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Concurso de crimes

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Concurso de crimes: espécies e fixação da pena 
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Publicado por Matheus Henrique - 1 ano atrás 
15 
Matheus Henrique Padilha de Almeida[1] 
Resumo 
Assim como temos a possibilidade de várias pessoas concorrerem para um único 
crime, caso em que teremos o concurso de pessoas, também pode ser que uma 
pessoa pratique dois ou mais crimes, caso em que teremos o concurso de crimes. 
Quando uma ou mais pessoas praticam dois ou mais crimes, este concurso de 
crimes (concursus delictorum) pode ser de três espécies: concurso material, 
concurso formal ou crime continuado. O Código Penaltrata das espécies de 
concurso de crimes nos arts. 69 a 71. O concurso de crimes acaba tendo por 
consequência um concurso de penas. Quando se analisa as modalidades de 
concurso de crimes, vários sistemas tratam da aplicação das penas resultantes 
destes crimes 
Palavras-chave: Concurso. Crimes. Material. Formal. Continuado. 
Abstract 
Just as we have the possibility of several people competing for a single crime, in 
which case we will have the services of persons, can also be a person to practice two 
or more crimes, in which case we will contest crimes. When one or more persons 
engage in two or more crimes, crimes of this contest (concursus delictorum) can be 
of three kinds: tender material, formal tender or continuing offense. The Criminal 
Code deals with species accumulation of crimes in the arts. 69-71. The contest ends 
crimes with as a consequence contest feathers. When analyzing the modalities of 
accumulation of crimes, many systems deal with the application of the penalties 
resulting from these crimes 
Keywords: Open. Crimes. Material. Formal. Continued. 
Introdução 
No código penal, temos a possibilidade de várias pessoas concorrerem para um 
único crime, caso em que teremos o concurso de pessoas, também pode ser que 
uma pessoa pratique dois ou mais crimes, caso em que teremos o concurso de 
crimes. 
O escopo desde artigo tem por finalidade trazer considerações a respeito do 
concurso de crimes, seja o concurso material, concurso formal e também o crime 
continuado de maneira a tentar facilitar o entendimento sobre o tema. Explanará 
também no que tange aos requisitos, espécies e sistemas de fixação de penas em 
relação ao concurso de crimes. 
O seguinte artigo utiliza do método bibliográfico, tendo como base vários 
doutrinadores a exemplo de: Fernando Capez, Damásio de Jesus e outros não 
menos importantes do que os aqui citados. 
A principal fonte de pesquisa utilizada neste trabalho é o nossoCódigo 
Penal brasileiro, com ênfase aos artigos 69, 70 e 71 disposto no Código 
penal Brasileiro. 
1. Concurso de crimes 
1.1. Breve análise histórica do concurso de crimes 
As diversas modalidades existente sobre concurso de crimes não surgiram 
simultaneamente em nosso ordenamento jurídico brasileiro. A origem do concurso 
material foi prevista no Código Penal do império, no art. 61: 
Quando o réo fôr convencido de mais de um delicto, impôr-se-lhe-hão as penas 
estabelecidas nas leis para cada um delles; e soffrerá as corporaes, umas depois 
das outras, principiando, e seguindo da maior para a menor, com attenção ao gráo 
de intensidade, e não ao tempo da duração. 
Exceptua-se o caso de ter incorrido na pena de morte, no qual nenhuma outra pena 
corporal se lhe imporá, podendo sómente annexar-se áquella a pena de multa. 
(Código Criminal do Império do Brazil, Lei de 16 de Dezembro de 1830).[2] 
O Decreto 847 do Código Penal de 1890 trouxe a previsão do concurso formal e do 
material, e ainda trouxe de forma um pouco confusa uma breve previsão acerca da 
continuidade delitiva do agente, cuja a previsão foi aperfeiçoada por meio de 
alteração em 1923: 
Art. 66. Na applicação das penas serão observadas as seguintes regras: 
§ 1º Quando o criminoso for convencido de mais de um crime impor-se-lhe-hão as 
penas estabelecidas para cada um delles. 
§ 2º Quando o criminoso tiver de ser punido por mais de um crime da mesma 
natureza, commettidos em tempo e logar differentes, contra a mesma ou diversa 
pessoa, impor-se-lhe-ha no gráo Maximo a pena de um só dos crimes, com 
augmento da 6ª parte. 
§ 3º Quando o criminoso pelo mesmo facto e com uma só intenção, tiver commettido 
mais de um crime, impor-se-lhe-ha no gráo maximo a pena mais grave me que 
houver incorrido. 
§ 4º Si a somma accumulada das penas restrictivas da liberdade a que o criminoso 
for condemnado exceder de 30 annos, se haverão todas as penas por cumpridas 
logo que seja completado esse prazo. (Decreto Nº. 847 – De 11 de Outubro de 
1890)[3] 
Ainda no Direito Penal Brasileiro, o concurso de crimes sofreu uma alteração em 
1984, quando se tratou da reforma da Parte Geral doCódigo Penal. 
A origem da modalidade de continuidade delitiva é apontada pela doutrina como 
uma forma de afastar a pena de morte pelo terceiro furto cometido. Em artigo 
denominado “Notas sobre o crime continuado”, o Juiz Federal Ivan Lira muito bem 
aponta a ampla abordagem doutrinária acerca da origem do crime continuado: 
Conforme Cezar Roberto Bittencourt registra que o crime continuado deve a sua 
formulação aos glosadores (1100 a 1250) e pós-glosadores (1250 a 1450) teve suas 
bases lançadas efetivamente no século XIV, com finalidade de permitir que os 
autores do terceiro furto pudessem escapar da pena de morte. Os principais pós-
glosadores, Jacob de Belvisto, se discípulo Bartolo Ubaldis, bem lançaram as bases 
político-criminais do novo instituto, que posteriormente, foi sistematizado pelos 
práticos italianos dos séculos XIV e XVII. 
Edmundo Oliveira também contribui para a demarcação histórica do crime 
continuado: 
Este instituto é uma construção dos práticos medievais. No início da era moderna, o 
jurista italiano Prospero Farináccio (famoso defensor da romana Beatriz Cenci) 
sistematizou o regime continuado. Tratando de furto, sustentou que há somente um 
crime, e que não vários, quando alguém subtrai do mesmo local, em tempos 
distintos, mas continuados e sucessivos, uma ou mais coisas. No início do Século 
XIX, Anselmo von Feuerbach, notabilizado por haver abolido a tortura na Baviera, 
introduziu no Código bávaro figura do crime continuado. Em 1853, o Código da 
Toscana deu ao crime continuado a formulação dai por diante adotada com ligeiras 
variações, nos códigos modernos. 
Para sustentar ainda mais a argumentação de Edmundo Oliveira, podemos citar o 
exemplo em que um operador de caixa furta moedas todos os dias do caixa em que 
trabalha, logo, seria um furto sucessivo, ou seja, continuado, pois ele tem a vontade 
expressa de continuar praticando um delito da mesma espécie, porém, repartido por 
vários momentos. 
1.2. Conceito 
O concurso de crimes é um instituto criado pelo legislador para que o tempo de 
tramitação processual em relação os crimes cometidos por um mesmo agente ativo 
fosse diminuído significativamente, assim como a realização da fixação de pena, de 
maneira que, o agente pudesse ter sua sentença em somente um processo. 
Resumidamente, nas palavras de Fernando Capez, o conceito de concurso de crime 
é a “ocorrência de dois ou mais delitos, por meio da prática de uma ou mais 
ações”[4]. Para que o concurso de crimes possa acontecer, o agente deverá 
cometer mais de um crime mediante uma ou mais ação ou omissão. 
Por questões de política criminal, o concurso de crime é subdividido em três 
espécies sendo elas o concurso material (ou real, [art. 69 do C. P.]), o concurso 
formal (ou ideal, [art. 70 do C. P.]) e o crime continuado (art. 71 do C. P.). 
Os tipos de concursos admitidos no direito brasileiro são omaterial, que pode se 
dividir em homogêneo e heterogêneo; o formal, que pode ser dividido em próprio e 
impróprio; além do crime continuado. 
Existem algumas formas jurídicas para a aplicação das penas a cada tipo de 
concurso, sendo as formas: cúmulo material: determina a soma das penas aplicadas 
para cada um dos crimes; cúmulo jurídico: a pena aplicada deve ser superior às 
cominadas a cada um dos crimes; absorção: considera que a pena aplicada ao 
delito mais grave absorve a pena do delito menos grave; e exasperação: prevê a 
aplicação da pena mais grave, aumentada de determinadoquantum[5]. 
As formas adotadas pelo nosso Código Penal para aplicação das penas a cada tipo 
de concurso são os sistemas do cúmulo material e o da exasperação, em alguns 
casos, também encontramos o cúmulo material benéfico, sendo este um 
desdobramento para evitar um prejuízo maior ao agente, sempre que o sistema de 
exasperação for menos benéfico que o cúmulo material. 
1.3. Concurso material 
O concurso material ou real está inserido no Código PenalBrasileiro em seu 
artigo 69, onde trás a hipótese de haver o concurso de crimes material, conforme 
cita a seguir: 
Art. 69. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou 
mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de 
liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de 
reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. (Artigo com redação dada pela 
Lei n. 7.209/84). 
Em outras palavras, concurso material ou real é a prática de duas ou mais condutas 
dolosas ou culposas, omissivas ou comissivas, que produzindo um ou mais 
resultados, idênticos ou não, todas vinculadas a identidade do agente, não tendo a 
importância se foram produzidos os fatos na mesma ocasião ou em datas diferentes. 
A doutrina subdivide o concurso material com base em seu resultado. Segundo 
Fernando Capez em seu livro Código PenalComentado, 2012, “O concurso material 
será denominado homogêneo se os resultados produzidos forem idênticos (por 
exemplo: dois crimes de homicídio); e será heterogêneo se os resultados forem 
diversos (por exemplo: homicídio e lesão corporal).” Esta distinção em homogêneo e 
heterogêneo é apenas doutrinária, não tento importância em forma de fixação da 
pena. 
1.3.1 Aplicação da pena em concurso material ou real 
A aplicação da pena nesta hipótese de concurso, após ter sido cominada 
individualmente cada uma das penas, a aplicação é realizada pelo sistema adotado 
pelo Código Penal Brasileiro chamado cúmulo material, onde somam as penas 
cominadas a cada um dos crimes praticados em concurso. De forma exemplificada o 
esquema é da seguinte maneira: o agente que mediante duas condutas, cometeu o 
crime de roubo e recebeu pena de 6 anos de reclusão, e um homicídio qualificado e 
recebeu uma pena de 12 anos, terá as penas destes crimes somadas para iniciar o 
cumprimento. 
Em caso as espécies de penas não sejam iguais, cumpre-se primeiro a mais grave, 
assim, a reclusão deve ser cumprida primeiro que a detenção, mas caso sejam 
aplicadas. Apesar dos prazos prescricionais serem considerados individualmente 
para cada crime, o mesmo não acontece com a aplicação das penas restritivas de 
direitos, que só são permitidas, caso em um dos crimes seja permitida a concessão 
do sursis[6]. Mas caso sejam aplicadas, as penas restritivas de direito, serão 
simultaneamente cumpridas quando compatíveis, ou sucessivamente, quando 
houver incompatibilidade entre as mesmas, preferindo-se antes a mais severa, de 
acordo com o Art. 69, §§ 1º e 2º do C. P.. 
Com relação à suspensão condicional do processo, a regra é que seja feito o 
somatório das penas, se a mínima for igual ou inferior a um ano, esta será possível. 
Portanto, a aplicação não é individual. 
1.4. Concurso Formal ou Ideal (cuncursus formalis) 
O concurso formal ou ideal previsto no art. 70 do C. P., é aquele em que o agente 
sem que haja pluralidade de ações ou omissões, comete dois ou mais crimes, 
podendo ser subdividido em formal próprio (perfeito) ou impróprio (imperfeito). 
Para que haja o concurso formal, deve-se obedecer dois requisitos: 
1º) que a conduta seja única: por conduta, devemos entender que se trata da ação 
ou omissão humana consciente e voluntária, dirigida a uma finalidade, 
compreendendo desta, um único ato ou sequência de atos desencadeados pela 
vontade humana. No verbo ou núcleo do tipo, está consubstanciada a ação, pelo 
que é em torno dele que se fundem os elementos da conduta humana. Todos esses 
momentos no entanto de encontram no núcleo do tipo: ex. Matar alguém (art. 121). 
2º) que dessa conduta surjam dois ou mais fatos típicos: uma conduta singular 
deverá dar origem a mais de um fato, ou mais de um crime, quando atingir mais de 
um bem tutelado. Por exemplo: para se consagrar uma conduta do concurso de 
crimes formal deve a pessoa em uma única ação violar o bem tutelado, no caso de 
um agente que dispara contra outrem, e o mesmo projétil acaba acertando em outro 
alguém, neste caso o agente ativo praticou somente uma conduta desdobrando dois 
resultados idênticos ou distintos. Não se fala em concurso de crimes formal se uma 
única conduta somente der origem a um único resultado. 
1.4.1 Concurso formal próprio ou perfeito 
Nas palavras de Fernando Capez, 2004, pág. 474, “o concurso perfeito resulta de 
um único desígnio. O agente por meio de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou 
mais resultados”. Nesta mesma linha de raciocínio, pode-se observar que o querido 
é somente o resultado, mas por questão de erro na execução ou por acidente, há no 
fato dois ou mais resultados. Um exemplo seria uma pessoa com intuito de praticar 
homicídio em certo indivíduo, efetua o disparo e além de acertar o alvo acerta 
também outro cidadão. Neste caso, por ter ocorrido o erro, o sistema de pena 
utilizado é a exasperação, que é quando apenas a pena de um dos crimes é 
aplicada se forem iguais, ou a maior deles se diversos, sendo em qualquer dos 
casos elevada de um sexto até metade. Afirma-se a existência de concurso formal 
próprio quando os dois crimes ocorrem a título de culpa. 
A pena aplicada no concurso formal perfeito é relativo, se for homogêneo, aplica-se 
a pena de qualquer dos crimes, acrescida de 1/6 até a metade; se for heterogêneo, 
aplica-se a pena do mais grave, aumentada 1/6 até a metade. O aumento da pena 
varia de acordo com a proporção de resultados produzidos. 
1.4.2 Concurso formal impróprio ou imperfeito 
No concurso formal impróprio ou imperfeito, Fernando Capez, 2004 pág. 474 
conceitua dizendo que “é o resultado de desígnios autônomos. Aparentemente, há 
uma só ação, mas o agente intimamente deseja os outros resultados ou aceita o 
risco de produzi-los. Como se nota, essa espécie de concurso formal só é possível 
nos crimes dolosos.”. 
O agente mediante uma única conduta de ação ou omissão produz mais de um 
resultado, sendo a título de dolo eventual, pois possui a vontade de produzi-los 
indiferente seja o resultado, neste caso acontece que a doutrina os chama de 
desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados que será alcançado. 
Para que não torne benéfica a prática de mais de um crime por uma única ação, no 
concurso formal impróprio, é utilizado o sistema de cúmulo material das penas, o 
mesmo que é utilizado no concurso material. Havendo apenas a soma das penas 
aplicadas aos diversos crimes, como no concurso material. 
Há duas teorias, objetiva: admite a pluralidade de desígnios; e subjetiva: exige 
unidade de desígnios para que haja concurso formal. 
O Código Penal Brasileiro adotou a teoria objetiva, pois admite o concurso formal 
imperfeitocom pluralidade de desígnios. 
Ainda no caso do concurso formal, quando as penas aplicadas por o sistema de 
exasperação superarem as que por ventura fossem aplicadas por o sistema do 
cúmulo material, para que o apenado não saia prejudicado, sua pena será 
computada como se desta forma fosse, este é o chamado cúmulo material benéfico. 
Exemplificando, caso o agente cometa um homicídio simples e uma lesão corporal 
em concurso formal próprio, sua pena seria a do homicídio (por ser maior) acrescida 
de um terço até metade, o que poderia, dependendo do aumento aplicado, ser maior 
que a do homicídio e das lesões corporais somadas. Assim caso a pena aplicada 
pelo sistema da exasperação seja maior que a que fosse aplicada pelo cúmulo 
material, este será o aplicado. 
O aumento de pena no concurso formal deve ser fundamentado pelo juiz, devendo, 
segundo a maioria dos doutrinadores, ser aplicado levando em consideração o 
número de vítimas ou a quantidade de crimes praticados. 
Para a aplicação da suspensão condicional do processo, é necessário que se faça 
primeiro o cálculo da pena com o acréscimo de um terço até metade, para só assim 
fixar os novos limites mínimos. 
1.6. Crime Continuado 
O crime continuado ou continuação delitiva está previsto no art. 71do Código Penal, 
este de dá quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, em condições 
de tempo, lugar, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie utilizando de modos 
de execução semelhantes, sendo que subsequentes devem ser havidos em 
continuação do primeiro delito. 
Segundo a doutrina, o crime continuado possui duas espécies, no qual se difere 
somente pelo emprego de violência e dolo, são elas: 
a) Crime continuado comum: crime cometido sem o emprego de violência ou grave 
ameaça contra a pessoa (art. 71, caput). O sistema de aplicação de pena é obtida 
pelo resultado da pena mais grave, aumentada de 1/6 até 2/3, dependendo da 
quantidade de vítimas. 
b) Crime continuado específico: crime doloso praticado com violência ou grave 
ameaça contra vítimas diferentes (art. 71, parágrafo único). A tipo de pena utilizado 
neste caso é da aplicação da pena mais grave aumentada até o triplo. 
Esta forma de concurso de crimes foi adotada por ficção jurídica, já que são vários 
crimes que a lei adota como crime único para questões de punibilidade. 
Por crimes de mesma espécie, não há necessidade de serem idênticos, bastando 
que o bem jurídico atingido no seu cometimento sejam os mesmos. Este não é um 
entendimento pacífico, alguma parte da doutrina entende que apenas crimes que 
fazem parte de um mesmo dispositivo legal (artigo de lei) seriam da mesma espécie, 
como um homicídio simples e um qualificado, por exemplo. 
O percentual de aumento em ambos os casos deve ser baseado no número de 
crimes ou de vítimas. E, da mesma forma que no concurso formal próprio, as penas 
aplicadas pelo sistema da exasperação não podem superar as que seriam aplicadas 
pelo cúmulo material, portanto, caso seja ultrapassado o limite, será aplicado o 
cúmulo material benéfico. 
2. Questões Específicas e Considerações 
Em caso de penas de multa cominadas nos preceitos secundários de cada crime, 
estas serão aplicadas cumulativamente, mesmo no concurso formal próprio e no 
crime continuado. O mesmo não acontecerá no caso da multa substitutiva, que é 
uma espécie de pena alternativa. 
As penas atribuídas aos crimes em concurso devem ser unificadas para não 
ultrapassar o limite máximo de trinta anos de cumprimento, só que, por questões de 
outros benefícios, o STF já editou até mesmo a Súmula 775, que diz que a pena 
unificada não é considerada para a concessão de outros benefícios, como o 
livramento condicional ou progressão de regime. 
Considerações finais 
Com base neste artigo científico e nas pesquisas realizadas através de doutrinas, 
chegamos às considerações de que o instituto concurso de crimes foi originado no 
império brasileiro com a finalidade de reduzir o tempo processual e a quantidade, 
fazendo de uma ação vários resultados e uma única aplicação de jurisdição 
O Código Penal Brasileiro adota sistemas diferentes de concurso de crimes, quais 
sejam, o concurso material, concurso formal e também o crime continuado, havendo 
diferentes sistemas de aplicação das penas. 
Concluímos que ao se tratar de concurso material, o sistema aplicado será o de 
cúmulo material, sendo o concurso formal o de exasperação da pena, porém com 
algumas peculiaridades, citando por exemplo o concurso formal imperfeito que se 
sujeita ao cúmulo material. Em se tratando porém de crime continuado o sistema é o 
de exasperação da pena, porém as quantidades a serem aumentadas divergem em 
se tratando de crime continuado comum e específico. 
Reunindo todas as modalidades de concursos de crimes e os sistemas de 
cálculo e aplicação das penas, percebemos que as circunstâncias que 
justificam uma maior ou menor punibilidade são determinadas em razão de 
política criminal. Por isso, muitas vezes a lei cria ficções, como na 
continuidade delitiva, para facilitar a reinserção do criminoso no contexto 
social após o cumprimento da pena, ou até mesmo durante sua execução.

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