  desde  a  celebração  do
contrato,  pois  se  presume  uma  subjetiva  equivalência  das  prestações  e
contraprestações. Nos aleatórios a extensão das prestações é  indeterminada em face
do risco (incerteza), de forma que ambas as partes celebram o contrato sem a certeza
de  ganho  ou  de  perda,  podendo  ser  desproporcional  à  prestação  em  relação  a
contraprestação.
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2.      A ação redibitória somente existirá nos contratos comutativos (art. 441 CC).
3.           O  contrato  aleatório  não  se  rescindirá  por  lesão  eis  que  esta  é  representada  pela
injusta  exploração  que  desequilibra  o  contrato,  tirando­lhe  a  equivalência  da
prestação e da contraprestação.
 
OBS.: O contrato comutativo pode se tornar aleatório desde que neste sentido tenha cláusula
expressa. Ex.: a contratação de empreitada para perfurar um poço por R$ 20.000,00 (vinte
mil reais), porém se o poço não produzir 20 mil litros por dia ficou ajustado que o preço se
reduziria a 50%.
 
DISTINÇÃO ENTRE CONTRATO ALEATÓRIO E CONDICIONAL
 
1.             No  condicional  a  realização  do  contrato  depende  de  evento  futuro  e  incerto,  no
aleatório o que está submetido ao futuro e à incerteza, ou seja, o risco de perda ou de
ganho. Assim, ainda que o evento seja pretérito, se for desconhecido dos contratantes,
o contrato aleatório poderá ser firmado, pois o risco será futuro e incerto.
2.      No contrato condicional ambas as partes poderão ter lucro, sem que o ganho de uma
represente  a  perda  do  outro;  já  no  contrato  aleatório,  em  regra  o  ganho  de  um
representa a perda do outro;
3.           No condicional o evento deverá ser sempre  incerto e  futuro. No aleatório o evento
poderá ser pretérito desde que desconhecido o resultado pelas partes, remetendo para
o futuro o risco.
 
ESPÉCIES DE CONTRATOS ALEATÓRIOS:
 
1.       Os que dizem respeito a coisa futura:
             Estes podem ser:
             I – “Emptio spei” – um dos contraentes chama  a si o risco futuro de existência da
coisa,  pagando  o  preço  mesmo  que  a  coisa  não  venha  a  existir  sem  culpa  do  vendedor
(vende­se  a  esperança ou  a probabilidade da  existência) –  art.  458 CC. Ex.: Compra­se  os
peixes  que  virão  na  retirada  da  rede.  Se  vier  pouco,  muito  ou  nada  se  paga  o  preço
combinado, desde que o pescador não tenha incorrido em culpa.
             II – “Emptio rei speratae” – a aléa (risco) versa sobre quantidade maior ou menor da
coisa  esperada  (art.  459  CC).  O  preço  será  devido  desde  que  a  coisa  exista,
independentemente da quantidade, mesmo que esta seja  irrisória, desde que sem culpa do
vendedor. Ex.: Vende­se safra de café a ser colhida. Se nada colher estará desfeito o contrato,
mas se colhe pouco ou muito pagará o preço fixado.
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2.     Os que versam sobre coisas existentes:
             O objeto do contrato é coisa que já existe, porém está submetido a risco de se perder,
danificar  ou  depreciar,  de  forma  que  o  adquirente  assume  o  risco  e  o  vendedor  recebe  o
preço integral independentemente do sinistro (art. 460 CC).
             Se o vendedor já souber da consumação do risco (dolo) será nulo o contrato (art. 461
CC).
 
1.4   – Contratos Paritários e Por Adesão:
 
a)     Paritários – as partes, em igualdade, discutem o contrato, ante ao princípio da
autonomia da vontade, eliminando divergências mediante transigência mútua.
Há  duas  ou  mais,  livres  e  coincidentes,  manifestações  de  vontade.  Estes
contratos são caracterizados pela fase da puntuação, aquela em que as partes
definem os “pontos” dos contratos.
b)         Por Adesão – se opõem ao paritário, pois inexiste a liberdade de convenção,
uma  vez  que  um  dos  contraentes  (o  oblato)  se  limita  a  aceitar  as  cláusulas
previamente redigidas e impressas pelo outro (o policitante), aderindo a uma
situação contratual já definida.
         Na relação de consumo a cláusula resolutória do contrato de adesão deverá
ser alternativa, à escolha do consumidor, e a cláusula que implicar limitação aos
direitos  do  consumidor  deverá  ser  redigida  com  destaque  e  de  fácil  e  imediata
compreensão (Lei 8.078/90 – art. 54). Aqui cumpre consignar que os contratos de
adesão  não  são  caracterizados  apenas  pelos  previstos  no  Código  Consumerista,
mas também, pelo chamados contratos coativos, ou seja, aqueles celebrados com
as concessionárias prestadoras de serviços públicos.
         Os contratos de adesão supõem:
I  –  Uniformidade,  predeterminação  e  rigidez  –  uniforme  por  ser  de  aceitação
passiva,  conteúdo  invariável,  indeterminado  quanto  ao  número  e  qualidade  do
sujeito  predeterminado  e  rígido,  pois  suas  cláusulas  deverão  ser  de  geral
conhecimento prévio e sua alteração deverá ser submetida à aprovação dos órgãos
que eventualmente fiscalizem o policitante;
II  –  Permanente  e  geral:  aberto  a  todos  que  se  interessarem  pelo  serviço  do
policitante;
III – Aceitação pura e simples do oblato;
IV – Superioridade econômica de um dos contratantes, que desfrute o monopólio
do fato ou do direito;
V – Cláusulas fixadas unilateralmente e em bloco pelo policitante.
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QUANTO À FORMA:
 
a)     Consensuais – não impõem forma especial para celebração, se aperfeiçoando
pela  simples  manifestação  de  vontades.  Ex.:  locação,  compra  e  venda  de
móveis; parceria rural, etc.
b)         Solenes ou  formais – a  lei  estabelece a  forma especial para  celebração,  sob
pena  de  não  ter  validade,  não  existir.  Ex.:  compra  e  venda  de  imóveis  por
escritura pública (art. 108 CC) e registro (art. 1.245 CC).   
c)           Reais – Só  se aperfeiçoam com a entrega da  coisa. Ex.: Comodato; mútuo;
depósito, etc.
 
QUANTO À SUA DESIGNAÇÃO:
 
a)               Nominados  (típicos)  –  São  aqueles  que  possuem uma denominação  legal
própria,  estando  previstos  e  regulados  por  norma  jurídica  (CC,  leis
extravagantes),  formando  espécies  definidas.  Ex.:  compra  e  venda;  troca,
doação,  locação  (CC)  –  incorporação  (Lei  4.591/64  c/c  4.864/65)  contratos
bancários (Lei 5.595/64 c/c Código Comercial).
b)       Inominados – Afastam­se dos modelos legais, pois não são disciplinados pelo
Código  Civil  ou  por  Leis  extravagantes,  sendo  permitidas  juridicamente  em
face da informalidade dos contratos e do princípio da autonomia de vontade.
Em  regra  resulta  da  fusão  de  dois  ou  mais  tipos  de  contratos  nominados,
criando­se cláusulas particulares e gerando, assim, um novo negócio jurídico
contratual.  Reger­se­ão  pelas  normas  gerais  dos  contratos;  pelas  normas
inseridas  pelas  partes;  pelas  normas  aplicáveis  ao  contrato  nominado  que
ofereça maior analogia e pelos princípios das modalidades que os compõem.
Ex.:  1)  a  exploração  da  cultura  de  café  (locação  de  serviço;  empreitada;
arrendamento  rurale  parceria  agrícola);  2)  troca  de  coisa  por  obrigação  de
fazer; 3) locação de caixa forte (misto de locação e depósito).
  A classificação do contrato depende dos elementos que o integram e não da
denominação designada pelas partes. Assim,  elementos  espúrios  e  cláusulas
secundárias  não  desnaturam o  contrato  para  atípico,  a  fim de  subtraí­lo  do
seu regime legal.
 
 
DISTINÇÃO DOS CONTRATOS QUANTO AO OBJETO:
 
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a)       Contratos de alienação de bens –  são os que versam sobre a  transferência de
patrimônio (gratuita ou onerosa). Ex.: compra e venda, doação, troca de bens, etc.
b)    Contratos de transmissão de uso e gozo – têm por objeto conceder a outrem a
utilidade dos bens (domínio útil) sem necessariamente transferir o bem. Ex.: locação,
comodato, etc.
c)       Contrato de prestação de  serviços –  tem  por  objeto  a  realização  de  serviços
técnicos  profissionais  (médico,  engenheiro,  advogado,  etc.)  ou  de  serviços  gerais
(domésticos, limpeza, etc.).
d)   Contratos de conteúdo especial – são os contratos atípicos, que fundem duas ou
mais espécies de contratos típicos.
 
QUANDO AO TEMPO DE SUA EXECUÇÃO:
 
a)    Execução imediata – se esgotam num só instante, mediante uma única prestação.
Ex.: Compra e venda à vista; troca, etc.
b)    Execução continuada – prática ou abstenção de atos reiterados, cumprindo­se o
contrato num espaço, mais ou menos,  longo de  tempo, de maneira que a prestação
não poderá ser integralmente satisfeita na celebração do contrato. Dar­se­á sempre a
termo. Ex.: compra e venda à prestação.
 
Segundo  Cáio  Mário  da  Silva,  temos  que  “a  execução  do  contrato  sobrevive  com  a
persistência  da  obrigação,  até  que  o  implemento  de  uma  condição  ou  o  decurso  de  um
prazo  cesse  o  próprio  contrato,  não  obstante  a  possibilidade  de  soluções  periódicas
(pagamento de prestações ou aluguéis).”
 
 Efeitos práticos desta distinção:
 
       I – a nulidade do contrato de execução continuada não afeta os efeitos já produzidos;
       II – a teoria da imprevisão só aplica­se aos contratos de execução continuada;
              III  –  a  rescisão  unilateral  nos  contratos  de  execução  continuada  só  será  admitida
excepcionalmente, salvo se esta for por prazo indeterminado (que será sempre possível).
       IV – a prescrição, na execução continuada, para resolução do pacto por inadimplência,
será  contada  de  cada  prestação  e  a  prescrição  para  receber  cada  prestação  independe  de
parcelas pretéritas ou futuras.
       V – o cumprimento simultâneo das obrigações não se aplica aos contratos de execução
continuada.
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QUANTO À PESSOA DO CONTRATANTE
 
a)    Contratos pessoais (intuitu personae)
             A pessoa do contratante é considerada elemento determinante na conclusão do outro
em contratar, o qual considera suas qualidades  individuais  imprescindíveis na execução da
obrigação, que só poderá ser pelo próprio contratante cumprida.
 
b)    Contratos impessoais
            
                         A pessoa do  contratante é  indiferente, de modo que o outro apenas exige que a
obrigação seja cumprida, pouco importando quem a tenha feito.
 
 Algumas congruências práticas desta distinção:
             Na prática a maior relevância é a natureza personalíssima dos contratos pessoais a
que acarretará o seguinte:
             I – são intransmissíveis, de sorte que a morte do contratante extingue o contrato que
não poderá ser executado pelos sucessores;
             II – Não admite cessão, pois substituir o devedor implica novo contrato;
             III – São anuláveis em havendo erro especial sobre a pessoa do contratante;
 
2)    Contratos reciprocamente considerados
            
             Este critério examina objetivamente os contratos, em relação uns aos outros e podem
ser distinguidos em:
 
2.1) Principais – existem por si, exercendo sua função e finalidade independente do outro.
 
2.2) Acessórios  –  a  existência  jurídica  supõe  a  existência  de  um  contrato  principal,  de
forma que não existirá sem este. Ex.: fiança locatária.
 
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2.3) Princípios fundamentais:
             I – a nulidade da obrigação principal acarretará a do acessório, porém a recíproca
não é verdadeira (art. 184 CC)
                          II  ­  a  prescrição  da  obrigação  acessória  não  atinge  a  principal,  entretanto,  a
prescrição da principal induz a prescrição do acessório.
 
 
AULA VII – EFEITOS DOS CONTRATOS
 
 
                      Os contratos de forma geral, criam obrigações e estabelecem vínculo entre os
contratantes,  configurando  verdadeira  fonte  de  obrigações.  Tais  efeitos  se manifestam  no
princípio da força obrigatória e na relatividade dos contratos.
 
1. Efeitos jurídicos decorrentes da obrigatoriedade dos contratos:
            
             1.1 – É lei entre as partes;
             1.2 – Estabelece vínculo entre os contratantes, que se submetem ao  pacto sob pena de
execução ou perdas e danos;
             1.3 – É irretratável e inalterável, portanto, as partes não podem dele se desvincular ou
a ele modificar salvo:
a)     mediante mútuo consentimento – distrato ou aditamento;
b)     cláusula expressa prevendo extinção unilateral;
c)            resulte  da  própria  natureza  da  obrigação.  Ex.:  fiança  por  ser  prazo
determinado;
d)     arrependimento;
e)          o  juiz  deverá  interpretar  as  cláusulas  contratuais  como  se  fossem
dispositivos legais, de forma que somente poderá deixar de aplicá­las ou
modificá­las  nas  hipóteses  de  cláusula  “rebus  sic  standibus”  ou  por
motivo de força maior ou caso fortuito.
 
2.     Efeitos dos contratos quanto à sua relatividade:
 
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                   Estuda os efeitos subjetivos, ou seja, das partes atingidas pelo ato negocial.
 
2.1   – Efeitos Gerais:
2.1.1         – Efeitos dos contratos em relação aos CONTRATANTES:
 
                 A  força vinculante dos  contratos  restringe­se aos que por  suas
manifestações  de  vontade,  direta  ou  indiretamente,  o  estipularam.  A
manifestação  indireta  será  pelo  gestor  de  negócios  ou  procuradores
(representante).
 
2.1.2                Efeitos  dos  contratos  quanto  aos  SUCESSORES  a  título
universal e particular:
        
         Salvo se o direito for vitalício; ii) o contrato for personalíssimo ou
iii) houver cláusula de extinção pela morte de um dos contratantes, os
efeitos dos contratos poderão atingir pessoas que não o estipularam, tal
como os sucessores universais (testamentários – legado universal – ou
herdeiros) e os singulares ou particulares (cessionário ou legatário). A
sucessão universal só vincula até a força do legado ou da herança.
         Na cessão ou legado (bens particulares) os sucessores são alheios
ao contrato, de forma que a cessão sem consentimento da outra parte
transfere  virtualmente  as  obrigações  contratuais,  de  forma  que  se  A
deve a B e determina a C pagar, esta  transferência da obrigação de A
para C é virtual, pois na realidade quem deve a B ainda é A.
 
2.1.3        Efeitos relativamente a terceiros:
                 a) Princípio geral – O princípio geral  é que o  contrato não
beneficia e não prejudica terceiro, ou seja, é o “princípio da relatividade
dos  contratos”  segundo  o  qual  os  efeitos  jurídicosdos  contratos  não
ultrapassam  às  pessoas  contratantes.  Entretanto  os  efeitos  dos
contratos  produzem  efeitos  sociais  atingindo  a  terceiros,  v.g.,  os
contratos  que  versam  sobre  direitos  exigíveis  contra  todos  (“erga
omnes”)
         b) Estipulação em favor de terceiro (art. 436 a 438 CC) –
Vem a ser o contrato em que uma das partes (estipulante) convenciona
com  outro  (promitente)  certas  vantagens  patrimoniais  em  favor  de
terceiro  (beneficiário),  alheio  ao  pacto.  Ex.:  na  separação  um  dos
cônjuges  convenciona doar parte de seu quinhão na partilha ao único
filho do casal; doações modais (o donatário se obriga perante o doador
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à obrigação em benefício de terceiro); seguro; constituição de renda em
favor de terceiro; contratos de transporte de objeto de terceiros.
 
 REQUISITOS:
I  –  Subjetivo  –  existe  vontade  individual  de  três  partes,  a  saber:  i)
estipulante que estabelece a vantagem a  terceiro;  ii) o promitente
ou devedor que se obriga perante o estipulante em favor de terceiro; iii)
o beneficiário que é favorecido, não participa do contrato, portanto,
não carece de capacidade contratual e pode ser  indeterminado, desde
que determinável. O estipulante e o promitente deverão ter capacidade
de contratar.
II  –  Objetivo  –  o  objeto  há  de  ser  lícito  e  possível,  além  de  criar
vantagem patrimonial a terceiro, gratuita ou não. (“A” vende imóvel a
“B”  por R$  1.000,00,  obrigando  este  a  vender  a  ”C”  por R$  500,00,
houve  vantagem  sem    gratuidade).  Deverá  ser  estipulado  sempre  em
favor  e  não  contra  terceiro,  ou  seja,  lhe  atribui  vantagem  apreciável
pecuniariamente. 
III  –  Formal  –  é  o  contrato  consensual,  portanto,  a  regra  geral  de
informalidade lhe é aplicável.
 
 NATUREZA JURÍDICA
                 Existem cinco  correntes, porém ao direito  civil brasileiro deve
prevalecer,  ao  nosso  ver,  a  de  que  seja  contrato  “sui  generis”(Clóvis
Bevilácqua).
 
c)      Os efeitos da estipulação em favor de terceiro – estes deverão ser examinados
considerando:
 
I – As relações entre ESTIPULANTE e PROMITENTE:
 
1.     Estes agem como qualquer contratante na celebração do pacto;
2.         O promitente se obriga em favor de  terceiros, mas  isto não o desobriga perante o
próprio  estipulante  (art.  436  CC)  que  poderá  exigir,  ele  próprio,  o  cumprimento  da
obrigação, ou ainda, (art. 438, parágrafo único) reserva­se o direito de, unilateralmente,
por ato “inter vivos” ou “causa mortis”, substitui o beneficiário;
3.     O estipulante poderá exonerar o  promitente de cumprir a estipulação, se não houver
no contrato cláusula que atribua ao beneficiário o poder de executar a obrigação (art. 437
CC);
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4.     O estipulante poderá revogar a estipulação, passando o promitente estar obrigado a
cumprir  a  obrigação  em  favor  do  próprio  estipulante,  exceto  se  no  contrato  estiver
vontade  contrária  a  isto,  se  a  natureza  do  contrato  não  permitir,  ou  a  obrigação  for
personalíssima.
 
II – As relações entre o PROMITENTE e o BENEFICIÁRIO:
 
1.      Esta relação só aparece na fase executória do contrato;
2.     O promitente é mero obrigado perante o estipulante e o beneficiário;
3.     O beneficiário poderá executar a obrigação decorrente do contrato por ele aceito, nos
limites das normas e condições contratuais, desde que não inovadas pelo estipulante
nos termos do art. 438 CC (o estipulante reserva direito de substituir o beneficiário).
 
III – As relações entre ESTIPULANTE e BENEFICIÁRIO:
 
1.      Se o estipulante não tiver deixado ao beneficiário o direito de execução (art. 437 CC)
poderá exonerar o devedor; tornando sem efeito a estipulação, portanto, pare isto se
evitar deverá ser expressamente declarado o direito de execução pelo beneficiário;
2.         A aceitação do beneficiário consolida a estipulação,  tornando­a  irrevogável, salvo a
substituição  do  art.  438  do  Código  Civil.  Antes  da  aceitação  a  estipulação  será
revogável.
 
             Contrato por terceiro: Este contrato se configura quando o contratante obtém do
contratado a obrigação de fazer um terceiro, não participante deste pacto, a satisfazer uma
determinada prestação,  ou  seja,  haverá  um  contrato  celebrado para  que  o  contratado  faça
que  terceira  pessoa  cumpra  determinada  prestação,  obtenha  o  consentimento  do  terceiro.
Disto conclui­se que:
   O contratado  cumprirá  a  sua obrigação  contratual  se obtiver  a  aceitação do  terceiro
satisfazer a obrigação final;
  Se não obtiver sujeitar­se a perdas e danos (art. 439 CC);
  A aceitação do terceiro desvincula o contratado;
  A inadimplência do terceiro dá ao contratante o direito da ação contra este.
  O credor será sempre o mesmo, porém terá ação perante o contratado até a aceitação e,
após, perante o terceiro
 
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Contratos com pessoa a declarar:
 
 
             No contrato com pessoa a declarar, um dos contratantes tem o interesse em fazer­se
substituir por pessoa cujo nome pretende ocultar, embora tal substituição possa não ocorrer.
Pode  ser  utilizado  por  quem não  deseja,  por  qualquer  razão,  ser  identificado  no  início  do
contrato.
 
CONCEITO:  Trata­se  de  cláusula  inserida  no  contrato,  pela  qual,  no  momento  da
conclusão  deste,  uma  das  partes  reserva  a  si  o  direito  de  indicar  a  pessoa  que  deverá
adquirir direitos ou que assumirá as obrigações decorrentes do ato negocial (CC, art. 467).
 
                             Requisitos:
 
a)     a indicação deverá ser por escrito;
b)     a indicação deverá ocorrer em até cinco dias da conclusão do contrato, salvo se outro
prazo não houver sido pactuado (art. 468)
c)            a  indicação  deverá  revestir­se  da  mesma  forma  utilizada  pelas  partes  para  a
celebração do contrato (art. 468, parágrafo único).
 
                             Hipóteses em que o contrato terá efeitos apenas em relação aos contratantes
originários:
 
a)     findo o prazo legal ou convencional não houver a indicação da pessoa a declarar (art.
470, I, 1ª parte);
b)     o nomeado se recusar a aceitar a nomeação (art. 470, I, parte final);
a pessoa indicada, no ato da nomeação, for insolvente,  isto for desconhecido no momento da
indicação.
 
                             2.1.4 – Efeitos do princípio da relatividade quanto ao objeto da obrigação:
 
                         Quanto  ao  objeto,  a  eficácia  do  contrato  também é  relativa,  pois  somente  gera
obrigação de dar, de fazer ou de não fazer, com efeitos puramente obrigacionais.
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             A natureza jurídica do contrato é puramente obrigacional, com vínculo pessoal dos
contratantes cumprirem prestações em relação ao outro, reciprocamente ou não, nos termos
convencionados. Assim, no direito brasileiro, o contrato não gera efeito real  (traslativo de
propriedade).
 
Ex.:  Na  compra  e  venda  de  imóvel  ou  móvel,  o  contrato  é  o  título  de  aquisição,  mas  a
transferência se opera, em regra, pelo registro e tradição, respectivamente.
 
OBS.:  O  efeito  do  contrato  de  compra  e  venda  está  restrito  à  obrigação  do  vendedor
transferir o domínio de certo objeto, pois a transferência não se opera por efeito do contrato,
mas sim ou pela tradição – para móveis – ou pela transcrição no registro imobiliário.2.2 – Efeitos particulares dos contratos:
 
                             2.2.1 – Considerações preliminares:
 
Os  contratos  bilaterais  ou  sinalagmáticos  apresentam  peculiaridades  que  geram  efeitos
inaplicáveis  aos  contratos  unilaterais,  pois  dizem  respeito  a  obrigações  dependentes  umas
das outras, tais como o direito de retenção; a “exceptio non adimplenti contractus”; os vícios
redibitórios, a evicção e a arras.
 
                             2.2.2 – Direito de retenção:
 
             É a permissão legal conferida ao credor para que este conserve em seu poder coisa
alheia que já detinha de boa­fé, até extinguir o seu crédito perante aquele a quem já deveria
ter restituído, não fosse a sua condição de credor do mesmo.
             Terá direito de retenção:
1.      Art. 1.219 CC – possuidor de boa­fé que tenha direito à indenização das benfeitorias
úteis e necessárias;
2.     Credor Pignoratício (art. 1.433, incisos II e III);
3.     O depositário (art. 644, parágrafo único);
4.     O mandatário (art. 681 CC);
5.     O cônjuge (art. 1.652 CC).
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             Para que se configure será necessário:
1.      Que lícita e normalmente detenha a coisa alheia;
2.     Que conserve essa detenção, pois se a perder cessará o direito de retenção;
3.     Crédito líquido, certo e exigível, com conectividade com a coisa retida;
4.     Inexistência de convenção ou lei excluindo o direito de retenção.
 
2.2.3 – “Exceptio non adimplenti contractus” (Art. 476 CC):
 
             Nenhum dos contratantes poderá exigir o cumprimento da obrigação do outro, sem
que tenha cumprido a sua.
             Há dependência recíproca das prestações, que são simultâneas e, portanto, exigíveis
ao mesmo tempo. Logo não se aplica aos contratos de execução continuada.
             Se a lei ou convenção não determinar que cumprirá primeiro a obrigação, então se
aplica o             art. 476.
                          Também  cabe  esta  exceção  quando  o  outro  cumprir  defeituosa,  inexata  ou
incompletamente a prestação.
                         A cláusula “solve et repete”,  torna a exigibilidade da prestação  imune a qualquer
pretensão  contrária  do  devedor.  Representa  renúncia  à    “exceptio  non  adimplenti
contractus”.
 
                             2.2.4 – Vícios Redibitórios:
 
             O art. 441 do CC admitiu a teoria do vício redibitório, a fim de aumentar as garantias
do  adquirente  sujeito  a  uma  contraprestação  equivalente  a  sua  prestação  (contratos
comutativos), responsabilizando o alienante pelos vícios ocultos do bem alienado.
 
CONCEITO – são falhas ou defeitos ocultos existentes na coisa alienada, objeto de contrato
comutativo, não comuns às congêneres, que a tornem imprópria ao seu uso comum ou lhe
diminua sensivelmente o valor, de maneira que se estes vícios  fossem aparente o negócio
não se realizaria. Logo, darão ao comprador pretender ficar com a coisa (art. 441 CC).
 
             Ex.:  ­ o automóvel com problema no motor;
                      ­ o prédio com freqüentes inundações.
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                             2.2.4.1 – Requisitos:
 
1)         Coisa  adquirida mediante  contrato  comutativo ou doação  com encargo – art.  441,
parágrafo único (Princípio garantia);
2)    Vício ou defeito prejudicial à plena utilização ou determinante na redução do valor;
3)    Defeito deve ser grave;
4)    O vício há de ser oculto a ponto de não ser percebido apenas na utilização ou exame
minucioso;
5)    Defeito já existente na celebração e que perdure até a reclamação.
 
                             2.2.4.2 – Algumas conseqüências jurídicas:
 
1)         Subsiste  a  responsabilidade  do  alienante,  ainda  que  a  coisa  pereça  com poder  do
alienatário,  por  força  do  vício  oculto.  Ainda  assim,  o  alienante  devolverá  o  que
recebeu mais despesas, do contrato (art. 444);
2)    O alienatário poderá, em vez de rejeitar a coisa, pedir abatimento no preço (art. 442);
3)    O vício real de uma coisa não autoriza rejeição de todas (art. 503 CC), mesmo que o
preço seja global, salvo se a coisa constituir um todo inseparável.
 
                             2.2.5 – Evicção:
 
CONCEITO  – É  a  perda  da  coisa  por  força  de  decisão  judicial  que  confere  a  outrem  a
propriedade,  fundada  em  motivo  jurídico  anterior  ao  contrato  de  venda  se  neste  não
denunciado; funda­se no dever do alienante entregar a coisa e garantir­lhe o uso e gozo. A
evicção  poder  ser  expressamente  afastada  pelas  partes,  sendo  que  tal  disposição
assegurará, ainda, ao evicto o direito de receber o preço que pagou pela coisa, se dela não
soube do risco ou se sabendo não o assumiu. (art. 447).
 
                             2.2.5.1 – Na garantia da evicção o alienante deve:
 
a)     Assegurar a posse pacífica da coisa alienada;
b)     Assistir o alienatário e defendê­lo se denunciado à lide;
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c)      Na evicção se consumar, então responde por perdas e danos;
d)         Somente  é  afastada  por  cláusula  expressa,  e  prescinde  de má­fé,  respondendo  o
alienante independente deste.
 
                             2.2.5.2 ­ Partes na evicção:
 
a)     Evicto ­ o adquirente que perderá a coisa;
b)     Alienante ­ transfere a coisa e responde pela evicção;
c)      Evictor ­ terceiro que move ação judicial reivindicatória do bem.
 
                             2.2.5.3 ­ Requisitos da Evicção:
 
a)          Onerosidade  (art.  447)  ­  exceção:  doação  por  dote  oferecido  por  terceiro  que
responderá pela evicção se agir de má­fé ou se houver cláusula expressa neste sentido
(art. 552 CC);
b)     Perda, total ou parcial, da coisa;
c)      Sentença, com trânsito em julgado, declaratória de evicção;
d)          Anterioridade  do  direito  do  evictor  ­  a  causa  da  perda  deve  preexistir  ao
contrato de alienação sob evicção;
e)     Denunciação da lide (se não haver, o evicto perderá a garantia da evicção).
 
                             2.2.5.4 – Direitos do Evicto:
 
1.      Demandar pela evicção, movendo ação contra o transmitente;
2.     Na evicção total, reclamar o preço pago, despesas contratuais e custas judiciais, além
dos frutos que tenha devolvido;
3.         Reter  a  coisa  até  ser  reembolsado,  pelo  evictor  –  em  regra  –  das  despesas  com
benfeitorias necessárias ou úteis;
4.         Convocar o alienante a compor a  lide (denunciação – art. 456) – Direito sucessivo
entre alienantes;
5.     Optar, na evicção parcial, entre rescisão do contrato ou restituição de parte do preço
(art. 455), calculada de acordo com o valor da coisa ao tempo da evicção (art. 450);
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6.     Responsabilizar os herdeiros.
 
                             2.2.6 – Arras: Presente nos mais antigos ordenamentos jurídicos (grego,
romano, hebraico, persa, egípcio) sempre expressa o significado de garantia.
 
CONCEITO – Sinal representado em quantia de dinheiro ou coisa móvel fungível dado por
um a outro contraente a fim de assegurar a conclusão do contrato, ou excepcionalmente,
garantir a pontualidade da obrigação.
 
                         Convenciona a pretensão dos contratantes em dar obrigatoriedade dos contratos
(bilateral ou comutativa) – art. 417– ou garante a pontualidade das obrigações, pactuando a
perda do sinal ou devolução em dobro no caso de arrependimento– art. 420.
 
                             2.2.6.1 – Caracteres:
 
1.      Cabe nos contratos bilaterais que servem de título traslativo do domínio;
2.     Pacto acessório que visa afirmar a conclusão do contrato ou seu adimplemento;
3.     Só se aperfeiçoa após a efetiva entrega do dinheiro ou da coisa fungível;
4.     A entrega deve ser feita por um contratante a outro;
5.          Assegura  o  cumprimento  do  contrato  principal,  ou  prevê  o  arrependimento,
estipulando pena (art. 420 CC).
 
                             2.2.6.2 – Espécies de Arras:
 
a)     Arras confirmatórias – visam afirmar a realização do contrato, de maneira
que  se  antecipa  parte  do  pagamento.  Determina  perdas  e  danos  pelo  não­
cumprimento;
b)     Arras penitenciais – prevê a possibilidade de arrependimento nos termos
do art. 420 CC, ou seja, estabelece previamente as perdas e danos.
 
 
 
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AULA VIII – EXTINÇÃO DOS CONTRATOS
 
 
1 – Noções Gerais:
                          Em  face  das  divergências  doutrinárias,  legais  e  jurisprudenciais  quanto  à
terminologia  do  assento,  segundo Maria  Helena  Diniz,  apresentamos  a  questão  dividindo
entre  extinção  por  motivos  (ou  vícios)  anteriores  ou  contemporâneos  e  supervenientes  à
formação do contrato, ressalvada a extinção normal.
 
2 – Extinção normal do contrato:
             É quando o contrato termina normalmente com o adimplemento da prestação, sendo
executado  pelas  partes  em  todas  as  suas  cláusulas.  É  esta,  a  execução,  o modo normal  de
extinção.
­          A quitação será o meio pelo qual o credor exonerará o devedor;
­                   A  quitação  é  direito  do  devedor,  de  forma  que  se  este  lhe  for  negado  ou  dada
irregularmente,  o  devedor  poderá  reter  o  pagamento  ou  consignar,  sem  configurar
mora (art. 319 e 335, I);
­                   A quitação geral presume pagamento de todos os débitos anteriores, exceto prova
convincente do contrário (art. 322);
­          O pagamento por conta [amortização ou resgate parcial] deverá ser expresso, porém,
essa  falta  de  ressalva  é  presunção de pagamento dos  juros  “juris  tantum”  (art. 323
CC)
             São  requisitos da quitação (art. 320 CC):
a)     valor da dívida;
b)     espécie da dívida;
c)      nome do devedor, ou quem por este pagou;
d)     tempo e lugar do pagamento;
e)     assinatura do credor, ou de seu representante;
f)       valerá qualquer que seja sua forma, de maneira que, v.g., contrato celebrado 
por instrumento público poderá ser quitado por instrumento particular.
 
3  –  Causas  de  dissolução  contratual  anteriores  ou  contemporânea  à  sua
formação:
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3.1.  Noções  Gerais  –  os  motivos  anteriores  podem  ser  de  (i)  nulidade  na  formação
(subjetiva, objetiva ou formal), impossibilitando a produção de seus efeitos. (ii) implemento
da condição resolutiva pactuada; (iii) direito de arrependimento expressamente pactuado.
 
3.2. Nulidade – A nulidade é a sanção para o contrato firmado ao arrepio dos seus requisitos
de validade, sejam eles formais, objetivos ou subjetivos. Poderá ser:
­                   Absoluta: ocorrerá se ferir norma de ordem pública, se operando de pleno direito,
não gerando efeitos desde sua formação (ex tunc) e não se convalescerá pelo decurso
de tempo;
­                   Relativa:  só  poderá  ser  pleiteado pela  pessoa  interessada,  e  se  dirige  a  contrato
celebrado  por  relativamente  incapazes  ou  com  vício  de  consentimento  (erro,  dolo,
coação ou fraude contra credores). Produz efeitos “ex nunc”, apenas após a sentença
que decrete a nulidade.
 
3.3. Condição Resolutiva – Os arts. 474 e 475 do CC prevêem a  condição  resolutiva  tácita
(rescisão ou expressa).
            
             3.3.1 – Condição resolutiva tácita – RESCISÃO – (art. 475) – É própria dos contratos
bilaterais  ou  sinalagmáticos,  os  quais  têm  por  princípio  o  equilíbrio  da  prestação  e  da
contraprestação, de  forma que o  inadimplemento de uma parte,  independente de previsão
expressa,  autoriza  a  rescisão  (art.  475)  judicialmente,  de modo  que  o  juiz  só  rescindirá  o
contrato se provado o inadimplemento.
 
             3.3.2 – Condição resolutiva expressa – A existência de resolução tácita (rescisão) não
é  óbice  para  existência  de  cláusula  resolutiva  expressa,  a  qual  se  opera  independente  de
sentença judicial, mediante o inadimplemento de uma das partes, resolvendo­se o contrato
de pleno direito, com perdas e danos (art. 474, CC).
 
3.4. Direito de Arrependimento – É  o  direito  de  qualquer  das  partes  extinguir  o  contrato
unilateralmente  por  ter  se  arrependido  de  tê­lo  celebrado.  Só  ocorre  se  houver  permissão
legal  (art.  420  CC  e  49  CDC)  ou  pacto  expresso  (contrato).  A  parte  que  se  arrepender
responderá pelos danos à outra em face da quebra da promessa.
 
4 – Causas extintivas do contrato superveniente à sua formação:
 
4.1. Noções Gerais – A extinção dos contratos neste caso  impede a sua execução. Pode ser
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por  (i) Resolução,  que  se  liga  ao  inadimplemento,  e  se  dará  por  inexecução  voluntária,
involuntária  ou  por  onerosidade  excessiva;  (ii)  Resilição,  que  extingue  o  contrato  por
vontade de um ou dois contratantes , portanto, podendo ser unilateral ou bilateral e (iii) Por
morte dos contratantes, nos contratos personalíssimos.
 
4.2. Resolução por  inexecução voluntária – Ocorre quando se der a extinção do pacto por
culpa de um dos contratantes, causando dano ao outro e existindo nexo de causalidade entre
o ilícito do agente e o prejuízo do outro.
             Tem por efeitos básicos:
a)     Ex tunc nos contratos de execução única;
b)     Ex nunc nos contratos de execução continuada;
c)           O  art.  53  do  CDC  atribui  nulidade  à  cláusula  que  estabeleceu  perda  pelo
consumidor  das  prestações  pagas,  no  caso  de  sua  inadimplência  causa
resolução contratual;
d)     Atinge crédito de terceiro desde que adquiridos entre a conclusão e a resolução
do contrato (opinião diversa é esposada por Sílvio Venosa);
e)     Sujeita o inadimplente perdas e danos e lucros cessantes.
 
4.3.                 Resolução por  inexecução  involuntária  (alheia à vontade)  – Decorre  de  caso
fortuito ou força maior que impedem o devedor de cumprir a obrigação. Não cabe perdas
e  danos,  salvo  para  devedor  em mora.  Se  a  outra  parte  já  tiver  cumprido  a  sua parte,
deverá ser restituída.
 
4.4.  Resolução  por  onerosidade  excessiva    ­  Decorre  da  incidência  da  teoria  da
imprevisão  (cláusula  rebus  sic  stantibus),  tornando  o  contrato  oneroso  demais  a  uma
parte  e  prejuízo  da  outra,  nesta  hipótese  cabe  ressaltar  que  o  caminho  da  rescisão
contratual deverá ser adotado pelo órgão julgador apenas na eventual impossibilidade de
reequilíbrio contratual.
 
4.5. Resilição  bilateral  ou  DISTRATO  –  Extinção  do  contrato  por  ato  de  vontade  de
ambos os contratantes, antes da execução e no seu prazo de vigência.
            Obedece à mesma forma do contrato, desde que o contrato seja solene. Se a forma
do  contrato  foi mera  opção  dos  contratantes,  o  destrato  não  terá  que  seguir  a mesma
forma (efeito “ex nunc”, em regra). 
 
4.6. Resilição Unilateral – se dá com os contratos onde, por sua natureza, é permitida a sua
dissolução unilateral. Assim o é, por exemplo, no mandato, no depósito e nos contratospor
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tempo  indeterminado  (efeito  “ex  nunc”,  em  regra),  denominando­se,  de  acordo  com  a
espécie do contrato de renúncia, revogação e denúncia.
 
4.7. Morte de um dos contratantes – a morte só encerra o contrato personalíssimo. De resto
transmite ao herdeiros.
 
 
AULA IX – COMPRA E VENDA
 
 
Conceito – Em singela síntese é a troca de uma coisa por dinheiro (Sílvio Venosa).
                         “Uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir à outra (comprador) o domínio de
uma  coisa  corpórea  ou  incorpórea, mediante  o  pagamento  de  certo  preço  em  dinheiro  ou
valor fiduciário correspondente” (Caio Mário).
 
Principais efeitos:
 
1. A compra e venda caracteriza­se, no ordenamento brasileiro, como contrato consensual,
com efeitos exclusivamente obrigacionais,  tornando­se perfeito e acabado mediante acordo
de vontades sobre a coisa e o preço (art. 482 CC).                      
 
2. O inadimplemento faculta a exigência de cumprir a obrigação de dar a coisa certa (pacta
sunt servanda). A indenização é substitutiva da prestação de entregar a coisa vendida e não
faculdade do vendedor.
 
3. Não  opera,  de  per  si,  a  transferência  que  se  dá pela  tradição  (móveis)  e  transcrição  do
título aquisitivos (imóveis) – arts. 1.267 e 1.227, 1245 a 1247 e Súmula 489 do STF.
 
4. Há exceções, que confirmam a regra, nas quais a transferência se opera pelo contrato. Ex.
art.  8º  do  Decreto­lei  3545/41  –  Títulos  da  Dívida  Pública  da  União  dos  Estados  e  dos
Municípios, Decreto­lei 911/69 – Alienação Fiduciária.
 
Classificação:
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I – É oneroso: Ambos os contratantes obtém vantagens econômicas. O vendedor recebe o
preço e o comprador recebe a coisa.
II  –  É  bilateral  ou  sinalagmático:  Ambos  os  contratantes  têm  reciprocamente
obrigações, um de pagar e outro de entregar a coisa.
III  ­    Geralmente  comutativo:  No  momento  da  conclusão  do  contrato  as  partes
conhecem o conteúdo de sua prestação. Será aleatório (art. 458 e 459 CC) –quando versar
sobre risco de quantidade ou da existência da coisa (emptio rei speratae e emptio spei).
IV – Consensual ou solene: Em regra é consensual, podendo ser solene por exigência de
lei. (Imóveis – art. 108 e 215, II, § § 1º e 6º).
V – Traslativo de propriedade: Não transfere de per si a propriedade, mas serve como
título aquisitivo, criando a obrigação de transferência.
 
Elementos Constitutivos
 
            São três: res (coisa), pretius (preço) e consensus (consentimento). No contrato
solene teríamos ainda a forma.
1.                       Res – qualquer coisa suscetível de apropriação econômica que possa servir do
patrimônio do vendedor e ingressar no patrimônio do comprador. Deverá:
1.1.                  Ter existência, ainda que em potencial, no momento da realização do contrato,
seja corpórea ou incorpórea;
1.2.                                 Ser individualizada, a compra e venda cria obrigação de dar, por isso a coisa
deverá ser determinada ou determinável,  suscetível de determinação na execução, pois
indicada em gênero e quantidade;
1.3.                 Ser disponível ou estar no comércio: Não pode a coisa ser inalienável natural
(não  pode  ser  apropriado  pelo  homem,  pela  própria  natureza,  ex.:  luz  solar),  legal
(quando estiver fora do comércio por determinação da lei) ou voluntariamente (quando
estiver fora do comércio por ato inter vivos (doação) ou causa mortis (testamento));
1.4.                                 Possibilidade de transferência: Só podendo ser alienada pelo titular eis que o
comprador  não  pode  vender  a  ele  mesmo.  Admite  venda  de  coisa  alheia,  desde  que
posteriormente seja adquirida validamente até o momento da transferência, na hipótese
de vendedor de boa­fé (art. 1.268 CC)
1.5.                 A coisa litigiosa pode ser alienada – (art. 457 CC).
 
2.        Pretius – Deve ser em dinheiro sob pena de não ser compra e venda, tendo
como características:
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a)             Pecuniariedade: Soma em dinheiro que o comprador paga ao vendedor em
contrapartida  à  coisa  recebida.  Pode  ser  pago  por  coisa  representativa  de  dinheiro
(cheque, ou Títulos da Dívida Pública).
Se for o preço pago neste título poderá ser:
       Pro soluto – A entrega das cártulas representa o pagamento definitivo. Mesmo
se não pagar os títulos o negócio de venda não será desfeito.
              Pro  Solvendo  –  Somente  considera­se  pago  o  preço,  depois  de  solvido  o
último título. O não pagamento do título pode implicar resolução do contrato.
b)       Seriedade: O preço deve ser real, não poderá ser ínfimo, irrisório ou fictício.
c)               Certeza: O  preço  deve  ser  certo  e  determinado,  devendo  ser  fixado pelos
contraentes ou por  terceiro eleito, sendo nula a cláusula que assegura ao arbítrio de um
único contratante a fixação do preço.
 
3.               Consensus – As  partes  devem  estar  de  acordo  como  o  preço,  a  coisa  e
demais condições do negócio.
 
Algumas limitações para contratar:
 
    Pessoa  casada,  exceto  no  regime  de  separação  absoluta  de  bens,  não  pode
alienar  ou  gravar  de  ônus  imóveis  ou  direitos  reais  sobre  imóveis  alheios  sem  outorga
uxória ou autorização marital (CC arts. 1.647, I);
  Ascendentes vender para descendentes sem consentimento expresso dos outros
descendentes (art. 496 CC) e também, do cônjuge do ascendente.
   Os  que  têm  dever  de  ofício  ou  por  profissão  de  zelar  pelos  bens  alheios  não
podem adquiri­los, mesmo em hasta pública sob pena de nulidade (art. 497, I a IV CC).
Ex.: Tutores, curadores, testamenteiros, administradores e alguns mandatários. Somente
os procuradores que tenham poderes de alienar e administração podem vender.
  O condômino não poderá vender seu quinhão à estranho  sem antes oferecê­la,
tanto por tanto, aos demais condôminos (art. 504, 1ª parte, CC).
  O proprietário da coisa alugada deverá dar conhecimento da venda ao inquilino
para que este exerça o direito de preferência, no prazo de 30 (trinta) dias.
 
Conseqüências jurídicas:
 
Dividem­se estas em principais e secundárias.
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Principais:
 
a)                        gerar  obrigações  recíprocas  aos  contratantes:  para  o  vendedor  de
transferir o domínio da coisa e para o comprador de pagar­lhe o preço certo em dinheiro;
b)           acarretar a responsabilidade do vendedor pelos vícios redibitórios e pela
evicção
 
Secundárias:
a)            responsabilidade pelos riscos: Até o momento da tradição dos móveis e
do registro dos imóveis a coisa pertence ao vendedor, correndo por sua conta os riscos da
coisa se danificar ou perecer. Exceção de já se colocou a coisa à disposição do comprador
“tradição simbólica”.
b)                     Repartição  das  despesas:  as  despesas  da  escrituração  e  do  registro
correrão  por  conta  do  comprador  e  as  de  tradição  por  conta  do  vendedor.  Em  face  do
princípio da autonomia contratual esta regra pode ser alterada, desde que os contratantes,
de comum acordo, encontre outra solução;
c)                       Direito de reter a coisa ou o preço: Aplica­se nas compras e vendas à
vista, facultando à uma das partes, tendo em vista o inadimplemento da outra, a retenção
da coisa a ser entregue ou do pagamento a ser realizado até a efetiva entrega da coisa;
d)                     (Vendamediante amostra) ­ Direito do comprador em recusar a coisa
vendida mediante amostra, se esta não se mostrar idêntica, em tudo, ao seu paradigma;
e)                        (Venda  ad  corpus  e  ad mensuram)  –  Tratam­se  de  modalidades
especiais de compra e venda. Na segunda modalidade (ad mensuram), assiste direito ao
comprador em pleitear a complementação da área vendida, o abatimento do preço, ou a
resolução  contratual  se  as  medidas  da  coisa  comprada  não  corresponderem  à  coisa
entregue, apenas na hipótese de demonstrar que a diferença apresenta­se superior à um
vigésimo  (5%) da  coisa  esperada. A  resolução  contratual  e  o  abatimento do preço  serão
possíveis apenas na  impossibilidade de complementação pelo vendedor. Já na compra e
venda ad corpus, onde se presume que o comprador adquiriu a coisa como um conjunto,
sem  fazer  referências  às  suas  dimensões,  não  cabe  a  este  os  direitos  previstos  na  outra
modalidade.
 
 
CLÁUSULA DE RETROVENDA
 
     O vendedor se reserva o direito de reaver, em prazo definido, o imóvel alienado,
restituindo  ao  comprador  o  preço,  mais  as  despesas  realizadas  inclusive  de
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melhoramentos (art. 505 CC).
     Recai apenas sobre bens IMÓVEIS.
     PRAZO – decadencial de no máximo 3 anos
          Artigo  507  CC  –  Direito  contra  terceiro,  ainda  que  de  boa­fé,  pelo
desconhecimento da cláusula, de exercer a retrovenda.
     Artigo 508 CC – Mais de um vendedor com direito à retrovenda, todos devem
exercer integralmente ou caducará o direito de todos.
 
VENDA À CONTENTO
 
     Trata­se de uma cláusula condicional mediante a qual ficará desfeito o negócio
se o comprador não se agradar da coisa (art. 509 a 512 CC).
     É direito potestativo do comprador que não precisa justificar a recusa.
     Recai sobre bens MÓVEIS e IMÓVEIS.       
     Será uma cláusula suspensiva. Até o aceite da coisa os efeitos ficam suspensos.
O comprador até a aceitação final é como um comodatário (art. 511 CC).
             Não havendo prazo para  aceitar,  o  vendedor poderá  intimar  o  comprador
judicialmente para fazê­lo em prazo improrrogável, sob pena de aceitação (art. 512 CC).
 
          É  direito  pessoal  (personalíssimo),  configurando  estipulação  em  favor  do
comprador, de maneira que o vendedor se submeterá ao arbítrio                     da aceitação do
comprador.
 
 Personalíssima:  Comprador – Não transfere causa mortis ou inter vivos;
 Oponível aos sucessores do vendedor.
 
DA PREEMPÇÃO OU PREFERÊNCIA
 
Impõe ao comprador a obrigação de oferecer ao vendedor a coisa comprada que
for vender, ou dar em pagamento, para que o vendedor exerça  sua preferência  (art. 513
CC). No entanto,  só é cabível  caso o comprador queira vender a coisa, não podendo ser
compelido a tal.
O imóvel desapropriado não utilizado para os fins previstos deverá ser ofertado ao
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ex­ proprietário pelo preço desapropriado (retrocessão).
Prazo para exercer o direito de preferência após a oferta:
 3 (três) dias – Para bens Móveis;
 60 (sessenta) dias – Para bens Imóveis.
Caberá perdas e danos ao comprador que não der ciência das vantagens e do preço
ao vendedor. Também responderá o adquirente de má­fé.
      Não existe cessão e nem sucessão.
 
DISTINÇÕES BÁSICAS ENTRE RETROVENDA E PREEMPÇÃO:
 
 
Preempção Retrovenda
Cabe em móveis e imóveis Somente em bens Imóveis
Diz respeito à pretensão do comprador revender a
“res”
Iniciativa exclusiva do vendedor em reaver o imóvel
O preço é igual ao oferecido a terceiro O preço é o mesmo mais as despesas
Novo contrato Resolução da venda
 
 
 
VENDA SOBRE DOCUMENTOS
 
 
 
                                 Modalidade de compra e venda muito difundida nos contratos de importação e
exportação, matéria  esta  antes  disciplinada  pelo  direito  comercial,  que  se  relaciona  com  a
técnica de pagamento denominada crédito documentado.
 
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                                 Na modalidade sob comento a tradição da coisa é substituída pela entrega dos
documentos  e  títulos  representativos  da  coisa.  Estando  a  respectiva  documentação  em
ordem é defeso ao comprador recusar o pagamento, alegando defeito da coisa, exceto se esse
vício já estiver comprovado. Caso o pagamento estiver a cargo de instituição financeira este
deverá ser feito mediante a apresentação dos documentos necessários. Havendo recusa por
parte da instituição encarregada, poderá o vendedor exigir o pagamento do comprador.
 
 
VENDA COM RESERVA DE DOMÍNIO
 
             Seguindo a orientação de modernização da legislação civil, este instituto passou a ser
contemplado pelo Novo Código Civil (Lei n.º 10.406/2002), nos artigos 521 a 528.          
             A reserva de domínio é a estipulação em contrato de compra e venda, em regra de
coisa móvel infungível, em que o vendedor reserva para si o domínio e a posse indireta até o
pagamento integral do preço.
                                 O comprador é  imediatamente investido na posse da “res”,  subordinando­se a
transmissão do domínio ao pagamento de todo o preço.
                                 A posse é condicional eis que o pagamento é evento  futuro e  incerto,  sendo a
compra e venda definitiva quando implementada esta condição.
                 Pago o preço total a transferência do domínio se opera automaticamente.
                                 O não pagamento total do preço investe o vendedor de poderes alternativos, a
saber: (i) Retomar a res, mediante Ação de Busca e Apreensão ou Reintegração de Posse; ou
(ii) exigir o preço.
                 O comprador pode alienar a “res”, mediante expressa anuência do vendedor.
 
 
AULA X – TROCA OU PERMUTA
 
 
Conceito – É  o  contrato  pelo  qual  as  partes  assumem  a  obrigação  de  dar  uma  coisa  em
contraposição à entrega de outra.
 
Objeto – Tudo o que puder ser objeto de compra e venda será também objeto de troca (art.
221 Cód. Comercial), salvo dinheiro.
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                 Ex.: coisas fungíveis; infungíveis, corpóreas e incorpóreas (móvel e imóvel);
                 OBS: Não há troca se em contraprestação ao bem a outra parte prometer serviço.
 
Natureza – 1. Em regra é consensual, sendo solene, por exemplo, se pelo menos uma das
coisas for imóvel;
                     2. Bilateral – obrigações e vantagens recíprocas;
                     3. Oneroso – ambos obtém vantagem econômica;
                      4. Comutativo – na assinatura do contrato as partes já conhecem a prestação e a
contraprestação;
                      5. Traslativo da propriedade ­   não transfere de per si, mas serve de título
aquisitivo e cria a obrigação de transferência.
 
                                           A diferença de valor não desnatura a permuta, podendo o que sobejar ser
onerosa  ou  gratuita  (permuta  com  doação  ou  compra  e  venda  embutida  quanto  ao  valor
exorbitante).
                     
                      Para classificar os contratos como permuta com valor exorbitante ou compra e
venda  como  parte  do  pagamento  do  preço  em  ‘res’  considera­se  a  preponderância  dos
valores. Se a ‘res’  for objeto predominante e não o valor em dinheiro, é permuta, porém se
for  primordial  o  dinheiro,  é  compra  e  venda.  Alguns  doutrinadores,  dentre  eles  Sílvio
Rodrigues, discrepam acerca do efeito da predominância.

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