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AS CONSEQUÊNCIAS DA CRISE ECONÔMICA NO BRASIL SOBRE AS COOPERATIVAS DE CRÉDITO: UM ESTUDO DE CASO NO SISTEMA CRÉDITO COOPERATIVO SICREDI. Leandro Müller Feiten¹ Roberto Tadeu Ramos Moraes² Resumo As cooperativas de crédito vêm demonstrando o grau de importância que exercem no Brasil, baseado no contexto socioeconômico vivido no país. Este artigo tem por objetivo analisar e demonstrar como a instituição de crédito cooperativo Sicredi tem ultrapassado as dificuldades financeiras existentes no ano de 2015. A metodologia utilizada na pesquisa é caracterizada por um estudo de caso único. Concluiu-se que a instituição cooperativa tema do estudo continua apresentando índices de crescimento bastante relevantes perante o cenário ruim em que o país se encontra. Para a abordagem do problema foram utilizados os métodos quantitativo e qualitativo. Os dados foram coletados através de pesquisas bibliográficas. Palavras-Chave: Cooperativismo de Crédito, Sicredi, Crise Econômica Brasileira. Abstract Credit cooperatives have demonstrated the degree of importance that they carry in Brazil, based in the socio-economic context lived in the country. This article has the objective of analyzing and demonstrating how the Credit Cooperative Institution Sicredi has passed through the financial difficulties existing in 2015. The methodology used on the research is characterized by a single case study. It’s possible to conclude that the cooperative institution theme of the study keeps showing relevant growth rates face to the scenario in which the country is. For the approach of the problem quantitative and qualitative methods were used. The data were collected through a bibliographical research. Keywords: Credit cooperatives, Sicredi, Brazilian economic crisis. _______________________________________ ¹ Acadêmico do curso de Graduação Administração Geral das Faculdades Integradas de Taquara – FACCAT. Taquara-RS. E-mail: leandrofeiten@hotmail.com 2 Professor Doutor – Faculdades Integradas de Taquara – Faccat – Taquara/RS. E-mail: masprm@faccat.br 1 INTRODUÇÃO As instituições cooperativas são organizações abertas à associação de todos. Para associar-se é necessário que o indivíduo conheça se tem condições de cumprir com todos os acordos estruturados propostos pela maioria. Surgido na Inglaterra durante a Revolução Industrial, o cooperativismo funciona para satisfazer as vontades dos seus associados, desenvolvendo-os socioeconomicamente. Segundo a Aliança Cooperativa Internacional (ACI), o cooperativismo é uma cultura baseada na solidariedade, confiança e na noção coletiva. O cooperativismo possui uma gama de segmentos econômicos, como o agropecuário, o de consumo, o educacional, o habitacional, o de infraestrutura, o mineral, o de produção, o de saúde, o de trabalho, o de transporte, o de turismo e lazer e o ramo especial. Estes compõem os 13 ramos do cooperativismo. O artigo tem como fundamento uma revisão teórica de materiais publicados ligados ao cooperativismo e especificamente ao cooperativismo de crédito. Definem-se as diferenças entre os ramos do cooperativismo, focando o tema central da pesquisa. O artigo trata, além disto, da atual crise financeira enfrentada pelo Brasil e como esta crise atinge o sistema de crédito cooperativo Sicredi, que apesar dos obstáculos encontra-se em pleno crescimento. 2 A CRISE FINANCEIRA DE 2015 NO BRASIL O Brasil enfrenta no presente ano uma das maiores depressões financeiras já vivenciadas na história da República. Esta crise coloca patrões e empregados perante diferentes caminhos que a economia pode trilhar, preenchidos com incertezas de mercado e do próprio trabalho. Os detentores do capital retêm, neste momento, os investimentos e empreendedores em prospecto, por viés de dúvida, adiam a decisão de firmar um negócio e iniciar a trajetória no mercado. Assim como já vivenciado em outras crises repletas de incertezas, o pânico é instaurado e é por causa deste fator que devemos realmente entender qual é o cenário pelo qual atravessamos e continuaremos atravessando durante um tempo indeterminado. Os dados não mentem com relação a atual situação econômica brasileira, muito embora o Estado tente disfarçar as consequências com interpretações convenientes e a negação dos fatos coletados por diversas instituições respeitadas de consultorias econômicas, instituições de classe e até mesmo pelas próprias agências e órgãos governamentais. Literalmente a situação é de estagnação econômica. A crise econômica de 2015 não é mais apenas uma hipótese, mas sim um presente que está em pauta de discussões em organizações pelo país e no exterior. Não é mais possível crer em simples resquícios da crise financeira de 2008, que atingiu fortemente o mercado internacional, principalmente os Estados Unidos. Acreditar na hipótese da “marola” é abrir a tampa do poço para um caminho sem volta. 2.1 Os primórdios do problema Muitos fatores podem ser levados em consideração na avaliação da origem da crise financeira de 2015, entretanto há alguns que devem ser destacados neste conglomerado. O primeiro fator foi e continua sendo a total falta de investimentos em infraestrutura, fato este que leva o Brasil a perder competitividade no mercado interno e perante o mercado externo, aumentando custos. O segundo grande motivo de termos alcançado tal ponto crítico foi a ausência de planejamento estratégico de longo prazo para a economia brasileira. O governo vem trabalhando com uma estratégia de reação aos fatos, uma verdadeira maquiagem, em que medidas emergenciais são adotadas para curarem complicações que seriam facilmente sanadas com um amplo planejamento macro. O terceiro fator e, quem sabe, o mais grave, é a submissão da política econômica à política partidária. Isto tem desestruturado todo o funcionamento do setor público e da sociedade, como a educação, saúde pública, segurança e, obviamente, a macroeconomia. A quarta razão é a falta de credibilidade. Com escândalos em cima de escândalos sendo acumulados e a impunidade ridicularizando o sistema todo, mesmo que o Estado estivesse com boas e duras intenções de combate a crise não haveria credibilidade o suficiente para contar com o apoio dos diversos setores da economia nacional. Este é o problema que nos leva a temer o futuro incerto e obscuro. Parte do aumento das despesas nos últimos anos beneficiou a população de menor renda, como é o caso do Bolsa Família e da universalização do acesso à educação fundamental. Porém, muitos dos benefícios concedidos pelo setor público, e ampliados nos últimos anos são destinados a grupos com renda entre os 10% mais ricos, agravando a desigualdade em vez de reduzi-la, além de serem insustentáveis no longo prazo. Esse é o caso das aposentadorias precoces para pessoas com pouco mais de 50 anos, que beneficia a classe média alta urbana, e do crédito subsidiado a empresas selecionadas. Gasta-se com benefícios individuais e relegam-se as políticas que geram benefício coletivo, como é o caso do investimento em infraestrutura, que não ultrapassa 2% do PIB. ESTADÃO (2015). 2.2 A possível retomada da economia e do crescimento A retomada ajustada da economia depende exclusivamente do Governo Federal. Tendo em vista o amontoado de análises, conclui-se que o Estado não cumpriu seu papel em termos de fomento do desenvolvimento economicamente sustentável do país. Em suma, não cumpriu com tarefas simples. Enquanto a agricultura, a indústria de bens e os serviçosentregavam-se firmemente para atingir patamares de produtividade e competitividade, o Governo desacertava em planejamento estratégico, infraestrutura pública e política fiscal. O ajuste das contas públicas em períodos de retração econômica acaba inevitavelmente sendo feito por aumento de tributos e corte dos investimentos. De 1991 a 2014, a carga tributária brasileira passou de 24% para 34% do PIB, sendo entre 5 a 15 pontos percentuais superior à da maioria dos países emergentes. (ESTADÃO, 2015). O ajuste fiscal é inevitável para provocarmos uma reversão da atual situação econômica do Brasil. O redimensionamento das contas públicas precisa que sua gestão seja compatível com o crescimento do País, com um nível aceitável para a carga tributária e a sustentabilidade da relação da dívida com o Produto Interno Bruto (PIB), fato este que culmina na redução forte nas despesas públicas, revisão de concessões de benefícios previdenciários e de programas assistenciais, além do reforço das regras e instituições de responsabilidade fiscal. 3 MERCADO FINANCEIRO O sistema financeiro Brasileiro passa por reajustes substanciais no ano de 2015. Desde elevadas taxas de juros para conter o crédito a altos percentuais de retração da atividade econômica em geral e inflação acumulada elevada em ritmo crescente. De acordo com relatório divulgado pelo Banco Central do Brasil (BACEN, 2015) em setembro, as previsões do mercado financeiro para o nível de atividade da economia brasileira recuaram para este ano e para o próximo. Este relatório é produto de uma ampla pesquisa realizada em mais de 100 instituições financeiras. Com relação ao PIB, analistas afirmam que a retração será maior que 2,7%, podendo chegar a mais de 3% até dezembro. Complementam informando que esta é a décima queda seguida deste indicador. Caso este resultado seja confirmado, será o pior resultado desde 1990, ano em que se registrou uma retração de 4,35% do Produto Interno Bruto. Já para 2016, especialistas afirmam que a retração vai existir, porém será menor do que em 2015, podendo ser estabelecida no patamar de 0,80%, seguindo uma série de sete revisões negativas. A fins de comparação, no início de 2015, quando houve o boom da crise, a previsão de crescimento do país estava fixada em 1,80%, ou seja, 4,5 pontos percentuais acima do patamar atual. Caso esta previsão seja confirmada, será a segunda vez na história em que o Brasil apresenta ao mercado dois anos consecutivos de recessão, desde que este índice começou a ser registrado, em 1948. 3.1 IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) O IPCA tem por objetivo medir a inflação de um conjunto de produtos e serviços comercializados no varejo, referentes ao consumo pessoal das famílias, cujo rendimento varia entre um e 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte de rendimentos. (DADOS – Governo Federal, 2015). Segundo economistas de bancos privados, a estimativa é de que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo termine o ano de 2015 em 9,34%. Caso este número seja confirmado, a inflação oficial brasileira será a maior desde 2003, quando registrou 9,30%. Já para 2016, especialistas afirmam que a inflação ficará na casa dos 5,70%, acompanhando também uma série de revisões para cima neste número. A meta oficial fixada pelo Governo Federal é de 4,50%. 3.2. Taxa Básica de Juros (SELIC) O Banco Central do Brasil, em reunião ordinária do COPOM – Comitê de Política Monetária em outubro de 2015, decidiu manter a taxa básica de juros em 14,25% ao ano, justificando que isto é necessário para a manutenção da meta de inflação, levando em consideração também os riscos do mercado. O Comitê entende que a manutenção desse patamar da taxa básica de juros, por período suficientemente prolongado, é necessária para a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante da política monetária. O COPOM ressalta que a política monetária se manterá vigilante para a consecução desse objetivo. (ATA DA 194ª REUNIÃO DO COPOM, 2015). Previsões de economistas apontam uma manutenção da taxa SELIC nos patamares atuais, esperando reação positiva da inflação e do mercado em si. O provável caminho a ser trilhado é a fixação da SELIC em 14,25% durante boa parte do ano de 2016, quando finalmente uma retração deste índice pode acontecer mediante reação favorável, a partir do segundo semestre. 3.3. Câmbio O mercado de divisas do dólar acumula uma alta superior a 75% em 24 meses, com incremento superior a 45% somente no ano de 2015. Um dos motivos para o patamar das divisas atual foi a política cambial exercida pelo Governo Federal nos últimos períodos, buscando estagnação do dólar em um nível artificial, injetando astronômicos volumes de recursos que compõe as reservas internacionais brasileiras, aliado também a manobras contábeis conhecidas vulgarmente por contabilidade criativa. A contabilidade criativa é essencialmente um processo de uso das normas contábeis, que consiste em dar voltas às legislações para buscar uma escapatória baseada na flexibilidade e nas omissões existentes dentro delas para fazer com que as demonstrações contábeis pareçam algo diferente ao que estava estabelecido em ditas normas. (KRAEMER, 1988) A consequência disto foi um dólar mais barato que incentivava a importação, enfraquecendo a indústria nacional, prejudicando as exportações e contribuindo ainda mais para a estagnação econômica do país. O resultado destes artifícios foi um grande rombo na balança comercial e o descontrole da moeda. Balança comercial é um termo econômico que representa as importações e exportações de bens entre os países. Dizemos que a balança comercial de um determinado país está favorável quando exporta mais do que importa. Do contrário, dizemos que a balança comercial é negativa ou desfavorável. (SUA PESQUISA, 2015). 4 COOPERATIVISMO De acordo com a Aliança Cooperativa Internacional (ACI, 2015), cooperativa é uma associação autônoma de pessoas unidas voluntariamente para satisfazer suas necessidades econômicas, sociais e culturais comuns e aspirações através de uma empresa de propriedade comum e democraticamente gerida. O cooperativismo teve sua origem em Rochdale, Inglaterra, no ano de 1844, como um movimento de um grupo de trabalhadores em tecelagens em prol de melhores condições de trabalho e renda, sendo norteados por princípios como fraternidade, igualdade, solidariedade e democracia. A partir daí surge esta nova forma de atividade econômica que hoje está presente em diversos setores, como o agropecuário, o de serviços, saúde e financeiro. Seu propósito doutrinador é atuar na economia como uma ferramenta que suprime uma depressão social, a partir de uma ação coletiva de todos os envolvidos por meio de uma associação jurídica. Esse tipo de associação no sistema jurídico brasileiro ocorre através da formalização de uma vontade recíproca de pessoas, físicas ou jurídicas, que, de acordo com a própria Lei 5.764/71, através de um contrato, formalizam a constituição da sociedade, definindo, além dos detalhes legais que lhes são exigidos, as demais regras que irão comandar os destinos das ações dos cooperados, através de sua cooperativa. (SIQUEIRA, 2004). O crescimento da atividade cooperativa no Brasil é algo tangível. Um grande número de pessoas se organiza cada vez mais, fomentando o cooperativismo como uma maneira de economia solidária, fortificando microeconomias e desenvolvendo pequenas e médias regiões. Este comportamento de expansão, em parte, deve-se pela publicação da ConstituiçãoFederal de 1988, que estimula a criação de novas instituições cooperativas, tornando mais acessível, também, a operacionalidade do sistema em si. A Constituição atual estabelece que o governo não poderá intervir nas cooperativas. No entanto, no caso das cooperativas de crédito ainda ocorre à intervenção exercida por parte do Banco Central e do Conselho Monetário Nacional. Algumas resoluções do CMN indicam a tendência de redução desse controle, dando mais liberdade para as cooperativas de organizarem, como é o caso da Resolução nº 1914, que permitiu a criação das UNICREDs, as cooperativas de crédito dos médicos. Em 2002, elas constituíram um sistema de com 10 centrais, 128 singulares e quase 80 mil sócios. (CABRAL, 2011). 4.2 Ramos do cooperativismo O cooperativismo pode funcionar em vários segmentos da economia, sendo eles: o agropecuário, o de consumo, o educacional, o habitacional, o de infraestrutura, o mineral, o de produção, o de saúde, o de trabalho, o de transporte, o de turismo e lazer e o ramo especial. O empreendimento cooperativo tem características próprias e se fundamenta nos valores humanos e na dignidade pessoal. É um instrumento que busca a solução de problemas que, de maneira individual, apresentam dificuldades para serem resolvidos. Objetiva viabilizar o associado economicamente, mediante prestação de serviços de desenvolvimento cultural e profissional. (GAWLAK, 2010). 4.2 Cooperativismo de Crédito Um dos principais ramos do cooperativismo é o de crédito. Ele tem por objetivo captar recursos financeiros para financiar atividades dos cooperados. O cooperativismo de crédito teve início no Brasil por volta de 1902, por intervenção do Padre Suíço Theodor Amstad. Em comunhão com mais 19 pessoas fundou a primeira cooperativa de crédito da América Latina. Atualmente o Brasil conta com mais de 1400 cooperativas de crédito, sendo alicerçadas basicamente em 5 sistemas de crédito, entre eles o SICREDI. As cooperativas de crédito também são compreendidas como um grupo empresarial, organizadas por meio de um sistema composto por diversas entidades. Os sistemas de crédito são uma resposta à concorrência encontrada no mercado financeiro brasileiro, em se tratando de uma alternativa viável para competir com grandes instituições financeiras nacionais e multinacionais. Além de os associados da cooperativa de crédito terem apoio mais significativo e considerável voz ativa nas assembleias gerais, podem ser citadas outras vantagens para a adesão ao sistema, entre elas as taxas de juros menores, os rendimentos mais atraentes e um atendimento diferenciado. O cooperativismo de crédito também tem importante papel na reciclagem da poupança local ao promover o reinvestimento, no mesmo município ou região, de recursos originados localmente, contribuindo com isso para o desenvolvimento, em particular, do interior do país. O desenvolvimento de uma aptidão de relacionamento com o mercado mais elevada que a dos rivais depende da disposição para mudar suas mentalidades e seus comportamentos para adquirir conhecimento total a respeito de seus clientes mais valiosos e integrar e alinhar seus processos mais importantes. (DAY, 2001). O sistema cooperativo brasileiro tem crescido substancialmente nos últimos anos, aperfeiçoando práticas de gestão, melhorando a estrutura do sistema como um todo, implementando atualizações tecnológicas para controle administrativo e desenvolvendo o quadro de normas. As cooperativas apresentam um expressivo crescimento na quantidade de associados, tendo em vista os últimos anos. No final de 2010, o número era de quatro milhões, já no final de 2014, este balanço já ultrapassava os sete milhões de associados. Neste mesmo período, o patrimônio líquido, os ativos, os depósitos e as operações de crédito demonstraram um crescimento entre 108% e 138%, de acordo com o Banco Central do Brasil. (BACEN, 2015). Mesmo o segmento cooperativo de crédito apresentando um crescimento expressivo e de suma importância, é grande o desconhecimento do público em geral pelo ramo (PINHEIRO, 2015). Independentemente de toda a expressão do cooperativismo de crédito a nível mundial (em alguns países, como Alemanha e Estados Unidos, a participação de cooperativas no sistema financeiro varia entre 20% e 40%), no Brasil as cooperativas possuem apenas 2% da participação de mercado mesmo sendo responsáveis por 16% de todas as agências físicas instaladas no país. 5 SICREDI De acordo com informe publicado em seu website oficial, o Sistema Cooperativo de Crédito Sicredi (SICREDI, 2015) é referência internacional pelo modelo de atuação em sistema. São 95 cooperativas de crédito filiadas, que operam com uma rede de atendimento com 1366 pontos. A estrutura conta ainda com quatro Centrais Regionais – acionistas da Sicredi Participações S.A., uma Confederação, uma Fundação e um Banco Cooperativo e suas empresas controladas. Todas essas entidades, juntas, formam o Sicredi e adotam um padrão operacional único. A atuação em sistema permite ganhos em escala e aumenta o potencial das cooperativas de crédito para exercer a atividade em um mercado no qual estão presentes grandes conglomerados financeiros. As Cooperativas de Crédito do Sicredi atuam na captação, administração e empréstimos de recursos financeiros e prestação de serviços, agregando renda aos seus associados. Para atender às necessidades dos associados, elas contam com empresas corporativas que atuam com a função principal de oferecer apoio técnico e maior especialização ao negócio. Estas Cooperativas são compreendidas em cinco Centrais Estaduais: Central Sicredi RS, Central Sicredi Paraná, Central Sicredi São Paulo, Central Sicredi Brasil Central, que engloba Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins e a Central Sicredi MT, que congrega os estados do Mato Grosso, Rondônia e Pará. (SICREDI, 2015). 5.1 Banco Cooperativo Sicredi O Banco Cooperativo Sicredi S.A. é o primeiro banco cooperativo privado do Brasil. Constituído em 1995, atua como instrumento das cooperativas de crédito para acessar o mercado financeiro e programas especiais de financiamento, além de desenvolver produtos corporativos e políticas de comunicação e marketing. Atualmente, o Banco Cooperativo Sicredi possui em sua estrutura empresas que auxiliam na execução dos serviços e produtos financeiros aos seus associados, a saber: a Administradora de Bens, que oferece serviços de locação de imóveis; a Administradora de Cartões, prestando serviços financeiros de pagamento em meios eletrônicos por meio de cartões de débito e crédito; a Administradora de Consórcio, oferecendo produtos de consórcios de bens e a Corretora de Seguros, oferecendo produtos e serviços de seguros de vida e de bens. (SICREDI, 2015). 5.2 Sicredi e a Crise Financeira Brasileira de 2015 Tendo em vista um aspecto geral da situação, o ano de 2015 não está sendo fácil para consumidores e para o mercado em si. Constantes e acentuadas altas nos valores das divisas, altas nas taxas de juros e aumento de tributos refletem aspectos negativos em todos os setores da economia, prospectando um futuro ainda mais incerto. Apesar deste caos financeiro, algumas empresas obtiveram destaque no cenário econômico brasileiro no primeiro semestre e têm previsões de elevado crescimento. É o caso do Sicredi, que finalizou a primeira metade do ano com resultado 56% melhor do que no ano de 2014, com um acumulado de sobras superior a R$ 76 milhões, que foi revertido em dividendos aos seus associados. (SICREDI, 2015). O índice positivo do Sicredideve ser maior que 20% no ano de 2015, superando inclusive bancos como o Bradesco (18,40%) e o Santander (15,10%), que se encontram entre os maiores bancos do Brasil. Historicamente o sistema cooperativo sempre soube crescer em épocas de crise e este potencial surgiu na Revolução Industrial, quando as cooperativas ganharam força em alguns países da Europa. Além de oferecer taxas de juros menores do que as costumeiras, o Sicredi ainda consegue mais fidelidade com o associado por meio de uma relação de confiança. O Sistema de Crédito Cooperativo Sicredi hoje detém 5,55% dos depósitos bancários feitos no Brasil, às costas do Banco do Brasil (22,89%), Itaú-Unibanco (21,87%), Caixa Econômica Federal (15,83%), Bradesco (10,12%) e Santander (7,39%). Segundo a própria cooperativa, a meta global da empresa é atingir índices obtidos por países desenvolvidos, como Alemanha, onde bancos cooperativos respondem por 25% dos depósitos bancários. Para fins de comparação, durante a crise econômica mundial de 2008, o Sicredi registrou uma alta de 31% em número de associados se comparado com 2007. Os ativos do sistema foram aumentados em 20%, atingindo R$ 12,9 bilhões e as sobras que foram rateadas representaram R$ 191,5 milhões. No mesmo ano, os depósitos sofreram um aumento relevante de 22%. (SICREDI, 2015). Um expressivo número de brasileiros desconhece o crédito cooperativo, que oferece os mesmos serviços e produtos com taxas e juros inferiores e ainda dividem as sobras com seus associados. Diferentemente de instituições financeiras tradicionais, que trabalham com foco no lucro, os bancos cooperativos buscam fomentar a economia regional, promover investimentos dos associados e não associados e com a ideia de que todos devem crescer na mesma proporção. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma sociedade cooperativa é a união de pessoas com interesses comuns, as quais procuram suprir necessidades econômicas e sociais por um meio organizado juridicamente e mais democrático. Algumas uniões de cooperativas se tornam tão grandes que se autodenominam sistemas, movimentos ou corporações cooperativas. Com isto, é possível concluir que o Sistema Sicredi é exemplo brasileiro meritório que atua no segmento financeiro. Portanto, quando as cooperativas de crédito atuam localmente, sendo reconhecidas explicitamente por seus associados como um empreendimento comum a todos e sobre o qual todos têm parcela de responsabilidade – em uma expressão: quando se tratam cooperativas autogeridas pelos associados -, multiplicam-se as possibilidades de se operar com baixa escala de serviços e, mesmo assim, com spreads (variação entre o que as instituições financeiras pagam na captação de recursos e o que elas cobram ao conceder um empréstimo para uma pessoa física ou jurídica) que garantem sustentabilidade econômica e social. (CRUZ, 2009) O sistema cooperativo, por viés de seus princípios, valores e fundamentos é uma referência socioeconômica que pretende se desenvolver economicamente nunca abandonando os aspectos sociais. Perante o cenário de frustrações econômicas de 2015, os sistemas de crédito cooperativo têm se tornado uma opção extremamente viável a quem busca serviços financeiros com valores menores. Uma alta elevação nas taxas e nos juros de bancos públicos e privados dá às cooperativas de crédito a possibilidade de se promoverem porque possuem vantagens que tais instituições não têm, como o juro menor. Isto traduz o que o próprio princípio cooperativista propaga: o desenvolvimento dos associados por meio de ações coletivas. O Sicredi, por meio dos dados coletados, apresenta uma boa perspectiva de crescimento e de fortalecimento, firmando-se com uma das mais importantes instituições financeiras, fortificando microrregiões e os associados como um todo. Apesar da notável recessão financeira que é enfrentada neste período, o Sistema de Crédito Cooperativo Sicredi tem a tendência relevante a um crescimento superior a 20%, crescimento este impulsionado também pela migração de clientes de outros bancos privados com taxas e tarifas mais altas para a cooperativa, que oferece melhores condições ao conjunto. Segundo o próprio Sicredi, o posicionamento como uma instituição da comunidade tem dado resultado. De acordo com a instituição, houve um forte investimento na profissionalização da gestão e na infraestrutura que permite a participação dos associados nas assembleias do sistema. Desta maneira, o Sistema de Crédito Cooperativo Sicredi é uma maneira viável socioeconomicamente que proporciona crescimento e desenvolvimento mútuo entre a instituição e seus associados, por meio de vantagens não encontradas nas organizações financeiras privadas, que hoje ainda mantêm os maiores volumes de movimentação financeira e depósitos. Em vista disto, conhecer os princípios, deveres e direitos garantidos ao associar- se a um sistema cooperativo é crucial, tanto para a própria instituição como para o indivíduo. Opera como uma rodovia de mão-dupla, em que cada cooperado contribui de forma significativa pela manutenção e preservação da atividade que também lhe pertence. Caso não ocorra este alinhamento, o sistema pode estar decretando seu próprio fracasso. Cooperar figura a autodoação por um objetivo que é partilhado com todos. Visto os fatos abordados, penso que o Sicredi é uma boa alternativa para driblar a crise econômica vivida no país, uma vez que propicia aos seus associados serviços que são bastante competitivos e atraentes em relação aos outros bancos públicos ou privados. Apesar de tudo o Sicredi apresenta consequências positivas com relação à economia, fato este que alavanca seu crescimento a um patamar superior a 20% em 2015. REFERÊNCIAS A.C.I. Aliança Cooperativa Internacional. Disponível em: <http://ica.coop/es/node/1625>. Acesso Nov. 2015 BACEN – BANCO CENTRAL DO BRASIL. – Página Institucional. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>. Acesso em Nov. 2015 BACEN – BANCO CENTRAL DO BRASIL – Atas das reuniões ordinárias do Comitê de Política Monetária. Disponível em <http://www.bcb.gov.br/?COPOM194>. 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