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Resumo Direito Constitucional Aula 10 (10.10.2011)

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Direito Constitucional 
Data: 10/10/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
 Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21) 2223-1327 1 
Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21) 2494-1888 
www.enfasepraetorium.com.br 
 
 
Assuntos tratados: 
1º Horário. 
� Direitos Fundamentais / Características / Verticalidade e Horizontalidade / 
Eficácia dos Direitos Fundamentais / Eficácia Positiva X Negativa / Eficácia 
Vertical X Horizontal / Dimensões dos Direitos Fundamentais / Dimensão 
Subjetiva / Dimensão Objetiva / Direitos Fundamentais em Espécie / Direitos à 
Vida / Questões Relevantes / Princípio da Legalidade / Questões Relevantes 
2º Horário. 
� Princípio da Igualdade / Questões Relevantes / Vedação à Tortura e ao 
Tratamento Desumano ou Degradante / Liberdade de Manifestação de 
Pensamento / Liberdade de Informação e Liberdade de Imprensa / Direito de 
Resposta / Liberdade Religiosa e de Consciência 
 
1º Horário 
 
1. Direitos Fundamentais 
 
1.1. Características 
 
1.1.1. Verticalidade e Horizontalidade 
A eficácia vertical é a incidência dos direitos fundamentais nas relações entre o 
Estado e os indivíduos, ante a posição de força que aquele exerce sobre este. Trata-se 
da concepção original dos direitos fundamentais (1ª geração), concebidos para 
proteger o indivíduo contra o arbítrio estatal. 
Já a eficácia horizontal é a incidência dos direitos fundamentais entre 
particulares (relação privada). Neste tipo de relação, há particulares em igualdade de 
condições, originando o termo horizontalidade. 
Há uma problemática em torno da possibilidade de o direito fundamental 
poder ser aplicado na relação privada, vindo o Estado a intervir nesta relação por 
alegar que um dos pólos possui seus direitos fundamentais violados. 
A relação privada baseia-se na autonomia da vontade, que é desdobramento 
do direito fundamental da liberdade (art. 5º, II, CRFB). Tal ideia consubstancia que a lei 
 Direito Constitucional 
Data: 10/10/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
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doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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é o fundamento para o indivíduo agir e deixar de agir1. Caso seja realizada uma relação 
privada não proibida por lei, estando as partes livremente nela envolvidas, o Estado 
deve respeitá-la, pois se respeitará a liberdade do indivíduo. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei; 
Desta forma, o Estado somente poderá intervir na relação se o direito 
fundamental estiver previsto na lei que regula essa relação privada, configurando a 
eficácia indireta dos direitos fundamentais (a incidência se dá a partir de lei e não do 
próprio direito fundamental). 
A eficácia indireta dos direitos fundamentais nas relações privadas decorre da 
existência de uma interposição legislativa, que os tornam aplicáveis. Neste caso, não 
há qualquer complexidade na intervenção do Estado para salvaguardar os direitos 
fundamentais de um dos pólos da relação. 
No entanto, quando não houver uma lei regendo a relação privada 
estabelecida, há certa dificuldade na intervenção estatal para limitar a liberdade dos 
indivíduos envolvidos. Trata-se da eficácia direta dos direitos fundamentais, caso em 
que a intervenção estatal se dá sem a prévia existência de lei. 
O Estado deve, sempre que possível, respeitar a liberdade individual e se a 
relação privada foi fundamentada nesta liberdade, a priori, o Estado não deve 
interferir. Porém, há dois fundamentos que autorizam a intervenção estatal na relação 
privada baseada na autonomia da vontade, consagrando-se a eficácia direta dos 
direitos fundamentais: 
a) dignidade da pessoa humana; 
b) verificado um desequilíbrio “de força” ou na relação. 
Exemplo 1: na França, o arremesso de anões – realizado como espetáculo em 
uma casa de entretenimento – teve a intervenção do Estado por entender que a 
prática violava a dignidade das pessoas envolvidas e dos demais anões, que se 
tornavam “coisificados” pela prática. 
 
1
 No mesmo sentido, tem-se a súmula 686, STF. 
 Direito Constitucional 
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Exemplo 2: a doutrina americana do State Action fundamenta que a ação 
privada, quando se assemelhar a do Estado, fica parecida com a relação vertical, em 
que um pólo restringe os direitos fundamentais de outro, cabendo a intervenção do 
Estado na relação privada no caso. 
Um caso concreto foi a análise da expulsão, pelo STF, de um indivíduo de uma 
associação, sem que a ampla defesa e o contraditório fossem respeitados. A ministra 
Ellen Gracie entendeu não haver a necessidade de serem respeitados tais princípios, 
porque não existia lei obrigando tal respeito, mas o ministro Gilmar Mendes, 
acompanhado pela maioria, entendeu que o serviço prestado pela associação se 
assemelha a serviço público, a uma ação estatal e a associação se sobrepôs ao 
indivíduo em sua ação, caso em que a eficácia direta dos direitos fundamentais é 
possível e estes devem ser respeitados, apesar de não ser a regra. 
 
1.2. Eficácia dos Direitos Fundamentais 
 
1.2.1. Eficácia Positiva X Negativa 
A eficácia positiva é a que gera uma obrigação de fazer ou de prestar, enquanto 
a negativa gera uma obrigação de não fazer, não prestar. 
Todos os direitos fundamentais apresentam ambas as eficácias, distinguindo-se 
pela intensidade (bipolaridade eficacial), conforme já explanado em aulas precedentes. 
 
1.2.2. Eficácia Vertical X Horizontal 
A eficácia vertical é incidência dos direitos fundamentais na relação Estado-
indivíduo, caso em que a eficácia será direta, e a horizontal é a observada na relação 
privada, podendo a eficácia ser direta ou indireta dependendo do caso, consoante 
apontado no tópico anterior. 
 
1.3. Dimensões dos Direitos Fundamentais 
 
1.3.1. Dimensão Subjetiva 
Trata-se da eficácia subjetiva dos direitos fundamentais, segundo a qual estes 
são entendidos como direitos subjetivos.Direito Constitucional 
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Direito subjetivo, em uma definição clássica, é o poder jurídico de se exigir algo 
(fazer, não fazer ou dar). 
Exemplo: quando o indivíduo tem o direito à propriedade violado por esbulho e 
exige prestação jurisdicional do Estado, para que atue concretamente a fim de 
resguardá-lo. 
 
1.3.2. Dimensão Objetiva 
É sinônimo de eficácia objetiva dos direitos fundamentais, em que o direito 
fundamental é entendido por seu conteúdo principiológico, apresentando algumas 
conseqüências: 
a) gera um dever geral de tutela ao Estado: significa dizer que, 
independentemente de quem seja o titular e se ele exige ou não proteção, o Estado é 
obrigado a protegê-lo. 
Exemplo: quando o Estado põe a polícia à disposição de diversos indivíduos 
para proteger a propriedade deles. 
A eficácia direta dos direitos fundamentais nas relações privadas fundamenta-
se na dimensão objetiva, pois independe da titularidade do direito ou da exigência de 
proteção, havendo obrigação estatal em proteger estes direitos. 
b) o direito fundamental apresenta-se como parâmetro de interpretação de 
toda a ordem jurídica. 
Importante ressaltar que da eficácia objetiva, extrai-se a eficácia irradiante dos 
direitos fundamentais2, por todo o acima exposto. 
 
1.4. Direitos Fundamentais em Espécie 
O artigo 5º, CRFB não esgota todos os direitos fundamentais, apesar de abordar 
fundamentos dos diversos ramos do direito. Desta forma, o presente estudo focará 
nos direitos fundamentais com aspecto constitucional mais evidente. 
 
1.4.1. Direito à Vida 
O direito à vida está previsto no art. 5º, caput, CRFB, abaixo colacionado: 
 
2
 Nota do monitor: A eficácia irradiante atinge o Legislativo, a Administração Pública e o 
Judiciário no exercício de suas funções típicas. 
Fonte: LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 14ª edição: página 746. 
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
 
1.4.1.1. Questões Relevantes 
 
• Conceito de vida e morte: José Afonso da Silva conceitua vida como a 
incessante autoatividade funcional peculiar à matéria orgânica. Ou seja, não há vida 
sem atividade cerebral. 
Desta forma, havendo morte cerebral, o desligamento de aparelhos médicos 
não configura qualquer tipo de crime. 
 
• Interrupção da gravidez de feto anencéfalo: com relação à pena de morte – 
não admitida, à exceção de guerra declarada – a sua vedação é cláusula pétrea (em 
tese, apenas uma nova constituição poderia instituí-la). 
Neste diapasão, a interrupção da gravidez é vedada no Brasil, salvo nos casos 
dos abortos sentimental e terapêutico. 
Na ADPF 543 discute-se a interrupção da gravidez de feto anencéfalo, que em 
100% dos casos apresenta inviabilidade da vida. 
O argumento favorável à interrupção da gravidez é de que a inviabilidade de 
vida e a obrigação de a mulher sustentar a gravidez até o final gerariam grave risco à 
sua saúde física e psicológica (dignidade humana) – impõe-se um sofrimento 
desproporcional –, violando-se o princípio da proporcionalidade. Os argumentos da 
dignidade da pessoa humana e do Princípio da Proporcionalidade são os mesmos para 
a interrupção da gravidez advinda de estupro, legitimada independentemente de 
haver risco à saúde da gestante e, com maior razão, a interrupção da gravidez de feto 
anencéfalo deve ser autorizada, pois há inviabilidade de vida. 
Se o STF entender pela possibilidade de interrupção legítima da gravidez de 
feto anencéfalo, estará atuando como legislador positivo. Mas há quem sustente que, 
caso o CP fosse elaborado atualmente, esta hipótese estaria prevista no rol de 
 
3
 A consulta a acórdãos lavrados até o presente momento pode ser feita através do sítio eletrônico 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarConsolidada.asp?classe=ADPF&numero=54&origem=A
P 
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atipicidade ante todos os desenvolvimentos científicos existentes, motivo pelo qual o 
STF apenas estaria reconhecendo um direito constitucionalmente previsto. 
• Pesquisas científicas com células-tronco embrionárias: o STF julgou 
plenamente constitucional a pesquisa com células-tronco embrionárias na ADI 3510, 
analisando o direito à vida. A ação foi ajuizada argumentando-se que já há vida na 
célula-tronco embrionária, sendo de grande importância a definição do momento em 
que se inicia a vida para o enfrentamento da questão. 
ADI 3510 / DF - DISTRITO FEDERAL 
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 
Relator(a): Min. AYRES BRITTO 
Julgamento: 29/05/2008 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
Publicação Dje - 096 DIVULG 27-05-2010 PUBLIC 28-05-2010 EMENT VOL-02403-
01 PP-00134 RTJ VOL-00214- PP-00043 
Ementa CONSTITUCIONAL. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. LEI DE 
BIOSSEGURANÇA. IMPUGNAÇÃO EM BLOCO DO ART. 5º DA LEI Nº 11.105, DE 24 
DE MARÇO DE 2005 (LEI DE BIOSSEGURANÇA). PESQUISAS COM CÉLULAS-
TRONCO EMBRIONÁRIAS. INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO DIREITO À VIDA. 
CONSITUCIONALIDADE DO USO DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS EM 
PESQUISAS CIENTÍFICAS PARA FINS TERAPÊUTICOS. DESCARACTERIZAÇÃO DO 
ABORTO. NORMAS CONSTITUCIONAIS CONFORMADORAS DO DIREITO 
FUNDAMENTAL A UMA VIDA DIGNA, QUE PASSA PELO DIREITO À SAÚDE E AO 
PLANEJAMENTO FAMILIAR. DESCABIMENTO DE UTILIZAÇÃO DA TÉCNICA DE 
INTERPRETAÇÃO CONFORME PARA ADITAR À LEI DE BIOSSEGURANÇA CONTROLES 
DESNECESSÁRIOS QUE IMPLICAM RESTRIÇÕES ÀS PESQUISAS E TERAPIAS POR ELA 
VISADAS. IMPROCEDÊNCIA TOTAL DA AÇÃO. I - O CONHECIMENTO CIENTÍFICO, A 
CONCEITUAÇÃO JURÍDICA DE CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS E SEUS REFLEXOS 
NO CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DA LEI DE BIOSSEGURANÇA. As 
"células-troncoembrionárias" são células contidas num agrupamento de outras, 
encontradiças em cada embrião humano de até 14 dias (outros cientistas reduzem 
esse tempo para a fase de blastocisto, ocorrente em torno de 5 dias depois da 
fecundação de um óvulo feminino por um espermatozóide masculino). Embriões a 
que se chega por efeito de manipulação humana em ambiente extracorpóreo, 
porquanto produzidos laboratorialmente ou "in vitro", e não espontaneamente ou 
"in vida". Não cabe ao Supremo Tribunal Federal decidir sobre qual das duas 
formas de pesquisa básica é a mais promissora: a pesquisa com células-tronco 
adultas e aquela incidente sobre células-tronco embrionárias. A certeza científico-
tecnológica está em que um tipo de pesquisa não invalida o outro, pois ambos são 
mutuamente complementares. II - LEGITIMIDADE DAS PESQUISAS COM CÉLULAS-
TRONCO EMBRIONÁRIAS PARA FINS TERAPÊUTICOS E O CONSTITUCIONALISMO 
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FRATERNAL. A pesquisa científica com células-tronco embrionárias, autorizada 
pela Lei n° 11.105/2005, objetiva o enfrentamento e cura de patologias e 
traumatismos que severamente limitam, atormentam, infelicitam, desesperam e 
não raras vezes degradam a vida de expressivo contingente populacional 
(ilustrativamente, atrofias espinhais progressivas, distrofias musculares, a 
esclerose múltipla e a lateral amiotrófica, as neuropatias e as doenças do neurônio 
motor). A escolha feita pela Lei de Biossegurança não significou um desprezo ou 
desapreço pelo embrião "in vitro", porém uma mais firme disposição para 
encurtar caminhos que possam levar à superação do infortúnio alheio. Isto no 
âmbito de um ordenamento constitucional que desde o seu preâmbulo qualifica "a 
liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça" 
como valores supremos de uma sociedade mais que tudo "fraterna". O que já 
significa incorporar o advento do constitucionalismo fraternal às relações 
humanas, a traduzir verdadeira comunhão de vida ou vida social em clima de 
transbordante solidariedade em benefício da saúde e contra eventuais tramas do 
acaso e até dos golpes da própria natureza. Contexto de solidária, compassiva ou 
fraternal legalidade que, longe de traduzir desprezo ou desrespeito aos 
congelados embriões "in vitro", significa apreço e reverência a criaturas 
humanas que sofrem e se desesperam. Inexistência de ofensas ao direito à vida 
e da dignidade da pessoa humana, pois a pesquisa com células-tronco 
embrionárias (inviáveis biologicamente ou para os fins a que se destinam) 
significa a celebração solidária da vida e alento aos que se acham à margem do 
exercício concreto e inalienável dos direitos à felicidade e do viver com 
dignidade (Ministro Celso de Mello). III - A PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL DO 
DIREITO À VIDA E OS DIREITOS INFRACONSTITUCIONAIS DO EMBRIÃO PRÉ-
IMPLANTO. O Magno Texto Federal não dispõe sobre o início da vida humana ou o 
preciso instante em que ela começa. Não faz de todo e qualquer estádio da vida 
humana um autonomizado bem jurídico, mas da vida que já é própria de uma 
concreta pessoa, porque nativiva (teoria "natalista", em contraposição às teorias 
"concepcionista" ou da "personalidade condicional"). E quando se reporta a 
"direitos da pessoa humana" e até dos "direitos e garantias individuais" como 
cláusula pétrea está falando de direitos e garantias do indivíduo-pessoa, que se 
faz destinatário dos direitos fundamentais "à vida, à liberdade, à igualdade, à 
segurança e à propriedade", entre outros direitos e garantias igualmente 
distinguidos com o timbre da fundamentalidade (como direito à saúde e ao 
planejamento familiar). Mutismo constitucional hermeneuticamente significante 
de transpasse de poder normativo para a legislação ordinária. A potencialidade 
de algo para se tornar pessoa humana já é meritória o bastante para acobertá-
la, infraconstitucionalmente, contra tentativas levianas ou frívolas de obstar sua 
natural continuidade fisiológica. Mas as três realidades não se confundem: o 
embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. 
Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa 
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humana. O embrião referido na Lei de Biossegurança ("in vitro" apenas) não é 
uma vida a caminho de outra vida virginalmente nova, porquanto lhe faltam 
possibilidades de ganhar as primeiras terminações nervosas, sem as quais o ser 
humano não tem factibilidade como projeto de vida autônoma e irrepetível. O 
Direito infraconstitucional protege por modo variado cada etapa do 
desenvolvimento biológico do ser humano. Os momentos da vida humana 
anteriores ao nascimento devem ser objeto de proteção pelo direito comum. O 
embrião pré-implanto é um bem a ser protegido, mas não uma pessoa no 
sentido biográfico a que se refere a Constituição. IV - AS PESQUISAS COM 
CÉLULAS-TRONCO NÃO CARACTERIZAM ABORTO. MATÉRIA ESTRANHA À 
PRESENTE AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. É constitucional a 
proposição de que toda gestação humana principia com um embrião igualmente 
humano, claro, mas nem todo embrião humano desencadeia uma gestação 
igualmente humana, em se tratando de experimento "in vitro". Situação em que 
deixam de coincidir concepção e nascituro, pelo menos enquanto o ovócito (óvulo 
já fecundado) não for introduzido no colo do útero feminino. O modo de irromper 
em laboratório e permanecer confinado "in vitro" é, para o embrião, insuscetível 
de progressão reprodutiva. Isto sem prejuízo do reconhecimento de que o zigoto 
assim extra-corporalmente produzido e também extra-corporalmente cultivado e 
armazenado é entidade embrionária do ser humano. Não, porém, ser humano em 
estado de embrião. A Lei de Biossegurança não veicula autorização para extirpar 
do corpo feminino esse ou aquele embrião. Eliminar ou desentranhar esse ou 
aquele zigoto a caminho do endométrio, ou nele já fixado. Não se cuida de 
interromper gravidez humana, pois dela aqui não se pode cogitar. A 
"controvérsia constitucional em exame não guarda qualquer vinculação com o 
problema do aborto." (Ministro Celso de Mello). V - OS DIREITOS FUNDAMENTAIS 
À AUTONOMIA DA VONTADE, AO PLANEJAMENTO FAMILIAR E À MATERNIDADE. 
A decisão por uma descendência ou filiação exprime um tipo de autonomia de 
vontade individual que a própria Constituição rotula como "direito ao 
planejamento familiar", fundamentado este nos princípios igualmente 
constitucionais da "dignidade da pessoa humana" e da "paternidade 
responsável". A conjugaçãoconstitucional da laicidade do Estado e do primado da 
autonomia da vontade privada, nas palavras do Ministro Joaquim Barbosa. A 
opção do casal por um processo "in vitro" de fecundação artificial de óvulos é 
implícito direito de idêntica matriz constitucional, sem acarretar para esse casal 
o dever jurídico do aproveitamento reprodutivo de todos os embriões 
eventualmente formados e que se revelem geneticamente viáveis. O princípio 
fundamental da dignidade da pessoa humana opera por modo binário, o que 
propicia a base constitucional para um casal de adultos recorrer a técnicas de 
reprodução assistida que incluam a fertilização artificial ou "in vitro". De uma 
parte, para aquinhoar o casal com o direito público subjetivo à "liberdade" 
(preâmbulo da Constituição e seu art. 5º), aqui entendida como autonomia de 
 Direito Constitucional 
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vontade. De outra banda, para contemplar os porvindouros componentes da 
unidade familiar, se por eles optar o casal, com planejadas condições de bem-
estar e assistência físico-afetiva (art. 226 da CF). Mais exatamente, planejamento 
familiar que, "fruto da livre decisão do casal", é "fundado nos princípios da 
dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável" (§ 7º desse 
emblemático artigo constitucional de nº 226). O recurso a processos de 
fertilização artificial não implica o dever da tentativa de nidação no corpo da 
mulher de todos os óvulos afinal fecundados. Não existe tal dever (inciso II do 
art. 5º da CF), porque incompatível com o próprio instituto do "planejamento 
familiar" na citada perspectiva da "paternidade responsável". Imposição, além 
do mais, que implicaria tratar o gênero feminino por modo desumano ou 
degradante, em contrapasso ao direito fundamental que se lê no inciso II do art. 
5º da Constituição. Para que ao embrião "in vitro" fosse reconhecido o pleno 
direito à vida, necessário seria reconhecer a ele o direito a um útero. Proposição 
não autorizada pela Constituição. VI - DIREITO À SAÚDE COMO COROLÁRIO DO 
DIREITO FUNDAMENTAL À VIDA DIGNA. O § 4º do art. 199 da Constituição, 
versante sobre pesquisas com substâncias humanas para fins terapêuticos, faz 
parte da seção normativa dedicada à "SAÚDE" (Seção II do Capítulo II do Título 
VIII). Direito à saúde, positivado como um dos primeiros dos direitos sociais de 
natureza fundamental (art. 6º da CF) e também como o primeiro dos direitos 
constitutivos da seguridade social (cabeça do artigo constitucional de nº 194). 
Saúde que é "direito de todos e dever do Estado" (caput do art. 196 da 
Constituição), garantida mediante ações e serviços de pronto qualificados como 
"de relevância pública" (parte inicial do art. 197). A Lei de Biossegurança como 
instrumento de encontro do direito à saúde com a própria Ciência. No caso, 
ciências médicas, biológicas e correlatas, diretamente postas pela Constituição a 
serviço desse bem inestimável do indivíduo que é a sua própria higidez físico-
mental. VII - O DIREITO CONSTITUCIONAL À LIBERDADE DE EXPRESSÃO CIENTÍFICA 
E A LEI DE BIOSSEGURANÇA COMO DENSIFICAÇÃO DESSA LIBERDADE. O termo 
"ciência", enquanto atividade individual, faz parte do catálogo dos direitos 
fundamentais da pessoa humana (inciso IX do art. 5º da CF). Liberdade de 
expressão que se afigura como clássico direito constitucional-civil ou genuíno 
direito de personalidade. Por isso que exigente do máximo de proteção jurídica, 
até como signo de vida coletiva civilizada. Tão qualificadora do indivíduo e da 
sociedade é essa vocação para os misteres da Ciência que o Magno Texto Federal 
abre todo um autonomizado capítulo para prestigiá-la por modo superlativo 
(capítulo de nº IV do título VIII). A regra de que "O Estado promoverá e incentivará 
o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas" (art. 218, 
caput) é de logo complementada com o preceito (§ 1º do mesmo art. 218) que 
autoriza a edição de normas como a constante do art. 5º da Lei de Biossegurança. 
A compatibilização da liberdade de expressão científica com os deveres estatais 
de propulsão das ciências que sirvam à melhoria das condições de vida para 
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ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
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todos os indivíduos. Assegurada, sempre, a dignidade da pessoa humana, a 
Constituição Federal dota o bloco normativo posto no art. 5º da Lei 11.105/2005 
do necessário fundamento para dele afastar qualquer invalidade jurídica 
(Ministra Cármen Lúcia). VIII - SUFICIÊNCIA DAS CAUTELAS E RESTRIÇÕES 
IMPOSTAS PELA LEI DE BIOSSEGURANÇA NA CONDUÇÃO DAS PESQUISAS COM 
CÉLULAS-TRONCO EMBRIONÁRIAS. A Lei de Biossegurança caracteriza-se como 
regração legal a salvo da mácula do açodamento, da insuficiência protetiva ou do 
vício da arbitrariedade em matéria tão religiosa, filosófica e eticamente sensível 
como a da biotecnologia na área da medicina e da genética humana. Trata-se de 
um conjunto normativo que parte do pressuposto da intrínseca dignidade de toda 
forma de vida humana, ou que tenha potencialidade para tanto. A Lei de 
Biossegurança não conceitua as categorias mentais ou entidades biomédicas a 
que se refere, mas nem por isso impede a facilitada exegese dos seus textos, pois é 
de se presumir que recepcionou tais categorias e as que lhe são correlatas com o 
significado que elas portam no âmbito das ciências médicas e biológicas. IX - 
IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO. Afasta-se o uso da técnica de "interpretação 
conforme" para a feitura de sentença de caráter aditivo que tencione conferir à Lei 
de Biossegurança exuberância regratória, ou restrições tendentes a inviabilizar as 
pesquisas com células-tronco embrionárias. Inexistência dos pressupostos para a 
aplicação da técnica da "interpretação conforme a Constituição", porquanto a 
norma impugnada não padece de polissemia ou de plurissignificatidade. Ação 
direta de inconstitucionalidade julgada totalmente improcedente. 
Para alguns, o início da vida ocorre após a nidação, que é quando as atividades 
cerebrais se iniciam, enquanto, para outros, ocorre após a fecundação. A produção de 
células-tronco é realizada in vitro e, após 3 anos de congelamento, perdem a utilidade 
para a gravidez, permanecendo úteis para fins científicos. 
A legislação (Lei de Biossegurança) prevê que, passados os 3 anos de 
congelamento, se o casal autorizar, as células-tronco poderão ser utilizadas para fins 
científicos. 
O ministro Ayres Brito entende que a resolução do problema fundamentando-
se no momento em que se inicia a vida é inviável, ante a controvérsia existente na 
comunidade científica.Salientou que o art. 226, parágrafo 7º, CRFB prevê o direito de 
planejamento familiar, que envolve o direito de limitar o número de filhos e de não 
ter filhos, bem como o de ter filhos, motivo pelo qual o casal pode se valer da 
fertilização in vitro para gerá-los. 
Desta forma, passados os 3 anos após o congelamento, as células-tronco não 
servem mais para a gravidez e, tanto utilizá-las para fins científicos, quanto o seu 
descarte ou mesmo a sua criação violam a vida. A solução seria impedir a fertilização in 
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vitro, mas isto impediria o direito ao planejamento familiar, não sendo possível a 
proibição deste procedimento. 
Art. 226, § 7º - Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da 
paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, 
competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o 
exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições 
oficiais ou privadas. 
Com isto, o ministro entendeu que a sobra de células-tronco é inevitável, 
motivo pelo qual deve ser utilizada pelo bem de outras pessoas em pesquisas 
científicas. 
• Vedação à eutanásia: a eutanásia (morte suave) é a abreviação da vida para 
fazer cessar o sofrimento da pessoa. Não se confunde com induzimento, instigação ou 
auxílio ao suicídio, em que a própria pessoa atenta contra sua vida, tendo em vista que 
um terceiro é que pratica a eutanásia e responde criminalmente por homicídio. 
Para os defensores da eutanásia, do direito à vida se extrai o direito à existência 
digna (art. 170, caput, CRFB), podendo a pessoa lutar contra a existência indigna 
gerada pelo seu estado de saúde. E se esta situação de saúde que acarreta sofrimento 
excessivo ao indivíduo for permanente, aquele tem o direito à morte. 
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na 
livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os 
ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: 
No entanto, a eutanásia ativa não é permitida no Brasil. 
Uma situação diferente é a eutanásia passiva, em que o indivíduo não quer 
mais manter a sua vida e se recusa a realizar o tratamento médico, sendo 
problemática, pois, em tese, o paciente pode se responsabilizar pela não utilização da 
terapia médica (assinatura de termo), eximindo-se a responsabilidade do médico. 
• Embate entre vida e liberdade religiosa: nenhum ritual pode envolver 
sacrifício humano, por óbvio. Mas o ponto que merece destaque é a transfusão de 
sangue para testemunhas de Jeová. 
Discute-se se o médico pode se sobrepor à liberdade religiosa e realizar a 
transfusão de sangue. Caso a pessoa esteja inconsciente, ou seja incapaz, o direito à 
vida deve se sobrepor e o médico, via de regra, realiza a transfusão por decisão 
judicial. 
No entanto, se a pessoa não quiser se submeter à transfusão estando livre e 
consciente, prevalece que o médico não deve realizá-la, pois a liberdade de religião 
deve se sobrepor, salvaguardando-se a autodeterminação individual e a dignidade da 
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pessoa humana. Deve-se pensar na alteridade para a resolução do caso, que é a 
capacidade de se colocar no lugar do outro. 
 
1.4.2. Princípio da Legalidade 
 
1.4.2.1. Questões Relevantes 
 
• O Princípio da Legalidade pode ser entendido dentro de dois ângulos: 
a) para o indivíduo (art. 5º, II, CRFB): traduz-se na autonomia da vontade. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em 
virtude de lei; 
b) para a Administração Pública (art. 37, CRFB): esta só pode agir quando a lei 
determinar. 
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da 
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios 
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao 
seguinte: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998): 
O Princípio da Legalidade está abaixo do Princípio da Constitucionalidade, 
segundo o qual toda a ordem se fundamenta na CRFB. Para Paulo Bonavides, o estado 
de direito tem dois momentos: o 1º momento é o Princípio da Legalidade, segundo o 
qual todo o estado de direito fundamenta-se na lei, enquanto o 2º momento é o 
Princípio da Constitucionalidade, em que o estado de direito se alicerça na 
Constituição. Desta forma, o Princípio da Legalidade deve ser lido de acordo com a 
Constituição da República. 
Em consequência disto, não havendo lei, o Estado não interfere nas relações 
privadas a priori, mas violada a dignidade da pessoa humana, com fundamento na 
Constituição, o Estado deve agir. 
 
• O Princípio da Legalidade desdobra-se em: 
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a) Princípio da Legalidade Lato Sensu: relaciona-se à exigência de norma 
jurídica. 
b) Princípio da Reserva Legal: mais específico, por se relacionar à lei em 
sentido formal, advindo do Princípio da Legalidade Lato Sensu. 
Exemplo: as restrições aos direitos fundamentais só podem ser processadas 
por lei formal, observado o Princípio da Reserva Legal. 
 
2º Horário 
1.4.3. Princípio da Igualdade 
Encontra previsão no art. 5º, caput e inciso I, CRFB 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta 
Constituição; 
 
1.4.3.1. Questões Relevantes• Igualdade, por natureza, é um conceito relacional, porque ao se falar em 
igualdade, uma comparação é feita entre grupos distintos. Desta forma, um critério de 
diferenciação deve ser definido (exemplo: homens e mulheres), bem como um critério 
de comparação (exemplo: critério da dignidade humana – homens e mulheres são 
iguais). 
 
• Há três tipos de igualdade: 
a) formal: é a igualdade perante a lei, declarada e reconhecida por esta. Nem 
sempre se traduz numa igualdade concreta, levando ao conceito de igualdade 
material. 
b) material: os iguais devem ser tratados igualmente e os desiguais 
desigualmente, na medida em que se desigualam, conforme afirmado por Aristóteles. 
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Desta forma, é possível o tratamento diferenciado, que só será legítimo se 
definidos os aspectos: (i) categorias em jogo; (ii) critério de comparação; (iii) 
finalidade; (iv) Princípio da Proporcionalidade. 
Exemplo: uma empresa quer selecionar pessoas e define querer apenas 
mulheres loiras. O critério “ser loira” pode ser legítimo ou não, pois se a empresa for 
fabricante de cosméticos e estiver gerando produto de tratamento para cabelos loiros, 
legitima-se a escolha. 
c) pluralista: consiste na igualação na hipótese em que a diferença constitui 
fator de prejuízo, ou no direito de ser diferente na hipótese em que a diferença é 
fator de identidade. 
Exemplo: se um cidadão quiser ingressar no prédio do STF, não pode fazê-lo de 
chinelo e camiseta, mas, quando do julgamento de uma questão indígena pelo 
Supremo, os índios puderam ingressar no local com suas vestimentas, tendo em vista 
ser o fato de identidade do grupo, que tem o direito de ser diferente. 
Estado pluriétnico ou multicultural é aquele em que há uma etnia dominante, 
mas as minoritárias são salvaguardadas, como acontece com os índios e os 
quilombolas no Brasil, por haver necessidade de proteção específica a fim de que não 
se extingam ao serem absorvidos pela cultura majoritária. 
Há, no entanto, casos envolvendo o direito à igualdade nos quais existem 
dificuldades teóricas. 
 
• Farra do Boi: o caso foi analisado pelo STF, com relação a essa prática, 
realizada no sul do Brasil, que se trata de cultura milenar de se sacrificarem bois ao 
final da festa. É vista como prática cruel contra animais pela cultura majoritária, 
motivo pelo qual o STF decidiu pela vedação da farra do boi. No entanto, esta decisão 
gerou muita controvérsia. 
 
• Grupos religiosos de proselitismo: por proselitismo entende-se a tentativa de 
converter as pessoas para a sua própria religião, questão bastante discutida no âmbito 
do MPF. A controvérsia está relacionada à possibilidade destes grupos atuarem junto 
às comunidades indígenas, pela necessidade de proteção dos índios e de sua cultura e 
a liberdade religiosa dos proselitistas. O MPF vem entendendo em seus pareceres que 
o ingresso destes grupos nas comunidades indígenas deve ser vedado. 
 
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• Ações afirmativas: são medidas destinadas ao beneficiamento de grupos 
social e/ou historicamente vitimizados. 
Exemplo: as mulheres eram excluídas da vida política antigamente, havendo 
regra que estabelece que 30% dos candidatos de um partido devem ser de mulheres 
atualmente, a fim de que seja incentivado o seu ingresso na vida política. 
Neste contexto, há enorme polêmica com relação às cotas para negros em 
universidades públicas, havendo que ser analisados os argumentos contra e a favor. 
a) Argumentos contrários às cotas: 
a.1) dificuldade em se definir quem é negro no Brasil, ante o elevado grau de 
miscigenação. Há três critérios para a definição do que é negro, que devem ser 
conjugados para se reduzir o grau de incerteza: 
(i) critério meramente visual: gera uma zona de incerteza muito grande e, 
quando se está na situação de certeza, a pessoa pode ser visualmente branca, mas ser 
descendente direta de negros. 
(ii) critério genealógico: verifica-se a origem da pessoa, sendo problemático 
definir-se até que grau se deve retroceder para verificar se o indivíduo é ou não negro. 
Dentro deste critério, algumas pessoas fazem a definição pela carga genética, critério 
considerado falho. 
(iii) critério da autoidentificação: a própria pessoa se reconhece negra. Este 
critério tem a desvantagem de a pessoa poder se valer da própria torpeza para seu 
benefício, sendo falho. No entanto, a vantagem é que o indivíduo se reconhece como 
negro, consolidando-se o grupo em um conceito mais preciso. 
a.2) a discriminação no Brasil não é racial, mas social: o negro não é 
discriminado, mas sim o pobre, independentemente da cor de pele. 
a.3) as cotas fomentariam o preconceito: geraria discriminação pelos não-
cotistas com relação aos cotistas no âmbito da própria universidade e no do mercado 
de trabalho. 
a.4) o sistema de cotas prejudicaria a qualidade do ensino: caso a pessoa 
ingresse pelo sistema de cotas é porque não possui capacidade de ingressar 
competindo com os demais e não conseguirá acompanhar o ensino na universidade, 
abandonando a faculdade ou tendo que haver redução na qualidade de ensino para o 
acompanhamento pelo cotista. 
a.5) o sistema de cota geraria um prejuízo econômico: por não poder 
acompanhar o ensino, o cotista abandona o curso e a sua vaga foi ocupada sem que 
um profissional fosse formado ao final, gerando prejuízo econômico. 
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a.6) a cota é mecanismo paliativo ou até mesmo hipócrita, porque a educação 
de base é que deveria ser melhorada para que todos tenham condições de disputar as 
vagas comuns. 
 
b) Argumentos favoráveis às cotas: 
b.1) processo de abolição não inclusivo e a perpetuação da exclusão: o sistema 
econômico brasileiro baseava-se na escravidão historicamente e, com a abolição, 
sofreu uma alteração drástica. Por questões de preconceito, o negro liberto não 
conseguiu encontrarum mercado de trabalho nas cidades e, nos campos, não obteve a 
chance de se inserir na própria origem, que passou a ser ocupada pelos imigrantes 
trazidos pelo governo brasileiro (política de purificação da raça). 
Desta forma, o negro passou a viver à margem da sociedade, não conseguindo 
se incluir no sistema de educação por não ter condições financeiras e nem se inserir no 
mercado de trabalho. Alguns dados estatísticos parecem comprovar isso: 
- se todas as universidades públicas e privadas fossem dedicadas a negros, 
seriam necessários 20 anos para que o número de médicos negros chegasse ao 
número de brancos. Trata-se da subrepresentação do grupo, que ocorre quando há 
um hiato desproporcional entre o que o grupo racial representa na sociedade e a 
posição que ocupa no mercado de trabalho. 
- apenas de 3 a 4% dos negros ocupa posição de gerência. 
b.2) a discriminação no Brasil não é apenas social e econômica, mas também 
racial: o próprio grupo negro sente-se discriminado pela sociedade. 
b.3) as cotas seriam medidas temporárias para a promoção da igualdade e não 
excluem a necessidade da melhoria da educação básica: a melhoria da educação é 
processo demorado e, até que haja efetiva melhora, algumas gerações continuarão 
excluídas do mercado de trabalho. 
b.4) nas universidades onde já se tem adotado o sistema, a média geral de 
aproveitamento dos cotistas não é inferior à média do restante. 
b.5) as ações afirmativas são medidas de justiça social e não de justiça 
individual: visam à sociedade como um todo e não apenas um indivíduo, sacrificando-
se situações individuais em função do todo legitimamente. 
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Observação 1: Na ADI 33304 discute-se o PROUNI, que cria bolsas parciais e 
integrais para índios e negros nas universidades privadas. 
Observação 2: Alguns estados começaram a criar reservas de vagas de cargos 
públicos para negros, aplicando-se as mesmas críticas e contracríticas anteriormente 
feitas com relação às cotas para negros em universidades públicas. No entanto, esta se 
relaciona à inserção na educação, enquanto em concursos a relação se dá no mercado 
de trabalho, sendo desarrazoado. O tema ainda não foi enfrentado pelo STF. 
 
1.4.4. Vedação à Tortura e ao Tratamento Desumano ou Degradante 
O art. 5º, III, CRFB proíbe a tortura no sentido físico e psicológico. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou 
degradante; 
A súmula vinculante nº 11 veda o uso de algemas sem justificativa (segurança 
própria ou de terceiros), relacionando-se à vedação de tratamento degradante. 
SÚMULA VINCULANTE Nº 11: SÓ É LÍCITO O USO DE ALGEMAS EM CASOS DE 
RESISTÊNCIA E DE FUNDADO RECEIO DE FUGA OU DE PERIGO À INTEGRIDADE 
FÍSICA PRÓPRIA OU ALHEIA, POR PARTE DO PRESO OU DE TERCEIROS, 
JUSTIFICADA A EXCEPCIONALIDADE POR ESCRITO, SOB PENA DE 
RESPONSABILIDADE DISCIPLINAR, CIVIL E PENAL DO AGENTE OU DA AUTORIDADE 
E DE NULIDADE DA PRISÃO OU DO ATO PROCESSUAL A QUE SE REFERE, SEM 
PREJUÍZO DA RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO. 
Observação: O STF já decidiu que o julgamento no júri em que o acusado 
permanece algemado é inválido por afetar a cognição dos jurados, que ficam 
impressionados pela cena, tendendo a crerem na culpa do indivíduo. 
 
1.4.5. Liberdade de Manifestação de Pensamento 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
 
4
 O acesso às decisões monocrática e da Presidência sobre o assunto pode ser feito no sítio eletrônico 
http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarConsolidada.asp?classe=ADI&numero=3330&origem=
AP 
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inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
A vedação ao anonimato significa que se deve identificar a pessoa, ainda que o 
nome não seja o registrado juridicamente, quando o pensamento for manifestado. 
A delação anônima não pode ser fundamento para a propositura de uma ação 
penal, mas pode embasar a verificação dos fatos preliminarmente para posterior 
instauração de inquérito. 
 
1.4.6. Liberdade de Informação e Liberdade de Imprensa 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de 
comunicação, independentemente de censura ou licença; 
A liberdade de informação (de informar e de ser informado) e a liberdade de 
imprensa conectam-se. Não há democracia sem que haja pluralismo e este não existe 
se a liberdade da manifestação de pensamento não for assegurada, a qual não subsiste 
sem a liberdade de informação, que advém da liberdade de imprensa. Desta forma, 
não há democracia sem imprensa livre. 
O STF, com base no exposto, entendeu que a lei de imprensa não foi 
recepcionada pela CRFB/88. Entendeu, ainda, que o Estado não pode impor a 
exigência do diploma de jornalismo para exercício da profissão de jornalista, ou estaria 
controlando a atividade, o que geraria, por consequência, o controle da própria 
imprensa. 
No entanto, esta decisão não significa que o diploma de jornalismo não pode 
ser exigido pelo mercado de trabalho, apenas que o Estado não pode impor esta 
restrição ao exercício profissional, caracterizando a autopoiesis (fundamento em si 
mesmo). 
Observação: Há um problema gerado quanto aos limites que o Estado pode 
fixar com relação à propaganda, mas, via de regra, esses limites são fixados pelo 
próprio mercado privado de propaganda. A liberdade de propaganda de cigarros é 
vedada, sendo legítima por gerar uma série de doenças, acarretando em crise na saúde 
pública. 
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1.4.7. Direito de Resposta 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da 
indenização por dano material, moral ou à imagem; 
O direito de resposta relaciona-se a poder contrapor algo que é imputado a 
alguém. 
A pluralização do debate, no contexto de um estado democrático, significa que 
o acesso a informações deve ser assegurado. Relacionado a isso, o direito de resposta, 
além da vertente individual, possui uma vertente social ou coletiva, de permitir à 
sociedade o acesso aos diversos argumentos sobre determinado fato. 
Observação: Dano material e moral podem ser combinados. 
 
1.4.8. Liberdade Religiosa e de Consciência 
Tratam-se de direitos fundamentais previstos no art. 5º, VI a VIII, CRFB. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes: 
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre 
exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais 
de culto e a suas liturgias; 
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas 
entidades civis e militares de internação coletiva; 
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de crença religiosa ou de 
convicção filosófica ou política, salvo se as invocar para eximir-se de obrigação 
legal a todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fixada em lei; 
Ninguém pode ser obrigado a aceitar certa prática se contrária à sua 
consciência. 
Se a pessoa se recusar a um serviço obrigatório por escusa de consciência sem 
satisfazer a prestação alternativa, poderá sofrer a perda dos direitos políticos (art. 5º, 
VIII c/c 15, IV, ambos da CRFB). 
 Direito Constitucional 
Data: 10/10/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
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Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja perda ou suspensão só se 
dará nos casos de: 
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos 
termos do art. 5º, VIII; 
A liberdade religiosa é de crer ou não crer, conectando-se diretamente ao 
Princípio da Laicidade, que dispõe a não adoção de nenhuma religião oficial pelo 
Estado. 
No entanto, estado laico ou leigo não é antirreligioso, ou seja, não é caso de 
indiferentismo estatal (Estado indiferente ao fenômeno religioso). Isto porque, apesar 
dessa laicidade, o preâmbulo da CRFB invoca a proteção de Deus. 
CRFB, Preâmbulo: Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia 
Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a 
assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o 
bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de 
uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia 
social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica 
das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. 
Ademais, o art. 5º, VI a VIII, CRFB invoca a liberdade religiosa, enquanto o art. 
19, I, CRFB dispõe sobre o regime de colaboração com entidades religiosas. O art. 150, 
VI, “b”, CRFB veda a instituição de impostos sobre templos de qualquer culto e o art. 
226, parágrafo 2º, CRFB. Observa-se, pois, que não há indiferentismo estatal. 
Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-los, embaraçar-lhes o 
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relações de 
dependência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de interesse 
público; 
 
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado 
à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: 
VI - instituir impostos sobre: 
b) templos de qualquer culto; 
 
Art. 226, § 2º - O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. 
 
 Direito Constitucional 
Data: 10/10/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
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Desta feita, conclui-se que o Estado pode criar uma diferenciação de 
tratamento a certo grupo religioso, respeitando a igualdade pluralista.

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