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Aula 03 – Geopolítica e Globalização

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Aula 03 – Geopolítica e Globalização
Geopolítica: “ciência da vinculação geográfica dos acontecimentos políticos e tem por objetivo principal o aproveitamento racional de todos os ramos da Geografia no planejamento das atividades do Estado (Rudolf Kjellen, 1916)
É a política estabelecida em virtude das condições geográficas (Everardo Backeuser)
Relações entre a prática do poder e o espaço geográfico (Bertha Becker).
Campo de conhecimento que analisa as relações entre poder e espaço geográfico. Classicamente vinculado à análise do Estado. Hoje: contribuir para a tomada de decisão dos Estados sobre o uso do território.
Paradigma clássico: realismo político, centrado no Estado nacional e nos conflitos interestatais. Influenciar a política externa dos Estados. 
Preocupação de Ratzel com a consolidação e expansão alemã. “Espaços vitais”.
Pouca importância ao estudo da estratégia territorial no plano doméstico.
Geopolítica (espaço -> poder) e Geografia. Valorização de fatores físicos como determinantes de poder.
Teorias geopolíticas 
Contexto: segunda metade do século XIX: avanços tecnológicos (2ª Revolução Industrial – navegação a vapor e ferrovia), expansão imperialista – visão unificada do mundo. Maior diferenciação na distribuição de poder.
Relativização do eurocentrismo.
Kjellen – Teoria Orgânica do Estado – “forma de vida”.
Poder marítimo (Alfred Mahan 1890) – mar como planície aberta. Ênfase no poderio naval e na marinha mercante.
Romper com o isolacionismo norte-americano.
Fundamentou a expansão dos EUA no final do século XIX. Canal do Panamá, unificação da Marinha e tomada de posições-chave. Política do Big Stick.
Caribe, o Mediterrâneo norte-americano(Porto Rico, Cuba, etc).
Poder terrestre (Mackinder 1904) – teoria do Heartland, o pivô geográfico.
Quem governa a Europa Oriental dominará o Coração Continental; quem governa o Coração Continental dominará a Ilha Mundial; quem governa a Ilha Mundial dominará o mundo.
Área que corresponde à Eurásia (Europa Oriental + Rússia).
Duas grandes unidades – a Ilha Mundial, constituída por um Heartland – massa continental e regiões costeiras ou crescente marginal interno; crescente externo.
Possibilidade de desenvolvimento autárquico + grande mobilidade interna + fortaleza natural.
Implicações: representava o temor inglês de uma aliança entre Rússia e Alemanha. 
Não considerou o potencial norte-americano, o desenvolvimento tecnológico da época e as desvantagens da continentalidade.
“Derrotada” pela maritimidade: 1918, 1945 e 1989.
Pan-regiões (Karl Haushofer)
4 Pan-regiões: Pan-América (EUA), Euráfrica (Alemanha). Pan-Rússia (Rússia) e Pan-Leste (Japão).
Outra hipótese de poder terrestre.
Busca de autarquia – complementaridade de recursos produzidos em climas diversos.
Busca romper o poder inglês.
Serviu de base ao pacto de não agressão (URSS e Alemanha). Suposta proximidade de Haushofer com o nazismo.
Rimland (Spykman - 1944)
Reafirma o poder marítimo e oferece subsídios à hegemonia norte-americana.
Quem controlar o Rimland controla o mundo – terras férteis peninsulares da Eurásia – população recursos e acesso ao mar.
Estratégia de contenção usada durante a Guerra Fria – impedir o acesso da URSS a águas quentes.
Duas grandes regiões: mundo marítimo – EUA x mundo continental URSS.
Reavaliação dos fundamentos da geopolítica – Estado intervencionista – controle do território. Conhecer para controlar. 
O arsenal tecnológico desenvolvido no século XX tornou relativamente obsoletas as hipóteses geoestratégicas. Novas variáveis – comércio e ideologia. (“soft power”).
Desafios internos e externos ao monopólio estatal do poder sobre o território. Novas territorialidades (ex: blocos econômicos, áreas de proteção ambiental, reservas indígenas, etc).
Origem dessas mudanças: revolução técnico-científica, globalização e crise ambiental. 
Paradigma do desenvolvimento sustentável – limites à ação do Estado
Reemergência dos estudos geopolíticos – novas disputas internacionais, multipolaridade crescente.
A Baleia, o Urso e o Dragão.
Áreas sensíveis: Ártico, Mar da China, Atlântico Sul, Amazônia. 
Geopolítica no Brasil
Conhecimentos produzidos sobretudo no âmbito militar, com destaque para Golbery do Couto e Silva e Meira Mattos.
Preocupações centrais: integração do território nacional; defesa das fronteiras; relacionamento com os vizinhos e ampliação do prestígio internacional.
Precedentes: Plano de Metas (Brasília) – JK. Defesa e integração.
A geopolítica fundamentou a ocupação da Amazônia – 1616.
Livro Branco de defesa; Política Nacional de Defesa e Estratégia Nacional de Defesa.
Tendência para o futuro – incertezas decorrentes da reestruturação de poder entre Estados.
Características brasileiras: coesão étnica, mas não ideológica. Darcy Ribeiro: “um povo novo”. Fronteiras pácíficas.
Ameaças: disputas por áreas marítimas e por recursos naturais. Exs: plataforma continental, biodiversidade, reservas de água e soberania na Amazônia
Brasil – potencial geopolítico terrestre e marítimo (Mackinder e Mahan) – energias, terras férteis, água e biodiversidade.
Estratégias: “entorno estratégico”, região onde o Brasil pretende, prioritariamente, irradiar sua influência e liderança, que inclui América do Sul, Antártida, Bacia do Atlântico Sul e África Subsaariana
integração sul-americana (Unasul – CDS; Zopacas, Mercosul, TCA). Exs: Focem, IIRSA.
Hegemonia norte-americana no continente – base de sua superioridade mundial.
Existência de ilhas colonizadas no Atlântico Sul. Aumento da presença militar na costa africana.
Globalização
Processo econômico, cultural, político, social e territorial.
Integração da economia mundial – expansão de multinacionais – economia em rede – globalização financeira – blocos econômicos.
Expansão dos meios técnico-científicos, porém há seletividade – especializações produtivas.
O Estado-Nação vem perdendo capacidade como força centralizadora à medida que, “desde os anos 60, o papel das economias nacionais tem sido corroído ou mesmo colocado em questão pelas principais transformações da divisão internacional do trabalho, cujas unidades básicas são organizações de todos os tamanhos, multinacionais ou transnacionais [...]” (HOBSBAWM, 2011, p. 206).
Não obstante existisse, no final dos anos 1990, uma relativa homogeneidade no campo das políticas econômicas adotadas por boa parte dos Estados nacionais – desregulamentação interna e subordinação ao sistema financeiro internacional – esse processo não consistiu numa expansão “natural” dos mercados, mas numa constelação de fenômenos, incluindo um sistemático processo de acumulação de poder político (FIORI, 2007).
Gênese da globalização financeira: sobreacumulação de capitais (1950 e 1960); aumentos salariais nos EUA e na Europa Ocidental e choque do petróleo.
Fim do padrão dólar-ouro.
Santos: globalização é “o conjunto de trocas desiguais pelo qual um determinado artefato, condição, entidade ou local estende sua influência para alem das fronteiras nacionais e, ao fazê-lo, desenvolve a capacidade de designar como local outro artefato, condição, entidade ou identidade rival.”
O cenário de competitividade potencializada empurrou as lógicas capitalistas e territoriais para locais onde os custos fossem menores e os lucros maiores. Esse movimento inevitavelmente gerou tensões entre as forças expansivas e as barreiras locais/nacionais.
Aliado a esse movimento estrutural da economia capitalista, formou-se um arcabouço teórico destinado a legitimar e a propagar mundialmente o modelo desregulamentado centrado nos países anglo-saxões. “Consenso de Washington”.
O modelo político escolhido pelos países centrais para legitimar esse quadro foi a democracia liberal, erigida sobre liberdades eleitorais, de associação, consciência, informação e expressão (SANTOS, 2005, p. 42). Adotou-se, como pano de fundo mais geral, um paradigma jurídico segundo o qual a soberania nacional deve ser relativizada em benefício do indivíduo,
mediante uma concepção universalizante de direitos humanos.
Milton Santos
Globalização como fábula – encurtamento das distâncias; morte do Estado; desterritorialização – fim das fronteiras. “Aldeia Global”. Cidadania universal.
Globalização como perversidade
Questão das fronteiras; desemprego estrutural; aumento das desigualdades; enfraquecimento dos sindicatos; desintegração de costumes.
Uma outra globalização.
Unicidade das técnicas , conhecimento do planeta. Essas mesmas bases podem servir a outros objetivos.
Necessidade de construção alicerces supranacionais de convivência e de solidariedade, sem que se abandone a importância do Estado nacional.

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