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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES I. TÍTULO: CONSERVAÇÃO DE ENERGIA MECÂNICA (ESTUDO DE COLISÕES - II) II. MOTIVAÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO: Um dos sucessos da Física, em sua empreitada de descrever matematicamente alguns fenômenos naturais, foi a elaboração de um Princípio Fundamental: O Princípio de Conservação da Energia. Qualquer modelo ou até mesmo teoria proposta não pode violar este princípio. Ele introduz uma grandeza, a ENERGIA TOTAL, a qual devemos identificar no sistema em estudo em todos os instantes de tempo que forem convenientes. Ela consiste em uma Grandeza ESCALAR cujo valor NÃO se altera com o decorrer do tempo. Obviamente, este é um conceito extremamente útil na resolução dos mais diversos problemas. Vale citar que o conceito de energia e a discussão sobre suas formas funcionais (que dependem de parâmetros característicos a cada sistema estudado) consistem em assuntos para muitas e muitas aulas. O Princípio da Conservação da Energia nos permite declarar que: "A Energia TOTAL de um sistema isolado e fechado mantém-se constante." Entenda-se sistema isolado e fechado como o sistema que não interage com sua vizinhança, nem troca matéria com ela. No caso de sistemas que interagem com sua vizinhança, basta redefinir como "sistema" o conjunto "sistema-de-interesse + vizinhança". Vamos discutir um pouco o caso particular dos fenômenos mecânicos. A Mecânica nos permite descrever a evolução no tempo de um sistema se conhecemos a resultante das forças nele atuantes e as massas, suas coordenadas e velocidades em um dado instante de referência. EM geral, temos uma equação vetorial: dt pdR = Esta equação pode ser desdobrada em três, uma para cada componente (projeções) nas três direções ortogonais ( zyx ˆ,ˆ,ˆ ) do espaço: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES ( ) ( ) ( ) = = = ∧∧ ∧∧ ∧∧ zmv dt dzR ymv dt dyR xmv dt dxR ZZ YY XX Se a massa é mantida constante, e subentendendo os eixos coordenados usados, temos: = = = ZZ YY XX maR maR maR O sistema de equações acima pode ser re-escrito de forma a evidenciar todas as componentes: =++ =++ =++ ZZYX YZYX XZYX Rmaaa Ramaa Raama 00 00 00 Este sistema pode ser escrito de forma matricial: = Z Y X Z Y X R R R a a a m m m 00 00 00 = Z Y X R R R t z t y t x m m m d d d d d d 00 00 00 2 2 2 2 2 2 Note que o caráter vetorial da modelagem exige a solução deste sistema. Uma abordagem alternativa consiste em elaborar uma abordagem a partir de grandezas escalares. É neste contexto que discutiremos o “Teorema Trabalho-Energia”. Vamos criar uma grandeza escalar que expresse o efeito da ação de uma força com relação à trajetória seguida por um móvel. Uma grandeza escalar que quantifica esta influência é o “trabalho da força”, definido para deslocamentos infinitesimais por: rdFWd •= O fato de utilizarmos um d e não um d deve-se ao fato de que o trabalho não é uma diferencial exata; ou seja, o trabalho não é uma função da posição, mas um escalar cujo valor depende do deslocamento pretendido. Logo o trabalho em uma trajetória (caminho), que representaremos pela letra “C”, pode ser UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES calculado por: ∫ •= C rdFW Se a força em questão é a RESULTANTE R : ∫∫∫∫∫∫ •=•=•=•=•=•= CCCCCC vdvmvvmd dt rdvmdrd dt vdmrd dt pdrdRW No caso de um movimento unidimensional, em que o caminho está limitado pelos pontos “A” e “B”: 22 22 22 22 AB ABv v CCCCCC mvmvW vvmvdvmW vdvmmdvv dt dxmdvdx dt dvmdx dt dpRdxW B A −= −== ====== ∫ ∫∫∫∫∫∫ A quantidade 2 2mv EC = é dita “Energia Cinética” e está definida em cada ponto da trajetória (caminho C), com valor determinado desde que saibamos a velocidade e a massa naquele ponto. Note que a Energia Cinética também pode ser expressa através da quantidade de movimento, por: m pmvEC 22 22 == O resultado W = ∆EC é o Teorema do Trabalho Energia: “O Trabalho da Força Resultante atuante de um ponto a outro da trajetória de um móvel é numericamente igual à variação da Energia Cinética deste móvel entre os mesmos pontos”. Se o produto Rdx fornecer uma diferencial exata, função da posição, Rdx = df (x), então podemos escrever: )()()( )( AB x x CC xfxfxdfW xdfRdxW B A −== == ∫ ∫∫ Como o Teorema do trabalho-energia continua válido: )( 2 )( 2 )()( 22 22 22 A A B B AB AB xfmvxfmv xfxfmvmvW −=− −=−= Definindo – f (x)=EP(x), temos: UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES )( 2 )( 2 22 AP A BP B P xEmvxEmv EW ==+ ∆−= A grandeza EP(x), que é adicionada à EC, é dita “energia potencial”, e ao valor: )( 2 2 xE mv E PM += , denominamos “Energia Mecânica Total”. Ou seja, a Energia Mecânica Total consiste essencialmente em um termo cinético (medida do movimento) e um termo de interação (energia potencial), sendo que cada termo pode ser constituído de diversas parcelas, conforme o caso estudado. No caso de colisões, se a energia mecânica total é conservada, a colisão é dita elástica. Caso energia seja liberada do sistema, a colisão é dita inelástica. A diferença em energia pode ser expressa como Q = EM-final – EM-inicial. A unidade de Energia (e de Trabalho) no SI é o “joule” (J), tal que 1 J = 1 N m = kg m2/s2. No antigo sistema CGS (cm-g-s), a energia é expressa em ergs, sendo 1 erg = 1 g cm2/s2. Facilmente observa-se que 1 erg = 1 x 10-7 J = 0,1 µJ1. Neste experimento nossos OBJETIVOS são: 1) Verificar se a Energia Mecânica Total se conserva em uma dada colisão; e 2) Caso contrário, identificar a quantidade “Q” de energia liberada. III. EQUIPAMENTO: Lista de Material: ● Trilho de ar PHYWE (perfil de alumínio perfurado, com o “soprador” eletromecânico acoplado). ● Disparador. ● Dois carros “flutuadores” com lâminas metálicas acopladas em seus topos na vertical. ● Dois sensores eletro-óticos de movimento. ● Cronômetro eletrônico PHYWE. ● Seis cabos elétricos com plugues-bananas nas extremidades (para conectar s sensores no cronômetro – ver a Figura 1). ● Aríete afinalado. ● Aríete com elástico. ● Peças cilíndricas de sobrecarga. 1 O erg também pode ser expresso por 1 erg = 1 dyn x cm, em que 1 dyn = 1 g cm/s2 (unidade de força no sistema CGS). UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES Figura 1: Foto do aparato experimental a ser usado. IV. PROCEDIMENTOS: 1- Coloque os cilindros de sobrecarga simetricamente em cada lado dos flutuadores.2- Meça a massa total de cada flutuador com sobrecarga e registre seus valores. 3- Verifique se o disparador está devidamente conectado à extremidade do trilho-de-ar em que também se conecta o tubo do soprador eletromecânico. 4- Posicione os sensores óticos tal que o afastamento entre ambos maior que a soma dos comprimentos dos flutuadores (veja a Figura 1). 5- Posicione um dos flutuadores em contato com o disparador e o outro entre os sensores óticos. 6- Ligue o “soprador” eletromecânico e verifique se os flutuadores repousam sobre colchão de ar. Caso se movam espontaneamente, promova o nivelamento do trilho-de-ar. 7- Conecte os sensores ao cronômetro, tal que o sensor próximo ao disparador liga-se pela conexão 1 e o outro pela 3. Veja as Figuras 1 e 2. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES Figura 2: Esquema do Cronômetro Eletrônico PHYWE 1- botão de reset; 2- seletor de disparo (luz ou sombra); 3- conexão para o disparador; 4 e 5- conexões para sensores óticos; 6- seletor de condição de início da cronometragem (sombra luz ou sombra); 7- seletor da forma de operação do cronômetro; 8- mostradores do cronômetro. Baseado em esquema de Hermes U. Guimarães e Osvaldo Guimarães (PUC- SP) 8- Programe o Cronômetro para a opção 3 (sentido horário) do seletor em seu painel frontal (o que apresenta dois pares de setas), indicado conforme a Figura 2. 9- Acione o disparador e observe a colisão entre os flutuadores. Atente para a operação do cronômetro: Os primeiro mostrador refere-se ao flutuador disparado e o terceiro ao flutuador alvejado. Note que: 9a - Quando um flutuador atinge um sensor, uma medida de tempo é disparada e que quando ele o ultrapassa a medida é interrompida. 9b - O acionamento de uma cronometragem é feito quando a lâmina metálica no topo do flutuador interrompe um feixe de luz infravermelha (invisível a olho nu) no sensor. 9c - A cronometragem é interrompida quando a lâmina não mais bloqueia tal sinal. 9d - Se o flutuador disparado muda de sentido após a colisão, o segundo mostrador é ativado; se ele permanece no mesmo sentido, o quarto mostrador é acionado. 9e - Repita o fenômeno de colisão até pleno esclarecimento do princípio de operação do aparato, relacionando-o com o fenômeno observado. 10- Re-posicione os flutuadores e pressione o disparador. 11- Anote os valores de tempo lidos em cada mostrador. A incerteza é δt = 1 ms. 12- Modele o fenômeno como se ocorresse de fato em uma dimensão apenas. Determine a velocidade v (média) de cada flutuador. Como o tempo cronometrado refere-se de fato à passagem da lâmina metálica, cada velocidade pode ser obtida pela razão entre o comprimento da lâmina L e o seu tempo de passagem t pelo sensor: v = L / t. Devido a características de operação do sensor, o fornecedor (PHYWE) informa que a incerteza na percepção deste comprimento é δL = 1 mm. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES 14- Determine a Energia Mecânica total antes da colisão (não esqueça da incerteza), representando- a por EM-antes. 15- Determine a Energia Mecânica total após a colisão (não esqueça da incerteza), representando-a por EM -depois. 16- Altere as massas de sobrecarga e repita o experimento algumas vezes. 17- Determine o valor da diferença “Q” entre as Energias mecânicas antes e depois da colisão. O que você esperava como resultado, e o que o obtido significa, dentro do contexto estudado? 18- Caso o valor de Q seja superior à incerteza calculada, determine a fração de energia liberada por: %100% ×= − antesM E E Qf OBS: Cálculo de Incertezas Podemos expressar a energia cinética por: = m p mv EC 2 2 2 2 Logo, sua incerteza será dada por: ( ) + + = m m pp m p mvvmv EC δ δ2 2 1 δ δ2 2 1 δ 2 2 2 + + = m m pp m p mvvmv EC δ 2 δ δ 2 δ δ A velocidade usada será a velocidade média ao passar por um sensor: XNt Lv − = , onde N = 1 ou 2 (identifica o flutuador) e X = A (de “antes da colisão”) ou D (de “depois da colisão”). Logo: XN XN t t L L v v − −+= δ δ δ UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS - DEPARTAMENTO DE FÍSICA CURSO DE FÍSICA EXPERIMENTAL I PROFESSOR MARCELO AZEVEDO NEVES +× = − − − XN XN XN t t L L t Lv δ δ δ += mvvmvEC δ2 δ δ + +× = −− − − m t L t t L Lm t LEc XNXN XN XN δ 2 δ δ δ Visto que a lâmina tem dez centímetros de comprimento, que a balança fornece leituras de massa com incerteza de 1 g, e considerando as incertezas nos sensores de posição (1 mm = 1 x 10-1 cm) e de medida de tempo (0,001 s), podemos substituir estes valores e obter (em “g cm/s”) e obter uma relação simplificada para uso com o equipamento fornecido pela PHYWE (basta fornecer os valores de massa e as leituras de tempo): + +× = −−− m tt m t Ec XNXNXN δ 50,00101,00,10 δ Estes resultados estarão expressos em gcm2/s2, ou seja, em ergs. Visto que 1 erg = 10–7 J, para converter seus resultados para o SI basta multiplicar os valores obtidos para energia cinética média e sua incerteza por 10–7 e re-escrever as unidades. Seus resultados devem ser apresentados em um relatório com o seguinte formato: 1. TÍTULO 2. OBJETIVO 3. DESCRIÇÃO DO EQUIPAMENTO (lista de material e desenho das montagens) 4. REFERENCIAL TEÓRICO (Trabalho, Energia e sua conservação) 5. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS (ETAPAS DE MEDIDA) 6. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS (tabelas, cálculo dos valores, etc...) 7. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 8. CONCLUSÃO 9. OBSERVAÇÕES FINAIS 10. BIBLIOGRAFIA
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