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- a partir de Kant , ou depois do Romantismo, romperam-se definitivamente os parâmetros que organizavam a priori a experiência das obras, fazendo com que o fenômeno artístico só se realize no momento da experiência.
A arte só existe na medida em que é capaz de elaborar uma linguagem que crie significados e que ultrapasse a dimensão do gosto.
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Neoclássico
Na arte a linearidade, os contornos rigorosos, a superfície do quadro fortemente estruturada por vetores em ortogonais e diagonais devem demonstrar a potência transformadora desse gesto. O Neoclassicismo prescreve uma determinada postura, também moral, em relação à arte. O ideal neoclássico francês supõe uma nova ordem social e um novo papel do indivíduo na vida pública, cujo gesto deverá ser atravessado de heroísmos recorrendo ao passado da Antiguidade como modelo, e desenhando um futuro na ação positiva do homem. Fundamental para toda arte neoclássica é a ideação ou projeto da obra. O projeto é desenho, o traço traduz o dado empírico em fato intelectual 
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Jacques-Louis David
O Juramento dos Horácios, 1784/85, de Jacques-Louis David dá o clima estético da época: a cena é Roma, na aurora da República. Os três Horácios, diante de seu pai, juram defender a Pátria. 
No nascer de uma era de alistamento em massa e de exércitos nacionais, aí está a lenda antiga do sacrifício à Pátria, representada num teatro simbólico. O pai, que não olha os filhos, mas as armas que lhes confia, faz mais questão da vitória que da vida deles. Os filhos pertencem mais ao juramento que a si mesmos. O ímpeto heroico implica a superação dos apegos sensíveis e dos elos naturais. 
O poder do desenho e do contorno prevalece para evocar o personagem heroico, em que a ação refletida exerce seu domínio sobre a sensibilidade.
 Para David, o ideal clássico não é inspiração poética, mas modelo ético, valor supremo da arte neoclássica. 
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A pintura romântica quer ser expressão do sentimento, um estado de espírito frente à realidade. 
 De uma natureza dramática em Turner a vista emocionada de Constable, em todos a natureza reflete e expressa as emoções do homem. 
O belo romântico pitoresco ou sublime, definidos respectivamente por Cozens e Burke no final do XVIII, é justamente o belo subjetivo contraposto ao belo clássico objetivo, universal imutável. 
Constable selecionava na natureza motivos, eram “pitorescos”, é portanto uma vista emocionada, pois para ele ela não está dissociada de uma reação afetiva do sujeito, Turner em suas telas a natureza dramática e sublime, pois expressa as emoções do homem; visão revela um dinamismo cósmico que escapa ao controle da razão e pode arrastar a alma humana em êxtase.
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 constable_a carroça de feno
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Romantismo e- espiritualidade/subjetividade
O romantismo expressa um fascínio pelos valores religiosos, especialmente o cristão, mas é um fascínio estético, de um cristianismo reduzido às suas dimensões históricas e humanas. Mas não é cristã a interioridade romântica, é subjetividade da verdade, imanência dela ao sujeito que tudo cria. A interioridade romântica se exaure em um subjetivismo exasperado e desesperado. O Eu romântico potencializa-se, pois dele agora se origina o saber, do seu ser e estar, e dele depende toda comunicação entre interior e exterior. A arte tem então uma missão, pois buscará restabelecer este elo vital entre homem e mundo. Sem deuses que garantam a verdade no mundo, a missão da arte será revelar a realidade de si e do mundo em sua plenitude. O mundo se recria, através da imaginação criadora, em imagens oníricas. O artista será iluminado e deverá revelar na banalidade da existência, na trivialidade do real, o extraordinário perdido com a saída dos deuses. O extraordinário chamou-se Absoluto para os românticos e essa será a nostalgia desse tempo: desejar o Absoluto, ainda que o sabendo impossível. O sublime (Füssli, Blake, Kaspar Friedrich) é visionário e angustiado, pois reflete uma relação de isolamento com a realidade e invoca o passado como um revival diante da impossibilidade do presente.
 
 
 
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“A pintura romântica quer ser expressão do sentimento; o sentimento é um estado de espírito frente à realidade; sendo individual, é a única ligação possível entre o indivíduo e a natureza, o particular e o universal; assim, sendo o sentimento o que há de mais natural no homem, não existe sentimento que não seja sentimento da natureza.” (p. 33)
ARGAN, G. C. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. 6ª ed. SP: Companhia das Letras, 1999.
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caspar david friedrich_a cruz e a catedral nas montanhas.
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caspar david friedrich_o oceano polar
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 william blake - o ancião dos dias - 1794.
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 william blake - o redemoinho dos apaixonadore - paolo e francesca - 1824-27
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Apesar da oposição entre o Neoclássico e Romântico, Argan defende que ambos pertencem ao mesmo ciclo de pensamento marcado pela ruptura operada pela cultura iluminista: o móvel ideológico ocupa o principio metafísico da natureza-revelação o que resulta em duas atitudes possíveis do homem reagir perante a realidade e a história, a diferença consistia no tipo de postura predominantemente racional ou passional. 
Na França essa relação é exemplificada pelo antagonismo entre Ingres e Delacroix. 
Ambos vêem a pintura como uma interpretação da história, mas enquanto em Ingres o historicismo é a superação da contingência, Delacroix revive os fatos remotos como se estivessem acontecendo frente a seus olhos. 
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GÉRICAULT (1791/1824); 
 o motivo dominante da poética de Gericault é a energia, a força interior, a fúria.
 Le radeaux de la meduse, 1818/19 - o pintor se faz interprete do sentimento popular; rompe com as leis do quadro histórico clássico(poucos protagonistas ordenadamente dispostos sobre o cenário). Em Gericault corpos entrelaçados que não estão realizando nenhuma ação; há um crescendo que parte dos mortos do primeiro plano, depois os moribundos indiferentes e passa aos reanimados por uma esperança.
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Romantismo
O Romantismo pretende superar o ideal de uma humanidade universal e de uma natureza eterna, com leis imóveis e imutáveis que impregnava o sonho racional do iluminismo.
 Faz nascer uma relativização geral acentuada no historicismo romântico .
 Desconfia de leis naturais que governam homens e coisas segundo uma ordem perfeita na sua mecânica racionalidade e celebra a espontaneidade, a espiritualidade e a experiência individual subjetiva.
 Ao universalismo supra-histórico que identificava as artes gregas e romanas como o próprio conceito de arte opõe a autonomia das nações, o sentimento individual.
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Construção da modernidade
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SÉCULO XIX
- revolução industrial, com a consolidação da burguesia e o aparecimento do operariado como força social, o que iria repercutir em manifestações revolucionárias, tais como as de 1848 Comuna de Paris; 
A modernização enquanto visualização dessa dimensão técnica ocorria, sobretudo, nas grandes cidades, entre as quais Paris se torna modelo
Excluídos do sistema técnico-econômico da produção, os artistas tornam-se intelectuais em estado de eterna tensão com a mesma classe dirigente a que pertenciam.
- crescimento das cidades; artista perde segurança de antes; podia escolher entre pintar paisagens ou cenas dramáticas do passado; pintar a maneira de Ingres ou dos mestres românticos.
 Quanto mais aumentava a gama de opções menos provável era que o gosto do artista coincidisse com o do público. 
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Razão e progresso
 No XIX o modelo burguês de valores do iluminismo e da revolução francesa é institucionalizado. O iluminismo significou o acesso do homem à maioridade pelo uso da razão. Com Kant há uma radicalização da verdade pública iluminista através do criticismo: ele expulsa as visões tradicionais do mundo e as tutelas religiosas e políticas,
separa as dimensões do saber, moral e arte. 
No XIX essa herança é uma imagem quantitativa de modernização na qual a razão técnica se liga a ideia de progresso. A ciência tem seus próprios códigos e um discurso de neutralidade : 
O homem pode apenas servir-se da técnica, mas não tem mais a capacidade de entendê-la X ao contrário do homem renascentista com “potência”, ele sente sua incapacidade de produzir progresso, é um homem mutilado, resultado de uma relação que está fora dele. 
- sentido de relatividade impregnará o XIX, inspirando incertezas. O homem é apenas efêmero, um fragmento contingente e errante do mundo. A essência humana, desprovida de sua origem divina apresenta-se como finitude e transitoriedade, o homem é apenas a sua história, daí o historicismo.
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modernidade
A alienação da modernidade reside nessa separação homem/técnica; o homem não tem mais criatividade (monopólio da arte), não produz mais técnica, o conhecimento não é mais universal, a religião não é mais seu guia condutor. 
- O homem está fragmentado, pois suas impressões são fragmentadas. A passagem da tecnologia do artesanato para a tecnologia industrial é uma das principais causas da crise da arte e da conjuntura que o homem vive no XIX .
O conceito de modernidade é fruto dessa conjuntura e vamos entendê-lo através de duas figuras chaves: Baudelaire e Marx. 
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“Todas as belezas contêm, como todos os fenômenos possíveis, algo de eterno e algo de transitório, de absoluto e de particular. A beleza absoluta e eterna não existe, ou melhor, ela não é mais que uma abstração que desflora na superfície geral das diversas belezas. O elemento particular de cada beleza provém das paixões e, como temos nossas paixões particulares, temos nossa beleza.” (p. 24).
O flâneur “busca esse algo, ao qual se permitirá chamar de Modernidade; pois não me ocorre melhor palavra para exprimir a idéia em questão. Trata-se, para ele, de tirar da moda o que esta pode conter de poético no histórico, de extrair o eterno do transitório. (...) A Modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável.”
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Baudelaire representa esse novo espírito da vida moderna, em ser do seu próprio tempo. Encarna o dândi e o e o desprezo pelos valores burgueses. Desenvolve uma crítica literária bem diversa da crítica teórica do neoclássico.
Para Baudelaire a modernidade vai caracterizar pela dialética de razão e paixão na construção artística.
Baudelaire é o primeiro poeta a trabalhar a crise e os contrastes da modernidade capitalista e industrial. 
Em seu ensaio ‘O pintor da vida moderna’ Constantin Guys diz: .” O flâneur “busca esse algo, ao qual se permitirá chamar de Modernidade; pois não me ocorre melhor palavra para exprimir a ideia em questão. Trata-se, para ele, de tirar da moda o que esta pode conter de poético no histórico, de extrair o eterno do transitório. (...) A Modernidade é o transitório, o efêmero, o contingente, é a metade da arte, sendo a outra metade o eterno e o imutável.”
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A realidade que cercava Baudelaire era a Paris com a construção de grandes avenidas, mercados ,teatros etc, fazendo com que a convivência das pessoas se transferisse de suas casas para as ruas cada vez mais movimentadas da cidade e com que diversas classes sociais, como desde um aristocrata a um réles da sociedade se defrontassem num mesmo local. 
Isso expunha contrastes sociais, também contrastava o indivíduo com a multidão. Pois ao chegar na rua o sujeito urbano perdia sua individualidade e passaria a ser simplesmente mais um na multidão..
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O que traz à cena o flâuner, um errante que se entrega a compulsão de sujeito urbano, Em meio a essa experiência nova, onde o sujeito poderia se defrontar com a multidão e com a velocidade das mudanças na sociedade moderna, Baudelaire refletir sobre as transformações e contrastes sociais antes camuflados e expor essa dualidade presente na arte e na vida, como a modernidade
.Baudelaire é solidário ao artista, amigo de Courbet, sustentava que a crítica deve ser parcial, apaixonada e política. O artista bohémien é um burguês que repudia a burguesia. Mas para Courbet trata-se de uma vanguarda radical 
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Karl Marx (Manifesto/1948) pensa a relação entre cultura, ideologia, e classe; Sua contribuição principal para um projeto de modernidade é a concepção de que a história não existe como simples decorrência, pois somos capazes de transformá-la, daí a importância da ideologia, campo por excelência da cultura.
 Período da Comuna de Paris 1848 - lenda dourada para as ideologias de "esquerda", que dela herdaram simbolicamente os ideais e formas de luta. Deu ao movimento operário uma experiência histórica concreta e o valor explosivo de um mito. O próprio Marx juntou-se, a 18 de Março. 
Marx - “Ser moderno é fazer parte de um universo no qual ‘tudo que é sólido desmancha no ar, tudo que é sagrado é profanado e os homens finalmente são levados a enfrentar [...] as verdadeiras condições de suas vidas e suas relações com seus companheiros humanos.’” (Karl Marx, Manifesto Comunista, 1848)
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“Modernidade: experiência vital – de tempo e espaço, de si e dos outros, das possibilidades e perigos da vida – compartilhadas por todos.” (Marshall Berman)
“Ser moderno é fazer parte de um universo no qual ‘tudo que é sólido desmancha no ar, tudo que é sagrado é profanado e os homens finalmente são levados a enfrentar [...] as verdadeiras condições de suas vidas e suas relações com seus companheiros humanos.’” (Karl Marx, Manifesto Comunista, 1848)
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“Courbet foi o primeiro a captar o núcleo do problema; realista por princípio, nunca acreditou que o olho humano visse mais e melhor do que a objetiva; pelo contrário, não hesitou em transpor para a pintura imagens extraídas de fotografias.” (p. 81)
ARGAN, G. C. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. 6ª ed. SP: Companhia das Letras, 1999.
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Realismo. Courbet encerra a disputa clássico/romântico indicando a via da arte moderna: o realismo. Realismo não significa imitação da natureza, mas encarar a realidade de frente, prescindindo de qualquer preconceito estético, moral ou religioso, independente de qualquer esquema preconcebido e idealizante, a começar pelo “sentimento da natureza”. 
Courbet rompe ao colocar a necessidade de afrontar o real com todas as suas contradições, assim planta as premissas para os impressionistas
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“Com a difusão da fotografia, muitos serviços sociais passam do pintor para o fotógrafo (retratos, vistas de cidades e de campos, reportagens, ilustrações etc.). A crise atinge sobretudo os pintores de ofício, mas desloca a pintura, como arte, para o nível de uma atividade de elite. Se a obra de arte se torna um produto excepcional, há de interessar apenas a um público restrito,, e ter um alcance social limitado (…)” (p. 78)
ARGAN, G. C. Arte moderna: do Iluminismo aos movimentos contemporâneos. 6ª ed. SP: Companhia das Letras, 1999.
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Fotografia - Em 1839 com a descoberta da fotografia, muitas funções passam do pintor para o fotógrafo. A pintura liberada da função tradicional de representar o Real tende a afirmar-se como pintura pura. . Muybridge - a fotografia torna visível inúmeras coisas que o olho humano, mais lento e menos preciso, não consegue captar; passando a fazer parte do visível todas essas coisas(como os movimentos das patas dos cavalos ou de uma dançarina ou mesmo realidades micróscopicas) passaram fazer parte da experiência visual. Nadar 
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Manet. um bar no folies bergère
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Impressionismo e 
percepção 
 todos artistas impressionistas foram fiéis a um ideal de modernidade que incluía a imagem do realmente visto como parte do mundo comum em oposição à inclinação da época pela história,
mito e mundos imaginados, por isso tinham como adversários os defensores da arte oficial. 
O puramente visual na experiência é um fenômeno cultural e uma escolha tanto quanto a ação, a religião ou o mito. O impressionismo é uma arte visual não somente porque abjura o literário, mas também porque seus temas principais pertencem ao percepitivo. 
o impressionismo assumiu como temas de representação somente cenas e objetos observados diretamente pelo pintor: 
A EXPERIÊNCIA DE VER EM UM MOMENTO PARTICULAR FOI SENTIDA COMO O CONTEÚDO DA OBRA
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claude monet. impressão, sol nascente
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Sisley
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montorgueil ornamentada
a rua
 monet 
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claude monet_la grenouillère
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 monet. lagoa de nenúfares
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claude monet.nenúfares
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camille pissarro. o boulevard des italiens, manhã de sol
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auguste renoir. le moulin de la galette
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- enquanto Cézanne dava à sensação a dimensão intelectual e ontológica da consciência, Gauguin a situa na dimensão da imaginação
- para Gauguin as imagens que a mente forma em presença das coisas não são distintas das que surgem da profundidade da memória, nem estas menos percebidas que aquelas. Sustenta que se deve pintar de memória e não do natural.
- separa-se da corrente que deriva do Impressionismo porque está seguro que a sensação visual direta é só uma faceta da imaginação. E a imaginação não está fora da consciência, mas a implica. Esta é a razão pela qual a pintura de Gauguin pressupõe a de Cézanne, mas pretende que a área da consciência vá além do intelecto
- o problema já não está na coisa que se percebe nem no modo de perceber, mas na comunicação de um pensamento mediante a percepção de signos de cor. Quer dizer, que transforma a estrutura impressionista do quadro em uma estrutura de comunicação.
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