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Principios penais e processuais penais

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Direito Penal
UNIVERSIDADE CATÓLICA
Celso Leardini
PRINCÍPIOS PENAIS E PROCESSUAIS PENAIS
celsolear@gmail.com
 	Principiologia: princípios são as bases em que se fundam uma norma, são os alicerces da ciência.
 	Principio da Legalidade ou da Reserva Legal
Os tipos penais, em especial, os incriminadores, somente podem ser criados através de lei em sentido estrito (lei complementar ou ordinária), emanada do Poder Legislativo, respeitadas as regras de processo legislativo previsto na Constituição e nos regimentos internos da Câmara dos Deputados e Senado Federal.
A previsão expressa do Princípio da Legalidade está disposta no artigo 5º, XXXIX, da Constituição Federal e no artigo 1º, do Código Penal.
 	
 	
LEX PRAEVIA
Lex certa
Lex scripta
Lex stricta
 	
 	
	O PRINCÍPIO DA LEGALIDADE 	
TEM O MESMO FUNDAMENTO AXIOLÓGICO DO 
				PRINCÍPIO DO DEVIDO 								PROCESSO LEGAL.
 	
 	
	1. Nulla poena sine crimine;
	2. Nullum crimen sine lege;
	 3. Nulla lex (poenalis) sine necessitate; 4.Nulla necessitas sine injuria; 5. Nulla injuria sine actione; 6. Nulla actio sine culpa; 7. Nulla culpa sinejudicio; 
	8. Nullum judicium sine accusatione; 9. Nulla accusatio sine probatione;...
 	
	1. Evolução histórica
Historicamente o princípio da legalidade tem suas raízes na Magna Carta Libertatum, imposta pelos barões ingleses em 1215, ao Rei João, da Inglaterra, preceituando que nenhum homem livre poderia ser punido sem lei, como forma de garantia mais sólida à liberdade individual, com o escopo de limitar o arbítrio do tirânico. Posteriormente é no ideário da obra de Beccaria, “Dei delitti e delle pene”, datada de 1764, que o princípio da legalidade, expressa força e se irradia, consolidando-se, em seguida, na Bill of Rights, no ano de 1774, na Filadélfia; na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão; no Código Penal francês de 1791, irradiando-se e influenciando todas as Cartas políticas e Códigos de todos os povos civilizados.
 	
	A fórmula – nullun crimen, nulla poena sine lege – muito embora formulada em latim, sua origem daí não provém. Foi o alemão Anselmo Feuerbach que a data do início do século passado sintetizou-a, e, através do pensamento liberal iluminista – graças a Revolução Francesa – tal preceito despontou para diferenciar aquele Estado Absolutista e Tirânico do Estado Constitucional, guardião da liberdade individual. Ademais, a máxima jurídica ultrapassou barreiras e alcançou patamar, não unicamente de um critério jurídico-penal, mas, sobretudo, de um critério político-liberal nos países em que é fonte primordial repressiva, convertendo-se no mais importante fundamento político de segurança jurídica e garantia individual ante a intervenção estatal arbitrária.
Diferença entre Princípio da Legalidade e Princípio da Reserva Legal:
O Princípio da Legalidade define os limites do poder punitivo estatal, direcionando como o Estado deve proibir, julgar e punir, assim como toda atividade por ele exercida, deve ser autorizada por lei.
O Princípio da Reserva Legal garante ao cidadão a margem de liberdade ou a reserva individual, de modo que ele pode fazer tudo o que não for proibido.
Princípio da legalidade e as leis imprecisas, indeterminadas e vagas
Esta problemática encontra a sua solução mediante os princípios de interpretação do Direito Penal, pelo qual uma norma penal será determinada de forma precisa se e na medida em que da mesma se possa deduzir o fim de proteção do legislador. O uso excessivo de expressões valorativas viola os princípios da legalidade e da reserva legal.
Princípio da reserva legal e as normas penais em branco (cegas ou abertas) heterogêneas
As normas penais em branco heterogêneas são aquelas cujos complementos advêm de normas de fonte diversa daquela.
Há duas correntes acerca da ofensa ao princípio da legalidade neste caso
1) Há ofensa, pois a norma penal não pode ser modificada sem que haja discussão amadurecida da sociedade, o que ocorre na apreciação de projetos de lei perante a Câmara dos Deputados e Senado Federal;
2) Corrente majoritária: não há ofensa, uma vez que a norma penal em branco prevê o núcleo essencial da conduta.
Segue precedente do Egrégio Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios:
	PENAL - USO DE ENTORPECENTE - CONDUTA TÍPICA - APREENSÃO DA DROGA COM PRESO NO INTERIOR DO PRESÍDIO - PEQUENA QUANTIDADE - NÃO FERIMENTO DA LEGALIDADE ESTRITA - INAPLICÁVEL O PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - INCIDÊNCIA DA CAUSA DE AUMENTO DO INCISO IV DO ARTIGO 18 - RECURSO DE APELAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO.
	1. Inexiste falar-se em ferimento do princípio da reserva legal, por se tratar de norma penal em branco heteróloga, quando - para acompanhar a urgente necessidade que circunda a Lei Antitóxicos, ante o surgimento de novas substâncias entorpecentes - achou por bem o legislador não estratificar as substâncias tidas como entorpecentes no preceito primário da norma e, por isso, textualmente autorizou o executivo a fazer tal edição (art. 36 da Lei n° 6.368/76).
	(...)
	4. Recurso de Apelação conhecido e improvido.
	(Acórdão n.252850, 20050110632120APR, Relator: BENITO TIEZZI, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 08/06/2006, Publicado no DJU SEÇÃO 3: 20/10/2006. Pág.: 112)
Observação: As medidas provisórias podem versar sobre direito penal não incriminador, ou seja, podem abolir crimes ou restringir o seu alcance, extinguir ou abrandar penas ou ampliar os casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade.
EMENTA: I. Medida provisória: sua inadmissibilidade em matéria penal - extraída pela doutrina consensual - da interpretação sistemática da Constituição -, não compreende a de normas penais benéficas, assim, as que abolem crimes ou lhes restringem o alcance, extingam ou abrandem penas ou ampliam os casos de isenção de pena ou de extinção de punibilidade. II. Medida provisória: conversão em lei após sucessivas reedições, com cláusula de "convalidação" dos efeitos produzidos anteriormente: alcance por esta de normas não reproduzidas a partir de uma das sucessivas reedições. III. MPr 1571-6/97, art. 7º, § 7º, reiterado na reedição subseqüente (MPr 1571-7, art. 7º, § 6º), mas não reproduzido a partir da reedição seguinte (MPr 1571-8 /97): sua aplicação aos fatos ocorridos na vigência das edições que o continham, por força da cláusula de "convalidação" inserida na lei de conversão, com eficácia de decreto-legislativo.
(RE 254818, Relator(a):  Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 08/11/2000, DJ 19-12-2002 PP-00081 EMENT VOL-02096-07 PP-01480 RTJ VOL-00184-01 PP-00301, grifo nosso)
Medida provisória que beneficia o agente
Caso seja editada medida provisória que estabeleça causas de diminuição de pena ou hipóteses de concessão de perdão judicial para participantes de organizações criminosas que delatarem a fato às autoridades, tema este, relevante e urgente, não se cogita falar em inconstitucionalidade. Embora seja matéria de Direito Penal, não há ofensa ao princípio da reserva legal, haja vista que a norma não está definindo novos crimes, tampouco restringindo direitos individuais ou prejudicando o réu.
Princípio da reserva legal e costumes
O costume contra legem não revoga a lei. Só uma lei pode revogar outra lei. Desta forma, já decidiu o Superior Tribunal de Justiça que “ o sistema jurídico brasileiro não admite possa uma lei perecer pelo desuso, porquanto, assentado no princípio da supremacia da lei escrita (fonte principal do Direito), sua obrigatoriedade só termina com sua revogação por outra lei. Noutros termos, não pode ter existência jurídica o costume contra legem.” (REsp. 30705/SP, Rel. Min. Adhemar Maciel, 6ª T., julgado em 14/3/1995)
Tal princípio possui três fundamentos, quais sejam:
A) Político: clara vinculação dos Poderes Executivo e Judiciário a leis formuladas, impedindo a arbitrariedade do poder punitivo;
B) Democrático: respeito à Separação dos Poderes, conferindo ao Parlamento a missão de elaborar as leis;
C)
Jurídico: o efeito intimidativo deve ser proveniente da lei prévia e clara.
9.2 – Principio da Fragmentariedade
O Direito Penal não deve ser a primeira opção (prima ratio) do legislador para composição de conflitos na sociedade. Ou seja, o Direito Penal é considerado a ultima ratio, isto é, quando se entende que a última solução é a edição de lei penal incriminadora, impondo uma sanção penal ao infrator.
	AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA.PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE. IRRELEVÂNCIA DA CONDUTA NA ESFERA PENAL. MODIFICAÇÃO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. INCURSÃO NA SEARA FÁTICO/PROBATÓRIA. INVIABILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. INCIDÊNCIA.
	1. O Direito Penal brasileiro é dirigido pelo princípio da intervenção mínima, que elege o caráter fragmentário e subsidiário desse direito, dependendo a sua atuação da existência de ofensa a bem jurídico relevante, não defendido de forma eficaz por outros ramos do direito.
	(...)
	(AgRg no AREsp 615.494/MS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 09/06/2015)
 	
9.3 – Principio da Intervenção Mínima
O Direito Penal só deve ser aplicado quando as demais esferas de controle fracassarem, observados os casos de relevante lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado (ultima ratio). O desdobramento lógico da fragmentariedade é o princípio da insignificância. Não se confunde o Princípio da Insignificância com os crimes de menor potencial ofensivo.
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE. IRRELEVÂNCIA DA CONDUTA NA ESFERA PENAL. MODIFICAÇÃO DO JULGADO. IMPOSSIBILIDADE. INCURSÃO NA SEARA FÁTICO/PROBATÓRIA. INVIABILIDADE. SÚMULA N. 7/STJ. INCIDÊNCIA.
1. O Direito Penal brasileiro é dirigido pelo princípio da intervenção mínima, que elege o caráter fragmentário e subsidiário desse direito, dependendo a sua atuação da existência de ofensa a bem jurídico relevante, não defendido de forma eficaz por outros ramos do direito.
2. O Tribunal local, soberano na reanálise do conjunto fático-probatório, concluiu pela aplicação do princípio da fragmentariedade, com a devida fundamentação.
(...)
(AgRg no AREsp 615.494/MS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 02/06/2015, DJe 09/06/2015)
Princípio da Intervenção Mínima e os crimes previstos na Lei de Drogas
	PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA - TRÁFICO DE DROGAS. O fato de o agente haver sido surpreendido com pequena quantidade de droga - três gramas - não leva à observação do princípio da insignificância, prevalecendo as circunstâncias da atuação delituosa - introdução da droga em penitenciária para venda a detentos. PENA - DOSIMETRIA. Surge devidamente fundamentada sentença que, entre o mínimo de três anos e o máximo de quinze, implica a fixação da pena-base em seis anos de reclusão, consideradas as circunstâncias do crime - prática junto a detentos de estabelecimento prisional e a personalidade do agente.
(HC 87319, Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 07/11/2006, DJ 15-12-2006 PP-00095 EMENT VOL-02260-04 PP-00774)
É também neste sentido, a Jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça:
	PENAL E PROCESSO PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. PEQUENA QUANTIDADE DE DROGA APREENDIDA. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO APLICAÇÃO. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO.
	1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que não se aplica o princípio da insignificância aos delitos de tráfico de drogas e uso de substância entorpecente, pois trata-se de crimes de perigo abstrato ou presumido, sendo irrelevante para esse específico fim a quantidade de droga apreendida. Precedentes do STJ.
	2. Recurso ordinário improvido.
	(RHC 57.761/SE, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 07/10/2015)
Princípio da insignificância e crimes ambientais:
	EMENTA: AÇÃO PENAL. Crime ambiental. Pescador flagrado com doze camarões e rede de pesca, em desacordo com a Portaria 84/02, do IBAMA. Art. 34, parágrafo único, II, da Lei nº 9.605/98. Rei furtivae de valor insignificante. Periculosidade não considerável do agente. Crime de bagatela. Caracterização. Aplicação do princípio da insignificância. Atipicidade reconhecida. Absolvição decretada. HC concedido para esse fim. Voto vencido. Verificada a objetiva insignificância jurídica do ato tido por delituoso, à luz das suas circunstâncias, deve o réu, em recurso ou habeas corpus, ser absolvido por atipicidade do comportamento.
(HC 112563, Relator(a):  Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Relator(a) p/ Acórdão:  Min. CEZAR PELUSO, Segunda Turma, julgado em 21/08/2012, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-241 DIVULG 07-12-2012 PUBLIC 10-12-2012)
CONSTITUCIONAL. PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. PESCA EM PERÍODO PROIBIDO (LEI N. 9.605/1998, ART. 34). APLICAÇÃO DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. IMPOSSIBILIDADE. MAIOR REPROVABILIDADE DA CONDUTA. RECURSO DESPROVIDO.
01. Em 04/08/2014, ao julgar o Habeas Corpus n. 242.132/PR, decidiu a Sexta Turma desta Corte que: a) "a questão da relevância ou insignificância das condutas lesivas ao meio ambiente não deve considerar apenas questões jurídicas ou a dimensão econômica da conduta, mas levar em conta o equilíbrio ecológico que faz possíveis as condições de vida no planeta"; b) "haverá lesão ambiental irrelevante no sentido penal quando a avaliação dos índices de desvalor da ação e de desvalor do resultado indicar que é ínfimo o grau da lesividade da conduta praticada contra o bem ambiental tutelado" (Ministro Rogerio Schietti Cruz).
À luz desse precedente e das premissas fáticas estabelecidas no acórdão impugnado - o crime foi praticado em unidade de conservação da natureza e em período de defeso à pesca, e o réu já fora "autuado por ação semelhante, qual seja fazer extração em área proibida" -, não há como afastar a tipicidade da conduta delituosa com fundamento no "princípio da insignificância".
02. Recurso desprovido.
(RHC 56.296/SC, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/SC), QUINTA TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 19/08/2015)
Princípio da insignificância e os crimes de contrabando e descaminho
	Ementa: PENAL. HABEAS CORPUS. CRIME DE DESCAMINHO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. APLICAÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. CIGARROS DE ORIGEM ESTRANGEIRA INTRODUZIDOS CLANDESTINAMENTE EM TERRITÓRIO NACIONAL. PERICULOSIDADE DO AGENTE. ORDEM DENEGADA. I – Nos termos da jurisprudência deste Tribunal, o princípio da insignificância deve ser aplicado ao delito de descaminho quando o valor sonegado for inferior ao estabelecido no art. 20 da Lei 10.522/2002, com as atualizações feitas pelas Portarias 75 e 130, ambas do Ministério da Fazenda. Contudo, os fatos narrados demonstram a necessidade da tutela penal em função da maior reprovabilidade da conduta do agente. II – No caso sob exame, o paciente detinha a posse de cigarros de origem estrangeira, sem a documentação legal necessária. Como se sabe, essa é uma típica mercadoria trazida do exterior, sistematicamente, em pequenas quantidades, para abastecer um intenso comércio clandestino, extremamente nocivo para o País, seja do ponto de vista tributário, seja do ponto de vista da saúde pública. III – A análise dos autos revela a periculosidade do paciente, o que impede a aplicação do princípio da insignificância, em razão do alto grau de reprovabilidade do seu comportamento. IV – Ordem denegada.
(HC 122029, Relator(a):  Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Segunda Turma, julgado em 13/05/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-104 DIVULG 29-05-2014 PUBLIC 30-05-2014)
 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. POSSIBILIDADE DE APLICAÇÃO AOS CRIMES DE APROPRIAÇÃO E SONEGAÇÃO DE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA. DÉBITO INFERIOR A R$ 10.000,00 (DEZ MIL REAIS). DÍVIDA QUE ULTRAPASSA O LIMITE EM QUESTÃO. TIPICIDADE MATERIAL DOS FATOS IMPUTADOS AO RECORRENTE. DESPROVIMENTO DO RECLAMO.
 1. No julgamento do REsp n. 1.112.478/TO, a 3ª
Seção desta Corte Superior de Justiça firmou o entendimento de que é possível a aplicação do princípio da insignificância ao crime de descaminho desde que o total do tributo devido não ultrapasse o patamar de R$ 10.000,00 (dez mil reais) previsto no artigo 20 da Lei 10.522/2002.
 2. Por sua vez, a Lei 11.457/2007 considerou como dívida ativa da União os débitos decorrentes de contribuições previdenciárias, conferindo-lhes tratamento semelhante ao que é dado aos créditos tributários, motivo pelo qual a Quinta e a Sexta Turma têm entendido que não há por que distinguir, na esfera penal, os crimes de descaminho, de apropriação indébita e de sonegação de contribuição previdenciária, aos quais se aplica o princípio da insignificância desde que o valor da dívida seja inferior a R$ 10.000,00 (dez mil reais). Precedentes.
	3. No caso dos autos, extrai-se da denúncia que o valor das contribuições previdenciárias supostamente sonegadas pelo recorrente ultrapassam o limite de R$ 10.000,00 (dez mil reais) exigido para o reconhecimento da atipicidade material dos fatos, inviabilizando o pleito formulado na inicial do writ.
	(...)
	(HC 324.131/SP, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 23/09/2015)
Princípio da insignificância e furto
	HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL. INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. FURTO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. VALOR NÃO ÍNFIMO. REITERAÇÃO DELITIVA. INAPLICABILIDADE. REINCIDÊNCIA E MAUS ANTECEDENTES COMPROVADOS. CIRCUNSTÂNCIAS BEM PONDERADAS NA DOSIMETRIA DA PENA. BIS IN IDEM NÃO CONFIGURADO. PENA-BASE FIXADA DE FORMA PROPORCIONAL E RAZOÁVEL. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. HABEAS CORPUS NÃO CONHECIDO.
(...)
2. O princípio da insignificância deve ser analisado em conexão com os postulados da fragmentariedade e da intervenção mínima do Estado em matéria penal, no sentido de excluir ou afastar a própria tipicidade penal, observando-se a presença de "certos vetores, como (a) a mínima ofensividade da conduta do agente, (b) a nenhuma periculosidade social da ação, (c) o reduzidíssimo grau de reprovabilidade do comportamento e (d) a inexpressividade da lesão jurídica provocada" (HC 98.152/MG, Rel. Ministro CELSO DE MELLO, Segunda Turma, DJe 5/6/2009).
3. Além de o valor da res furtiva não ser considerado ínfimo, a reiteração no cometimento de infrações penais se reveste de relevante reprovabilidade e, em regra, se mostra incompatível com a aplicação do princípio da insignificância.
4. Não configura bis in idem a análise das circunstâncias do crime e subjetivas do agente para o fim de aferir a tipicidade material pela significância jurídico-penal da conduta e, posteriormente, ponderá-las na dosimetria da pena, pois os fatos são únicos e a respectiva análise serve tanto para aferir a existência do crime como para aplicar a pena, na medida da culpabilidade do agente.
(...)
(HC 331.183/DF, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 01/10/2015, DJe 07/10/2015, grifo nosso)
Princípio da insignificância e lesão corporal culposa
	CRIMINAL. LEVISSIMA LESÃO CORPORAL CULPOSA. PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA. AÇÃO PENAL.
	- FALTA DE JUSTA CAUSA. INDISCUTIVEL A INSIGNIFICANCIA DA LESÃO CORPORAL CONSEQUENTE DE ACIDENTE DO TRANSITO ATRIBUIDO A CULPA DA MÃE DA PEQUENA VITIMA, CABE TRANCAR-SE A AÇÃO POR FALTA DE JUSTA CAUSA. PRECEDENTES DO TRIBUNAL.
	(RHC 3.557/PE, Rel. Ministro JOSÉ DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 20/04/1994, DJ 02/05/1994, p. 10016)
Princípio da insignificância e peculato
	PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PECULATO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. NÃO INCIDÊNCIA. DELITO CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. ART. 20 DA LEI N. 10.522/2002. INAPLICABILIDADE.
1. Segundo a jurisprudência desta Corte, não se aplica o princípio da insignificância aos crimes cometidos contra a administração pública, ainda que o valor seja irrisório, porquanto a norma penal busca tutelar não somente o patrimônio, mas também a moral administrativa.
2. Não se aplica ao crime de peculato o disposto no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, com a alteração dada pelas Portarias n. 75 e n. 130/2012, por não se tratar de supressão de tributo.
3. De qualquer forma, mostra-se irrelevante a discussão acerca do valor indevidamente apropriado, ante a reprovabilidade da conduta perpetrada pelo agravante, que se utilizou do cargo de gerente e tesoureiro da agência dos Correios para se apropriar da quantia de R$ 5.680,78.
4. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 487.715/CE, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 18/08/2015, DJe 01/09/2015, grifo nosso)
Princípio da insignificância e crime de moeda falsa
	Ementa: Habeas Corpus substitutivo de agravo regimental cabível na origem. Crime de moeda falsa. Inaplicabilidade do princípio da insignificância penal. 1. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal entende que “a impetração de habeas corpus como substitutivo de agravo regimental inclusive noutra Corte representa medida teratológica” (HC 115.659, Rel. Min. Luiz Fux). Precedentes. 2. Ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal já consolidaram o entendimento de que é “inaplicável o princípio da insignificância aos crimes de moeda falsa, em que objeto de tutela da norma a fé pública e a credibilidade do sistema financeiro, não sendo determinante para a tipicidade o valor posto em circulação” (HC 105.638, Rel. Min. Rosa Weber). Precedentes. (...)
(HC 108193, Relator(a):  Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado em 19/08/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-186 DIVULG 24-09-2014 PUBLIC 25-09-2014)
9.4 – Principio da Ofensividade (nullum crimen sine iniuria)
Tal princípio dispõe que não há crime sem efetiva lesão ou ameaça concreta do bem jurídico tutelado. Sua aplicação não se restringe ao legislador, como também ao aplicador da norma incriminadora, que deverá verificá-la diante do fato criminoso.
	“(...) Observe-se, porém, que boa parte da doutrina e a jurisprudência amplamente dominante admitem os crimes de perigo abstrato ou presumido, por considerarem lícito ao legislador dispensar o perigo como elementar do tipo, sempre que a experiência cotidiana revelar que a ação incriminada é perigosa, demonstrando-se justificada a construção legal. (...)” (GONÇALVES, 2013, p. 173)
	“O modelo de crime como ofensa a bem jurídico vincula-se ao princípio constitucional da garantia de direitos fundamentais e ao princípio impositivo que legitima a intervenção penal como incremento de tutela aos mencionados direitos.
	Nessa meta, afastam-se as perspectivas subjetivistas que consideram meramente a personalidade, a vontade ou atitudes interiores do agente, assentando-se no modelo de crime que tenha como função a tutela de bens jurídicos e cujo resultado jurídico se concretize no fato que expresse ofensa ou perigo de ofensa a bem jurídico.
	O princípio da ofensividade realiza significativa função de legitimação do ilícito-tipo e orienta a atuação legislativa na política criminal, abarcando todas as modalidades de ilícito penal que redundem na ofensa ou no perigo de ofensa concreta a bem jurídico, sem os quais a persecução penal restará deslegitimada.” (SILVA, 2009)
HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DESMUNICIADA. (A)TIPICIDADE DA CONDUTA. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS PENAIS. MANDADOS CONSTITUCIONAIS DE CRIMINALIZAÇÃO E MODELO EXIGENTE DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS EM MATÉRIA PENAL. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO EM FACE DO PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. LEGITIMIDADE DA CRIMINALIZAÇÃO DO PORTE DE ARMA DESMUNICIADA. ORDEM DENEGADA. (...). 2. CRIMES DE PERIGO ABSTRATO. PORTE DE ARMA. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALDIADE. (...) Baseado em dados empíricos, o legislador seleciona grupos ou classes de ações que geralmente levam consigo o indesejado perigo ao bem jurídico. A criação de crimes de perigo abstrato não representa, por si só, comportamento inconstitucional por parte do legislador penal. A tipificação
de condutas que geram perigo em abstrato, muitas vezes, acaba sendo a melhor alternativa ou a medida mais eficaz para a proteção de bens jurídico-penais supraindividuais ou de caráter coletivo, como, por exemplo, o meio ambiente, a saúde etc. Portanto, pode o legislador, dentro de suas amplas margens de avaliação e de decisão, definir quais as medidas mais adequadas e necessárias para a efetiva proteção de determinado bem jurídico, o que lhe permite escolher espécies de tipificação próprias de um direito penal preventivo. Apenas a atividade legislativa que, nessa hipótese, transborde os limites da proporcionalidade, poderá ser tachada de inconstitucional. (...)(HC 102087, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Relator(a) p/ Acórdão: Min. GILMAR MENDES, Segunda Turma, julgado em 28/02/2012, DJe-159 DIVULG 13-08-2012 PUBLIC 14-08-2012 REPUBLICAÇÃO: DJe-163 DIVULG 20-08-2013 PUBLIC 21-08-2013 EMENT VOL-02699-01 PP-00001
Princípio da ofensividade e os crimes de arma de fogo (Lei 10.826/2003)
Os crimes previstos nos artigos 12 a 18 do Estatuto do Desarmamento são crimes de perigo abstrato, uma vez que basta a realização da conduta, sendo desnecessária a avaliação posterior in casu acerca do efetivo perigo à sociedade. 
AUSÊNCIA DE POTENCIALIDADE LESIVA. TIPICIDADE. DELITO DE PERIGO
ABSTRATO.
1 - O simples porte de arma de fogo, por si só, coloca em risco a paz social, porquanto tal artefato, independente de sua potencialidade lesiva, intimida e constrange as pessoas, o que caracteriza um delito de perigo abstrato.
2 - É típica a conduta de portar arma de fogo, ainda que não demonstrada sua potencialidade lesiva.
3 - Agravo regimental não provido. (AgRg no REsp 1368637/MG, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 05/08/2014,
DJe 19/08/2014)
9.5 – Principio da Insignificância
		Para o Princípio da Insignificância, as condutas causadoras de danos ou perigos ínfimos aos bens penalmente protegidos são materialmente atípicas. Sua natureza jurídica é de causa de exclusão da tipicidade material da conduta. Este é o entendimento do Supremo Tribunal Federal:
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. RÁDIO COMUNITÁRIA. OPERAÇÃO SEM AUTORIZAÇÃO DO PODER PÚBLICO. ART. 183 DA LEI N. 9.472/1997. PRESENÇA DE CRITÉRIOS OBJETIVOS. INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A conduta do Paciente não resultou em dano ou perigo concreto relevante para a sociedade, de modo a provocar lesão ou por em perigo bem jurídico na intensidade reclamada pelo princípio da ofensividade, sendo irrelevantes as consequências do fato. Esse fato não tem importância na seara penal, incidindo, na espécie, o princípio da insignificância, reduzindo-se o espaço jurídico de proibição aparente da tipicidade legal e, por consequência, tornando atípico o fato denunciado. 2. É manifesta a ausência de justa causa para a propositura da ação penal. A natureza subsidiária e fragmentária do direito penal impõe somente seja ele adotado quando outros ramos do direito não forem suficientes para a proteção dos bens jurídicos envolvidos. Precedentes. 3. Ordem concedida. (HC 126592, Relator(a):  Min. CÁRMEN LÚCIA, Segunda Turma, julgado em 24/02/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-080 DIVULG 29-04-2015 PUBLIC 30-04-2015, grifo nosso)
	
Os vetores para a aplicação do Princípio da Insignificância, para o Supremo Tribunal Federal, são:
■ a mínima ofensividade da conduta ;
 ■ a ausência de periculosidade social da ação;
 ■ o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento; e, 
■ a inexpressividade da lesão jurídica provocada.
Veja-se o entendimento do Supremo Tribunal Federal, abaixo consubstanciado:
EMENTA: HABEAS CORPUS. PENAL. RECEPTAÇÃO DE BENS AVALIADOS EM R$ 258,00. APLICABILIDADE DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA: INVIABILIDADE. ALTO GRAU DE REPROVABILIDADE DA CONDUTA. ORDEM DENEGADA. 1. A tipicidade penal não pode ser percebida como o trivial exercício de adequação do fato concreto à norma abstrata. Além da correspondência formal, para a configuração da tipicidade, é necessária uma análise materialmente valorativa das circunstâncias do caso concreto, no sentido de se verificar a ocorrência de alguma lesão grave, contundente e penalmente relevante do bem jurídico tutelado. 2. O princípio da insignificância reduz o âmbito de proibição aparente da tipicidade legal e, por consequência, torna atípico o fato na seara penal, apesar de haver lesão a bem juridicamente tutelado pela norma penal. 3. Para a incidência do princípio da insignificância, devem ser relevados o valor do objeto do crime e os aspectos objetivos do fato, tais como a mínima ofensividade da conduta do agente, a ausência de periculosidade social da ação, o reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e a inexpressividade da lesão jurídica causada. (...)
(HC 108946, Relator(a):  Min. CÁRMEN LÚCIA, Primeira Turma, julgado em 22/11/2011, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-232 DIVULG 06-12-2011 PUBLIC 07-12-2011)
9.6 – Principio da Humanidade
		O Direito Penal deve primar pelo bem-estar da coletividade, inclusive dos condenados, que não devem ser excluídos da sociedade, pelo fato de terem infringido uma norma penal. Prima pela vedação das reprimendas indignas, cruéis, desumanas e degradantes. Desse princípio decorre a proibição de tipos ou de penas que atendem desnecessariamente contra a incolumidade física ou moral de alguém, bem como a possibilidade de a pena passar da pessoa do delinquente, ressalvados alguns efeitos extrapenais da condenação (artigo 5º, inciso XLV, da Constituição Federal)
Em vista disso, a Constituição Federal veda a pena de morte (exceto em caso de guerra declarada); b ) de caráter perpétuo; c) de trabalhos forçados; d) de banimento; e) cruéis (art. 5º, XLVII), bem como assegura o respeito à integridade física e moral do preso (art. 5.0, XLIX).
Ementa: APELAÇÕES CRIMINAIS. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO. FURTO. PRELIMINAR DE NULIDADE DA AUDIÊNCIA DE INTERROGATÓRIO DO RÉU. USO INDEVIDO DE ALGEMAS. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA VINCULANTE Nº 11 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. REJEITADA. (...) Assim sendo, identificando-se na questão conflito de princípios constitucionais, deve-se conciliar os ditames da Súmula Vinculante nº 11 do Supremo Tribunal Federal com a diversidade de valores que se enfeixam no caso, sejam os que expressam o princípio da humanidade e dignidade, o do devido processo legal e o da duração razoável do processo, não se devendo afastar da fórmula infraconstitucional pas de nullité sans grief . (...) (Apelação Crime Nº 70063533012, Sétima Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Conrado Kurtz de Souza, Julgado em 16/04/2015)
PROCESSUAL PENAL. LEI MARIA DA PENHA. NATUREZA JURÍDICA DA AÇÃO PENAL NOS CRIMES DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR. AUDIÊNCIA DE JUSTIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE DE RETRATAÇÃO. IMPROCEDÊNCIA DA RECLAMATÓRIA. 
(...)
3 Se as partes em conflito doméstico familiar, mediante diálogo livre de peias e de preconceitos, chegam à conclusão de que é possível manter a família em paz, apesar de agressão circunstancial motivada por ânimos exaltados, não sendo graves as consequências, não pode o Estado imiscuir-se na vida privada dessas pessoais de forma tão agressiva que inviabilize o perdão, exercendo o seu poder de coerção para impor a continuidade da ação penal. O tão decantado princípio da humanidade consiste justamente em reconhecer a fagulha essencial a todos os seres humanos de que resultam seus paradoxos, fraqueza e fortaleza, coragem e covardia, heroísmo e vilania: todos são iguais em sua dimensão de grandeza e pequenez. E é justamente por causa dessas características inatas à sua condição que o homem - e, às vezes, a própria mulher - agride quem lhe compartilha a cama, normalmente no calor de discussão animada por eflúvios etílicos, que proporcionam dimensão exagerada ao ciúme, ao sentimento de posse e ao desejo. Em tais casos, é mister saber separar o joio do trigo, identificando ações circunstanciais e efêmeras, daquelas que evidenciam a latente periculosidade do agressor, capaz de ocasionar
tragédias como a da própria Maria da Penha, paradigma maior do sofrimento da mulher haurido no recôndito do lar, graças a uma cultura machista e de subserviência que não mais se compatibiliza com os tempos modernos. É a estas mulheres que a lei do mesmo nome busca resgatar, em nome do princípio da dignidade humana.
4 Reclamação desprovida.
(Acórdão n.535803, 20110020081484RCL, Relator: GEORGE LOPES LEITE, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 08/09/2011, Publicado no DJE: 22/09/2011. Pág.: 198)
9.7 – Principio do Estado de Inocência ou Presunção de Inocência
	Este princípio está inculpido no artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal, determinando que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória.”
Em relação à prisão provisória (prisão preventiva ou temporária), esta medida é aceitável, desde de que seja excepcional.
PRISÃO PREVENTIVA – EXCEPCIONALIDADE. Em virtude do princípio constitucional da não culpabilidade, a custódia acauteladora há de ser tomada como exceção. Cumpre interpretar os preceitos que a regem de forma estrita, reservando-a a situações em que a liberdade do acusado coloque em risco os cidadãos ou a instrução penal. PRISÃO PREVENTIVA – IMPUTAÇÃO. A imputação não respalda a prisão preventiva, sob pena de presumir-se a culpa. PRISÃO PREVENTIVA – SUPOSIÇÕES. Não fundamentam a prisão preventiva simples suposições quanto a poder o acusado deixar o distrito da culpa e a vir a obstaculizar a instrução criminal. PRISÃO PREVENTIVA – PERICULOSIDADE DE ENVOLVIDO. A periculosidade de um dos envolvidos surge com caráter individual, não servindo, ainda que seja o chefe da suposta quadrilha, a levar à prisão de outros acusados. PRISÃO PREVENTIVA – MINISTÉRIO PÚBLICO E JUDICIÁRIO – RIGOR. A credibilidade, quer do Ministério Público, quer do Judiciário, não está na adoção de postura rigorosa à margem da ordem jurídica, mas na observância desta. PRISÃO PREVENTIVA – EPISÓDIO – REPERCUSSÃO NACIONAL E SENTIMENTO DA SOCIEDADE. Nem a repercussão nacional de certo episódio, nem o sentimento de indignação da sociedade lastreiam a custódia preventiva.
(HC 101537, Relator(a):  Min. MARCO AURÉLIO, Primeira Turma, julgado em 11/10/2011, DJe-216 DIVULG 11-11-2011 PUBLIC 14-11-2011 EMENT VOL-02625-01 PP-00046, grifo nosso)
	
9.8 – Principio da Igualdade (Isonomia) 
Tal princípio não deve ser considerado apenas em seu aspectos formal, mas substancial, o que demanda tratamento isonômico aos iguais e desigual aos desiguais, na medida de suas desigualdades.
Observação: Essa garantia é estendida aos estrangeiros, ainda que não residentes no país.
EMENTA: PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS. TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES. LEI Nº 6.368/76, ARTIGOS 12 E 18, I. SUBSTITUIÇÃO DE PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS. REQUISITOS OBJETIVOS E SUBJETIVOS DO ART. 44 DO CÓDIGO PENAL PRESENTES. ESTRANGEIRO. POSSIBILIDADE. ORDEM CONCEDIDA. (...) O súdito estrangeiro, mesmo o não domiciliado no Brasil, tem plena legitimidade para impetrar o remédio constitucional do "habeas corpus", em ordem a tornar efetivo, nas hipóteses de persecução penal, o direito subjetivo, de que também é titular, à observância e ao integral respeito, por parte do Estado, das prerrogativas que compõem e dão significado à cláusula do devido processo legal. - A condição jurídica de não nacional do Brasil e a circunstância de o réu estrangeiro não possuir domicílio em nosso país não legitimam a adoção, contra tal acusado, de qualquer tratamento arbitrário ou discriminatório. (...)
(HC 103311, Relator(a):  Min. LUIZ FUX, Primeira Turma, julgado em 07/06/2011, DJe-123 DIVULG 28-06-2011 PUBLIC 29-06-2011 EMENT VOL-02553-01 PP-00086)
9.9 – Principio do Ne bis in idem
Tal princípio exerce função preclusiva, ao passo que impede novo julgamento acerca do mesmo fato imputado à mesma pessoa. Parte da doutrina, considera este princípio como decorrência lógica da coisa julgada. Além disso, o non bis in idem não está previsto na Constituição, mas no Estatuto de Roma, que instituiu o Tribunal Penal Internacional.
“A similitude de funções – impedir a renovação do julgado em futuros processos (efeito preclusivo, negativo, da coisa julgada), de um lado; garantir ao acusado o direito de não ser novamente processado, julgado e punido pelo mesmo fato (ne bis in idem), de outro – torna tentadora a proposta de confundirem-se esses dois institutos sob a ideia comum da res judicata .” (Trecho do voto do Ministro Relator Rogério Schietti Cruz, no julgamento HC 320.626/SP, julgado em 09/06/2015, DJe 22/06/2015)
Exceção ao Princípio do ne bis in idem: Artigo 8º do Código Penal, que autoriza novo julgamento e condenação pelo mesmo fato, nos casos de extraterritorialidade da lei penal brasileira. Embora este dispositivo não trata expressamente sobre a dupla proibição e persecução penal, dispõe sobre o modo de resolução da situação de quem é punido, pelo mesmo crime, pela Justiça de dois Estados soberanos.
Significados do princípio do ne bis in idem:
Processual: ninguém pode ser processado duas vezes pelo mesmo crime;
Material: ninguém pode ser condenado pela segunda vez em razão do mesmo fato;
Execucional: ninguém pode ser executado duas vezes por condenações relacionadas ao mesmo fato.
Segue julgado com interessante teor pedagógico acerca do ne bis in idem material e processual:
HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. RÉU ABSOLVIDO E CONDENADO PELO MESMO CRIME. PROIBIÇÃO DA DUPLA PERSECUÇÃO PENAL. VIOLAÇÃO DA COISA JULGADA. ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. A idéia de que ninguém pode ser duplamente processado ou punido pelo mesmo crime é conhecida como ne bis in idem, princípio que pode ser analisado sob a ótica material, como o direito a não ser punido duas vezes pelo mesmo crime, ou sob a ótica processual, como o direito a não ser processado mais de uma vez pelo mesmo fato.
2. Em decorrência do efeito preclusivo da coisa julgada material, impede-se a submissão do réu a novo julgamento pelo mesmo fato, em futuros processos. A originalidade da demanda é, portanto, requisito necessário para o desenvolvimento válido e regular do processo.
3. O paciente foi inicialmente processado por dois roubos, cometidos em concurso material, sendo, em única sentença, condenado por um dos delitos patrimoniais e absolvido quanto ao outro, sentença que transitou em julgado para ambas as partes. Em processo penal distinto, instaurado em decorrência de outro inquérito policial que tramitava para apurar o mesmo fato, veio o paciente a ser condenado pelo crime do qual já havia sido anteriormente absolvido, duplicidade de julgamentos que somente foi percebida pelo juízo da execução penal.
4. Deve ser reconhecido o constrangimento ilegal de que é vítima o paciente, ante a dupla persecução penal e desconsideração da sentença absolutória anterior, transitada em julgado.
5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida, de ofício, para anular a condenação proferida na Ação Penal n.
0013255-55.2012.8.26.0050, da 14ª Vara Criminal de São Paulo, e todos os efeitos penais dela decorrentes.
(HC 320.626/SP, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 22/06/2015)
9.10 – Principio da Pessoalidade ou da Individualização da pena
Tal princípio está insculpido no artigo 5º, inciso XLV, da Constituição Federal, que assim dispõe: “nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;”
É desdobramento lógico dos princípios da responsabilidade penal individual, da responsabilidade subjetiva e da culpabilidade.
EMENTA: HABEAS CORPUS. TRÁFICO DE DROGAS. ART. 44 DA LEI 11.343/2006: IMPOSSIBILIDADE DE CONVERSÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE EM PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE. OFENSA À GARANTIA CONSTITUCIONAL
DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA (INCISO XLVI DO ART. 5º DA CF/88). ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. O processo de individualização da pena é um caminhar no rumo da personalização da resposta punitiva do Estado, desenvolvendo-se em três momentos individuados e complementares: o legislativo, o judicial e o executivo. Logo, a lei comum não tem a força de subtrair do juiz sentenciante o poder-dever de impor ao delinqüente a sanção criminal que a ele, juiz, afigurar-se como expressão de um concreto balanceamento ou de uma empírica ponderação de circunstâncias objetivas com protagonizações subjetivas do fato-tipo. Implicando essa ponderação em concreto a opção jurídico-positiva pela prevalência do razoável sobre o racional; ditada pelo permanente esforço do julgador para conciliar segurança jurídica e justiça material. (...)
(HC 97256, Relator(a): Min. AYRES BRITTO, Tribunal Pleno, julgado em 01/09/2010, DJe-247 DIVULG 15-12-2010 PUBLIC 16-12-2010 EMENT VOL-02452-01 PP-00113 RTJ VOL-00220- PP-00402 RT v. 100, n. 909, 2011, p. 279-333)
9.11 – Principio da Proporcionalidade
Desdobramento lógico do princípio da individualização da pena, uma vez que deve haver proporcionalidade entre a gravidade do crime praticado e a sanção a ser aplicada.
Para que a sanção penal cumpra a sua finalidade, é mister ajustar a relevância do bem jurídico tutelado e as condições pessoas do agente.
	“Uma pena só será necessária se não houver outra forma de se atingir a reprovação e, principalmente, a prevenção do delito. Portanto, deve a pena ser, qualitativa e quantitativamente, necessária.
	Uma pena adequada é uma pena idônea para a realização dos fins a que se propõe. Nesse sentido, será adequada aquela pena que atua na prevenção do crime, bem como na sua repressão, de modo proporcional e justo. A adequação representa a compatibilidade entre o meio e fim pretendido, razão pela qual muitas vezes é chamada de idoneidade ou conformidade, e determina, basicamente, que o meio de restrição ao direito fundamental deve ser apropriado para atingir o fim perseguido.
	E, por fim, uma pena proporcional é sempre aquela que não é excessiva. Para tanto, não deve ser desproporcional ao mal causado pelo delito. Nas palavras de QUEIROZ, “deve o castigo guardar proporção com a gravidade do crime praticado”. Assim, a pena, igualmente, será suficiente, quando se mostrar proporcional ao mal praticado pelo agente. Se ela não respeita a proporcionalidade, torna-se uma violência contra o indivíduo. Isso reflete, por exemplo, na fixação da duração da pena.” (RABELO, com adaptações)
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DIREITO PENAL. DOSIMETRIA DA PENA. COMPENSAÇÃO ENTRE REINCIDÊNCIA E CONFISSÃO ESPONTÂNEA. RÉU COM VÁRIAS CONDENAÇÕES. IMPOSSIBILIDADE. APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA PROPORCIONALIDADE E INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA. INSURGÊNCIA DESPROVIDA. 1. A compensação entre a agravante da reincidência e a atenuante da confissão espontânea pressupõe a existência de apenas uma condenação transitada em julgado contra o acusado. 2. Tratando-se de condenado multirreincidente, mostra-se impossível promover a compensação integral e exata entre a confissão e a reincidência. Dessa forma, a preponderância da reincidência no cálculo se constitui em aplicação efetiva dos princípios da proporcionalidade e individualização da pena. 3. Agravo regimental desprovido.
(STJ - AgRg no REsp: 1508438 RN 2015/0008344-7, Relator: Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), Data de Julgamento: 02/06/2015, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 15/06/2015)
	RECURSO ESPECIAL. PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO EMPREGO DE ARMA E CONCURSO DE AGENTES NA FORMA TENTADA. PLEITO DE CLASSIFICAÇÃO COMO TENTATIVA DE LATROCÍNIO. SÚMULA 7/STJ. TROCA DE TIROS COM A POLÍCIA. PRESUNÇÃO DE DOLO EVENTUAL. IMPOSSIBILIDADE. DOSIMETRIA DA PENA. DESPROPORCIONALIDADE. VIOLAÇÃO DO ART. 59 DO CP CARACTERIZADA.
	AFASTAMENTO, DE OFÍCIO, DA VALORAÇÃO NEGATIVA DA CULPABILIDADE E MOTIVOS DO CRIME. MAJORANTE DO ART. 157, § 2°, V, DO CP. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA N. 211/STJ.
	(...)
	4. Para chegar a uma aplicação justa da lei penal, o julgador, dentro da discricionariedade juridicamente vinculada, deve, na primeira etapa do procedimento trifásico, guiar-se pelas circunstâncias relacionadas no caput do artigo 59 do Código Penal.
	(....)
(REsp 1414303/RS, Rel. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ, SEXTA TURMA, julgado em 05/06/2014, DJe 25/06/2014)
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL: Art. 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, o princípio due process of law determina que "ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal". 
► Emana do Estado de Direito;
►Princípio fundamental do processo penal, base sobre a qual todos os outros se sustentam;
► Garantir um processo e uma sentença justa;
► Doutrina americana: substantive due process e o procedural due process.
Em várias oportunidades faremos referência ao princípio do devido processo como uma megagarantia dos direitos fundamentais. 
Devido processo legal
Art. 5º., LIV, CF: mais garantias para o processo penal que para o processo não-penal (procedimentos diversos).
origem histórica das garantias individuais contra o arbítrio penal
restrição quase que imediata da liberdade pessoal
nulla poena sine judicio
CF: normas de direito processual
filtragem constitucional das normas processuais-penais: revogação tácita de normas antinômicas (não-recepção)‏
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Devido processo legal
superprincípio: relação simbiótica
conceituação: ponto de vista negativo – tudo o que fere o processo penal justo não é devido processo legal
espécies
substantivo (ou material): razoabilidade na edição de normas jurídicas
processual (ou formal): regularidade do processo em todas as instâncias
relação com os princípios:
da segurança jurídica e da proteção da confiança
da dignidade da pessoa humana (art. 1°, III, CF) 
47
Não é ofensivo ao direito à ampla defesa - CF, art. 5º, LV - assim não ofensivo ao devido processo legal processual -, a disposição processual que exige, sob pena de não conhecimento do recurso, que o instrumento seja instruído com determinadas peças […].
(STF. AI 265.064 – AgR-ED-ED/MT. 2ª. T. Rel. Carlos Velloso. Julg. 11 jun. 2002.)‏
48
JURISPRUDÊNCIA
	O inciso LIV do art. 5º, CF, mencionado, diz respeito ao devido processo legal em termos substantivos e não processuais. Pelo exposto nas razões de recurso, quer a recorrente referir-se ao devido processo legal em termos processuais, CF, art. 5º, LV. Todavia, se ofensa tivesse havido, no caso, à Constituição, seria ela indireta, reflexa, dado que a ofensa direta seria a normas processuais. E, conforme é sabido, ofensa indireta à Constituição não autoriza a admissão do recurso extraordinário. (STF – AI-AgR 513044 – SP – 2ª T. – Rel. Min. Carlos Velloso – DJU 08.04.2005 – p. 00031).
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DA VERDADE PROCESSUAL: implica que as partes devem empenhar-se na colheita de materiais probatórios necessários e lícitos para se comprovar, com certeza absoluta (dentro dos autos), quem realmente enfrentou o comando normativo penal e a maneira pela qual o fez. 
A ideia equivocada da existência da verdade material legitima o sistema inquisitório e toda a barbárie que o acompanha, na medida em que tem o processo como meio capaz de dar conta “da verdade”; e não de “uma verdade”, não poucas vezes completamente diferente daquela que ali estar-se-ia a buscar. 
“Se uma justiça penal integralmente ‘com verdade’ constitui utopia, uma justiça penal completamente ‘sem verdade’ equivale a um sistema de arbitrariedade” 
( FERRAJOLI)
JURISPRUDÊNCIA
	RHC - PROCESSO PENAL - PROVA - REPRODUÇÃO - AMPLIAÇÃO - O PROCESSO PENAL, AO CONTRARIO DO CIVIL, NÃO TRANSIGE COM A BUSCA DA VERDADE REAL. O JUIZ PODE DETERMINAR A REPRODUÇÃO DE PROVAS E COLHER AS QUE SEJAM UTEIS A INSTRUÇÃO.
 	(RHC 1.330/RJ, Rel. Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO,
SEXTA TURMA, julgado em 20/08/1991, DJ 09/09/1991, p. 12214)
	
	PROCESSO PENAL - RECONSIDERAÇÃO DE VOTO.
	1) O QUE FORMALIZA A CONCLUSÃO DO JULGAMENTO E A PROCLAMAÇÃO DO SEU RESULTADO DEFINITIVO. SE O JULGAMENTO DO RECURSO NÃO SE CONCLUIU NA MESMA SESSÃO, ANTE PEDIDO DE VISTA DE UM DOS JULGADORES, QUALQUER DELES, NA SESSÃO EM QUE SE PROFERE O VOTO-VISTA, PODE MODIFICAR SEU ENTENDIMENTO, ANTES DA PROCLAMAÇÃO FINAL DO RESULTADO. O JUIZ CRIMINAL BUSCA A VERDADE REAL E NÃO A MERAMENTE FORMAL DO JUIZ NO CIVEL, FICANDO ASSEGURADA A ESTABILIDADE DO JULGAMENTO COM A PROCLAMAÇÃO DEFINITIVA DO RESULTADO, NA SESSÃO EM QUE SE CONCLUIU.
	2) HABEAS-CORPUS INDEFERIDO.
	(HC 753/MS, Rel. Ministro WASHINGTON BOLIVAR, SEXTA TURMA, julgado em 01/07/1991, DJ 19/08/1991, p. 11001, grifo nosso)
	RESP - PROCESSUAL PENAL - PROVA - VERDADE-REAL - O PROCESSO PENAL VISA A CONSTATAR A VERDADE REAL. AS PROVAS, EM TESE, SE EQUIVALEM. O CONJUNTO PROBATORIO ENTREMOSTRARA O REALCE DE CADA UMA, NO CASO CONCRETO. NÃO SE CONCEBE, NO DIREITO MODERNO, INTERPRETAÇÃO INTRANSIGENTE, ATENTA APENAS A POSTURAS FORMAIS.
	(REsp 11.784/SP, Rel. Ministro PEDRO ACIOLI, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, SEXTA TURMA, julgado em 23/06/1992, DJ 14/09/1992, p. 14982)
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE DOS ATOS PROCESSUAIS:
● A publicidade, como garantia, aparece no art. 5º, XXXIII, que assegura a todos o direito de "receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral (...)". 
		
● E no art. 5º, inciso LX, que declara: "a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem".
Ocorre, assim, uma sistematização entre os princípios da publicidade, do devido processo legal e da verdade processual, pois não há como se respeitar os procedimentos delineados em lei sem garantir ao acusado a publicidade dos atos praticados no curso do processo a que responde, nem se descobrir a verdade dos fatos praticados sem dar ao público a oportunidade de levar informações ao conhecimento do juiz e verificar se há a imparcialidade devida no julgamento. 
JURISPRUDÊNCIA
	HABEAS CORPUS. SURSIS PROCESSUAL. ANOTAÇÃO NO CARTÓRIO DE DISTRIBUIÇÃO. PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE. ARTS. 37 E 93, IX DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. ORDEM DENEGADA.
	A divulgação dos atos processuais é a regra decorrente do princípio da publicidade hospedado no art. 37 da Carta Política, em consonância com o art. 93, IX, do mesmo Diploma Soberano.
	A ação penal proposta pelo Ministério Público em desfavor do paciente não pode ficar no limbo. Há de ser devidamente registrada. E esse registro há de corresponder à verdade processual.
	(Acórdão n.422883, 20100020064746HBC, Relator: ROMÃO C. OLIVEIRA, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 13/05/2010, Publicado no DJE: 27/05/2010. Pág.: 159)
	
	PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. PROGRESSÃO DE REGIME. AUSÊNCIA DE VAGAS EM ESTABELECIMENTO ADEQUADO. CONCESSÃO DE PRISÃO DOMICILIAR. MONITORAMENTO ELETRÔNICO. INCLUSÃO DO APENADO. POSSIBILIDADE. AUTUAÇÃO. RETIFICAÇÃO.
	(...)
	3. Possível a correção da autuação do habeas corpus, para que o nome do acusado conste por extenso, quando constatado que o feito não tramitou em segrego de justiça nas instâncias ordinárias, em homenagem ao princípio da publicidade, expressamente insculpido no art. 93, IX, da Constituição Federal.
	4. Agravo regimental provido.
	(AgRg no HC 208.511/MG, Rel. Ministro GURGEL DE FARIA, QUINTA TURMA, julgado em 19/05/2015, DJe 28/05/2015)
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO:
● O contraditório, como garantia, aparece no art. 5º, LV, que encerra "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".
● EXCEÇÕES: Interceptação telefônica, Quebra de sigilo bancário e Inquérito Policial*. 
De um lado encontra-se a necessidade de dar conhecimento da existência da ação e de todos os atos do processo às partes, e de outro, a possibilidade de as partes reagirem aos atos que lhes sejam desfavoráveis. Por isso se diz que há no contraditório informação e reação, pois é a ciência bilateral dos atos e termos do processo e possibilidade de contrariá-los. 
JURISPRUDÊNCIA
	RESP - CONSTITUCIONAL - PROCESSUAL PENAL - PROVA - PROCESSO - INQUERITO POLICIAL - A CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA DISTINGUE PROCESSO E INQUERITO POLICIAL. O PRIMEIRO OBEDECE O PRINCIPIO DO CONTRADITORIO. O SEGUNDO É INQUISITORIAL. A PROVA IDÔNEA PARA ARRIMAR SENTENÇA CONDENATORIA DEVERA SER PRODUZIDA EM JUIZO.
	IMPOSSIVEL INVOCAR OS ELEMENTOS COLHIDOS NO INQUERITO, SE NÃO FOREM CONFIRMADOS NA INSTRUÇÃO CRIMINAL.
	(REsp 55.178/MG, Rel. Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, SEXTA TURMA, julgado em 14/11/1994, DJ 19/12/1994, p. 35338)
	EXECUÇÃO PENAL. RECURSO EM HABEAS CORPUS. PENA RESTRITIVA DE DIREITOS. CONVERSÃO EM PRIVATIVA DE LIBERDADE. INTIMAÇÃO PARA APRESENTAR JUSTIFICATIVA. OCORRÊNCIA. OFENSA AOS PRINCÍPIOS DA AMPLA DEFESA E DO CONTRADITÓRIO. INEXISTÊNCIA.
	(...)
	2. Sustenta o ora recorrente, em síntese, a ocorrência de constrangimento ilegal, pois não houve a instauração de procedimento administrativo disciplinar a fim de apurar eventual falta grave cometida.
	3. Consolidou-se nesta Corte Superior entendimento no sentido de que, em homenagem aos princípios do contraditório e da ampla defesa, faz-se necessária a intimação do reeducando para, com a presença de defensor, esclarecer as razões do descumprimento das medidas restritivas de direito antes da conversão delas em pena privativa de liberdade.
	(...)
	(RHC 59.152/SC, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 01/09/2015, DJe 08/09/2015)
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA:
● Garantia com sede constitucional no art. 5º, LV, que expressa "aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes".
● O Estado deve proporcionar ao acusado a mais completa defesa, através de duas possibilidades: a) Defesa Técnica (indisponível); b) Defesa Pessoal (positiva e negativa) . 
● A necessidade de defesa técnica está expressamente consagrada no Art. 261 do CPP, onde pode ler que nenhum acusado, ainda que ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor.
JURISPRUDÊNCIA
	PROCESSUAL PENAL. EXERCICIO DA AÇÃO. MANDANTE. INEPCIA DA DENUNCIA. INOCORRENCIA.
I- A AUSENCIA DA IDENTIFICAÇÃO DA PESSOA DO AUTOR MATERIAL DO HOMICIDIO NÃO IMPEDE O EXERCICIO DA AÇÃO PENAL, ATRAVES DA DENUNCIA DO MANDANTE DO CRIME, QUANDO ESTE E CONHECIDO E EXISTEM, EM TESE, INDICIOS SUFICIENTES QUE O RESPONSABILIZAM.
II- NÃO E INEPTA A DENUNCIA QUE DESCREVE AS CIRCUNSTANCIAS ELEMENTARES DO FATO, OBSERVANDO OS REQUISITOS DO ART. 41 DO CPP, DE MODO A ENSEJAR A AMPLA DEFESA DO ACUSADO.
III- RECURSO IMPROVIDO.
(RHC 162/MG, Rel. Ministro CARLOS THIBAU, SEXTA TURMA, julgado em 05/09/1989, DJ 10/10/1989, p. 15651)
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ:
● A imparcialidade do órgão jurisdicional é um princípio supremo do processo, imprescindível para o seu normal desenvolvimento e obtenção do reparto judicial justo. 
		
● Possui intima relação com o Sistema Acusatório. 
● A abominável figura do juiz inquisidor em algumas normas processuais: Art. 127, Art. 156, Art. 209, Art. 242, Art. 311, Art. 384 (todos do CPP) e Lei 9.034/95.
Juiz imparcial pressupõe juiz independente, e para assegurar a imparcialidade, a CF/88 estipula garantias (art. 95) e vedações (art. 95, § único) e proíbe Tribunais de Exceção (art. 5º, XXXVII). 
JURISPRUDÊNCIA
	 (...)
	No caso dos autos, o Recorrente, por Mandado de Segurança, visava a impedir que atuasse, no recurso, como Desembargador, pai do
Promotor Público que pedirá a condenação, em 1ª instância. Ação, pois adequada. O recorrente não postulava proteção ao direito de liberdade. Ao contrário, respeito ao devido processo legal, que, no feixe normativo, confere ao réu o direito a ser julgado por juiz imparcial. Daí, a possibilidade de argüir impedimento, ou suspeição.
	(RMS 8.916/SP, Rel. Ministro LUIZ VICENTE CERNICCHIARO, SEXTA TURMA, julgado em 16/06/1998, DJ 03/08/1998, p. 330)
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DO ESTADO DE INOCÊNCIA:
● Previsto no art. 5º, LVII, que estabelece “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença penal condenatória”, é o coroamento do due processes of law.
●Súmula 9 do STJ.
● Doutrina moderna: “Princípio da não culpabilidade”. 
● Consequências: 
I – Prova: quando houver dúvida deve ser valorada em favor do acusado.
II- Instrução processual : cabe à acusação provar que o réu é culpando.
III- Prisão: deve ser medida de exceção, excepcional , com a necessidade detidamente justificada, nos moldes do princípio da proporcionalidade.
IV- Revogação do Art. 393, II, do CPP, lançar o nome do réu no rol dos culpados.
	O direito natural afasta, por si só, a possibilidade de exigir-se que o acusado colabore nas investigações. A garantia constitucional do silêncio encerra que ninguém está compelido a auto-incriminar-se. Não há como decretar a preventiva com base em postura do acusado reveladora de não estar disposto a colaborar com as investigações e com a instrução processual. 
	(STF. HC 83.943/MG. 1ª T. Rel. Min. Marco Aurélio. J. 27/4/2004.)‏
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PENAL E PROCESSO PENAL. TRÁFICO DE DROGAS. PROVAS HARMÔNICAS E ROBUSTAS CORROBORADAS PELAS ESCUTAS TELEFÔNICAS. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. PENA-BASE ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. 
(...)
II.Em respeito ao princípio do estado de inocência, não há que se considerar como maus antecedentes decisões judiciais sem trânsito em julgado. Estando a pena base exacerbada frente a isso, a redução é medida que se impõe.
III.Provido parcialmente, nos termos do voto do revisor.
(Acórdão n.291838, 20060110603482APR, Relator: GISLENE PINHEIRO, Revisor: ROMÃO C. OLIVEIRA, 2ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 29/10/2007, Publicado no DJU SEÇÃO 3: 25/01/2008. Pág.: 710)
TRÁFICO DE DROGAS. DEFICIÊNCIA DE DEFESA. NULIDADE RELATIVA. SÚMULA 523 DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. ADVOGADO DATIVO. DILIGÊNCIA NA ATUAÇÃO. PREJUÍZO NÃO DEMONSTRADO. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL.
(...)
PRISÃO EM FLAGRANTE CONVERTIDA EM PREVENTIVA. SUPERVENIÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA. PROIBIÇÃO DE RECORRER EM LIBERDADE. GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA. SEGREGAÇÃO JUSTIFICADA E NECESSÁRIA. IMPOSSIBILIDADE DE SUBSTITUIÇÃO DA CUSTÓDIA POR MEDIDAS CAUTELARES DIVERSAS. CONSTRANGIMENTO ILEGAL NÃO DEMONSTRADO.
1. Não fere o princípio da presunção de inocência e do duplo grau de jurisdição a negativa do direito de recorrer em liberdade se presentes os pressupostos legalmente exigidos para a preservação da acusada na prisão, a exemplo da garantia da ordem pública, em especial para fazer cessar a reiteração criminosa.
(...)
(HC 329.201/PR, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 17/09/2015, DJe 23/09/2015)
O art. 637 do CPP estabelece que o recurso extraordinário não tem efeito suspensivo. A LEP condicionou a execução da pena privativa de liberdade ao trânsito em julgado da sentença condenatória. Os preceitos veiculados pela LEP, além de adequados à ordem constitucional vigente (art. 5º., LVII, CF), sobrepõem-se, temporal e materialmente, ao disposto no art. 637 do CPP.
(STF. HC 84078/MG. Pleno. Min. Eros Grau. DJe 035, 26 fev. 2010.)‏
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Súmula Vinculante n. 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado
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PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DO “FAVOR REI”:
● Também conhecido como Princípio do “in dubio pro reo”, ou do “favor libertatis”, é a expressão máxima dentro de um Estado Constitucionalmente Democrático, pois o operador do direito, deparando-se com uma norma que traga a possibilidade de duas posições divergentes que possam gerar dúvidas, deve-se resolver a demanda a favor do réu, e existindo duas interpretações antagônicas, deve optar pela que atenda ao Jus Libertatis do acusado. 
● Consequências Constitucionais: 
● Art. 5º, LXIII - consagra o direito de o réu silenciar;
● Art. 5º, XI - determina a infranqueabilidade do domicílio;
● Art. 5º, XII - consagra o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas;
● Art. 5º, LXI - restrição a pena privativa de liberdade;
● Art. 5º, XXXVI - consagra o respeito a coisa julgada. 
JURISPRUDÊNCIA
PENAL. HOMICÍDIO QUALIFICADO POR MOTIVO FÚTIL, MEIO CRUEL E RECURSO DIFICULTADOR DA DEFESA. AUSÊNCIA DE NULIDADES. SENTENÇA CONFORME A DECISÃO DOS JURADOS E A LEI. CONDENAÇÃO AMPARADA NUMA DAS VERSÕES DEBATIDAS. CRÍTICA DA DOSIMETRIA. SENTENÇA PARCIALMENTE REFORMADA.
(...)
5 Na presença de múltiplas qualificadoras, uma delas pode compor o tipo qualificado, admitindo-se a migração das demais para a primeira ou segunda fase da dosimetria, com o fim de exasperar a pena. Se a sentença não especifica causa qualificadora e agravantes, deve-se conferir a interpretação mais favorável ao réu, conforme o princípio Favor rei.
6 Apelações parcialmente providas.
(Acórdão n.876439, 20140510001215APR, Relator: GEORGE LOPES LEITE, Revisor: SANDRA DE SANTIS, 1ª Turma Criminal, Data de Julgamento: 18/06/2015, Publicado no DJE: 02/07/2015. Pág.: 85)
PENAL. HABEAS CORPUS. EXECUÇÃO PENAL. REMIÇÃO NO REGIME SEMIABERTO. TRABALHO EXTERNO. POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE VEDAÇÃO LEGAL. FUNÇÃO RESSOCIALIZADORA E REINTEGRADORA DO TRABALHO. ORDEM PARCIALMENTE CONCEDIDA.
(...)
2. Qualquer interpretação que imponha requisito adicional à remição implica em violação à regra constitucional da independência dos poderes, com invasão do julgador na área de atuação do legislador e desrespeito a regra básica de hermenêutica no sentido de que não cabe ao intérprete distinguir onde a lei não o fez, além de ofensa ao princípio do favor rei.
(...)
(HC 184.501/RJ, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 27/03/2012, DJe 25/05/2012)
	RECURSO ESPECIAL. PENAL. PRINCÍPIO DO FAVOR REI. RECEPTAÇÃO (ART. 180 DO CP). CIÊNCIA DA ORIGEM CRIMINOSA DO AUTOMÓVEL. DOSIMETRIA. CONDENAÇÃO POR FATO POSTERIOR À DENÚNCIA. FIXAÇÃO DA PENA EM SEU MÍNIMO LEGAL. PRESCRIÇÃO DECRETADA.
	1. O princípio do favor rei estabelece, diante do conflito entre o jus puniendi do Estado e o jus libertatis do acusado, a interpretação mais benéfica ao réu do texto legal, a afastar, in casu, a incidência da Súmula 7/STJ (arts. 386, 596 e 621, todos do CPP).
	(...)
	(REsp 1201828/RJ, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 01/09/2011, DJe 05/03/2012)
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DO JUIZ E DO PROMOTOR NATURAL:
● Extrai-se do art. 5º, inciso LIII, da Constituição Federal, o princípio do juiz natural. "Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente". 
● Completa-se no Art. 5º, inciso XXXVII, quando afirma “Não haverá juízo ou tribunal de exceção.
● Juiz natural é aquele previamente conhecido, segundo regras de competência estabelecidas anteriormente á infração penal.
● Igualmente daí se recolhe a ideia do promotor natural, já reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal em interpretação dada a esse cânon e aos arts. 127 e 129 da CF.
● Possibilidade da Lei 8.625/93: Nomeação pelo PGJ com concordância do Promotor Titular.
	EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO REGIMENTAL.POSSIBILIDADE. PRINCÍPIOS
DA FUNGIBILIDADE E DA INSTRUMENTALIDADE DAS FORMAS. RECURSO QUE NÃO IMPUGNA OS FUNDAMENTOS DA DECISÃO AGRAVADA. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 182/STJ. SONEGAÇÃO FISCAL. VIOLAÇÃO DO ART. 399, § 2º, DO CPP. PRINCÍPIO DA IDENTIDADE FÍSICA DO JUIZ. NÃO OCORRÊNCIA. ACÓRDÃO EM CONFORMIDADE COM A JURISPRUDÊNCIA DESTA CORTE.
	(...)
	3. De acordo com entendimento deste Superior Tribunal de Justiça, admite-se a redistribuição da ação penal em razão da criação de novas Varas Criminais ou alteração das competências das preexistentes, mediante a edição de Resolução do respectivo Tribunal, sem que isso importe em violação do princípio do Juiz natural.
	(...)
	(EDcl no REsp 1476752/RS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 04/08/2015, DJe 26/08/2015)
	RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. ROUBO E PORTE DE DROGAS PARA CONSUMO PRÓPRIO. DENÚNCIA OFERECIDA POR PROMOTOR DE JUSTIÇA COM A OBSERVÂNCIA DAS NORMAS INTERNAS DE DIVISÃO DE TRABALHO. AUSÊNCIA DE VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL. EIVA INEXISTENTE.
	1. O oferecimento de denúncia por membro do Ministério Público que atua no processo com a observância às regras internas de divisão do trabalho, sem designação a posteriori e especificamente para atuar no caso, não configura violação ao princípio do promotor natural.
	(...)
	(RHC 56.556/RJ, Rel. Ministro LEOPOLDO DE ARRUDA RAPOSO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/PE), QUINTA TURMA, julgado em 06/08/2015, DJe 18/08/2015)
	PROCESSUAL PENAL. RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL POR INÉPCIA. AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. NÃO CONFIGURADO. OFENSA AO PRINCÍPIO DO PROMOTOR NATURAL. INOCORRÊNCIA. DECISÃO DE RECEBIMENTO DA DENÚNCIA. FUNDAMENTAÇÃO CONCISA. POSSIBILIDADE. RECURSO ORDINÁRIO DESPROVIDO.
	(...)
	2. Não há ofensa ao princípio do Promotor Natural quando, em razão da declinação de competência do processo criminal para outra comarca, a denúncia for recebida sem que o novo representante do Ministério Público tenha expressamente ratificado a peça acusatória, pois incompetência territorial e de todo modo ciente sem impugnação o novo agente ministerial.
	(...)
	(RHC 25.314/MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 26/05/2015, DJe 02/06/2015)
PRINCÍPIOS BÁSICOS 
DO DIREITO PROCESSUAL PENAL
PRINCÍPIO DO PRAZO RAZOÁVEL:
● Previsto no art. 5º, LXXVIII, in verbis: “ A todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. 
● Mitigação devido a falta de definição de “prazo razoável”.
● Qual a extensão do princípio? 
● A razoabilidade do prazo de duração do processo é a garantia do exercício da cidadania na medida em que se permite que todos possam ter acesso á justiça, sem que isso signifique demora na prestação jurisdicional. 
JURISPRUDÊNCIA
	PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS. EXCESSO DE PRAZO NO JULGAMENTO DAAPELAÇÃO. PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTOILEGAL. ORDEM DENEGADA. COM RECOMENDAÇÃO DE CELERIDADE AO FEITO. 1. A alegação de excesso de prazo não pode basear-se em simples critério aritmético, devendo a demora ser analisada em cotejo com as particularidades e complexidades de cada caso concreto, pautando-se sempre pelo critério da razoabilidade. 2. Na hipótese, considera-se razoável a demora no julgamento da apelação por pouco mais de 1 (um) ano. Desse modo, por ora, não há que se falar em manifesto constrangimento suportado pelo paciente.Ordem denegada, com recomendação de celeridade no julgamento da apelação.
(STJ - HC: 244183 SP 2012/0111109-6, Relator: Ministra MARILZA MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE), Data de Julgamento: 19/02/2013, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 25/02/2013)
HABEAS CORPUS. PROCESSUAL PENAL. ROUBO. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. GRAVAÇÃO EM MEIO AUDIOVISUAL (DVD). APELAÇÃO. CONVERSÃO DO JULGAMENTO EM DILIGÊNCIA. DEGRAVAÇÃO. PRINCÍPIO DA CELERIDADE PROCESSUAL. EXCESSO DE PRAZO. NÃO CONFIGURAÇÃO. 1. O art. 405 do Código de Processo Penal, com a redação atribuída pela Lei n.º 11.719/2008, ao possibilitar o registro da audiência de instrução em meio audiovisual, não só acelerou o andamento dos trabalhos, tendo em vista a desnecessidade da redução, a termo, dos depoimentos do acusado, vítima e testemunhas, mas, também, possibilitou um registro fiel da íntegra do ato, com imagem e som, em vez da simples escrita. 2. A busca da celeridade na prestação jurisdicional é hoje imperativo constitucional, consubstanciado no art. 5º, inciso LXXVIII, da Constituição da República, o qual estabelece que "a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação." (....)
(STJ - HC: 153423 SP 2009/0222071-1, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 06/04/2010, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: DJe 26/04/2010)
NUCCI, Guilherme de Souza. Manual de Direito Penal – parte geral e especial. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011.
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Direito Penal Esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2011.
CAPEZ, Fernando . Direito penal simplificado: parte geral. 15. ed. São Paulo : Saraiva, 2011. 
CAPEZ, Fernando . Código penal comentado . 3. ed. – São Paulo : Saraiva, 201 2.
BITTENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal : parte geral. 17. ed. rev., ampl. e atual. De acordo com a Lei n. 12.550, de 2011. – São Paulo : Saraiva, 2012.
CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal: parte geral. 3. ed. São Paulo. Editora Juspodium, 2015.
SCHIAPPACASSA, Luciano Vieiralves. A norma penal em branco heterogênea ofende o princípio da legalidade? Disponível em < http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/255385/a-norma-penal-em-branco-heterogenea-ofende-o-principio-da-legalidade-luciano-vieiralves-schiappacassa> Acesso em 13 de outubro de 2015.
RABELO, Graziele Martha. O princípio da proporcionalidade no Direito Penal. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=6990> Acesso em 13 de outubro de 2015
REFERÊNCIAS BÁSICAS 
FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão. Editora Revista dos Tribunais. 2002.
JARDIM, Afrânio Silva. Direito processual penal - estudos e pareceres. Rio de Janeiro: Forense, 2002.
LOPES Junior, Aury. Introdução Crítica ao Processo Penal. Fundamentos da Instrumentalidade Constitucional. 4.ª edição – 316 páginas. Editora: Lumen Juris. 2006.
MIRABETE, Julio Fabbrini. Código de Processo Penal Interpretado: referências doutrinárias, indicações legais e resenha jurisprudencial. São Paulo: Atlas S.A. 
NERY JÚNIOR, Nelson. Princípios do Processo Civil na Constituição Federal. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002.
NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2007.
PRADO, Geraldo. Sistema Acusatório. Rio de Janeiro: Editora: Lumen Juris. 2007.
POLASTRI LIMA, Marcellus. Manual de Processo Penal, Rio de Janeiro: Editora: Lumen Juris. 2007
RANGEL, Paulo. Direito Processual Penal. 12.ª edição – 884 páginas. Editora: Lumen Juris. 2007.
SILVA, Edimar Carmo. Ofensividade funciona como legitimador de ilícito. Disponível em: http://www.conjur.com.br/2009-jan-24/principio-ofensividade-funciona-legitimador-ilicito-penal?pagina=4 Acesso em 13 de outubro de 2015
TOURINHO FILHO, Fernando da Costa. Manual de Processo Penal. São Paulo: Saraiva. 2006.
REFERÊNCIAS BÁSICAS

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