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apostila manejo de cria e recria

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MANEJO E CRIAÇÃO DE
BEZERRAS E NOVILHAS
LEITEIRAS1
Dimas Estrasulas de Oliveira, MSc., DSc.
Nutricionista de Ruminantes
Depto. Técnico Agroceres Nutrição Animal
 
1
 Material Técnico sobre Bezerras e Novilhas Leiteiras
2
MANEJO DE CRIAÇÃO DE BEZERRAS LEITEIRAS
Introdução:
O futuro de qualquer exploração leiteira depende de um adequado
sistema de criação de bezerros. A disponibilidade de novilhas a serem
selecionadas para reposição, a criação dos machos que serão utilizados como
reprodutores ou até para a produção de carne, dependem de práticas eficientes
na alimentação destes animais.
O período neonatal (primeiras 4 semanas de vida) é o mais crítico para
os bezerros, uma vez que a maioria das mortes ocorre neste intervalo. Durante
as 3 primeiras semanas de vida, os animais são mais susceptíveis a problemas
digestivos que podem causar diarréias e, as infecções pulmonares que se
seguem são os principais responsáveis pela elevada taxa de mortalidade.
Cuidados com o Recém Nascido: a saúde e o crescimento do recém-nascido
dependem de uma série de fatores que ocorrem antes do nascimento, ao
nascer e durante o período imediatamente após o nascimento. Através de uma
comparação teórica entre a Resistência à Doenças vs. o Desafio de Doenças:
Situação Ideal de Manejo (Figura 1, adaptado de Large Dairy Herd
Management, 1992):
3
Na Figura acima é mostrada uma situação ideal (Bom Manejo) onde a
Resistência à Doenças não cai abaixo do Desafio de Doenças exceto durante
as primeiras horas após o nascimento.
Um aspecto importante é a área de parição. Os animais devem nascer
em um ambiente seco, limpo , sem estresse. Animais que nascem em ambiente
úmido e contaminado, o Desafio de Doenças é muito alto durante as primeiras
horas e dias. Em situações de alto desafio, uma adequada Resistência pode
ser superada devido à problemas como infecção do umbigo ou septicemia por
bactérias entrando pelo umbigo ou por via oral. Área de Parição Contaminada
(Figura 2, adaptado de Large Dairy Herd Management, 1992):
Manejo da Parição
O manejo adequado e a assistência no parto são críticos à sobrevivência
e saúde dos bezerros. Partos distócicos são mais propensos a causarem
mortalidade e privação do colostro.
Estímulo para respiração: logo após o nascimento a bezerra pode ter
dificuldade para respirar por causa da acidose ou do acúmulo de muco na
passagem respiratória. O muco pode ser retirado pressionando-se os
polegares sobre a ponte do nariz e dentro da boca em direção ao nariz. O
4
acúmulo de líquido nos pulmões pode ser retirado levantando-se a bezerra pelo
quarto-traseiro e pressionando-se nas costelas em direção ao abdômen e
pescoço. O estímulo à respiração pode ser feito também derramando-se água
fria sobre a cabeça da bezerra.
Desinfecção do Umbigo: esse cuidado reduz o risco de infecção e septicemia,
mas não irá superar deficiências sanitárias na área de parição. O cordão
umbilical deve ser mergulhado em uma solução forte de Iodo (7%) no máximo 2
horas após o nascimento. Este procedimento deve ser repetido 12 e 18 horas
após o parto.
Manejo do Colostro: um dos aspectos mais importantes do sucesso de um
programa de criação de bezerras é o fornecimento do colostro o mais rápido
possível após o nascimento. O recém nascido não tem imunidade contra os
agentes patogênicos comumente encontrados no ambiente. Assim, a
imunidade deve vir dos anticorpos encontrados no colostro. Na Figura 3
(adaptado de Large Dairy Herd Management, 1992) é mostrado o efeito de
um mau manejo do colostro nos parâmetros de Resistência à Doenças vs.
Desafio de Doenças. Pode-se observar que sem o fornecimento do colostro, a
Resistência está abaixo ou marginal ao Desafio, por um longo período de
tempo, colocando em risco a vida do animal.
5
Importância do colostro: O intestino do recém-nascido é permeável às
imunoglobulinas (proteínas que irão fazer a defesa do organismo) do colostro
por um curto período de tempo após o nascimento. A absorção dos anticorpos
é rápida e em torno de 5 horas após a alimentação são alcançados em torno
de 50% dos níveis máximos no sangue. Matte et al. (1982) encontraram 66%
da imunoglogulina G (IgG) no plasma dos bezerras quando elas foram
alimentadas 6 horas após o nascimento. Mas às 12, 24, 36 e 48 horas à
absorção da IgG caiu para 46,7, 11,5, 6,7 e 6,0% daquela existente no
alimento. Esta redução na absorção dos anticorpos com o passar do tempo
parece estar relacionada com a renovação das camadas de tecido intestinal
que ocorre em torno de 40 a 48 horas após o nascimento. Além disso, há
estudos que mostram que alguns microrganismos como E. coli competem com
as Ig pelos mesmos receptores na superfície das células epiteliais intestinais,
reduzindo também o transporte das IG através da mucosa intestinal.
Tabela 1. Composição do Colostro e do Leite.
Componente COLOSTRO LEITE
Sólidos Totais (%) 21,9 12,5
Gordura (%) 3,6 3,7
Proteína (%) 14,2 3,4
Caseína (%) 5,2 2,6
Ingestão do colostro: colostro é por definição o produto coletado da 1ª
ordenha após o parto, nas primeiras 24 horas . Um dos componentes
essenciais para o sucesso da reposição de animais em um plantel é o
fornecimento do colostro o mais rápido possível após o nascimento. A bezerra
ao nascer praticamente não possui imunidade contra os agentes patogênicos
mais comuns que são encontrados no ambiente. Assim a primeira imunidade
das bezerras deve vir dos anticorpos encontrados no colostro da vaca. Os 2
fatores que determinam o sucesso do manejo do colostro são o tempo após o
parto no qual o colostro é administrado aos animais e a quantidade fornecida.
O colostro é absorvido eficientemente durante as primeiras 12 a 18 horas e, em
torno de 24 horas após o nascimento a quantidade absorvida é grandemente
6
reduzida. As bezerras devem ingerir em torno de 6 litros de colostro durante as
primeiras 12 horas de vida para evitar possíveis falhas da transmissão passiva.
Tabela 2. Influência da Idade dos bezerros na absorção das imunoglobulinas
(Ig) do colostro (Adaptado de Matos, 1995).
Idade (horas)
2 6 10 14 20
Colostro, kg 2,2 2,7 2,6 2,9 2,9
Ig no colostro (%) 7,5 6,3 6,5 5,3 6,3
% Ig 24h após ingestão 1,49 1,4 1,15 0,89 0,86
Coeficiente de absorção de Ig (%) 24,0 22,0 19,0 17,0 12,0
A quantidade de colostro fornecida de uma só vez tem maior efeito na
absorção total de imunoglobulinas, sendo que 2 litros de colostro fornecidos
logo após o nascimento proporcionam uma ótima absorção de
imunoglobulinas. Em condições práticas, o bezerro deve receber 2 kg de
colostro nas primeiras 4 a 5 horas após o nascimento. Em condições adversas
(alto Desafio de Doenças) o bezerro deve receber, no mínimo, 7 kg de colostro
coletado durante as primeiras 24 horas após o parto. Bezerros amamentados
pelas vacas durante o período de colostro geralmente são mais saudáveis e
apresentam níveis mais elevados de imunoglobulinas séricas. Também os
bezerros que receberam o colostro em baldes, na presença de suas mães,
absorveram mais imunoglobulinas do que aqueles que receberam a mesma
quantidade de colostro, isoladamente.
Detalhes sobre o manejo do colostro: a) Colostro com sangue ou de algum
quarto com mastite deve ser descartado; b) O colostro pode ser armazenado
em refrigerador por no máximo 4 dias; c) Se houver excesso de colostro pode
ser congelado em freezer (no máximo aquele coletado à 2 dias); d) fornecer o
colostro (4 a 6 litros em 6 horas) o mais cedo possível após o nascimento para
garantir a máxima absorção de Ig para que o bezerra obtenha adequada
imunidade.
7
Nutrição Inicial: Coagulação e Digestão da Proteína: o abomaso
desempenha o principal papel na coagulação do leite e o início da digestão da
proteína e gordura. A coagulação do leite ocorre rapidamente após sua entrada
no abomaso, primeiramente pela ação da enzima Renina emboraa pepsina
também tenha ação coagulante. A firmeza do coágulo diminui com o avanço da
idade, com a diminuição da Renina. O pH ideal para a atividade da Renina é
3,5 e da Pepsina é 2,0. A saída da digesta para o duodeno é maior durante a 1ª
hora após o consumo com o pico em torno de 4-5 horas. O coágulo de caseína
é lentamente digerido sobre um período de 12 a 18 horas com a refeição
seguinte incorporando os fragmentos restantes no novo coágulo. Esse
mecanismo de coagulação do leite faz com que o animal tenha um suprimento
constante de energia e proteína.
Criação da Bezerra do Nascimento até 12 Semanas de Idade
O sucesso de um programa de reposição de novilhas tem impacto sobre
a produtividade do rebanho de 2 formas: a) O desenvolvimento individual dos
animais e necessário para que eles alcancem e expressem a sua capacidade
produtiva; b) Um programa que permita que mais animais sejam criados (baixa
mortalidade) permite uma maior pressão de seleção.
Alimentando a bezerra jovem: ao nascimento o abomaso é maior do que os
outros compartimentos e o rúmen não é desenvolvido. O rúmen é necessário
para a utilização dos alimentos secos (não leite) e é antes do desmame que ele
deve se desenvolver. O fornecimento de alimentos sólidos fornece estímulo e
produtos para o desenvolvimento ruminal: alimentos grosseiros e fibrosos
favorecem o aumento em tamanho e os produtos finais da digestão de
carboidratos favorecem o crescimento das papilas ruminais onde ocorre a
absorção de nutrientes. Após o fornecimento do colostro, a bezerra deve
receber o próprio colostro ou o leite de transição (na quantidade em torno de
10% do peso vivo) nos primeiros 2 a 4 dias após o nascimento. Após isso, a
bezerra deverá receber tanto a alimentação líquida (leite) como a sólida (ração)
até o desmame.
8
Alimentação líquida: 4 tipos de líquidos podem estar disponíveis. Estes são o
colostro extra, o leite de transição (3 a 4 dias após o nascimento); leite
vendável; e os sucedâneos de leite. O colostro extra (diluído 2 partes de
colostro + 1 de água) ou o leite de transição devem ser os escolhidos
preferencialmente porque não são superados em valor nutricional mas não têm
valor para venda. Todo o colostro ou leite de transição não fornecidos aos
animais nos primeiros 3 dias devem ser guardados (congelados ou
fermentados) para serem usados com bezerras mais velhas. O colostro
fermentado é permitido ficar nesse estado por fermentação natural da lactose
até ácido lático que preserva o produto por vários dias. Alguns aspectos
importantes para a fermentação do colostro: a) utilizar o colostro de vacas
sadias (organismos patogênicos podem prejudicar a fermentação e as
bezerras); b) não fermentar o colostro de vacas tratadas contra mastites; c)
misturar os colostros das várias ordenhas de diversas vacas para garantir a
composição mais constante; d) mexer o colostro fermentado antes de fornecê-
lo aos bezerros ou, misturar com colostro fresco; e) guardar em vasilhame
tampado entre 5-27ºC; f) diluir com água antes de fornecer aos bezerros (duas
partes de colostro + uma de água); g) não utilizar o colostro de um mesmo
vasilhame por mais de 4 semanas. Para estimular o consumo pelos bezerros,
pode-se colocar bicarbonato de sódio, 200g/ 400 litros de colostro fermentado.
Aleitamento Natural
O aleitamento natural em que o bezerro obtêm sua dieta líquida através
da amamentação é uma prática muito comum. Como vantagens, há o melhor
desempenho dos bezerros quando comparados com animais aleitados
artificialmente, menor incidência de distúrbios gastrintestinais, redução na
incidência de mastites nas vacas e redução na mão-de-obra. Como
desvantagens tem-se o elevado custo quando não há controle da ingestão de
leite pelo bezerro e também a ação negativa sobre a vida reprodutiva da vaca,
retardando o aparecimento do primeiro cio pós-parto. A intensidade da
amamentação influencia o anestro pós-parto. Vacas que amamentam seus
bezerros ad libitum apresentam intervalos parto-primeiro cio mais longos do
que vacas que amamentam por 30 minutos/dia (116 vs. 69 dias,
respectivamente, Matos, 1995).
9
Com a intenção de aproveitar as vantagens que o aleitamento natural
proporciona, algumas práticas de manejo têm sido desenvolvidas, como por
exemplo o controle do aleitamento (com horário ou acesso a 1/4 do úbere).
Quantidades Restritas de Leite
Os bezerros podem ser criados com quantidades restritas de leite,
fornecidos em baldes ou mamadeiras, sem diferenças no desempenho ou na
taxa de mortalidade. Alguns autores recomendam não fornecer mais do que 4
kg de leite por dia, para os bezerros, possibilitando assim o consumo de
alimentos sólidos (concentrado) diminuindo o risco de distúrbios intestinais.
O fornecimento do leite contribui com grande parte do trabalho exigido
na criação das bezerras e a frequência deste fornecimento tem efeito direto
sobre a mão-de-obra gasta na alimentação. Alguns autores citam que o
fornecimento do leite uma vez ao dia, a partir da 2ª semana de idade, reduz o
trabalho sem afetar o desempenho e, estimulam o consumo de concentrado.
Exemplo na Tabela abaixo:
Tabela 3. Ganho de peso de bezerros criados à pasto, recebendo 3 ou 4 kg de
leite uma ou duas vezes ao dia (Matos, 1995).
Leite/animal/dia Nº de vezes/dia GDM (0-8 semanas)1 GDM (0-22 semanas)
3 kg 1 0,341 0,416
3 kg 2 0,252 0,388
4 kg 1 0,383 0,486
4 kg 2 0,318 0,452
1
 Período de aleitamento.
Fornecendo água: água limpa e fresca deve estar disponível durante todo o
tempo. O consumo de alimento sólido é estimulado pelo consumo de água.
Alimento sólido (seco): como os produtos finais da digestão de carboidratos
(butirato, propionato e acetato) são os responsáveis pelo desenvolvimento
funcional do rúmen é interessante fornecer um alimento sólido de qualidade o
mais cedo possível. Ser bem consumido, que fermente rapidamente no rúmen
10
e que supra os nutrientes necessários são as qualidades desejadas de uma
ração inicial de bezerros.
Aspectos importantes: a) deve ter boa palatabilidade; b) preferencialmente
grosseiramente moído ou peletizado; c) manter sempre o alimento disponível e
fresco para os animais, iniciando com pequenas quantidades diárias; d) se
misturar com o feno usar em torno de 20% de feno + 80% da ração; e) o cocho
da ração não deve ser próxima da água porque ao beber a bezerra pode
espalhar e deixar pingar água dentro da ração; f) para estimular o consumo
de ração, pode-se colocar um pouco no balde quando a bezerra estiver
acabando de tomar o leite ou sucedâneo;
Desmame: pode ocorrer em torno de 60 dias. Animais que tenham sido criados
sem consumir alimento sólido sofrem mais ao desmame e podem ter uma
diminuição no desempenho com até perda de peso. Embora a idade, o
tamanho e a condição do animal sejam os parâmetros para o desmame, um
critério importante é a quantidade de alimento sólido sendo consumido (
em torno de 600 a 800 gramas/dia) e mantido esse consumo por um
período mínimo de 3 dias consecutivos, pode ser desmamado com bons
resultados. O desmame é estressante e outras práticas estressantes também
não devem ser feitas concomitantes.
Alimentação do desmame em diante: em torno de 10 dias após o desmame,
a bezerra pode ser movida para um grupo de animais de mesmo tamanho.
Durante essa fase, a ração pode ser fornecida à vontade até os 3 meses de
idade e, pode ser iniciada a troca para uma Ração de Crescimento. Se a ração
for limitada, deve haver espaço em cochos de forma que todos aos animais
recebam a sua parte. Os animais devem ter acesso a um feno ou uma
pastagem de boa qualidade.
11
Alimentação e Criação de Novilhas
Introdução
O objetivo básico da criação de novilhas é permitir que as mesmas
desenvolvam todo o seu potencial durante a lactação, a uma idade desejada,
com o mínimo custo. Então, o sucesso do programa de criação das novilhas é
medido pelo desempenho das mesmas durante a 1ªlactação.
Em muitas propriedades o manejo de novilhas, após o desmame, torna-
se um desafio porque elas são tratadas como animais de menor prioridade no
rebanho já que têm menor impacto sobre a receita da propriedade, quando
comparadas com as vacas lactantes. Abaixo são mostrados alguns índices
desejáveis para avaliar a criação de novilhas em um rebanho leiteiro:
Tabela 1. Índices desejáveis na criação de novilhas do rebanho leiteiro
(Adaptado de Large Dairy Herd Management, 1992).
Medidas Holandês Cruzas
Mortalidade até 3 meses (%) 5 5
Ganho de peso/dia do nascimento-puberdade (kg) 0,8 0,5
Idade ao acasalamento (meses) 14 a 16 16 a 18
Peso ao acasalamento (kg) 350 a 380 300 a 320
Idade ao 1º parto (meses) 23 a 25 25 a 27
Peso ao 1º parto (kg) 540 a 580 410 a 430
Condição corporal ao parto (de 1 a 5) 3,5 3,5
Exigências Nutricionais
Como as exigências nutricionais variam consideravelmente com o
aumento de tamanho dos animais, um aspecto importante é o agrupamento
dos animais para otimizar a alimentação. Este agrupamento irá depender do
tamanho do rebanho e das instalações disponíveis. O objetivo é minimizar a
variação das exigências nutricionais dentro do grupo para manter a eficiência.
Conforme mostrado abaixo, sugere-se os seguintes agrupamentos:
12
Tabela 2. Agrupamento de animais em função do peso vivo e da idade
(Adaptado de Large Dairy Herd Management, 1992).
IDADE (MESES) PESO VIVO (kg)
2 a 5 80 a 140
6 a 10 141 a 245
11 a 14 246 a 350
Em Acasalamento 351 a 400
Acasaladas (Prenhes) 400 a 560
Recém Paridas 560 a 600
(2 a 14 meses): a meta principal com esse grupo é completar a transição de
uma dieta líquida para o consumo de alimentos sólidos, de forma a manter um
crescimento adequado para garantir o acasalamento na idade desejada. A
habilidade para controlar o ganho de peso durante essa fase é crítica para o
sucesso. Um inadequado programa de alimentação irá resultar em baixos
ganhos de peso e consequentemente em um atraso no início da puberdade, no
1º acasalamento e do 1º parto. Entretanto o inverso poderá inibir o
desenvolvimento da glândula mamária e diminuir permanentemente a
capacidade de produzir leite.
Este grupo de animais está sujeito à muito estresse porque está
mudando de dieta, há animais diferentes vivendo em conjunto. Sugere-se um
concentrado contendo em torno de 16% de PB e 75% de NDT (em base
original). Uma vez que o consumo esteja em torno de 1,4 a 2,3 kg/dia, pode-se
passar a fornecer um concentrado menos nutricionalmente denso. Deve ser
fornecido uma forragem de boa qualidade e silagem não deve ser fornecida até
os 4 a 6 meses porque nessa idade os animais podem não gostar da
palatabilidade. Quando os animais atingem em torno de 5 a 6 meses e daí até
os 12-14 meses, a concentração de proteína, energia e outros nutrientes
diminuem mesmo para os animais alcançarem ganhos razoáveis. É importante
manter o ganho de peso uniforme para que os animais sejam acasalados à
idade desejada.
13
O Crescimento
Compreende uma série de transformações em tamanho e estrutura
pelos quais os indivíduos passam até atingirem a idade adulta. O animal cresce
devido a herança genética, em função da ação de hormônios e pela ação de
fatores externos, como a alimentação e nutrição.
A curva de crescimento de bovinos em relação à idade, tem a forma
sigmóide e apresenta duas fases, conforme a Figura 4 (Adaptada de Silveira &
Domingues, 1995): a) uma de aceleração, desde a fecundação até a
puberdade; b) outra de desaceleração desde a puberdade até a maturidade.
Entretanto, o corpo não cresce como uma unidade; existem diferenças
de crescimento entre tecidos e órgãos, com relação ao tamanho, desde o
nascimento até à maturidade. Portanto devemos ter em mente que a nutrição e
alimentação de um bovino jovem deve satisfazer as suas exigências de forma a
priorizar o desenvolvimento de cada tipo de tecido (Figura 5, adaptada de
Silveira & Domingues, 1995).
14
Se por qualquer motivo ocorrer um regime de fome ou de restrição
alimentar durante o crescimento, deve-se tentar evitar que este prejudique o
desenvolvimento dos tecidos nervoso e ósseo, respectivamente, podendo
afetar em parte o tecido muscular (Figura 6, adaptada de Silveira & Domingues,
1995).
A velocidade de desenvolvimento das bezerras pode ser influenciada por
questões econômicas, que por sua vez estão na dependência do mercado, dos
custos de alimentação e da finalidade da exploração.
(Em acasalamento): a meta é mantê-las de forma segura, de preferência
separadas até o diagnóstico de prenhez. Sugere-se que as novilhas entrem
15
para esse grupo em torno de 3 meses antes do acasalamento, para que possa
ser feito observações de cio, permitindo a identificação de animais com
problemas. A taxa de ganho ideal deve ser em torno de 900 gramas de forma a
fazer com que manifestem sintomas de cio e possam conceber. A manutenção
das novilhas em acasalamento com o rebanho em lactação não é
aconselhável. As dietas de vacas em lactação são mais densas em nutrientes o
que pode levar os animais a engordarem excessivamente e a um
desenvolvimento insatisfatório do úbere, prejudicando a lactação.
(Novilhas Acasaladas): a meta é fazer com que alcancem o peso e uma boa
condição corporal ao parto (Tabela 1). A taxa de ganho nessa fase não
necessita ser uniforme e os ganhos podem flutuar sem influenciar o
desenvolvimento fetal e o desempenho, desde que tenham uma condição
corporal e tamanho adequados, ao parto. Pastagens bem manejadas podem
ser utilizadas e o fornecimento de concentrados pode ser diminuído.
(Recém Paridas): 1 a 2 meses antes da data prevista deve-se começar a dar
mais atenção ao manejo da alimentação dos animais. A meta é alcançar uma
boa condição corporal ao parto e começar a adaptar os animais à dieta dos
animais em lactação (tanto a forragem como o concentrado) para garantir uma
transição tranquila e estimular o aumento do consumo de alimento e
consequentemente um bom pico de produção. O uso de um concentrado que
adequadamente complemente a forragem, para animais em pastejo ou, o
ajuste da dieta total para animais estabulados, são fundamentais para o bom
desempenho.
Lotes Somente de Novilhas: Benefícios: o agrupamento de animais de
acordo com as exigências nutricionais pode diminuir a variação no consumo de
matéria seca entre animais, dentro de um mesmo grupo (Figura 7, NRC Gado
Leiteiro, 2001). Diferenças no consumo total e no padrão de consumo de
matéria seca, entre novilhas e vacas: a) novilhas não têm o pico de consumo
de matéria seca tão cedo como vacas multíparas, mas têm um consumo mais
persistente; b) com relação à hierarquia social, novilhas são mais tímidas e de
menor ranquiamento social; c) vacas mais velhas ou maiores são dominantes
16
e, ao chegarem no cocho e gastam mais tempo ingerindo alimento, quando
comparadas com novilhas; d) vacas socialmente dominantes não são
necessariamente as maiores produtoras e tendem a consumir mais alimento
quando a área de cocho é pequena;
Padrões de Desempenho de Novilhas, Taxas de Crescimento e Lactação
A idade e o peso ao 1º parto são importantes em determinar quão bem
elas irão produzir nas lactações futuras. Assim, a criação das novilhas deve ser
feita de forma a garantir que as mesmas expressem todo o seu potencial
produtivo na lactação, ao menor custo possível. Para isso é preciso: a) que os
animais tenham um crescimento normal, com uma taxa de mortalidade baixa;
b) haja um adequado crescimento da glândula mamária e que tenham um bom
peso à 1ª parição; c) tenham um alto desempenho reprodutivo. Cada animal
tem o potencial genético para a lactação e a completa expressão desse
potencial pode ser afetada pelas taxas de crescimento até o 1º parto. Como o
crescimento pode ser controlado e então, a idade e o tamanho das novilhas ao
acasalamento e ao 1º parto, há interesse em conhecer como as taxas de ganho
afetamo desempenho produtivo.
Efeitos da Idade e do Peso à Primeira Parição: as novilhas devem parir com
24 meses. Essa idade é desejada porque ela maximiza a vida produtiva do
animal considerando-se uma lactação em torno de 300 a 310 dias. Quanto
mais cedo uma novilha entra em produção, mais descendentes deixará no
17
rebanho, podendo-se ter uma alta pressão de seleção e maior será a sua vida
produtiva.
Há uma relação positiva entre o tamanho corporal ao 1º parto e a
produção de leite na 1ª lactação. Estudos indicam uma produção de leite maior
(em torno de 900 kg de leite em uma lactação de 305 dias) para novilhas da
raça Holandês pesando em torno de 620 a 650 kg contra àquelas pesando 420
kg.
Taxas de Crescimento e Padrões: o crescimento é uma função flexível de
forma que é possível acelerar ou diminuir as taxas de crescimento das
novilhas, com diferentes planos de alimentação, sem afetar o tamanho adulto.
Há vários aspectos relacionados à alimentação das novilhas e esse efeito pode
ser sentido de diferentes formas. Por exemplo, a idade em que as novilhas
alcançam a puberdade é inversamente relacionada ao plano nutricional, assim
a mesma pode ser acelerada ou atrasada. As novilhas alcançam a puberdade
com 40 a 50% do peso adulto e o atraso pode ser muito grande quando criadas
em dietas que permitam ganhos de peso muito baixos. Aconselha-se um ganho
de peso entre 500 e 800 gramas/dia para que possam ser acasaladas em torno
de 14 a 16 meses com a parição em torno de 24 meses.
Crescimento Mamário: a glândula mamária é parte do sistema reprodutivo e é
afetada pelo nível de alimentação dos animais. O tipo de crescimento da
glândula mamária podem afetar a capacidade de produção de leite das
novilhas. Os principais fatores determinantes são: a) o número de células
secretoras na glândula desenvolvida; b) a capacidade de síntese de leite
dessas células e; c) a capacidade de ingestão de nutrientes e a partição
desses nutrientes entre a glândula mamária e outros órgãos para garantir altos
níveis de produção de leite. Sabe-se que a glândula mamária passa por 3
diferentes fases de crescimento: 1) do nascimento aos 3 meses (± 90 a 100 kg)
onde vemos que o parênquima (tecido secretor) cresce na mesma proporção
do restante do corpo (crescimento isométrico); 2) entre 3 e 9 meses (90 a 280
kg) ou seja, imediatamente antes do alcance da puberdade, o parênquima
cresce mais do que o resto do corpo (crescimento alométrico); 3) após a
puberdade o crescimento da glândula mamária volta a ser isométrico até a
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novilha tornar-se prenha quando por efeito hormonal o crescimento torna-se
alométrico novamente. O tipo de crescimento mamário que ocorre entre 3 e 9
meses (pré-puberdade) é extremamente importante e influenciará o
desempenho na lactação.
A subalimentação leva a um aumento da idade à puberdade e
consequente 1ª parição mais tardia ou ao acasalamento com menor peso.
Novilhas muito leves podem ter cios silenciosos ou menos intensos tornando
mais difícil a detecção, mesmo havendo ovulação e, são mais sujeitas a
problemas durante o parto (distocia), com comprometimento das próximas
lactações por possuírem glândulas mamárias menores.
Novilhas de reposição nunca devem ser alimentadas para tornarem-se
gordas , em qualquer época do crescimento. Novilhas que parem cedo mas
são gordas têm desempenhos ruins na lactação. Altas taxas de ganho entre os
3 e 9 meses (pré-púbere) podem resultar em grandes úberes que possuem
mais tecido gorduroso e menos tecido secretor (parênquima vide Tabela
abaixo). O maior ganho de peso das novilhas em um plano nutricional elevado
leva há uma alteração no crescimento alométrico desta fase, afetando o
crescimento do tecido secretor (parênquima). Outros estudos mostram que
maiores taxas de crescimento em novilhas na fase pós-púbere ou durante a
gestação, não têm efeito negativo sobre o desenvolvimento mamário.
Tabela 3. Efeito da taxa de crescimento de novilhas da raça Holandês sobre o
desenvolvimento da glândula mamária (adaptado de James & Collins, 1992).
Medidas Normal Alta
Idade ao início do experimento (meses) 7,4 7,0
Peso ao início do experimento (kg) 178 170
Idade à puberdade (meses) 10,8 9,7
Idade ao abate (meses) 14,9 10,9
Peso ao abate (kg) 317 322
Peso Total da Glândula Mamária (kg) 1,7 2,2
% de Tecido Secretor (Parênquima) 38 22
% de Gordura 62 78
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Recria a pasto
Pastos de excelente qualidade e bem manejados podem suprir os
nutrientes para o crescimento das novilhas, desde que uma mistura mineral
esteja sempre à disposição. A suplementação volumosa na época seca deve
pode ser feita com forragens verdes picadas, cana-de-açúcar adicionada com
1% de uréia, silagens ou fenos. Para o fornecimento de volumosos em cochos
é necessário minimizar a competição por alimento entre os animais manejados
em grupos, para isto, é importante propiciar aos animais área de cocho
suficiente, permitindo que todos tenham chance de se alimentar.
O fornecimento de concentrado às novilhas é dependente da idade, da
qualidade do alimento volumoso utilizado e do plano de alimentação adotado.
Em geral, até os seis meses é necessário o fornecimento de 1 a 2 kg de
concentrado com 16% de proteína bruta e 66% de NDT.
Recria em confinamento
Neste sistema, os alimentos são levados às novilhas que permanecem
confinadas todo o tempo, sem acesso a pasto. Elas podem receber, no cocho,
forrageira verde picada e/ou silagem e/ou feno. Uma mistura mineral deverá
estar sempre à disposição, em cochos separados, independente do volumoso
utilizado.
Ao se fornecer dietas à base de silagem de milho para novilhas, deve-se
observar a necessidade de suplementação protéica, se não foi utilizada a uréia
ou outra fonte de nitrogênio não protéico no momento da ensilagem. Às vezes,
é necessário limitar o consumo da silagem para evitar que as novilhas fiquem
obesas.
Um feno de excelente qualidade é, sem dúvida, o melhor alimento para
as novilhas mantidas sob confinamento e, pode constituir-se no único alimento
para esta categoria animal. A mistura em partes iguais (na base da matéria
seca) de feno e silagem de milho pode ser considerada como um alimento
bastante adequado para esta categoria animal, quando em confinamento.
Também em sistemas de criação de novilhas confinadas, de raças
especializadas para produção de leite, recomenda-se o fornecimento de
concentrado durante toda a fase de recria. Tudo vai depender do ganho de
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peso desejado durante esta fase. É importante ter sempre em mente que os
extremos, sub e superalimentação, devem ser evitados.
Água
As novilhas devem ter à sua disposição água fresca e limpa diariamente.
Monitore o crescimento das novilhas
O monitoramento do desenvolvimento das novilhas é através do
acompanhamento do ganho de peso mensalmente. Dos 80-90 kg de peso vivo
até a puberdade elas não devem ganhar mais do que 900 g por dia. Após a
puberdade, ganhos superiores a este são admitidos, mas deve-se evitar que as
novilhas fiquem obesas. O crescimento das novilhas pode ser feito através de
pesagem ou pela condição corporal das mesmas. Numa escala de 1 a 5 (1 =
magra e 5 = obesa), as novilhas devem apresentar escore igual a 3. Registre
em ficha individual os pesos e quaisquer problemas ocorridos com as novilhas.
Referências:
Large Dairy Herd Management, 1992.
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