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Serviço de Dermatologia e Curso de Pós-Graduação HUCFF-UFRJ e Faculdade de Medicina - Universidade Federal do Rio de Janeiro Juliany Estefan, Juliana Carnevale Pina, Thais Felix Dresch, Beatr iz Moritz Trope, Thiomy Akity Masculino, 39 anos, pardo, casado, motorista de ônibus, natural e residente de São Gonçalo, RJ. Informa surgimento de lesão no joelho esquerdo há 5 anos, com aumento progressivo. Refere já ter procurado outro serviço onde realizou biópsia incisional, sem ter sido recomendado qualquer tratamento. Nega prurido, dor ou drenagem de secreção da lesão. Ao exame dermatológico observamos placa eritematosa circular, bem delimitada, com superfície verrucosa, encimada por crostas, “crostículas” e pontos hemorrágicos, medindo aproximadamente 5 cm no maior diâmetro, localizada no joelho esquerdo. O hemograma e a bioquímica sérica foram normais. O exame histopatológico revelou processo inflamatório crônico associado a hiperplasia escamosa e denso infiltrado dérmico com numerosos plasmócitos. Não foram evidenciados microorganismos nas colorações pelo PAS e Grocott. Na cultura foram evidenciadas hifas finas, septadas com conídios em arranjo em "folha de margarida". Com o diagnóstico de esporotricose o paciente foi tratado com iodeto de potássio, por 3 meses, com involução total da lesão. Esporotricose é uma micose profunda, subaguda ou crônica, comum em nosso meio, causada pelo fungo dimórfico Sporothrix schenckii. Caracteriza- se por polimorfismo das lesões da pele e subcutâneo, com freqüente comprometimento dos vasos linfáticos adjacentes. Pode manifestar-se clinicamente das seguintes formas: cutâneo-linfática (forma mais comum), cutâneo-localizada (forma fixa), extracutânea (mucosa, óssea, ocular, articular), visceral e disseminada. O Sporothrix schenckii geralmente penetra no organismo por implantação traumática, mas inalação, aspiração ou ingestão do fungo também podem produzir a doença. A infecção é comum em regiões tropicais e subtropicais e, mais rara, nas regiões frias. Em muitos casos deve ser considerada doença profissional, destacando-se os trabalhadores que lidam com solo e vegetais contaminados. Não tem predileção por raça. Na maioria das vezes, é infecção benigna e limitada à pele e ao tecido celular subcutâneo, mas raramente pode se disseminar para órgãos internos. Pode ser doença primariamente sistêmica, tendo início pulmonar. A esporotricose verrucosa corresponde a uma das variantes da forma cutânea-localizada. Caracteriza-se por lesão única de forma e tamanhos variáveis, geralmente sem linfangite associada. Constitui um dos diagnósticos diferenciais da síndrome verrucosa (paracococcidioidomicose, leishmaniose, esporotricose, cromomicose e tuberculose). A esporotricose é a micose profunda/subcutânea mais comumente encontrada em áreas urbanas e rurais. Após a penetração do Sporothrix schenckii, desenvolve-se a imunidade celular, e surgem anticorpos. Defeitos imunológicos podem facilitar a disseminação cutânea e sistêmica. Apresenta-se com polimorfismo lesional. Apesar da forma cutâneo-linfática ser a mais comum, a forma vecurrucosa é de grande importância uma vez que faz diagnóstico diferencial com outras doenças prevalentes e de apresentação semelhante como: tuberculose, paracococcidioidomicose, cromomicose, sífilis, leshmaniose, carcinoma espinocelular, dentre outras. Nestes casos, o exame micológico, especialmente a cultura, é o padrão ouro para o diagnóstico deste caso, a cultura. Espo r o t r i co se Ve r r u co sa Relato de CasoIntrodução Discussão HUCFF-UFRJHUCFF-UFRJ dermatologia@hucff.ufrj.br Referências Bibliográficas 1. Azulay RD, Azulay DR. Dermatologia. 2 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1997:213-4. 2. Sampaio SAP, Castro RM, Rivitti EA. Dermatologia Básica. 3 ed. São Paulo: Artes Médicas, 1985:349-52. 3. Talhari S, Neves RG. Dermatologia Tropical. Rio de Janeiro: Medsi, 1995:167-83. 4. Fitzpatrick TB, Eisen AZ, Wolff K, et al. Dermatologia en Medicina General. 3 ed. Buenos Aires: Médica Panamericana, 1988:2516-7. 5. Ramos-e-Silva M, Vasconcelos C, Carneiro S, Cestari T. Sporotrichosis. Clin Dermatol 2007;25(2):181-7. 6. Donadel KW, Reinoso YD, Oliveira JC, et al. Esporotricose: revisão. An bras Dermatol 1993;68(1):45-52. Placa eritematosa, bem delimitada, com superfície verrucosa, encimada por crostas, “crostículas” e pontos hemorrágicos Hifas finas, septadas, com conídios em arranjo em "folha de margarida"
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