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Mormo fixação

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ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia 54
INDICADORES CLÍNICOS EM MUARES NATURALMENTE INFECTADOS PELA
Burkholderia mallei
Silvana Suely Assis Rabel01
Pierre Castro Soares 1
Leonildo Bento Galiza da Silval
Arildo Pinto Cunha2
Eliezer Silva do Nascimento Sobrinh02
José Wilton Pinheiro Junior2
Marco Antônio Granja Barbosa2
Rinaldo Aparecido Motal
RESUMO
Foram estudados os aspectos clínicos do mormo em muares procedentes da Zona da Mata do
Estado de Pernambuco e naturalmente infectados pela Burkholderia mallei. Foram formados
três grupos experimentais, totalizando 90 animais adultos de raças variadas e de ambos os
sexos. O grupo 1 (G 1) foi constituído por 30 animais sorologicamente negativos para o
mormo (controle); o grupo 2 (G2) foi constituído por 30 animais sorologicamente positivos e
sem sintomas aparentes da doença e o grupo 3 (G3) foi constituído por 30 animais
sorologicamente positivos e com sintomas sugestivos do mormo. Foram realizados exames
clínicos e preenchidas fichas, anotando-se os sintomas de acordo com os diferentes sistemas
examinados. Os indicadores clínicos mais freqüentes nos animais do G3 foram: caquexia
(70%), hipertrofia dos Iinfonodos submandibulares (70%), descarga nasal purulenta (66,7%),
estertores respiratórios (63,33%), apatia (53,33%) e edema de membros (53,33%). Concluiu-
se que os achados clínicos não são instrumentos suficientes para confirmar o diagnóstico da
doença, mas podem ser utilizados como indicadores para a realização de testes mais sensíveis.
Palavras-chave: muares, mormo, Burkholderia mallei, indicadores clínicos.
CLINICAL SYMPTOMS IN MULES NATURALL Y INFECTED WITH Burkholderia
mallei
ABSTRACT
The clinical symptoms of glanders in mules from Zona da Mata region, in Pernambuco, which
were naturally infected with Burkholderia mallei, were studied. Three experimental groups,
totaling 90 adult animais of various breeds and both sexes, were formed. Group one, the
control group (G 1), consisted of 30 serologically negative animais. Group two (G2) consisted
of 30 serologically positive animais with apparent symptoms of the disease. Group three (G3)
consisted of 30 serologically positive anirnals with suggestive symptoms of glanders. Clinical
examinations were carried out and the results were recorded with special reference to the
symptoms according to the different types of examination. The clinical indications most
frequently seen in anirnals from group 3 (G3) were general weakness (70%), hypertrophia of
1 Professores Adjuntos, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de Pemambuco,
Rua Dom Manuel, S/N, Dois Irmãos, CEP.:52171-900, Recife, Brasil; silvanasuely@bol.com.br
2 Médico Veterinário autônomo, Departamento de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural de
Pernambuco, Rua Dom Manuel, SIN, Dois Irmãos, CEP.:52171-900, Recife, Brasil
Rabclo, S.S.A. et aI. Indicadores clínicos em muares naturalmente infectados pela Burkholderia mallei. Veto e
Zootec. v.13, n.I, p.54-62. 2006.
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia 55
the sub mandibular lymph nodes (70%), purulent nasal discharge (66.7%), stertorous
breathing (63.33%), apathy (53.33%), and edema of the limbs (53.33%). It was concluded that
the clinical findings are not sufficient proof or diagnosis of the disease but could be used as
indicators for carrying out further more sensitive tests.
Key words: mules, glanders, Burkholderia mallei, clinical indicators.
SÍNTOMAS CLÍNICOS EN MULAS NATURALMENTE INFECTADAS POR LA
Burkholderia mallei
RESUMEN
Fueron estudiados los aspectos clínicos de mulas naturalmente infectadas por la Burkholderia
mallei en Ia Zona de Ia Mata de Ia Provincia de Pernambuco. Fueron creados tres grupos
experimantales formados por 30 animales cada uno, totalizando 90 animales. El primer grupo
fue constituido por 30 animales serológicamente positivos (control), el segundo formado por
30 animales serológicamente positivos pero sin sintomas de Ia enfermedad y el tercero
formado por 30 animales serológicamente positivos y con síntomas de muermo. El examen
clínico realizado registró los signos clínicos por sistemas examinados. Los signos clínicos
más frecuentes del G3 fueran: caquexia (70%), hipertrofia de los ganglios linfáticos
submandibulares (70%), secreción nasal purulenta (66,7%), ruidos respiratorios (63,3%),
apatía (53,33%) y emaciacio de los miembros (53,33%). Los datos clínicos de este estudio
suelen ser utilizados como indicativos para Ia realización de pruebas más sensibles.
Palabras-claves: mulas, muermo, Burkholderia mallei, sintomas clínicos.
o Brasil possui um dos maiores rebanhos de eqüídeos do mundo, estimado em
8.421.847 (IBGE, 2002) sendo 1.345.389 a população de muar, e embora a mecanização de
sua agricultura venha disponibilizando nos últimos anos muitos animais para outros fins, na
Zona da Mata do Estado de Pernambuco, principalmente na monocultura da cana-de-açúcar,
estes animais ainda são muito utilizados devido à topografia das propriedades que impede a
mecanização das lavouras. Nas últimas décadas, foi verificado um aumento significativo na
freqüência e gravidade principalmente das doenças do trato respiratório, relacionadas ao meio
ambiente, estado geral dos animais e agentes patogênicos, destacando-se as bactérias, vírus e
fungos.
Dentre as doenças bacterianas do trato respiratório de eqüídeos, destacam-se o
garrotilho causado pelo Streptococcus equi e o mormo causado pela Burkholderia mallei. Esta
última doença foi considerada erradicada há pelo menos 40 anos, quando foi descrita pela
última vez por Langenegger et al. (1960) no Estado do Rio de Janeiro. Recentemente foi
notificada por Mota et al. (2000) nos Estados de Pernambuco e Alagoas, causando epizootias
e devido ao seu caráter crônico e debilitante, provoca grandes prejuízos econômicos à criação
de eqüídeos e à atividade canavieira. Além disto, trata-se de uma zoonose.
Nos animais, a bactéria B. mallei penetra por via digestiva, causa septicemia (fase
aguda) e bacteremia (fase crônica), localizando-se nos pulmões, pele e mucosa nasal e, em
alguns casos, em outros órgãos. Na infecção por meio de feridas cutâneas o agente passa para
INTRODUÇÃO
Rabelo, S.S.A. et a!. Indicadores clínicos em muares naturalmente infectados pela Burkholderia mal/ei. Veto e
Zootec. v.13, n.l, p.54-62. 2006.
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o sangue e é transportado a diferentes órgãos, nos quais se formam nódulos mormosos e
úlceras, nos pulmões e outros órgãos (HUTYRA et aI., 1973; RADOSTITS et aI., 2002).
O período de incubação é de duas a quatro semanas e a doença se caracteriza por
apresentar quadro clínico agudo e crônico. Na forma aguda observa-se febre (39,5°C a
40,5°C), dispnéia inspiratória, tosse e corrimento nasal muco-purulento, às vezes com
presença de sangue e formação de úlceras no epitélio da parte inferior dos cornetos e do septo
nasal, nódulos na pele da extremidade dos membros e do abdome; observa-se também
aumento de volume dos linfonodos superficiais, tanto da cabeça, quanto de outras partes do
corpo. Alguns animais deixam de se alimentar, desenvolvem pleuro-pneumonia e morrem
rapidamente (RIET-CORREA et aI., 2001; RADOSTITS et a!., 2002).
A doença crônica pode apresentar-se sob três formas: pulmonar, nasal e cutânea,
porém estas manifestações não são distintas e um mesmo animal pode apresentar as três
formas simultaneamente (JUBB et a!., 1993; MOTA et a!., 2000; RADOSTITS et a!., 2002).
A forma pulmonar manifesta-se com pneumonia crônica, tosse, epistaxe freqüente e
respiração laboriosa. Na forma nasal ocorrem lesões nos cornetos e no septo nasal
cartilaginoso que se iniciam como nódulos que ulceram e podem confluir. Nos estágios
iniciais ocorrem corrimentos nasais, no início sero-mucoso, depois muco-purulento, uni ou
bilaterais e algumas vezes com estrias de sangue, além do aumento dos linfonodossubmandibulares. Pode, ainda, ocorrer cicatrização das úlceras nasais, deixando cicatrizes em
forma de estrela, e em alguns casos observam-se destruição do septo nasal e poliartrites
(LANGENEGGER et al., 1960; WINTZER, 1990; MOTA et a1., 2000).
A forma cutânea inicia-se pelo aparecimento de nódulos endurecidos, principalmente
na face medial dos membros posteriores e no dorso do animal, seguido de flutuação de
abscessos que se rompem e ulceram, deixando áreas de alopecia. Os numerosos abscessos
interligados pelos vasos linfáticos salientes conferem às lesões um aspecto de rosário
(WINTZER, 1990; MOTA et al. 2000; RADOSTITS et al., 2002).
Menninger e Mocsy (1968) relataram a claudicação de um dos membros posteriores,
que se mantém suspenso e semiflexionado, podendo ocorrer edema que se estende por todo
membro.
Casos superagudos têm sido observados, sobretudo em animais já debilitados e
submetidos a estresse (RIET-CORREA et al., 2001).
Nas mulas e asnos, quase sempre, ocorre a forma aguda (RIET-CORREA et al., 2001),
enquanto nos eqüinos, predomina o processo crônico (JUBB et a!., 1993).
Atualmente, o mormo é um sério problema sanitário para o rebanho de eqüídeos dos
Estados da Região Nordeste do País, onde a doença foi notificada, sendo também
diagnosticada em outros Estados da Federação, podendo se estabelecer em todo o país, uma
vez que, as barreiras sanitárias estabeleci das nem sempre são eficazes na fiscalização do
trânsito interestadual de animais.
Considerando a importância que a enfermidade assume para criações de eqüídeos do
país e por tratar-se de uma zoonose, bem como pela grande lacuna existente entre a última
comunicação de focos da enfermidade que culminou com grande escassez de dados na
literatura nacional, objetivou-se estudar os aspectos clínicos de muares naturalmente
infectados pela B. mallei em propriedades rurais do Estado de Pernambuco.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado na Mesorregião da Mata do Estado de Pernambuco, que
apresenta clima quente e úmido, com elevadas temperaturas, chuvas abundantes e solos de
massapé que tornam a região ideal para o desenvolvimento da lavoura canavieira. Os animais
Rabelo, S.S.A. et aI. Indicadores clínicos em muares naturalmente infectados pela Burkholderia mallei. Veto e
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estudados pertenciam a propriedades de engenhos produtores de cana-de-açúcar, pertencentes
a usinas de açúcar e destilarias de álcool. Os muares e eqüinos eram utilizados exclusivamente
como animais de tração ou sela para o trabalho e beneficiamento da cana-de-açúcar, sendo
que os mesmos apresentavam histórico de doença respiratória.
A população alvo foi constituída por unidades animais com caracterização clínica
(com e sem sinais clínicos de mormo) e teste de fixação do complemento (positivo ou
negativo), alocadas em três grupos com trinta animais cada.
Foram utilizados 90 (noventa) muares adultos sem distinção de raça, sexo, criados em
regime semi-intensivo, alimentados com pastagem nativa, capim de corte, broto da cana-de-
açúcar e melaço. Os animais não recebiam suplementação mineral e não eram vermifugados.
Todos os animais estudados provenientes de propriedades com queixa de doença respiratória,
foram submetidos à prova de Fixação de Complemento para diagnóstico sorológico do
mormo, realizado no Laboratório de Apoio Animal (LAPA), na cidade do Recife, credenciado
pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Para realização da pesquisa foram formados três grupos:
-Grupo 1 (Gl): composto por 30 animais sadios e sorologicamente negativos para o
mormo;
-Grupo 2 (G2): composto por 30 animais sorologicamente positivos para o mormo sem
sintomatologia clínica aparente da doença e;
-Grupo 3 (G3): composto por 30 animais sorologicamente positivos para o mormo e
com sintomatologia clínica sugestiva da doença.
O exame clínico dos animais foi conduzido com o preenchimento de fichas com o
emprego da metodologia indicada por Speirs (1999). Houve ênfase para o exame dos sistemas
respiratório, linfático e tegumentar por serem os mais freqüentemente acometidos na doença
(MOTA et al., 2000; REED & BAYLY, 2000; RADOSTITS et aI., 2002).
Os parâmetros analisados foram inicialmente testados quanto à sua distribuição
normal, utilizando-se, para talo teste de Kolmogorov-Smirnov.
As variáveis estudadas foram descritas por meio das respectivas medidas estatísticas:
médias, medianas, desvios-padrão e coeficientes de variação.
Quando a escala original da mensuração das variáveis apresentou um domínio
diferente dos valores, houve a padronização (transformação), com base logarítmica (X + 1)
(Sampaio, 1998).
A verificação do comportamento das variáveis em função da condição clínica, foi
efetuada por análise de variância (Estatística F) e seu respectivo nível de significância (p) para
dados paramétricos, e teste de Kruskall- W allis para dados não-paramétricos, para amostras
independentes.
O teste de Student-Newman-Keuls foi utilizado para a comparação das médias,
avaliando-se, desta forma, a hipótese nula que admitia ausência de diferenças entre os grupos
amostrais (G 1, G2 e G3). O nível de significância adotado foi 0,05.
Para as variáveis relativas ao exame clínico com características qualitativas dos
resultados, foi empregado o estudo de dispersão de freqüência, com aproximação pela
distribuição normal de probabilidade, considerando-se p<0,05 como significativo
(SAMPAIO, 1998).
Foi utilizada estatística de associação entre as variáveis com a determinação do
coeficiente de Pearson (r), para variáveis quantitativas e Coeficiente de Spearman, para
correlação entre ordenadas, para variáveis qualitativas. Por conseguinte, foram estimados os
modelos de regressão linear para determinar as variáveis explicativas nos casos de mormo.
Os dados foram tabulados e processados pelo programa estatístico SAS - Statistical
Analisys Sistem (SAS, 2000).
Rabelo, S.S.A. et aI. Indicadores clínicos em muares naturalmente infectados pela Burkholderia mallei. Veto e
Zootec. v.13, n.l, p.54-62. 2006.
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RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na Tabela 1, são apresentadas a freqüência relativa e absoluta e a análise estatística
para os indicadores clínicos observados nos eqüídeos do G3.
Tabela 1. Teste de diferença entre proporções para análise de dispersão de freqüências de
indicadores clínicos de muares acometidos por mormo, estado de Pernambuco - 2003.
Variáveis Clínicas
Sem X2Com Alteração Alteração Calculado*
FA % FA %
Descarga nasal purulenta 20 66,67a 10 33,33 a
Presença de estertores 19 63,33a 11 36,67 a
Dispnéia 09 30,00 b 21 70,00 a
Úlcera nasal 09 30,00 b 21 70,00 a
Cicatriz em estrela na mucosa nasal 11 36,67 a 19 63,33 a
Taquipnéia 06 20,00 b 24 80,00 a
Hiperemia de mucosa nasal 14 46,67 a 16 53,33 a
Nódulos nos vasos linfáticos 06 20,00 b 24 80,00 a
Hipertrofia de linfonodos submandibulares 21 70,00 a 09 30,00 b
Abscesso subcutâneo 07 23,33 b 23 76,67 a
Edema de membros 16 53,33 a 14 46,67 a
Edema de prepúcio 05 16,67 b 25 83,33 a
Edema peitoral 03 10,00 b 27 90,00 a
Claudicação 09 30,00 b 21 70,00 a
Artrite 02 6,67 b 28 93,33 a
Apatia 16 53,33 a 14 46,67 a
Caquexia 21 70,00 a 09 30,00 b
Hipertermia 09 30,00 b 21 70,00 a
Hiperemia de mucosas 11 36,67 a 19 63,33 a
3,34
2,14
4,80
4,80
2,14
10,80
0,14
10,80
4,80
8,54
0,14
13,34
19,20
4,80
22,54
0,14
4,80
4,80
2,14
* X2 Tab. 1GL = 3,84 em nível de 5%; FA - Freqüência absoluta.
Os sintomas mais freqüentes, independentemente da fase da doença, foram descarga
nasal purulenta, presença de estertores, hipertrofia de linfonodos submandibulares, caquexia,
apatia e edema de membros (Gráfico 1).
Todos os indicadores observados no presente estudo foram compatíveis aos citados
por Langenegger et aI. (1960); Lal Krishma et al. (1992) e Mota etaI. (2000). Esses achados
caracterizam a doença e auxiliam na indicação do diagnóstico, principalmente em regiões
endêrnicas para o mormo, quando os animais são submetidos à terapia para doença
respiratória e linfática, sem sucesso terapêutica. Contudo, as variáveis clínicas, hipertrofia de
nódulos linfáticos submandibulares e caquexia tiveram significância no teste de diferença
entre proporções para a análise de dispersão de freqüências, ou seja, esses achados podem ser
utilizados como indicadores clínicos principalmente na fase crônica da doença, muito embora
em alguns casos de campo seja difícil a diferenciação das fases, pois alguns sintomas são
comuns em ambas as fases.
A tosse e o lacrimejamento relatada por alguns autores não foram observados neste
estudo, e isto se deveu provavelmente ao não acompanhamento sistemático dos animais nas
propriedades por um período maior de tempo que possibilitasse essa observação. Em
contrapartida -a taquipnéia observada em 20% dos animais do G3 não foi citada na literatura
consultada.
Rabelo, S.S.A. et alo Indicadores clínicos em muares naturalmente infectados pela Burkholderia mallei. Veto e
Zootec. Y.13, n.1, p.54-62. 2006.
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia 59
Artrite
Edema peitoral •••
Edema de prepúcio •••• 1
Taquipnéia
Nódulos nos vasos linfáticos
Abscesso subcutâneo
Dispnéia
Úlcera nasal
Claudicação
Hiperterm ia
Cicatriz em estrela
Hiperemia de mucosa nasal
Edema de membros
Estertores respiratórios
Descarga nasal purulenta .3~331
Hipertrofia linfonodos submandibulares
Caquexia .3"3]
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Percentagem
80%
Gráfico 1. Distribuição percentual dos indicadores clínicos dos muares acometidos por
mormo, criados no estado de Pernambuco, 2003
Não houve diferença entre proporções para a análise de dispersão de freqüência para a
presença de descarga nasal purulenta, este indicador clínico esteve presente na grande maioria
dos animais do G3 e deve ser considerado no diagnóstico clínico do mormo. Ainda, com
relação a este indicador clínico, a freqüência foi mais elevada (Tabela 2) nos animais deste
grupo. A descarga nasal purulenta observada foi bilateral com ausência de sangue no
momento da realização do exame clínico, contrariando as observações feitas por Knottenbelt
& Pascoe (1998) que relataram somente corrimento unilateral em quase todos os casos de
mormo.
Rabelo, S.S.A. et alo Indicadores clínicos em muares naturalmente infectados pela Burkholderia mallei. Veto e
Zootec. v.13, n.l , p.54-62. 2006. '
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia 60
Tabela 2. Teste de diferença entre proporções para análise de distribuição de freqüência de
algumas variações clínicas do sistema respiratório de muares acometidos por mormo, estado
de Pernambuco - 2003
Tipos de Alterações FA % Estatística *
Unilateral
Bilateral
Descarga Nasal
13,33 b
53,33 a
Ruídos Pulmonares
36,67 a
26,67 a
Mucosa Nasal
Com úlcera 11 36,67 a
Com cicatriz 14 46,67 a
4
16
2 2X Calco > X Tab.
X2 Calco = 7,20
Seco
Úmido
11
8
X2 2Calco < X Tab.
2X Calc. = 0,48
2 2X Calco < X Tab.
2X Calco = 3,20
* X2Tab·1GL = 3,84 em nível de 5%; FA - Freqüência absoluta
A presença de úlceras e cicatrizes na mucosa nasal, embora não tenha apresentado
diferença entre as proporções para análise de dispersão de freqüência, percebe-se que ambos
são freqüentes no quadro clínico de muares com mormo, o que também foi relatado por
Langenegger et al. (1960) e Mota et al. (2000).
A forma pulmonar da doença esteve presente em 63,33% dos animais doentes e apesar
de não ter sido constatada diferença entre proporções para a análise de dispersão de
freqüência, a presença de estertores e outros achados como a dispnéia inspiratória, taquipnéia
e respiração ruidosa comprometem o desempenho dos animais acometidos. De fato estes
transtornos estão associados às condições de cansaço ao realizar esforços físicos como
relatado por Langenegger et al. (1960) e Mota et al. (2000).
Embora na Tabela 3 o teste de diferença de proporção para análise de distribuição de
freqüência do estado nutricional não tenha mostrado significância nos três grupos, houve a
predominância de caquexia, ou seja, animais com estado nutricional incluído nas categorias
regular e ruim. Mais uma vez, a condição clínica avaliada pelo estado nutricional dos animais
reforça a caracterização crônica da maioria dos animais do G3. A caquexia pode ser explicada
pela condição debilitante observada nos casos crônicos da doença, pelo quadro respiratório
que dificulta a alimentação e também pela qualidade do alimento oferecido aos animais, que
era insuficiente para atender as necessidades e animais utilizados para tração.
Tabela 3. Teste de diferença entre proporções para análise de distribuição de freqüência do
estado nutricional de muares acometidos por mormo, estado de Pernambuco - 2003
Estado Nutricional FA % Estatística"
Bom 9 30,00a
Regular 13 43,33 a
Ruim 8 26,27 a
2 X2X Calco < Tab.
X2 Calc. = 0,72
*X2Tab. lGL= 3,84 em nível de 5%; FA - Freqüência absoluta.
A maioria dos autores tem referido predominância da coloração hiperêmica da mucosa
conjuntiva nos casos de mormo, contudo no presente trabalho, não houve diferença
significativa para esta variável (Tabela 4).
A análise da presença de edema nos membros, não revelou diferença significativa para
membros anteriores e posteriores (Tabela 5), contudo foi mais freqüente nos posteriores como
relatado por Menninger & Mocsy (1968). Os edemas de membros e prepúcio provavelmente
Rabelo, S.S.A. et a!. Indicadores clínicos em muares naturalmente infectados pela Burkholderia mallei. Veto e
Zootec. v. I3, n. I, p.54-62. 2006.
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ocorrem devido ao aumento da permeabilidade capilar causada pela lesão do endotélio
vascular (REED & BAYLY, 2000).
A claudicação esteve presente em 30% dos casos. Estes dados são compatíveis aos
relatados por Menninger & Mocsy (1968), que associaram este sintoma com à formação de
edema nos membros, bem como a processos inflamatórios articulares.
A forma cutânea observada no presente estudo foi a presença de nódulos endurecidos
ao longo do trajeto dos vasos linfáticos, principalmente na região abdominal, dorso e na face
medial dos membros posteriores. Estes nódulos muitas vezes com a evolução da doença se
tornam flácidos, fistulam e drenam um exsudato espesso, amarelo e purulento ou podem
ulcerar. Estes abscessos e tumefações nodulares ocorrem a distâncias aproximadamente
iguais, resultando num arranjo em forma de colar de pérolas. Tyler (2002) admite que este
aspecto deve-se à presença de válvulas nos vasos nas quais as bactérias invasoras tendem a
ficar retidas e provocam as tumefações nodulares.
Tabela 4. Teste de diferença entre proporções para análise de distribuição de freqüência da
coloração das mucosas de muares acometidos por mormo, estado de Pernambuco - 2003
Mucosas FA % Estatística *
Hiperêmicas 11 36,67a X2 Cale. < X2Tab.
Pálidas 9 30,00a X2 Cale. = 2,26
* X2 Tab. 1GL = 3,84 em nível de 5%; FA - Freqüência absoluta.
Tabela 5. Teste de diferença entre proporções para análise de distribuição de freqüência da
presença de edema dos membros de muares acometidos por mormo, estado de Pernambuco -
2003
Presença de Edema FA % Estatística ~
Membros Anteriores 5 16,67a
Membros Posteriores 11 36,67a
2 2X Cale. < X Tab.
7
X- Cale. = 2,26
* X2 Tab. 1GL = 3,84 em nível de 5%; FA - Freqüência absoluta.
CONCLUSÃO
Alguns sintomas como a caquexia, hipertrofia dos linfonodos submandibulares,
descarga nasal purulenta, estertores respiratórios, apatia e edema de membros, isoladamente
ou em associação são indicadores clínicos do mormo em muares.
REFERÊNCIAS
HUTYRA, F; MAREK, J.; MANNIGER, R. Patologia y terapéutica especiales de los
animales domésticos. l l.ed., v.l, Barcelona: Editorial Labor,Barcelona, 1973, 800p.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível na Internet
http://wwwJ.ibge.buiatria.org.br/asprebanhos.asp. Capturado em 11 Abr. 2002.
JUBB, K.V.F.; KENNEDY, P.c.; PLAMER, N. Pathology of Domestic Animais. 4. ed, v. 2,
New York: Academic Press. 1993, 550p.
Rabelo, S.S.A. et a\. Indicadores clínicos em muares naturalmente infectados pela Burkholderia mallei. Veto e
Zootec. v.13, n.1, p.54-62. 2006.
ISSN 0102-5716 Veterinária e Zootecnia 62
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Recebido em: 05/12/2005
Aceito em: 04/05/2006
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