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Considerações acerca da primeira entrevista na terapia sistêmica

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CONSIDERAÇÕES ACERCA DA PRIMEIRA ENTREVISTA NA TERAPIA SISTÊMICA 
 
* (Maria Angélica Vitoriano da Silva r). 
_____________________________________________________________________________________________ 
 
A primeira premissa para que se possa optar por trabalhar numa perspectiva Sistêmica é que haja uma 
disponibilidade interna do Terapeuta em pensar sistemicamente, assim como do cliente, para que a sua 
adesão ao trabalho seja facilitada. 
Mas o que podemos dizer que seja pensar sistemicamente? 
Penso que pensar sistemicamente se assemelha com as criativas brincadeiras infantis. 
Outro dia observava uma criança construindo uma espécie de “engenhoca”, onde tudo estava ligado a 
tudo numa ordem tão natural e ao mesmo tempo tão complexa, que se fosse retirada alguma daquelas 
peças, por menor ou mais distante que parecesse, comprometeria o funcionamento das demais partes. 
Acho que é assim que podemos pensar sobre o que é pensar sistemicamente: vendo-nos em conexões 
interligadas, em teia, teias que se unem, se conectam. 
É pensar o ser humano em todas as suas dimensões física, mental, emocional e espiritual, em relação 
com outros, com o contexto familiar, social, cultural, econômico, religioso, etc. 
É óbvio que isto não significa desprezar o indivíduo e suas idiossincrasias. Mas o que não podemos é 
aprisioná-lo à moldura que ele, na maioria das vezes traz, que lhe reduz e aprisiona. Precisamos 
entender e ampliar as possibilidades de expressão e saúde que compõem este indivíduo para que ele 
também se permita o mesmo, nesta dinâmica relacional que é o processo terapêutico. 
A Psicoterapia Sistêmica considera todo o entorno que faz parte deste indivíduo, e que vai além dele. 
Por isto a importância que se dá a suas histórias de vida, incluindo a de seus antepassados, sua vida 
atual, relacionamentos, trabalho, projetos futuros, enfim tudo que lhe diz respeito. 
Desta forma, no primeiro contato com o cliente, quando ele liga para agendar uma consulta, já se obtém 
informações sobre o mesmo e o seu sistema relacional, esteja ele a procura de um atendimento 
individual, para casal ou família; como se identifica, sobre quem o indicou, como se refere aos outros 
membros da família, o grau de ansiedade, a disponibilidade com horários oferecidos entre outros. 
Já na primeira entrevista, que pode ocorrer em uma única sessão ou mais de uma, obtém-se mais 
algumas informação a respeito do sistema (indivíduo, casal ou família) em atendimento, informações 
estas que não se esgotam na fase de entrevistas, pois a cada encontro o novo pode emergir. 
Em se tratando de atendimento a casal ou família a entrevista com todos os membros é um rico recurso 
para explorar todo o grupo familiar em interação e se ter uma percepção mais ampliada, através da 
comunicação, de como se conectam entre si, os membros da família. 
Algumas orientações de ações e modelos de entrevistas são oferecidas pelas diferentes escolas que 
deram origem a Terapia Sistêmica, as quais, de um modo geral, têm como objetivo estimular a 
competência das famílias na resolução de seus “problemas” e reduzir a ansiedade familiar, o que 
 
 
 
 
proporciona o estabelecimento da criação de condições favoráveis para a mudança, já que é a mudança 
que se busca em terapia. 
Podemos então, lembrar que a entrevista inicial em Terapia Sistêmica, à semelhança de outras tantas 
escolas e abordagens terapêuticas, possui uma estrutura que pode ser compreendida em como fases ou 
etapas, as quais resumimos sinteticamente da seguinte forma: 
Fase social 
Nesta fase se estabelece o primeiro contato. Neste momento, principalmente para os neófitos (tanto 
Terapeutas como clientes), há uma certa tensão, portanto, uma atmosfera agradável deve ser 
estabelecida para que todos possam se sentir confortáveis e, assim o Terapeuta pode estar mais atento 
às comunicações verbais e não verbais. 
É importante, para que haja “co-participação”, por parte do sistema em atendimento, que o Terapeuta 
utilize a “mesma linguagem” que a família, assim como demonstre respeito pelas regras, cultura e 
crenças. 
Utilizando o questionamento circular o terapeuta convida as pessoas a se apresentarem e só depois é 
que vão trazer o que os leva a terapia, atitude que proporciona uma redução da ansiedade. Até porque 
neste diálogo o problema que traz a terapia vai surgindo mas ele passa a ser fundo e o individuo/família, 
a figura. 
Fase da definição do problema 
É quando o Terapeuta começa a “investigar” através do questionamento circular, o que o sistema pensa 
sobre o problema apresentado. Se casal ou família, o que cada um pensa, sobre os outros membros e 
sobre a família de um modo geral. Observa as fronteiras intra e extra-familiares do sistema. Portanto, é 
importante que nesta fase todos expressem a sua posição quanto ao que se apresenta bem como, que o 
Terapeuta questione quanto ao tempo de duração do “problema”, as resoluções que já foram tentadas 
e os resultados obtidos. 
Fase de intervenção 
Nesta fase se explora a estrutura familiar; as regras interativas entre os elementos e subsistemas da 
família ficam mais claros; procura-se conhecer as alianças e coalizões e observa-se melhor as formas 
comunicações através do incentivo ao diálogo entre as pessoas presentes. Para tanto, aconselha-se que 
o Terapeuta fique atento as tensões, digressões, procurando manter o foco no problema apresentado. 
Fase encerramento 
Nesta fase, há uma compreensão geral acerca de como o sintoma surgiu e se manteve. Neste momento 
há uma devolução por parte do Terapeuta do que fora observado e, é o momento em que se delineia a 
continuação da terapia iniciada estabelecendo as regras contratuais quanto a horários, honorários, sigilo 
entre outros aspectos. 
Como observamos a Entrevista na Terapia Sistêmica pode ser definida em etapas distintas, as quais, 
salientamos, não são estanques mas se entrelaçam como numa dança em que se dá um passo e outros 
passos, mas os passos isolados não são a dança, a dança é conjunto de todos os passos, dos dançarinos, 
da música e o contexto onde ela ocorre. 
Referências bibliográficas: 
 
 
 
 
Andolfi, M. e Angelo, C. Tempo e mito em psicoterapia familiar. Ed. Artes Médicas, Porto Alegre, 1989. 
Minuchin, Salvador. Famílias: funcionamento e tratamento. Ed. Artes Médicas, Porto Alegre, 1982. 
Haley, Jay. Psicoterapia Familiar: um enfoque centrado no problema. Interlivros, Belo Horizonte. 1979.

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