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Aula 2 de Literatura Portuguesa

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Aula 2 de Literatura Portuguesa: Passagens para um novo mundo: a poética de Gil Vicente F=1
Conhecendo Gil Vicente
Gil Vicente nasceu em 1465 ou 1466, provavelmente. Escreveu a maior parte dos seus autos em sua juventude, entre os catorze e os vinte e cinco anos. Aos cinquenta, ele, acusado tantas vezes de anticlericalismo, tornou-se sacerdote. É considerado o pai do teatro português, pois antes dele havia apenas manifestações parcas e incipientes. Antes de começar a sua carreira teatral, Vicente era ourives e tinha o cargo de Mestre da balança da Casa da Moeda de Lisboa. A ele é atribuída, ainda que com dúvidas, a Custódia de Belém, uma das joias mais belas e valiosas do país. Vicente ingressa no teatro após a oportunidade de visitar a Câmera Real e declamar um monólogo, conquistando a oportunidade de apresentar as suas peças para o público palaciano, entre 1502 e 1536, com o mecenato real.
É a partir desse quadro que Gil Vicente escreve. De sua pena, saem críticas severas a uma sociedade que experimenta uma modificação profunda e ainda não sabe como reorganizar os seus valores. Todos os setores sociais mereceram o seu olhar impiedoso: o clero, a nobreza, a burguesia e o campesinato
icente usa o drama para pensar e criticar um universo no qual os valores medievais estão em crise, mas ainda não há novos valores para substituí-los. 
Ao contrário, o que ele percebe e figura em suas peças é uma crescente falta de ética, em contraponto a um mundo medieval, que idealiza, em contraposição à ganância e ao enriquecimento fácil perceptíveis no novo Portugal do século XVI.
A classificação da obra de Gil Vicente
Segundo o crítico literário Segismundo Spina (1970, p. 30-31), a obra de Gil Vicente pode ser dividida em quatro instâncias
AUTOS====== Os autos são dramas surgidos na Idade Média. São assim chamados por conta de sua duração, equivalente a de um ato do teatro clássico. Os autos podem se divididos em:
• Mistério – Sobre questões relacionadas à fé.
• Moralidades – Discussão de questões éticas e morais.
• Milagres – Sobre a vida dos santos.
• Episódios pastoris – Falam sobre a vida rural.
TEATRO ROMANESCO ====T eatro romanesco – baseado nos romances de cavalaria.
FANTASIAS ALEGÓRICAS====antasias alegóricas – segundo Spina, “seus antecedentes ‘são os “momos’ realizados no fim da Idade Média, especialmente no reinado de D. João II; estas fantasias, que aparecem emolduradas pelos processos técnicos da pura cenografia alegórica, lembram muito o nosso teatro,
FARSAS =====Episódicas – Centradas em tipos específicos; Novelescas (ou narrativas) – histórias mais ou menos completas, a partir de uma intriga.
As personagens do teatro vicentino
As personagens dos dramas vicentinos, como visto, tendiam a representar,
FOLHA 2 DA AULA 2 DE LITERATURA Passagens para um novo mundo: a poética de Gil Vicente
de modo caricato, os tipos sociais presentes na sociedade portuguesa, especialmente a lisboeta. Suas ações representavam o choque entre os valores humanistas e medievais e a desorganização social. O desejo de ascensão social é muito criticado nas personagens, pois demonstraria um caráter questionável e uma postura ambiciosa, egoísta e, muitas vezes, corrupta. Esse comportamento ia ao encontro do contexto da expansão marítima portuguesa, com as suas promessas de enriquecimento fácil.
Um ponto importante sobre as personagens do teatro vicentino é a ausência do tom épico na sua configuração. Por exemplo, no Auto da Barca do Inferno há a exaltação dos cavaleiros cruzados, mas não dos heróis da navegação. Além disso, os cavaleiros não são nomeados, o que mostra o caráter vão da glória terrena.
Outro ponto importante é a linguagem atribuída às personagens vicentinas. Gil Vicente aplica realismo ao seu teatro ao conectar a linguagem empregada pela personagem à classe social à qual pertence. Em o Auto da Barca do Inferno, por exemplo, o corregedor e o frade proferem termos em latim; já o parvo mimetiza as falas das personagens, ridicularizando-as. Ele tem essa chancela, pois é uma personagem julgada como inconsciente.
A sátira no teatro vicentino
Influências do teatro popular na obra vicentina
O teatro de Gil Vicente era voltado para o público nobre, 
mais especificamente para a Corte portuguesa. Tratava-se, portanto, de uma obra 
palaciana. Gil Vicente, entretanto, inovou e inseriu elementos presentes na 
dramaturgia popular medieval, em seus textos. 
Além da participação da plateia, como vimos, outros elementos oriundos do teatro popular, na obra vicentina, são: Uso de alegorias, Emprego de temas relacionados ao universo bíblico, em algumas obras, Presença de personagens advindas da população mais pobre e iletrada, Alusão às temáticas populares, como o marido traído e a mulher que fica só, após o marido partir para o mar, Incorporação de canções e termos presentes no imaginário popular.
Apesar da influência popular, o teatro vicentino também agregou elementos humanistas.
O Auto da Barca do Inferno
O Auto da Barca do Inferno foi apresentado pela primeira vez em 1517. É uma peça alegórica, que representa um processo de julgamento de almas, nos moldes do juízo final católico. Passa-se à beira do rio da Morte, em um tempo indefinido.
Para saber mais sobre O Auto da Barca do Inferno e o conceito de alegoria, acesse a Biblioteca Virtual disponível na plataforma.  
OUTRAS OBRAS DE GIL VICENTE
Após o Auto da Barca do Inferno, Gil Vicente decidiu criar peças que privilegiassem o enfoque em um tipo, apenas. Em o Auto da Índia, por exemplo, há a discussão sobre o adultério, a partir da representação da protagonista que espera o retorno de seu marido da Índia. 
Outro exemplo seria a Farsa de Inês Pereira, baseada no ditado popular “Mais vale um burro que me leve que cavalo que me derrube”. A partir dele, dá-se a representação de um momento crucial da vida da protagonista: a escolha do marido com quem se casará.
Cabe destacar, ainda, um auto de moralidade, o Auto da Alma. Neste auto, apresenta-se o embate entre o bem e o mal, através do difícil percurso da alma a caminho da salvação. 
		Gil Vicente é um dos grandes nomes do teatro ibérico, e seus autos foram escritos em português e castelhano. O enorme sucesso que tiveram e continuam a ter as obras dramáticas de Gil Vicente, apesar das formas arcaicas em que são moldadas, vem da sua extraordinária vivacidade ética e do talento do autor para criar aquilo que é especificamente dramático: as situações e as personagens. Os personagens  do teatro vicentino caracterizam-se por:
		
	
	
	
	
	serem autobiográficos e pessoais.
	
	
	possuir caracteres individuais.
	
	
	apresentarem somente um perfil da burguesia.
	
	 
	pertencerem a todas as classes sociais.
	
	
	terem densidade psicológica.
	
	
	
		2.
		Na véspera da chegada ao Tejo da frota do Porto, que vem tentar romper o cerco de Lisboa, os da cidade não podiam dormir:
E estes tão forçosos cuidados os fez logo levantar todos, assim homens como mulheres, que nom puderam mais dormir; e falando das janelas uns aos outros, assi em estas cousas como na peleja do seguinte dia, começou de se gerar por toda a cidade um grande rumor e alvoroço de fala. O qual durando per longo espaço foi azo de cedo tangerem às matinas, mormente em noites pequenas; em esto começarom as gentes de se ir às igrejas e mosteiros, com candeias acesas nas mãos, fazendo dizer missas e outras devações com grandes preces e muitas lágrimas.  Qual estado nem modo de viver era entom isento deste cuidado? Certamente neum, porque non somente as leigas pessoas, mas ainda as religiosas, todas eram postas sob o grande manto de tal pensamento [...] . Qual seria o peito tão duro de piedade que non fosse amolentado com a maviosa compaixom, veendo as igrejas cheas de homens e mulheres com os filhos nos braços, todos braadando a Deus que lhes ocorresse e que ajudasse a casa de Portugal? (Fernão Lopes)
No trecho acima,aparece a característica mais marcante do cronista Fernão Lopes, que é:
 
		
	
	
	
	
	o uso excessivo de termos arcaicos.
	
	
	a falta de plasticidade de suas produções.
	
	 
	a presença do povo e das multidões.
	
	
	o aspecto irreal da narrativa.
	
	
	o uso de linguagem altamente metafórica.
	 Gabarito Comentado
	
	
		3.
		As peças de Gil Vicente dividem-se em:
		
	
	
	
	
	autos pastoris, teatro religioso, farsas epicas, autos devaneios, alegorias de temas profanos.
	
	
	autos pastoris, teatro religioso, farsas epicas, autos meridionais, alegorias de temas profanos.
	
	
	autos meridionais, teatro religioso, farsas epicas, autos cavaleirescos, alegorias de temas profanos.
	
	 
	autos pastoris, teatro religioso, farsas episódio, autos cavaleirescos, alegorias de temas profanos.
	
	
	autos pastoris, teatro religioso, farsas episódio, autos cavaleirescos, alegorias de temas carnavalescas.
	 Gabarito Comentado
	
	
		4.
		Gil Vicente (nascido possivelmente em 1465 e desaparecido em 1536) registra em suas obras toda a ambiguidade de uma passagem histórica. Seu teatro mescla:
		
	
	
	
	 
	ideologias medievais (cavalaria e religiosidade) com humanismo (preocupação com os valores do ser humano).
	
	
	ideologias medievais (amor carnal) com humanismo (preocupação com os valores do clero).
	
	
	mitologias medievais (cavalaria e religiosidade) com hibridismoo (preocupação com os valores do ser humano/guerras sociais).
	
	
	ideologias medianas (cavalaria e regionalidades) com humanitismo (ironia machadiana).
	
	
	ideologias mediterrâneas (o sonho português) com humanismo (preocupação com os valores da ciência humana).
	 Gabarito Comentado
	
	
		5.
		Gil Vicente foi um dramaturgo que enfatizou no seu teatro:
		
	
	
	
	
	as obras cômico-trágicas.
	
	
	as obras líricas.
	
	
	as obras históricas.
	
	 
	as obras satíricas.
	
	
	as obras clássicas.
	
	
	
		6.
		Ao longo do século XV, foram cultivadas a prosa doutrinal e a prosa moralista, com fins:
		
	
	
	
	
	pedagógicos destinados ao clero: culto de Deus, táticas de sermões e virtudes morais.
	
	
	puramente militares destinados aos soldados da realeza e da fidalguia.
	
	
	pedagógicos destinados ao letramento dos plebeus: culto da cultura (especialmente da indígena).
	
	
	pedagógicos destinados à realeza e à fidalguia: culto de deuses (especialmente da Zeus), táticas de guerra e virtudes filosóficas.
	
	 
	pedagógicos destinados à realeza e à fidalguia: culto do esporte (especialmente da caça), táticas de guerra e virtudes morais.

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