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Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 1 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Assuntos tratados: 1º Horário. � Controle de Constitucionalidade ADI / Técnicas de Decisão / Processo de Inconstitucionalização / Recursos Cabíveis em Face da Decisão de ADI / Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)/ Criação / Constitucionalidade da ADC / Finalidade da ADC / Pressuposto Objetivo de Admissibilidade / Legitimado Ativo, PGR e Amicus Curiae / AGU / Legitimado Passivo / Audiência Pública e Nomeação de Peritos / Cautelar / Objeto da ADC / Decisão Final na ADC / Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão / Competência para Julgamento / Parâmetro / Objeto da ADO / Legitimidade Ativa / Procurador- Geral da República / Legitimado Passivo / Advogado-Geral da União / Manifestação dos Demais Legitimados / Cautelar / Decisão Final 2º Horário. � Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) / Competência / Parâmetro / Objeto / Princípio da Subsidiariedade da ADPF / Legitimidade Ativa, PGR, Amicus Curiae, AGU e Legitimidade Passiva / Cautelar / Decisão Final / Controle Concentrado Estadual / Competência / Parâmetro / Objeto / Legitimidade Ativa / Interpretação Constitucional / Diferença entre Hermenêutica, Interpretação e Aplicação da Norma / Princípios e Regras / Quanto ao Conteúdo 1º Horário 1. ADI 1.1. Técnicas de Decisão 1.1.1. Processo de Inconstitucionalização Este fenômeno também é chamado de declaração de lei ainda constitucional ou declaração de inconstitucionalidade provisória ou declaração de lei constitucional em trânsito para a inconstitucionalidade ou inconstitucionalidade progressiva. Neste processo, a análise da norma em tese implicaria o reconhecimento de sua inconstitucionalidade, no entanto, determinada situação fática confere legitimidade à norma enquanto perdurar. Exemplo: a defensoria pública tem prazo processual em dobro, segundo a legislação brasileira. Defensor público não se confunde com advogado público Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 2 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br (defende os interesses dos entes federados), por defender interesses particulares de hipossuficientes. O prazo diferenciado da Fazenda Pública ocorre em função do interesse público, o que não existe no caso de defensoria pública. Desta forma, em tese, o prazo em dobro não se justifica para a defensoria pública, por violar o princípio da isonomia, ante a análise da norma em tese. No entanto, a defensoria pública é instituição muito recente e não possui estrutura hábil a satisfazer suas atribuições. Com isto, a situação fática enseja a constitucionalidade da norma, que findará quando a defensoria tiver estrutura suficiente para cumprimento do seu ofício. Observação: A partir da análise da norma, observa-se que há estados ou situações perfeitas do preceito normativo (qualificação do estado da norma), quais sejam: a) plena constitucionalidade da norma b) absoluta inconstitucionalidade da norma Neste contexto, surge a ideia de decisão ortodoxa (tradicional) quando o STF se posiciona acerca dos estados da norma constitucional. No entanto, existe também a situação chamada imperfeita ou intermediária1, caracterizada pela situação em que a norma não se enquadra na declaração plena de constitucionalidade, nem na absoluta de inconstitucionalidade. Ao se declarar a norma inconstitucional, significa que esta é nula desde o princípio. Porém, se é dado efeito ex nunc à decisão (modulação temporal), trata-se de situação intermediária, em que se foge ao tradicional. O mesmo ocorre no caso de declaração de lei ainda constitucional. 1.2. Recursos Cabíveis em face da Decisão em ADI A decisão final em ADI é irrecorrível, à exceção dos embargos de declaração. Cumpre frisar que não cabe ação rescisória em face da decisão final em ADI. 2.2. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) 2.1. Criação A ADC não é criação da Constituição Originária, pois adveio com a EC nº 3/93. 1 A doutrina chama a situação imperfeita da norma de decisões intermediárias ou sentenças intermediárias no controle de constitucionalidade. Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 3 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 2.2. Constitucionalidade da ADC Tendo em vista ter sido a ADC criada pelo Poder Constituinte Derivado, foi discutido se a ação poderia ser criada através de Emenda à Constituição, havendo argumentos favoráveis e contrários à questão. • Contrários: a criação da ADC violaria a separação de poderes, tendo em vista ser mais uma ação de controle de constitucionalidade, mecanismo que o Judiciário utiliza para controlar os outros poderes no sistema de freios e contrapesos. Desta forma, o Poder Reformador estaria ampliando o poder do Judiciário sobre os demais poderes e os mecanismos de controle recíproco só poderiam ser estabelecidos pelo Poder Constituinte Originário. Ademais, a ampla defesa e o contraditório nos casos concretos seriam reduzidos, ante o grau de vinculação das decisões do Judiciário em controle abstrato. Desta forma, a ADC não poderia ser criada por EC, pois violaria as cláusulas pétreas acima expostas. • Favoráveis: a natureza bivalente ou caráter dúplice, segundo a qual a ADI e a ADC são ações com sinal trocado, torna constitucional a EC que criou a ADC. A procedência da ADI equivale à improcedência da ADC e vice-versa, conforme art. 24, Lei 9.868/99. CRFB, Art. 24. Proclamada a constitucionalidade, julgar-se-á improcedente a ação direta ou procedente eventual ação declaratória; e, proclamada a inconstitucionalidade, julgar-se-á procedente a ação direta ou improcedente eventual ação declaratória. Sendo a ADC uma ADI invertida, não ampliou a competência do STF para o controle de constitucionalidade, sendo mero mecanismo distinto para o Pretório Excelso exercer a competência que já possuía, ampliando seu acesso. Na ADC nº 1, em questão de ordem, o STF prejudicialmente analisou a questão e entendeu pela constitucionalidade da ADC.ADC 1 QO Relator(a): Min. MOREIRA ALVES Julgamento: 27/10/1993 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação: 16/06/1995 Ementa AÇÃO DECLARATORIA DE CONSTITUCIONALIDADE. INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 03/93, NO TOCANTE A INSTITUIÇÃO DESSA AÇÃO. QUESTÃO DE ORDEM. TRAMITAÇÃO DA AÇÃO DECLARATORIA DE CONSTITUCIONALIDADE. INCIDENTE QUE SE JULGA NO Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 4 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br SENTIDO DA CONSTITUCIONALIDADE DA EMENDA CONSTITUCIONAL N. 3, DE 1993, NO TOCANTE A AÇÃO DECLARATORIA DE CONSTITUCIONALIDADE. 2.3. Finalidade da ADC São dois aspectos: a) Ratificação da presunção de constitucionalidade da ADC: é comum ser feita a afirmação de que, na procedência da ADC, converte-se a presunção relativa de constitucionalidade da norma em absoluta, porque a norma nasce presumivelmente constitucional e qualquer juiz pode entendê-la por inconstitucional, até que o STF entenda pela sua constitucionalidade. Neste momento, todo o Judiciário deve respeitar essa presunção. Acontece que, a rigor, a declaração de constitucionalidade não gera efeito preclusivo para o próprio STF, ou seja, poderá declarar a norma inconstitucional em momento posterior à declaração de constitucionalidade, através da mutação constitucional, por exemplo. Desta forma, a presunção relativa não foi convertida em absoluta, mas houve uma ratificação da presunção, que vincula apenas o Judiciário e o Executivo. b) Promover entendimento homogêneo sobre a norma. 2.4. Pressuposto Objetivo de Admissibilidade O pressuposto objetivo de admissibilidade da ADC é a controvérsia judicial, que deve ser atual e relevante. Controvérsia judicial é a que se estabelece entre órgãos do Poder Judiciário ou entre o Judiciário e a Administração Pública. Não abrange, pois, a mera controvérsia doutrinária. Já a relevância da controvérsia significa que esta deve ter uma extensão abrangente. Se não houvesse a controvérsia judicial como pressuposto, a ADC seria mero instrumento de consulta do STF. 2.5. Legitimado Ativo, PGR e Amicus Curiae Com relação ao legitimado ativo, ao PGR e ao amicus curiae, os pontos são idênticos ao explanado com relação à ADI. Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 5 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 2.6. AGU Para o STF, não há necessidade de defesa da norma pelo AGU, porque a própria ADC já é ação de confirmação da norma e não de impugnação. 2.7. Legitimado Passivo Tendo em vista ser a ADC ação de confirmação, não existe legitimado passivo. O STF, no entanto, pode solicitar a prestação de informações aos tribunais, a fim de que informem acerca da controvérsia judicial no âmbito de suas jurisdições. 2.8. Audiência Pública e Nomeação de Peritos A mesma lógica apontada para ADI é aplicada à ADC. 2.9. Cautelar A finalidade da cautelar em ADC é suspender os processos em que se discute a matéria, pelo prazo de 180 dias. Lei 9.868/99, art. 21, Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia. O STF, no entanto, já decidiu ser possível a prorrogação do prazo. A cautelar tem efeito erga omnes e vinculante. Desta forma, se o juiz prossegue o processo suspenso por cautelar em ADC, contra sua decisão, caberá reclamação ao STF. 2.10. Objeto da ADC Lei ou ato normativo federal, em lógica igual à da ADI, residindo como única diferença o fato de lei ou ato normativo estadual não poder ser objeto de ADC. 2.11. Decisão Final na ADC A decisão final tem efeito erga omnes e vinculante, cabendo reclamação ao STF caso haja descumprimento de sua decisão, nos termos do que ocorre na ADI. Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 6 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Se o STF declarar a ADC improcedente, todas as técnicas decisórias serão plenamente aplicáveis, como a modulação dos efeitos da decisão. No entanto, se julgar a ADC procedente ou a ADI improcedente, o STF declara a norma constitucional, havendo controvérsia acerca do cabimento da modulação dos efeitos temporais nestes casos. O art. 27, Lei 9.868/99, ao tratar da modulação temporal, refere-se exclusivamente à declaração de inconstitucionalidade, sendo esta a regra. Na doutrina, há quem defenda ser possível a modulação temporal na declaração de constitucionalidade, por a retroatividade poder afetar situações individuais e violar a segurança jurídica (tese minoritária). Ademais, esta corrente entende que a modulação pode ocorrer pela proteção da boa-fé do jurisdicionado, além da segurança jurídica e do interesse social. Lei 9.868/99, Art. 27. Ao declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado. Cabe modulação temporal em ADC, sendo a polêmica exclusivamente em torno do cabimento no caso de sua improcedência. 3. Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão A ADO está regida do art. 12-A ao 12-H, Lei 9.868/99, inseridos pela Lei 12.063/2009. 3.1. Competência para Julgamento Cabe ao STF processar e julgar a ADO. 3.2. Parâmetro É o dever constitucional de agir, tendo em vista que a omissão só se caracteriza havendo dever de agir e sendo este descumprido. A problemática encontra-se em definir quando há obrigação constitucional. Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministradapelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 7 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br A obrigação constitucional pode ter maior ou menor grau de definição: quanto mais indefinida for, maior a dificuldade de caracterizar a omissão e, quanto maior for o grau de definição, menos complexa é a caracterização da omissão. Exemplo 1: o direito à educação é um direito social. Os direitos sociais, de forma geral, conferem ao titular um poder jurídico, por se tratarem de direito. Em que pese esta característica, apresentam um grau de programaticidade, por também se configurarem como normas programáticas, que estabelecem um objetivo. Como os direitos com conteúdo programático têm relação com a justiça social, sua realização apresenta um aspecto de progressividade. Os direitos sociais, por força de seu grau de programaticidade, apresentam realização progressiva, como ocorre com a educação. Uma série de políticas públicas tem que ser implantada para que sejam implementados. Ante este quadro, não há omissão em ADO ajuizada alegando-se que o Poder Público Federal não está promovendo a educação, porque é um direito progressivo, posicionando-se, o STF, com base nas diversas políticas realizadas nos últimos 15 anos. O ministro Marco Aurélio entendeu que a educação não possui qualidade e não é satisfatória, mas, para a maioria, por haver ações efetivas, não há omissão. Exemplo 2: A CRFB dispõe que o Município deve promover a educação infantil (crianças entre 0 e 5 anos) em creches e pré-escolas. Desta forma, fica menos complexo analisar a omissão do município, do que no caso da educação de forma ampla. Cumpre destacar que as normas de eficácia plena e contida, em regra, não servem como parâmetro para a omissão, tendo em vista apresentarem aplicabilidade imediata (são normas autossuficientes), não precisando de complementação do Poder Público para serem efetivadas. Desta forma, o parâmetro para o controle na ADO é uma norma de eficácia limitada, pois não tem aplicabilidade imediata e necessita de uma complementação, caso em que o Poder Público, se não agir, restará omisso. 3.3. Objeto da ADO O objeto da ADO é a omissão parcial ou total, seja normativa ou administrativa. A omissão parcial é um estado de incompletude ou insuficiência do ato, enquanto a omissão total é estado de ausência do ato. Na omissão parcial, o Poder Público age, mas de forma incompleta, por exemplo, quando da exclusão de benefício, incompatível com o princípio da igualdade. Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 8 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Exemplo: a lei estabelece certo benefício à determinada categoria, que deveria ser dado aos integrantes ativos e inativos. No entanto, o benefício é estabelecido apenas aos integrantes ativos, caso em que há omissão imparcial. Para o Ministro Gilmar Mendes, na hipótese de omissão parcial, há fungibilidade relativa entre a ADO e a ADI, pois, de um lado, questiona-se a omissão da norma e, de outro, a exclusão gerada. No processamento perante o STF, a ADO corre como ADI, visto que é no curso do processo que se discute se a inconstitucionalidade reside ou não na omissão. 3.4. Legitimidade Ativa Os legitimados ativos da ADO são os mesmos da ADI. Lei 9.868/99, Art. 12-A. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade por omissão os legitimados à propositura da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). Cumpre salientar que não pode propor ADO, a autoridade ou órgão responsável pela omissão. 3.5. Procurador-Geral da República O PGR tem que se manifestar e sua manifestação se baseia em sua autonomia funcional, podendo manifestar-se em qualquer sentido. Lei 9.868/99, Art. 12-E, § 3o O Procurador-Geral da República, nas ações em que não for autor, terá vista do processo, por 15 (quinze) dias, após o decurso do prazo para informações. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). 3.6. Legitimado Passivo É o órgão ou autoridade omissa. 3.7. Advogado-Geral da União De acordo com a Lei 9.868/99, o relator pode solicitar a manifestação do AGU, não sendo, pois, obrigatória a manifestação do AGU. Lei 9.868/99, Art. 12-E, § 2o O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá ser encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 9 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 3.8. Manifestação dos Demais Legitimados Ativos Os legitimados ativos que não propuseram a ADO poderão se manifestar no processo. 3.9. Cautelar Tradicionalmente, o SFT não admitia cautelar em ADO, pois se alegava a inexistência de norma. No entanto, a Lei 9.868/99 traz a possibilidade. Lei 9.868/99, Art. 12-F. Em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Tribunal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, observado o disposto no art. 22, poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). A cautelar em ADI tem finalidade de suspender o efeito ou eficácia da norma. Em ADO, no entanto, há três possibilidades para a concessão de cautelar: a) suspender a eficácia da norma no caso de omissão parcial (reforça a relativa fungibilidade entre ADO e ADI); b) suspender processos judiciais ou processos administrativos; c) fixar outras providências. 3.10. Decisão final A decisão final será comunicada ao órgão competente para a tomada de providências. Se o órgão for administrativo, terá 30 dias para suprir a omissão, conforme dispõe o art. 103, parágrafo 2º, CRFB. No entanto, a Lei 9.868/99 dispõe que o STF pode fixar outro prazo razoável, quando entender que o prazo de 30 dias é insuficiente. A lei, ao permitir essa flexibilização, baseia-se no Princípio da Razoabilidade, não sendo, desta feita, inconstitucional. CRFB, Art. 103, § 2º - Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessáriase, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias. Lei 9.868/99, Art. 12-H, § 1o Em caso de omissão imputável a órgão administrativo, as providências deverão ser adotadas no prazo de 30 (trinta) dias, Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 10 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br ou em prazo razoável a ser estipulado excepcionalmente pelo Tribunal, tendo em vista as circunstâncias específicas do caso e o interesse público envolvido. (Incluído pela Lei nº 12.063, de 2009). A declaração de inconstitucionalidade implica no reconhecimento da nulidade, sendo a norma cassada da ordem jurídica. No entanto, quando se declara uma omissão inconstitucional, não é possível o reconhecimento de nulidade, tampouco a cassação do ato. Com isto, a decisão final em ADO é uma declaração de inconstitucionalidade sem nulidade. Na declaração de inconstitucionalidade por omissão parcial, o STF poderá declarar a omissão parcial inconstitucional ou a norma inconstitucional sem a pronúncia de nulidade, ou, ainda, adotar decisão aditiva, que é a ampliação do campo de incidência da norma para incluir situação idêntica ou substancialmente semelhante. Exemplo: o direto de greve do trabalhador em geral está regulamentado em lei, mas o de servidor público não foi regulado até o momento. O STF sempre declarou esta omissão inconstitucional, mas, atualmente, vem estendendo a lei que rege o direito de greve do trabalhador geral ao servidor público, adotando a decisão aditiva (vide MI 670). Neste caso, o STF não agiu como legislador positivo, por não ter criado a norma ex nihil (do vazio), apenas ampliou a aplicação de uma norma pré-existente. MI 670 / ES - ESPÍRITO SANTO MANDADO DE INJUNÇÃO Relator(a): Min. MAURÍCIO CORRÊA Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES Julgamento: 25/10/2007 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJe-206 DIVULG 30-10-2008 PUBLIC 31-10-2008 EMENT VOL-02339- 01 PP-00001 RTJ VOL-00207-01 PP-00011 EMENTA: MANDADO DE INJUNÇÃO. GARANTIA FUNDAMENTAL (CF, ART. 5º, INCISO LXXI). DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS (CF, ART. 37, INCISO VII). EVOLUÇÃO DO TEMA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. EM OBSERVÂNCIA AOS DITAMES DA SEGURANÇA JURÍDICA E À EVOLUÇÃO JURISPRUDENCIAL NA INTERPRETAÇÃO DA OMISSÃO LEGISLATIVA SOBRE O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS, FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 11 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 1. SINAIS DE EVOLUÇÃO DA GARANTIA FUNDAMENTAL DO MANDADO DE INJUNÇÃO NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF). 1.1. No julgamento do MI no 107/DF, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 21.9.1990, o Plenário do STF consolidou entendimento que conferiu ao mandado de injunção os seguintes elementos operacionais: i) os direitos constitucionalmente garantidos por meio de mandado de injunção apresentam-se como direitos à expedição de um ato normativo, os quais, via de regra, não poderiam ser diretamente satisfeitos por meio de provimento jurisdicional do STF; ii) a decisão judicial que declara a existência de uma omissão inconstitucional constata, igualmente, a mora do órgão ou poder legiferante, insta-o a editar a norma requerida; iii) a omissão inconstitucional tanto pode referir-se a uma omissão total do legislador quanto a uma omissão parcial; iv) a decisão proferida em sede do controle abstrato de normas acerca da existência, ou não, de omissão é dotada de eficácia erga omnes, e não apresenta diferença significativa em relação a atos decisórios proferidos no contexto de mandado de injunção; iv) o STF possui competência constitucional para, na ação de mandado de injunção, determinar a suspensão de processos administrativos ou judiciais, com o intuito de assegurar ao interessado a possibilidade de ser contemplado por norma mais benéfica, ou que lhe assegure o direito constitucional invocado; v) por fim, esse plexo de poderes institucionais legitima que o STF determine a edição de outras medidas que garantam a posição do impetrante até a oportuna expedição de normas pelo legislador. 1.2. Apesar dos avanços proporcionados por essa construção jurisprudencial inicial, o STF flexibilizou a interpretação constitucional primeiramente fixada para conferir uma compreensão mais abrangente à garantia fundamental do mandado de injunção. A partir de uma série de precedentes, o Tribunal passou a admitir soluções "normativas" para a decisão judicial como alternativa legítima de tornar a proteção judicial efetiva (CF, art. 5o, XXXV). Precedentes: MI no 283, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 14.11.1991; MI no 232/RJ, Rel. Min. Moreira Alves, DJ 27.3.1992; MI nº 284, Rel. Min. Marco Aurélio, Red. para o acórdão Min. Celso de Mello, DJ 26.6.1992; MI no 543/DF, Rel. Min. Octavio Gallotti, DJ 24.5.2002; MI no 679/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 17.12.2002; e MI no 562/DF, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 20.6.2003. 2. O MANDADO DE INJUNÇÃO E O DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS NA JURISPRUDÊNCIA DO STF. 2.1. O tema da existência, ou não, de omissão legislativa quanto à definição das possibilidades, condições e limites para o exercício do direito de greve por servidores públicos civis já foi, por diversas vezes, apreciado pelo STF. Em todas as oportunidades, esta Corte firmou o entendimento de que o objeto do mandado de injunção cingir-se-ia à declaração da existência, ou não, de mora legislativa para a edição de norma regulamentadora específica. Precedentes: MI no 20/DF, Rel. Min. Celso de Mello, DJ 22.11.1996; MI no 585/TO, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 2.8.2002; e MI no 485/MT, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 23.8.2002. 2.2. Em alguns precedentes(em Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 12 Barra: Shopping Downtown– Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br especial, no voto do Min. Carlos Velloso, proferido no julgamento do MI no 631/MS, Rel. Min. Ilmar Galvão, DJ 2.8.2002), aventou-se a possibilidade de aplicação aos servidores públicos civis da lei que disciplina os movimentos grevistas no âmbito do setor privado (Lei no 7.783/1989). 3. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. HIPÓTESE DE OMISSÃO LEGISLATIVA INCONSTITUCIONAL. MORA JUDICIAL, POR DIVERSAS VEZES, DECLARADA PELO PLENÁRIO DO STF. RISCOS DE CONSOLIDAÇÃO DE TÍPICA OMISSÃO JUDICIAL QUANTO À MATÉRIA. A EXPERIÊNCIA DO DIREITO COMPARADO. LEGITIMIDADE DE ADOÇÃO DE ALTERNATIVAS NORMATIVAS E INSTITUCIONAIS DE SUPERAÇÃO DA SITUAÇÃO DE OMISSÃO. 3.1. A permanência da situação de não- regulamentação do direito de greve dos servidores públicos civis contribui para a ampliação da regularidade das instituições de um Estado democrático de Direito (CF, art. 1o). Além de o tema envolver uma série de questões estratégicas e orçamentárias diretamente relacionadas aos serviços públicos, a ausência de parâmetros jurídicos de controle dos abusos cometidos na deflagração desse tipo específico de movimento grevista tem favorecido que o legítimo exercício de direitos constitucionais seja afastado por uma verdadeira "lei da selva". 3.2. Apesar das modificações implementadas pela Emenda Constitucional no 19/1998 quanto à modificação da reserva legal de lei complementar para a de lei ordinária específica (CF, art. 37, VII), observa-se que o direito de greve dos servidores públicos civis continua sem receber tratamento legislativo minimamente satisfatório para garantir o exercício dessa prerrogativa em consonância com imperativos constitucionais. 3.3. Tendo em vista as imperiosas balizas jurídico- políticas que demandam a concretização do direito de greve a todos os trabalhadores, o STF não pode se abster de reconhecer que, assim como o controle judicial deve incidir sobre a atividade do legislador, é possível que a Corte Constitucional atue também nos casos de inatividade ou omissão do Legislativo. 3.4. A mora legislativa em questão já foi, por diversas vezes, declarada na ordem constitucional brasileira. Por esse motivo, a permanência dessa situação de ausência de regulamentação do direito de greve dos servidores públicos civis passa a invocar, para si, os riscos de consolidação de uma típica omissão judicial. 3.5. Na experiência do direito comparado (em especial, na Alemanha e na Itália), admite-se que o Poder Judiciário adote medidas normativas como alternativa legítima de superação de omissões inconstitucionais, sem que a proteção judicial efetiva a direitos fundamentais se configure como ofensa ao modelo de separação de poderes (CF, art. 2o). 4. DIREITO DE GREVE DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS. REGULAMENTAÇÃO DA LEI DE GREVE DOS TRABALHADORES EM GERAL (LEI No 7.783/1989). FIXAÇÃO DE PARÂMETROS DE CONTROLE JUDICIAL DO EXERCÍCIO DO DIREITO DE GREVE PELO LEGISLADOR INFRACONSTITUCIONAL. 4.1. A disciplina do direito de greve para os trabalhadores em geral, quanto às "atividades essenciais", é especificamente delineada nos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Na hipótese de aplicação dessa legislação geral ao caso específico do direito de Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 13 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br greve dos servidores públicos, antes de tudo, afigura-se inegável o conflito existente entre as necessidades mínimas de legislação para o exercício do direito de greve dos servidores públicos civis (CF, art. 9o, caput, c/c art. 37, VII), de um lado, e o direito a serviços públicos adequados e prestados de forma contínua a todos os cidadãos (CF, art. 9o, §1o), de outro. Evidentemente, não se outorgaria ao legislador qualquer poder discricionário quanto à edição, ou não, da lei disciplinadora do direito de greve. O legislador poderia adotar um modelo mais ou menos rígido, mais ou menos restritivo do direito de greve no âmbito do serviço público, mas não poderia deixar de reconhecer direito previamente definido pelo texto da Constituição. Considerada a evolução jurisprudencial do tema perante o STF, em sede do mandado de injunção, não se pode atribuir amplamente ao legislador a última palavra acerca da concessão, ou não, do direito de greve dos servidores públicos civis, sob pena de se esvaziar direito fundamental positivado. Tal premissa, contudo, não impede que, futuramente, o legislador infraconstitucional confira novos contornos acerca da adequada configuração da disciplina desse direito constitucional. 4.2 Considerada a omissão legislativa alegada na espécie, seria o caso de se acolher a pretensão, tão-somente no sentido de que se aplique a Lei no 7.783/1989 enquanto a omissão não for devidamente regulamentada por lei específica para os servidores públicos civis (CF, art. 37, VII). 4.3 Em razão dos imperativos da continuidade dos serviços públicos, contudo, não se pode afastar que, de acordo com as peculiaridades de cada caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao tribunal competente impor a observância a regime de greve mais severo em razão de tratar-se de "serviços ou atividades essenciais", nos termos do regime fixado pelos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Isso ocorre porque não se pode deixar de cogitar dos riscos decorrentes das possibilidades de que a regulação dos serviços públicos que tenham características afins a esses "serviços ou atividades essenciais" seja menos severa que a disciplina dispensada aos serviços privados ditos "essenciais". 4.4. O sistema de judicialização do direito de greve dos servidores públicos civis está aberto para que outras atividades sejam submetidas a idêntico regime. Pela complexidade e variedade dos serviços públicos e atividades estratégicas típicas do Estado, há outros serviços públicos, cuja essencialidade não está contemplada pelo rol dos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989. Para os fins desta decisão, a enunciação do regime fixado pelos arts. 9o a 11 da Lei no 7.783/1989 é apenas exemplificativa (numerus apertus). 5. O PROCESSAMENTO E O JULGAMENTO DE EVENTUAIS DISSÍDIOS DE GREVE QUE ENVOLVAM SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS DEVEM OBEDECER AO MODELO DE COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES APLICÁVEL AOS TRABALHADORES EM GERAL (CELETISTAS), NOS TERMOS DA REGULAMENTAÇÃO DA LEI No 7.783/1989. A APLICAÇÃO COMPLEMENTAR DA LEI No 7.701/1988 VISA À JUDICIALIZAÇÃO DOS CONFLITOS QUE ENVOLVAM OS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIS NO CONTEXTO DO ATENDIMENTO DE ATIVIDADES RELACIONADAS A NECESSIDADES INADIÁVEIS DA Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 14 Barra: ShoppingDowntown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br COMUNIDADE QUE, SE NÃO ATENDIDAS, COLOQUEM "EM PERIGO IMINENTE A SOBREVIVÊNCIA, A SAÚDE OU A SEGURANÇA DA POPULAÇÃO" (LEI No 7.783/1989, PARÁGRAFO ÚNICO, ART. 11). 5.1. Pendência do julgamento de mérito da ADI no 3.395/DF, Rel. Min. Cezar Peluso, na qual se discute a competência constitucional para a apreciação das "ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios" (CF, art. 114, I, na redação conferida pela EC no 45/2004). 5.2. Diante da singularidade do debate constitucional do direito de greve dos servidores públicos civis, sob pena de injustificada e inadmissível negativa de prestação jurisdicional nos âmbitos federal, estadual e municipal, devem-se fixar também os parâmetros institucionais e constitucionais de definição de competência, provisória e ampliativa, para a apreciação de dissídios de greve instaurados entre o Poder Público e os servidores públicos civis. 5.3. No plano procedimental, afigura-se recomendável aplicar ao caso concreto a disciplina da Lei no 7.701/1988 (que versa sobre especialização das turmas dos Tribunais do Trabalho em processos coletivos), no que tange à competência para apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores públicos que sejam suscitados até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do art. 37 da CF. 5.4. A adequação e a necessidade da definição dessas questões de organização e procedimento dizem respeito a elementos de fixação de competência constitucional de modo a assegurar, a um só tempo, a possibilidade e, sobretudo, os limites ao exercício do direito constitucional de greve dos servidores públicos, e a continuidade na prestação dos serviços públicos. Ao adotar essa medida, este Tribunal passa a assegurar o direito de greve constitucionalmente garantido no art. 37, VII, da Constituição Federal, sem desconsiderar a garantia da continuidade de prestação de serviços públicos - um elemento fundamental para a preservação do interesse público em áreas que são extremamente demandadas pela sociedade. 6. DEFINIÇÃO DOS PARÂMETROS DE COMPETÊNCIA CONSTITUCIONAL PARA APRECIAÇÃO DO TEMA NO ÂMBITO DA JUSTIÇA FEDERAL E DA JUSTIÇA ESTADUAL ATÉ A EDIÇÃO DA LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA PERTINENTE, NOS TERMOS DO ART. 37, VII, DA CF. FIXAÇÃO DO PRAZO DE 60 (SESSENTA) DIAS PARA QUE O CONGRESSO NACIONAL LEGISLE SOBRE A MATÉRIA. MANDADO DE INJUNÇÃO DEFERIDO PARA DETERMINAR A APLICAÇÃO DAS LEIS Nos 7.701/1988 E 7.783/1989. 6.1. Aplicabilidade aos servidores públicos civis da Lei no 7.783/1989, sem prejuízo de que, diante do caso concreto e mediante solicitação de entidade ou órgão legítimo, seja facultado ao juízo competente a fixação de regime de greve mais severo, em razão de tratarem de "serviços ou atividades essenciais" (Lei no 7.783/1989, arts. 9o a 11). 6.2. Nessa extensão do deferimento do mandado de injunção, aplicação da Lei no 7.701/1988, no que tange à competência para apreciar e julgar eventuais conflitos judiciais referentes à greve de servidores Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 15 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br públicos que sejam suscitados até o momento de colmatação legislativa específica da lacuna ora declarada, nos termos do inciso VII do art. 37 da CF. 6.3. Até a devida disciplina legislativa, devem-se definir as situações provisórias de competência constitucional para a apreciação desses dissídios no contexto nacional, regional, estadual e municipal. Assim, nas condições acima especificadas, se a paralisação for de âmbito nacional, ou abranger mais de uma região da justiça federal, ou ainda, compreender mais de uma unidade da federação, a competência para o dissídio de greve será do Superior Tribunal de Justiça (por aplicação analógica do art. 2o, I, "a", da Lei no 7.701/1988). Ainda no âmbito federal, se a controvérsia estiver adstrita a uma única região da justiça federal, a competência será dos Tribunais Regionais Federais (aplicação analógica do art. 6o da Lei no 7.701/1988). Para o caso da jurisdição no contexto estadual ou municipal, se a controvérsia estiver adstrita a uma unidade da federação, a competência será do respectivo Tribunal de Justiça (também por aplicação analógica do art. 6o da Lei no 7.701/1988). As greves de âmbito local ou municipal serão dirimidas pelo Tribunal de Justiça ou Tribunal Regional Federal com jurisdição sobre o local da paralisação, conforme se trate de greve de servidores municipais, estaduais ou federais. 6.4. Considerados os parâmetros acima delineados, a par da competência para o dissídio de greve em si, no qual se discuta a abusividade, ou não, da greve, os referidos tribunais, nos âmbitos de sua jurisdição, serão competentes para decidir acerca do mérito do pagamento, ou não, dos dias de paralisação em consonância com a excepcionalidade de que esse juízo se reveste. Nesse contexto, nos termos do art. 7o da Lei no 7.783/1989, a deflagração da greve, em princípio, corresponde à suspensão do contrato de trabalho. Como regra geral, portanto, os salários dos dias de paralisação não deverão ser pagos, salvo no caso em que a greve tenha sido provocada justamente por atraso no pagamento aos servidores públicos civis, ou por outras situações excepcionais que justifiquem o afastamento da premissa da suspensão do contrato de trabalho (art. 7o da Lei no 7.783/1989, in fine). 6.5. Os tribunais mencionados também serão competentes para apreciar e julgar medidas cautelares eventualmente incidentes relacionadas ao exercício do direito de greve dos servidores públicos civis, tais como: i) aquelas nas quais se postule a preservação do objeto da querela judicial, qual seja, o percentual mínimo de servidores públicos que deve continuar trabalhando durante o movimento paredista, ou mesmo a proibição de qualquer tipo de paralisação; ii) os interditos possessórios para a desocupação de dependências dos órgãos públicos eventualmente tomados por grevistas; e iii) as demais medidas cautelares que apresentem conexão direta com o dissídio coletivo de greve. 6.6. Em razão da evolução jurisprudencial sobre o tema da interpretação da omissão legislativa do direito de greve dos servidores públicos civis e em respeito aos ditames de segurança jurídica, fixa-se o prazo de 60 (sessenta) dias para que o Congresso Nacional legisle sobre a matéria. 6.7. Mandado de injunção conhecido e, no Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-132716 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br mérito, deferido para, nos termos acima especificados, determinar a aplicação das Leis nos 7.701/1988 e 7.783/1989 aos conflitos e às ações judiciais que envolvam a interpretação do direito de greve dos servidores públicos civis. A decisão aditiva é técnica decisória no controle das omissões. Observação: No Mandado de Injunção (MI), o controle é concreto, enquanto na ADO, o controle é abstrato. Isto porque, em sede de ADO, o objeto é omissão normativa ou administrativa total ou parcial. Já, no MI, o objeto é apenas a omissão normativa, não se impugnando omissão administrativa, tendo em vista que esta pode ser impugnada pela via concreta, mas por meio de MS ou de outra ação, que não por MI. 2º Horário 4. Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) Prevista no art. 102, parágrafo 1º c/c Lei 9.882/99. Imperioso destacar que o parágrafo 1º, do art. 102, CRFB é o antigo parágrafo único. A EC nº 03/93 acrescentou parágrafos ao art. 102, mas não o relativo à ADPF, que é criação do Poder Constituinte Originário. CRFB, Art. 102, § 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei. (Transformado do parágrafo único em § 1º pela Emenda Constitucional nº 3, de 17/03/93) Lei 9.882/99, Art. 1o A arguição prevista no § 1o do art. 102 da Constituição Federal será proposta perante o Supremo Tribunal Federal, e terá por objeto evitar ou reparar lesão a preceito fundamental, resultante de ato do Poder Público. Parágrafo único. Caberá também arguição de descumprimento de preceito fundamental: I - quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição; (Vide ADIN 2.231-8, de 2000) II – (VETADO) O STF entendeu que a ADPF é norma de eficácia limitada e sua utilização só passou a ser possível após a edição da Lei 9.882/99. Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 17 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br 4.1. Competência Compete ao Supremo Tribunal Federal o processamento e julgamento de ADPF. 4.2. Parâmetro São os preceitos fundamentais e não a CRFB como um todo. A definição de preceito fundamental foi fixada pelo STF na ADPF nº 33/MC cujo acórdão segue transcrito: ADPF 33 MC / PA - PARÁ MEDIDA CAUTELAR EM ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL Relator(a): Min. GILMAR MENDES Julgamento: 29/10/2003 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Publicação DJ 06-08-2004 PP-00020 EMENT VOL-02158-01 PP-00001 EMENTA: Argüição de Descumprimento de Preceito Fundamental - ADPF. Medida Cautelar. 2. Ato regulamentar. Autarquia estadual. Instituto de Desenvolvimento Econômico-Social do Pará - IDESP. Remuneração de pessoal. Vinculação do quadro de salários ao salário mínimo. 3. Norma não recepcionada pela Constituição de 1988. Afronta ao princípio federativo e ao direito social fundamental ao salário mínimo digno (arts. 7º, inciso IV, 1º e 18 da Constituição). 4. Medida liminar para impedir o comprometimento da ordem jurídica e das finanças do Estado. 5. Preceito Fundamental: parâmetro de controle a indicar os preceitos fundamentais passíveis de lesão que justifiquem o processo e o julgamento da argüição de descumprimento. Direitos e garantias individuais, cláusulas pétreas, princípios sensíveis: sua interpretação, vinculação com outros princípios e garantia de eternidade. Densidade normativa ou significado específico dos princípios fundamentais. 6. Direito pré-constitucional. Cláusulas de recepção da Constituição. Derrogação do direito pré-constitucional em virtude de colisão entre este e a Constituição superveniente. Direito comparado: desenvolvimento da jurisdição constitucional e tratamento diferenciado em cada sistema jurídico. A Lei nº 9.882, de 1999, e a extensão do controle direto de normas ao direito pré- constitucional. 7. Cláusula da subsidiariedade ou do exaurimento das instâncias. Inexistência de outro meio eficaz para sanar lesão a preceito fundamental de forma ampla, geral e imediata. Caráter objetivo do instituto a revelar como meio eficaz aquele apto a solver a controvérsia constitucional relevante. Compreensão do princípio no contexto da ordem constitucional global. Atenuação do significado literal do princípio da subsidiariedade quando o prosseguimento de ações nas vias ordinárias não se mostra apto para afastar a lesão a preceito fundamental. 8. Plausibilidade da medida cautelar solicitada. 9. Cautelar confirmada. Desta feita, pode-se considerar como preceito fundamental: Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 18 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br a) princípios fundamentais (art. 1º ao 4º, CRFB); CRFB, Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. CRFB, Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. CRFB, Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - garantir o desenvolvimento nacional; III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. CRFB, Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas relações internacionais pelos seguintes princípios: I - independência nacional; II - prevalência dos direitos humanos; III - autodeterminação dos povos; IV - não-intervenção; V - igualdade entre os Estados; VI - defesa da paz; VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo; IX - cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; X - concessão de asilo político. Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constituiresumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 19 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Parágrafo único. A República Federativa do Brasil buscará a integração econômica, política, social e cultural dos povos da América Latina, visando à formação de uma comunidade latino-americana de nações. b) direitos fundamentais; c) princípios constitucionais sensíveis (art. 34, VII, CRFB); e CRFB, Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; b) direitos da pessoa humana; c) autonomia municipal; d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 29, de 2000) d) cláusulas pétreas (art. 60, parágrafo 4º, CRFB). CRFB, Art. 60, § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. Para a doutrina, os preceitos fundamentais são dotados de maior densidade axiológica (de valores), apesar de não haver hierarquia entre as normas constitucionais. Exemplo: o direito à vida, como direito fundamental, tem maior densidade que a norma constitucional que versa sobre o Colégio Pedro II. A violação de preceito fundamental seria de maior gravidade, motivo pelo qual existe ação específica para sua proteção. 4.3. Objeto a) ADPF Direta ou Autônoma: ato do Poder Público. É a proposta no STF, independentemente de haver qualquer processo anterior. Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 20 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Ato do Poder Público é ato normativo ou ato concreto. b) ADPF Indireta ou Incidental: ato normativo da União, dos Estados, dos Municípios e do DF, inclusive anteriores à CRFB/88. Na ADPF indireta, há um processo comum a ser julgado por juiz competente, no qual existe uma questão incidental envolvendo preceito fundamental. O juiz é competente para julgar a questão incidental em regra, mas, quando envolver preceito fundamental, deve-se levar a questão ao STF através de ADPF incidental, para que se analise a norma em tese. O controle do STF, no caso, é abstrato, pois o nome “incidental” se dá por conta da origem da matéria, motivo pelo qual alguns autores preferem a nomenclatura ADPF Indireta. Trata-se de cisão funcional da competência no plano vertical. A maior finalidade seria permitir que as partes tivessem legitimidade para propor ADPF incidental. No entanto, o STF não reconhece as partes como legitimadas ativas, entendendo que a legitimidade é exclusiva dos sujeitos elencados no art. 103, CRFB. Lei 9.882/99, Art. 2º. Podem propor argüição de descumprimento de preceito fundamental: I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade; II - (VETADO) § 1o Na hipótese do inciso II, faculta-se ao interessado, mediante representação, solicitar a propositura de argüição de descumprimento de preceito fundamental ao Procurador-Geral da República, que, examinando os fundamentos jurídicos do pedido, decidirá do cabimento do seu ingresso em juízo. § 2o (VETADO) CRFB, Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) I - o Presidente da República; II - a Mesa do Senado Federal; III - a Mesa da Câmara dos Deputados; IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) V o Governador de Estado ou do Distrito Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) VI - o Procurador-Geral da República; Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 21 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; VIII - partido político com representação no Congresso Nacional; IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional. Bastante importante observar que é possível que as partes representem ao PGR, para que este venha a propor a ADPF incidental, a partir da questão incidental no processo comum. O problema é que os legitimados ativos para a propositura da ADPF incidental podem propor a ADPF direta também, ficando aquela esvaziada. O parâmetro da ADC e da ADI é mais amplo que o da ADPF, enquanto o objeto da ADPF Direta é mais amplo que o da ADPF Indireta, que, por sua vez, é mais abrangente que o da ADI e este possui maior amplitude que o objeto da ADC. Observação: súmula comum nem súmula vinculante podem ser objeto de ADPF, pois possuem procedimento específico para seu cancelamento. 4.4. Princípio da Subsidiariedade da ADPF Cabe ADPF quando não houver outro mecanismo eficaz para sanar a lesividade, conforme dispõe o art. 4º, parágrafo 1º, Lei 9.882/99. Lei 9.882/99, Art. 4º, § 1o Não será admitida argüição de descumprimento de preceito fundamental quando houver qualquer outro meio eficaz de sanar a lesividade. Mecanismo eficaz é o que tem a mesma efetividade (mesmo efeito concreto) e a mesma amplitude que a ADPF teria. Desta forma, em regra, o mecanismo eficaz tem natureza objetiva, motivo pelo qual não cabe ADPF se for cabível ADC ou ADI. Objeto na ADC Objeto ADI Objeto na ADPF Indireta Objeto na ADPF Direta Lei ou ato normativo federal. Lei ou ato normativo federal ou estadual. Lei ou ato normativo da União, Estados, Municípios ou DF, incluindo os anteriores à CRFB/88. Ato do Poder Público, inclusive da Administração Pública Indireta. Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partirda aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 22 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br Exemplo: de decisão contra a qual cabe RE pode-se propor ADPF, por o RE ser de natureza subjetiva. A exceção se dá quando o mecanismo subjetivo for plenamente apto a sanar a lesividade. Exemplo: o MS não afasta o cabimento da ADPF, em regra. Porém, já houve um caso no STF em que foi feita uma lei criando 2 vagas para cargo de desembargador do TJ, que foram preenchidas por promoção de juízes de carreira. A OAB entendeu que 1 das vagas deveria ser preenchida pelo quinto constitucional, ingressando com uma ADPF. O ministro Gilmar Mendes entendeu que o ato administrativo concreto do TJ poderia ser impugnado pelo MS coletivo, que seria apto para torná-lo nulo, caso ilegal e inconstitucional, possuindo plena aptidão para sanar a lesividade, sendo, pois, incabível a propositura de ADPF. 4.5. Legitimidade Ativa, PGR, Amicus Curiae, AGU e Legitimidade Passiva Com relação aos legitimados ativos, à atuação do PGR, do AGU, do amicus curiae e à legitimidade passiva, deve-se observar o exposto anteriormente com relação à ADI. 4.6. Cautelar A concessão de cautelar em ADPF possui as seguintes finalidades: a) suspender a eficácia do ato; b) suspender processos (aplicação analógica do prazo na ADC – 180 dias); c) suspender decisão judicial sem trânsito em julgado; e d) fixar providência diversa. A cautelar em ADPF tem efeito erga omnes e vinculante, motivo pelo qual da decisão judicial ou do ato administrativo que viola a cautelar em ADPF, caberá reclamação ao STF. 4.7. Decisão Final O mesmo esposado a título de decisão final em ADI deve ser observado com relação à decisão final em ADPF. Observação: cabe ADPF contra ato normativo anterior à CRFB/88 e, caso o STF, em ADPF, observe incompatibilidade da norma anterior com a Constituição atual, Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 23 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br declarará a não recepção da norma, consequentemente a sua revogação, e não a sua inconstitucionalidade. 5. Controle Concentrado Estadual A representação de inconstitucionalidade está prevista no art. 125, parágrafo 2º, CRFB. CRFB, Art. 125, § 2º - Cabe aos Estados a instituição de representação de inconstitucionalidade de leis ou atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a atribuição da legitimação para agir a um único órgão. 5.1. Competência Compete ao Tribunal de Justiça do respectivo Estado processar e julgar a ação de controle concentrado estadual. 5.2. Parâmetro O parâmetro para a representação de inconstitucionalidade é a Constituição Estadual. 5.3. Objeto Podem ser objeto de representação de inconstitucionalidade, a lei ou ato normativo estadual ou municipal. Havendo lei federal contrária à CE, caberá controle de constitucionalidade de ambas em relação à CRFB, ou seja, ou a lei federal invadiu a competência estadual, caso em que será inconstitucional, ou a constituição estadual invadiu a lei federal, hipótese na qual, igualmente, será inconstitucional. Outro ponto bastante importante é que, conforme já explicado em aula anterior, lei estadual pode ser impugnada por ADI Genérica e ADI Estadual, caso em que a ADI genérica implica no sobrestamento da ADI Estadual, não havendo litispendência ou continência. Desta forma, caso o STF decida que a norma estadual é constitucional, a ADI Estadual prosseguirá normalmente e o TJ pode declará-la inconstitucional com base na Constituição Estadual. No entanto, se decidir pela inconstitucionalidade da norma Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 24 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br estadual, a ADI Estadual fica prejudicada, pois a norma é considerada nula e extirpada do ordenamento jurídico. Sendo proposta uma ADI Estadual contra lei estadual/municipal e o parâmetro seja uma norma de reprodução obrigatória da CRFB, o STF entendeu que o TJ será competente para processar e julgar a ação, não caracterizando usurpação de sua competência. No entanto, se o TJ interpretar a norma estadual contrariamente à CRFB, caberá RE desta decisão. Em regra, da decisão em controle concentrado estadual feito pelo TJ não cabe RE ao STF, salvo se a questão envolver norma constitucional de reprodução obrigatória, caso em que este controle será abstrato, por discutir norma em tese, e difuso, pois a competência do STF não é originária. 5.4. Legitimidade Ativa A CRFB estabelece que a Constituição Estadual pode criar a ADI estadual, vedada a atribuição da legitimação a um único órgão. Na legitimidade ativa para a propositura de ADI Estadual, há plena liberdade conformativa da CE, ou seja, esta pode estabelecer o rol de legitimados que entender mais adequado, não havendo reprodução obrigatória do rol dos legitimados para a propositura de ADI genérica, nem aplicação do Princípio da Simetria. Exemplo: a CE/RJ deu legitimidade ativa ao PGE, que corresponde ao AGU, sem que este seja legitimado ativo para propor ADI genérica. A CE pode ficar aquém ou ir além do rol da ADI genérica. Observação 1: com relação à cautelar, PGJ, PGE, amicus curiae, decisão final etc, há simetria com relação à ADI genérica. Observação 2: a ADI Interventiva será abordada na aula de intervenção federal. Interpretação Constitucional Dentro do tema, serão analisados os seguintes pontos: (i) princípios e regras; (ii) métodos de interpretação; e (iii) princípios instrumentais da interpretação. 1. Diferença entre Hermenêutica, Interpretação e Aplicação da Norma Interpretação é a atividade intelectual empreendida na definição do sentido e do alcance da norma (o que significa e a extensão). Para a doutrina clássica, interpretação é extrair sentido e alcance da norma, diferentemente do conceito Direito Constitucional Data: 03/10/2011 O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 25 Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 www.enfasepraetorium.com.br contemporâneo, segundo o qual se entende que toda interpretação é afetada pelo intérprete, que realiza a atividade intelectual influenciado por seus valores internos e pela cultura e circunstâncias em que está inserido. Desta forma, não há interpretação absolutamente neutra, que seja asséptica (descontaminada). Hermenêutica é a ciência da interpretação, ou seja, é o estudo e a sistematização das técnicas/métodos de interpretação. Em que pese a distinção apresentada, os dois termos são constantemente utilizados como sinônimos. A aplicação da norma é fazer a sua incidência sobre o caso concreto. 2. Princípios e Regras Inicialmente, necessário frisar que princípios e regras são espécies de normas. São vários os critérios para a distinção entre princípios e regras, abaixo apontados. 2.1. Quanto ao conteúdo • princípios: são valorativos, ou seja, revelam valores. Desta forma, apresentam alto grau de abstração e menor densidade, que é relacionada aos elementos de aplicação da norma, à determinabilidade. Quanto maior a abstração, menor é a densidade, sendo mais difícil aplicar o princípio. A aplicação de uma norma está relacionada à sua densidade, motivo pelo qual aplicar um princípio é mais difícil que aplicar uma regra. • regras: são descritivas, ou seja, definem uma conduta ou um fato e a consequência jurídica. Com isto, possuem baixo grau de abstração e maior densidade. Próxima aula: diferenças entre princípios e regras quanto à aplicação
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