Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com CURSO PREPARATÓRIO PARA DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL DIREITO PENAL – PROF. RICARDO GALVÃO PRESCRIÇÃO 1. Considerações Iniciais: Prescrição é apenas uma das criaturas elencadas no art. 107 do Diploma Punitivo pátrio como uma das causas de extinção de punibilidade (inciso IV). É muito comum a confusão entre prescrição e decadência, e isso não é problema que atinge exclusivamente o Direito Penal. A decadência, no entanto, embora também tenha o condão de extinguir a punibilidade, deve ser entendida como a perda de um direito potestativo, ou seja, a perda de um direito que confere ao seu titular um poder que se exerce, facultativamente, ainda que sem a concordância de quem quer que seja. No âmbito criminal, como vocês já viram com Sid Trigueiro, esse poder pode estar relacionado ao direito de oferecer queixa (ação penal privada) ou de representar criminalmente (ação penal pública condicionada). Ainda quanto à decadência, como a lei estabelece poder a alguns indivíduos, em dadas situações, esse poder é limitado no tempo, até porque não é recomendável que o indivíduo seja “eternamente poderoso”. O limite temporal para o exercício de um direito potestativo, dessa forma, é sempre decadencial (no âmbito criminal, esse prazo, como regra geral, é de seis meses, contados do conhecimento da autoria da infração). A prescrição não deve se confundir com esse prazo. A prescrição não é a perda de um direito potestativo, mas, sim, a perda de uma pretensão. Como assim, Ricardo? Que peste é essa? Eu explico: a partir do momento em que um crime é cometido, o Estado passa a ter uma pretensão (interesse) de punir o agente pela prática do delito e, caso o Estado não exerça essa pretensão, em tempo legalmente definido, ele perde essa pretensão. A perda dessa pretensão de punir em virtude do escoamento de determinado lapso temporal é, assim, prescrição. Vejam como é diferente da decadência! 2. Espécies Básicas de Prescrição: Detalhando melhor o tema, a pretensão que o Estado possui contra um autor de uma infração não é apenas uma pretensão de punir (pretensão punitiva). Às vezes o Estado consegue punir o agente em tempo hábil, mas não consegue executar o título condenatório em tempo definido legalmente. Como assim? Vamos imaginar que o crime tenha sido praticado hoje, ano que vem ocorre a condenação definitiva contra o acusado (dentro do tempo que a lei Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com estabelece para o Estado exercer a pretensão punitiva), mas o que pode acontecer é que, após isso, o Estado não tenha competência (no sentido de falta de habilidade e/ou interesse) para prender o condenado a fim de que sua pena seja executada. Após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória, o Estado passa, assim, a ter outro tipo de pretensão. Não se trata mais da perda de uma pretensão punitiva (porque o Estado conseguiu formar contra o agente um título condenatório), mas sim de uma pretensão executória (concretizando a sanção definida no título). O Estado pode ter, em suma, dois tipos de pretensão: pretensão punitiva (até o trânsito em julgado do título condenatório) e pretensão executória (a partir desse trânsito em julgado). prescrição da pret. punitiva prescrição da pret. executória Se a prescrição se resumisse a essas duas modalidades, a matéria seria muito simples. O problema é que a prescrição da pretensão punitiva pode se subdividir em várias modalidades: 1. prescrição da pretensão punitiva propriamente dita (regulada pela pena do crime em abstrato -‐ PPA); 2. prescrição da pretensão punitiva intercorrente (regulada pela pena do crime em concreto – pena efetivamente aplicada pelo magistrado -‐ PPI); 3. prescrição da pretensão punitiva retroativa (pena concreta -‐ PPR). A prescrição da pretensão executória (PPE) é sempre ligada à pena efetivamente imposta no título condenatório, ou seja, sempre pela pena em concreto. Neste momento, você deve estar pensando: -‐ Não estou entendendo nada desse negócio de “pena abstrata” e “pena em concreto”. Eu explico: vamos imaginar que um homicídio tenha sido praticado há cinco anos atrás e, até hoje, nenhum procedimento criminal conseguiu identificar o responsável pelo delito contra a vida. O que está acontecendo com a prescrição (claro que punitiva, já que nem processo e nem condenação houve) nesse período? Ora,a prescrição está correndo solta! Até que prazo? O art. 109 do CPB estabelece os limites temporais para a prescrição, a depender da sanção cominada à infração, ou seja, da pena em abstrato. Na forma simples, a pena máxima cominada ao homicídio é de 20 (vinte) anos. Ora, pelo art. 109 do CP, qual o prazo de prescrição para um ≈ ≈ FATO TRANS. EM JULGADO Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com delito cuja pena máxima seja tão elevada? 20 anos também (art. 109, I, CBP). Veja que, neste exemplo, o que limita o exercício da pretensão punitiva do Estado é a pena em abstrato, já que nem processo houve, quanto mais condenação ou pena concretizada... Então, a prescrição penal começa a ser analisada pela pena em abstrato e, às vezes, é disciplinada pena em concreto (quando há sentença condenatória transitada em julgado pelo menos para a acusação – porque assim não há risco da pena ser elevada em eventual recurso interposto pela defesa, já que se proíbe a reformatio in pejus). 3. Prazos de Prescrição: Não se preocupem com eles porque sua prova será com consulta e esses prazos estão relacionados no art. 109 do CPB, como dito: Art. 109. A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, salvo o disposto no § 1o do art. 110 deste Código, regula-‐se pelo máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime, verificando-‐se: I -‐ em vinte anos, se o máximo da pena é superior a doze; II -‐ em dezesseis anos, se o máximo da pena é superior a oito anos e não excede a doze; III -‐ em doze anos, se o máximo da pena é superior a quatro anos e não excede a oito; IV -‐ em oito anos, se o máximo da pena é superior a dois anos e não excede a quatro; V -‐ em quatro anos, se o máximo da pena é igual a um ano ou, sendo superior, não excede a dois; VI -‐ em 3 (três) anos, se o máximo da pena é inferior a 1 (um) ano. Lembrem-‐se que, para tais prazos, há fatores de redução. Esses fatores estão no art. 115 do CPB: Art. 115 -‐ São reduzidos de metade os prazos de prescrição quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos. IMPORTANTE! Lembre-‐se que não são todos os idosos (pessoas maiores de 60 anos) que têm direito à redução prevista neste dispositivo, mas, apenas, aqueles que, na data da sentença tivessem mais de 70 (setenta) anos. Como ficam esses prazos se os crimes tiverem qualificadoras? Aqui, não há qualquer problema porque, como já foi explicado em aulas passadas, se o crime é qualificado, há sempre cominações novas de sanções e o prazo de Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com prescrição deve ser definido pelo seu máximo. Por exemplo: o furto simples (art. 155, caput, CPB) tem pena máxima de 4 (quatro) anos, o que faz com que a prescrição pela pena em abstrato seja de 8 (oito) anos, nos termos do art. 109, IV, CP; o furto qualificado (art. 155, § 4º, CPB) tem pena máxima de 8 (oito) anos, o que eleva o prazo prescricional, pela pena em abstrato, para 12 (doze) anos, nos termos do art. 109, III, CPB. E se a infração penal possuir alguma causa de aumento ou de diminuição de pena (majorantes e minorantes)? Para efeito de contagem do prazo de prescrição, levam-‐se em conta esses aumentos e diminuições? Sim. As majorantes e minorantes devem ser levadas em conta para o cálculo do prazo prescricional, aumentando ou diminuindo o máximo cominado de pena ao delito pela proporção matemática definida ao caso (1/2, 1/3, 2/3 etc.). IMPORTANTE! Às vezes a lei estabelece prazos variáveis de aumento e diminuição. P. ex.: diminui-‐se a pena de 1/3 a 2/3, ou, aumenta-‐se a pena de 1/6 até 1/2. Nestes casos, como se identificar a exata proporção matemática a incidir sobre a pena máxima da infração? Sempre deve se utilizar o que mais aumenta ou menos diminui (o que for pior para o acusado, em resumo). Como assim? Agora lascou! Lascou não. Vê só: o furto, em sua forma simples, não tem pena máxima de 4 (quatro) anos? Tem. Então, se o furto for tentado (art. 14, II, CPB), como saber o prazo máximo para regular a prescrição? Fácil: qual a proporção matemática da tentativa que menos diminui? 1/3! Então, pegue a pena máxima de 4 anos do furto, diminua de 1/3 (você obtêm, ao final, uma pena de2 anos e 8 meses) e volte para o art. 109 do CPB para ver o prazo da prescrição em abstrato. As circunstâncias agravantes (arts. 61 e 62, CPB) e atenuantes (arts. 65 e 66, CPB) são levadas em conta na análise do prazo prescricional pela pena em abstrato? NÃO! Ponto final e não perca tempo discutindo! Kkkk (risadas para amenizar a grosseria). 4. Espécies de Prescrição da Pretensão Punitiva: A) Prescrição da Pretensão Punitiva Propriamente Dita (Pena em Abstrato) -‐ PPA: prescrição da pret. punitiva propriamente dita ≈ FATO (ART. 111, CPB) Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com Qual o termo inicial para a contagem da prescrição? -‐ Fácil, Ricardo, você já falou antes que seria da data do fato delituoso! – Verdade! Mas, para ser chato, quando o fato delituoso se considera praticado? No dia em que ele se consumou (art. 111, I, CPB). LEMBRE-‐SE: essa regra para a contagem da prescrição adota a teoria do resultado, sendo, assim uma exceção à teoria da atividade adotada pelo Código Penal brasileiro, como regra geral (art. 4º, CPB). CRIMES TENTADOS: data do último ato de execução (art. 111, II, CPB). CRIMES PERMANENTES: do dia em que cessou a permanência (art. 111, III, CPB). BIGAMIA, FALSIFICAÇAO E ALTERAÇÃO DE ASSENTAMENTOS DO REGISTRO CIVIL: data em que o fato se tornou conhecido (art. 111, IV, CPB). CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES: data em que a vítima completar 18 anos, salvo se já houver sido proposta, antes, a ação penal (art. 111, V, CPB). IMPORTANTE! Lembrar que essa última hipótese só foi inserida no CPB pela Lei nº 12.650, de 17/5/2012, conhecida como Lei Joana Maranhão por conta do caso de abuso sexual envolvendo a nadadora pernambucana. Como se trata de lei penal mais grave, não pode atingir os fatos cometidos antes dessa data que, assim, ficam sujeitos às regras anteriores de contagem do prazo prescricional – data da consumação. Neste instante, você pode estar se perguntando se esse prazo corre livre e solto ou se ele pode se sujeitar a causas de interrupção e suspensão. A resposta é positiva e, realmente, há situações que levam à interrupção do prazo, zerando-‐o e recomeçando a contagem a partir daí; ou à suspensão, congelando-‐o e recomeçando de onde havia parado. As causas de interrupção da prescrição estão no art. 117 do CPB: Art. 117 -‐ O curso da prescrição interrompe-‐se: I -‐ pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II -‐ pela pronúncia; (SÓ PARA CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA) Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com III -‐ pela decisão confirmatória da pronúncia; (SÓ PARA CRIMES DOLOSOS CONTRA A VIDA) IV -‐ pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V -‐ pelo início ou continuação do cumprimento da pena; (SÓ INTERESSA À PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA) VI -‐ pela reincidência. (SÓ INTERESSA À PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA) § 1º -‐ Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-‐se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º -‐ Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. As causas de suspensão da prescrição estão relacionadas no art. 116 do CPB: Art. 116 -‐ Antes de passar em julgado a sentença final, a prescrição não corre: I -‐ enquanto não resolvida, em outro processo, questão de que dependa o reconhecimento da existência do crime; II -‐ enquanto o agente cumpre pena no estrangeiro. Parágrafo único -‐ Depois de passada em julgado a sentença condenatória, a prescrição não corre durante o tempo em que o condenado está preso por outro motivo. IMPORTANTE! Lembrar a existência de outras causas de suspensão de prescrição previstas na Constituição Federal, na legislação processual penal e em leis extravagantes, a exemplo do art. 53, § 5º, CF/88; art. 366 e 368, CPP etc. Diante do que foi analisado, até agora, damos um exemplo de prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato relativamente ao crime de furto simples. Com pena máxima de 4 anos, a sua prescrição, pela pena abstrata, ocorreem 8 anos e, entre a data do fato e a primeira causa de interrupção (recebimento da inicial acusatória) não pode ser ultrapassado prazo maior do que este último mencionado, sob pena de ser extinta a punibilidade do agente pela PPPA. Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com PRESCRIÇÃO PELA PENA ABSTRATA: 3 ANOS 9 ANOS NÃO-‐PRESCRIÇÃO PELA PENA ABSTRATA: 3 ANOS 6 ANOS OBSERVAÇÃO: dá um pouco mais trabalho quando o crime é doloso contra a vida por conta do número maior de causas de interrupção, mas o examinador tem o dever de especificar, no enunciado, todas as datas referentes a todas as causas de interrupção que sejam importantes para solucionar o problema apresentado. B) Prescrição da Pretensão Punitiva Superveniente (Pena em Concreto – PPS): FATO RECEBIMENTO PUBLICAÇÃO DA TRÂNS. EM JULG. DA INICIAL SENT. COND. PARA A ACUS. ≈ ≈ FATO RECEBIMENTO DA INICIAL ≈ ≈ FATO RECEBIMENTO DA INICIAL ≈ PUBL DA SENTENÇA CONDENATÓRIA PUBL DA SENTENÇA CONDENATÓRIA ≈ Não é causa de interrupção da prescrição Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com Antes da sentença condenatória, não há, ainda, pena concretamente estabelecida pelo julgador e, por isso, o lapso prescricional é regulado pelo máximo de pena cominada ao delito. A prescrição da pretensão punitiva superveniente é uma modalidade em que o lapso prescricional será regulado pela pena já concretizada. Para entendermos essa modalidade de prescrição: caso tenha ocorrido o trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação, corre o risco da pena ser aumentada? Obviamente, não! Ainda que pendente um recurso interposto pela defesa, não haverá aumento da sanção já definida, de modo que a pena já fixada (pena concreta) poderá regular a prescrição, a partir da publicação da sentença condenatória. Como analisar a prescrição pela pena em concreto, neste caso? Fácil! É só verificar a pena concretamente imposta e voltar ao art. 109 do CPB, verificando, ali, qual seria a prescrição para aquela pena definida pelo julgador e que não poderá mais ser aumentada. Vamos a um exemplo (acompanhe pelo gráfico anterior): crime de furto simples (pena de 1 a 4 anos – prescrição pela pena abstrata em 8 anos): * Entre o FATO e o RECEBIMENTO DA INICIAL – 1 anos * Entre o RECEBIMENTO e a PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA que condenou o réu a 2 ANOS DE RECLUSÃO – 2 anos * A partir da PUBLICAÇÃO até o dia em que houve o TRÂNSITO EM JULGADO PARA A ACUSAÇÃO – 4 anos. Perceba que a partir do momento em que ocorre o trânsito em julgado para a acusação, você pode pegar a pena concretamente aplicada, ir para o art. 109 do CPB e verificar se, por esta pena, já transcorreu lapso temporal igual ou superior ao definido em lei, tendo como início para a contagem a publicação da sentença condenatória, até a data do trânsito em julgado final (ou seja, para ambas as partes). PRESCRIÇAO INTERCORRENTE FUNDAMENTO LEGAL Art. 110, § 1º, 1ª parte do CPB JURISPRUDÊNCIA Vide S. 146 do STF a) sentença ou acórdão condenatórios; b) trânsito em julgado para a acusação; c) tem como parâmetro a pena concretizada na decisão; Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com REQUISITOS d) prazos do art. 109 do CPB, de acordo com o que foi concretizado; e) termo inicial: publicação da sentença ou acórdão condenatórios, até a data do trânsito em julgado final. C) Prescrição da Pretensão Punitiva Retroativa (Pena em Concreto – PPR): Para entendermos esse tipo específico de prescrição da pretensão punitiva, é importante utilizarmos o mesmo esquema que usamos anteriormente, agora com prazos diferentes para entendermos a sua aplicação no exemplo que traremos. 1 ano 4 anos 1 a no FATORECEBIMENTO PUBLICAÇÃO DA TRÂNS. EM JULG. DA INICIAL SENT. COND. PARA A ACUS. Em se tratando de delito de furto simples (art. 155, caput, CPB – pena máxima de 4 anos – prescrição abstrata em 8 anos), verifica-‐se que não ocorreu a prescrição da pretensão punitiva pela pena em abstrato porque em nenhum dos lapsos temporais mencionados no gráfico temos um decurso de tempo necessário a essa prescrição. Note-‐se, ainda, que ocorreu o trânsito em julgado da sentença condenatória para a acusação e, a partir daí, a pena pode ser regulada em concreto. Caso a pena imposta seja, como no item anterior, de 2 anos de reclusão, indo para o art. 109, CPB, vemos que tal prazo de prescrição será de 4 ANOS! Caso decorra 4 ANOS a partir da publicação da publicação da sentença condenatória, até o trânsito em julgado definitivo (para ambas as partes), ocorre, como vimos, a prescrição da pretensão punitiva superveniente. Beleza! Tudo já analisado! Agora, temos um problema: esse lapso de 4 anos já ocorreu, sendo que ocorreu antes da publicação da sentença condenatória, mais especificamente entre o recebimento da inicial e aquela publicação. A prescrição pela pena em concreto pode, assim, retroagir? Pode ela alcançar aquele limite temporal do passado? A resposta é SIM! E é justamente essa possibilidade tratada pelo CPB que chamamos de prescrição retroativa. Veja no gráfico: Não é causa de interrupção da prescrição Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com 4 anos 1 ano FATO RECEBIMENTO PUBLICAÇÃO DA TRÂNS. EM JULG. DA INICIAL SENT. COND. PARA A ACUS. PRESCRIÇÃO RETROATIVA pres FUNDAMENTAÇÃO LEGAL: art. 110, § 1º, 2ª parte, CPB. OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Até o advento da Lei 12.234, de 5/5/2010, era possível que a prescrição retroativa atingisse até mesmo o lapso temporal entre o fato e a data da petição inicial, o que era, obviamente, melhor para os acusados. Desde então, tal possibilidade passou a ser vedada. Sendo lei pior, só pode ser aplicada a quem tenha cometido infração penal após o seu advento (FIQUE LIGADO PARA SABER SE O CASO APRESENTADO FOI ANTERIOR A ESSA LEI PIOR!). IMPORTANTE! Não se admite a aplicação desse tipo de prescrição sem que tenha ocorrido o trânsito em julgado da decisão condenatória para a acusação. Na prática, muitos magistrados decretavam a prescrição retroativa antecipadamente, ou seja, antes mesmo desse trânsito em julgado, tendo como base uma pena possivelmente aplicada ao acusado (pena virtual). Os tribunais de cúpula no Brasil não aceitam isso. Veja o conteúdo da Súmula 438 do STJ: É inadmissível a extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão punitiva com fundamento em pena hipotética, independentemente da existência ou sorte do processo penal. PENA IMPOSTA: 2 ANOS (PRESCRIÇAO EM 4 ANOS) Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com 5. Prescrição da Pretensão Executória (Pena em Concreto – PPE): Já dissemos o que esta forma de prescrição significa e mostramos as diferenças básicas entre ela e a prescrição da pretensão punitiva. Sua fundamentação legal está no caput do art. 110 do CPB. Pode-‐se falar nessa espécie de prescrição após o trânsito em julgado definitivo, é dizer, o trânsito em julgado da condenação para ambas as partes. Regula-‐se pela pena em concreto, analisando-‐se no art. 109 do CPB qual seria o tempo que o Estado teria para executar a sanção imposta, adicionando-‐se de 1/3 caso o condenado seja reincidente. Art. 110 -‐ A prescrição depois de transitar em julgado a sentença condenatória regula-‐se pela pena aplicada e verifica-‐se nos prazos fixados no artigo anterior, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente. Contudo, deve-‐se atentar para o seguinte: embora só possamos falar em prescrição da pretensão executória após o trânsito em julgado definitivo, quando tal quadro se estabelece, a contagem dela tem como termo inicial a data do trânsito em julgado para a acusação, nos termos do art. 112 do CPB:Art. 112 -‐ No caso do art. 110 deste Código, a prescrição começa a correr: I -‐ do dia em que transita em julgado a sentença condenatória, para a acusação, ou a que revoga a suspensão condicional da pena ou o livramento condicional; II -‐ do dia em que se interrompe a execução, salvo quando o tempo da interrupção deva computar-‐se na pena. Tenho certeza de que, agora, você pensou: Lascou! Entendi foi nada! Acertei? Bom, eu vou te ajudar porque sei que o legislador só complica a nossa vida, né? Pois bem, “prestenção”: antes do trânsito em julgado definitivo, ou seja, para ambas as partes, você não pode falar (nem pensar) em prescrição executória, ok? Se a questão se referir a esse trânsito em julgado definitivo, ela quer dizer que o prazo da PPE já pode ser contado, mas, por expressa determinação do Código Penal, nos termos do artigo 112, o início desse prazo deve ser contado do trânsito em julgado para a acusação e não do trânsito em julgado para ambas as partes. Isso é ótimo para o condenado, claro! Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com Esquematizando: TRÂNSITO EM JULG. P/ ACUS. TRÂNSITO DEFINITIVO CONTAGEM DO PRAZO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA Lembrar que, em relação a essa forma de prescrição, há casos específicos de interrupção, mencionados pelo art. 117 do CPB, que destacamos abaixo: Art. 117 -‐ O curso da prescrição interrompe-‐se: I -‐ pelo recebimento da denúncia ou da queixa; II -‐ pela pronúncia; III -‐ pela decisão confirmatória da pronúncia; IV -‐ pela publicação da sentença ou acórdão condenatórios recorríveis; V -‐ pelo início ou continuação do cumprimento da pena; VI -‐ pela reincidência. § 1º -‐ Excetuados os casos dos incisos V e VI deste artigo, a interrupção da prescrição produz efeitos relativamente a todos os autores do crime. Nos crimes conexos, que sejam objeto do mesmo processo, estende-‐se aos demais a interrupção relativa a qualquer deles. § 2º -‐ Interrompida a prescrição, salvo a hipótese do inciso V deste artigo, todo o prazo começa a correr, novamente, do dia da interrupção. Boa Viagem: Rua Visconde de Jequitinhonha, 76. tel: 34628989 e 33425049 Boa Vista: Rua Montevidéu, 276. Tel: 34230732. falecom@espacojuridico.com www.espacojuridico.com 6. Efeitos da Prescrição: Prescrição da Pretensão Punitiva Prescrição da Pretensão Executória Extingue-‐se a punibilidade, sem qualquer efeito penal ou civil de eventual sentença penal que tenha sido proferida. Lembre-‐se: o agente não se torna reincidente, não paga custas processuais, não possuirá mau s antecedentes, devem ser devolvidos os valores pagos a título de fiança, a sentença não constitui título executivo judicial em favor da vítima etc. O Estado conseguiu formar título condenatório hábil contra o agente, embora não tenha tido competência apenas para executá-‐lo. Extingue-‐se apenas a pena do agente. Todos os demais efeitos permanecem: reincidência, formação de título executivo em favor da vítima etc. 7. Prescrição da Multa: Quanto à prescrição da pena de multa, ficar atento ao que dispõe o art. 114 do CPB: Art. 114 -‐ A prescrição da pena de multa ocorrerá: I -‐ em 2 (dois) anos, quando a multa for a única cominada ou aplicada; II -‐ no mesmo prazo estabelecido para prescrição da pena privativa de liberdade, quando a multa for alternativa ou cumulativamente cominada ou cumulativamente aplicada 8. Súmulas sobre o tema: STJ: 191, 220, 415, 438. STF: 497, 709.
Compartilhar