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Revisional de Financiamentos de veículos e outros contratos bancarios

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RONILDO DA CONCEIÇÃO MANOEL
REVISIONAL DE FINANCIAMENTOS 
DE VEÍCULOS E OUTROS CONTRATOS 
BANCÁRIOS
Doutrina, Legislação, Jurisprudência e Prática 
Leasing
Cheque Especial 
Arrendamento Mercantil 
Crédito Direto ao Consumidor (CDC)
Laudo Pericial Judicial e Extrajudicial
Ia Edição
REVISIONAL DE FINANCIAMENTOS 
DE VEÍCULOS E OUTROS CONTRATOS 
BANCÁRIOS
Doutrina, Legislação, Jurisprudência e Prática 
Leasing
Cheque Especial 
Arrendamento Mercantil 
Crédito Direto ao Consumidor (CDC)
Laudo Pericial Judicial e Extrajudicial
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- Graduado em Gestão de Processos Gerenciais pela FACINTER/PR [ên­
fase em gestão financeira e tributária].
- Contabilista inscrito no CRC/PR sob n.° 050.461/0-1;
- Pós-graduando [MBA) em Gestão Bancária e Finanças Corporativas, 
ESAB-Londrina/PR.
- Curso Superior de Filosofia Licenciatura pela UFSC (Universidade Fe­
deral de Santa Catarina);
- Consultor Tributário e Articulista da Revista Contábil NetLegis (Portal 
Contábil e Jurídico - www.netlegis.com.br), Portal InfoBip (www.infobip. 
com.br), Banco de Informações privilegiadas, com consultoria fiscal e 
tributária, Classe Contábil (www.dassecontabil.com.br) e InterFisco 
(www.interfisco.com.br) e Plênnitus Consultoria & Auditoria Contábil.
- Atua como perito financeiro e grafotécnico nas varas cíveis do interior 
do Paraná.
- Autor dos livros:
- Perito-contador: com foco na área econômico-financeira, Editora Juruá, 
Curitiba, 2005,;
- Como se Defender dos Juros Abusivos nos Contratos Bancários", 2010, 
Leme/SP., Habermann Editora;
- Gestão de Projetos Ambientais: ativos e passivos ambientais, Clube de 
Autores, 2010, SP;
- A inconstitucionalidade do FUNRURAL e sua restituição na prática, 
2011, São Paulo, RCN;
RONILDO DA CONCEIÇÃO MANOEL
ÍNDICE
1 - Introdução..........................................................................................................01
2 - Noções Gerais de Financiamentos de Veículos..............................................03
2.1 - Diferença entre Leasing/Arrendamento Mercantil e CDC..................... 03
2.1.1 - O que é Leasing ou Arrendamento Mercantil?..............................03
2.1.2 - O que é CDC ou Financiamento de Veículos?.............................. 06
2.2 - Importância dos Financiamentos de Veículos para a Economia
Brasileira.................................................................................................. 07
2.3 - Modalidades de Arrendamento Mercantil.............................................. 10
2.3.1 - Arrendamento Mercantil Financeiro e/ou Operacional................11
3 - Lucros das Instituições Financeiras................................................................ 15
3.1 - Lucro dos Bancos no Brasil - 2003 a 2010.............................................16
3.2 - Temas Polêmicos e Pacificados no STJ: anatocismo, taxas de juros
remuneratórios, manutenção na posse, depósitos das parcelas 
incontroversas e/ou devidas e comissão de permanência cumulativa 
com encargos moratórios e remuneratórios - Súmulas 30 e 296 do 
STJ.......................................... ................................................................ 22
3.2.1 - Anatocismo....................................................................................... 23
3.2.1.1 - Proibição de Anatocismo - Jurisprudência do Tribunal de
Justiça do Paraná......................................................................... 31
3.2.1.2 - Anatocismo após o Sistema de Julgamento em Recursos
Repetitivos.................................................................................. 38
3.2.2 - Taxas de Juros Remuneratórios - Média de Mercado ou Lei
de Usura? - Importância da Perícia Judicial para Apuração 
da Taxa de Juros............................................................................. 40
3.2.3 - Manutenção na Posse do Bem Arrendado e/ou Financiado
- Possibilidade Quando há Depósito Judicial da Quantia 
Considerada Devida e/ou Incontroversa e Desconfiguração 
da Mora - Pacificação da Jurisprudência do STJ.........................152
3.2.4 - Depósito das Parcelas Devidas e/ou Incontroversas 164
3.2.5 - Comissão de Permanência - Cumulação com outros Encar­
gos Moratórios ou Remuneratórios - Proibição com Base na 
Jurisprudência do STJ.................................................................... 166
3 - Taxas de Juros de Financiamentos de Veículos - Comparação en­
tre Juros Cobrados e Média de Juros de Mercado - Tarifas Ilegais 
Cobradas - Repetição de Indébito - Cabimento.....................................178
3.3.1 - Planilhas Demonstrativas de Indébito Quando Compa­
radas com as Taxas de Juros Cobradas em Relação às 
Taxas Médias de Mercado - Exemplos de Demonstrativo 
de Indébito para Pessoas Físicas e Jurídicas...............................192
3.3.2. Modelos de Laudos Periciais Extrajudiciais para Funda­
mentar Ações Declaratórias de Nulidade de Contratos 
Bancários Cumulada com Repetição de Indébito - Casos 
Concretos........................................................................................ 200
3.3.2.1 - Laudo Pericial Contábil Extrajudicial Demons­
trando Indébito com Depósito Judicial das Parcelas 
Incontroversas até Julgamento Definitivo do Mérito
- Contrato de Arrendamento Mercantil...........................200
I - Preliminares.....................................................................................201
II - Dos Procedimentos Adotados....................................................... 201
III - Objeto............................................................................................202
IV - Finalidade......................................................................................202
V - Parecer Técnico com Fundamentação Jurisprudencial...............202
V.I - Parcela Incontroversa - Jurisprudência - decisão do 
Tribunal de Justiça do Paraná balizada em parecer técnico 
contábil de perito paranaense...................................................202
V.II - Parecer Técnico com fundamentação jurisprudencial
- Ausência de mora do Devedor - Mora do 
Credor - Iliquidez e Incerteza do pretenso débito 
cobrado - contraprestação pecuniária abusiva de 
leasing....................................................................................... 207
VI - Fator de arrendamento mercantil pela média de mercado -
contraprestação pecuniária - VRG - fundamentação técnica, 
doutrinária e jurisprudencial.......................................................211
VI.I - Da inadmissibilidade da cumulação de comissão de 
permanência com correção monetária, juros moratórios, 
remuneratórios e multa - súmulas 30 e 296 do STJ...................218
VII - Conclusão.................................................................................... 221
3.3.2.2 - Laudo Pericial Contábil Extrajudicial Demonstrando
Indébito a ser Restituído ao Arrendatário em Virtude 
de Devolução do Bem ao Arrendador.,..............................222
I - Preliminares......................................................................................222
II - Dos procedimentos adotados................................................ . ..222
III-Objeto...............................................................................................223
IV - Finalidade............................................................................. 223
V - Parecer técnico comfundamentação jurisprudencial................ ..223
V.I - Devolução do VRG pago nas parcelas - cabimento.................224
V.I1 - Parecer técnico com fundamentação jurisprudencial
- ausência de mora do devedor - mora do credor - 
iliquidez e incerteza do pretenso débito cobrado - 
contraprestação pecuniária abusiva de leasing..................... 226
VI - Fator de arrendamento mercantil pela média de mercado -
contraprestação pecuniária - VRG - fundamentação técnica, 
doutrinária e jurisprudencial....................................................... 230
VI.I - Da inadmissibilidade da cumulação de comissão de
permanência com correção monetária, juros moratórios, 
remuneratórios e multa - súmulas 30 e 296 do STJ.............. 237
VII - Conclusão..................................................................................... 240
3.3.2.3 - Laudo Pericial Contábil Extrajudicial - Parecer Téc-
nico-Contábil e Financeiro Demonstrando Indébito a 
ser Compensado com Redução de Parcelas a serem 
Consignadas no Valor Mensal de R$ 732,32.....................241
I - Preliminares..................................................................................... 241
II - Dos procedimentos adotados........................................................ 241
III-Objetos 242
IV - Finalidade...................................................................................... 242
V - Parecer técnico com fundamentação jurisprudencial.................. 242
V.I - Parecer técnico com fundamentação jurisprudencial
- ausência de mora do devedor - mora do credor - 
iliquidez e incerteza do pretenso débito cobrado..................243
VI - Dados da economia brasileira segundo o Banco Central
- prova eficaz da abusividade das taxas de juros nas 
operações de crédito (cheque especial, crédito pessoal, 
etc).............................................................................................. 247
VII - Média da taxa de mercado, segundo as normas do banco
central - jurisprudência dominante do ST]..............................249
VII.I - Disposições técnico-contábeis e financeiras nos contra­
tos de cheque especial - disposições regulamentadas 
pelo Banco Central - violação às normas técnicas pelas 
instituições financeiras - Código de Defesa do Consumidor 
bancário...................................................................................... 253
VII.II - Dos juros abusivos - contratos bancários - cheque
especial - crédito rotativo....................................................255
VII.III - Aplicação da taxa de juros de mercado ao cheque 
especial de acordo com jurisprudência pacífica do 
STJ - mas qual o percentual razoável da taxa de 
mercado?.............................................................................. 257
VII.IV - Da inadmissibilidade da cumulação de comissão 
de permanência com correção monetária, juros 
moratórios, remuneratórios e multa - súmulas 30 e 
296 do STJ........................................................................... 261
VII.V - Da ilegalidade do anatocismo - Súmula 121 do Supremo
Tribunal Federal...................................................................... 264
VIII - Conclusão................................................................................... 264
3.3.2.4 - Laudo Pericial Contábil Extrajudicial de Extratos de 
Conta Corrente de Cheque Especial Demonstrando 
Indébito.................................................................................265
I - Preliminares..................................................................................... 266
II - Dos procedimentos adotados.........................................................266
III-Objeto s 266
IV-Finalidade.... . 267
V - Parecer técnico-contábil, de natureza financeira, com
fundamentação jurisprudencial..................................................267
V.I - Parecer técnico com fundamentação jurisprudencial - 
ausência de mora do devedor - mora do credor - repetição 
de indébito pela cobrança de juros acima da média de 
mercado....................................................................................... 268
VI - Dados da economia brasileira segundo o Banco Central
- prova eficaz da abusividade das taxas de juros nas 
operações de crédito (cheque especial - cheque ouro, 
crédito pessoal, etc).................................................................... 268
VII - Média da taxa de mercado, segundo as normas do Banco
Central - jurisprudência dominante do STJ - recursos 
repetitivos....................................................................................269
VII.I - Disposições técnico-contábeis e financeiras nos 
contratos de cheque especial (cheque ouro) - 
disposições regulamentadas pelo Banco Central
- relatório de economia bancária e crédito de 
2002 a 2008 - juros e spread bancário - dados 
do BACEN - Código de Defesa do Consumidor 
bancário................................................................................. 276
VI1.1.I - Projeto juros e spread bancário de autoria do Banco 
Central - avaliação das taxas de juros média de 
mercado entre 2002 a 2009................................................. 278
VII.II - Dos juros abusivos - contratos bancários - cheque
especial (cheque ouro) - crédito rotativo...........................279
VII.III - Aplicação da taxa de juros de mercado ao cheque 
especial (cheque ouro) de acordo com jurisprudência 
pacífica do STJ - mas qual o percentual razoável da 
taxa de mercado? - taxas de juros discrepantes.................281
VII.IV - Da inadmissibilidade da cumulação de comissão 
de permanência com correção monetária, juros 
moratórios, remuneratórios e multa - Súmulas 30 e 
296 do STJ............................................................................287
VII.V - Da ilegalidade do anatocismo - Súmula 121 do Supremo
Tribunal Federal...................................................................... 290
VIII - Conclusão 290
3.4 - Modelos de Laudos Periciais Judiciais: Cheque Especial, CDC,
Veículos e Arrendamento Mercantil................. ................................... 293
3.4.1 - Modelo de Laudo Pericial Judicial - Arrendamento
Mercantil - Liquidação de Sentença....................................294
3.4.2 - Modelo de Laudo Pericial Judicial - Arrendamento
Mercantil - Demonstra Redução da Dívida........................ 298
3.4.3 - Modelo de Laudo Pericial Judicial - Diversos Contratos:
Arrendamento Mercantil, CDC e FINAME......................... 301
I - Preliminares..................................................................................... 302
II - Natureza da perícia.........................................................................302
III - Objeto da perícia...........................................................................302
IV - Finalidade da perícia.....................................................................302
V.- Diligências...................................................................................... 303
VI - Laudo pericial................................................................................ 303
VI.I - Quesitos apresentados pelo requerente (Fls. 465-466)...........303
VI.II - Quesitos apresentados pelo requerido (Fls. 467-468)........... 309
VII - Conclusão do laudo pericial........................................................310
3.4.4 - Modelo de Laudo Pericial Judicial - Cheque Especial - 
fundamentado nos pontos controvertidos fixados pelo 
juiz e evidenciados pelas partes, buscando esclarecer 
se há quantum debeatur a favor do réu ou indébito a 
favor da autora, em conformidade com os extratos e
contratos juntados nos autos.................................................. 311
I - Preliminares..................................................................................... 311
II - Naturezada perícia.........................................................................312
III - Objeto da perícia...........................................................................312
IV - Finalidade da perícia.....................................................................312
V.- Diligências.......................................................................................312
VI - Laudo pericial................................................................................313
VI.I - Quesitos apresentados pelo réu (Fls. 521-523)....................... 313
VI.II - Quesitos do requerente (Fls. 525-527)....................................322
VI.II.I - Quesitos suplementares do requerente (Fls. 538-539)...322
VII - Esclarecimentos técnicos finais - Conclusão, 
VIII-Anexos.................................................................. 332
327
3.4.5 - Modelo de Laudo Pericial Judicial - Cheque Especial -
Fundamentado em: a)nulidade de alguns lançamentos 
em conta corrente; b)nulidade parcial do Contrato de 
Abertura de Crédito em conta corrente - Cheque Ouro 
Empresarial; da Escritura de Confissão de Dívida e 
das Cédulas de Crédito Comercial; c) o valor pago de 
forma indevida com a repetição de indébito; d) a taxa 
de juros cobrada e sua legalidade; e) a capitalização dos 
juros e a inaplicabilidade da cobrança de comissão de 
permanência.............................................................................333
I - Preliminares..................................................................................... 333
H - Natureza da perícia........................................................................ 333
III - Objeto da perícia........................................................................... 334
IV - Finalidade da perícia.....................................................................334
V.- Diligências.......................................................................................335
VI - Laudo pericial............................................................................... 335
VI.I - Quesitos apresentados pela autora (Fls. 478 a 482)................335
VI.II - Quesitos do requerido (Fls.485-486).......................................346
VII - Conclusão..................................................................................... 348
VIII - Anexos.........................................................................................353
3.4.6 - Modelo de Laudo Pericial Judicial - Cheque Especial -
Demonstra Indébito - a finalidade é determinar se houve 
ou não discrepância na cobrança dos valores executados 
nos autos (já julgado extinto) e na presente demanda, e 
demonstrar o quantum realmente devido, conforme se 
extrai dos quesitos formulados pelo juiz.............................. 354
- Modelos de Petições Revisionais e/ou Ações Declaratórias................ 377
3.5.1 - Ação Declaratória de Nulidade Contratual Cumulada com 
Repetição de Indébito e Pedido de Danos Morais - CDC 
Veículos......................................................................................... 377
3.5.2 - Ação Declaratória de Nulidade Contratual Cumulada com 
Revisional das Taxas de Juros Remuneratórios e Pedidos
de Danos Morais, Exibição de Documentos, Liminar Inau­
dita Altera Parte para Exclusão das Restrições Cadastrais e 
Manutenção na Posse do Veículo - CDC Veículos....................393
3.5.3 - Ação Declaratória de Nulidade c/c Ordinária de Revisão
de Contrato de Arrendamento Mercantil, c/c Pedido de 
Depósito Judicial Incidental e Antecipação dos Efeitos da 
Tutela para Manutenção na Posse e Exclusão dos Cadastros 
Restritivos......................................................................................421
3.5.4 - Ação Declaratória de Nulidade Contratual [Cheque Es­
pecial) Cumulada com Revisional das Taxas de Juros 
Remuneratórios e Pedidos de Danos Morais e Liminar 
Inaudita Altera Parte para Exclusão das Restrições 
Cadastrais...................................................................................... 444
3.5.5 - Ação Declaratória de Nulidade Contratual Cumulada com
Revisional e Repetição de Indébito e Liminar ou Tutela 
Antecipada para Consignação em Pagamento - Cédula de 
Crédito Bancário para Aquisição de Veículo............................. 466
3.6 - Contestação à Ação de Busca e Apreensão - CDC Veículos................. 486
3.6.1 - Réplica à Contestação em Ação Declaratória de Nulida­
de de Contratos Bancários - Quando Há Capitalização, 
Deve Haver Repetição do Indébito em Dobro Conforme 
Entendimento do TJ/PR............................................................... 526
4 - Conclusão.......................................................................................................... 543
5 - Devolução do VRG (Valor Residual Garantido) Quando Pago
Antecipadamente.......................................................................................... 545
6 - Purgação da Mora - Somente Parcelas Vencidas e/ou Vincendas?
Integralidade da Dívida Pendente................................................................ 574
7 - Bibliografia........................................................................................................585
8 - Referências Bibliográficas...............................................................................585
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 1
1 - Introdução.
Após uma leitura atenta e minuciosa, o leitor, em especial o 
operador de Direito e profissionais afins, estará apto a saber como 
proceder para revisar os cálculos relacionados a contratos bancários, 
com ênfase para financiamento de veículos e operações de arrendamento 
mercantil ou leasing.
As operações de créditos para aquisição de veículos têm grande 
importância para movimentar a economia brasileira, por isso milhões de 
brasileiros recorrem às instituições financeiras para financiamento de 
seus veículos, caminhões, máquinas e equipamentos, dentre outros.
O problema é quando as taxas de juros cobradas extrapolam a 
média de mercado divulgada pelo Banco Central, levando alguns clientes 
bancários a inadimplir.
Através desta obra literária, demonstraremos as principais teses 
técnicas e jurídicas já pacificadas pelo STJ (algumas, pelo menos] em 
contraposição às controvérsias ainda existentes, já considerando o novo 
Sistema de Julgamentos em Recursos Repetitivos.
Demonstraremos ainda diversos modelos de laudos periciais 
extrajudiciais e judiciais de financiamentos de veículos, leasing, FINAME, 
Cheque Especial e empréstimos em geral, com o propósito de evidenciar 
com clareza quanto estamos pagando a mais quando há taxas de juros 
discrepantes em comparação às taxas médias de juros de mercado.
Finalmente, o operador de Direito ainda terá em suas mãos 
modelos de petições eficientes e eficazes para revisar judicialmente os 
financiamentos de veículos e outros contratos bancários, levando-se em 
conta à exclusão do anatocismo, adequação das taxas de juros cobradas 
à média de mercado, vedação da cumulação de permanência com outros 
encargos moratórios e remuneratórios e ilegalidade de algumas tarifas 
bancárias cobradas.
Esperamos que este livro seja útil para minimizar as dores de 
cabeça com a sucumbência, pois somente quando nos dispusermos a 
falar a verdade para nossos clientes é que apreciaremos o sabor da vitória 
numa lide judicial.
2 Ropildo da Conceição Manoel
Com certeza, é possível defender plenamente os direitos dos 
consumidores, vencendo a lide, mas com responsabilidade e integridade, 
conhecendo profundamente a legislação e jurisprudência do ST] e STF, 
que regem os contratos bancários.
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 3
2 - Noções Gerais de Financiamentos de Veículos.
2.1 - Diferença entre Leasing/ArrendamentoMercantil e CDC.
2.1.1 - O que é Leasing ou Arrendamento Mercantil?
Muitos operadores do Direito, peritos judiciais, acadêmicos e, 
às vezes, alguns professores, dentre outros profissionais das Ciências 
Jurídicas, Contábeis, Administração e Econômicas, confundem-se com 
os termos técnicos relacionados às prestações de serviços e operações 
de crédito, respectivamente, denominadas leasing ou arrendamento 
mercantil e CDC (Crédito Direto ao Consumidor) ou propriamente os 
financiamentos de veículos sob a garantia de alienação fiduciária.
É bom esclarecer que as operações de leasing não são propriamente 
ditas operações de crédito, mas meras prestações de serviço, pois não há 
taxas de juros explícitas nem mesmo incidência do IOF (Imposto sobre 
Operações de Crédito, Câmbio e Seguro, ou relativas a Títulos ou 
Valores Mobiliários), considerando que não há previsão legal conforme 
se pode observar no Decreto n.g 6.339/2008.
Ainda a despeito da posição de que o arrendamento mercantil 
não é operação de crédito, vê-se na própria declaração do Presidente da 
ABEL (Associação Brasileira das Empresas de Leasing, Rafael Cardoso1:
"O leasing tem legislação específica e não é uma 
operação de credito".
De forma simples, pode-se afirmar que nos contratos de 
arrendamento mercantil, quando ajustados seguindo rigorosamente as 
normas disciplinadas pelo BACEN, não há taxas de juros explícitas.
O que seriam "taxas de juros explícitas"?
1- http://www.qualisott.com.br/noticias/2008/News20080818-01.asp - Fonte: ABEL
- ] 9/08/2008 - Acesso em 21 /02/2011.
4 Ronildo da Conceição Manoel
Numa operação de arrendamento mercantil, o arrendador 
(banco, financeiras ou sociedades de arrendamento mercantil), os 
contratos não podem prever taxas de juros remuneratórios, mas 
simplesmente um fator de arrendamento que irá apurar o VRG (Valor 
Residual Garantido) e as contraprestações.
De qualquer forma, na maioria destes contratos, há cobrança 
implícita de juros, camuflada.
A forma de cálculo será vista mais adiante.
Complementando ainda esta questão, polêmica pela Doutrina, 
o BACEN (Banco Central), em seu saite oficial lançou no menu 
"Serviços ao Cidadão" (http://www.bacen.gov.br/7LEASINGFAQ) a 
"FAQ - Arrendamento mercantil (leasing)’’, com perguntas e respostas 
descomplicadas:
“1.0 que é uma operação de leasing?
0 leasing é um contrato denominado na legislação 
brasileira como "arrendamento mercantil”. As partes desse 
contrato são denominadas "arrendador” e "arrendatário", 
conforme sejam, de um lado, um banco ou sociedade de 
arrendamento mercantil e, de outro, o cliente. 0 objeto 
do contrato é a aquisição, por parte do arrendador, de 
bem escolhido pelo arrendatário para sua utilização. 0 
arrendador é, portanto, o proprietário do bem, sendo que 
a posse e o usufruto, durante a vigência do contrato, são 
do arrendatário. 0 contrato de arrendamento mercantil 
pode prever ou não a opção de compra, pelo arrendatário, 
do bem de propriedade do arrendador.
2. 0 leasing é uma operação de financiamento?
0 leasing é uma operação com características legais 
próprias, não se constituindo operação de financiamento. 
Nas operações de financiamento, o bem é de propriedade 
do mutuário, ainda que alienado, já no ato da compra.
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 5
3. Existe limitação de prazo no contrato de leasing?
Sim. 0 prazo mínimo de arrendamento é de dois anos para 
bens com vida útil de até cinco anos e de três anos para os 
demais.
Por exemplo: para veículos, o prazo mínimo é de 24 meses 
e para outros equipamentos e imóveis, o prazo mínimo é 
de 36 meses (bens com vida útil superior a cinco anos]. 
Existe, também, modalidade de operação, denominada 
leasing operacional, em que o prazo mínimo é de 90 dias.
4. É possível quitar o leasing antes do prazo definido 
no contrato?
Sim. Caso a quitação seja realizada após os prazos mínimos 
previstos na legislação e regulamentação (artigo 8B do 
Regulamento anexo à Resolução CMN 2.309, de 1996], o 
contrato não perde as características de arrendamento 
mercantil.
Entretanto, caso realizada antes dos prazos mínimos 
estipulados, o contrato perde sua caracterização legal 
de arrendamento mercantil e a operação passa a ser 
classificada como de compra e venda a prazo. Nesse caso, 
as partes devem arcar com as conseqüências legais e 
contratuais que essa descaracterização pode acarretar.
5. Pessoa física pode contratar uma operação de 
leasing?
Sim. As pessoas físicas e empresas podem contratar 
leasing.
6. Incide IOF no arrendamento mercantil?
Não. 010F não incide nas operações de leasing. 0 imposto 
que será pago no contrato é o Imposto Sobre Serviços 
(ISS).
6 Ronildo da Conceição Manoel
7. Ficam a cargo de quem as despesas adicionais?
Despesas tais como seguro, manutenção, registro de 
contrato, ISS e demais encargos que incidam sobre os 
bens arrendados são de responsabilidade do arrendatário 
ou do arrendador, dependendo do que for pactuado no 
contrato de arrendamento”.
A resolução 2.309/1996 do BACEN, ainda não revogada, 
disciplina e consolida as normas relativas às operações de arrendamento 
mercantil, tratando de modo geral e resumidamente sobre modalidades 
de arrendamento mercantil, contratos de arrendamento, operações de 
arrendamento, subarrendamentos, fontes de recursos, etc.
2.1.2 - O que é CDC ou Financiamento de Veículos?
O Crédito Direto ao Consumidor para aquisição de veículos (CDC- 
Veículos) nada mais é do que uma operação de crédito de financiamento 
de veículos ao consumidor pessoa física ou jurídica ou simplesmente 
um empréstimo que um banco ou uma instituição financeira faz ao 
consumidor final (eu, você ou uma empresa) para a compra de um carro, 
camionete, caminhão, máquinas e equipamentos ou similar.
A bem da verdade, as operações de créditos direto ao 
consumidor são destinadas a empréstimos sem direcionamento ou 
financiamentos de bens ou serviços específicos. Todavia, nesta obra 
literária o direcionamento será apenas para veículos.
O contrato de CDC prevê taxas de juros remuneratórios, CET 
(Custo Efetivo Total), neste caso só para pessoas físicas, conforme Res. 
BACEN n.e 3.517/2007, além de prazo contratual, tarifas de abertura de 
crédito e serviços de terceiros, apesar de suas ilegalidades já declaradas 
pelo Superior Tribunal de Justiça, mais adiante demonstradas.
Em conformidade com o § 2.-, Art.l.Q, da referida Resolução do 
BACEN, "O CET deve ser calculado considerando os fluxos referentes
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 7
às liberações e aos pagamentos previstos, incluindo taxa de juros a 
ser pactuada no contrato, tributos, tarifas, seguros e outras despesas 
cobradas do cliente, mesmo que relativas ao pagamento de serviços 
de terceiros contratados pela instituição, inclusive quando essas 
despesas forem objeto de financiamento".
Há diversas modalidades de CDC, dependendo de cada banco ou 
instituição financeira, não tratadas nesta obra.
2.2 - Importância dos Financiamentos de Veículos para a Econo­
mia Brasileira.
Para termos uma ideia do quanto é importante as operações de 
crédito de financiamentos de veículos e inclusive operações de leasing, 
no ano passado foram financiados R$ 140,3 bilhões, que correspondem 
à carteira de CDC, registrando um acréscimo de 49,1% sobre 2009 (R$ 
94,lbilhõesJ2.
Quanto ao leasing, fechou em queda de 23,5%, passando de R$
63.2 bilhões em dezembro de 2009 para R$ 48,3 bilhões em dezembro de 
20103.
Portanto, o saldo total das carteiras de Crédito Direto ao 
Consumidor (CDC) e Leasing para aquisição de veículos pelas pessoas 
físicas atingiu R$ 188,6 bilhões no ano passado, de acordo com 
levantamento da Associação Nacional das Empresas Financeiras das 
Montadoras (ANEF).
Imaginem em termosde geração de empregos diretos e indiretos, 
pelo simples fato de aquecimento da economia, pelo aumento de consumo 
de bens duráveis.
Tanto é verdade que o Banco do Brasil, em 2009, fez uma 
operação de joint venture, adquirindo 49,99% das ações do Banco 
Votorantin (capital votante], como fator importante para aumento de
2 - http://www.investimentosenoticias.com.br/financas-pessoais/credito/financiamen-
to-de-veiculos-atinge-rs-188-6-bi-em-2010.html - Fonte: Digital Media Serviços 
de Informação Ltda - IN - Investimentos e Notícias - 10/02/2011 - Acesso em 
21/02/2011.
3 - Idem.
8 Ronildo da Conceição Manoel
financiamentos de veículos, o que se torna essencial para nossa econo­
mia, conforme matéria veiculada no Estadão, 09/01/2009, Caderno de 
Economia (http://www.estadao.com.br/noticias/economia,compra- 
bb-votorantim-fortalece-sistema-diz-mantega,304824,0.htm):
"O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou 
que a associação entre o Banco do Brasil e o banco 
Votorantim, divulgada nesta sexta-feira, 9, vai 
permitir o aumento do financiamento de veículos, 
principalmente de carros usados. Segundo Mantega, 
com a associação, o BB vai liberar recursos adicionais 
para aumentar o financiamento de carros novos e 
usados. Ele destacou que é importante ampliar as 
vendas do setor de automóveis, que é importante para 
a economia brasileira. (...)
Segundo o ministro, a associação fortalece o sistema 
financeiro brasileiro porque os dois bancos têm uma 
atuação diferenciada e, agora, haverá uma sinergia. 
Mantega lembrou que o banco Votorantim tem grande 
experiência na gestão de carteira de crédito de bens 
duráveis, como veículos e material de construção. 
Segundo ele, essa é uma área em que o BB atua, e que 
poderá ser ampliada.
Mantega afirmou que, com a associação, o Banco do 
Brasil fica próximo do líder Itaú'Unibanco no ranking 
do setor. Assim a associação fortalece a competição no 
mercado financeiro brasileiro. Segundo ele, o governo 
quer que o sistema financeiro seja competitivo e 
sólido. E disse que o sistema financeiro brasileiro está 
passando pela crise de forma robusta, sem maiores 
problemas".
Ademais é bom lembrar que a ANEF, em relação a 2010, 
anunciou em 11/08/2010, que a "Inadimplência segue em tendência 
de queda e recua 35,8% nos últimos 12 meses” (http://www.anef. 
com.br/press-releases-para-imprensa/65—inadimplencia-segue-em- 
tendencia-de-queda.html).
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 9
Acrescenta-se que:
"Levantamento da ANEF (Associação Nacional das 
Empresas Financeiras das Montadoras), referente ao 
mês de julho de 2010, confirma a tendência de queda 
na inadimplência acima de 90 dias na carteira de 
CDC (Crédito Direto ao Consumidor) para aquisição 
de veículos por pessoas físicas. O estudo aponta que
o índice de inadimplência foi de 3,4% em julho de 
2010, contra 5,3% no mesmo período no ano passado. 
Isso representa um recuo de 35,8% em 12 meses e de 
22,7% no acumulado do ano.
"0 mercado encontra-se em nível de estabilidade, 
com as atividades econômicas restabelecidas, as 
vendas financiadas de automóveis seguindo em sua 
total normalidade e o consumidor demonstra mais 
maturidade, pois vem assumindo compromissos 
dentro de sua capacidade de pagamento. Prova disso 
é que o atual índice de inadimplência, de 3,4%, é 
inferior ao de agosto de 2008, quando estava em 
3,74%, período referente à pré-crise financeira 
internacional", avalia Décio Carbonari de Almeida, 
presidente da ANEF.
O saldo das carteiras de CDC e Leasing atingiu R$
170,4 bilhões em julho de 2010, valor 14% superior 
ao registrado em julho de 2009 (R$ 149,3 bilhões). 
Desse total, R$ 115,2 bilhões correspondem ao CDC, 
que teve um incremento de 36,7% em doze meses (R$
84,2 bilhões) e R$ 55,2 bilhões eqüivalem à carteira 
de Leasing, que apresentou uma retração de 15,3% 
em doze meses (R$ 65,1 bilhões).
A taxa média de juros praticada pelas associadas à 
ANEF em julho ficou em 1,45% ao mês, enquanto no 
mesmo período de 2009 essa taxa era de 1,49% ao 
mês. Já comparando os meses de junho e julho de 2010, 
houve uma elevação, porém, foi inferior a variação 
da SELIC no período. Enquanto a SELIC cresceu 0,03 
ponto percentual, passando de 0,82% ao mês (junho)
10 Ronildo da Conceição Manoel
para 0,85% ao mês (julho), a taxa média de juros dos 
associados da ANEF aumentou 0,02 ponto percentual, 
de 1,43% ao mês (junho) para 1,45% ao mês (julho). 
"Mesmo com essa alteração na taxa de juros, o saldo 
das carteiras de CDC e Leasing segue em elevação, o 
que reflete a confiança do consumidor na economia 
brasileira para as compras a prazo de automóveis”, 
afirma Almeida”.
Ora, se o risco operacional do crédito está reduzindo, ou seja, 
inadimplência menor, então por que os juros para aquisição de veículos 
ainda são elevados, considerando algumas financeiras ou bancos?
A resposta não é simples, mas com certeza a ganância por lucros 
exorbitantes contribui para elevação das taxas de juros de mercado.
Em tópico próprio, vamos comentar sobre as taxas de juros de 
mercado e compará-las com as taxas efetivamente cobradas por alguns 
bancos.
2.3 - Modalidades de Arrendamento Mercantil
Assim prevê a norma do BACEN, Res. n.Q 2.309/96, Art. 5.e:
"Art. 52 Considera-se ARRENDAMENTO MERCANTIL 
FINANCEIRO a modalidade em que:
I - as contraprestações e demais pagamentos previstos 
no contrato, devidos pela arrendatária, sejam 
normalmente suficientes para que a arrendadora 
recupere o custo do bem arrendado durante o prazo 
contratual da operação e, adicionalmente, obtenha 
um retorno sobre os recursos investidos;
II - as despesas de manutenção, assistência
 
técnica e serviços correlatos à operacionalidade 
do bem arrendado sejam de responsabilidade da 
arrendatária;
III - o preço para o exercício da opção de compra seja 
livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor 
de mercado do bem arrendado.
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 11
Art. 6e Considera-se ARRENDAMENTO MERCANTIL 
OPERACIONAL a modalidade era que:
I - as contraprestaçõ es a serem pagas pela arrendatária 
contemplem o custo de arrendamento do bem e os 
serviços inerentes à sua colocação à disposição da 
arrendatária, não podendo o total dos pagamentos da 
espécie ultrapassar 75% (setenta e cinco por cento) 
do custo do bem arrendado;
II - as despesas de manutenção, assistência técnica 
e serviços correlatos à operacionalidade do bem 
arrendado sejam de responsabilidade da arrendadora 
ou da arrendatária;
III - o preço para o exercício da opção de compra 
seja o valor de mercado do bem arrendado. 
Parágrafo único. As operações de que trata este artigo 
são privativas dos bancos múltiplos com carteira 
de arrendamento mercantil e das sociedades de 
arrendamento mercantil’'.
Portanto, há duas espécies de arrendamento mercantil: finan­
ceiro e operacional.
2.3.1 - Arrendamento Mercantil Financeiro e/ou Operacional.
Em linguagem simplificada, pode-se definir o arrendamento 
mercantil como um ''aluguel" de determinado bem móvel ou imóvel 
(imóveis, veículos, computadores, máquinas e tratores, etc] em que o 
arrendatário (você ou eu) terá pelo menos três opções no final do prazo 
contratado (já visto anteriormente: prazos mínimos de 24 ou 36 meses): 
comprar o bem, renovar o contrato ou devolver o bem à empresa de 
leasing.
A distinção entre arrendamento mercantil financeiro e opera­
cional reside, relativamente, na intenção de o arrendatário querer ficar 
ou não com o bem no final do prazo ajustado ou contratado, dentre outras 
características a serem vistas.
12 Ronildo da Conceição Manoel
0 arrendamento ou LEASING FINANCEIRO é uma operação em 
que a arrendatária tem a intenção de ficar com o bem ao término do 
contrato, exercendo sua opção de compra conformeo valor ajustado no 
contrato.
A arrendadora (empresa de leasing) receberá da arrendatária os 
valores totais já investidos no contrato, de acordo com o que foi avençado 
(ajustado em contrato).
0 risco da desclassificação tecnológica do material industrial, 
provocada pelo aparecimento de material mais moderno, ou melhor, 
adaptado e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado são 
de responsabilidade da arrendatária.
Em outras palavras: o risco da obsolescência e as despesas 
de manutenção, assistência técnica e serviços relacionados à 
operacionalidade (facilidade de utilização prática) do bem arrendado são 
de responsabilidade da arrendatária.
Salienta-se, ainda, que no leasing financeiro há previsão con­
tratual para o pagamento do VRG (Valor Residual Garantido), como 
mínimo que será recebido pela arrendadora na venda a terceiros do bem 
arrendado, na hipótese da devolução do bem e desde que cumpridas 
todas as obrigações pecuniárias estabelecidas no contrato.
0 VRG será sempre utilizado para liquidar o valor da opção 
de compra do bem arrendado, conforme pactuado no contrato de 
arrendamento mercantil.
As modalidades de pagamento do VRG subdividem-se em:
No ato: pago pela arrendatária no início do contrato.
Parcelado: parcelas pagas na vigência do contrato, nos mesmos 
vencimentos das contraprestações.
Final: pago no encerramento do contrato.
Já o arrendamento ou LEASING OPERACIONAL é a operação na 
qual a arrendatária, a princípio, não tem a intenção de adquirir o bem ao 
final do contrato.
Não há previsão de VRG.
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 13
Assim, após a utilização do bem pelo prazo estabelecido e 
cumpridas todas as suas obrigações a arrendatária poderá, ao final do 
contrato, ter as seguintes opções: 1) devolver o bem à arrendadora, 2) 
prorrogar o prazo do contrato ou 3) exercer a opção de compra do bem 
pelo seu valor de mercado, à época de tal opção, se for conveniente.
No LEASING OPERACIONAL, a arrendatária possui a vantagem 
de devolver os bens ou substituí-los por modelos novos, com tecnologia 
mais avançada e maior adequação ao nível de produção da empresa, o 
que não ocorre no financeiro.
A manutenção, a assistência técnica e os serviços relacionados à 
operacionalidade do bem arrendado podem ser de responsabilidade da 
arrendadora ou da arrendatária, e conforme previsão contratual.
Em ambas as modalidades do leasing, financeiro ou operacional, 
não é necessário imobilizar recursos nos ativos (não há a necessidade 
de deixá-los parados sem investimentos), permitindo-os que sejam 
direcionados para financiar o processo de produção.
Esquematicanaente, observam-se as diferenças entre Leasing 
Financeiro e Operacional na tabela abaixo:
LEASING FINANCEIRO
LEASING FINANCEIRO
ARRENDATÁRIO (você) ARRENDADOR (banco)
Tem opções de comprar, renovar 
o contrato ou devolver o bem
Espera, pelas contraprestações, VRG e outros 
pagtos devidos, o retorno do investimento
Responsável pela obsolescência 
e despesas de manutenção, 
assistência técnica e serviços 
referentes à operacionalidade do 
bem
14 Ronildo da Conceição Manoel
LEASING FINANCEIRO
ARRENDATÁRIO (você) ARRENDADOR (banco)
Responsável por escolher o bem, 
preço e fornecedor,
Comprará o bem e o entregará através do 
fornecedor, após assinatura contratual
Direito à posse provisória do bem Assegurada a propriedade legal e contábil do bem (alienação ftduciária]
Deverá restituir o bem à 
arrendadora; em caso de infração 
contratual
Em caso de descumprimento contratual, entrará 
com busca e apreensão do bem
LEASING OPERACIONAL
ARRENDATÁRIO (você) ARRENDADOR (banco)
Pode ficar ou não com o bem, podendo optar 
por sua substituição
Receberá o bem de volta, podendo 
vendê-lo ou novamente arrendá-lo
Opção de, ao final do contrato: devolver o 
bem; prorrogar prazo contratual e exercer 
opção de compra pelo preço mercado
Parte do investimento para aquisição 
do bem poderá não ser recuperado no 
contrato
Poderá ser responsável pela manutenção, 
assistência técnica e
serviços correlatos à operacionalidade do 
bem de acordo com as regras contratuais
Poderá ser responsável pela 
manutenção, assistência técnica e 
serviços correlatos à operacionalidade 
do bem dependendo do contrato
Responsável pela escolha do bem, preço e 
fornecedor
Comprará o bem e o entregará através do 
fornecedor, após assinatura contratual
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 15
3 - Lucros das Instituições Financeiras.
Nos últimos cinco anos, os lucros das instituições financeiras têm 
sido exorbitantes, atingindo patamares colossais.
Vamos fazer um breve resumo histórico de algumas instituições 
financeiras privadas e públicas com capital misto, para tentarmos 
compreender como os bancos continuam cobrando taxas de juros tão 
elevadas para o cheque especial, crédito pessoal e financiamentos de 
veículos (CDC - Veículos).
O que iremos perceber é que os lucros crescentes de todos os 
bancos, sob análise, têm seus reflexos concomitantes no aumento real das 
operações de créditos, sejam elas os empréstimos diversos para aquisição 
de bens de consumo duráveis ou mesmo nos créditos pessoais e limites 
para utilização de cheque especial.
Explicando de outra forma: os lucros cresceram porque também 
os empréstimos (operações de créditos) cresceram e, consequentemente, 
as taxas de juros e tarifas cobradas também.
0 próprio Banco Central, através do Relatório de Economia Ban­
cária e Crédito, 2009, apresentado por Clodoaldo Aparecido Annibal e 
Sergio Mikio Koyama, item 5, “Determinantes Macroeconômicos da 
Inadimplência Bancária de Pessoas Jurídicas no Brasil" pág. 102,
demonstrou o crescimento das operações de créditos bancários, mesmo 
em meio à crise Internacional de 2009, de quase 14% (13,81%):
“O crédito bancário no Brasil vem, nos últimos 
anos, apresentando taxas de crescimento bastante 
significativas. Em janeiro de 2001, representava 
27,4% do Produto Interno Bruto (PIB), já em janeiro 
de 2010, representava 45,0% do PIB.
Mesmo durante 2009, quando os efeitos da crise 
internacional de2008/2009 tiveram maior impacto no 
país, o crédito em relação ao PIB aumentou 4,2 pontos 
percentuais (p.p.), passando de 40,8% em dezembro 
de 2008 para 45,8% em dezembro de 2009".
16 Roniido da Conceição Manoel
Desta forma, percebe-se a grande influência atual do crédito 
bancário nos lucros conquistados pelos bancos nos últimos dez anos.
3.1 - Lucro dos Bancos no Brasil - 2003 a 2010.
O lucro dos Brancos no Brasil, nos últimos oito anos, em 
conformidade com dados extraídos do site da FEDERAÇÃO DOS 
BANCÁRIOS DO PARANÁ - FEEB-PR, foram crescentes.
O Banco do Brasil apresentou um incremento de 15,3% em 
relação ao resultado demonstrado em 2009 (R$ 10,148 bilhões), ou 
seja, ficou em R$ 11,703 bilhões em 2010.
É uma dinheirama e tanto!
Mesmo assim, o banco continua cobrando taxas de juros 
realmente abusivas em suas operações de crédito, não demonstrando 
nenhum sinal de que pretende reduzi-las, em especial para pessoas 
físicas.
Vamos agora observar as tabelas abaixo, com os lucros dos 
bancos, desde 2003 até 2010:
Banco Período Lucro
Banco Central 2003 R$ 31,318 bilhões
Itaú 2003 R$ 3,152 bilhões
Banco do Brasil 2003 R$ 2,381 bilhões
Bradesco 2003 R$ 2,3 bilhões
Santander Banespa 2003 RS 1,746 bilhão
CAIXA Econômica 
Federal
2003 R$ 1,6 bilhão
Unibanco 2003 R$ 1,05 bilhão
Nossa CAIXA 2003 R$~449,3 milhões
BESC 2003 R$ 10,644 milhões
Itaú 2004 R$ 3,776 bilhões
Bradesco 2004 R$ 3,060 bilhões
Banco do Brasil 2004 R$“3,024 bilhões
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 17
Banco Período Lucro
BC 2004 R$ 2,537 bilhões
Banespa 2004 R$ 1,750 bilhão
BNDES 2004 R$ 1,5 bilhãoCAIXA 2004 R$ 1,4 bilhão
Unibanco 2004 R$ 1,283 bilhão
HSBC 2004 R$ 426 milhões
Bradesco 2005 R$ 5,514 bilhões
Itaú 2005 R$ 5,251 bilhões
Banco do Brasil 2005 R$ 4,153 bilhões
CEF 2005 R$ 2,073 bilhões
Unibanco 2005 R$ 1,838 bilhão
Santander 2005 R$ 1,744 bilhão
HSBC 2005 R$ 850,2 milhões
Bradesco 2006 R$ 6,646 bilhões
Itaú 2006 R$ 6,48 bilhões
BNDES 2006 R$ 6,3 bilhões
Banco do Brasil 2006 R$ 6,04 bilhões
CEF 2006 R$ 2,386 bilhões
Unibanco 2006 RS 2,21 bilhões
ABN Amro Real 2006 RS 2,05 bilhões
Santander Banespa 2006 R$ 1,26 bilhão
HSBC 2006 R$ 946,7 milhões
Nossa CAIXA 2006 R$ 453,5 milhões
Banco do Nordeste 2006 R$ 202,7 milhões
ABN Amro Real 2007 R$ 2,975 bilhões
Banco da Amazônia 2007 R$ 179,8 milhões
Banco do Brasil 2007 R$ 5,058 bilhões
Banco Panamericano 2007 R$ 200,9 milhões
Banco Safra 2007 R$ 830,922 
milhões
Banco Volkswagem 2007 R$ 108,717 
milhões
Banrisul 2007 R$ 916,4 milhões
BESC 2007 R$ 26,9 milhões
18 Ronildo da Conceição Manoel
Banco Período Lucro
Bic Banco 2007 R$ 195,1 milhões
BMG 2007 R$ 507,59 milhões.
BNDES 2007 R$ 7,314 bilhões
Bradesco 2007 R$ 2,193 bilhões
CAIXA Econômica 
Federal
2007 R$ 2,5 bilhões
HSBC 2007 R$ 1,24 bilhão
Itaú 2007 R$ 2,03 bilhões
Mercantil do Brasil 2007 R$ 36,723 milhões
Nordeste 2007 R$ 219,7 milhões
Nossa CAIXA 2007 R$ 303,1 milhões
Paraná Banco 2007 R$ 67,78 milhões
Pine 2007 R$ 567 milhões.
Santander Banespa 2007 R$ 1,86 bilhão
Unibanco 2007 R$ 3,448 bilhões
Votorantin 2007 RÍ 1,16 bilhão
Banco Central 2008 R$ 13,345 bilhões
Banco do Brasil 2008 R$ 8,8 bilhões
Itaú 2008 R$ 7,803 bilhões
Bradesco 2008 R$ 7,62 bilhões
BNDES 2008 R$ 5,3 bilhões
CAIXA Econômica 
Federal
2008 R$ 3,88 bilhões
Santander Banespa 2008 R$ 2,8 bilhões
HSBC 2008 R$ 1,35 bilhão
Banco Safra 2008 R$ 843,4 milhões
Nossa CAIXA 2008 R$ 646,5 milhões
Banrisul 2008 R$ 590,9 milhões
Bic Banco 2008 R$ 320,5 milhões
BMG 2008 R$ 240,7 milhões
Banco Panamericano 2008 R$ 236 milhões
Banco da Amazônia 2008 RÍ 215,850 
niilhões
Pine 2008 R$ 157,487 
milhões
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 19
Banco Período Lucro
Paraná Banco 2008 R$ 84 milhões
Nordeste 2008 R$ 83,5 milhões
Mercantil do Brasil 2008 R$ 43 milhões
Banco do Brasil 2009 R$ 10,148 bilhões
Itaú Unibanco 2009 R$ 10,066 bilhões
Bradesco 2009 R$ 8,0 bilhões
BNDES 2009 R$ 6,7 bilhões
Santander Brasil 2009 R$ 5,5 bilhões
CAIXA Econômica 
Federal
2009 R$ 2,9 bilhões
Banco Votorantim 2009 R$ 801,7 milhões
BMG 2009 R$ 522 milhões
Banco de Brasília 
(BRB)
2009 R$ 190,5 milhões
Paraná Banco 2009 R$ 104,3 milhões
Banco Pine 2009 R$ 85 milhões
Banco Cruzeiro do Sul 2009 R$ 81,9 milhões
Banco Rural 2009n R$ 50 milhões
Banpará 2009 R$ 43,69 milhões
Mercantil do Brasil 2009 R$ 40 milhões
Itaú/Unibanco 2010 RS 13,3 bilhões
Banco do Brasil 2010 R$ 11,7 bilhões
Bradesco 2010 R$ 10,022 bilhões
Santander 2010 R$ 7,382 bilhões
CAIXA 2010 R$ 3,8 bilhões
Bic Banco 2010 R$ 348,7 milhões
Pesquisa realizada pela Revista Época, edição 28/12/2010, 
seção FINANÇAS/JUROS, demonstrou a média das taxas de juros anuais 
praticadas nas operações de crédito pessoal e cheque especial:
"As taxas de juros de empréstimo pessoal e cheque 
especial mantiveram uma relativa estabilidade ao 
longo do ano, informou hoje a Fundação Procon de São 
Paulo (Procon-SP). O movimento, segundo a fundação,
20 Ronildo da Conceição Manoel
difere do registrado em 2009, quando as taxas de juros 
registraram queda durante o ano.
De acordo com a entidade, a taxa média cobrada 
pelas instituições financeiras para o cheque espe­
cial foi de 8,88% ao mês, uma queda de 0,05 ponto 
porcentual em relação a 2009. Segundo a pesquisa, 
a taxa média da modalidade de crédito começou 
2010 em 8,79% ao mês e encerrou o ano em 9,12% 
ao mês, acompanhando o movimento de alta da 
SELIC (a taxa básica de juros da economia) ao longo 
do ano.
Entre as instituições que participaram do le­
vantamento, o Banco Safra apresentou a maior 
taxa média anual (12,3% ao mês) e a CAIXA 
Econômica Federal teve a menor (7,02% ao mês). 
Em dezembro, a taxa média de juros do cheque 
especial foi de 185,09% ao ano. Veja na tabela 
abaixo a taxa de cheque especial cobrada pelos 
bancos brasileiros”.
A tabela abaixo evidencia melhor as taxas de juros de cheque es­
pecial, pesquisadas pela Revista Época, cuja média anual foi de 8,88%:
Taxa de juros de cheque especial
Instituição Taxa média anual
Safra 12,30%
Santander 9,54%
Real (**] 9,49%
HSBC 9,42%
Itaú 8,66%
Unibanco (**) 8,61%
Bradesco 8,32%
Banco do Brasil 7,79%
Nossa CAIXA (*) 7,66%
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 21
CAIXA Econômica Federal 7,02%
Taxa Média Anual 8,88%
(*) A partir do mês de julho o Banco Nossa CAIXA foi retirado 
da amostra, em função da incorporação de suas agências pelo Banco do 
Brasil, concluída em 25/06/10.
(**] A partir do mês de setembro o Banco Real e o Unibanco foram 
retirados da amostra, em função dos processos de incorporação ao Banco 
Santander e ao Banco Itaú, respectivamente.
Fonte: Procon/SP
Agora, analisemos as taxas médias nas operações de crédito 
denominadas "empréstimo pessoal” cuja média anula foi de 5,26%:
Taxa de juros de empréstimo pessoal
Instituição Taxa média anual
Itaú 5,92%
Unibanco 5,88%
Real 5,63%
Santander 5,63%
Bradesco 5,42%
Safra 5,40%
Banco do Brasil 4,90%
HSBC 4,69%
CAIXA Econômica Federal 4,65%
Nossa CAIXA 4,51%
Taxa Média Anual 5,26%
Fonte: Procon/SP
O Procon-SP esclareceu que o levantamento envolvia dez 
instituições financeiras de janeiro a junho, mas encerrou 2010 com sete 
bancos. Em julho, a Nossa CAIXA foi definitivamente incorporada pelo 
Banco do Brasil e foi retirada da amostra. Em setembro, o Banco Real e 
o Unibanco saíram da pesquisa, depois de incorporados respectivamente
22 Ronildo da Conceição Manoel
ao Santander e ao Itaú. 0 levantamento encerrou o ano com as seguintes 
instituições analisadas: Banco do Brasil, Bradesco, CAIXA Econômica 
Federal, HSBC, Itaú, Safra e Santander.
E interessante perceber que, pelo menos desde 2003, os bancos 
não têm justificativas contábeis e financeiras para continuar aumentando 
ou simplesmente cobrando taxas de juros no cheque especial acima de 
4,5% ao mês, uma vez que a margem de lucro líquida anual seria suficiente 
para cobrir eventuais riscos operacionais de crédito, mais especificamente 
para as pessoas físicas.
3.2 - Temas Polêmicos e Pacificados no STJ: anatocismo, taxas de juros 
remuneratórios, manutenção na posse, depósitos das parceias 
incontroversas e/ou devidas e comissão de permanência 
cumulativa com encargos moratórios e remuneratórios - 
Súmulas 30 e 296 do STJ.
É muito importante, priorizando a verdade dos fatos e as questões 
de direito que envolvem as ações declaratórias de nulidade de contratos 
ou financiamentos de veículos, cumuladas ou não com repetição de 
indébito, consignação incidental das parcelas incontroversas e/ou 
devidas e manutenção na posse do veículo, para que o cliente ao contratar 
os serviços jurídicos não se iluda com uma vitória aparente na esfera 
judicial.
Após esta breve introdução, vamos apresentar algumas teses 
jurídicas já pacificadas pelo STJ através de orientações jurisprudenciais 
em recursos repetitivos [conforme aplicabilidade da Lei 11.672/2008, 
que incluiu o Art. 543-C no CPC)1 quanto à aplicação das taxas de juros. 
Qual é a taxa legal ou devida? É a taxa de juros de 12% ao ano? É a taxa 
média de mercado? E quanto ao anatocismo (juros capitalizados ou 
compostos), continua vigendo a súmula 121 do STF?
Quando ainda não houve a busca e apreensão do veículo, posso 
interpor ação judicial consignatória, propondo o depósito das parcelas 
devidas ou das incontroversas?
1 - Art. 543-C Quando houver multiplicidade de recursos com fundamentoem idênti­
ca questão de direito, o recurso especial será processado nos termos deste artigo.
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 23
G se a busca e apreensão já se efetivou, o que fazer?
Para estas e outras questões polêmicas, outras já pacificadas pelo 
STJ nas recentes orientações através de recursos repetitivos, buscaremos 
responder sempre com base na jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça, não nos esquecendo dos pontos técnico-contábeis e jurídicos que 
envolvem os laudos periciais judiciais e extrajudiciais.
Resumidamente, respondendo à questão suscitada: neste caso 
em que já foi efetivada a busca e apreensão pelo banco, restaria ainda 
uma solução judicial via ação declaratória de nulidade do contrato [CDC 
veículos ou leasing], depositando os valores incontroversos, ou seja, os 
valores exatos calculados pela instituição financeira. Pois desta forma, 
não há como o juiz negar liminar para cancelar a busca e apreensão até 
julgamento definitivo do mérito da causa.
Eventual indébito deverá ser apurado através de perícia contábil 
ou financeira judicial.
3.2.1 - Anatocismo.
Sem adentrar profundamente nas questões matemáticas, podemos 
definir anatocismo como capitalização composta de juros de um dado 
empréstimo e/ou financiamento.
A jurisprudência atual ainda não está completamente clara quanto 
à proibição ou não do anatocismo nos financiamentos bancários.
De qualquer forma, algumas decisões do STJ demonstram que 
a questão da aceitação ou não da capitalização mensal dos juros ou 
anatocismo "parece pacificada", conforme veremos no AgRg-REsp 646475
- RS - 3a T. - Rei. Min. Castro Filho - DJU 21.03.2005, p. 376:
“AGRAVO INTERNO. RECURSO ESPECIAL. CONTRATO 
BANCÁRIO. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 
INCIDÊNCIA. CAPITALIZAÇÃO MENSAL. DESCABI-
24 Ronildo da Conceição Manoel
MENTO. AÇÃO DE REVISÃO CONTRATUAL. PROVIMEN­
TO PARCIAL. SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. I - Aplica se 
o Código de Defesa do Consumidor às relações jurídicas 
originadas dos pactos firmados entre consumidores e os 
agentes econômicos, instituições financeiras e usuários 
de seus produtos e serviços. II - Quanto à capitalização 
mensal dos juros, persiste a vedação contida no artigo 
49 do Decreto 22.626/33, pois, no presente caso, não 
existe legislação específica que autorize o anatocismo, 
como ocorre com as cédulas de crédito rural, comercial 
e industrial. III - 0 artigo 21 do Código de Processo Civil 
estabelece a distribuição e compensação recíproca das 
despesas e honorários entre os litigantes simultaneamente 
vencidos e vencedores. Em tais situações, não há falar em 
honorários de sucumbência, cabendo às próprias partes a 
responsabilidade pelos honorários contratados com seus 
respectivos advogados. Agravo improvido";
Matéria análoga foi pela decidida pela 4,â Turma do STJ, Rei.
Min. Barros Monteiro:
"REVISÃO DE CONTRATO BANCÁRIO. EMPRÉSTIMO 
PESSOAL PARCELADO. APLICAÇÃO DO CDC. 
CAPITALIZAÇÃO MENSAL. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO 
DE OFÍCIO. JUROS REMUNERATÓRIOS. COMISSÃO DE 
PERMANÊNCIA. INSCRIÇÃO DO NOME DO DEVEDOR NO 
SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO. CARACTERIZAÇÃO 
DA MORA. 1 - "0 Código de Defesa do Consumidor é 
aplicável às instituições financeiras” (Súmula 297-STJ).
2 - A Segunda Seção desta Corte, no julgamento do REsp 
n. 541.153/RS, firmou entendimento no sentido da 
impossibilidade de rever, de ofício, cláusulas consideradas 
abusivas, com arrimo nas disposições do Código de Defesa 
do Consumidor. 3 - 0 simples fato de o contrato estipular 
uma taxa de juros acima de 12% a.a. não significa, por si 
só, vantagem exagerada ou abusividade. Esta precisa ser
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 25
evidenciada. Não estando demonstrado, de modo cabal, o 
abuso que teria sido cometido pelo Banco recorrente, é 
de restabelecer-se a taxa convencionada pelos litigantes.
4 - "Não é potestativa a cláusula contratual que prevê a 
comissão de permanência, calculada pela taxa média de 
mercado apurada pelo Banco Central do Brasil, limitada 
à taxa do contrato" (Súmula 294/STJ). 5 - "A capitalização 
de juros (juros de juros) é vedada pelo nosso direito, 
mesmo quando expressamente convencionada, não tendo 
sido revogada a regra do art. 4° do Decreto n° 22.626/33 
pela Lei nc 4.595/64. 0 anatocismo, repudiado pelo 
verbete n° 121 da Súmula do Supremo Tribunal Federal, 
não guarda relação com o enunciado n° 596 da mesma 
Súmula." (REsp n. 1.285-GO, relator Ministro Sálvio de 
Figueiredo Teixeira). 6 - Para o cancelamento do nome do 
devedor no rol dos inadimplentes, é necessária a presença 
dos seguintes elementos: a) a existência de ação proposta 
pelo devedor, contestando a exigência integral ou parcial 
do débito; b) a demonstração, nesse ponto, da aparência 
do bom direito; c) sendo a contestação de apenas parte 
da dívida, o depósito da parcela tida como incontroversa 
ou o oferecimento de caução idônea. 7 - Mora configurada 
do devedor, uma vez não depositada por ele a parte 
incontroversa da dívida ou não prestada a correspondente 
caução. Recurso especial conhecido, em parte, e provido". 
(STJ - REsp 677679 - RS - 4a T. - Rei. Min. Barros Monteiro
- DJ 03.04.2006, p, 356).
Há de salientar, ainda, que após a vigência da MP (Medida 
Provisória) 1.963, de 31/03/2001, já reeditada diversas vezes, 
representando agora a MP 2170/2001, o STJ passou a aceitar a 
capitalização composta de juros, desde que expressamente 
pactuada, ou seja, desde que prevista no contrato.
Esta nova tendência do STJ, aparentemente equivocada e 
contraditória, considerando as outras decisões vistas anteriormente, 
com data posterior à vigência das aludidas MPs, está refletida em outros 
recursos especiais, como REsp 602.068/RS, AgRg-REsp 594864, etc.
26 Ronildo da Conceição Manoel
Ainda é importante ressaltar que estas novas decisões foram, 
inclusive, apreciadas pela 4.a Turma, que um mês antes (REsp 677.679/ 
RS, não admitia a capitalização sob nenhuma hipótese, determinando que 
"(,.,) A capitalização de juros (juros de juros) é vedada pelo nosso 
direito, mesmo quando expressamente convencionada, não tendo 
sido revogada a regra do art. 4° do Decreto n° 22.626/33 pela Lei n° 
4.595/64".
Já em total contradição, a própria 4.â Turma, no mês sub­
sequente a esta decisão, através do Rei. Ministro Sidnei Beneti, assim 
sentenciou:
"PROCESSO CIVIL. AGRAVO INTERNO. AÇÃO REVISIO- 
NAL DE CONTRATO BANCÁRIO. AGRAVO IMPROVIDO. 
A capitalização dos juros é admissível quando pactuada 
e desde que haja legislação específica que a autorize. 
Assim, permite-se sua cobrança na periodicidade mensal 
nas cédulas de crédito rural, comercial e industrial 
(Decreto-lei 167/67 e Decreto-lei 413/69), bem como 
nas demais operações realizadas pelas instituições 
financeiras integrantes do Sistema Financeiro Nacional, 
desde que celebradas a partir da publicação da Medida 
Provisória 1.963-17 (31/03/2000). Nesse sentida, são 
vários os precedentes, como: REsp 515.805/RS, Rei. Min. 
Barros Monteiro, DJ de 27/09/2004; AGA 494.735/RS, 
Rei. Min. Humberto Gomes de Barros, DJ de 02/08/2004; 
REsp 602.068/RS, Rei. Min. Antônio de Pádua Ribeiro, DJ 
de 21/03/2005, este último, da colenda Segunda Seção. 
Agravo improvido”. (STJ - AgRg-AI 852.285 - SC - Proc. 
2006/0276706-1 - 3â T. - Rei. Min. Sidnei Beneti - DJ
16.06,2008).
A princípio temos duas decisões conflitantes no STJ:
l.ã) - proibição da capitalização composta de juros, mesmo 
quando expressamente contratada;
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 27
2.ã) - admissão da capitalização composta de juros quando 
pactuada e desde que haja legislação específica que a autorize.
Porém a palavra final será da nossa Corte Constitucional (Su­
premo Tribunal Federal) quando concluir o julgamento da Ação Direta 
de Inconstitucionalidade(ADI) 2316/2000, iniciado há mais de dez anos, 
onde se discute a inconstitucionalidade do Art. 5e, caput e parágrafo úni­
co da Medida Provisória ne 1963-22, de 26 de agosto de 2000, reeditada 
agora sob o n9 2170-36, em 24 de agosto de 2001, que certamente 
vinculará todos os tribunais do país, inclusive o STJ, no sentido de afastar 
o anatocismo.
A ADI já contava com dois votos proferidos pelos Ministros 
Sydney Sanches (relator) e Carlos Velloso, ambos já aposentados, 
deferindo a cautelar para suspender a eficácia daquele artigo 5a da MP 
2.170 (sucessora da MP 1.963/01). Em 05/11/2008, voltou à pauta 
do STF com mais quatro votos, dois na mesma linha dos anteriores 
(Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto) e outros dois votos contrários, 
no sentido de liberar a capitalização (Ministros Carmen Lúcia e Carlos 
Direito).
Acreditamos que o Pretório Excelso irá, mais uma vez, conside­
rar inconstitucional a famigerada MP _ uma vez que as instituições 
financeiras já vêm, de forma sorrateira tentando há muito tempo a 
permissão da capitalização composta de juros validando a sua vigente 
Súmula 121.
A liminar ainda não foi deferida para suspensão do Art. 5.2 da 
referida MP, ou seja, proibição liminar do anatocismo, conforme decisão 
do Relator Min. SYDNEY SANCHES, DJ N.-. 68 do dia 11/04/2002 e DJ 
NA 215 do dia 13/11/2008, respectivamente:
“Decisão: Após o voto do Senhor Ministro Sydney 
Sanches, Relator, suspendendo a eficácia do artigo 
5-, cabeça e parágrafo único da Medida Provisória n- 
2.170-36, de 23 de agosto de 2001, pediu vista o Senhor 
Ministro Carlos Velloso. Ausente, justificadamente, 
neste julgamento, o Senhor Ministro Maurício Corrêa.
28 Ronildo da Conceição Manoel
Presidência do Senhor Ministro Marco Aurélio. 
Plenário, 03.04.2002.
Decisão: Renovado opedidode vista, justificadamente, 
pelo Senhor Ministro Carlos Velloso, que não devolveu 
à mesa para prosseguimento, tendo em vista estar 
aguardando a conclusão do julgamento da Ação 
Direta de Inconstitucionalidade ns 2.591, já iniciado, 
envolvendo tema a ele relacionado. Presidência 
do Senhor Ministro Maurício Corrêa. Plenário,
28.04.2004.
Decisão: Prosseguindo no julgamento, após o voto do 
Senhor Ministro Carlos Velloso, que acompanhava o 
relator para deferir a cautelar, pediu vista dos autos o 
Senhor Ministro Nelson Jobim (Presidente). Plenário,
15.12.2005.".
“Decisão: Após os votos da Senhora Ministra 
Cármen Lúcia e do Senhor Ministro Menezes Direito, 
indeferindo a medida cautelar, e os votos dos 
Senhores Ministros Marco Aurélio e Carlos Britto, 
deferindo-a, o julgamento foi suspenso para retomada 
com quorum completo. Ausentes, justificadamente, 
porque em representação do Tribunal Superior 
Eleitoral no exterior, o Senhor Ministro foaquim 
Barbosa e, neste julgamento, o Senhor Ministro 
Eros Grau. Não participam da votação os Senhores 
Ministros Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski, 
por sucederem, respectivamente, aos Senhores 
Ministros Sydney Sanches (Relator) e Carlos Velloso, 
com votos proferidos anteriormente. Presidência do 
Senhor Ministro Cezar Peluso (Vice-Presidente) em face 
do impedimento do Senhor Ministro Gilmar Mendes 
(Presidente). Plenário, 05.11.2008".
Por enquanto, a votação está 4x2 a favor da suspensão do Art.
5.2 da MP 2170-36:
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 29
"Nas operações realizadas pelas instituições 
integrantes do Sistema Financeiro Nacional, é 
admissível a capitalização de juros com periodicidade 
inferior a um ano".
Ainda para clarear um pouco mais a controvérsia, há o Recurso 
Repetitivo REsp 1.061.530/RS, com trânsito em julgado em 13/05/2010, 
tendo como relatora a MINISTRA NANCY ANDR1GHI.
Quanto ao julgamento das questões idênticas que caracterizam 
a multiplicidade, o STJ assim editou a Orientação n.e 2:
"ORIENTAÇÃO 2 - CONFIGURAÇÃO DA MORA
a) O reconhecimento da abusividade nos encargos 
exigidos no período da normalidade contratual (juros 
remuneratórios e capitalização) descarateriza a mora;
Subentende-se que se há capitalização no período da nor­
malidade contratual, então o anatocismo ainda permanece proibido até 
julgamento definitivo do mérito pelo STF.
Portanto, assim que houver suspensão definitiva do artigo
5.e da aludida MP, PERMANECERÁ INADMISSÍVEL a capitalização 
de juros com periodicidade inferior a um ano, às operações 
realizadas pelas instituições integrantes do Sistema Financeiro 
Nacional, pois nem precisamos relembrar que a Súmula 121 do 
STF ainda continua em vigor:
"É vedada a capitalização de juros, ainda que 
expressamente convencionada".
0 Tribunal de Justiça do Paraná tem-se valido das disposições 
supremas contidas nesta Súmula:
30 Ronildo da Conceição Manoel
"APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO MONITORIA - ANATOCISMO 
VEDADO - SÚMULA 121 DO STF - CÓDIGO DE DEFESA 
DO CONSUMIDOR - APLICABILIDADE AOS CONTRATOS 
BANCÁRIOS - HONORÁRIOS - EXEGESE DO ART. 21 
DO C. P. CIVIL - COMPENSAÇÃO DEFERIDA - RECURSO 
PARCIALMENTE PROVIDO - A capitalização de juros 
encontra-se evidenciada nos extratos da conta corrente, 
sendo vedada a prática de anatocismo às instituições 
financeiras, conforme disposição da Súmula 121 do STF, 
sendo, portanto, aplicável aos contratos bancários o 
Código de Defesa do Consumidor, bem como compensados 
os honorários advocatícios, haja vista que cada litigante foi 
em parte vencedor e vencido”. (TJPR - ApCiv 0146499-5 - 
(11356) - Curitiba - 5â C.Cív. - Rei. Des. Antônio Gomes da 
Silva - DJPR 29.03.2004);
"APELAÇÃO CÍVEL - Ação monitoria. Contrato de abertura 
de crédito em conta corrente. Embargos do devedor. 
Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor. Multa 
contratual. Redução para o percentual de 2% (dois por 
cento), a teor do disposto no § ls Do art. 52, do código 
consumerista. Juros remuneratórios. Ausência de previsão 
da taxa e de seu índice no contrato. Abusividade manifesta 
da cláusula, máxime porque imposta unilateralmente. 
Nulidade evidenciada, autorizando a fixação do percentual 
de 12% (doze por cento) ao ano. Capitalização de juros. 
Anatocismo vedado. Cláusulas contratuais corretamente 
reconhecidas como potestativas e abusivas. Nulidade. 
Verba sucumbencial arbitrada de forma recíproca e 
proporcional, apresentando-se como moderada, adequada 
e eqüitativa. Compensação dos honorários advocatícios. 
Inadmissibilidade. Exegese do art. 23, da Lei n9.8.906/94 
(Estatuto da OAB). Sentença mantida. Apelo desprovido". 
(TJPR - ApCiv 0158193-9 - (12304) - Curitiba - 5ã 
C.Cív. - Rei. Juiz Conv. Abraham Lincoln Calixto - DJPR 
23.08.2004).
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 31
Desta forma, infere-se que a MP 2170-36 não tem força suficiente 
para revogar súmula do Supremo Tribunal Federal, permanecendo váli­
das as proibições do anatocismo, ainda que expressamente contratada, 
nos contratos bancários de empréstimos e/ou financiamentos de veículo, 
dentre outros.
3.2.1.1 - Proibição de Anatocismo - Jurisprudência do Tribunal de 
Justiça do Paraná.
Apesar da controvertida questão sobre a vedação do anatocis­
mo, o Tribunal de Justiça do Paraná passou a seguir uma tendência 
mais corajosa quando, através de Incidente de Declaração de Incons­
titucionalidade n- 579.047-0/01, julgado pelo Órgão Especial deste 
Egrégio Tribunal de Justiça, foi declarado inconstitucional o Art. 5a da 
MP 1,963-17/2001 (reeditada pela MP 2.170-36],
Portanto, até que haja manifestação expressa da Corte Suprema, 
com efeitos vinculantes e erga omnes, os operadores do Direito da região 
paranaense poderão obter sucesso em suas ações que versem sobre 
proibição do anatocismo, mesmo quando expressamente ajustada após 
vigência da indigitada MP.
Para melhor compreensão, cita-se o Acórdão da Apelação Cível n.9 
715.632-9 (Documento assinado digitalmente, conforme MP n.° 2.200­2/2001, Lei n.° 11.419/2006 e Resolução n.° 09/2008, do TJPR/OE.
0 documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tjpr. 
jus.br):
"APELAÇÃO CÍVEL 715.632-9, DO FORO CENTRAL DA 
COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - 
11a VARA CÍVEL
RELATOR: DES. GAMALIEL SEME SCAFF 
APELANTE 1: BANCO SANTANDER S/A 
APELANTE 2: EDISON DE OLIVEIRA NIECE 
APELADOS: OS MESMOS
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO REVISIONAL - CAPITALIZAÇÃO
32 Ronildo da Conceição Manoel
CARACTERIZADA PELOS PRÓPRIOS EXTRATOS - DEVIDOS 
APENAS JUROS SIMPLES - CAPITALIZAÇÃO MENSAL DE 
JUROS COM BASE NO ART. 59 DA MEDIDA PROVISÓRIA 
N9 2.170-36 - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DOS 
PRESSUPOSTOS FORMAIS [URGÊNCIA E RELEVÂNCIA)
- DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE PELO 
ÓRGÃO ESPECIAL DESTA CORTE - CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE - RESERVA DE PLENÁRIO 
OBSERVADA - APLICAÇÃO DO ART. 272 DO RITJPR E 
ART. 481, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPC - REPETIÇÃO 
OU COMPENSAÇÃO DE VALORES COBRADOS 
INDEVIDAMENTE É DE RIGOR - AFASTAMENTO DA 
MORA EM FUNÇÃO DAS RECONHECIDAS ABUSIVIDADES 
PRATICADAS - HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS - VALOR 
CORRETO - DECISÃO MANTIDA.
I - Capitalização mensal de juros. MP 2.170-36. Incons- 
titucionalidade. Entendia esta Corte anteriormente que 
nos contratos firmados após 31 de março de 2000, por 
meio da expressa pactuação, a capitalização de juros 
seria possível em razão do art. 5S da MP 1.963-17/2001 
(reeditada pela MP 2.170-36). Entretanto, por meio do 
Incidente de Declaração de Inconstitucionalidade ns 
579.047- 0/01, julgado pelo e. Órgão Especial desta Corte, 
tal dispositivo foi declarado inconstitucional, de sorte 
que com base no art. 272 do RITJPR e art. 481, parágrafo 
único, do CPC, é ele inaplicável ao presente caso. Portanto, 
ainda que pactuada com base no art. 5e da MP 2.170­
36, a capitalização fica vedada. Possibilidade apenas nas 
exceções legais, a saber, das cédulas de crédito comercial, 
industrial, rural e bancária.
APELAÇÃO 1 NÃO PROVIDA.
APELAÇÃO 2 NÃO CONHECIDA.
VISTOS ETC.
I. RELATÓRIO.
Trata-se de Apelação Cível n2 715.632-9, do Foro Central 
da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba - llã 
Vara Cível, em que são Apelantes o BANCO SANTANDER 
S/A e EDISON DE OLIVEIRA NIECE.
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 33
Contam os autos ter Edison de Oliveira Niece ajuizado 
seu pleito revisional contra Banco Santander S/A, em 
razão das supostas abusividades cometidas por este em 
contratos de conta corrente e mútuo.
Ao receber a peça vestibular, o nobre magistrado de 
primeiro grau determinou ao agente financeiro a exclusão 
da inscrição do nome do autor de cadastros de proteção 
ao crédito.
Após as devidas manifestações das partes, sobreveio a 
sentença pelas portas do art. 330, CPC, nos seguintes 
termos: a] seria inaplicável o art. 26, II, CDC ao caso em 
mesa; b) não haveria que se dizer na coisa julgada em 
relação à análise dos contratos em mesa, visto que nos 
autos em apenso a pretensão do autor era a de exibição dos 
documentos necessários à instrução do pleito revisional;
c) seria aplicável o CDC à presente hipótese; d) deveria ser 
aplicado os juros na taxa média de mercado, porquanto, 
não teria sido trazido aos autos cópia dos contratos 
avençados entre as partes; e) deveria ser afastada a 
capitalização mensal, no entanto, mantida a anual; f) 
deveria ser mantida a comissão de permanência, porém, 
afastados os outros encargos moratórios em função de 
sua inacumulatividade; g) estaria afastada a mora até que 
se seja atingido o valor real da dívida,"... ocasião em que, 
caso não feito o pagamento, se legitimará a inscrição do 
nome do autor em cadastros de proteção ao crédito 
(fls. 319); h) não haveria que se dizer em indenização por 
danos morais ou multa pela não exibição de documentos; i) 
deveriam ser repetidos os valores cobrados indevidamente 
pelo réu na forma simples; j) deveria o agente financeiro 
arcar com as custas processuais e honorários advocatícios, 
sendo estes fixados em R$ 2.200,00.
Contra essa decisão é que recorrem as partes.
Assevera Banco Santander S/A: 1) seriam lícitos os 
valores cobrados à título de juros; 2) não haveria que 
se dizer no afastamento da mora; 3) não haveria que se 
dizer na repetição de valores pagos a maior; 4) deveria 
ser minorado o valor arbitrado à título de honorários 
advocatícios.
34 Ronildo da Conceição Manoel
Igualmente recorreu Edison de Oliveira Niece, alegando 
ser devida a limitação dos juros, bem como, a condenação 
ao pagamento de indenização por danos morais, 
determinação de exibição dos documentos e majoração 
dos honorários advocatícios.
Tão somente o autor apresentou suas contrarrazões.
Vale destacar que, em despacho não recorrido, a apelação 
ofertada por Edison de Oliveira Niece deixou de ser 
recebida, porquanto ausente o preparo (fls. 400).
É o relatório.
II. VOTO.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
Conforme já relatado, em despacho não recorrido, a 
apelação ofertada por Edison de Oliveira Niece deixou de 
ser recebida, porquanto ausente o preparo (fls. 400). 
Logo, presentes os pressupostos de admissibilidade, 
conheço tão somente do apelo interposto pelo agente 
financeiro.
MÉRITO
QUANTO À CAPITALIZAÇÃO DE JUROS
Aduz o agente financeiro ser legítimos os valores cobrados
à título de juros.
Pois bem, inicialmente, a despeito da inexistência de 
prova pericial no tocante à capitalização de juros, a leitura 
dos extratos da conta corrente do autor revea, prima oculi, 
que os juros de um mês (todo 1- dia útil do mês) eram 
agregados ao saldo devedor que sofria nova carga de juros 
no mês seguinte sobre o valor agregado, fazendo ocorrer 
a capitalização.
AÇÃO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. SEGUNDA FASE. APELO 
DO BANCO. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA 
AFASTADA. PRESCINDIBILIDADE DA PROVA PERICIAL. 
CAPITALIZAÇÃO MENSAL VERIFICADA POR MEIO DA 
ANÁLISE DOS EXTRATOS E DE OUTROS ELEMENTOS 
DE PROVA. CÁLCULO DE JUROS COMPOSTOS EM 
PERIODICIDADE ANUAL. ADMISSIBILIDADE. RECURSO 
EM PARTE PROVIDO. (TJPR -13» C.Cível - AC 0499066-9
- Maringá - Rei.: Juiz Subst. 2S
 G. Fernando Wolff Filho -
Revisional de Financiamento de Veículos e Outros Contratos Bancários 35
Unânime - J. 13.08.2008)
Por parte do agente financeiro, podemos observar nos 
documentos juntados nas folhas 132,149,170 etc. que na 
relação jurídica negociai houve a capitalização de juros. 
Outrossim, sustenta a nobre parte apelante a possibilidade 
de capitalização mensal de juros nos termos da Medida 
Provisória n9 1963-17 reeditada pela de n9 2.170-36.
Pois bem.
Entendia esta Corte anteriormente que nos contratos 
firmados após 31 de março de 2000, por meio da expressa 
pactuação, a capitalização de juros seria possível em razão 
doart. 59 da MP 1.963-17/2001 (reeditada pela MP 2.170­
36).
Entretanto, através do Incidente de Declaração de 
Inconstitucionalidade n9 579.047-0/01, julgado pelo e. 
Órgão Especial desta Corte, tal dispositivo normativo foi 
declarado inconstitucional conforme ementa do v. acórdão 
citado apenas no que interessa:
INCIDENTE DE DECLARAÇÃO DE 1NC0NSTITU- 
CI0NAL1DADE - MEDIDA PROVISÓRIA - PRESSUPOSTOS 
FORMAIS - URGÊNCIA E RELEVÂNCIA - VÍCIO MATERIAL
- MATÉRIA RESERVADA A LEI COMPLEMENTAR.
1. São pressupostos formais das medidas provisórias a 
urgência e a relevância da matéria. Há de estar configurada 
a situação que legitime a edição da medida provisória, em 
que a demora na produção da norma possa acarretar dano 
de difícil ou impossível reparação para o interesse público, 
notadamente o periculum in mora decorrente no atraso 
na cogitação da prestação legislativa.
2. Os vícios materiais referem-se ao próprio conteúdo do 
ato, originando-se de um conflito com regras estabelecidas 
na Constituição, inclusive com a aferição do desvio do 
poder.
3. É vedada a edição de medidas provisórias sobre 
matéria reservada a lei complementar.

Outros materiais