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1 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 3 1 – A CIÊNCIA CONTÁBIL E A CONTABILIDADE DE CUSTOS 4 1.1 - O Sistema Contábil e seus Subsistemas 4 1.2 - A Contabilidade Geral e a Contabilidade de Custos 4 2 - GESTÃO DE CUSTOS 4 2.1 - História da Contabilidade de Custos 4 2.2 - Contabilidade de Custos e suas Funções 5 2.3 - Terminologia Contábil Básica 6 2.4 - Diferença Contábil entre Custos e Despesas 7 2.5 – Custos, Despesas, Preços e Lucros 7 3 - MATERIAL DIRETO 13 3.1 - Critérios para a Avaliação de Estoques 13 4 - MÃO-DE-OBRA DIRETA 14 4.1 - O Que Integra o Custo da Mão-de-Obra Direta 14 5 – DEPARTAMENTALIZAÇÃO 15 5.1 - Centro de Custos 15 5.2 - Critérios de Rateio 16 6 – SISTEMAS DE CUSTEIO TRADICIONAIS 17 6.1 - Custeio por Absorção 17 6.2 - Custeio Direto ou Variável 18 7 – SISTEMA DE CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADE (ABC) 19 7.1 - Identificação Definição e Classificação de Atividades 20 7.2 - Atribuindo os Custos às Atividades 23 7.3 - Atribuindo Custos das Atividades Secundárias para Atividades Primárias 25 7.4 - Objetos de Custo e Listas de Atividades 26 7.5 - Taxas de Atividades e Custeio do Produto 26 7.6 - Materiais como um Objeto de Custo Intermediário 27 8 – CUSTEIO PRO PROCESSO 29 9 – FASES DO CUSTEIO POR UNIDADE DE ESFORÇO DE PRODUÇÃO 30 9.1 – Fases do Custeio por Unidade de Esforço de produção 30 10 - CUSTOS PARA DECISÃO 33 8.1 - Custos (e Despesas) Fixos 33 8.2 - Custos (e Despesas) Variaveis 34 8.3 - Ponto de Equilíbrio 34 11 - CUSTOS E ESTRATÉGIA 36 11.1 – Conceitos e Definições em Estratégia 36 11.2 - Curva de Aprendizagem 37 11.3 - Ciclo de Vida do Produto 38 11.4 - Definição e Utilização dos Direcionadores de Custos 39 12 – CUSTOS DA QUALIDADE 40 2 12.1 - Normatização do Custo da Qualidade 41 12.2 – Classificação dos Custos da Qualidade 42 12.3 - Relação entre os Custos de Prevenção, Avaliação e Falhas 43 12.4. Sistema de custo da qualidade 44 13 – BIBLIOGRAFIA 46 3 INTRODUÇÃO O atual ambiente de negócios é caracterizado por mercados abertos em que a competição se torna cada vez mais acirrada, forçando as empresas a estarem em constante modernização promovendo mudanças rápidas e eficazes de seus processos de produção e serviços, adotando novas técnicas em busca da melhoria da qualidade para sobreviverem. A implantação de sistemas de gestão da qualidade torna-se prática estratégica cada vez mais comum, para que este processo de melhoria contínua seja bem conduzida e traga resultados cada vez mais rápidos e positivos. Diante desta realidade competitiva que as empresas enfrentam, seja ela pertencente a qualquer nicho de mercado, qualquer esforço em busca das melhores práticas existentes irá requerer um alto grau de conhecimento e dedicação das pessoas envolvidas. Esse saber é o que diferencia grande parte das empresas. Empregar técnicas sem primeiro conhecer o que elas podem lhe oferecer é um tanto quanto confuso e perigoso. Diante do exposto não se pode desconsiderar a mensuração dos custos como ponto fundamental da estratégia competitiva da empresa que pretende se diferenciar frente a seus concorrentes. Saber quantificar avaliar e mensurar os custos dos procedimentos mais próximos da realidade trará à empresa uma grande capacidade de tomada de decisão, aliada a um aumento da flexibilidade empresarial frente às mudanças que podem vir a ocorrer no mercado. Se por um lado, as empresas necessitam de cortes ou racionalização de custos para oferecer preços mais acessíveis do que a concorrência, sem deixar de lado a qualidade dos serviços ou produtos; por outro, a Contabilidade de Custos pode prestar grande auxílio a estas organizações, pois fornece, segundo Hansen (2001) e diversos outros autores, as seguintes análises: a) do comportamento dos custos e despesas; b) do desperdício e tempo improdutivo, em paralisação de atividades, em reprocessamento de produtos, em funcionamento e preparação de máquinas; c) das variações entre custos previstos e reais; d) da evolução das vendas, custos e lucro; e) da conveniência de realizar na própria empresa certas atividades, ou preferir que terceiros a realizem; f) do capital investido em linhas de produtos e dos inventários. A contabilidade de custos visa apresentar à empresa um diagnóstico apurado de sua situação atual em termos de custos de produção de produtos, informações que serão pertinentes à tomada de decisões e primordiais para a definição de um posicionamento estratégico junto aos seus concorrentes. Ao analista de projeto cabe mensurar os custos antes da decisão de se implantar ou não o projeto, para tanto, um conhecimento profundo da atividade produtiva e dos gastos que serão gerados ou modificados quando da implantação do projeto são fundamentais para se decidir por uma estrutura que melhor viabilize sua implantação. 4 1 – A CIÊNCIA CONTÁBIL E A CONTABILIDADE DE CUSTOS 1.1 - O Sistema Contábil e seus Subsistemas A Contabilidade é uma ciência social que estuda a riqueza patrimonial individualizada, sob os aspectos quantitativos e qualitativos, tendo entre seus objetivos a geração de informações e a explicação dos fenômenos patrimoniais, possibilitando o controle, o planejamento e a tomada de decisão, no enfoque passado/presente/futuro. Tudo isso, servindo aos mais diversos usuários, para que eles possam por meio de seus atos, buscarem a prosperidade da entidade e da sociedade. A Contabilidade, assim como as outras ciências, pode ser estudada sob enfoques particulares, aqui denominados de especializações. Conceitualmente, poder-se-ia entender o especialista como uma pessoa que sabe quase tudo sobre quase nada, se orgulha pela sua unilateralidade de visão e que perdeu, muitas vezes, o poder da inteireza. Entretanto, o sentido que se quer denotar é justamente o inverso. Para facilitar o estudo contábil, ramifica-se este conjunto em partes menores, a fim de compreender melhor sua organização, mas sem jamais esquecer a visão global. Cumpre, transcender o enfoque da especialização, pensando holísticamente e agindo localmente. O importante disto é lembrar: A ciência contábil é unica, porém dividida em diversas especialidades (partes). Assim, não podemos esquecer que quando falamos de Contabilidade de Custos, estamos nos referindo a uma parte da Contabilidade, sem impossível dissociá-las. 1.2 - A Contabilidade Geral e a Contabilidade de Custos Uma das principais missões da CONTABILIDADE é proporcionar informações adequadas e sistemáticas dos fenômenos patrimoniais (fatos contábeis) ocorridos nas células sociais, conhecidas como empresas ou entidades. Entre as muitas especializações da contabilidade é possível classificá-la em: Contabilidade financeira: condicionada às imposições legais e requisitos fiscais; Contabilidade gerencial: voltada à administração de empresas, não se Condiciona às imposições legais, tem o objetivo de gerar informações úteis para a tomada de decisões; Contabilidade de custos: voltada à análise dos gastos realizados pela entidade no decorrer de suas operações. A contabilidade financeira preocupa-se com as leis e normas e é obrigatória para as entidades legalmente estabelecidas. Seu objetivo maior está associado ao passado, e seus atos e práticas são estabelecidos por meio de regras normativas que, muitas vezes, comprometem a tomada de decisões. Algumas dessas "regras" recebem a denominação de princípios fundamentais da contabilidade. Entre os princípios fundamentais da contabilidade aplicados em custos,podem ser mencionados: Princípio da competência (da realização): a receita é reconhecida apenas quando realizada -momento em que há a troca de mercadorias, bens ou serviços, por elementos do ativo. Logo, o lucro ou prejuízo somente se realiza no ato da venda; De acordo com a resolução 750/93 do CFC, o princípio da competência refere-se às receitas e 5 despesas, conforme apresenta a redação original em seu artigo nono. Art. 9º - As receitas e despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrer, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento. § 1º. O Princípio da Competência determina quando as alterações no ativo ou no passivo resultam em aumento ou diminuição no Patrimônio Líquido (fato contábil modificativo), estabelecendo diretrizes para a classificação das mutações patrimoniais, resultantes da observação do Princípio da Oportunidade; § 2º. O reconhecimento simultâneo das receitas e despesas, quando correlatas, é conseqüência natural do respeito ao período em que ocorrer sua geração. Pelo Princípio da Competência, fica definido o momento do reconhecimento da receita e da despesa. A regra é teoricamente simples: após o reconhecimento da receita, deduz-se dela todos os valores representativos dos esforços para sua execução (despesas). Como esses esforços podem ser subdivididos em dois grupos, também existem praticamente dois grandes grupos de despesas: a) Despesas especificadamente incorridas para consecução daquelas receitas que estão sendo reconhecidas, e, b) Despesas incorridas para a obtenção de receitas genéricas, e não necessariamente daquelas que agora estão sendo contabilizadas. Um exemplo das despesas do primeiro grupo é a própria despesa relativa a quanto foi o custo da produção do bem ora vendido, ou então a despesa de comissão relativa à sua venda, etc. E como exemplo das do segundo grupo tem-se as despesas de administração, de propaganda, etc. que representam gastos com finalidade de obtenção de receitas, mas não só ou especificadamente das apropriadas ao período. São estas despesas relativas muito mais a gastos para a manutenção da capacidade de obtenção de receitas do que para a venda deste ou daquele produto. Ou então se refere às promoções de vendas de determinados itens que, despendidos num determinado período, podem trazer efeitos benéficos para vários outros, porém tem essa distribuição por diversos exercícios realizada de forma relativamente arbitrária. Princípio da uniformidade (consistência): o processo para registro contábil não deve ser mudado com freqüência, para que os resultados contábeis não fiquem prejudicados. Caso exista a necessidade de mudança dos critérios, deve ser feita a divulgação de seus efeitos nas demonstrações contábeis; “Ato ou efeito de manter, coerentemente, os princípios e preceitos técnicos adotados contabilmente, de modo que possibilite comparações” (Sá, p. 84 – Dicionário). Quando existem diversas alternativas para o registro contábil de um mesmo evento, todas válidas dentro dos princípios, deve a empresa adotar a mais consistente. Isso significa que, a alternativa adotada deve ser utilizada sempre, não podendo a entidade mudar o critério em cada exercício. Quando houver interesse ou necessidade dessa mudança de procedimento, deve a entidade reportar o fato e o valor da diferença no lucro com relação ao que seria obtido se não houvesse a quebra da consistência. Isto em notas explicativas. Assim, para a apropriação de inúmeros custos de industrialização há a necessidade de adoção de critérios escolhidos entre várias alternativas diferentes. Por exemplo, a empresa pode distribuir os custos de manutenção em função de horas-máquinas, valor do equipamento, média passada, etc. Todos são métodos aceitos, mas não podem ser utilizados indiscriminadamente em cada período. Após a adoção de um deles, deve haver consistência no seu uso, já que a mudança pode provocar alterações nos valores dos estoques e, consequentemente, nos resultados. 6 Esse é um dos aspectos que a auditoria independente mais procura verificar, já que tem interferência direta e as vezes relevante nas peças de sua maior preocupação; balanço e demonstração do resultado. Uma vez escolhido um processo para registros contábeis, não deve ser mudado com freqüência, para que os resultados contábeis não fiquem prejudicados. Porém se houver necessidade de mudança de critério, deve ser feita a divulgação do seu efeito das demonstrações contábeis. Princípio da prudência (conservadorismo): entre duas alternativas para o registro de um ativo, deve-se escolher entre o custo e o valor de mercado, dos dois, o menor. O mesmo raciocínio deve nortear o contador no registro dos gastos que provocam dúvida de classificação entre custo de produção ou despesa do período, devendo prevalecer a escolha que representa redução imediata do resultado, portanto, despesa do período. Note que o uso do princípio da prudência não deve ser indiscriminado e sim obedecer ao bom senso, já que pode ocasionar a perda do controle dos impactos no resultado do exercício. “Art. 10º. O Princípio da Prudência determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os Passivos, sempre que se apresentarem alternativas igualmente válidas para as quantificações patrimoniais que alterem o Patrimônio Líquido”. Este princípio é importante na Contabilidade de Custos, pois estabelece que em caso de dúvida deve-se observar a alternativa que resultar no menor patrimônio líquido, influenciando diretamente nos processos de cálculo de custos. Se, por um lado, os princípios facilitam e padronizam a prática contábil, Por outro, dificultam a gestão com base nos números extraídos da contabilidade. As atividades relacionadas ao processo de gestão empresarial dizem respeito à tomada de decisões com impactos futuros, enquanto a contabilidade financeira preocupa-se com o registro relativo ao patrimônio do que já passou. Assim, em muitas situações, torna-se necessário adaptar as informações da contabilidade financeira para possibilitar um processo mais coerente de tomada de decisões - originando a contabilidade gerencial. Este livro preocupa-se com a gestão de custos e o processo de formação de preços, sob uma óptica relacionada aos processos de tomada decisão. Dessa forma, são explorados os dois aspectos das duas contabilidades: a questão do registro e os mecanismos principais da contabilidade financeira e a óptica da tomada de decisões da contabilidade gerencial. A contabilidade gerencial pode ser caracterizada como um enfoque especial conferido a várias técnicas e procedimentos contábeis empregados na contabilidade financeira e de custos, com objetivos diferentes, maior detalhamento, ou com forma de apresentação e classificação diferenciada a fim de auxiliar os gestores da entidade em seu processo decisório. Genericamente, enquanto a contabilidade financeira preocupa-se com os registros do patrimônio, segundo as normas, convenções e princípios contábeis, a contabilidade gerencial preocupa-se com o processo decisorial e de tomada de decisões. A contabilidade geral engloba todos os fatos ocorridos na entidade e prepara informações tanto para o âmbito interno (administradores, diretores, gerentes etc.) quanto externo à entidade (acionistas, governos, fornecedores etc.). Preocupa-se com o acompanhamento de todas as transações de captação de recursos financeiros e sua materialização em fatores produtivos de uma parte e, por outra parte, das transações envolvendo a comercialização dos produtos e serviços e a posterior cobrança dos mesmos. Trata ainda do cálculo do resultado, entendido este no sentido de excedente havido após a remuneração a tipo de fornecedores, sejam de trabalho ou de capital, bem como, da elaboração de demonstrações contábeis. Deve seguir os Princípios Fundamentais de Contabilidade,e também atender as exigências fiscais e societárias. Neste aspecto, cita-se a legislação do imposto de renda das pessoas jurídicas (decreto- lei nº 1.598/77), a qual obriga a empresa a manter um sistema de custos integrado e coordenado com o restante da escrituração. Se isto não ocorrer, o fisco poderá arbitrar o valor dos estoques para 7 efeito do cálculo do imposto de renda e da contribuição social, desconsiderando a escrituração contábil. Porém, nem todos os métodos de custos são aceitos pela legislação brasileira. Ela requer a utilização do chamado custeio por absorção (será estudado oportunamente), o qual atende aos Princípios Fundamentais da Contabilidade. Assim, para atender à legislação comercial, a empresa deve adotar tal sistema ou, se adotar algum outro, deverá, por ocasião do encerramento do exercício, fazer os ajustes necessários de seus estoques e do custo dos produtos de acordo com os procedimentos do custeio por absorção. 2 - GESTÃO DE CUSTOS Centra sua atenção no estudo da composição e no cálculo dos custos, também observa o resultado dos centros ou dos agentes do processo produtivos. A contabilidade de custos tem como característica ser de caráter interno. 2.1 - História da Contabilidade de Custos A Contabilidade de Custos nasceu da Contabilidade financeira, quando da necessidade de avaliar estoques na indústria, mais especificamente com o início da Revolução industrial. Anteriormente a esse período, os produtos eram fabricados por artesãos que, via de regra, não constituíam pessoas jurídicas e pouco se preocupava com o cálculo de custos. A contabilidade nessa época tinha sua aplicação maior no segmento comercial, sendo utilizada para apuração do resultado do exercício. Porém, com o incremento da indústria surge a necessidade de cálculo de custos para formação de estoques. Os comerciantes para apurar o resultado do exercício somavam as receitas e subtraíam delas o custo da mercadoria vendida, gerando o lucro bruto. Do lucro bruto eram deduzidas as demais despesas e, assim, encontravam o lucro ou prejuízo do período (esse sistema de apuração ainda hoje é utilizado pela contabilidade). Exemplo: Receitas (-) custo dos (serviços prestados, produtos vendidos, mercadorias vendidas) (=) lucro bruto (-) despesas administrativas (-) despesas comerciais (-) despesas financeiras (=) lucro/prejuízo Na atividade comercial o custo da mercadoria vendida era fácil de ser identificado, uma vez que sua composição resulta do valor pago pela mercadoria, mais tributos não compensáveis, mais fretes pagos e seguros. No caso de haver variação de estoques, aplica-se a fórmula envolvendo, estoque inicial, compras e estoque final para se encontrar o CMV. CMV = Ei + Comp – Ef No segmento industrial, a mesma sistemática de cálculo de custo dos produtos não poderia ser utilizada, uma vez que o fabricante compra materiais e os transforma, paga mão-de-obra para elaborá-los e ainda consome uma infinidade de outros custos (energia, água etc.), para enfim gerar o bem para venda. A partir da revolução industrial a contabilidade de custo evoluiu bastante, passando a gerar informações, não só para controle, mas também para o planejamento e tomada de decisão. A contabilidade de custos aparece pela primeira vez como técnica independente e sistemática, nos 8 Estados Unidos, envolvendo a produção industrial, sobretudo estudando os problemas de mão-de- obra e repercussões no custo industrial. Mais tarde, passou a preocupar-se, de modo menos empírico com os custos de material consumido (direto) nas operações, buscando a visão global do processo produtivo, instante em que são discutidos os maiores entraves da Contabilidade de Custos, os chamados Custos Indiretos de Fabricação (CIF). Também denominados de despesas indiretas de fabricação, para outras despesas gerais, custos indiretos e ou ainda de overhead. Com o significativo aumento da competitividade que vem ocorrendo na maioria dos mercados, sejam industriais, comerciais ou de serviços, os custos tornam-se altamente relevantes quando da tomada de decisões de uma empresa. Isto ocorre devido à alta competição existente, as empresas que já não podem mais definir seu preços de acordo com os custos incorridos, e sim, também, com base nos preços praticados no mercado. Assim, a Contabilidade mais moderna vem criando sistemas de informações que permitam melhor gerenciamento de custos com base nesse enfoque. Como exemplo cita-se metodologias tais como a Activity Based Costing(Custeio ABC), que tem sua aplicabilidade difundida e bem aceita nos sistemas de serviços. 2.2 - Contabilidade de Custos e suas Funções A contabilidade de Custos pode ser definida como o processo ordenado de usar os princípios da contabilidade geral para registrar os custos de operação de negócio. Dessa forma, com informações coletadas das operações e das vendas, a administração pode empregar os dados contábeis e financeiros para estabelecer os custos de produção e distribuição, unitários ou totais, para um ou para todos os produtos fabricados ou serviços prestados, além dos custos das outras diversas funções do negócio, objetivando alcançar uma operação racional, eficiente e lucrativa. O nascimento da contabilidade de custos decorreu da necessidade de maiores e mais precisas informações, que permitissem uma tomada de decisão correta. As funções básicas da contabilidade de custos devem buscar atender a três razões primárias: a) determinação do lucro: empregando dados originários dos registros convencionais contábeis, ou processando-os de maneira diferente, tornando-os mais úteis à administração; b) controle das operações: e demais recursos produtivos, como os estoques, com a manutenção de padrões e orçamentos, comparações entre previsto e realizado; c) tomada de decisões: o que envolve produção (o que, quanto, como e quando fabricar), formações de preços, escolha entre fabricação própria ou terceirizada. 2.3 - Terminologia Contábil Básica Para estudarmos a Contabilidade de Custo é importante a familiarização com os termos usuais utilizados no levantamentos dos custos industriais. Na seqüência serão apresentados alguns conceitos entendidos como fundamentais. GASTO OU DISPÊNDIO - consiste no sacrifício financeiro que a entidade arca para a obtenção de um produto ou serviço qualquer. Segundo a contabilidade, serão em última instância classificados como custos ou despesas, a depender de sua importância na elaboração do produto ou serviço. Alguns gastos podem ser temporariamente classificados como investimentos e, à medida que forem consumidos, receberão a classificação de custos ou despesas; Só existe o gasto no ato da passagem para a propriedade da empresa do bem ou serviço. Ele efetiva-se no momento em que existe o reconhecimento contábil da dívida assumida ou da redução do ativo dado em pagamento (redução do saldo do caixa, do banco etc.). CUSTOS - Representam os gastos relativos a bens ou serviços utilizados na produção de 9 outros bens ou serviços. Portanto, estão associados aos produtos ou serviços produzidos pela entidade. Como exemplos de custos podem ser citados os gastos com matérias-primas, embalagens, mão-de-obra fabril, aluguéis e seguros de instalações fabris etc. Exemplo: A energia elétrica utilizada na fabricação de um bem qualquer é gasto (na hora de seu consumo) que passa imediatamente para custo, sem transitar pela fase de investimento; DESPESA - Correspondem ao bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. Não estão associadas à produção de um produto ou serviço. Como exemplos de despesas podem ser citados gastos com salários de vendedores, gastos com funcionários. A comissão do vendedor, por exemplo, é um gastoque se torna imediatamente uma despesa. A máquina de escrever da secretária do diretor financeiro, que fora transformada em investimento, tem uma parcela reconhecida como despesa (depreciação), sem transitar pelo custo. INVESTIMENTO - Representam gastos ativados em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a futuros períodos. Ficam temporariamente "congelados" no ativo da entidade e, posteriormente e de forma gradual, são "descongelados" e incorporados aos custos e despesas; DESEMBOLSO - Consiste no pagamento do bem ou serviço, independentemente de quando o produto ou serviço foi ou será consumido. É importante ressaltar que a contabilidade registra os fatos de acordo com o princípio da competência. Por competência entende-se que o registro de receitas e despesas deve ser feito de acordo com a real ocorrência, independentemente de sua realização ou quitação. PERDA - É importante diferenciar perdas normais e anormais. Todo processo produtivo pode gerar restos decorrentes da atividade desenvolvida (previsionais), estes são considerados normais à atividade, portanto devem englobar o custo do produto fabricado. Já as perdas anormais como provenientes de erros de produção, incêndios, obsolescência, erros humanos etc., são consideradas perdas do período, sendo contabilizadas como tal, incidindo diretamente no resultado do exercício, não sendo ativadas (não compõem os custos dos produtos, simplesmente reduzem o resultado do período). RECEITA – É entrada de elementos para o ativo sob forma de dinheiro ou de direitos a receber, correspondente normalmente à venda de bens ou serviços. A receita, pelo Princípio da Competência, é considerada realizada no momento em que há a venda de bens e direitos da entidade, com a transferência da sua propriedade para terceiros, efetuando estes o pagamento em dinheiro ou assumindo compromisso firme de fazê-lo no prazo certo. GANHO - É resultado líquido favorável resultante de transações ou eventos não relacionados às operações normais da entidade. LUCRO/PREJUÍZO - Diferença positiva e/ou negativa entre receita e despesa/custo, ganhos e perdas. SISTEMA DE CUSTEIO - É o método utilizado para apropriação dos custos, diretos e indiretos, aos produtos. CUSTEAR - Significa coletar, acumular, organizar, analisar, interpretar e informar custos e dados de custos, com o objetivo de auxiliar a gerência da empresa. 2.4 - Diferença Contábil entre Custos e Despesas A diferenciação entre custos e despesas é importante para a contabilidade financeira, pois, os custos são incorporados aos produtos (estoques), ao passo que as despesas são levadas diretamente ao resultado do exercício. 10 Custos podem ser diferenciados conforme a figura 1. Gastos incorridos para a elaboração do produto são contabilmente classificados como custos. Gastos incorridos para disponibilização do produto devem ser classificados como despesa. Figura 1 – Diferenciação entre custo e despesa Fonte – Bruni (2004) 2.5 – Custos, Despesas, Preços e Lucros Genericamente, a influência dos custos nos resultados de uma empresa pode ser vista na figura 2 abaixo. Custos, classificados como diretos ou indiretos a depender de sua relação com a unidade de produto ou serviço elaborado, são incorporados aos estoques até o momento da venda, quando passam a ser representados na Demonstração de Resultados do Exercício com a denominação de custo dos Produtos Vendidos (CPV geralmente em operações fabris ou industriais), Custo das Mercadorias Vendidas (CMV, geralmente em operações mercantis), ou Custo dos Serviços Prestados ou Vendidos (CSP ou CSV, em operações de serviços). Já as despesas são confrontadas, segundo a contabilidade, diretamente com o resultado do período. Não devem ser ativadas nos estoques gerencialmente, porém, podem ser atribuídas aos produtos como forma de analisar o gasto e a lucratividade individual de um portfólio de produtos ou serviços. a) Valores irrelevantes devem ser considerados como despesas (princípios do conservadorismo e materialidade); b) Valores relevantes que tem sua maior parte considerada como despesa, com a característica de se repetirem a cada período, devem ser considerados na sua íntegra (princípio do conservadorismo); c) Valores com rateio extremamente arbitrário também devem ser considerados como despesa do período; d) Gastos com pesquisa e desenvolvimento de novos produtos podem ter dois tratamentos: como despesas do período em que incorrem, ou como investimento para amortização na forma de custo dos produtos a serem elaborados futuramente. Custos Despesas Produtos ou Serviços Elaborados Consumo associado à elaboração do produto ou serviço Consumo associado ao período Investimentos Gastos Balanço Patrimonial Demonstrativo de Resultado do Exercício Custos Despesas Produtos ou Serviços Elaborados Consumo associado à elaboração do produto ou serviço Consumo associado ao período Investimentos Gastos Balanço Patrimonial Demonstrativo de Resultado do Exercício 11 Figura 2 – Efeitos de Custos e Despesas no Resultado Fonte – Bruni (2004) 2.6 - Classificações de Custos A depender do interesse e da metodologia empregada, diferentes são as classificações empregadas na contabilidade de custos. Os sistemas, formas e metodologias aplicados no controle e gestão de custos podem ser classificados em função da forma de associação dos custos aos produtos elaborados (unidade do produto), de acordo com a variação dos custos em relação ao volume de produtos fabricados (comportamento em relação ao volume), em relação aos controles exercidos sobre os custos (controlabilidade), em relação a alguma situação específica (decisões especiais) e em função da análise do comportamento passado (base monetária). Em relação à forma de associação dos custos com os produtos fabricados, os primeiros podem ser classificados de diferentes formas quanto à aplicabilidade segundo as classificações apresentadas. 2.6.1 - Classificação quanto à facilidade de alocação Diretos ou primários: São os custos de fácil alocação aos produtos, são aqueles diretamente incluídos no cálculo dos produtos. Consistem nos materiais diretos usados na fabricação do produto e mão-de-obra direta. Apresentam a propriedade de serem perfeitamente mensuráveis de maneira objetiva. Exemplos: Luvas no procedimento cirúrgico, salários dos operários etc. É aquele que pode ser identificado e diretamente apropriado a cada tipo de bem ou órgão ou objeto a ser custeado, no momento de sua ocorrência, isto é, está ligado diretamente a cada tipo de bem ou função de custo. É aquele que pode ser atribuído (ou identificado) direto a um produto, linha de produto, centro de custo ou departamento. Não necessita de rateios para ser atribuído ao objeto custeado. Indiretos: São os custos de difícil alocação aos produtos/serviços e necessitam de aproximações, isto é, algum critério de rateio, para serem atribuídos aos produtos. Exemplos: seguros e aluguéis de equipamentos, supervisão de setores. Os custos indiretos, se analisados individualmente, revelam a dificuldade de identificação direta com o produto, em termos de mensuração efetiva. Entre esses, podem ser citados: depreciação, seguros, Custos Diretos Indiretos Estoques Materiais Diretos Produtos em Elaboração Produtos Acabados Balanço Patrimonial (+) Receitas (=) Resultado (-) Despesas (-) Custos do DRE CMV CPV CSP Demonstrativo de Resultado do Exercício Custos Diretos Indiretos Estoques Materiais Diretos Produtos em ElaboraçãoProdutos Acabados Balanço Patrimonial (+) Receitas (=) Resultado (-) Despesas (-) Custos do DRE CMV CPV CSP Demonstrativo de Resultado do Exercício 12 impostos e taxas fixas, aluguel de prédio, juros e despesas de financiamento, combustíveis e lubrificantes, materiais de manutenção, etc. Observa-se que os custos diretos são atribuídos diretamente aos produtos, e os custos indiretos devem antes ser alocados setorialmente, para, só então, posteriormente, serem transferidos aos produtos. Tal processo de transferência sucessiva dos custos indiretamente, primeiro sobre os setores da empresa e, após, sobre os produtos, denomina-se de RATEIO de custos indiretos. Apropriam-se os custos indiretos a uma fase operacional, e os custos totais desta última são distribuídos sobre a produção. O termo FASE OPERACIONAL tem aqui um sentido bastante amplo, podendo incluir o funcionamento de uma única máquina até o de um setor inteiro da empresa. De transformação: igualmente denominados custos de conversão ou custos de agregação. Consistem no esforço agregado pela empresa na obtenção do produto. Exemplos: mão-de- obra direta e custos indiretos de fabricação. 2.6.2 - Classificação quanto ao volume de produção Fixos: são custos que, em determinado período de tempo e em certa capacidade instalada, não variam, qualquer que seja o volume de atividade da empresa. Existem mesmo que não haja produção. Podem ser agrupados em: custo fixo de capacidade - custo relativo às instalações da empresa, refletindo a capacidade instalada da empresa, como depreciação, amortização etc.; custo fixo operacional - relativo à operação das instalações da empresa, como seguro, imposto predial etc. Exemplos clássicos de custos fixos podem ser apresentados por meio dos gastos com aluguéis e depreciação - independentemente dos volumes produzidos, os valores registrados com ambos os gastos serão os mesmos. Figura 3 – Comportamento dos custos fixos Variáveis: seu valor total altera-se diretamente em função das atividades da empresa. Quanto maior a produção, maiores serão os custos variáveis. Exemplos óbvios de custos variáveis podem ser expressos por meio dos gastos com matérias-primas e embalagens. Quanto maior a produção, maior o consumo de ambos. Assim como os custos fixos, os custos variáveis possuem uma interessante característica: são genericamente tratados como fixos em sua forma unitária; Figura 4 – Comportamento dos custos fixos Valor $ Custos Fixos Valor $ Custos Quantidade Produzida Custos Variáveis Valor $ Valor $ Quantidade Produzida 13 semifixos: correspondem a custos que são fixos em determinado patamar, passando a ser variáveis quando esse patamar for excedido. O gráfico seguinte ilustra um custo fixo, representado pela conta mensal do abastecimento de água. Quando o consumo é inferior a um patamar definido pela empresa fornecedora do serviço, a conta é faturada de acordo com o patamar. Quando o consumo excede o valor do patamar, o valor cobrado torna-se variável de acordo com o consumo; Figura 5 – Comportamento dos custos Semifixos semivariáveis: correspondem a custos variáveis que não acompanham linearmente a variação da produção, mas aos saltos, mantendo-se fixos dentro de certos limites. Exemplo de custos serni-variáveis podem ser apresentados por meio dos gastos com contratação e pagamento de supervisores ou referentes ao aluguel de máquinas copiadoras. Figura 6 – Comportamento dos custos Semivariáveis 2.6.3 – Classificação quanto à ocorrência dos custos Esta classificação é importante para se estruturar o fluxo de caixa do projeto para se analisar a viabilidade. Recorrentes: São custos repetitivos periodicamente no projeto, podendo estar atrelado à produção ou não. Não recorrentes: São custos que acontecem uma única vez na execução do projeto. 2.7 - Esquema Básico da Contabilidade de Custos Os principais elementos que influenciam no resultado de qualquer entidade são representados por meio das receitas auferidas, dos custos, diretos ou indiretos e despesas incorridas. Primeiro passo: separação entre custos e despesas Mais uma vez a distinção entre os custos deve obedecer o método adotado pela entidade. Se for Valor $ Custos Semifixos Valor $ Quantidade Produzida Valor $ Custos Semivariáveis Quantidade Produzida Valor $ 14 utilizado o método direto basta diferenciar custos fixos e variáveis, se utilizar o método de absorção classifica-se em custos diretos e indiretos, entre outros. Segundo passo: a apropriação dos custos diretos Para conhecer o consumo de matérias-primas, basta a empresa manter um sistema de requisições, de modo a saber sempre para qual serviço foi prestado e o material consumido do Almoxarifado. Para conhecer o consumo de mão-de-obra direta, é preciso que a empresa mantenha um sistema de apontamentos, por meio do qual se verifica quais os operários que trabalham em cada produto (ou serviço) no período (dia, semana, mês) e por quanto tempo (minutos, horas). São os custos que podem ser quantificados e identificados nos produto ou serviços e valorizados com relativa facilidade. Dessa forma, não necessitam de critérios de rateios para serem alocados aos produtos fabricados ou serviços prestados, já que são facilmente identificados. Atendem na integra o Princípio da Causação. Se todos os custos fossem diretos encontraríamos o custo exato dos portadores finais. Exemplos de custos diretos: 1. Materiais diretos: matérias-primas, materiais de procedimentos médicos, componentes e outros materiais necessários à prestação do serviço, ao acabamento e à apresentação final do serviço. 2. Mão-de-obra direta: é o trabalho aplicado diretamente na execução do serviço, suas partes ou componentes. Obs: despesas diretas são as que podem ser facilmente quantificadas e apropriadas em relação às receitas de vendas e de prestação de serviços. Terceiro passo: a apropriação dos custos indiretos O Mapa de Localização de Custos constitui-se, contudo, numa forma consagrada de alocação de custos indiretos aos setores. Para a alocação dos custos indiretos aos Centros de Custos, é necessária a organização prévia de seus diversos componentes, tecnicamente denominados espécies de custos: a) Custos com depreciação; b) Custos com pessoal; c) Custos com materiais indiretos e d) Custos gerais. Abaixo apresentam-se alguns critérios para alocação dos custos indiretos de fabricação: Tabela 3 - CIF Possíveis critérios Descrição Critério de rateio Mão-de-obra Horas de MOD Máquina Horas-Máquina Aluguel Área Ocupada Depreciação Valor do imobilizado Consumo de Energia Potência instalada Encargos Folha de Pagamento Serviços de limpeza Área ocupada ou mão-de-obra Gastos com refeitório Mão-de-obra Enquanto os custos diretos podem ser facilmente associados aos produtos fabricados, os custos indiretos precisam passar por uma etapa intermediária, denominada rateio, para, a partir daí, serem incorporados aos produtos. Na óptica contábil, receitas e despesas são confrontadas diretamente no momento de apuração do resultado. 15 Em relação ao custo da produção, sob a ótica contábil, este poderia ser expresso por meio de uma composição formada por três elementos básicos, descritos como: Material direto (MD): todo material que pode ser identificado como uma unidade do produto que está sendo fabricado, ou que já sai da empresa agregado ao serviço prestado. Mão-de-obradireta (MOD): todo salário devido ao operário que trabalha diretamente no produto, cujo tempo pode ser identificado com a unidade que está sendo produzida; Custos indiretos de fabricação (CIF): todos os custos relacionados com a fabricação que não podem ser economicamente identificados com as unidades que estão sendo produzidas. Exemplos: aluguel da fábrica, materiais indiretos, mão-de-obra indireta, seguro, impostos, depreciação etc. Figura 7 – Fluxograma de alocação de custos Fonte – Bruni (2004) Outros gastos significativos, porém não classificados como custos, são agrupados como: Despesas diversas: não podem ser alocadas ao produto final. Exemplos: despesas com vendas, salário do pessoal administrativo, água e luz do escritório. Diante da importância dos elementos que compõem o custo direto, que atualmente concentram-se na mão-de-obra direta e nos materiais diretos, torna-se necessário um aprofundamento dos aspectos de custeio relacionados a estes. Figura 8 – Diferença contábil entre custos e despesas Indiretos Diretos Rateio Prod A Prod B Prod C Estoque (=) Resultado (-) Despesas Componentes principais:Componentes principais: Material Direto (MD) Mão-de-Obra Direta (MOD) Custos Indiretos de Fabricação (CIF) (-) CPV (+) Receitas Custos Indiretos Diretos Rateio Prod A Prod B Prod C Estoque (=) Resultado (-) Despesas Componentes principais:Componentes principais: Material Direto (MD) Mão-de-Obra Direta (MOD) Custos Indiretos de Fabricação (CIF) (-) CPV (+) Receitas Custos MD Materiais Diretos Matéria-Prima Embalagem MOD Mão-de-Obra Direta Mensurada e identifi- cada de forma direta CIF Custos Indiretos Custos que não são MD nem MOD Despesas Gastos não associados à produção Custo total, contábil ou fabril Custo de transformação Custo primário ou direto Gastos totais ou custo integral MD Materiais Diretos Matéria-Prima Embalagem MOD Mão-de-Obra Direta Mensurada e identifi- cada de forma direta CIF Custos Indiretos Custos que não são MD nem MOD Despesas Gastos não associados à produção Custo total, contábil ou fabril Custo de transformação Custo primário ou direto Gastos totais ou custo integral 16 3 - MATERIAL DIRETO De modo geral, a gestão de materiais diretos por determinada empresa costuma envolver problemas Relacionados a três campos: Avaliação: qual o montante a atribuir quando várias unidades são compradas por preços diferentes, como contabilizar sucatas etc.; Controle: como distribuir as funções de compra, pedido, recepção e uso, como organizar o kardex de controle, como inspecionar para verificar o efetivo consumo; Programação: quanto comprar como comprar, fixação de lotes econômicos de aquisição, definição de estoques mínimos, de segurança etc- Existem, basicamente, dois sistemas para controle de estoques: Estes sistemas são vitais para reduzir os problemas de tratamento contábil para os refugos, unidades defeituosas, desperdícios, sobras. Sistema de inventário Periódico: quando a empresa não mantém um controle contínuo dos estoques. O consumo só pode ser verificado após os inventários (contagem física dos estoques), em geral quando do fechamento do Balanço Patrimonial, e posterior avaliação de acordo com critérios legais. 0 consumo pode ser calculado em uma empresa industrial mediante o emprego da seguinte equação: Consumo de material direto = Estoque inicial + Compras – Estoque Final Sistema de inventário permanente: existe o controle contínuo da movimentação do estoque. Solicitações de produção e vendas são controladas individualmente. Estoque e CPV podem ser calculados em qualquer momento pela contabilidade. Periodicamente, a contagem física pode ser feita para fins de auditoria e controle interno. Encontrando eventuais sobras ou faltas, novos ajustes devem ser feitos nos registros contábeis. Para uma empresa que aplica um sistema de inventário permanente, a apuração dos custos pode ser feita pela contagem e tabulação das requisições estoque ou almoxarifado. No entanto, uma empresa que controla seus estoques por meio de inventários periódicos precisará aplicar a equação anterior. 3.1 - Critérios para a Avaliação de Estoques UEPS: último a entrar, primeiro a sair, ou, em inglês, LIFO, Last In First Out. O custo a ser contabilizado em decorrência de consumo no processo produtivo é feito "da frente para trás". São baixados, em primeiro lugar, os materiais diretos adquiridos mais recentemente e, depois, os mais antigos, nesta ordem. A legislação fiscal brasileira não permite o emprego desse critério em decorrência da "antecipação" dos benefícios fiscais, decorrentes do cálculo de custos maiores, especialmente em épocas de altas taxas de inflação; PEPS: primeiro a entrar, primeiro a sair, ou, em inglês, FIFO, first in, first out. O custo a ser contabilizado em decorrência de consumo no processo produtivo é feito "de trás para a frente". São baixados, em primeiro lugar, os materiais diretos adquiridos há mais tempo e, depois, os mais novos, nesta ordem; Custo Médio Ponderado: pode ser móvel ou fixo. O custo a ser contabilizado representa uma média dos custos de aquisição. 17 4 - MÃO-DE-OBRA DIRETA A mão-de-obra direta ou, simplesmente, MOD corresponde aos esforços produtivos das equipes relacionadas à produção dos bens comercializados ou serviços prestados. Refere-se apenas ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em elaboração, desde que seja possível a mensuração do tempo despendido e a identificação de quem executou o trabalho, sem necessidade de qualquer apropriação indireta ou rateio. As análises de custos de mão-de-obra direta no Brasil devem considerar fundamentalmente os gastos associados aos encargos trabalhistas sociais, que em sobre as folhas de pagamento. É comum dizer que no Brasil o trabalhador ganha muito pouco, porém custa muito caro. Este parte possui o objetivo de apresentar os principais tópicos relacionados aos custos com mão- de-obra direta. 4.1 - O Que Integra o Custo da Mão-de-Obra Direta Na situação do nosso país, ao se optar pela inclusão dos encargos sociais no próprio montante de Mão-de-obra Direta, precisa-se calcular para cada empresa qual o valor a ser atribuído por hora de trabalho. A maneira mais fácil de calcular esse valor é verificar o gasto que cabe à empresa por ano e dividi-lo pelo número de horas em que o empregado efetivamente se encontra à sua disposição. Para simplificar os cálculos de custos vê-se que é coerente considerar o custo de um funcionário como o dobro do valor pago a ele por hora de trabalho. O excedente de valor que não será pago como salário, mas sim considerado como custos deverá ser tratado como reserva para pagamento dos encargos sociais quando estes forem utilizados pelos funcionários. Pro isso é comum encontrar empresa recorrendo a empréstimos para se pagar folha salarial no mês de dezembro por conta do pagamento do décimo terceiro salário. Exemplo: Suponhamos que um operário seja contratado por $ 10,00 por hora. A jornada máxima de trabalho permitida pela Constituição brasileira é de 44 horas semanais. Abaixo apresenta-se uma tabela que visa esclarecer o impacto dos encargos sobre o custo da mão-de-obra, seja ela direta ou indireta. Tabela 4 – Dias Trabalhados no ano Custo da Hora 10,00 Número total de dias por ano 365 dias ( - ) Repousos semanais 48 dias ( - ) Férias 30 dias ( - ) Feriados 12 dias ( = ) Número máximo de dias à disposição do empregador275 dias x Jornada máxima diária 7,3333 horas ( = ) Número máximo de horas à disposição por ano 2016,6575 horas Tabela 5 - Remuneração anual do empregado será, em moeda constante (a) Salários : 2016,7 x 10,00 R$ 20.166,58 (b) Repousos semanais: 48 x 7,33 = 352 x 10,00 R$ 3.519,98 (c) Férias: 30 dias x 7,33 x 10,00 R$ 2.199,99 (d) 13 º Salário: 220 x 10,00 R$ 2.200,00 18 (e) Adicional 1/3 de Férias R$ 733,33 (f) Feriados : 12 x 7,333 R$ 880,00 Total R$ 29.699,88 Sobre este Gasto total o empregador é obrigado a recolher as contribuições em % Tabela 6 - Encargos Previdência Social 20,00 % Fundo de Garantia 8,00 % Seguro-acidentes do trabalho 3,00 % Salário-educação 2,50 % SESI ou SESC 1,50 % SENAI ou SENAC 1,00 % INCRA 0,20 % SEBRAE 0,60 % TOTAL 36,80% % O custo total anual para o empregador será então : R$ 40.629,43 e o custo-hora será: R$ 20,15 5 - DEPARTAMENTALIZAÇÃO A departamentalização é a divisão da empresa em áreas distintas, de acordo com as atividades desenvolvidas em cada uma dessas áreas. Dependendo da nomenclatura utilizada nas empresas, essas áreas poderão ser chamadas de departamentos, setores, centros, ilhas outras. É a divisão da empresa em departamentos, com a finalidade de melhor compreender a estrutura da entidade e, assim, racionalizar a alocação dos custos.. Departamento é uma unidade operacional representada por um conjunto de homens e/ou máquinas de características semelhantes, desenvolvendo atividades homogêneas dentro da mesma área. Sendo este conceito aplicado a qualquer espécie de empresa (industrial, comercial, serviços, etc.). Ao dividir a empresa em departamentos produtivos e de serviços, o que, aparentemente pode ser considerada uma tarefa fácil, pode ser um problema, pelo fato de alguns departamentos não receberem fisicamente os produtos, pois sua função é a de prestar serviços aos outros departamentos. Para solucionar este problema, o critério mais utilizado é o de hierarquizar os departamentos de serviços de forma que aquele que tiver seus custos distribuídos não receba rateio de nenhum outro e o processo só termina quando todos esses custos sejam rateados de tal forma que recaiam sobre os departamentos de produção e destes para os produtos Desta forma, há a necessidade de dividi-los em departamentos PRODUTIVOS E AUXILIARES. DEPARTAMENTOS PRODUTIVOS - São os departamentos que atuam diretamente na prestação do serviço. Neles promovem-se a relação direta com o cliente. DEPARTAMENTOS AUXILIARES - têm como característica auxiliar os departamentos produtivos. Existem para prestar serviços aos demais departamentos. Neles não ocorre nenhuma ação direta sobre o serviço prestado ao cliente. Exemplo: Manutenção, compras, almoxarifado, controle de qualidade e administração. 5.1 - Centro de Custos 19 Uma vez definida a estrutura departamental da empresa, nota-se que quase sempre um departamento é um centro de custos, ou seja, nele serão apropriados os custos indiretos para posterior apropriação aos produtos fabricados. O centro de custos, como sistema aberto, é um conjunto de unidades de trabalho em que: as partes ou órgãos componentes do departamento de produção são os subsistemas; dinamicamente inter-relacionadas, isto é, em interação e interdependentes, formam uma rede de comunicações e relações recíproca entre elas; uma atividade ou função é desenvolvida, constituindo a operação ou atividade ou processo típico desse centro de custos; as estruturas para atingir um ou mais objetivos constituem a própria finalidade para a qual o centro de custos foi criado. O centro de custos é, portanto, um sistema organizacional de atividades integradas de unidades de trabalho, de forma a possibilitar o cumprimento de objetivos previamente estabelecidos do departamento de produção. O fato gerador de integração entre as partes é o fluxo de informações”. O centro de custos é a menor unidade acumuladora de custos indiretos. Figura 9: Departamentalização de custos As vantagens da departamentalização poderiam ser expressas sob dois aspectos principais: melhoria dos controles internos e redução dos problemas de correntes de rateio dos custos indiretos. A melhoria dos controles internos associados a custos deve-se ao fato de cada centro de custos ou departamentos possuir um responsável. Por sua vez, exerce uma função direta sobre os resultados de seu departamento, podendo, por meio de sua gestão, aumentar ou diminuir seus gastos. 5.2 - Critérios de Rateio Comumente, os custos dos departamentos costumam ser transferidos em função de bases de rateio pré-estabelecidas. Os critérios para transferência podem basear-se em um percentual em relação ao total, ou com base em uma taxa de absorção predefinida. Existem três possibilidades para a distribuição de custos dos departamentos: Método de distribuição direta: quando ocorre uma distribuição dos custos dos departamentos de serviços diretamente para os departamentos de produção. Segundo esse método, não existe a tentativa da determinação da magnitude por meio da qual um departamento de serviços presta serviço para outro departamento de serviços: Os custos são alocados diretamente na produção. Possui a vantagem da simplicidade, embora os resultados obtidos possam ser precisos, com a perda de alguma informações; Método da distribuição seqüencial ou método passo a passo: quando os custos do Antes dos departamentos Depois dos departamentos Fábrica CC1 CC2 CC3 CC4 A A B B C C Produtos Antes dos departamentos Depois dos departamentos Fábrica CC1 CC2 CC3 CC4 A A B B C C Produtos 20 departamento de serviços são distribuídos regressivamente para outro departamento de serviços e depois para os departamentos de produção. Esse método reconhece o inter- relacionamento do departamento de serviços. Deve-se estabelecer uma ordem hierárquica de distribuição dos custos, ou seja, os departamentos de serviços, hierarquicamente superiores, enviam seus custos para os departamentos de serviços inferiores ou para a produção; Método da distribuição algébrica: quando considera o fato de que alguns departamentos de serviços não só prestam serviços para, mas também podem receber serviços de outros departamentos de serviços. seu processo de produção: Tabela 7 – Custos Indiretos Aluguel do prédio 15.000,00 Energia Elétrica 9.000,00 Materiais Indiretos 6.000,00 Mão-de-obra Indireta 4.500,00 Depreciação das Máquinas 7.000,00 Total 41.500,00 Através da departamentalização obteve-se para a empresa os seguintes centros: Área da recepção Área da Consulta Área do Raio X Área de engessar Para cada área específica foram levantados os percentuais relativos dos custos indiretos da empresa, obtendo-se: Tabela 8 – Custos Indiretos relativos Aluguel Área Usada Valor relativo Área da recepção 10,00% 1.500,00 Área da Consulta 10,00% 1.500,00 Área do Raio X 40,00% 6.000,00 Área de engessar 40,00% 6.000,00 Total 100,00% 15.000,00 Energia Elétrica Consumo Valor relativo Área da recepção 5,00% 450,00 Área da Consulta 10,00% 900,00 Área do Raio X 55,00% 4.950,00 Área de engessar 30,00% 2.700,00 Total 100,00% 9.000,00 Materiais Indiretos Consumo Valor relativo Área da recepção 20,00% 1.200,00 Área da Consulta 10,00% 600,00 21 Área do Raio X 5,00% 300,00 Área de engessar 65,00% 3.900,00 Total 100,00% 6.000,00 Mão-de-obra Indireta Consumo Valorrelativo Área da recepção 25,00% 1.125,00 Área da Consulta 25,00% 1.125,00 Área do Raio X 25,00% 1.125,00 Área de engessar 25,00% 1.125,00 Total 100,00% 4.500,00 Depreciação das Máquinas Consumo Valor relativo Área da recepção 5,00% 350,00 Área da Consulta 5,00% 350,00 Área do Raio X 80,00% 5.600,00 Área de engessar 10,00% 700,00 Total 100,00% 7.000,00 O mapa de rateio dos custos indiretos para empresa é apresentado da seguinte forma: Tabela 9 – Mapa de rateio Custos Indiretos Recepção Consultórios Raios X Gesso Total Aluguel do prédio 1.500,00 1.500,00 6.000,00 6.000,00 15.000,00 Energia Elétrica 450,00 900,00 4.950,00 2.700,00 9.000,00 Materiais Indiretos 1.200,00 600,00 300,00 3.900,00 6.000,00 Mão-de-obra Indireta 1.125,00 1.125,00 1.125,00 1.125,00 4.500,00 Depreciação das Máquinas 350,00 350,00 5.600,00 700,00 7.000,00 Soma 4.625,00 4.475,00 17.975,00 14.425,00 41.500,00 Ao se obter os custos indiretos por departamento pode-se agora alocar os custos aos serviços prestados em cada setor. 6 – SISTEMAS DE CUSTEIO TRADICIONAIS 6.1 - Custeio por Absorção Custeio por Absorção é o método derivado da aplicação dos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Esse método foi derivado do sistema desenvolvido na Alemanha no início do século 20 conhecido por RKW (Reichskuratorium für Wirtschaftlichtkeit). Consiste na apropriação de todos os custos (diretos e indiretos, fixos e variáveis) causados pelo uso de recursos da produção aos bens elaborados, e só os de produção, isto dentro do ciclo operacional interno. Todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para todos os serviços realizados. Este sistema baseia-se num esquema básico cujo primeiro passo consiste na separação do que é custo, do que é despesa. Feita a separação entre o que é custo e o que é despesa, o passo seguinte consiste em dividir o que for custo em custo direto e custo indireto. Os custos diretos (matéria prima, 22 mão-de-obra direta, etc) são atribuídos de forma direta aos produtos e os custos indiretos de fabricação são rateados, aos produtos, sob alguma base de Critério de rateio do tipo, por exemplo, MOD (mão-de-obra direta), área, hora/máquina, etc. O custeio por absorção, criado inicialmente sem departamentalização, tem nos ClF (custos indiretos de fabricação), conforme foi visto anteriormente, alocação por uma base de volume, que empregada de maneiras diferentes e critérios nem sempre ideais, propiciam resultados que podem levar a certas distorções. Como não há forma perfeita de se fazer essa distribuição, podemos, no máximo, procurar, entre as diferentes opções, uma que seja mais adequada às características do processo de produção. É útil em empresas que tem processo de produção pouco flexível e com poucos produtos. A auditoria externa tem-no como base. Dessa forma, são perfeitamente inventariáveis e tratados como custos dos produtos acabados e em elaboração. Apesar de não ser totalmente gerencial, é aceito para fins de avaliação de estoques (para apuração do resultado e para o próprio balanço). Características: 1. engloba os custos totais: fixos, variáveis, diretos e/ou indiretos. 2. Primeiro - faz a alocação, dos custos indiretos, no centro de custos (auxiliares e produtivos); 3. Segundo – alocação dos centros de custos para os produtos; 4. Os CIF acabam transferindo-se, contabilmente, para a conta de estoques de produtos acabados; 5. É útil nas empresas que têm processo de produção pouco flexível e poucos produtos; 6. Os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de produção. Vantagens: 1. considera o total dos custos por produto; 2. formação de custos para estoques; 3. permite a apuração dos custos por centro de custos; Desvantagens: 1. poderá elevar artificialmente os custos de alguns produtos; 2. não evidencia a capacidade ociosa da empresa; 3. os critérios de rateios são sempre arbitrários, portanto nem sempre justos. A aplicação do custeio por absorção pode ser feita levando-se em conta a departamentalização ou não. Isto após ser feita uma avaliação criteriosa da composição dos custos, para verificar o volume dos custos indiretos, conforme a convenção da materialidade. 6.2 - Custeio Direto ou Variável (Direct Costing) (Não é aceito pela Legislação) O Método de Custeio Direto, ou Variável, propõe que as cargas de custos, classificadas por espécie (natureza) de custos, sejam analisadas e reclassificadas em custos fixos e custos variáveis. As características essenciais do método de custeio variável são: 1. realizar uma análise das cargas de custos, classificando-as em fixas e variáveis; 2. atribuir ao custo final dos produtos somente as cargas variáveis, obtendo-se, assim, um custo final variável dos produtos. Os defensores do custeio direto ou variável (direct costing) propõem que, no cálculo dos custos finais 23 por produto, não entrem mais que os custos variáveis e que os custos fixos sejam levados globalmente ao resultado do período, por não serem considerados como elementos componentes do custo dos produtos. Obtém-se assim, o custo final variável dos produtos. As cargas de custos fixos não são consideradas custos do período, isto é, contabilmente, despesas operacionais. Este modo específico de determinação dos elementos componentes do custo final dos produtos encontra sua justificativa no conceito de custo do período, isto é, os custos de produção fixos e as despesas de comercialização, distribuição e administração fixas são custos (contabilmente, despesas operacionais) do período e não do produto. A aplicação de um ou de outro método para o cálculo do custo dos produtos incide, de maneira direta, em duas questões: a) a valoração ou quantificação financeira dos estoques; e b) a determinação do resultado (lucro operacional bruto) do período ou exercício. No Brasil, o Método de Custeio Direto ou Variável não é permitido para fins contábeis e fiscais, de valoração de estoques e de determinação do resultado do período, pois fere os Princípios Fundamentais de Contabilidade. Ele somente pode ser utilizado para fins gerenciais, de tomada de decisão, sobretudo a curto prazo. Conclusivamente, com base no custeio variável, só são alocados aos produtos os custos variáveis, ficando os fixos separados e considerados como despesas do período, indo diretamente para o resultado do exercício; para o estoque só vão, como conseqüências os custos variáveis (indiretos e/ou diretos), motivo que leva a legislação não aceitá-lo, ou ainda, dentro desse método os custos variáveis são considerados como atribuíveis aos produtos e, consequentemente, debitados na produção e incluídos no custo dos estoques - é o caso de materiais e mão-de-obra direta. Já os custos fixos são tratados como despesas do período e, portanto, não são ativados na conta de estoques. O custeio variável se destina a proporcionar à administração maior informação sobre a relação existente entre custos, volume e resultado. Características: 1. considera somente os custos variáveis, sendo diretos ou indiretos; 2. seu enfoque é no produto; 3. os resultados apresentados sofrem influência direta do volume de vendas; 4. é um critério administrativo gerencial e interno; 5. apresenta a contribuição marginal que é igual à diferença entre as receitas e os custos diretos e variáveis dos segmentos estudáveis; 6. o custeio variável estima-se a auxiliar, sobre tudo a gerência do processo de planejamento e tomada de decisão, principalmente a curto prazo; 7. enfoca, principalmente, o custo unitário de produção; 8. requer a separação dos custos fixos e variáveis. Vantagens: 1. enfoque gerencial; 2. nãoincorre em erros de rateios; 3. permite uma análise da contribuição direta de cada produto para com os resultados, pela análise da margem de contribuição; 24 4. os dados necessários para a análise da relação custo/volume/resultado são rapidamente obtidos; 5. é totalmente integrado com o custo-padrão e orçamento flexível. Desvantagens: 1. ao não considerar os CIF acaba tendo uma visão de curto prazo; 2. isoladamente, não se aplica para formação do preço de venda; 3. deve ser avaliado com detalhe em empresas de elevado Ativo Imobilizado, pois não considera a depreciação, quando esta for calculada pelo método linear ou outro método que à transforme num custo fixo; 4. a exclusão dos CIF indiretos para a valoração do estoque causa subavaliação. Fere os princípios contábeis. Exercício 02: Uma empresa, elaborando um único produto, apresenta a seguinte movimentação: Período Produção Unidades Vendas Unidades Estoque Final Unidades 01 60.000 40.000 20.000 02 50.000 60.000 10.000 03 70.000 50.000 30.000 04 40.000 70.000 0 As características dos custos de produção são: Custos Variáveis Matéria-prima $ 20/und Energia $ 4/und Materiais Diretos $ 6/und $ 30/und Custos Fixos Mão-de-obra $ 1.300.000/período Depreciação e impostos $ 400.000/período Manutenção $ 300.000/período Diversos $ 100.000/período $2.100.000/período Preço de Venda : $ 75/und A indústria avalia seus estoques à base de PEPS (ou FIFO). Faça uma análise usando os sistemas de Custeio por Absorção e Direto. 25 7 – SISTEMA DE CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADE (ABC) A premissa teórica do custeio baseado em atividade é que este atribui os custos de acordo com o padrão de consumo de recursos dos produtos. Se isso for verdade, então o custeio baseado em atividade deve produzir custos mais precisos dos produtos se houver diversidade do produto, apenas porque os direcionadores em nível unitário não conseguem capturar o padrão completo de consumo de produtos. O exemplo sugere que nós, simplesmente, precisamos escolher entre um grupo de custo para a empresa toda, grupos de departamentais, ou grupos de custos por atividade. Apesar disso ser verdade, também é verdade que estamos falando de níveis diferentes de agregação. Na realidade, se não houver a diversidade do produto e for escolhido um grupo de custo para a fábrica toda, tudo que precisamos é dos CIF dos recursos obtidos das contas do razão geral: depreciação, salários, serviços públicos, aluguel etc. Não há necessidade de se conhecer as, atividades individuais ou seus custos. O mesmo serve para os grupos de custo departamentais. São necessários mais detalhes (menos agregação porque os custos precisam ser atribuídos a cada departamento de produção), mas, ainda assim, não há a necessidade de identificar as atividades e seus custos. Como ilustra a Figura 10 abaixo, um sistema de custeio baseado em atividade (ABC), primeiramente rastreia os custos para as atividades e, em seguida, para os produtos e outros objetos de custo. A suposição subjacente é que as atividades consomem recursos, e os produtos e outros objetos de consomem atividades. Ao projetar um sistema ABC, há seis etapas essenciais: Identificar, classificar as atividades e os atributos-chave; Atribuir o custo dos recursos para as atividades; Atribuir o custo de atividades secundárias para atividades primárias, Identificar os objetos de custo e especificar o montante de cada atividade consumida por objeto de custo específico; Calcular as taxas primárias; e Atribuir os custos de atividades aos objetos de custo. 7.1 - Identificação Definição e Classificação de Atividades As atividades são o foco do custeio baseado em atividade. Assim, identificá-las é a primeira etapa lógica no projeto de um sistema de custeio baseado em atividade. As atívidades representam ações empreendidas ou trabalho realizado por equipamentos ou pessoas para outras pessoas. Identificar uma atividade é o equivalente a descrever a ação empreendida - geralmente usando um verbo de ação e um objeto que recebe a ação. Uma lista simples das atividades identificadas é chamada de inventário de atividades.. A figura 10 ilustra uma amostra de um inventário de atividades para um laboratório de Análises Clínicas. 7.1.1 - Definição de Atividade Quando existe um inventário de atividades, atributos de atividades são então usados para definir as atividades. Atributos de atividades são itens de informações financeiras e não-financeiras que descrevem as atividades individuais. Um dicionário de atividades lista as atividades em uma organização juntamente com os atributos desejados. Os atributos selecionados dependem do propósito ao qual eles atendem. Os exemplos de atributos de atividades com o objetivo de custeio do produto incluem as tarefas que descrevem as atividades, os tipos de recursos consumidos pela atividade, o montante (porcentagem) de tempo gasto em cada atividade pelos empregados, os 26 objetos de custo que consomem a atividade e uma medida de consumo de atividade (direcionador de atividade). As atividades são o alicerce para o custeio do produto e para uma melhoria contínua. Figura 10: Modelo de Custeio Baseado em Atividade 7.1.2 - Classificação de Atividade Os atributos definem as atividades e, ao mesmo tempo, se tornam a base para a classificação das atividades. A classificação das atividades facilita a conquista de objetivos gerenciais-chave, tais como o custeio do produto e do cliente, a melhoria contínua, a gestão da qualidade total e a gestão do custo ambiental. Por exemplo, para propósitos de custeio, as atividades podem ser classificadas como primárias ou secundárias. Uma atividade primária é uma atividade consumida por um objeto final de custo, tal como um produto ou cliente. Uma atividade secundária é aquela consumida pelos objetos intermediários de custo, tais como as atividades primárias, os materiais, ou outras atividades secundárias. O reconhecimento da diferença entre os dois tipos de atividade facilita o custeio do produto. A Figura 10 seguinte indica que as atividades consomem recursos. Assim sendo, no primeiro estágio do custeio baseado em atividade, o custo dos recursos é atribuído às atividades. A figura 10 também mostra que os produtos consomem atividades - mas agora sabemos que essas são atividades primárias, que estão sendo consumidas. Assim, antes de atribuirmos os custos das atividades primárias aos produtos, os custos das atividades secundárias consumidas pelas atividades primárias precisam ser atribuídos às atividades primárias. Existem muitas outras classificações úteis da atividade. Por exemplo, as atividades podem ser classificadas como de valor adicionado ou que não adicionam valor, como relacionadas à qualidade, ou como ambientais. No projeto de um sistema de custeio baseado em atividade, os atributos desejados e as classificações essenciais precisam ser caracterizadas de antemão para que os dados necessários para o dicionário de atividades possam ser coletados. Exercício 03: Uma empresa de treinamento oferece cursos com duração de um ano e existem quatro tipos de cursos: planilha eletrônica, processador de textos, animações, web pages, com as seguintes quantidades de alunos respectivamente 300, 200, 100 e 400. Os gastos da empresa são: Gasto anual Valor ($) Aluguel 120.000,00 Custos dos Recursos Atividades Produtos Custos atribuídos usando o rastreamento por direcionador e rastreamento direto Custos atribuídos usando os direcionadores de atividades 27Gerência 36.000,00 Gráfica 30.000,00 Professores 180.000,00 Serviços Gerais 24.000,00 Setor Financeiro 28.000,00 Total 442.000,00 a) Calcule qual deveria ser a mensalidade cobrada sabendo que a empresa rateia os custos de acordo com o número de alunos e aplique um ganho de 200% sobre o custo total. Sabendo que a empresa analisou as atividades de gerência e de secretaria agrupando em termos de uso, e obteve: Gasto com atividades para % do tempo Alunos web pages 6 Alunos animações 7 Alunos planilha 2 Alunos textos 5 Assuntos externos de animações 1 Assuntos externos de planilha 3 Assuntos externos de texto 3 Assuntos externos de web pages 5 Demais atividades 7 Gráfica 7 Professores de web pages 15 Professores de animações 12 Professores de planilhas 9 Professores de textos 8 Serviços gerais 5 Setor financeiro 5 Total 100 O setor financeiro gasta: Gasto com atividades para % do tempo Alunos web pages 15 Alunos animações 12 Alunos planilha 14 Alunos textos 10 Professores de web pages 9 Professores de animações 8 Professores de planilhas 7 Professores de textos 8 Serviços gerais 7 Gráfica 10 Gastos dos serviços gerais: Curso Horas web pages 100 animações 150 Planilha 350 28 Textos 250 Soma 850 Gastos do setor de gráfica: Curso Horas web pages 200 Animações 250 Planilha 250 Textos 100 Soma 800 Os gastos com salários e encargos de professores são distribuídos com os cursos de planilha, textos, animações e web pages com os percentuais aproximados de 15%, 25%, 25% e 35%. Os gastos com aluguéis são rateados pela área utilizada, sendo: planilha 120, textos 140, animações 200, web pages 260. Responda: a) Usando o custeio ABC, qual deveria ser o valor da mensalidade? b) Quais as distorções entre o rateio global dos CIFs entre ABC e tradicional. ? 7.1.3 - Coletando os Dados Necessários Entrevistas, questionários, pesquisas e observação são meios de se coletar dados para um sistema ABC. As entrevistas com os gestores ou outros representantes dos departamentos funcionais que tenham conhecimento talvez sejam a abordagem mais comum na coleta de dados das informações necessárias. Na entrevista pode-se usar questões para identificar as atividades e os atributos de atividades necessários para o custeio ou para outros propósitos gerenciais. As informações obtidas da entrevista servem como base para a construção de um dicionário de atividades e fornecem dados úteis na atribuição dos custos de recursos às atividades individuais. Ao estruturar uma entrevista, as questões devem revelar alguns atributos-chave. As questões da entrevista devem ser estruturadas para fornecer respostas que permitam que os atributos desejados sejam identificados e medidos. Um exemplo é, talvez, a melhor maneira de se mostrar como uma entrevista pode ser usada para coletar os dados para um dicionário de atividades. Exemplo Ilustrativo. Suponha que um hospital esteja desenvolvendo um estudo piloto do sistema ABC para determinar o custo de enfermagem para os diferentes tipos de pacientes cardiológicos. A ala de cardiologia está localizada em um andar do hospital. A seguir temos uma entrevista com a supervisora das enfermeiras da ala. Damos as perguntas juntamente com seus propósitos pretendidos e as respostas da supervisora. A entrevista não pretende ser vista como uma análise exaustiva, mas, em disso, representa uma amostra do que poderia ocorrer. QUESTÃO 1 (IDENTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE): Você poderia descrever o que suas enfermeiras fazem para os pacientes na ala cardiológica? (Atividades são pessoas fazendo algo para outras pessoas.) RESPOSTA: Existem quatro atividades principais: tratamento dos pacientes (administrar medicamentos e trocar os curativos), monitoramento dos pacientes (verificar os sinais vitais e anotar os dados a sobre o paciente), providenciar cuidados higiênicos e físicos aos pacientes (banhá-los, trocar os lençóis e as roupas deles, levá-los para caminhar etc.) e responder aos pedidos dos pacientes (aconselhá-los, providenciar um lanche leve e atender às chamadas). 29 QUESTÃO 2 (IDENTIFICAÇÃO DA ATIVIDADE): Alguns dos pacientes usam algum tipo de equipamento? (Atividades também podem ser os equipamentos fazendo algo para outras pessoas.). RESPOSTA: Sim. Na ala cardiológica, os monitores são usados extensivamente. Monitorar é uma atividade importante para esse tipo de paciente. QUESTAO 3 (IDENTIFICAÇAO DA ATIVIDADE): Qual o seu papel na ala cardiológica? ( Atividades são pessoas fazendo algo para outras pessoas.) RESPOSTA: Eu não tenho contato direto com os pacientes. Sou responsável pela programação dos turnos, avaliações e soluções de problemas com as enfermeiras da ala. QUESTA0 4 (IDENTIFICAÇÃO DE RECURSOS): Quais recursos são usados pelas suas atividades de cuidados de enfermagem (equipamentos, materiais, energia)? (Atividades consomem recursos além da mão-de-obra.) RESPOSTA: Uniformes (que são pagos pelo hospital), computadores, materiais de enfermagem tais como tesouras e instrumentos (os materiais rastreados a um paciente são cobrados do paciente) e equipamentos de monitoramento na sala de enfermagem. QUESTÃO 5 (IDENTIFICAÇÃO DE DIRECIONADOR DE RECURSO): Quanto tempo as enfermeiras consomem em cada atividade? Quanto tempo de equipamento é consumido em cada atividade? (Essa informação é necessária para atribuir o custo de mão-de-obra e equipamentos às atividades.) RESPOSTA: Recentemente, completamos uma pesquisa de trabalho. Cerca de 25% do tempo enfermeiras é consumido tratando dos pacientes, 20% providenciando os cuidados higiênicos, 40% atendendo aos pedidos dos pacientes e 15% no monitoramento dos pacientes. O meu tempo é de 100% de supervisão. O equipamento de monitoramento é usado 100% nas atividades de monitoramento. O uso do computador é dividido entre 40% para o trabalho do supervisor e 60% para o monitoramento. (Anotar as leituras nos registros dos pacientes é visto como uma tarefa de monitoramento.) QUESTAO 6 (DIRECIONADORES DE ATIVIDADES POTENCIAIS): Quais são os resultados de cada atividade? Isto é, como você mediria as demandas para cada atividade? (Essa questão ajuda a identificar os direcionadores de atividade.) RESPOSTA : Tratamento de pacientes: número de tratamentos; fornecer cuidados higiênicos: de horas de cuidado; atender aos pedidos dos pacientes: número de pedidos; e monitorar os pacientes: horas de monitoramento QUESTÃO 7 (OBJETOS DE CUSTOS POTENCIAIS IDENTIFICADOS): Quem, ou o que, usa os resultados das atividades? (Identifica o objeto de custo: produtos, outras atividades, clientes, etc.) RESPOSTA: Bem, na supervisão, eu faço os horários, avalio o desempenho e tento me assegurar de que as enfermeiras estejam desempenhando as suas atividades eficientemente. As enfermeiras se beneficiam do que eu faço. Os pacientes recebem os benefícios das atividades de tratamento de enfermagem. Temos três tipos de pacientes cardiológicos: tratamento intensivo, tratamento intermediário e tratamento normal. Esses pacientes exigem cuidados bem diferentes das atividades de enfermagem. Por exemplo, os pacientes no tratamento intensivo geralmente não passeiam, mas se utilizam de muitos tratamentos e tempo de monitoramento. 7.1.4 - Dicionário de Atividades 30 Com base nas respostas da entrevista, podemos agora preparar um dicionário de atividades. Seguinte ilustra o dicionário para a ala cardiológica. O dicionário de atividades nomeia a atividade (geralmente usando um verbo de ação e um objeto que recebe a ação), descreve as tarefas da atividade, classifica a atividade como primária ou secundária, faz uma lista dos usuários (objetos de custo) e identifica
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