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PRAIA DO SUÁ - ENSEADA DO SUÁ - MORRO DO GARRAFA PAISAGEM DESINTEGRADA Enzo Gusmão – Enzo Metzker Giuriatto – Jennyffer Rodrigues AU1M MORRO DO GARRAFA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA SHOPPING VITÓRIA PRAÇA DO PAPA Diante de uma visão homogeneizada, a cidade de Vitória ainda grita seus contrastes culturais, sociais e econômicos, apresentando diversidade e especificidade em seu conjunto, ambos gerados por conflitos da sociedade contemporânea. A arquitetura urbana é consequência da interferência do homem sobre o já existente, tornando-se assim, nossa natureza, composta por peças de encaixe que transmitem emoções únicas a cada ser, diretamente ligada à identidade do habitante. A composição do cenário tem como objeto a Praça do Papa, o Palácio do Café, Pronto Atendimento da Praia do Suá e Morro da Garrafa. Objetos que resitem à essa diferença cultural e, ao mesmo tempo, se tornam marcos desse desequilíbrio. A relação com o entorno não é coesa: o morro aparenta ser um bloco, uma peça de lego perdida numa pscina de bolinhas. Em um contexto hitórico, a comunidade surgiu por meio de uma colônia de pescadores, o que justifica tantas peixarias próximas a sua entrada, famílias seguindo costumes hereditários. O contraditório é perceber que os consumidores não são os moradores da comunidade, e sim pessoas elitizadas do bairro a sua volta. Tomando a Grande Vitória como um todo, o bairro em questão (Praia do Suá/ Enseada do Suá) foi escolhido justamente pela gritante diferença econômica/sociocultural. De um lado da Avenida Nossa Senhora dos Navegantes existem o Shopping Vitória, Assembléia Legislativa, Palácio do Café e Praça do Papa, além de prédios residenciais para classe média da capital do Espírito Santo, do outro, becos que dão acesso ao Morro do Garrafa. O morro em questão é, aparentemente, calmo pra quem reside nele: pessoas sentadas na porta de suas casas nas ruelas, crianças brincado, senhores bebendo. Muros pixados pedindo respeito, tentando amenizar a dor de quem vive deslocado em um bairro considerado nobre. É impossível não notar a sujeira do local e o descaso dos que por ali passam, sem ao menos perceber que existe vida fora de seus SUV’S. Um mundo dentro de outro mundo. Moradores da comunidade usam a Praça do Papa como lazer, o shopping como forma de consumo e o Pronto Atendimento como um apoio à sua saúde. Uma academia comunitária, campo society, quadra, campo de areia, Biblioteca Pública Estadual, pontos do bairro que deveriam garantir a integração, se tornam agentes que implicam ainda mais no contraste. Passando pela praça próxima a uma das entradas do Morro, foi possível observar moradores de rua deitados em bancos, comendo restos embaixo das árvores, próximos a usuários de entorpecentes. Sujeitos caracterizando negativamente a paisagem, a qual não existe diálogo algum, apenas gritos de desespero percebidos pelo odor do local. Como uma comunidade tão próxima a prédios do governo do estado vive tão isolada da realidade? Tão subjulgada e perdida? Será que há alguma malha que esconde os puxadinhos deteriorados no morro dos olhos de quem ali passa, ou essa malha está presente nos olhos do observador, dando jus ao ditado ‘tampando o sol com a peneira’? Esse questionamento foi o motivador da captura do cenário em questão. A cultura e a união presentes no Morro do Garrafa é cativante ao seu modo. Pessoas simpáticas e acolhedoras que permitem estranhos (pra eles, ‘playboys’) fotografarem e gravarem parte de suas vidas sem saberem qual fim terá esses arquivos. Foi um sentimento de invasão e apropriação andar pelas ruelas do Garrafa, mas todo morador da Grande Vitória deveria sentir e enxergar (sim, digo sentir, pois ver ainda é superficial) o que é caminhar por uma avenida tão movimentada, passando por pontos turísticos, prédios de classe alta e ícones do comércio e consumismo local e, logo após atravessar uma rua, subir escadas com menos de 80 centímetros de largura para chegar em um morro com aparência de caos ao primeiro olhar. O sujeito define a cultura, a cultura é imposta ao sujeito. A figura não se torna fundo por não ter coesão com seu entorno. O pouco diálogo que há se dá por moradores que tentam conectar o externo ao interno ao saírem em busca de um momentos de integração e lazer. Expressões que caracterizam simbolicamente a comunidade: pinturas coloridas, peixes, pixações. Uma paisagem desintegrada que, ao mesmo tempo gera curiosidade e revolta. PAISAGEM DESINTEGRADA – METODOLOGIA E JUSTIFICATIVA Vista Palácio do Café Av. N. Sra. Dos Navegantes Vista Praça do Papa Av. N. Sra. Dos Navegantes 01 02 03 04 01 – Av. João Batista Parra 02 – Rua Almirante Barroso 03 – Rua Almirante Barroso – entrada via Rua Almirante Tamandaré 04 - Rua Almirante Barroso – entrada via Av. João Batista Parra
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