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DIREITO PROCESSUAL CIVIL I - AULAS NCPC 2016 SLIDE 115

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
Reinaldo Laviola Verner
reinaldo_laviola@yahoo.com.br
FADILESTE - 2016
DE ACORDO COM O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
Conteúdo programático:
 
1) DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS: da assistência: disposições comuns; da assistência simples; da assistência litisconsorcial; da denunciação da lide; do chamamento ao processo; do incidente de desconsideração da personalidade jurídica; do amicus curiae; 
2) DO JUIZ E DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA: dos poderes, dos deveres e da responsabilidade do juiz; dos impedimentos e da suspeição; dos auxiliares da justiça: do escrivão, do chefe de secretaria e do oficial de justiça; do perito; do depositário e do administrador; do intérprete e do tradutor; dos conciliadores e mediadores judiciais; do ministério público; da advocacia pública; da defensoria pública
 
3) DOS ATOS PROCESSUAIS: da forma, do tempo e do lugar dos atos processuais; da forma dos atos processuais: dos atos em geral; da prática eletrônica de atos processuais; dos atos das partes; dos pronunciamentos do juiz; dos atos do escrivão ou do chefe de secretaria; do tempo e do lugar dos atos processuais; dos prazos: disposições gerais; da verificação dos prazos e das penalidades; da comunicação dos atos processuais: disposições gerais; da citação; das cartas; das intimações; das nulidades; da distribuição e do registro; do valor da causa.
4) DA FORMAÇÃO, DA SUSPENSÃO E DA EXTINÇÃO DO PROCESSO: da formação do processo; da suspensão do processo; da extinção do processo.
 
5) PRECLUSÃO: conceito; classificação; efeitos da preclusão.
 
6) TEORIA DA COGNIÇÃO JUDICIAL: cognição sumária; cognição exauriente.
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
1) HUMBERTO THEODORO JÚNIOR. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. VOLUME I. 56ª EDIÇÃO. 2015.
2) FREDIE DIDIER JÚNIOR. CURSO DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL. VOLUME I. 17ª EDIÇÃO. 2015.
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO
Em conformidade com o Regimento Institucional a avaliação semestral ocorrerá da seguinte forma:
1ª avaliação – 30 pontos;
2ª avaliação – 30 pontos;
3ª avaliação – Prova escrita Final – 40 pontos.
As provas serão aplicadas sem consulta, bem como, conforme regulamento, as avaliações conterão em média 15 questões, sendo 10 de múltipla escolha, 3 dissertativas e duas questões argumentativas.
 
Estrutura do novo CPC:
1- Das Normas Processuais Civis
2- Da Função Jurisdicional
3- Dos Sujeitos do Processo
4- Dos Atos Processuais
5- Das Tutelas Provisórias
6- Formação, Suspensão e Extinção do Processo
7- Do Processo de Conhecimento e do Cumprimento de Sentença
8- Do Processo de Execução
9- Dos Processos nos Tribunais e dos Meios de Impugnação das Decisões Judiciais
10 – Das Disposições Finais e Transitórias
“Um sistema processual civil que não proporcione à sociedade o reconhecimento e a realização dos direitos, ameaçados ou violados, que têm cada um dos jurisdicionados, não se harmoniza com as garantias constitucionais de um Estado Democrático de Direito.
	(...)
	O Código vigente, de 1973, operou satisfatoriamente durante duas décadas. A partir dos anos noventa, entretanto, sucessivas reformas, a grande maioria delas lideradas pelos Ministros Athos Gusmão Carneiro e Sálvio de Figueiredo Teixeira, introduziram no Código revogado significativas alterações, com o objetivo de adaptar as normas processuais a mudanças na sociedade e ao funcionamento das instituições.” (Exposição de Motivos do Anteprojeto do novo CPC”.
INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
1. DA INTERVENÇÃO DE TERCEIROS
Terceiro é quem não seja parte, quer nunca o tenha sido, quer haja deixado de sê-lo em momento anterior àquele que se profira a decisão.
Parte – é preciso lembrar que parte é um sujeito do contraditório, alguém que está no processo agindo com parcialidade. Parte faz parte do processo.
Intervenção de terceiros consiste na atuação de pessoas estranhas a determinado processo judicial, quando esta não se dá por litisconsórcio.
A intervenção de terceiros é fato jurídico processual que transforma pessoa estranha ao processo pendente em parte dele integrante. Não gera processo novo, mas tão só efeitos subjetivos e ou objetivos no processo em curso.
Segundo Humberto Theodoro Júnior, “ocorre o fenômeno processual chamado intervenção de terceiro quando alguém ingressa, como parte ou coadjuvante da parte, em processo pendente entre outras partes.”
1.1. INCIDENTE DO PROCESSO # processo incidental
Toda intervenção de terceiro é um incidente de processo, pois terceiro ingressa em processo existente, impondo-lhe alguma modificação e dele passando a fazer parte. Se gera processo novo autônomo, terceiro não será intervindo em processo anterior para dele fazer parte: por isso a intervenção de terceiro não é um processo incidente.
1.2. FUNDAMENTOS PARA AS INTERVENÇÕES DE TERCEIRO
a) Constatação de que haverá, sempre, um vínculo entre o terceiro e o objeto litigioso do processo. O interesse é entendido este como a existência de relação jurídica entre o interveniente e qualquer das partes.
b) A possibilidade de intervenção de terceiro serve ora à eficiência processual à duração razoável do processo, para que se possam resolver o maior número possível de questões relacionadas ao objeto litigioso em um mesmo processo, ora ao contraditório, ao permitir que terceiro que sofrerá efeito da decisão possa defender-se em juízo e evitar esse prejuízo.
1.3.	CLASSIFICAÇÃO DAS INTERVENÇÕES DE TERCEIRO
 
	a) 	Intervenções espontâneas – ou seja, o terceiro espontaneamente intervém no processo. Ou seja, intervém porque quer. O terceiro pede para intervir. É o que acontece com a assistência e, às vezes, no caso do amicus curie.
 
b)	Intervenções provocadas – podem vir no concurso com o nome de intervenção coacta. O terceiro, na intervenção provocada, é trazido ao processo, procedida por citação. Exemplo de intervenções provocadas coactas: denunciação da lide, 
chamamento ao processo, desconsideração da personalidade jurídica.
c)	Intervenções ad coadjuvandum – A intervenção é ad coadjuvandum quando o terceiro intervém para ajudar uma das partes. A assistência é exemplo de intervenção ad coadjuvandum.
	d)	Intervenções ad excludendum – A intervenção é ad excludendum quando o terceiro intervém para se contrapor às partes. É o que acontece com a oposição. A oposição é exemplo de intervenção ad excludendum. (OBS: O NCPC não trata mais a oposição como procedimento interventivo em causa pendente, mas como objeto de ação autônoma (art. 682 a 686)
1.4.	EFEITOS DAS INTERVENÇÕES DE TERCEIRO
 
	O primeiro possível efeito da intervenção de terceiro é o de ampliar subjetivamente o processo. Ou seja, trazer ao processo um sujeito novo. O rol de sujeitos se amplia. É o efeito mais frequente, mais comum das intervenções de terceiro.
 
O outro efeito é o de modificar subjetivamente o processo. É o efeito de alterar, sem ampliar. É só proceder à troca de sujeito, sem a ampliação. É o que acontece no caso do artigo 339, § 1º, em que, ao invés de ampliar o rol de sujeitos, apenas trocam-se os sujeitos.
	E as intervenções de terceiro ainda podem ampliar objetivamente o processo. Algumas intervenções de terceiro agregam ao processo um pedido novo. É o que acontece com a denunciação da lide e a desconsideração da personalidade jurídica. 
2. ASSISTÊNCIA
	Art. 119.  Pendendo (a lide se torna pendente com a citação válida – art. 240 NCPC) entre 2 (duas) ou mais pessoas, o terceiro juridicamente interessado em que a sentença seja favorável a uma delas poderá intervir no processo para assisti-la.
	Parágrafo único.  A assistência será admitida em qualquer procedimento e em todos os graus de jurisdição, recebendo o assistente o processo no estado em que se encontre.
	
2.1. CONCEITO
Segundo Fredie Didier a assistência é modalidade de intervenção de terceiro ad coadjuvandum, pela qual um terceiro ingressa em processo alheio para auxiliar uma das partes. Pode ocorrer a qualquer tempo e grau de jurisdição, assumindo o terceiro
o processo no estado em que se encontra.
“A assistência é uma intervenção de terceiro espontânea em qualquer fase do processo no polo ativo ou no polo passivo sem agregar ao processo pedido novo.”
O assistente não agrega ao processo pedido novo. Ele apenas adere ao pedido já formulado. Em qualquer momento, espontaneamente, em qualquer dos polos do processo.
A única coisa que é difícil em assistência é entender o que a legitima. 
O que permite que o terceiro peça para intervir como assistente? 
A lei diz: é preciso que o assistente tenha interesse jurídico na causa (art. 119 do NCPC). Um terceiro só pode intervir como assistente se tiver interesse jurídico na causa. Isso é que é difícil. Saber o que é interesse jurídico que justifica a assistência.
Exemplos: 
1) O substituído pede para intervir num processo conduzido pelo substituto, dizendo assim: “Sr. Juiz, esse sujeito aí está defendendo interesse meu. O interesse dele é meu. Eu quero intervir para defender meu interesse.” Então, o substituído pede para intervir para ser assistente do substituto.
2) O condômino pede para intervir numa ação proposta pelo outro condômino. Reparem que ele vai dizer: “Sr. Juiz, eu também sou condômino. X é uma relação condominial da qual eu faço parte. Então, eu também tenho interesse.” 
JURISPRUDÊNCIA – DEMONSTRAÇÃO INTERESSE JURÍDICO
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO - ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA - ASSISTÊNCIA - INTERESSE JURÍDICO DEMONSTRADO - PURGAÇÃO DA MORA - DEMONSTRAÇÃO DO PAGAMENTO - APELO CONHECIDO E DESPROVIDO. 1. A eventual procedência do pedido de busca e apreensão acarretaria prejuízo de caráter jurídico ao adquirente consubstanciado no seu desapossamento do veículo. Correto o deferimento da assistência. 2. Eventual falha ocorrida entre os bancos não pode atingir o devedor que efetuou o pagamento de acordo com as instruções contidas nos boletos bancários. Por outro lado, as 36 (trinta e seis) parcelas foram integralmente pagas, não subsistindo a mora do devedor. Apelo conhecido e desprovido. (TJ-PR - AC: 4034466 PR 0403446-6, Relator: Renato Braga Bettega, Data de Julgamento: 22/08/2007, 18ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 7445)
2.2. PROCEDIMENTO
Terceiro peticiona ao juiz expondo os fatos e as razões pelas quais considera ter interesse jurídico na demanda. 
As partes serão intimadas a se manifestar, salvo se for caso de rejeição liminar.
Não havendo impugnação dentro de 15 dias, o pedido de assistência será deferido, se o magistrado reconhecer-lhe a legitimidade para intervir (art. 120, NCPC).
Se houver impugnação, o juiz, sem determinar a suspensão do processo, decidirá o incidente, em que será possível a produção de provas. 
Da decisão do incidente (assistência admitida ou não) ou da decisão que rejeitar liminarmente a intervenção, cabe agravo de instrumento (art. 1.015, IX, CPC).
2.3. ASSISTÊNCIA SIMPLES
Quando o assistente intervém tão somente para coadjuvar uma das partes a obter sentença favorável, sem defender direito próprio, o caso é de assistência adesiva ou simples (ad adjuvandum tatum).
ASSISTIDO
ADVERSÁRIO DA PARTE
ASSIS TENTE
OBS 1.: no processo não se discute a relação jurídica existente entre o interveniente e a parte adversária, mas este apenas intervém para ser parte auxiliar.
Exemplo: sublocatário em ação de despejo contra o locatário. Seu interesse jurídico é claro.
OBS 2.: O Assistente simples atua no processo como legitimado extraordinário, pois, em nome próprio, auxilia na defesa de direito alheio.
2.3.1. INTERESSE REFLEXO
Ele é um ajudante do assistido. Alguns autores, os mais antigos, costumam dizer que o assistente simples não é parte. Segundo Fredie Didier, o assistente simples é parte, só que é uma parte auxiliar. Ele está em juízo, é sujeito do contraditório, só que ele tem uma atuação subordinada. Ele fica subordinado ao assistido. E porque fica subordinado ao assistido? Porque a discussão não é dele. O problema não envolve ele, só reflexamente. Ele fica, por isso, vinculado ao que o assistido quiser.
2.3.2. COISA JULGADA ATINGE O ASSISTENTE SIMPLES?
O assistente simples fica vinculado a uma outra modalidade de eficácia preclusiva que é chamada de eficácia da intervenção.
Dois aspectos importantes:
1º) Aspecto em que ela é mais rigorosa do que a coisa julgada – A eficácia da intervenção vincula o assistente simples à justiça da decisão que significa a fundamentação da decisão. Ele não poderá mais discutir os fundamentos da decisão. 
2º) Aspecto em que ela é menos rigorosa do que a coisa julgada – A coisa julgada pode ser revista, em regra, pela ação rescisória. Já a eficácia da intervenção pode ser afastada de maneira mais simples, com alegações mais singelas, de modo muito mais singelo, muito mais simples, o assistente simples pode afastar a eficácia da intervenção.
“Art. 123.  Transitada em julgado a sentença, na causa em que interveio o assistente, este não poderá, em processo posterior, discutir a justiça da decisão, salvo se alegar e provar que:”
 
Esse “salvo” é que traz as possíveis alegações para que o assistente escape à eficácia da intervenção:
“I - pelo estado em que recebera o processo, ou pelas declarações e atos do assistido, fora impedido de produzir provas suscetíveis de influir na sentença;”
 
O assistente interveio em momento tal, que já não podia fazer mais nada, portanto, não pode ser submetido à eficácia da intervenção, já que não pôde interferir na decisão, considerando que o processo estava muito adiantado.
“II - desconhecia a existência de alegações ou de provas, de que o assistido, por dolo ou culpa, não se valeu.”
Nessas duas hipóteses, o assistente quer se livrar da eficácia da intervenção, dizendo, basicamente, que o assistido não deixou que ele ganhasse. Que o comportamento do assistido é um comportamento que impediu a sua vitória. Se ele não tivesse se comportado daquela maneira o resultado seria outro. Essas alegações são chamadas de exceptio male gesti processus, ou seja, é uma defesa de má gestão processual. O assistente vai dizer: “eu não posso me submeter à eficácia da intervenção porque houve má gestão do processo pelo assistido. O assistido geriu mau o processo.” é isso que se entende por exceptio male gesti processus e está no art. 123, inciso II, do NCPC.
2.4. ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL
	Art. 124.  Considera-se litisconsorte da parte principal o assistente sempre que a sentença influir na relação jurídica entre ele e o adversário do assistido.
O terceiro diz que o direito discutido é dele ou o terceiro diz que tem a mesma legitimação do outro para discutir aquele direito. Nesses dois casos, interesse forte! Surge aí o que se chama de assistência litisconsorcial. O assistente litisconsorcial aqui será litisconsorte do assistido. Em pé de igualdade. Litisconsorte. Não há diferença entre os dois. 
2.4.1. CLASSIFICAÇÃO DA ASSISTÊNCIA LITISCONSORCIAL
LITISCONSÓRCIO
Facultativo (porque não é obrigatória)
			Ulterior (porque ocorreu depois da propositura da ação)
				Unitário (juiz somente pode proferir uma decisão única para os litisconsortes de um polo da relação jurídica processual)
QUESTÃO PROVA
Concurso para juiz federal: “O assistente pode produzir prova.” E a resposta era falsa. Mas o assistente pode ou não produzir prova? Pode. Acontece que o erro não estava aí. O erro estava no início da frase que dizia assim: “O assistente litisconsorcial sofre os efeitos reflexos da sentença, o assistente litisconsorcial é aquele que tem uma relação reflexa com a causa”. É reflexa? É mediata? É indireta? Não. É direta. Tanto é direta que o litisconsórcio é unitário. Ele sofre as consequências da decisão porque se discute direito dele ou se discute direito para o qual ele era legitimado.
Pergunta: 
Assistente litisconsorcial é parte???
No assistente litisconsorcial nem se discute isso. O litisconsorcial sempre é parte. Ele é litisconsorte unitário. Já o assistente simples é indireto, mediato.
A dica maior
é relacionar assistência litisconsorcial com litisconsórcio facultativo unitário. Essa que é a dica. E olhe, pergunto pra você: a coisa julgada atinge o assistente litisconsorcial? Claro! Ele é litisconsorte! 
Cuidado com a pergunta: “A coisa julgada atinge o assistente?” o litisconsorcial, sim. Dê uma olhada nos arts. 119 e 122.
2.5. MUDANÇAS HAVIDAS COM O NCPC/2015
A) Primeira mudança, muito importante para acabar com as discussões. No CPC/73 a assistência era tratada em cinco artigos, bem como era dividida em simples e litisconsorcial. Só que o CPC/73 não dizia quais os artigos seriam aplicados a cada espécie de assistência. Então era uma confusão. Haviam artigos que eram aplicadas a ambas e outros a apenas uma delas.
O NCPC corrigiu esse problema.
B) Outra mudança, e mais complexa.
Art. 121.  O assistente simples atuará como auxiliar da parte principal, exercerá os mesmos poderes e sujeitar-se-á aos mesmos ônus processuais que o assistido.
Parágrafo único.  Sendo revel ou, de qualquer outro modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu substituto processual.
Três mudanças advindas do art. 121:
a) deixa claro que isso é para a assistência simples;
b) deixa claro que isso é caso de substituição processual e não gestão de negócio como dizia no CPC/73. Isso é caso de legitimidade extraordinária.
c) mudança mais clara: “de qualquer outro modo, omisso” – a ideia é permitir que o assistente simples possa suprir as omissões do assistido. Ex: no caso de apresentação de recurso. O recurso do assistente simples supre a omissão do assistido. Resolve-se um problema antigo, sobre o destino do recurso de assistente simples caso o assistido não tenha recorrido. Agora, pode ser suprida. Não ocorreria a preclusão temporal. O problema é o artigo 122.
O assistente simples não pode impedir que o assistido pratique um desses atos. Esses atos são atos negociais. São manifestações de vontade do assistido, contra as quais o assistente nada pode fazer. A vontade de assistido submete ao assistente.
Um artigo fala que existe a possibilidade de o assistente cumprir os atos em caso de omissão, e outro fala que o assistente fica vinculado a vontade de assistido. Se a omissão é uma omissão não negocial, como ocorre no caso da revelia. Revelia não é manifestação de vontade, é uma omissão não voluntária, pouco importa se ele teve vontade de ser revel. Para o sistema a revelia é ato fato jurídico.
O artigo 122 cuida de negócio praticado. Nesse caso houve a manifestação de vontade, ficando vinculado o assistente.
Se o assistido manifestar a vontade de não recorrer, nisso ocorrerá a vinculação do assistente. Se há negócios praticados pelo assistido, o assistente ficará vinculado. 
Isso compatibiliza o artigo 121 com o artigo 122.
Agora, há omissões negociais?
Se o assistido tiver se omitido porque houve negociação ficará vinculado o assistente. Ex. no direito brasileiro se o réu não alegar convenção de arbitragem, para o NCPC a não alegação é renuncia à arbitragem. Se o réu, assistido, não alega a convenção, o assistente não poderá alegá-la.
 
A regra é que a omissão não seja negocial
C) Última mudança na parte de assistência: tendo em vista que o Código consagra o princípio do auto-regramento da vontade, consagra a cláusula geral de negociação processual. Face essas duas novidades, é possível uma intervenção atípica, de fundo convencional? Uma assistência negociada? Uma assistência sem interesse jurídico? Fora das hipóteses de simples e litisconsorcial? Fredie Didier entende ser possível. Uma intervenção de terceiro com base num negócio. Perceba que não há prejuízo. Não pode haver negócio que impeça a intervenção de terceiro, mas o contrário pode. Intervenção assistencial negociada.
3. DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Intervenção de terceiro que mais sofreu mudanças com o NCPC.
Modalidade de Intervenção de Terceiro relacionada ao direito de regresso. 
Direito de regresso é o direito exercido pelo sucumbente da ação indenizatória contra um terceiro responsável pela existência desta.
 
3.1. CONCEITO
A denunciação da lide é uma das modalidades de intervenção de terceiros que permite ao autor ou ao réu que requeiram que lhes seja prestada, no mesmo processo, tutela jurisdicional relativa a uma outra relação jurídica que eles mantêm com terceiros, consoante o acolhimento ou a rejeição do seu pedido. Trata-se, para usar a nomenclatura comumente empregada, do exercício, pelo autor ou pelo réu, de uma verdadeira “ação de regresso” exercitada em face de terceiro no mesmo processo em que contendem as partes. (Cássio Scapinella Bueno)
3.2. UTILIDADE DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE
	a) notificar a existência de um litígio a terceiro;
	b) propor antecipadamente a ação de regresso contra quem deva reparar os prejuízos do denunciante, na eventualidade de sair vencido na ação originária. 
3.3. Segundo Fredie Didier, a denunciação pode ser classificada como incidente, regressiva, eventual e antecipada
A) Demanda incidente – pela denunciação não se forma novo processo, é, pois, um incidente que acrescenta ao processo novo pedido. Trata-se de ampliação objetiva ulterior do processo, que passa a ter duas demandas: a principal e a incidental.
B) Demanda regressiva – o denunciante vista ao ressarcimento pelo denunciado de eventuais prejuízos que porventura venha a sofrer em razão do processo pendente. 
C) Demanda eventual – a demanda regressiva somente será examinada se o denunciante, afinal, for derrotado na demanda principal.
Exemplo Importante:
A demanda contra B. B denuncia C à lide. B diz: “MM. Juiz, trata C ao processo porque ele terá que me indenizar se eu perder para A.” Então, B denuncia à lide para a hipótese de vir a perder para A. Por isso é que é eventual. Pode ser, inclusive, que B ganhe de A e então a denunciação da lide terá sido inútil, desnecessária. No final, se B ganhar de A, não adiantou nada ter chamado C porque só causou prejuízo a C, mas aí B terá que arcar com esse prejuízo de C.
D) Demanda antecipada – o denunciante se antecipa e, antes de sofrer qualquer prejuízo e para a hipótese de vir a sofrê-lo, propõe demanda em face de terceiro, com o objetivo de imputar-lhe a responsabilidade pelo ressarcimento.
Exemplo: O denunciante diz: “Sr. Juiz, se eu perder a causa, vou sofrer um prejuízo e se isso acontecer, tal pessoa terá que me indenizar porque tal pessoa tem comigo uma relação de garantia, de regresso e tem que reembolsar meus prejuízos.”
3.4. OBSERVAÇÕES IMPORTANTES 
A) a denunciação da lide é uma intervenção de terceiros provocada por autor ou pelo réu. Se for pelo autor, se o autor promover a denunciação da lide, ele já o fará na própria petição inicial. Então, rigorosamente, denunciação da lide feita pelo autor não é uma intervenção de terceiro. E por que não? Por que se o autor faz a denunciação da lide na própria petição inicial, o processo já nasce desde o início com o terceiro. Ele não intervém em um processo que já existe. 
B) A denunciação da lide é uma demanda. É uma ação do denunciante contra o denunciado. Quando se faz a denunciação da lide se está formulando um pedido contra o denunciado. É uma ação com um pedido contra o denunciado, ação essa, pedido esse, que é um pedido de regresso, é uma ação regressiva. O denunciante pede que o juiz condene o terceiro, condene o denunciado a ressarcir os prejuízos que o denunciante sofreu. É uma ação para reembolso dos prejuízos, para recomposição dos prejuízos, é uma ação de regresso contra o terceiro. Traz o terceiro ao processo para que ele indenize o denunciante nos prejuízos.
 
Pergunta:
É possível a condenação direta do denunciado em face do adversário do denunciante? Ou seja, pode o juiz condenar C a indenizar A, diretamente?
Resposta:
Art. 128. Parágrafo único.  Procedente o pedido da ação principal, pode o autor, se for o caso, requerer o cumprimento da sentença também contra o denunciado, nos limites da condenação deste na ação regressiva.
O NCPC consagrou o entendimento
do STJ. A diferença é que o NCPC permite para quaisquer hipóteses de denunciação da lide para cobrar regresso, nos limites do regresso.
3.5. A DENUNCIAÇÃO DA LIDE É OBRIGATÓRIA?
ART. 456 DO CÓDIGO CIVIL - Primeira providência na Câmara foi revogar o artigo 456 do CC.
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta, o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do processo.  (Vide Lei n º 13.105, de 2015)    (Vigência)
Deixa-se claro que a denunciação da lide não é obrigatória. Não se perde o direito de regresso. É uma opção da parte. O direito de regresso poderá ser cobrado autonomamente.
Art. 125, §1º. O direito regressivo será exercido por ação autônoma quando a denunciação da lide for indeferida, deixar de ser promovida ou não for permitida.
3.6. DENUNCIAÇÃO DA LIDE PER SALTUM
É aquela em que o denunciante denuncia não aquele que ele mantém ligação, mas pula o sujeito de que tem ligação, e passa para aquele que está na ponta da relação. 
Exemplo: Se eu comprei uma coisa de João, eu tenho que denunciar a lide João. E João pode denunciar quem o vendeu. Eu pulo João e já vou direito àquele que vendeu a ele. O Código parecia que permitir, apesar de não permitir, mas parecia.
Art. 125.  É admissível a denunciação da lide, promovida por qualquer das partes:
I - ao alienante imediato, no processo relativo à coisa cujo domínio foi transferido ao denunciante, a fim de que possa exercer os direitos que da evicção lhe resultam;
3.7. PROCEDIMENTO
Art. 128.  Feita a denunciação pelo réu:
I - se o denunciado contestar o pedido formulado pelo autor, o processo prosseguirá tendo, na ação principal, em litisconsórcio, denunciante e denunciado;
ESSE LITISCONSÓRCIO É UNITÁRIO.
II - se o denunciado for revel, o denunciante pode deixar de prosseguir com sua defesa, eventualmente oferecida, e abster-se de recorrer, restringindo sua atuação à ação regressiva;
O dispositivo é importante, pois permite que o denunciante, que é litisconsorte do denunciado na ação principal, pratique condutas determinantes (abdicar da defesa já apresentada ou deixar de recorrer), tendo em vista a revelia do denunciado. (Coaduna com a revogação do parágrafo único do artigo 456, do CC)
III - se o denunciado confessar os fatos alegados pelo autor na ação principal, o denunciante poderá prosseguir com sua defesa ou, aderindo a tal reconhecimento, pedir apenas a procedência da ação de regresso.
	A regra é correta, pois a confissão de um litisconsorte (denunciado) não pode prejudicar o outro (art. 391 do CPC).
Art. 129.  Se o denunciante for vencido na ação principal, o juiz passará ao julgamento da denunciação da lide.
Parágrafo único.  Se o denunciante for vencedor, a ação de denunciação não terá o seu pedido examinado, sem prejuízo da condenação do denunciante ao pagamento das verbas de sucumbência em favor do denunciado.
4. CHAMAMENTO AO PROCESSO
4.1. CONCEITO
É espécie de intervenção de terceiros, qualificada como o “incidente pelo qual o devedor demandado chama para integrar o mesmo processo os coobrigados pela dívida, de modo a fazê-los também responsáveis pelo resultado do feito”.
4.2. CARACTERÍSTICAS
Trata-se de intervenção provocada apenas pelo réu.
O chamamento ao processo é uma intervenção facultativa. O réu chama ao processo se quiser. É uma intervenção facultativa e ela pressupõe um vínculo de solidariedade entre o chamante e o chamado. 
	Art. 130.  É admissível o chamamento ao processo, requerido pelo réu:
	I - do afiançado, na ação em que o fiador for réu;
	II - dos demais fiadores, na ação proposta contra um ou alguns deles;
	III - dos demais devedores solidários, quando o credor exigir de um ou de alguns o pagamento da dívida comum.
PERGUNTA:
Se o fiador pode chamar o devedor, pode chamar o co-fiador. Se o devedor é demandado pode chamar o outro devedor. Agora se o devedor é demandado pode chamar o fiador? 
Não pode. Claro que se o fiador for também fiador e devedor, pode porque é devedor chamando devedor não tem problema. Mas se ele for fiador só, o devedor não pode chamá-lo. 
Por que o devedor não pode chamar o fiador? Porque é o devedor que responde. Se o devedor pagar, não vai poder pedir de volta para o fiador. Em todos os outros casos, o fiador chama o devedor porque se o fiador pagar, o devedor vai ter que restituir. Se o fiador pagar, o outro co-fiador vai ter que pagar com ele. Se o devedor paga, o outro devedor solidário vai ter que arcar com ele. Então, se chama sempre alguém que vai ter que arcar com alguma coisa. 
4.3. CITAÇÃO DO CHAMADO
Art. 131.  A citação daqueles que devam figurar em litisconsórcio passivo será requerida pelo réu na contestação e deve ser promovida no prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de ficar sem efeito o chamamento.
Parágrafo único.  Se o chamado residir em outra comarca, seção ou subseção judiciárias, ou em lugar incerto, o prazo será de 2 (dois) meses.
4.4. CHAMAMENTO AO PROCESSO É UMA AÇÃO DE REGRESSO?
Art. 132.  A sentença de procedência valerá como título executivo em favor do réu que satisfizer a dívida, a fim de que possa exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou, de cada um dos codevedores, a sua quota, na proporção que lhes tocar.
Não pensem que sempre quem vai pagar é o chamante para pedir o reembolso ao chamado porque pelo chamamento, ambos são réus. A sentença será contra ambos. Será executada contra ambos e pode ser que nessa execução, um acabe pagando e esse um pode ser chamante ou chamado. Pode ser que na execução haja penhora de bens do chamado, dinheiro do chamado e o chamado termine por pagar a dívida. Nesse caso, ele irá pedir de volta, o reembolso ao chamante. (art. 132, do NCPC)
 
Portanto, segundo Fredie Didier, não é correta a lição de que o chamamento ao processo é uma ação de regresso. O chamante não está regredindo contra o chamado. Ocorrerá a possibilidade de regressão daquele que vier a pagar e esse que vem a pagar não é, necessariamente, o chamante. Então, não é correto dizer que o chamamento é uma ação de regresso, como por exemplo, Nelson Nery.
5. INCIDENTE DE DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
	Art. 133.  O incidente de desconsideração da personalidade jurídica será instaurado a pedido da parte ou do Ministério Público, quando lhe couber intervir no processo.
	§ 1o O pedido de desconsideração da personalidade jurídica observará os pressupostos previstos em lei.
	§ 2o Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica.
5.1. Pressupostos
Requisitos previstos no art. 28 do CDC e no art. 50 do CC:
  Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.
5.2. A Desconsideração da Personalidade Jurídica. Cabimento. Controle judicial.
Pressupostos: abuso de direito caracterizado pelo desvio de finalidade ou confusão patrimonial:
Na desconsideração da personalidade jurídica clássica, expressamente prevista pelos arts. 50 do CC e 28 do CDC, a sociedade empresarial figura como devedora e os sócios, como responsáveis patrimoniais secundários, ou seja, mesmo não sendo devedores, responderão com o seu patrimônio pela satisfação da dívida.
5.3. Desconsideração Inversa
Na hipótese de desconsideração da personalidade jurídica inversa, o sócio figura como devedor e a sociedade empresarial, como responsável patrimonial secundária, quando se constata que o sócio transferiu seu patrimônio pessoal para a sociedade empresarial com o objetivo de frustrar a satisfação do direito de seus credores. O § 2.º do art. 133 do Novo CPC não consagra legislativamente essa espécie atípica de desconsideração, limitando-se a prever que o incidente criado também a ela será aplicado.
5.4. Procedimento
Duas oportunidades para se requerer a desconsideração, além do momento processual:
A) juntamente com a petição inicial;
B) em petição autônoma, como incidente processual, protocolada no curso do processo.
Obs.: Causa de pedir explícita, clara e precisa: comparação com o dever de fundamentação.
Obs.: Desconsideração em execução ou cumprimento de sentença
C) Cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento da sentença e na execução de título executivo extrajudicial.
D) A desconsideração da personalidade jurídica não pode ser determinada de ofício pelo órgão julgador. Depende de pedido expresso.
E) Instaurado o procedimento, o terceiro será citado para manifestar-se e requerer as provas cabíveis, em 15 dias (art. 135, NCPC). Princípio do Contraditório.
F) Aplica-se ao incidente o regime da tutela provisória de urgência. (art. 300 e s. do NCPC)
G) Caso seja acolhido o pedido de desconsideração, a alienação realizada em fraude à execução, feita após a instauração do incidente, será ineficaz em relação ao requerente.
Obs.: Segundo o art. 1.062 do Novo CPC, o incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais. 
JURISPRUDÊNCIA
2 - Processo: Agravo de Instrumento-Cv 
1.0024.12.302575-1/001
0656379-50.2015.8.13.0000 (1)
Relator(a): Des.(a) Eduardo Mariné da CunhaData de Julgamento: 10/12/2015
Data da publicação da súmula: 14/12/2015
Ementa: 
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL - DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADEJURÍDICA - HIPÓTESES DO ART. 50 DO CÓDIGO CIVIL - REDIRECIONAMENTO DA EXECUÇÃO AO SÓCIO-ADMINISTRADOR, QUE DETÉM PODERES DE GESTÃO, E, NÃO, AO SÓCIO-COTISTA MINORITÁRIO. 
- É admissível a desconsideração da personalidade jurídica, atingindo-se os bens dos sócios-administradores, de direito ou de fato, ou até mesmo o de outra empresa criada e/ou administrada fraudulentamente, para frustrar os direitos do credor, diante da presença de provas ou, pelo menos, indícios veementes, da ocorrência das hipóteses legais de abuso da personalização da sociedade empresária, desvio de finalidade, ou confusão patrimonial. 
- A desconsideração da personalidade jurídica da sociedade por ações ou por quotas de responsabilidade limitada só atinge os administradores e sócios-gerentes, que detêm poderes de gestão, e, não, quem seja mero acionista ou sócio não administrador.
TJ-SP - Agravo de Instrumento AI 20451441220138260000 SP 2045144-12.2013.8.26.0000 (TJ-SP)
Data de publicação: 17/12/2013
Ementa: CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. SOCIEDADE LIMITADA. PLEITO DEDESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. NOTÍCIA DE DISSOLUÇÃO IRREGULAR. RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS. AGRAVO PROVIDO. A constatação de que a sociedade executada foi dissolvida irregularmente autoriza o reconhecimento da responsabilidade ilimitada dos seus sócios, a permitir a incidência da penhora sobre seus bens pessoais.
5.4. OBSEVAÇÕES FINAIS
O cerne da instrumentalização processual do instituto é a regulamentação do procedimento
Exercício prévio do contraditório e ampla defesa
Delimitação legal e processual para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica: caráter excepcional e episódico
Obs.: Exceção. Contraditório diferido. Possibilidade.
É preciso registrar que a previsão legal que exige o contraditório tradicional não afasta peremptoriamente o contraditório diferido na desconsideração da personalidade jurídica, apenas tornando-o excepcional. Dessa forma, sendo preenchidos os requisitos típicos da tutela de urgência e do pedido de antecipação dos efeitos da desconsideração da personalidade jurídica, entendo admissível a prolação de decisão antes da intimação dos sócios e da sociedade. Nesse sentido, inclusive, mencionando o poder geral de cautela do juiz, existe decisão do Superior Tribunal de Justiça.
Decidiu o Superior Tribunal de Justiça que “a teoria da desconsideração da personalidade jurídica (disregard doctrine), conquanto encontre amparo no direito positivo brasileiro, deve ser aplicada com cautela, diante da previsão de autonomia e existência de patrimônios distintos entre as pessoas físicas e jurídicas”. O relator, Ministro ALDIR PASSARINHO JÚNIOR, lembrou que a jurisprudência da referida Corte em regra dispensa ação autônoma para se levantar o véu da pessoa jurídica, mas somente em casos de abuso de direito, desvio de finalidade ou confusão patrimonial é que se permite tal providência. Adota-se, assim, ressaltou, “a ‘teoria maior’ acerca da desconsideração da personalidade jurídica, a qual exige a configuração objetiva de tais requisitos para sua configuração”.
6. AMICUS CURIAE
	
	Terceiro que ingressa em juízo, nos casos previstos em lei, sem que tenha pretensão direta, pessoal e imediata no resultado da demanda. Sua participação em geral visa auxiliar o Judiciário na interpretação da norma, sobretudo em processos objetivos (de controle da constitucionalidade). 
	Com a promulgação do novo CPC, admite-se o amicus curiae em qualquer procedimento
(GLOSSÁRIO JURÍDICO, site STF): Amigo da Corte. “Intervenção assistencial em processos de controle de constitucionalidade por parte de entidades que tenham representatividade adequada para se manifestar nos autos sobre questão de direito pertinente à controvérsia constitucional. Não são partes dos processos; atuam apenas como interessados na causa. Plural: Amici curiae (amigos da Corte)”.
6.1. PRESSUPOSTOS
São três condições alternativas para justificar o ingresso de terceiro como amicus curiae no processo: 
1) a relevância da matéria (especificidades do tema objeto da demanda);
2) representatividade adequada (o amicus curiae precisa ter algum vínculo com a questão litigiosa, de modo a que possa contribuir para a sua solução);
3) a repercussão social da controvérsia.
6.2. INTERVENÇÃO PROVOCADA OU ESPONTÂNEA
A) o artigo 31 da Lei 6.385/76 impôs a intervenção da CVM (Comissão de Valores Imobiliários), como amicus curiae, nos processos que discutam matéria objeto de competência desta autarquia.
B) o artigo 118 da Lei 12.529/11 (Lei antitruste) impõe a intimação do CADE (Conselho administrativo de defesa econômica) nos processos em que discutam questões relacionadas ao direito da concorrência.
C) o Novo CPC generalizou a intervenção, passando a ser possível em qualquer processo. A intervenção será autorizada pelo órgão jurisdicional, de ofício ou a requerimento do ente interessado ou das partes.
6.3. INTERESSE INSTITUCIONAL
O “interesse institucional” não pode ser confundido (em verdade, reduzido) ao interesse jurídico que anima as demais intervenções de terceiro no que é expresso o caput do art. 119 ao tratar da assistência. 
O “interesse institucional”, por isso mesmo, deve ser compreendido de forma ampla, a qualificar quem pretende ostentar o status de amicus curiae em perspectiva metaindividual, apta a realizar interesses que não lhe são próprios nem exclusivos como pessoa ou como entidade. São, por definição, interesses que pertencem a grupo (determinado ou indeterminado) de pessoas e que, por isso mesmo, precisam ser considerados no proferimento de específicas decisões; o amicus curiae, é esta a verdade, representa-os em juízo como adequado portador deles que é. Seja porque se trata de decisões que signifiquem tomadas de decisão valorativas, seja porque são decisões que têm aptidão de criar “precedentes”, tendentes a vincular outras tantas decisões a serem proferidas
posteriormente e a partir dela.
	Art. 138. O juiz ou o relator, considerando a relevância da matéria, a especificidade do tema objeto da demanda ou a repercussão social da controvérsia, poderá, por decisão irrecorrível, de ofício ou a requerimento das partes ou de quem pretenda manifestar-se, solicitar ou admitir a participação de pessoa natural ou jurídica, órgão ou entidade especializada, com representatividade adequada, no prazo de 15 (quinze) dias de sua intimação.
	§ 1o A intervenção de que trata o caput não implica alteração de competência nem autoriza a interposição de recursos, ressalvadas a oposição de embargos de declaração e a hipótese do § 3o.
	§ 2o Caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os poderes do amicus curiae.
	§ 3o O amicus curiae pode recorrer da decisão que julgar o incidente de resolução de demandas repetitivas.
Melhor do que traduzir literalmente a expressão é entender que o amicus curiae representa verdadeiro portador de interesses institucionais dispersos na sociedade, a conformar uma releitura do contraditório em questões que ultrapassam interesses meramente particulares (cf. BUENO, Cássio Scarpinella. Amicus curiae no processo civil brasileiro. Um terceiro enigmático. São Paulo: Saraiva, 2008).
     A ideia em si é relativamente simples: se determinada decisão irá atingir toda a coletividade, nada melhor que sejam admitidas em contraditório as pessoas, físicas ou jurídicas, que carreguem adequada representatividade para contribuir e trazer elementos informativos para a prolação de uma melhor decisão. Dessa forma, obter-se-á uma decisão melhor “informada” e consequentemente, que gozará de maior legitimidade democrática.
Mesmo sem previsão legal expressa utilizando a nomenclatura latina, os amici curiae vem sendo admitidos pela jurisprudência brasileira há algum tempo, sobretudo nos específicos processos de controle concentrado de constitucionalidade, nos quais a intervenção se fundamenta basicamente nos artigos 7º, §2º, e 20, §1º, da Lei Federal nº 9.868/99 (ADI e ADC), e no artigo 5º, §2º, da Lei Federal nº 9.882/99 (ADPF).
                     
 E o Supremo Tribunal Federal parece ter compreendido as inúmeras vantagens de se ter esse respaldo democrático em decisões que tratam de assuntos polêmicos. Basta contar, por exemplo, os diversos amici curiae que participaram da decisão na ADPF 132, que reconheceu a união homoafetiva como entidade familiar.
                       
As especificidades aptas a autorizar a presença dos amici curiae no processo são de três ordens, quais sejam: relevância da matéria, especificidade do tema objeto da demanda ou repercussão social da controvérsia. Verifica-se, pois, que se está diante de requisitos bastante subjetivos, que ficarão a cargo do órgão judicial competente.
              
Ainda, o mesmo dispositivo possui três parágrafos, dispondo, em síntese, que esse tipo de intervenção não altera a competência do órgão julgador, nem autoriza a interposição de recurso pelo amicus curiae, ressalvada a oposição de embargos de declaração e de recurso nas decisões que julgarem incidentes de resolução de demandas repetitivas (v. NCPC, arts. 976 e seguintes). Por fim, caberá ao juiz ou ao relator, na decisão que solicitar ou admitir a intervenção, definir os demais poderes do amicus curiae no processo.
SUJEITOS DO PROCESSO
1. CONCEITO
“Sujeitos do processo” é expressão ampla que quer compreender todo aquele que participa do processo. Tanto os sujeitos parciais (as partes e os terceiros intervenientes) como os imparciais (o juiz e os seus auxiliares). Os demais exercentes das funções essenciais à administração da Justiça, advogados privados e públicos, membros do Ministério Público e da Defensoria Pública também são sujeitos do processo nessa perspectiva ampla. (Cássio Scapinella Bueno)
2. JUIZ
É sujeito investido de jurisdição, é quem exerce a atividade jurisdicional.
Sua principal função é DIRIGIR O PROCESSO, em tempo razoável e garantindo a observância da igualdade processual das partes.
Art. 139.  O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela duração razoável do processo;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias;
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais;
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no 8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva.
2.1. REQUISITOS DE ATUAÇÃO DO JUIZ
Jurisdicionalidade: deve estar investido de jurisdição;
Competência: deve atuar dentro de sua faixa de atribuição;
Imparcialidade: é terceiro imparcial, não deve ter qualquer interesse na lide;
 Independência: exerce suas funções sem qualquer subordinação hierárquica;
Processualidade: deve observar a ordem processual instituída por lei. 
2.2. PODERES DO JUIZ
Instrutórios (poderes-meio) ou probatórios – presidir a colheita de provas, determinar as diligências, ouvir testemunhas não apresentadas, etc. 
Disciplinares (poder de polícia) ou administrativo – de ordem processual e administrativa
Decisórios (poderes-fins) – despachos, decisões e sentenças. 
Anômalos – àqueles não jurisdicionais.
2.3. DEVERES DO JUIZ
a)	Celeridade processual (velar pela rápida prestação jurisdicional);
b)	Imparcialidade;
c)	Tratar as partes com urbanidade.
2.4. Garantias ou Prerrogativas Constitucionais (art. 95 da CF)
a)	Vitaliciedade - só perde cargo por sentença judicial;
b)	Inamovibilidade - só se ocorrer motivo de interesse público, reconhecido por 2/3 do tribunal competente;
c)	Irredutibilidade de subsídios - com vistas a preservar a imparcialidade nos processos, dentro e fora dele. 
2.5. REGRA NON LIQUET
Art. 140.  O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Cabe a ele colmatar eventual lacuna e superar eventual obscuridade, encontrando (ou, mais propriamente, criando) a regra jurídica aplicável ao caso concreto, de acordo com as suas peculiaridades fáticas, sem se preocupar, como fazia seu par no CPC de 1973, o art. 126, com qualquer “ordem” pre-estabelecida nos mecanismos aptos a superar a lacuna ou a obscuridade.
2.6. PRINCÍPIO DISPOSITIVO (também conhecido como princípio da adstrição, correlação entre provimento e demanda e congruência): disciplina a máxima “iudex judicare debet secundum allegata et probata a partibus” (o juiz deve julgar de acordo com as alegações e as provas das partes).
Princípio dispositivo refere-se à necessidade do magistrado decidir a lide dentro dos limites objetivados pelas partes, não podendo proferir sentença de forma extra (mais), ultra (diferente) ou infra (menos) petita .
Art. 141.  O juiz decidirá o mérito nos limites propostos
pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
2.7. RESPONSABILIDADE DO JUIZ
Art. 143.  O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Parágrafo único.  As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.
Sua responsabilidade, que é subjetiva, depende da ocorrência das hipóteses dos incisos I e II.
A previsão do art. 143 não afasta – e nem o poderia – as previstas na Lei Orgânica da Magistratura (Lei Complementar n. 35/1979), tampouco a responsabilidade (objetiva) do próprio Estado, tal qual prevista genericamente no § 6o do art. 37 e, mais especificamen- te, no inciso LXXV do art. 5o, ambos da CF.
2.5. IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DO JUIZ
a imparcialidade de determinados sujeitos processuais – exigência derivada do modelo constitucional do direito processual civil – é realizada infraconstitucionalmente pelo que o Capítulo II do Título IV do Livro III do CPC de 2015 chama de “impedimentos e suspeição”. 
São os variados fatos que, ora por razões objetivamente constatáveis (casos de impedimento) ou por questões de ordem subjetiva (casos de suspeição), é defeso (vedado) ao magistrado – e também às demais pessoas enumeradas no art. 148 – exercer suas funções no processo.
2.5.1 PROCEDIMENTO
Recebendo a petição, pode ser que o magistrado reconheça o impedimento ou a suspeição. 
Neste caso, determinará a remessa dos autos ao seu substituto legal (art. 146, § 1º, 1ª parte). 
Se não, determinará a autuação em apartado da petição e apresentará, no prazo de quinze dias, as razões que entender pertinentes, acompanhadas, se for o caso, de documentos e de rol de testemunhas. 
Com a sua resposta, ordenará a remessa do incidente ao tribunal, que tem competência para julgá-lo (art. 146, § 1o, 2a parte).
No Tribunal, o incidente será distribuído, cabendo ao relator declarar se o recebe com ou sem efeito suspensivo, o que merece ser compreendido levando em conta também a suspensão do processo ocasionada com a arguição, nos termos do inciso III do art. 313 (art. 146, § 2º). 
Enquanto o relator não decidir acerca da atribuição, ou não, do efeito suspensivo, eventual tutela de urgência será requerida ao substituto legal do magistrado cuja imparcialidade está em questionamento (art. 146, § 3º), orientação que robustece o entendimento de que o processo está, até então, suspenso por força do precitado inciso III do art. 313.
No julgamento do incidente, o magistrado que a ele resistiu pode ser condenado ao pagamento de custas nos casos de impedimento ou em que for manifesta a suspeição. 
O § 5º do art. 146 reconhece expressamente a legitimidade recursal do magistrado. 
Quando acolhido o incidente, é o substituto legal que passará a conduzir o processo (art. 146, §§ 4º e 5º). 
Cabe também ao Tribunal fixar o momento a partir do qual o magistrado deveria ter parado de atuar (art. 146, § 6º), decretando, em conformidade, a nulidade dos atos praticados sob a égide dos motivos que levaram ao reconhecimento do impedimento ou da suspeição (art. 146, § 7º).
Art. 144.  Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes;
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1o Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz.
§ 2o É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz.
§ 3o O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo.
Art. 145.  Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na causa antes ou depois de iniciado o processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes.
§ 1o Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões.
§ 2o Será ilegítima a alegação de suspeição quando:
I - houver sido provocada por quem a alega;
II - a parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido.

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