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Embargos Infringentes - W a l t e r d o s S a n t o s R o d r i g u e s

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131
P a r t e I I C a p í t u l o 10
EMBARGOS 
INFRINGENTES
W a l t e r d o s S a n t o s R o d r i g u e s 1
10.1 Considerações iniciais. 10.2 Conceito. 10.3 Finalidade. 10.4 Características. 10.5 
Fundamento. 10.6 Hipóteses de cabimento: 10.6.1 Recurso de apelação: 10.6.1.1 Acórdão 
não unânime; 10.6.1.2 Acórdão que reforma sentença de mérito; 10.6.2 Ação rescisória: 
10.6.2.1 Acórdão não unânime; 10.6.2.2 Acórdão que julga procedente o pedido de resci-
são de sentença. 10.7 Pressupostos de admissibilidade: 10.7.1 Pressupostos gerais; 10.7.2 
Pressuposto específico. 10.8 Efeitos de interposição: 10.8.1 Efeito devolutivo; 10.8.2 Efeito 
suspensivo; 10.8.3 Efeito expansivo; 10.8.4 Efeito translativo; 10.8.5 Efeito substitutivo. 
10.9 Processamento; 10.9.1 Procedimento; 10.9.2 Admissibilidade de embargos adesivos; 
10.9.3 Processamento dos recursos especial e extraordinário quando forem admissíveis 
embargos infringentes; 10.9.4 Impossibilidade de o relator dar provimento diretamente 
aos embargos infringentes. 10.10 Outros assuntos polêmicos: 10.10.1 Problema do voto 
vencido não declarado; 10.10.2 Inadmissibilidade de embargos infringentes em ape-
lação em mandado de segurança; 10.10.3 Admissibilidade de embargos infringentes 
em remessa necessária; 10.10.4 Inadmissibilidade de embargos infringentes em agravo 
retido ou de instrumento; 10.10.5 Admissibilidade de embargos infringentes em agravo 
regimental; 10.10.6 Inadmissibilidade de embargos infringentes contra decisão mono-
crática do relator que julga a apelação. 10.11 Considerações finais. 10.12 Referências 
bibliográficas
1. Mestre em Ciências Sociais e Jurídicas pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia 
e Direito pela Universidade Federal Fluminense – UFF. Especialista em Direito Processual 
Civil pelo Centro de Extensão Universitária – CEU – atual Instituto Internacional de 
Ciências Sociais – IICS. Professor de Direito Processual Civil e Prática Jurídica no Curso de 
Graduação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Ex-Professor 
de Direito Processual Civil da Universidade Estácio de Sá, Rio de Janeiro – UNESA. 
Advogado no Rio de Janeiro. 
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
132
10.1 Considerações iniciais
Ao começar a exposição sobre determinado assunto, com frequência mostra-se mais proveitoso afastar imediatamente prováveis confusões que poderiam 
acompanhar o raciocínio do estudante – e atrapalhar o seu aprendizado – do que 
iniciar com um discurso lógico e sistemático – mas abstrato e distante – sobre o 
tópico a ser versado.
Sendo assim, depois de enunciar que o tema a ser abordado neste capítulo será 
o recurso de embargos infringentes, elencado no art. 496, III, e regulamentado 
nos arts. 530 a 534, Livro I, Título X, Capítulo IV, do Código de Processo Civil, é 
de esclarecer que existem outros recursos previstos em leis especiais com a mesma 
denominação, sem falar de procedimentos e de defesas com designações semelhantes. 
Mas estes não se confundem com aquele que, por sua vez, será objeto deste trabalho.
Efetivamente, escreveu José Frederico Marques:2 “Vocábulo algum tem, no 
Direito pátrio, significado tão proteiforme como o de embargos – palavra que 
designa, a um só tempo, procedimentos recursais e espécies de defesa ou de ação de 
conhecimento” (grifo do autor). E Sérgio Shimura3 exemplifica: 
Pode-se constituir em ação (embargos de terceiro, embargos à execução), defesa ou 
contestação4 (embargos monitórios, art. 1.102.c), recurso (embargos de declaração, 
infringentes, de divergência) ou, ainda, como meio extrajudicial preventivo de que 
se vale o proprietário ou possuidor de imóvel, visando impedir obra que ameace seu 
patrimônio (art. 935, CPC) (grifos do autor).
Portanto, não serão tratados aqui outros recursos também chamados de embargos 
infringentes, mas previstos em legislação extravagante, tais como aqueles regulados 
no art. 34 da Lei no 6.830/1980 contra sentença prolatada nos embargos opostos 
à execução fiscal, cujo valor da condenação não exceda a 50 ORTNs.5 Ou, então, 
os estipulados nos regimentos internos do STF e do STJ, nos arts. 333, III, ao 336 
e no art. 533 do RISTF, contra acórdão não unânime que julgar ação rescisória 
de competência originária do STF e contra decisões não unânimes do plenário ou 
2. Marques, José Frederico. Manual de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1976. p. 157.
3. Shimura, Sérgio. Embargos infringentes e seu novo perfil (Lei 10.352/2001). In: Nery Junior, Nelson; 
Wambier, Teresa Arruda Alvim (Coord.). Aspectos polêmicos e atuais dos recursos cíveis de acordo com a Lei 
10.352/2001. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. v. 5, p. 499.
4. Em nota de rodapé, o mesmo autor aduz que o STJ já se pronunciou reiteradas vezes no sentido de entender 
que os embargos no processo monitório têm natureza de defesa, sem com isso espancar a discussão no meio 
doutrinário a respeito da sua natureza jurídica. Cf. Shimura, op. cit., p. 499, nota 4.
5. Esse indexador foi substituído sucessivamente pela OTN, pelo BTN e, finalmente, pela Ufir (cf. Alvim, 
José Eduardo Carreira. Alterações do Código de Processo Civil: Leis nos 10.352, 10.358 e 10.444. Rio de Janeiro: 
Impetus, 2004. p. 174), correspondendo a 283,43 Ufir (Álvares, Manoel apud Shimura, op. cit., p. 522).
133
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
da turma, e nos arts. 11, XIV, 12, parágrafo único, I, 74, 154, 260, 261 e 262 do 
RISTJ, contra acórdão proferido em apelação e ação rescisória decididas pelo STJ.
Os embargos infringentes – e esses são os últimos esclarecimentos antes de 
começar propriamente o tema – também não se confundem com o caráter ou 
o efeito infringente dos embargos de declaração – quando, para suprir omissão, 
aclarar obscuridade e/ou resolver contradição, o órgão prolator necessita, como 
decorrência e excepcionalmente, modificar a decisão por ele proferida e que está 
sendo impugnada –, tampouco se confundem com os embargos de divergência (arts. 
496, VIII, e 546 do CPC), não obstante o art. 530 do Código falar em “matéria 
objeto da divergência” (grifo nosso). O sentido desse termo, bem como a definição, 
o escopo, a utilidade, os contornos e o emprego dos embargos infringentes, é o que 
será examinado a partir de agora.6
10.2 Conceito
Para explicar o sentido etimológico da expressão embargos infringentes, Sérgio 
Bermudes inicia formulando uma conjectura:
Não será possível que o grego bárathron, que deu no latim barathrum, abismo, tenha 
formado, num tardio latim vulgar, o verbo imbarricare e o substantivo barra, no 
sentido de que o abismo impede o prosseguimento de uma marcha? De imbarricare, 
impedir, barrar, procede o verbo português embargar, criar um obstáculo, e, nesse 
sentido, o substantivo embargo, no singular, sinônimo do arresto, que trava a dispo-
sição de bens, e embargos, no plural, sinônimo de oposição, usado em direito com 
mais de um sentido, mas sempre vinculado ao mesmo tema, como nos embargos 
do devedor, mediante os quais o executado se opõe à execução (art. 736 do CPC); 
nos embargos de declaração, através dos quais se procura obstar à decisão tal como 
manifestada; ou nos embargos infringentes, pelos quais o embargante busca impedir 
a eficácia decisória do acórdão majoritário. Infringentes vem de infringere (de in, 
por causa de, para, e frangere, quebrar, despedaçar; logo, quebrar, aniquilar, destruir) 
(grifos do autor).7
Clara está a noção de oposição, de impedimento, de obstrução, com o fito de 
modificar, de substituir, de alterar uma decisão judicial.
6. Não serão abordados os recursos de embargos de declaração e de embargos de divergência – que são exa-
minados nos capítulos próprios –, assim como os procedimentos especiais de embargos de terceiros, embargos 
de obra nova (ação de nunciaçãode obra nova) ou, então, as defesas (processuais ou materiais) de embargos 
no procedimento monitório, embargos de retenção por benfeitorias e, no processo de execução, os embargos à 
execução, os embargos do devedor, os embargos à penhora, os embargos à arrematação e outros mais denomi-
nados como embargos por leis esparsas ou por tradição e costume, uma vez que fogem ao âmbito desta matéria.
7. Bermudes, Sérgio. Introdução ao processo civil. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 179-180.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
134
Pode-se tentar conceituar, em poucas palavras, o recurso de embargos infrin-
gentes como recurso ordinário, interposto em segundo grau,8 para ser julgado pelo 
mesmo órgão que prolatou o acórdão recorrido, proferido em recurso de apelação 
que reforma sentença de mérito ou quando julgado procedente o pedido em processo 
rescisório, desde que (tanto num caso como no outro) não haja unanimidade na 
decisão colegiada e o intuito de reverter o julgamento, a fim de que o voto divergente 
prevaleça sobre os votos majoritários.
10.3 Finalidade
No caso de embargos infringentes interpostos em apelação, o recurso se presta a 
resolver o dissídio entre juízes, ou seja, a discordância entre as opiniões (geralmente 
coincidentes) do juízo de primeira instância e do voto minoritário de um lado e os 
votos dos outros dois membros do tribunal, do outro lado. Os votos majoritários 
se dão porque o revisor acompanha o voto do relator ou porque o terceiro julgador 
acompanha um ou outro.
No caso dos embargos infringentes opostos em ação rescisória, o recurso serve 
para resolver o “dissídio entre as instâncias”,9 isto é, o desacordo entre a decisão 
rescindenda e a decisão rescisória, uma vez que, com a rescisão do julgado, depara-se 
com a situação na qual, em um sentido, fora apreciada primeiramente a causa e, em 
sentido diverso, foi posteriormente decidida a mesma demanda por órgão superior.
É por tudo isso que alguém já disse que os embargos infringentes em um pro-
cesso seriam como tentar virar o jogo no segundo tempo – talvez fosse melhor dizer 
decidir a partida na prorrogação...10
Em todos os casos, o que se objetiva imediatamente com o recurso de embar-
gos infringentes é reverter o julgamento, fazer com que o voto divergente preva-
leça. Os embargos infringentes “visam sempre a tornar vencedor o voto vencido”.11 
Mediatamente, busca-se alcançar maior uniformidade nas decisões dos tribunais, 
melhor exame da causa, maior aprofundamento no julgamento12 e, no final das 
contas, uma solução mais justa.
8. Lembrando que este capítulo não versará, como já foi dito no início, sobre os embargos infringentes cabíveis 
nos órgãos de superposição e nos tribunais superiores especializados quando exercem sua competência recursal 
ordinária ou sua competência originária na hipótese de ação rescisória dos seus julgados.
9. Torres, Aderbal Amaral apud Barbosa, Ione Pereira Pina. Recursos em espécie no CPC. In: ––––––; Ribeiro, 
Antônio Campos; Pinto, Adriano Moura da Fonseca (Coord.). Curso de direito processual civil: recursos. Rio 
de Janeiro: Freitas Bastos, 2006. p. 156.
10. Como diz Dinamarco, Cândido Rangel. A reforma da reforma. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 198.
11. Bermudes, op. cit., p. 180.
12. Jorge, Flávio Cheim. Embargos infringentes: uma visão atual. In: Nery Junior, Nelson: Wambier, Teresa 
Arruda Alvim (Coord.). Aspectos polêmicos e atuais dos recursos cíveis de acordo com a Lei 9.756/98. São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 1999. p. 260.
135
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
10.4 Características
Como recurso que é, impugna uma decisão para tentar impedir que produza 
seus efeitos. Trata-se de recurso contra acórdãos prolatados por órgãos colegiados 
ou em julgamentos de segundo grau. Não incide sobre sentença ou decisão de órgão 
monocrático de primeiro grau.
É recurso ordinário porque procura examinar questões de fato e direito que 
dizem respeito ao direito subjetivo das partes, e não a questões atinentes à interpre-
tação e aplicação do direito objetivo (questões constitucionais e de legislação federal).
Configura reexame seja porque os embargos infringentes aspiram tornar a exa-
minar questões que já foram analisadas em recurso de apelação e em sede de ação 
rescisória, seja porque, em princípio, o órgão revisor é o próprio órgão prolator da 
decisão.
Daí decorre o feitio, o caráter de retratação dos embargos infringentes, porque 
podem ser julgados – não o são necessariamente – pelos juízes que compuseram o 
órgão que prolatou o acórdão embargado (arts. 531 e 534 do CPC).
Assemelha-se, sem com ele se confundir, ao recurso ou aos embargos de alçada – 
“alçada de altus, alto, a indicar que esses recursos só alcançam a jurisdição do próprio 
juízo, ou que é da competência dele mesmo julgá-los”13 (grifos do autor) –, geralmente 
interpostos contra decisões de primeira instância, limitadas a certo valor de conde-
nação e quando não há previsão de apelação ou congênere para instância superior.
Difere, porém, dos embargos de alçada, porque, repita-se, os embargos infringen-
tes se voltam contra acórdão (não sentença) proferido em apelação e ação rescisória 
e são endereçados ao órgão do tribunal que proferiu a decisão hostilizada (e não ao 
juízo singular).
A retratabilidade é a característica mais peculiar desse recurso.14 Não se dá de 
igual maneira como nos embargos de declaração, nos quais os efeitos infringentes 
ou modificativos são acidentais ou indiretos. Tampouco acontece como no juízo 
de reconsideração nas apelações contra o indeferimento de petição inicial (art. 296 
do CPC) e contra resolução imediata do mérito ou improcedência prima facie (art. 
285-A do CPC), na qual a retratação consubstancia apenas uma etapa possível 
no processamento do recurso, uma faculdade do órgão julgador. Nos embargos 
infringentes, o juízo a quo e o juízo ad quem, ou seja, o juízo de interposição e o 
que examina o recurso, são os mesmos – em tese, deveriam ser os mesmos –, per-
tencem ao mesmo tribunal. A retratação não é algo incidental, mas ínsito, essencial, 
configura a nota distintiva desse recurso.
13. Bermudes, op. cit., p. 182.
14. Cf. Marques, op. cit., p. 158, e Santos, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. 3. ed. 
São Paulo: Saraiva, 1979. p. 138-139.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
136
Há quem diga que “os embargos infringentes consistem em reiteração de um 
recurso ordinário” (grifos nossos)15 no mesmo grau de jurisdição, e não para instân-
cia superior, ou que se trata de recurso não devolutivo porque o reexame da decisão 
guerreada é feito pelo mesmo tribunal que o proferiu.16 As diferentes colocações, 
longe de discrepar, concorrem para a mesma conclusão: a preeminência do elemento 
retratação e sua decorrência do reexame por meio dos embargos infringentes.
10.5 Fundamento
Justifica-se a existência dos embargos infringentes, ante a divergência entre as 
apreciações do juízo singular e do juízo colegiado (no caso da apelação), bem como 
em virtude da discrepância entre os entendimentos dos julgadores da sentença res-
cindida e do acórdão rescisório. Ambos os casos aludem para a possibilidade de erro 
do julgamento e, por conseguinte, de injustiça da decisão judicial. Consubstancia 
uma oportunidade para reexaminar com mais esmero a causa ou algum aspecto 
dela, resolver as diferenças entre os componentes do órgão colegiado e uniformizar 
o entendimento do tribunal.
Em sentido oposto,17 critica-se a permanência dos embargos infringentes no 
ordenamento jurídico brasileiro sob a alegação de que se trata de um recurso sem 
paralelo no direito comparado, obsoleto, inútil, servindo como subterfúgio para 
acrescentar mais demora ao andamento do processo, adiando ainda mais a decisão 
definitiva.18 Com uma pontade resignação, argumenta-se – sem maiores questio-
namentos sobre a legitimidade desta prática – que nos tribunais de maior movi-
mento, precisamente para apressar o curso dos processos, é comum a votação por 
unanimidade – evitando a incidência dos embargos infringentes –, sob o pretexto 
de valorizar as correntes jurisprudenciais dominantes, sem nenhuma preocupação 
com o sentido e a importância da atividade judicial.
Entretanto, a experiência demonstra que, não raras vezes, os embargos infrin-
gentes, quando admissíveis, são acolhidos, cumprindo sua função de compor diver-
gências, uniformizar entendimentos e corrigir injustiças.
15. Shimura, op. cit., p. 501.
16. Theodoro Júnior, Humberto. Curso de direito processual civil. 47. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2007. v. 1, p. 691.
17. Para citar somente duas autoridades incontestáveis e que se contrapõem quanto à manutenção dos embargos 
infringentes: favorável – Moreira, José Carlos Barbosa. Comentários ao Código de Processo Civil, Lei 5.869, de 
11 de janeiro de 1973. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2006. v. 5, p. 523; desfavorável – Dinamarco, Cândido 
Rangel. A reforma da reforma. 4. ed. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 205.
18. Em um tempo em que celeridade e duração razoável, mal compreendidos, deixaram de ser princípios para 
se transformarem em slogans de campanha, fica ainda mais difícil a reflexão sobre como conciliar efetividade, 
celeridade, processo justo e justiça das decisões.
137
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
Com isso, não se quer advogar que toda e qualquer decisão judicial provida por 
maioria de votos dê ou deva dar espaço ao recurso de embargos infringentes. Sua 
conveniência reside na utilização precisa e limitada, dentro dos casos previstos na 
legislação em vigor e de acordo com a interpretação que se defende neste trabalho.
10.6 Hipóteses de cabimento
Trata-se de um recurso que pode ser manejado em duas situações. Pode ser 
dirigido contra acórdão proferido em grau de recurso de apelação que reformou a 
sentença de mérito, mas no qual não houve unanimidade entre os julgadores do 
órgão colegiado. Ou pode desafiar acórdão prolatado em sede de ação rescisória que 
julgou procedente o pedido de rescisão da sentença transitada em julgado, igualmente 
por votação não unânime (art. 530 do CPC).19
Somente nessas duas hipóteses incidem os embargos infringentes? Pautando-se 
unicamente pelo texto legal, a conclusão preci pitada seria responder sim. No 
entanto, estudando a doutrina e a jurisprudência, verifica-se que não. Serão vistas, 
mais à frente, outras hipóteses de cabimento – controversas – de embargos infrin-
gentes. Pode-se adiantar que não cabem embargos infringentes contra decisões de 
primeiro grau, contra acórdãos proferidos no âmbito do recurso especial e recurso 
extraordinário, tampouco são cabíveis embargos infringentes de embargos infrin-
gentes. Discutem-se jurisprudência e doutrina sobre o cabimento de embargos 
infringentes em agravo retido ou de instrumento, em mandado de segurança e 
em remessa ex officio (ou remessa necessária) e em outras circunstâncias, como 
será visto adiante.
10.6.1 Recurso de apelação
Advirta-se que, na primeira situação em comento, os embargos infringentes 
incidem sobre decisão que foi proferida em virtude do exame de um recurso. Já 
houve pelo menos duas decisões: uma sentença e um acórdão. Esse é o segundo 
recurso no mesmo processo: o primeiro foi o de apelação; o segundo são os embargos 
infringentes.20
19. Vale a pena lembrar que a ação rescisória é um processo de competência originária dos órgãos de segunda 
instância (os TJs e os tribunais regionais: TRTs, TREs e TRFs) ou dos centros de convergência, aqui entendidos 
os órgãos de superposição (STF e STJ), e os tribunais superiores especializados (TST, TSE e STM), e não dos 
órgãos de primeira instância.
20. Não levando em consideração eventuais incidentes processuais (impugnação ao valor da causa, por exemplo), 
ações incidentais (processo cautelar preparatório, por exemplo), recursos de agravo ou embargos de declaração 
(este último, aliás, tem a natureza jurídica de recurso questionada por uma parcela dos operadores do direito).
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
138
10.6.1.1 Acórdão não unânime
No caso da apelação, os embargos infringentes incidirão se o acórdão for apro-
vado pela maioria dos juízes participantes da turma ou câmara do tribunal. O que 
significa dizer que o acórdão foi tomado por dois votos contra um (art. 555, caput, 
do CPC). Se o acórdão for unânime, não terá cabimento o recurso em comento. O 
acórdão deve ser resultado de votação majoritária para que se possa lançar mão dos 
embargos infringentes.
10.6.1.2 Acórdão que reforma sentença de mérito
Acresça-se ao anterior a exigência de que o acórdão seja prolatado em sentido 
diverso ao da sentença. Se o acórdão confirmar ou mantiver a decisão alvejada, 
“havendo dupla conformidade, ou seja, mera repetição de decisões no mesmo 
sentido” (grifos do autor),21 não terá cabimento o recurso em comento. Sua admis-
sibilidade está condicionada a acórdão que reforme sentença. 
A lei prestigia o que foi decidido pela primeira instância. Somente se houver modifica-
ção do que foi decidido é que os embargos serão cabíveis. Não se dá, portanto, àquele 
que perdeu duas vezes, em primeiro grau, e no julgamento da apelação [...], ainda que 
por maioria de votos, a possibilidade de interpô-los.22
Além disso, para que os embargos infringentes sejam admitidos, antes é preciso 
que a sentença impugnada pela apelação seja definitiva, também chamada de sen-
tença de fundo ou conhecida, ainda, como sentença de mérito (art. 269 do CPC), 
sobre a qual recai a autoridade ou a eficácia da coisa julgada. Se a sentença for ter-
minativa, formal ou processual (art. 267 do CPC), que não impede o ajuizamento 
de demanda idêntica – corrigidos os defeitos, por suposto –, não serão cabíveis os 
embargos infringentes.
Entretanto, discute-se como deve ser interpretada a locução “houver reformado 
[...] sentença de mérito” (art. 530 do CPC). Para Ione Pereira Pina Barbosa,23 a 
expressão deve ser entendida em sentido estrito, segundo o qual “reformado” seja 
tomado como substituição, modificação da solução dada à causa, por força de error 
in judicando – erro ao decidir, vício de conteúdo, engano na aplicação da norma de 
direito material –, substituindo uma resolução de mérito por outra. Marcus Vinicius 
Rios Gonçalves24 endossa o entendimento supra. No entanto, vislumbra decorrência 
21. Shimura, op. cit., p. 501.
22. Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. 
v. 2, p. 123.
23. Barbosa, op. cit., p. 159.
24. Gonçalves, op. cit., p. 124-125.
139
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
necessária, ainda que não prevista pelo sistema: “Embora sobre o julgamento [do 
acórdão que reforma sentença de mérito, para julgar o processo extinto] não recaia a 
autoridade da coisa julgada material, se o acórdão não for unânime caberão embargos 
infringentes, já que houve reforma da decisão”. Para Sérgio Shimura,25 a passagem 
deve ser compreendida em sentido amplo, abrangendo também os acórdãos que 
têm como finalidade a anulação, invalidação ou cassação da sentença, em razão de 
error in procedendo – erro no processamento, vício de forma, equívoco na aplicação 
da norma processual –, circunstância na qual os autos baixariam para o órgão de 
primeiro grau a fim de que prosseguisse no julgamento e decidisse o mérito.
Acompanhamos a segunda corrente por entendermos que os embargos infringen-
tes podem ser utilizados contanto que a apelação seja conhecida pelo tribunal – tenha 
ultrapassado o juízo de sua admissibilidade – e seja provida – tenha adentrado no 
exame do mérito recursal –, anulandoou reformando a sentença, independentemente 
de o mérito do recurso coincidir com o mérito da causa ou da ação ou com o pedido.
Sérgio Shimura dá um exemplo:
[Se] o autor tem seu pedido julgado improcedente, em apelando, o mérito recursal 
envolverá o mérito da ação. Todavia, diante da procedência do pedido inicial, o réu 
pode recorrer, postulando a anulação da sentença por vício de atividade (ex.: a falta 
de citação de litisconsórcio necessário) ou mesmo a reforma para que prevaleça a 
arguição de carência da ação, casos em que fica nítida a distinção entre as duas espécies 
de mérito [...] O tribunal reforma sentença para extinguir o processo sem análise do 
mérito da ação, decretando a carência da ação ou reconhecendo defeito nos pressupostos 
processuais (grifo do autor).26
Havendo voto divergente, mesmo não sendo a sentença reformada no sentido 
estrito da palavra, incidem os embargos infringentes.
Outra hipótese polêmica de cabimento de embargos infringentes é aquela que 
o acórdão examina o mérito, porque “o tribunal pode julgar desde logo a lide, se a 
causa versar questão exclusivamente de direito e estiver em condições de imediato 
julgamento”, não obstante a sentença apelada ter sido “de extinção do processo 
sem julgamento do mérito (art. 267)” (art. 515, § 3o, do CPC). Sérgio Shimura27 é 
da opinião de que não se admitem embargos infringentes porque falta o requisito 
sentença que tenha examinado o pedido, julgando-o procedente ou improcedente, 
ou seja, sentença de mérito. Marcus Vinicius Rios Gonçalves compartilha da opinião 
acima e ainda aponta falha na atual regulamentação: “Como a sentença foi apenas 
25. Shimura, op. cit., p. 503.
26. Shimura, op. cit., p. 504.
27. Idem, ibidem, p. 502.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
140
terminativa, os embargos não são cabíveis, o que se afasta da intenção do legislador 
de só não os admitir quando a demanda pudesse ser reproposta”, 28 o que não sucede 
quando se aplica a teoria da causa madura. Já Ernane Fidélis dos Santos,29 mesmo 
admitindo não existir divergência entre o julgamento de primeiro grau e os votos 
vencedores, entende que nessa situação a lei criou efeito secundário e condicionado 
da sentença com influência na admissibilidade dos embargos infringentes, desde 
que a divergência seja quanto ao mérito. Humberto Theodoro Júnior,30 mesmo 
admitindo que o julgado de primeiro grau não apreciou o mérito, mas socorrendo-
se do princípio da isonomia, também crê que os embargos são possíveis. Ademais, 
pode-se argumentar que, do contrário, seria privilegiar os princípios da efetividade 
e da economia processual em detrimento do duplo grau de jurisdição.
Com efeito, por opção do Legislador da reforma – que contrariou princípio do 
duplo grau de jurisdição ou propugnou que esse princípio não está constitucional-
mente assegurado –, a parte interessada se viu privada da oportunidade de recorrer, 
uma vez que no caso em tela os autos do processo não retornam ao órgão monocrático 
para exame do pedido, pois a causa está em condições de ser apreciada pelo órgão 
colegiado. Razão pela qual acolhemos a segunda teoria, que entende funcionar os 
embargos infringentes como substitutivo do recurso ordinário, e não como reite-
ração. Repare-se que em todas as hipóteses anteriores a apelação foi conhecida e o 
mérito do recurso foi apreciado. É indispensável para o cabimento dos embargos 
infringentes que no julgamento da apelação seja superado o juízo de admissibili-
dade até chegar à apreciação do mérito. Se houver julgamento de admissibilidade 
negativo, não incidem os embargos infringentes. Mesmo havendo voto minoritário 
quanto à admissibilidade do recurso, não são admissíveis os embargos infringentes. 
O voto vencido deve ser quanto ao juízo de mérito (quer seja reformando, quer seja 
invalidando a sentença), e não quanto aos requisitos intrínsecos ou extrínsecos de 
admissibilidade (pressupostos subjetivos ou objetivos de admissibilidade). Quanto ao 
mérito, importa que a apelação seja provida para “reformar” a sentença – entendida 
nos termos já esclarecidos –, sendo indiferente se o mérito da apelação, como já foi 
dito, coincida ou não com o mérito da causa.
Não tem importância se a reforma do julgado é total ou parcial (desde que o 
âmbito do recurso fique restrito à matéria onde houver divergência de opiniões entre 
os componentes do órgão julgador, como será explicado abaixo).
Logo, apenas o apelado vencido, nas circunstâncias acima mencionadas, e nunca 
o apelante, pode usar o recurso em comento. Se o apelado perdeu, foi porque o 
28. Gonçalves, op. cit., p. 124-125.
29. Santos, Ernane Fidélis dos. Manual do direito processual civil. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 670-671.
30. Theodoro Júnior, op. cit., p. 694.
141
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
apelante conseguiu reverter o julgamento. Logo, o acórdão foi diferente da sentença. 
Surge para aquele a oportunidade de recorrer, para voltar a fazer valer o dispositivo 
da sentença. Se o apelado venceu, a sentença foi mantida, com isso falta o requisito 
específico que é a reforma da sentença, ficando impedido o uso dos embargos 
infringentes. Se o apelante ganhou, não há interesse em tornar a recorrer, pois o 
acórdão se sobrepõe à sentença. Se o apelante tornar a sucumbir, agora em segundo 
grau – somente pode apelar quem perdeu na primeira instância, senão faltaria o 
requisito básico de qualquer recurso, que é a sucumbência –, não tem como usar os 
embargos infringentes, porque a sentença não foi alterada.
A esse propósito, Leonardo Greco aduz crítica dura:
Aplaudida por boa parte da doutrina por ter restringido a admissibilidade dos embargos 
infringentes, a Lei 10.352/01, ao dar nova redação ao art. 530, criou uma flagrante 
violação ao princípio da isonomia, porque dois cidadãos, atingidos por decisões 
absolutamente idênticas no julgamento da mesma espécie de recurso, serão tratados 
desigualmente: a um deles a lei concede o direito de interpor embargos infringentes, 
enquanto ao outro não confere o mesmo direito, simplesmente porque o primeiro 
tinha ganho na primeira instância e perdeu apenas na segunda, enquanto o segundo 
perdeu nas duas.31
Em contraposição, e sem pretender encerrar a discussão, reitera-se que o escopo 
principal dos embargos infringentes é resolver a dissidência dentro de um tribunal e 
entre as duas instâncias. Dentro desse contexto, devem-se configurar o interesse recursal 
e a sucumbência. Insurge-se não contra unanimidade que vem da reflexão e do debate, 
mas contra os julgamentos unânimes forçados para impedir a incidência desse recurso.
10.6.2 Ação rescisória
Observe-se que, na segunda situação em tela, os embargos infringentes incidem 
sobre decisão que foi proferida por força de julgamento de uma ação. Contudo, 
essa não é a primeira decisão sobre a mesma demanda. Já houve pelo menos duas 
decisões: uma sentença32 e um acórdão. Essa é a segunda ação envolvendo a mesma 
lide: o primeiro exercício do direito de ação deu origem ao processo a ser rescin-
dido, e o segundo exercício do direito de ação, ao processo rescisório. Os embargos 
infringentes são admissíveis contra o acórdão prolatado neste segundo processo.33
31. Greco, Leonardo. A falência de sistema de recursos. Revista Dialética de direito processual, São Paulo, n. 
1, p. 104, abr. 2003
32. Prescindindo de todos os recursos e incidentes possíveis.
33. Deixando de lado a possibilidade de cabimento de embargos de declaração, recurso especial e recurso 
extraordinário.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
142
10.6.2.1 Acórdão não unânime
Tal qual o caso anterior, os embargos infringentes incidirão se o acórdão for 
aprovado pela maioria dentre os juízes participantes do julgamento da ação rescisória. 
Se o acórdão for unânime, descabem os embargos infringentes.Pode haver um ou 
mais votos divergentes ou minoritários, pois é comum que o órgão competente para 
julgamento da ação rescisória seja composto por mais de três juízes. Seja como for, 
o acórdão deve ser produto de votação majoritária, para que se possam manejar os 
embargos infringentes.
10.6.2.2 Acórdão que julga procedente o pedido de rescisão de sentença
Além do requisito acima – bem como do requisito próprio da ação rescisória, 
qual seja a sentença de mérito a ser rescindida –, somente são cabíveis os embargos 
infringentes se a ação rescisória for conhecida e acolhida. Não cabem os embargos 
infringentes se o acórdão mantiver a sentença. Os embargos infringentes incidem 
quando o pedido rescisório é julgado procedente.
No entanto, há que distinguir entre a procedência no juízo de admissibilidade 
(oportunidade em que se examinam as condições da ação, os pressupostos processuais 
e outros requisitos de procedibilidade) e a procedência no juízo de mérito, que se 
desdobra em duas etapas: o judicium rescindens, o juízo rescindente (ocasião em que 
se examina a invalidade, a rescisão do julgado anterior) e o judicium rescissorium, o 
juízo rescisório (quando se faz novo julgamento da causa).
Não é suficiente que a ação rescisória seja conhecida (julgamento da admissi-
bilidade procedente). É preciso que o mérito do recurso seja examinado e julgado 
também procedente. Se o juízo de admissibilidade não for ultrapassado e o juízo de 
mérito não for atingido, não têm cabimento os embargos infringentes. Por outro lado, 
superado o juízo de admissibilidade, mas julgado o mérito improcedente, indepen-
dentemente da decisão por maioria de votos, não cabem os embargos infringentes.
Somente são cabíveis os embargos infringentes se houver julgamento do mérito 
e este for procedente. Se a procedência for quanto ao juízo rescindente ou quanto ao 
juízo rescisório, dependerá saber se para procedência da ação rescisória é suficiente 
a primeira ou é necessário chegar à segunda.
Assim, nos casos em que, para a procedência, seja suficiente a invalidade da decisão 
anterior (ex.: ação rescisória com fundamento em ofensa à coisa julgada, incompetência 
absoluta ou ainda, por colusão entre as partes), basta a presença no voto vencido no 
juízo rescindente.
Porém, quando houver necessidade do rejulgamento da lide, o voto minoritário terá 
que ocorrer nesta última fase, para permitir os embargos infringentes. Suponhamos a 
hipótese em que o pedido de invalidade (juízo rescindente) seja acolhido por maioria 
143
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
de votos, e o pedido de rejulgamento provido por unanimidade. Neste caso, descabe-
riam os embargos infringentes, uma vez que a procedência se deu sem divergência 
(grifos do autor).34
Quem perdeu por duas vezes, no julgamento rescindido e no julgamento res-
cisório, mesmo que por maioria de votos, não tem chances de interpor embargos 
infringentes. É preciso ganhar na primeira ou nas duas, por votação não unânime, 
conforme o caso.
10.7 Pressupostos de admissibilidade
10.7.1 Pressupostos gerais
Entre os pressupostos comuns à maioria dos recursos – cabimento (analisado 
antes em separado), legitimidade, interesse, tempestividade, regularidade formal, 
inexistência de fato extintivo ou impeditivo e preparo – cumpre deter-se um pouco 
para falar do preparo.
O fato de o CPC silenciar sobre a necessidade ou não de pagamento de custas 
relativas ao processamento do recurso não significa que os embargos infringentes 
estejam dispensados de preparo. Mais ainda, o fato de a Lei no 8.950/1994 ter modi-
ficado o texto do caput e do § 1o do art. 533 do CPC, suprimindo precisamente a 
regra sobre a obrigatoriedade e o prazo do preparo, não quer expressar que o preparo 
foi revogado. Trata-se, justamente, de matéria de competência legislativa das normas 
locais (art. 533 do CPC).
Assim sendo, no Estado do Rio de Janeiro, são devidas custas a título de preparo 
de acordo com o item 7 da tabela 1 (Atos da secretaria do tribunal e porte de remessa 
e retorno) da Portaria no 822/2006 do TJRJ, bem como a título de distribuição 
conforme Ato Normativo conjunto no 15/2005 do mesmo tribunal.
No Supremo Tribunal Federal (art. 335, §§ 2o e 3o, do RISTF) e em São Paulo 
(Lei Estadual no 4.952/1985, art. 4o, II), apenas quanto aos embargos infringentes em 
processo de competência originária do Tribunal de Justiça, também estão sujeitos a 
preparo. Contudo, no Superior Tribunal de Justiça (RISTJ, art. 112), nos Tribunais 
Regionais Federais da 2a e 3a Regiões (arts. 250 e 261 dos respectivos regimentos 
internos), com sedes no Rio de Janeiro e em São Paulo, os embargos infringentes 
não estão sujeitos a preparo. 
A Tabela de Custas do TRF da 5a Região consigna que “nas ações rescisórias e nos 
embargos infringentes a cobrança das custas judiciais encontra-se suspensa à conta 
do disposto na Resolução 10/99 do TRF”. Os Regimentos Internos e as Tabelas de 
34. Shimura, op. cit., p. 508.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
144
Custas do TRF da 1a Região e do TRF da 4a Região nada dispõem sobre preparo de 
embargos infringentes.35
Nos casos em que o preparo é exigido, vale a regra do preparo imediato, isto é, 
a comprovação do recolhimento se faz concomitante a sua apresentação em juízo, 
sob pena de deserção, conforme o art. 511 do CPC, e não mais após o juízo de 
admissibilidade positivo, como era na redação originária do art. 533, modificada 
pela Lei no 8.950/1994.
10.7.2 Pressuposto específico
O voto divergente é o pressuposto específico para utilização do recurso de embar-
gos infringentes. Ou seja, para fazer uso desse recurso é necessária a existência, em 
um julgamento colegiado, de divergência entre os magistrados que apreciaram a 
apelação ou a ação rescisória.
Salvo disposição regimental em contrário, a existência de um voto dissonante 
dos demais já é suficiente para dar oportunidade aos embargos infringentes. Aliás, 
a existência de mais de um voto vencido no julgamento de uma apelação seria 
impossível, porque esta é julgada por uma turma formada por apenas três membros 
do órgão fracionário (câmara ou turma) de um tribunal. Entretanto, é possível a 
ocorrência de mais de um voto vencido no julgamento de uma ação rescisória, porque 
a composição do órgão julgador depende das normas de organização judiciária do 
local e, no mais das vezes, do regimento interno do correspondente tribunal, que 
costumam formar órgão com número ímpar de julgadores e superior a três.
Nos embargos infringentes, somente poderá ser discutido o que foi objeto do 
voto minoritário. O voto pode discordar de toda a matéria ventilada na apelação e 
na ação rescisória (desacordo total). Se a discrepância não englobar toda a matéria 
examinada na apelação ou na ação rescisória, os embargos infringentes ficam restritos 
à matéria objeto da divergência (desacordo parcial) (art. 530, parte final, do CPC).
Obviamente, o embargante não está constrangido a recorrer de toda a matéria 
discutida no voto vencido. Nada impede que o objeto do seu recurso seja menor 
do que foi delimitado pelo voto minoritário. O exemplo, um pouco modificado, 
é de Sérgio Bermudes:36 o acórdão majoritário não concedeu nenhum dos bens 
pedidos e o voto vencido não concedeu o bem imóvel, mas concedeu os bens móvel 
e semovente. Pode o recorrente pleitear apenas o bem móvel. Não está obrigado a 
reclamar os bens móvel e semovente. Somente está impossibilitado de pedir o bem 
imóvel, pois, quanto a este – em que pese ter havido sucumbência –, não houve 
35. Negrão, Theotonio; Gouvêa, José Roberto Ferreira. Código de Processo Civil e legislação processual em vigor. 
36. ed. São Paulo: Saraiva, 2004. p. 587.
36. Bermudes, op. cit., p. 180.
145
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
divergência.O embargante está impedido de pleitear além da “matéria objeto da 
divergência” (art. 530, segunda parte, do CPC).
Quando se fala que os embargos ficam restritos à matéria objeto da divergên-
cia, não se quer dizer que a divergência seja quanto às razões dadas pelos juízes 
envolvidos, em outras palavras, que a divergência ocorra entre as razões de fato e de 
direito que constam dos votos dos desembargadores. A divergência é apurada pelo 
dispositivo ou pela conclusão, e não pela motivação ou fundamentação dos acórdãos 
(art. 458 do CPC). Portanto, se os argumentos esposados nos votos majoritários 
forem diferentes dos fundamentos do(s) voto(s) minoritário(s), mas todos os votos 
convergirem para o mesmo sentido, seja qual for – todos conhecem ou todos negam 
seguimento ao recurso, todos dão provimento ou todos negam provimento ao recurso 
etc. –, ainda que diversas as suas motivações, suas conclusões são iguais. Trata-se de 
votos unânimes, não existindo divergência e, por conseguinte, ficando impedida a 
utilização dos embargos infringentes.37
10.8 Efeitos da interposição
10.8.1 Efeito devolutivo
O efeito devolutivo é da natureza dos recursos ordinários, gênero do qual os 
embargos infringentes são espécie. Nos embargos infringentes, por força do efeito 
devolutivo, são devolvidos à matéria divergente. Apenas a parte em que houve diver-
gência poderá ser levada ao tribunal por meio dos embargos infringentes.
Os embargos infringentes devolvem ao tribunal apenas a matéria a respeito da qual 
não houve unanimidade entre os magistrados no julgamento da apelação ou rescisória. 
Por essa razão, tal matéria pode não coincidir com todo o teor da apelação. Colocando 
de forma mais precisa, o objeto dos embargos pode ser menor que o objeto da apelação 
ou da rescisória. Para que isso ocorra, basta que sobre parte do conteúdo da apelação 
haja unanimidade entre os julgadores e em outra parte, não. Daí a prescrição do art. 
530 do CPC: “Se o desacordo for parcial, os embargos serão restritos à matéria objeto 
da divergência”. Da parte unânime do acórdão proferido em apelação não cabem 
embargos infringentes, mas tão somente recursos especial e extraordinário, conforme 
o caso (art. 541 e seguintes do CPC; arts. 102, III, e 105, III, da CF).
Quais questões podem ser examinadas em sede de embargos? Ora, dentro da 
dissidência e respeitados os requisitos anteriormente estudados, qualquer questão, de 
37. Coisa diversa acontece quando não é declarado o voto vencido ou quando há cumulação objetiva de 
ações (pluralidade de causas de pedir ou de pedidos). Quanto ao primeiro, veja-se o item correspondente à 
frente. Quanto ao segundo, remete-se o leitor para Orione Neto, Luiz. Recursos cíveis: teoria geral, princípios 
fundamentais, dos recursos em espécie, tutela de urgência no âmbito recursal, da ordem dos processos no 
tribunal. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 437-440.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
146
qualquer natureza, pode ser examinada. Não apenas pode ser discutida questão de 
mérito, de fato ou de direito – objeto primordial –, como pode ser discutida questão 
processual – no contexto em que foi dito quando se estudou reforma da sentença 
de mérito e procedência da ação rescisória, mas sempre limitada ao âmbito do voto 
vencido ou dos votos vencidos.
10.8.2 Efeito suspensivo
A lei não se pronuncia a respeito dos efeitos em que devem ser recebidos os 
embargos infringentes. Não obstante a omissão legislativa, é ponto pacífico, na 
jurisprudência e na doutrina, que os embargos infringentes, em regra, são dotados 
de efeito suspensivo. Por dois motivos: a apelação é recebida, em regra, no efeito 
suspensivo, e a regra geral continua sendo o duplo efeito, de maneira que, na ausência 
de restrição legal, fica o intérprete impedido de fazê-lo. É importante atentar para 
o fato de que “a suspensividade fica limitada ao âmbito de abrangência do voto 
vencido, que ensejou a interposição desse recurso”.38
Na suposição de a apelação ter subido apenas no efeito devolutivo, como nas exce-
ções previstas nos incisos do art. 520 do CPC (apelação interposta contra sentença 
de condenação ao pagamento de alimentos, por exemplo), os embargos infringentes 
também não estariam dotados de efeito suspensivo, podendo ter lugar execução 
provisória de sentença.39
10.8.3 Efeito expansivo
Os embargos infringentes podem ter efeito expansivo, isto é, em extensão maior 
do que a matéria da divergência que lhe foi devolvido. Contudo, somente no aspecto 
subjetivo e nunca no aspecto objetivo, uma vez que os limites do voto divergente 
são barreira insuperável. Segundo Marcus Vinicius Rios Gonçalves:
É o que ocorre quando, por exempo, embargos infringentes forem interpostos por um 
dos litisconsortes unitários. Como o resultado final há de ser o mesmo para todos, se 
acolhidos os opostos por um deles, os demais se beneficiarão, ainda que tenham per-
manecido inertes. Haverá o mesmo efeito se, embora simples o litisconsórcio, a questão 
suscitada nos embargos opostos por um dos litisconsortes for comum aos demais. Por 
exemplo, A ajuizou ação de reparação de danos por acidente de veículo em face de B e 
C, sendo o primeiro motorista e o segundo proprietário do veículo causador do acidente. 
Se o acórdão, por maioria, julgar procedente o pedido indenizatório, e só B opuser 
embargos infringentes, fundados na inexistência de qualquer dano, o acolhimento 
38. Nery Junior, Nelson. Princípios fundamentais: teoria geral dos recursos. 5. ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2000. p. 386.
39. Cf. Gonçalves, op. cit., p. 129; Marques, op. cit., p. 159; Santos, op. cit., p. 140.
147
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
deles acabará beneficiando C, porque não é possível que o tribunal reconheça que haja 
danos em relação a um e não o reconheça em relação ao outro.40
10.8.4 Efeito translativo
Por força de efeito translativo presente nos embargos infringentes, ainda que 
não estejam incluídas no âmbito do efeito devolutivo próprio desse recurso, que 
é a matéria objeto da divergência, o órgão julgador competente está autorizado a 
examinar matérias de ordem pública (arts. 267, § 3o, e 301, § 4o, do CPC), podendo 
o embargante alegá-las nos embargos infringentes pela primeira vez no processo e o 
juízo conhecê-las de ofício, independentemente de provocação.41
10.8.5 Efeito substitutivo
Em regra, o “efeito substitutivo se opera em todos os recursos, já que o art. 
512 do CPC se situa nas disposições gerais aplicáveis a todas as espécies de recurso” 
(grifos do autor),42 ainda que de forma diversa em cada um deles. A substituição 
pode ser total ou parcial quando for total ou parcial a impugnação da parte ou o 
conhecimento do recurso pelo tribunal. De acordo com Nelson Nery Junior:
Conhecido o recurso [de embargos infringentes], pelo juízo de admissibilidade positivo 
[quando acórdão não unânime houver reformado, em grau de apelação, a sentença 
de mérito ou houver julgado procedente ação rescisória], passando-se ao exame do 
mérito recursal [matéria objeto da divergência], haverá efeito substitutivo do recurso 
quando: a) em qualquer hipótese (error in judicando ou error in procedendo) for negado 
provimento ao recurso; b) em caso de error in judicando, for dado provimento ao 
recurso (grifos do autor).43
10.9 Processamento
10.9.1 Procedimento
Os embargos infringentes são processados nos mesmos autos do processo em que 
foi interposta a apelação ou a ação rescisória, e não em autos apartados. A petição 
do recurso de embargos infringentes deve vir sob forma escrita. Deve ser endereçada 
ao relator do acórdão embargado, via de regra, o relator da apelação ou da ação res-
cisória, conforme o caso. Deve vir acompanhada das razões do inconformismo, ou 
seja, justificada, fundamentada. E deve conter o requerimento ou o pedido expressode nova decisão. Por tudo isso, são inadmissíveis embargos infringentes orais ou por 
40. Gonçalves, op. cit., p. 131.
41. Cf. Idem, ibidem, p. 130; Nery Junior, op. cit., p. 420.
42. Nery Junior, op. cit., p. 421-422.
43. Nery Junior, op. cit., p. 421.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
148
cota44 lançada nos autos. A previsão legal do prazo de interposição dos embargos 
infringentes está no art. 508, Capítulo I (Das disposições gerais), Título X (Dos 
recursos), do Livro I (Do processo de conhecimento), do CPC. Portanto, o prazo 
para interposição dos embargos infringentes é de 15 dias, contado da intimação do 
acórdão.
O relator dos embargos nem sempre coincidirá com o relator do recurso ou da 
ação anteriores. Depende de como dispuser o regimento interno do tribunal onde 
tramitam os embargos infringentes. Aliás, não é recomendado que, havendo sorteio 
de novo relator, a escolha recaia sobre algum dos julgadores integrantes do órgão 
que prolatou o acórdão impugnado (art. 534 do CPC).
Opostos os embargos, a secretaria do tribunal abrirá vistas para o embargado, 
de imediato, sem necessidade de despacho nesse sentido, a fim de que este ofereça 
resposta (art. 531 do CPC). Diferente da regra do art. 549, Capítulo VII (Da ordem 
dos processos no tribunal), dos mesmos livros e título supracitados do CPC, os 
autos não são inicialmente conclusos ao relator, mas deve se dar vista dos autos ao 
recorrido. Igual prazo de 15 dias, calculado da intimação, é conferido ao embargado 
para apresentar suas contrarrazões, por força do princípio da isonomia ou igualdade 
processual. Oferecida impugnação, também por escrito e não verbal, os autos, então, 
são remetidos ao juiz relator.
Como foi dito há pouco, a escolha do relator é matéria disciplinada pelo regi-
mento interno dos tribunais. O Código de Processo Civil (art. 534) simplesmente 
faculta (não se trata de norma cogente ou imperativa) que, na eventualidade de a 
norma regimental determinar a escolha de outro relator, a escolha recaia, quando 
possível, em juiz que não tenha participado do julgamento no qual foi proferido o 
acórdão atacado, “o que nem sempre acontece, quando os embargos se opõem em 
ação rescisória, julgada pelos órgãos maiores do tribunal – pleno, especial, seções”.45 
A explicação dessa recomendação é simples. Procurou a reforma impedir qualquer 
vício de imparcialidade, que por corporativismo, ressentimento ou vingança pudesse 
estorvar a boa ou a melhor resolução da demanda, ainda que desfigurando a retra-
tabilidade, atributo essencial desse recurso.
O juiz relator fará o exame de admissibilidade do recurso (a verificação do 
preenchimento dos pressupostos gerais e do específico dos embargos infringentes), 
44. Cota é anotação, comentário ou pronunciamento não muito longo, feita diretamente nos autos do processo 
e não por petição, reservada a alguns sujeitos processuais determinados (Ministério Público, por exemplo), tida 
geralmente como ofensiva à dignidade da justiça e à lealdade processual quando lançada por quem não está 
autorizado a assim falar nos autos, e até reprimida pela lei (arts. 161 e 171 do CPC) quando feita às margens 
das folhas ou entre as linhas dos escritos.
45. Bermudes, op. cit., p. 181.
149
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
podendo, logicamente, admiti-lo ou não (art. 531, primeira parte, do CPC), o que 
deverá ser feito, logicamente – mais uma vez –, por meio de decisão fundamentada 
(art. 93, inciso IX, da CF).
Se o relator inadmitir os embargos, o embargante tem a chance de apresentar 
agravo – o qual a praxis forense alcunhou de agravinho ou agravo inominado, 
[...] e nos regimentos internos dos tribunais aparecia geralmente como agravo regi-
mental [...]. Não é agravo de instrumento, porque se processa nos próprios autos e não 
depende da formação de instrumento algum. Não é agravo retido, porque vem dotado 
de efeito devolutivo imediato e não fica retido nos autos aguardando a devolução a ser 
operada por outro eventual recurso (grifos do autor).46
O agravo deve ser interposto no prazo de cinco dias, dirigido ao órgão compe-
tente do tribunal para o julgamento de mérito dos embargos, na tentativa de reverter 
a decisão monocrática que negou seguimento ao recurso (art. 532, segunda parte, 
do CPC). Para saber qual é o órgão competente para decidir o agravo, deve ser 
consultada a lei de organização judiciária do local, mormente o regimento interno 
do tribunal onde tramita a causa. Somente cabe agravo da decisão do relator que 
inadmite os embargos infringentes. Não existe recurso da decisão que dá seguimento 
ao recurso.
Admitidos os embargos infringentes pelo relator ou provido o recurso contra a 
decisão de inadmissibilidade dos mesmos embargos, depois que o embargado tiver 
contra-arrazoado o recurso, proceder-se-á ao seu processamento e julgamento (a 
escolha do relator, a composição do órgão julgador, o curso do recurso dentro do 
tribunal, desde a sua admissão até a sessão de julgamento), tudo isso no modo como 
estiver regido pelas normas locais (art. 533 do CPC).
Isso significa dizer que os dispositivos do CPC que versam sobre processamento 
dos embargos infringentes (especialmente os arts. 551 a 554) não se aplicam mais? 
Foram derrogados? José Carlos Barbosa Moreira47 responde: 
Não se deve pensar, todavia, que toda a matéria relativa ao processamento e ao julga-
mento dos embargos tenha agora por sede exclusiva o regimento. Nenhum sentido 
teria, por exemplo, supor que norma regimental pudesse dispensar a inclusão do recurso 
em pauta a ser publicada no órgão oficial, com a devida antecedência, como prescreve 
o art. 552, ou afastar a regra segundo a qual as questões preliminares serão resolvidas 
antes do mérito (art. 560). Ao nosso ver [e fazemos nossas as suas palavras], por força 
de remissão, o regimento sobrepõe-se às disposições deste capítulo que se refiram, de 
46. Dinamarco, Cândido Rangel. A reforma do Código de Processo Civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 1996. p. 200.
47. Moreira, op. cit., p. 547.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
150
maneira específica, aos embargos infringentes. Assim, v.g., a norma regimental pode 
suprimir a revisão, excluindo a incidência do art. 551,48 ou a expedição de cópias prevista 
no art. 553. Adite-se que, no silêncio do regimento, e até que ele disponha sobre tais 
assuntos, permanecem aplicáveis as regras do código. Nada impede, aliás, que aquele 
as incorpore expressis verbis, ou se contente em fazer remissão a elas (grifos do autor).49
10.9.2 Admissibilidade de embargos adesivos
Admite-se recurso adesivo nos embargos infringentes, conforme art. 500, inciso 
II, do CPC, conquanto a matéria ou voto divergente aproveite ambas as partes. Só 
assim se configura o interesse recursal em aderir ao recurso principal.
10.9.3 Processamento dos recursos especial e extraordinário 
quando forem admissíveis embargos infringentes
Dependendo de como se apresentar o dispositivo dos acórdãos em apelação e em 
rescisória – uma parte unânime e outra parte por maioria de votos –, pode suscitar, de 
uma só vez, o interesse da parte de interpor três recursos distintos: recurso especial, 
recurso extraordinário e embargos infringentes.
Contendo a conclusão do acórdão partes em que foi decidido por unanimidade 
e em que foi decidido por maioria, não precisam ser interpostos recursos especial e 
extraordinário concomitantemente com os embargos infringentes. Aplica-se o art. 
498 do CPC com a nova redação dada pela Lei no 10.352/2001, que diz:
[Se] forem interpostos embargos infringentes, o prazo para recurso extraordinário ou 
recurso especial, relativamente ao julgamento unânime, ficará sobrestado até a intima-
ção da decisão nos embargos. [...] [Se] não forem interpostos embargos infringentes, 
o prazo relativo à parte unânimeda decisão terá como dia de início aquele em que 
transitar em julgado a decisão por maioria de votos.
Com isso, encontram-se superados os enunciados das Súmulas no 35450 e 355,51 
ambas do STF.
Tudo isso diz respeito à parcela unânime do acórdão. No tocante à parcela não 
unânime, se a parte pretendesse também interpor recurso especial e/ou recurso 
extraordinário, consoante a Súmula no 207 do STJ, que diz ser “inadmissível 
48. Em nota de fim de página, o mesmo autor faz constar que Cândido Rangel Dinamarco opina em sentido 
contrário ao seu (Ibidem, p. 547, nota 44).
49. Também entendendo que os regimentos internos dos tribunais “devem respeitar as normas procedimentais 
da lei processual, só podendo dispor daquilo em que ela for omissa” (Gonçalves, op. cit., p. 128).
50. Súmula no 354: Em caso de embargos infringentes parciais, é definitiva a parte da decisão embargada em 
que não houve divergência na votação.
51. Súmula no 355: Em caso de embargos infringentes parciais, é tardio o recurso extraordinário interposto 
após o julgamento dos embargos, quanto à parte da decisão embargada que não fora por eles abrangida.
151
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
recurso especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido 
no tribunal de origem”, necessário se faz esgotar as instâncias ordinárias manejando 
previamente os embargos infringentes, sob pena de supressão do juízo infringente.
É o entendimento predominante tanto no STF quanto no STJ:
Descabe a queima de etapas, deixando-se de interpor recurso previsto, para, de ime-
diato, alcançar o crivo do Supremo. O acesso a esta Corte, via extraordinário, pressupõe 
o esgotamento da jurisdição na origem, fenômeno que não ocorre quando inobservado 
o artigo 530 do Código de Processo Civil, no que contempla a adequação dos embargos 
infringentes (STF – 1a T.; RE-AgR no 413195/RS; Rel. Min. Marco Aurélio Mello; j. 
06/06/2006; DJ 04/08/2006, p. 46; Ement. v. 2240-05, p. 943).
Nos termos do art. 530 do Código de Processo Civil, com redação dada pela Lei 
10.352/2001, quando o acórdão proferido em sede de apelação for não-unânime e refor-
mar a sentença, deve o recorrente interpor embargos infringentes, a fim de provocar o 
exaurimento da instância ordinária, viabilizando, por conseguinte, o conhecimento do 
recurso especial. Aplica-se, assim, o teor da Súmula 207/STJ: “É inadmissível recurso 
especial quando cabíveis embargos infringentes contra o acórdão proferido no tribunal 
de origem” (STJ – 1a T.; AgRg no Ag no 766729/GO; Rel. Min. Denise Arruda; j. 
28/11/2006; DJ 18/12/2006, p. 323).
10.9.4 Impossibilidade de o relator dar provimento diretamente aos 
embargos infringentes
A essa altura, é pertinente formular a seguinte pergunta: poderia o juiz rela-
tor, ao constatar que o acórdão recorrido afronta incontestavelmente “súmula ou 
jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior”, 
dar provimento aos embargos infringentes, sem levar o recurso à sessão para jul-
gamento, aplicando por analogia a regra do art. 557, § 1o-A, do CPC? A questão 
é polêmica.
Para Sérgio Shimura,52 tal dispositivo não teria incidência, uma vez que os 
embargos infringentes devem ser julgados por colegiado, a fim de propiciar que o 
entendimento minoritário se convole em majoritário. Se o relator pudesse julgá-los, 
haveria uma inversão de valores, seja porque um julgador sozinho decidiria no lugar 
de um grupo, seja porque o voto vencido pesaria mais do que o da maioria. Haveria 
uma interpretação equivocada, o princípio da celeridade em contradição com os 
princípios da ampla defesa e do contraditório. Sem falar de uma série de dificuldades 
e discussões acerca das súmulas e jurisprudência dominantes.
52. Shimura, op. cit., p. 517-519.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
152
10.10 Outros assuntos polêmicos
É comum ouvir dizer entre os leigos ou neófitos – mas também entre os inicia-
dos – que no direito há sempre três teorias: uma que é a favor, outra que é contra 
e uma terceira que tenta conciliar as duas anteriores. Dessa asseveração derivam 
outras, como a de que não existe verdade, tudo é relativo... Quando não degeneram 
para o arremate que mistura audácia e insensatez: é fácil redigir uma tese, cada um 
pode dizer o que bem entende...
Não é esta a ocasião para discorrermos sobre gnoseologia, epistemologia ou 
metodologia do direito ou das ciências. Como em todas as áreas do conhecimento, 
há questões mais ou menos novas que ainda não foram examinadas, precisam ser 
mais bem estudadas, necessitam de uma revitalização, suscitam dúvidas, excitam a 
vaidade ou não geram consenso por motivos metajurídicos.
Nos itens subsequentes, não serão tratados pontos tão distantes da vida profissio-
nal, nem de forma exauriente. Tão somente enunciaremos problemas, posicionamen-
tos, argumentos e autores para que o leitor prossiga na incessante jornada do estudo.
10.10.1 Problema do voto vencido não declarado
Não é raro acontecer, na sessão de julgamento, que o juiz que possua entendi-
mento diferente da maioria exteriorize verbalmente as razões da sua discordância, 
mas deixe de juntar o seu voto aos autos do processo. Dessa feita, ao ser publicado 
o acórdão, este fica composto pelo relatório, pelo voto do relator e pela certidão de 
julgamento, que apenas menciona o componente da turma ou câmara que restou 
vencido. Entretanto, não consta o voto divergente. A essa ausência chama-se voto 
vencido não declarado. A situação é embaraçosa. Se por um lado foi proferido na 
sessão de julgamento um voto dissonante – que daria ensejo aos embargos infrin-
gentes, quando presentes os demais requisitos já aludidos –, por outro lado, não se 
conhecem o seu teor e a sua extensão. A divergência não estaria configurada. Dir-se-ia 
que falta requisito fundamental para os embargos infringentes ou, no mínimo, que 
o embargante fica impossibilitado de fundamentar seu recurso. Tanto uma como 
outra conjuntura impedem, na prática, a oposição dos embargos.
A questão é candente. Não existe uma única solução para o problema. 
Magistrados e doutrinadores dividem-se em quatro entendimentos diversos.53 Os 
embargos infringentes não podem ser interpostos sem que antes seja suprida a omis-
são por meio da interposição de embargos de declaração (art. 535, II, do CPC).54 É a 
posição do Supremo Tribunal Federal. Deve o interessado protestar pela juntada do 
53. Cf. Alvim, Eduardo Arruda. Curso de direito processual civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2000. v. 
2, p. 201-203.
54. Contudo, é questionada a utilização desse recurso com essa finalidade.
153
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
voto não declarado55 e o acórdão deve ser republicado, para que, então, os embargos 
infringentes possam ser apresentados. É o posicionamento do Superior Tribunal de 
Justiça. Presume-se que o desacordo foi total56 ante a impossibilidade de conhecer 
o voto porque não foi declarado. Aí, não há impedimento para que sejam opostos 
embargos infringentes, que devolverão toda a matéria abordada pelo acórdão. A 
matéria objeto da divergência será descoberta a partir da ementa ou da certidão de 
julgamento, dando-se entrada aos embargos infringentes sem mais.
10.10.2 Inadmissibilidade de embargos infringentes 
em apelação em mandado de segurança
Não obstante a doutrina em peso se posicionar favoravelmente à interposição 
de embargos infringentes contra acórdão não unânime proferido em apelação 
interposta em mandado de segurança, a jurisprudência voltou-se para o sen-
tido oposto, e a Lei no 12.016/2009 acompanhou esse entendimento ao dispor 
expressamente no art. 25 que “[não cabe], no processo de mandado de segurança, 
a interposição de embargos infringentes”. Predominou a corrente que se formou 
a partir do argumento segundoo qual a anterior lei do mandado de segurança 
(Lei no 1.533/1951) havia sido exaustiva na enumeração dos recursos cabíveis e, 
entre eles, não estava incluído o dos embargos infringentes. A Súmula no 169 da 
jurisprudência predominante do STJ afirmou serem “inadmissíveis embargos 
infringentes no processo de mandado de segurança”, seguindo orientação idên-
tica a do STF (Súmula no 597), que já entendia não terem cabimento “embargos 
infringentes de acórdão que em mandado de segurança decidiu, por maioria de 
votos, a apelação”. Nesse tocante, a Lei no 12.016/2009 veio apenas consolidar a 
opinião e a prática dos tribunais superiores.
10.10.3 Admissibilidade de embargos infringentes 
em remessa necessária
Como foi visto, para mover embargos infringentes é preciso antes ter interposto 
apelação. Se da remessa necessária (ou reexame necessário, outrora chamados de 
recurso ou apelação ex officio) não coubessem os mesmos embargos, equivaleria 
dizer que, mesmo perdendo, o melhor que os entes federativos e alguns órgãos da 
administração pública (art. 475 do CPC) poderiam fazer para se defender seria 
55. Alerte-se para o fato de que tal procedimento não está previsto em lei, podendo a autoridade judicial não 
acatá-lo e, enquanto a resposta negativa não vem, transcorrer in albis (em branco) o prazo para os embargos 
de declaração, precluindo para interessado o direito de interpor esse recurso.
56. Essas duas soluções podem gerar discussões preliminares e/ou questões de ordem que coloquem em risco, 
ainda maior, perder o recurso, o que deixa o recorrente em situação de grande insegurança.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
154
não apelar, pois assim não dariam azo para que a parte contrária revertesse o 
resultado em eventuais embargos. Por isso, o entendimento predominante é o da 
admissibilidade dos embargos infringentes também em duplo grau de jurisdição 
obrigatório.
10.10.4 Inadmissibilidade de embargos infringentes 
em agravo retido ou de instrumento
A corrente majoritária se posiciona contrariamente à interposição de embargos 
infringentes contra acórdão não unânime proferido em agravo retido ou de ins-
trumento, porque, apesar de haver voto vencido e de ser julgado na mesma sessão 
– embora antes – da apelação, trata-se de recurso distinto deste e não contemplado 
pelo CPC. A corrente minoritária entendia serem cabíveis os embargos infringentes, 
preenchidos os demais requisitos, se do julgamento do agravo retido ou de instru-
mento resultasse extinção do processo sem a resolução do mérito.57 “No sistema 
anterior, em caráter excepcional, isso era admitido quando o tribunal, ao apreciá-los, 
acabava por julgar o processo.”58 Hoje, ainda há quem fale em embargos em agravo 
retido “quando se tratar de matéria de mérito”59 ou quando se configura como 
preliminar do recurso de apelação. Filiam-se àquela Ennio de Barros, Humberto 
Theodoro Júnior, José Carlos Barbosa Moreira, Marcos Afonso Borges, Rogério 
Lauria Tucci, Sérgio Bermudes e José Carlos Barbosa Moreira.60
10.10.5 Admissibilidade de embargos infringentes em agravo 
regimental
Sérgio Ricardo de Arruda Fernandes e José Carlos Barbosa Moreira61 entendem 
que aos 
[...] acórdãos proferidos no julgamento de apelação ou no de ação rescisória [se equi-
param] os acórdãos que julgam agravo regimental contra decisão de relator, de teor 
equivalente ao do eventual julgamento da própria apelação ou da própria rescisória 
[...] desde que satisfeitos todos os pressupostos.62
57. Cf. Marques, op. cit., p. 159; Santos, op. cit., p. 138. Ressalte-se que os autores escreveram em estágio 
anterior ao da reforma levada a cabo pela Lei no 10.352/2001 e argumentavam fazendo comparação por analogia 
com acórdão prolatado em apelação contra sentença terminativa, cuja hipótese permitia embargos infringentes.
58. Gonçalves, op. cit., p. 124.
59. Súmula no 255 do STJ: “Cabem embargos infringentes contra acórdão, proferido por maioria, em agravo 
retido, quando se tratar de matéria de mérito”.
60. Todos esses autores são citados por José Carlos Barbosa Moreira. Cf. Moreira, op. cit., p. 527.
61. Ibidem, p. 526.
62. Sérgio Ricardo Arruda Fernandes apud Barbosa Moreira, Ibidem, p. 526-527.
155
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
10.10.6 Inadmissibilidade de embargos infringentes contra 
decisão monocrática do relator que julga a apelação
Para Sérgio Shimura63 não cabem embargos infringentes contra decisão mono-
crática do juiz relator que deu provimento à apelação dirigida contra sentença, 
quando esta “decisão recorrida estiver em manifesto confronto com súmula ou 
jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior” 
(art. 557, § 1o-A, do CPC). Porque, ainda que tenha reformado sentença, não foi 
proferida por órgão colegiado, faltando o requisito indispensável do voto vencido, 
não sendo cabíveis os embargos, uma vez que não houve julgamento colegiado e 
muito menos voto minoritário.
10.11 Considerações finais
Ao contrário dos gregos antigos, não entendo que a história seja cíclica. É ver-
dade que, no tocante aos embargos infringentes, após trilhar um longo percurso, 
cheio de conturbações – mas, sem dúvida, menos conturbado do que a trajetória do 
agravo –, retornamos ao sistema do Código de Processo Civil de 1939. Nele se fazia 
distinção do recurso cabível conforme a natureza da sentença. Contra sentença de 
mérito incidia apelação e contra sentença terminativa incidia agravo de petição. Os 
outrora chamados embargos de nulidade e infringentes, por sua vez, impugnavam 
os acórdãos não unânimes proferidos em apelação, ação rescisória e mandado de 
segurança. Por isso, os embargos infringentes estavam restritos à sentença de mérito, 
porque eram admitidos contra decisão de apelação que desafiava sentença de mérito.64
Todavia, como escreveu José Carlos Barbosa Moreira, a história não aponta para 
um único caminho:
É praticamente impossível extrair dos antecedentes históricos conclusão segura acerca 
da futura trajetória dos embargos infringentes. A linha tem sido bastante sinuosa: 
oscila entre duas tendências contrapostas, ora ampliando, ora restringindo o campo 
de atuação do recurso. Não deixa de ter alguma relevância o fato de que, contrariando 
sugestões doutrinárias, jamais vingou a ideia de pura e simplesmente aboli-lo [...] [O] 
anteprojeto Buzaid optava por esse alvitre; mas, a despeito da aquiescência da Comissão 
Revisora, afinal se mantiveram os embargos infringentes, e com admissibilidade ampla. 
Igualmente significativa é a sorte do recurso ao longo das sucessivas reformas que 
incidiram nos últimos anos sobre o Código de Processo Civil. O Título X do Livro I 
vem constituindo um dos alvos prediletos das iniciativas reformadoras. Em menos da 
metade dos dispositivos aí contidos subsiste a redação originária; e, dentre os outros, 
não são poucos os que já passaram por mais de uma alteração. Acrescente-se que, como 
63. Shimura, op. cit., p. 501.
64. Cf. Jorge, op. cit., p. 259 e 264.
Processos e Incidentes nos Tribunais ELSEVIER
156
no caso do agravo de instrumento, a mudança foi às vezes mais radical que a operada 
na disciplina dos embargos.65
Seja como for, não deixa de ser no mínimo sugestivo o retorno ao sistema do 
CPC/1939. Nele deveríamos nos inspirar. Ele não deixa de sugerir interessantes 
propostas.
Depois da Lei no 10.352/2001, o âmbito de utilização desse recurso ficou mais 
restrito, porque foram acrescentadas mais exigências ao sistema original do Código 
de Processo Civil de 1973. No que tange à apelação, passou a ser exigido que o 
acórdão (1o) modifique a sentença e que a sentença seja (2o) sentença de mérito. 
No tocante à ação rescisória, passou a ser exigido que a decisão atacada tenha sido 
de procedência. Retornando, como já foi dito, ao regime instituído pelo art. 833 
doCPC/1939 (Decreto-lei no 1.608/1939) até ser modificado pelo Decreto-lei no 
8.570/1946.66
Os embargos não podem ter por objeto questões processuais atinentes ao juízo de 
admissibilidade do recurso de apelação e da ação rescisória. Entendemos ser necessá-
rio algum julgamento de mérito, (a) ainda que o mérito do recurso não se confunda 
com o mérito da causa, (b) ainda que apelação somente anule, invalide ou casse a 
sentença de mérito, (c) mesmo que a sentença seja terminativa, conquanto tenha 
havido exame do mérito pelo tribunal por considerar a causa madura para tanto.
Sob a perspectiva histórica, a configuração atual dos embargos infringentes 
parece-nos a melhor conseguida até então, sendo suscetível de melhoras. Entendemos 
que pode ficar mais adequada se for pacificada a polêmica sobre a interpretação da 
expressão “houver reformado [...] sentença de mérito” (art. 530 do CPC), no sentido 
de ficar restrita às questões de mérito, não tendo por objeto questões processuais. 
Contudo, isso não quer dizer, de acordo com as colocações feitas no corpo deste 
trabalho, que a sentença e o acórdão recorridos sejam inexoravelmente de mérito.
Desta feita, ficariam facultadas a revisão do julgado e a resolução de eventual 
injustiça, sem consentir com a morosidade na prestação jurisdicional, uma vez que 
não se discutiriam questões processuais. Querendo tratar de direito fundamental 
processual ou garantia processual constitucional, continua franqueada a entrada ao 
STJ e ao STF por meio dos recursos especial e extraordinário.
Por tudo isso – pedimos licença para discordar –, não nos parece acertada a 
proposta da comissão de juristas encarregada da elaboração do anteprojeto do novo 
Código de Processo Civil,67 presidida pelo Ministro Luiz Fux, do Superior Tribunal 
65. Moreira, op. cit., p. 523.
66. Shimura, op. cit., p. 501, nota 6.
67. Brasil. Congresso Nacional. Senado Federal. Comissão de Juristas Responsável pela Elaboração de 
157
Capítulo 10 | Embargos infringentes | Walter dos Santos Rodrigues
de Justiça, no sentido de suprimir o recurso de embargos infringentes. Nem nos 
parece equivalente a contrapartida adotada no § 3o do art. 861 do Anteprojeto do 
CPC no sentido de tornar obrigatória a declaração do voto vencido e de considerá-lo 
como parte integrante do acórdão, inclusive para fins de prequestionamento.
Divergimos não da obrigatoriedade da declaração do voto vencido, porque esta 
inovação – que, aliás, louvamos – está a serviço do refinamento da argumentação, 
necessária ao progresso do pensamento jurídico, e fazemos votos que a lei do menor 
esforço – que, mesmo não sendo jurídica, não é menos real – não venha matar a 
discussão logo no seu nascedouro – como infelizmente já estava acontecendo nos 
tribunais ao decidir-se por unanimidade – evitando-se o cabimento dos embargos 
infringentes – para reduzir a quantidade de processos.
Dissentimos sim do propósito de transferir para as cortes superiores a discussão 
sobre questões para as quais estariam afeitos os órgãos de primeira e segunda ins-
tâncias, porque nestes tribunais é que deve ocorrer o contraditório amplo, efetivo e 
participativo. Inclusive parece-nos um tanto contraditório, sob a alegação de dimi-
nuição da morosidade do judiciário, ampliar de tal maneira a competência do STJ 
e do STF – transformando-os numa “terceira ou quarta instâncias” – e desprestigiar 
a função e as atividades dos juízes e dos tribunais locais.
10.12 Referências bibliográficas
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