Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
3. MISTURA DE GASES Lei das Pressões Parciais Muitos gases que são encontrados em química e na vida cotidiana são misturas. John Dalton observou que gases diferentes, que não reagem entre si, em uma mistura exercem pressão nas paredes do recipiente independentes uns dos outros. Isto quer dizer que a pressão exercida por uma mistura gasosa é a soma das pressões que os gases exerceriam, se cada um estivesse sozinho no recipiente. Dalton, então, enunciou a sua Lei das Pressões Parciais, também baseado em observações experimentais: “A Pressão Total de uma mistura de gases é a soma das Pressões Parciais de seus componentes.” Onde Pressão Parcial foi definida por Dalton como a pressão que cada gás exerceria se fosse o único gás no recipiente. . OBS: A Lei de Dalton é rigorosamente obedecida pela maioria das misturas gasosas, desde que os gases não reajam entre si. Exemplo: 1,00 grama de cada um dos gases H2, O2 e N2 foram colocados em um recipiente de 10 L a 125 ºC. Considerando comportamento ideal. Pode-se calcular a pressão total da mistura gasosa. Pode-se perceber que: . A pressão total depende somente do número total de mols presentes no recipiente, independente da natureza das espécies químicas. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: MISTURA DE GASES — Aplicação da Lei de Dalton: Gases coletados sobre água — Os gases preparados em laboratório são muito freqüentemente coletados sobre água. Um gás coletado desta maneira torna-se contaminado com moléculas de água que evaporam ® gás úmido. Essas moléculas de água que evaporam também exercem uma pressão, chamada Pressão de Vapor da Água (PVH2O). As moléculas de água continuam a evaporar até que a pressão de vapor atinja um valor máximo que corresponde à situação em que se estabelece o equilíbrio entre vaporização e condensação. Este valor depende somente da temperatura da água e é rapidamente atingido. Os valores de PVH2O encontram-se tabelados em função da temperatura. A Pressão de Vapor da Água contribui para a pressão total do “gás úmido” e pode-se escrever: . Se o nível da água dentro e fora do frasco de recolhimento é o mesmo, então a pressão gasosa dentro do frasco deve ser a mesma de fora do frasco, que é a Pressão Atmosférica. Logo: . Se o nível da água dentro e fora do frasco de recolhimento não é o mesmo, deve-se levar em conta a Pressão Hidrostática da coluna de água, lembrando que: 1 mm Hg = 13,6 mm H2O. . Exemplo: 0,157 gramas de um gás foi coletado sobre água e ocupa um volume de 135 mL a 25 ºC e 745 mm Hg. Considerando comportamento ideal, pode-se calcular a masa do gás coletado. 4. Difusão e Efusão Lei de Efusão de Graham Difusão: é a dispersão gradual de um gás em outro gás. Efusão: é a fuga de um gás sob pressão para o vácuo (ou para um meio com menor pressão) através de um orifício muito pequeno. Um químico escocês Thomas Graham (no século XIX) fez uma série de experimentos sobre a velocidade de efusão dos gases e descobriu que, à temperatura constante, a velocidade de efusão de um gás é inversamente proporcional à raiz quadrada de sua massa molar, ou seja: . Esta relação é conhecida como a Lei de Efusão de Graham e também é uma lei baseada em resultados experimentais. OBS: Esta lei também é válida para Difusão mas é mais utilizada em processos de Efusão. Comparando as velocidades de efusão de dois gases A e B, se obtém: . Dividindo a velocidade de efusão de A pela de B, obtemos: . É fisicamente aceitável que a velocidade de efusão seja proporcional à velocidade média das moléculas no gás. Portanto a Lei de Graham sugere que a velocidade média das moléculas em um gás é inversamente proporcional à raiz quadrada da massa molar do gás. Então: . Exemplo: A velocidade de efusão de um gás X através do buraco da agulha de uma seringa é 0,279 vezes a velocidade de efusão do gás H2 nas mesmas condições. A partir destes dados pode-se calcular a massa molar do gás X. Um processo de separação de gases se baseia na Lei de Efusão de Graham. Um recipiente contendo uma mistura de gases sob pressão foi conectado a um longo (muito longo) capilar de vidro em espiral. Quando se abre a válvula de escape, vai efundir mais rapidamente o gás mais leve, o qual pode ser recolhido na extremidade do capilar. Por último deve sair o gás mais pesado. Quanto maior o comprimento do capilar, melhor o processo de separação. Será coletado primeiro o gás com menor massa molar e em seguida o com maior massa molar. 5. Teoria Cinético-Molecular dos Gases Até agora foram discutidas as propriedades mais importantes dos gases ideais. Estas propriedades estão resumidas no enunciados das Leis dos gases vistas anteriormente as quais foram formuladas a partir de resultados experimentais. Mas por que os gases se comportam desta maneira? A Teoria Cinético-Molecular dos Gases fornece um modelo para o estado gasoso o qual explica estas observações experimentais de maneira adequada. Esta teoria se baseia nos seguintes postulados: 1) Um gás é formado por um grande número de partículas muito pequenas que tem volume desprezível e que estão separadas por distâncias muito grandes. Portanto, os gases são essencialmente vazios. OBS: Este postulado explica a compressibilidade dos gases: é o espaço vazio que diminui quando o gás é comprimido. 2) As forças de atração ou repulsão entre as partículas gasosas (forças inter- moleculares) são desprezíveis. As partículas são independentes entre si. OBS: Explica o fato de que mesmo em gases altamente comprimidos, o reservatório que contém o gás é completamente preenchido. Explica a Lei de Dalton: se as partículas não interagem entre si, cada gás comporta-se como se fosse o único no recipiente. 3) As partículas gasosas estão em constante movimento rápido, retilíneo, ao acaso e com velocidades diferentes e variáveis.Suas trajetórias somente são interrompidas quando ocorre uma colisão com outra partícula ou com a parede do recipiente. Este movimento chama-se Movimento Browniano. Figura Representando o Movimento Browniano Isto explica o fato de que todas as propriedades dos gases que dependem do movimento das partículas (como pressão), são uniformes em todas as direções. 4) Quando as partículas gasosas colidem umas com as outras, as colisões são perfeitamente elásticas, ou seja, as colisões ocorrem sem perda (ou ganho) de energia cinética do par de partículas que colide. Pode haver transferência de energia cinética de uma partícula para a outra durante a colisão, mas a energia cinética total do par que colide permanece inalterada. OBS: Explica o movimento contínuo das partículas que “quicam” umas com as outras como esferas rígidas. Se as colisões não fossem elásticas, resultariam em decréscimo de energia cinética das partículas a cada colisão. Haveria diminuição da velocidade a cada colisão (Ecinética = ½ . mv2), o que significaria que a velocidade das partículas diminuiria até que estas se depositassem no fundo do recipiente, o que certamente não ocorre. Colisão elástica: Pode ser exemplificada como a colisão de duas esferas rígidas de metal. Colisão não elástica:Pode ser exemplificada como a colisão de duas esferas pegajosas 5) O número de partículas existentes por unidade de volume de um gás a Temperatura e Pressão constante é sempre o mesmo e independe da natureza química do gás. 6) A pressão de um gás é resultado das colisões entre as partículas do gás e as paredes do recipiente. Sabe-se que: Quando as partículas colidem com as paredes do recipiente, cada uma delas exerce uma força sobre aquela parede. A força total por unidade de área (pressão) está relacionada com: -A força de cada colisão das partículas individualmente; -A freqüência de colisões com a parede. Logo, um aumento de pressão pode ser explicado por um aumento tanto da força como da freqüência das colisões partícula/parede. Princípio de Avogadro: Se n , as partículas ficam mais compactadas e aumentam a freqüência de colisões se V = constante. O que aumentaria seria a P. Para P = constante, é preciso que V diminua quando n é constante. Este postulado explica, então: A Lei de Boyle: Se V ¯ , as partículas ficam mais compactadas e ocorre um aumento da freqüência das colisões com a parede. Logo P aumenta. 7) Em uma amostra gasosa as partículas possuem individualmente energias cinéticas diferentes. No entanto, a energia cinética média de todas as partículas coletivamente é diretamente proporcional à Temperatura absoluta do gás: Ecinética média a T Este postulado fornece o significado da Temperatura sob o ponto de vista molecular. A energia cinética média de qualquer gás na mesma temperatura é igual. Este postulado explica, então: A Lei de Efusão de Graham: A Lei de Gay-Lussac: Se T , a Ecinética média . Com isso, as partículas colidem com mais força contra as paredes do recipiente. Se V = constante, então P quando V . E a Lei de Charles: Se T , a Ecinética média e com isso, a força das colisões partícula parede aumenta. Para P = constante, é preciso que V a fim de que a freqüência de colisões diminua para compensar o aumento da força das colisões. Com estes postulados, o modelo proposto pela teoria cinética dos gases é capaz de demonstrar que: Este resultado importante permite calcular a raiz quadrada da velocidade média quadrática das moléculas de qualquer gás a qualquer temperatura. Exemplo: Determinar a raiz quadrada da velocidade média quadrática das moléculas de oxigênio no ar a temperatura de 25 ºC. Distribuição de Velocidades Moleculares Em uma amostra gasosa nem todas as moléculas possuem a mesma velocidade. Sempre existirá uma fração de moléculas mais lentas e uma fração de moléculas muito velozes. Além disso, uma única molécula sofre várias mudanças de velocidade e direção a cada segundo devido à grande variedade de tipos de colisões. Desta forma, representa apenas a raiz quadrada da média dos quadrados das velocidades de todas as moléculas da população gasosa. O matemático e físico austríaco Ludwig Boltzmann e o cientista escocês James Clerk Maxwell estabeleceram rigorosamente uma fórmula para a descrição precisa da distribuição de velocidades moleculares. Sua dedução foi baseada em fundamentos puramente teóricos, porém tem sido confirmada por várias experiências. A expressão matemática para a função de distribuição de velocidades moleculares é bastante complexa, mas a curva resultante desta função tem o formato mostrado na figura que segue. Essas curvas são chamadas de Curvas de Distribuição de Maxwell- Boltzmann para velocidades moleculares. Pode-se observar que a curva obtida é assimétrica. O valor que corresponde à maior fração é o que se chama velocidade mais provável (vp). Devido à assimetria da curva, a velocidade mais provável não é idêntica à raiz quadrada da velocidade média quadrática . = 1,224. vp > vp pois sempre existe uma fração pequena de moléculas com altíssima velocidade, o que desloca para a direita. A função matemática desenvolvida por Maxwell e Boltzmann mostra que a curva depende da massa molar do gás em questão e da temperatura. A figura mostra as curvas obtidas para moléculas de diferentes gases na mesma temperatura. Observa-se que quanto maior a massa molar, menor a raiz quadrada da velocidade média quadrática e mais estreito o intervalo de velocidades. Para uma mesma T, todos os gases tem uma mesma Ecinética média. Pode-se concluir que quanto maior a massa molecular e, por consequência, a massa molar, menor a velocidade média quadrática para um mesmo valor de Ecinética média. A figura mostra as curvas obtidas para moléculas de um mesmo gás em diferentes temperaturas. Observa-se que quanto mais alta a temperatura, maior a raiz quadrada da velocidade média quadrática e mais largo o intervalo de velocidades. Sabe-se que aumentando T, a Ecinética média aumenta e, portanto, aumenta a velocidade de todas as moléculas o que é retratado pelo valor da raiz quadrada da velocidade média quadrática. OBS: Podem ser obtidas curvas de distribuição com formato semelhante quando se trata de Distribuição de Energias.. cinéticas Moleculares. Neste caso, as curvas de distribuição dependem da temperatura, mas não dependem da massa molar do gás.
Compartilhar