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Resenha - texto constituicionalizaçao do direito civil Paulo luiz netto lobo

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UNA/ BH – Curso de Direito / turno : noturno Disciplina : Direito Civil I 
Aluno : Lucas Moraes de Souza Borba 
 Resenha do texto – Constitucionalização do direito civil 
 									Paulo Luiz netto lobo
O texto aborda inicialmente questões relativas ao aparente paradoxo relacionado a constitucionalização do direito civil, sendo este entendido pelo autor como o “processo de elevação ao plano constitucional dos princípios fundamentais do direito civil, que passam a condicionar a observância pelos cidadãos, e a aplicação pelos tribunais da legislação infraconstitucional”. Historicamente observamos que o Direito Civil nem sempre foi compreendido dessa forma, primeiro por possuir um tempo histórico quase dez vezes mais antigo que as primeiras constituições e segundo devido a também historicamente possuir um caráter estático, atemporal e desideologizado. Vale mencionar que sua elaboração perpassa o direito romano- germânico a mais de dois mil anos, parecendo muitas vezes intocado pelas mudanças sociais da época. Tanto o direito civil antigo influência a formação das constituições como posteriormente as constituições submetem o direito civil a seus princípios.
	O constitucionalismo e a codificação do código civil são paralelos ao surgimento do Estado Liberal e da afirmação do individualismo jurídico, assegurando espaço de autonomia principalmente no que diz respeito ao âmbito econômico privado. As primeiras constituições tendem a se abster da regulação das relações privadas (Estado mínimo). Entretanto as conseqüências sociais desse modelo político não tardou a demonstrar seu lado perverso quando o autor menciona a existência de um “darwinismo jurídico, com hegemonia dos economicamente mais fortes, sem qualquer espaço para a justiça social”. A ausência da constituição econômica portanto se prestou a exploração dos indivíduos dotados de menor poder econômico pelos burgueses e elite cultural da época, culminando no surgimento do Estado Social
	É nesse contexto que a proposta do Estado Social deu inicio a chamada publicização e constitucionalização do direito civil. A publicização diz respeito a atuação do estado no sentido de intervir de forma mais afirmativa em setores da vida privada, antes interditados a ação publica pelas constituições liberais clássicas, como é o caso do direito do trabalho, agrário, habitação, estatuto da criança e adolescente e direito do consumidor. Esse modelo político inclui em sua constituição a regulação da ordem econômica e social com objetivo de se prevalecer o “interesse coletivo”, evitar abusos e garantir o espaço público de afirmação. 
 	Enquanto a publicização é visto como um processo de intervenção legislativa infraconstitucional a constitucionalização é vista como a submissão do direito positivo aos fundamentos de validade constitucionalmente estabelecidos. A combinação desses dois conceitos portanto é fundamental para o entendimento do direito civil moderno, como afirma Paulo Luiz Netto: 
A ideologia social traduzida em valores de justiça social ou distributiva passou a dominar o cenário constitucional do século XX. A sociedade exige o acesso aos bens e serviços produzidos pela economia(...). Daí a inafastavel atuação do estado, para fazer prevalecer o interesse coletivo, evitar os abusos e garantir o espaço público de afirmação da dignidade humana. ( P.203)
Entretanto vale ressaltar aqui as constantes dificuldades por parte do Estado em assumir legitimamente aquilo que seria o “interesse coletivo” uma vez que a sociedade moderna e atualmente Pós-moderna, cresce em direção a uma diversidade de valores, opiniões, necessidades e ideologias. Nesse sentido não apenas existe um desafio ao se incorporar e legislar sobre direitos públicos, incorporando-os as novas constituições, mas também ao código civil, uma vez que este ainda se via persistindo em valores patrimoniais ultrapassados culturalmente e em um individualismo jurídico exacerbado. 
Dessa forma ocorre a descodificação do direito civil, na medida em que as revoluções industriais, tecnológicas, a crescente atuação de movimentos sociais e reformas políticas e culturais são amplamente disseminados pelo processo de globalização, não mais é útil manter os grandes códigos estagnados, uma vez que suas funções políticas, filosóficas e técnicas se encontram a tempos superadas. Para realizar esse processo o Estado começa a utilizar de instrumentos legais mais dinâmicos, mais leves e menos cristalizados que os Códigos tradicionais, como é o exemplo do multidisciplinar Código do consumidor.
Outro ponto abordado pelo autor é no que diz respeito a “propriedade”. A propriedade é o grande foco de tensão entre correntes ideológicas do estado liberal e do estado social que visa o igualitarismo. Em suas origens a codificação civil liberal tinha a noção de propriedade, e sua proteção, como central. O papel do Estado portanto era apenas de proteger o patrimônio e a suas formas de circulação, pouco importando as conseqüências sociais de tais relações. Essa ênfase da proteção ao patrimônio muda com o Estado Social, uma vez que a patrimonialização das relações civis dos códigos até então se mostravam incompatíveis com valores fundados na dignidade da pessoa humana, adotado pelas Constituições modernas. A pessoa e seu valor intrínseco é posta no centro de valores do Estado (ao menos em teoria) e o patrimônio começa a gradativamente ocupar um papel coadjuvante, nem sempre necessário. Como afirma o próprio autor: “ A restauração da primazia da pessoa humana, nas relações civis é a condição primeira de adequação do direito à realidade e aos fundamentos constitucionais”.	
Como conseqüência da repersonalização dos códigos civis pelos valores presentes nas recentes constituições, tem-se como os três principais institutos do direito civil: A família, a propriedade e o contrato.
A família é entendida como base da sociedade e recebe uma função política. Embora no Brasil suas origens sejam extremamente marcadas pelo patriacalismo católico colonial, em que o patrimônio familiar era aquilo que devia ser protegido, posteriormente vão sendo incorporados novos valores a saber:o da dignidade da pessoa humana, o da liberdade e o da igualdade. È de exclusiva responsabilidade da família em garantir o direito a vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, a dignidade, liberdade e a convivência familiar e comunitária.

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