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Breve histórico da agropecuária As atividades agropecuárias como o plantio, a criação de animais, a produção de fibras, alimentos e energia permanecem como um dos principais elos que ligam o homem ao meio ambiente. Foi ainda na pré-história, na transição do período Paleolítico e suas populações nômades para o período Neolítico, que se iniciaram novos relacionamentos entre os seres humanos e a natureza, com destaque para a agricultura, um dos mais importantes avanços na história da humanidade. Segundo Savelle (1990), não se pode afirmar com precisão quando e onde os homens começaram a cultivar plantas, mas com toda a certeza o mérito é do homem Neolítico, que, em algum momento, percebeu que as raízes e plantas que recolhia em sua vida nômade cresciam mais abundantemente em certos locais. Os tipos de plantação eram variados, mudando de acordo com o tipo de região em que a agricultura era praticada. O impacto do surgimento da agricultura foi evidente, onde pela primeira vez o homem pôde influenciar na disponibilidade dos alimentos. Os primeiros núcleos populacionais que praticaram este tipo de atividade, bem como a domesticação dos primeiros animais, surgiram, provavelmente, nas regiões que compreendem a Mesopotâmia, o Egito e a área habitada pelos hebreus, que, atualmente, corresponde ao Oriente Médio, há cerca de 8.000 a.C. Na fase conhecida como Primeira Revolução Agrícola, por volta dos séculos XVII e XIX, intensificou-se na Europa a adoção de sistemas de rotação de culturas com plantas forrageiras, e as atividades de pecuária e a agricultura se integram. Esse fato se deu pelo crescimento populacional e pela queda da fertilidade dos solos utilizados após sucessivas culturas no continente europeu. No final do século XIX e início do século XX, o problema crônico de escassez de alimentos na Europa levou a uma série de descobertas científicas e ao desenvolvimento tecnológico: fertilizantes químicos, melhoramento genético, máquinas e motores a combustão. Estas descobertas possibilitaram o progressivo abandono das antigas práticas, levando a uma especialização dos agricultores tanto nas culturas quanto nas criações. Essa nova fase nos sistemas agropecuários é chamada de Segunda Revolução Agrícola, em que a forma de conceber e gerenciar a atividade rural passa a ser chamada de Agricultura Industrial, Agricultura Convencional ou Agricultura Química (EHLERS, 1996). A partir da Primeira Guerra Mundial, as indústrias químicas e mecânicas emergentes intensificaram a produção de insumos agrícolas. A agricultura passa a depender cada vez menos dos recursos locais, e cada vez mais dos tratores, colheitadeiras, arados, agrotóxicos e ração animal produzidos pela indústria. A indústria passa a transformar produtos provenientes da agricultura, industrializando, acondicionando e distribuindo uma parte crescente da produção agrícola, tudo isso aliado aos avanços nos processos de transporte e conservação de produtos agrícolas (OLIVEIRA JUNIOR, 1989). Segundo Marcatto (2011) todas estas transformações, aliadas às conquistas da pesquisa nas áreas química, mecânica e genética, bem como o fortalecimento do setor industrial voltado para a agricultura, culminaram, no final da década de 60, início da década de 70, em um novo processo de transformação profunda da agricultura mundial, conhecido como Revolução Verde. Conforme Crouch (1995) o termo Revolução Verde é usado para identificar o modelo de modernização da agricultura mundial, baseado no princípio da intensificação através da especialização. O modelo tem como eixos a monocultura e a produção estável de alimentos, principalmente arroz, trigo e milho. O “pacote tecnológico” da Revolução Verde envolve tecnologias como: motomecanização, uso de variedades vegetais geneticamente melhoradas, fertilizantes de alta solubilidade, pesticidas, herbicidas e irrigação. Neste período algumas correntes de pensamento afirmavam que o crescimento econômico e os padrões de consumo, nos níveis da época, não eram compatíveis com os recursos naturais existentes. Uma das ideias centrais era a de que os seres humanos não só estavam deliberadamente destruindo o meio ambiente, exterminando espécies vegetais e animais, como também colocando sua própria espécie em risco de extinção (Ehlers, 1995). Nesse processo de discussão se esboça o conceito de Agricultura Sustentável, que segundo Reijntjes et al (1992) pode ser definida como uma agricultura ecologicamente equilibrada, economicamente viável, socialmente justa, humana e adaptativa. A atividade agrícola foi predominante para as economias por milhares de anos antes da revolução industrial. Sua importância não diminui nem mesmo com o surgimento de fábricas nem com a chegada de uma era digital, pois se trata de produzir alimentos, indispensáveis à vida. xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx A exploração da capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas caracteriza as atividades econômicas das entidades rurais. As atividades rurais podem ser exercidas de várias formas, desde o cultivo para a própria sobrevivência, até a exploração por grandes empresas dos setores agrícolas, pecuários e agroindustriais. Dentre as atividades rurais mais comuns destacam- se a exploração das atividades agrícolas, pecuárias, a extração e a exploração vegetal e animal, a exploração da apicultura, avicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras de pequenos animais e o cultivo de florestas que se destinem ao corte para comercialização, consumo ou industrialização. Resumidamente, o campo de atividades das empresas rurais pode ser dividido: • Produção vegetal – atividade agrícola; • Produção animal – atividade zootécnica; • Indústrias rurais – atividades agroindustriais. I) A atividade agrícola divide-se em dois subgrupos: a) Culturas hortícolas e forrageiras: - cereais (soja, arroz, feijão, aveia, trigo...); - hortaliças (verduras, tomate, berinjela, jiló...); - tubérculos (batata, cenoura, beterraba, inhame, mandioca ); - bulbos (cebola, alho...); - plantas oleaginosas (mamona, amendoim, girassol, azeitona...); - fibras (algodão, linho...); - especiarias (cravo, pimenta, canela...); - floricultura, forragem e plantas industriais. b) Arboricultura: - florestamento (eucalipto, pinho...); - pomares (maçã, laranja, pêra, manga...); - vinhedos, olivais, seringais, etc. II) Atividade Zootécnica (criação de animais) - apicultura (criação de abelhas); - avicultura (criação de aves); - sericultura (criação do bicho-da-seda); - cunicultura (criação de coelhos); - ranicultura (criação de rãs); - piscicultura (criação de peixes); - pecuária (criação de gado); - outros pequenos animais. III) Atividade Agroindustrial - beneficiamento de produtos agrícolas (arroz, café, milho, conservas...); - transformação de produtos agrícolas (cana-de-açúcar em álcool e aguardente, oleicultura, vinicultura, moagem de trigo e milho); - transformação de produtos zootécnicos (mel, laticínios, casulos de seda, adubos orgânicos).
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