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MONTESQUIEU

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MONTESQUIEU
CARLA CRISTINA CAMPOS RIBEIRO DE MOURA
CIÊNCIA POLÍTICA
UNIVERSO
CURSO DE DIREITO
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MONTESQUIEU
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MONTESQUIEU
Charles-Louis de Secondat, barão de La Brède e de Montesquieu, nasceu em 18 de janeiro de 1689 no castelo de La Brède, perto de Bordéus, França, membro de uma família da aristocracia provincial. Fez sólidos estudos humanísticos e jurídicos, mas também freqüentou em Paris os círculos da boêmia literária. Em 1714 entrou para o tribunal provincial de Bordéus, que presidiu de 1716 a 1726. Fez longas viagens pela Europa e, de 1729 a 1731, esteve na Inglaterra. Famoso como escritor, Montesquieu passou a maior parte da vida em Bordéus, mas sempre voltava a Paris, onde era muito requisitado.
Foi fundamentalmente um aristocrata da província, da estirpe de seu conterrâneo Michel de Montaigne e, como ele, humanista e cético. Juntou, porém, a essa herança espiritual o otimismo característico do século XVIII e acreditou firmemente na possibilidade de solução para os problemas da vida pública. Livre-pensador em matéria religiosa e apreciador dos prazeres da vida, Montesquieu imprimiu esse espírito a seu primeiro livro, Lettres persanes (1721; Cartas persas), cartas imaginárias de um persa que teria visitado a França e estranhado os costumes e instituições vigentes. O livro, espirituoso e irreverente, tem um fundo sério, pois relativiza os valores de uma civilização pela comparação com os de outra, muito diferentes. Verdadeiro manual do Iluminismo, foi uma das obras mais lidas no século XVIII.
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MONTESQUIEU
CIÊNCIA POLÍTICA
Em De l'esprit des lois (1748; O espírito das leis), Montesquieu elabora conceitos sobre formas de governo e exercício da autoridade política que se tornaram pontos doutrinários básicos da ciência política. 
Considera que cada uma das três formas possíveis de governo é animada por um princípio: a democracia baseia-se na virtude, a monarquia na honra e o despotismo no medo. Ao rejeitar este último e afirmar que a democracia só é viável em repúblicas de pequenas dimensões territoriais, decide-se em favor da monarquia constitucional. 
Elabora a teoria da separação dos poderes, em que a autoridade política é exercida pelos poderes executivo, legislativo e judiciário, cada um independente e fiscal dos outros dois. Seria essa a melhor garantia da liberdade dos cidadãos e, ao mesmo tempo, da eficiência das instituições políticas. Seu modelo é a monarquia constitucional britânica.
As teorias de Montesquieu, que morreu em Paris, em 10 de fevereiro de 1755, exerceram profunda influência no pensamento político moderno. Inspiraram a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, elaborada em 1789, durante a revolução francesa, e a constituição dos Estados Unidos, de 1787, que substituiu a monarquia constitucional pelo presidencialismo. 
Com o fim do absolutismo, diversos países europeus adotaram a monarquia constitucional e muitas delas sobreviveram até depois da primeira guerra mundial. Em suas constituições atuais, a maioria das nações do Ocidente adota o princípio da separação dos poderes e em muitas delas vigora o presidencialismo ao estilo americano
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MONTESQUIEU
A obra de Montesquieu constitui uma conjunção paradoxal entre o novo e o tradicional.
Montesquieu é um membro da nobreza que entretanto não tem como objeto de reflexão política a restauração do poder de sua classe, mas sim de como tirar partido de certas características dos governos monárquicos, para dotar de maior estabilidade os regimes que viriam a resultar das revoluções democráticas.
A Busca pelos mecanismos da moderação está presente em dois aspectos de sua obra:
A tipologia dos governos ou Teoria dos Princípios e da Natureza dos Regimes;
A Teoria dos três poderes ou Teoria da Separação dos Poderes
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MONTESQUIEU
O CONCEITO DE LEI
Até Montesquieu, a noção de lei estava essencialmente ligada à idéia de Lei de Deus
Exprimiam uma certa ordem natural resultante da vontade de Deus; um dever ser direcionado para sua finalidade divina; e uma conotação de expressão da autoridade (legítimas, imutáveis e ideais).
Definindo Lei como “relações necessárias que derivam da natureza das coisas”, estabelece uma ponte com as ciências empíricas (física, matemática, etc.), rompendo com a submissão da política à teologia, inserindo-a num campo propriamente teórico.
Estabelece uma regra que insere a teoria política no campo das ciências: as instituições políticas são regidas por leis que derivam das relações políticas (são relações entre as diversas classes em que se divide a população, as formas de organização econômica, as formas de distribuição do poder, etc.)
O objeto de Montesquieu são as leis e as instituições criadas pelos homens para reger as relações entre os homens. Montesquieu tenta explicar as leis e instituições humanas, a sua permanência e modificações, a partir de leis da ciência política.
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MONTESQUIEU
OS TRÊS GOVERNOS
Montesquieu preocupa-se com a estabilidade dos governos (regimes ou modo de funcionamento das instituições políticas).
Retoma Maquiavel → discute essencialmente as condições de manutenção do poder, a despeito dos teóricos do contrato social, que discutem a natureza do poder político (que reduz a questão da estabilidade do poder à sua natureza)
Ao romper com o estado da natureza (onde a ameaça de guerra a todos contra todos põe em risco a sobrevivência da humanidade) o pacto que institui o Estado de sociedade deve ser tal que garanta a estabilidade contra o risco de anarquia ou de despotismo.
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MONTESQUIEU
OS TRÊS GOVERNOS
Montesquieu analisará as “leis relativas à natureza de governo”, partindo das relações entre as instâncias de poder e a forma com que o poder se distribui na sociedade, entre os diferentes grupos e classes da população.
Montesquieu considera duas dimensões de funcionamento político das instituições: a natureza e o princípio de governo. 
A natureza do governo diz respeito a quem detém o poder: na monarquia um só governa, através de leis fixas e de instituições; na república, governa o povo no todo ou em parte (repúblicas aristocráticas); no despotismo, governa a vontade de um só.
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MONTESQUIEU
OS TRÊS GOVERNOS
REPÚBLICA → Como a fonte de poder é o povo, é fundamental distinguir a fonte do exercício do poder, e estabelecer a criteriosa divisão do poder em classes com relação à origem e exercício do poder (relação entre as classes e o poder). O princípio da república é virtude.
Só a virtude é uma paixão propriamente política: ela nada mais é do que o espírito cívico, a supremacia do bem público sobre os interesses particulares. Somente a prevalência do interesse público pode moderar o poder e impedir a anarquia ou o despotismo.
Nos governos populares o povo é tudo e no despotismo nada é.
MONARQUIA → O princípio da monarquia é a honra. Corresponde a um sentimento de classe, a paixão da desigualdade, o amor aos privilégios e prerrogativas que caracterizam a nobreza (o governo de um só baseado em leis fixas e instituições permanentes, com poderes subordinados e intermediários orientados pela própria honra). É através da honra que a arrogância e os apetites desenfreados da nobreza e seus interesses particulares se traduzem para o bem público
DESPOTISMO → Seu princípio é o medo. O despotismo seria menos do que um regime político, quase uma extensão do estado de natureza.
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MONTESQUIEU
OS TRÊS GOVERNOS
No despotismo, o regime é impolítico. É um governo cuja natureza é não ter princípio. O despotismo é o governo da paixão. Está condenado a se desintegrar (rebeliões).
No governo republicano o regime depende dos homens (“os grandes não a querem e o povo não sabe mantê-la). É frágil pois repousa na virtude dos homens, que colocam o bem público acima do bem próprio. A república é o governo dos homens. Não tem princípio de moderação:depende que os homens não se corrompam e contenham os demais. 
A monarquia não precisa de virtude, e mesmo as paixões desonestas da nobreza a favorecem. Ela repousa em instituições. A monarquia é o governo das instituições. As instituições que controlam os impulsos da autoridade executiva e os apetites dos poderes intermediários (o poder está dividido). 
Essa capacidade de conter o poder, que só outro poder possui, é a chave da moderação dos governos monárquicos.
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MONTESQUIEU
OS TRÊS PODERES
Montesquieu não defendia a restauração do poder da nobreza, mas sim procurava, naquilo que confere estabilidade à monarquia, algo que possa substituir o efeito moderador que resultava do papel da nobreza
Montesquieu então estuda a estrutura do parlamento britânico, e a função dos três poderes (executivo, legislativo e judiciário) e a independência entre eles.
Em sua teoria dos poderes, a separação dos poderes, ou eqüipotência, é estabelecida como condição para a formação do Estado de direito, a separação dos poderes executivo, legislativo e judiciário, dotados de poder igual.
Entretanto, Montesquieu deixa claro que há um entrelaçamento de funções e uma interdependência entre os poderes.
Contudo, a separação dos poderes trata-se da certeza da existência de um poder que seja capaz de controlar outro poder (moderar).
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MONTESQUIEU
OS TRÊS PODERES
Montesquieu considera a existência de duas fontes de poder político: o rei, cuja potência vem da nobreza; e o povo (burguesia). É preciso que estes poderes sejam independentes, para se contraporem.
Para que haja moderação, é preciso que a instância moderadora encontre sua força política em outra base social.
Isto reforça a necessidade, até hoje prevalente, que haja arranjos institucionais para que alguma força política se prevaleça sobre as demais, buscando a moderação.

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