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Análise dos estudos comunicacionais, Resenha do filme Ponto de Mutação (Mindwalk), de Bernt Capra, baseado no livro de Fritjof Capra, The Turning Point Avaliação de Semestre. Oendel Veiga, Aluno de RTV Cuiabá, 19/11/15 Palavras-chave: Bases da Existência, Sensibilidade, Reflexão, Física Quântica, Metafísica, Teoria dos Sistemas Vivos. Talvez o que tenha tornado o austríaco Fritjof Capra em um dos nomes de referência na ciência moderna tenha sido sua inclusão da perspectiva ecológica em suas teorias, o que revoluciona os estudos teóricos por permitir a concepção da Teoria dos Sistemas Vivos. No filme, em quase duas horas de diálogo, um político, Jack Edwards, um poeta, Thomas Harriman, e uma cientista, Sonia Hoffman, discutem e argumentam a partir de suas experiências, conceitos, escolhas de vida –e consequentes desencadeamentos pessoais-, e do conhecimento individual adquirido, a necessidade da transformação do processo de crise, (enquanto transformação, quebra, mutação) em relação à incapacidade da visão mecanicista de enquadrar-se plenamente ou explicar o desenvolvimento biológico, mais sistêmico e evolucionista dos chamados “organismos compostos por indivíduos. Tudo isto ambientado em um castelo medieval francês, encravado no Monte San Michel, o que permite a avaliação metafórica de um relógio, por exemplo (situado dentro do castelo), ao discutir do ponto de vista cartesiano (de Descartes) a função das peças mecânicas e seus papéis nos sistemas mecanicistas, a própria função de medição do tempo, em comparação com os chamados “elementos indivíduos”, partícipes de uma comunidade viva, interligada, interconectada e, portanto, em constante evolução, com processos de troca em pleno desenvolvimento. A cientista Sonia dá noções práticas das proporções no modelo atômico sugerido pelos estudos contemporâneos, dos tamanhos, das relações, mas mais que isso, traz à baila a noção de que tudo na existência faz parte de uma grande rede de probabilidades. Segundo a Wikipédia, o nome do livro que inspirou o filme “foi extraído de um hexagrama do I Ching. Nele, Capra compara o pensamento cartesiano ao paradigma emergente no século XX. O primeiro é reducionista e modelo para o método científico desenvolvido nos últimos séculos. O segundo, holístico ou sistêmico, vê o todo como indissociável; o estudo das partes não permite conhecer o funcionamento do organismo. As comparações são feitas em vários campos da cultura ocidental atual, como a medicina, a biologia, a psicologia e a economia.” Partindo da filosofia, passando por Descartes, sem esquecer de mencionar os métodos científicos, as religiões ocidentais e orientais e também medicina oriental, entre tantos outros e variados pontos de vista, o diálogo dos interlocutores vai do assombro, ao encantamento, já que há representantes de três correntes de pensamento: Um político, sistemático e mecanicista com necessidade de criar a próxima campanha eleitoral e manter a opinião pública para promover mudanças; O poeta, em crise assumida de meia-idade, que inclusive é colocado como uma espécie de ex publicitário e amigo deste político, a propor-lhe novos modos de observar o mundo, principalmente ao apresentar em modo de narração o seu pensamento sobre a persona do político; E uma cientista, frustrada com seu campo após perceber o objeto de seu trabalho e estudo sendo deturpado pelos seus financiadores mesmos. A trama ainda ganha a presença da filha da cientista, a interpelar constantemente sobre a escolha da mãe em seguir seu estilo de vida. O diretor apresenta um filme que explora, desvenda e propõe os vários aspectos e implicações das transformações culturais pós-modernas. Que questiona, expõe Michele da Silva Rodrigues, em sua resenha sobre o filme afirma que “após o surgimento da física quântica, o mecanicismo revelou-se uma maneira imprecisa e obsoleta de se observar o universo, e que esta teoria abandona a ideia de causa e efeito, e adota a aleatoriedade e o caráter probabilístico como argumentos. Assim como na teoria holística, a física quântica opõe-se à ideia de que para entender o todo é preciso fragmentá-lo. E é neste contexto que a visão sistêmica ganha força. Esta teoria tem como fundamentos o Processo, a Mudança, a Flutuação, os Ciclos, e a Auto- organização.” (Rodrigues, Michele da Silva) Segundo a cientista vivida pela atriz Liv Ullman, provavelmente personificando o próprio autor, a espécie humana desenvolveu um pensamento coletivo que além de incontestável -mesmo que às vezes imperceptível, ou não constatável do ponto de vista empírico-, carrega a chave para a sobrevivência das espécies e da própria vida como a conhecemos, sendo necessário deixar de lado o estudo das partes e sua função no todo, e abordar o único grande indivíduo que realmente existe, o planeta e toda vida suportada nele. “Para entender a natureza humana, estudamos não só suas dimensões físicas e psicológicas, mas também suas manifestações sociais e culturais. Os seres humanos evoluíram como animais e seres sociais e não podem conservar-se física ou mentalmente bem se não permanecerem em contato com outros seres humanos. Mais do que qualquer outra espécie social, dedicamo-nos ao pensamento coletivo e, assim procedendo, criamos um mundo de cultura e de valores que é parte integrante do nosso meio ambiente natural. Assim, as características biológicas e culturais da natureza humana não podem ser separadas. A humanidade surgiu através do próprio processo de criar cultura, e necessita 277 dessa cultura para a sua sobrevivência e ulterior evolução. “ Capra, Fritjof, “The turning point” 1982, p 277)
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