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Procedimento do Tribunal do Júri

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DIREITO PROCESSUAL PENAL II 
Professor Fernando Alves 
Rito dos Crimes de competência do tribunal do júri 
1. COMPETÊNCIA E MORFOLOGIA DO PROCEDIMENTO
-O tribunal do júri encontra-se previsto constitucionalmente no art. 5º, XXXVIII da CF, nele sendo asseguradas as seguintes garantias:
A) plenitude da defesa;
B) o sigilo das votações;
C) a soberania dos vereditos;
D) a competência para julgamento dos crimes dolosos contra a vida. 
-No Código de Processo Penal, o procedimento do tribunal do júri é disciplinado pelos artigos 406 a 497, sendo que tais dispositivos foram substancialmente alterados pela Lei nº 11.689/2008.
-É o art. 74 do CPP que define a competência do tribunal do júri de forma exaustiva.
Art. 74. A competência pela natureza da infração será regulada pelas leis de organização judiciária, salvo a competência privativa do Tribunal do Júri.
§ 1º Compete ao Tribunal do Júri o julgamento dos crimes previstos nos arts. 121, §§ 1º e 2º, 122, parágrafo único, 123, 124, 125, 126 e 127 do Código Penal, consumados ou tentados.
§ 2º Se, iniciado o processo perante um juiz, houver desclassificação para infração da competência de outro, a este será remetido o processo, salvo se mais graduada for a jurisdição do primeiro, que, em tal caso, terá sua competência prorrogada.
§ 3º Se o juiz da pronúncia desclassificar a infração para outra atribuída à competência de juiz singular, observar-se-á o disposto no art. 410; mas, se a desclassificação for feita pelo próprio Tribunal do Júri, a seu presidente caberá proferir a sentença (art. 492, § 2º).
-A competência do tribunal do júri fixada no art. 74, §1º do CPP é taxativa, não admitindo analogias ou interpretação extensiva. 
-Logo, não serão julgados no tribunal do júri os delitos de latrocínio, extorsão mediante sequestro com resultado morte, estupro com resultado morte e demais crimes onde ocorra a morte da vítima, mas não se inserem no rol dos “crimes contra a vida” definidos no Código Penal. 
-Nada impede, entretanto, que o tribunal julgue os delitos citados ou qualquer outro (tráfico de drogas, porte ilegal de arma, roubo, latrocínio etc), desde que conexo com um crime doloso contra a vida. 
-Quanto à morfologia o procedimento do tribunal do júri segue a seguinte sequência: a) denúncia ou queixa subsidiária; b) defesa escrita (10 dias) ;c) audiência de instrução e julgamento; d) decisão de pronúncia, impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação delitiva; e) arrolamento de testemunhas; f) plenário. 
2. DA ACUSAÇÃO E INSTRUÇÃO PRELIMINAR
-O procedimento do tribunal do júri é bifásico: a) instrução preliminar: a primeira fase é a da formação da culpa, b) julgamento propriamente dito: onde a acusação chega ao plenário.
-Como o julgamento dos crimes de competência do Tribunal do Júri é atribuído a pessoas que não são do Judiciário, escolhidos aleatoriamente nas diversas camadas da sociedade, a lei prevê que o processo seja encaminhado da forma mais simplificada possível.
-Por isso, como não se exige que os jurados fundamente suas decisões como são obrigados a fazer os juízes togados, o julgamento é feito meio o preenchimento de respostas objetivas a quesitos específicos (em termos de “sim” ou “não).
A) Instrução preliminar:
-A fase de acusação ou instrução preliminar (judicium accusationis) é destinada a uma decisão sobre a possível existência do crime de competência do Tribunal do Júri.
-Para evitar que todos os processos penais que tivessem por objeto a morte de determinada pessoa fossem encaminhados, desde logo, ao tribunal do júri, preferiu reservar ao Judiciário um juízo prévio acerca dos fatos em apuração, para definir qual competência jurisdicional será exercida (juízo de probabilidade). 
-A fase de instrução preliminar desenvolve-se perante o juiz singular. Nas grandes comarcas, com a possibilidade de uma maior distribuição de feitos, é possível que as duas fases do procedimento sejam dirigidas por juízes diferentes: um juiz sumariante, que atua na primeira fase (instrução preliminar, antes chamada de “sumário de culpa”), e um juiz presidente do tribunal do júri, a quem compete participar na segunda fase, de julgamento.
-O procedimento na fase de instrução preliminar é praticamente o mesmo do procedimento comum do rito ordinário (art. 394, I do CPP), com alguns breves acréscimos: 
A) quando não for o caso de rejeição liminar, o juiz recebe a denúncia ou queixa, determinando a citação do réu para resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias (art. 406, CPP);
B) se não é apresentada a resposta no prazo legal pelo citado pessoalmente, o juiz nomeia defensor para fazê-lo. Se a citação for por edital aplica-se a regra do art. 466).
C) é aberta vista à acusação sobre questões preliminares levantadas pela defesa e juntada de documentos em 5 (cinco) dias;
D) é designada audiência para a produção de prova (testemunhal, pericial etc), apresentação de alegações finais e prolação da decisão (pronúncia, impronúncia, absolvição sumária ou desclassificação delitiva, no prazo de 10 dias).
E) o procedimento deve ser concluído em 90 (noventa) dias.
B) Absolvição Sumária:
-Pode ocorrer que, feita a imputação da existência de crime de competência do tribunal do júri, podem ocorrer excludentes de ilicitude (causas de justificação) e de culpabilidade, que excluem o crime, ou pode ocorrer o caso de não haver nem mesmo crime, quando se constatar a atipicidade da conduta relatada na acusação.
-Assim, conforme o art. 415 do CPP, quando restar provado na instrução criminal que o agente praticou o fato acobertado por alguma das excludentes de criminalidade, o juiz pode sumariamente absolver o acusado.
C) Desclassificação:
-A argumentação sobre a existência de crime doloso contra a vida, afirmada pelo Ministério Público, pode ser entendida de modo diverso pelo juiz.
-Segundo o art. 419 do CPP:
Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos referidos no § 1º do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o seja. 
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição deste ficará o acusado preso. 
-Chama-se de desclassificação própria o meio pelo qual o juiz reconhece a existência de crime diverso dos crimes dolosos contra a vida, quando, então, ele remete os autos ao juiz competente.
-Conforme o art., 399, §2º do CPP, o juiz competente que receber os autos deverá renovar os atos de instrução, tendo em vista que mediante o princípio da identidade física do juiz e conforme a imediatidade da prova, o réu tem o direito de ser ouvido pelo juiz da causa, conforme prevê o Pacto de San José da Costa Rica (art. 8º, 1 e 2). 
-Na desclassificação imprópria, ao contrário da própria, mantém a competência do tribunal do júri, tendo em vista que tanto o crime imputado inicialmente na acusação, quanto aquele que é apurado após a desclassificação feita pelo juiz, são dolosos contra a vida. Ex: juiz que muda a classificação do crime de homicídio para infanticídio.
D) Impronúncia:
-Quando o juiz, após a instrução, não vê ali demonstrada sequer a existência do fato alegado na denúncia, ou não foi demonstrada a existência de elementos indicativos do fato aludido, a decisão será de impronúncia, conforme o art. 414 do CPP.
Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes
de autoria ou de participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado.
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa se houver prova nova.
-A impronúncia não se trata de uma sentença propriamente dita, mas sim de uma decisão interlocutória mista (encerra o processo, sem, porém, julgar a pretensão punitiva condenando, ou, ao contrário, absolvendo o réu).
-Entretanto, da decisão de impronúncia cabe recurso de apelação (art. 416 do CPP), tornando-se uma exceção à regra,tendo em vista que não há apelação em decisão interlocutória (atacável por recurso em sentido estrito).
-Nos termos do parágrafo único do art. 414, a decisão de impronúncia não impede nova investida acusatória (nova denúncia), dede que não esteja extinta a possibilidade e desde que presentes novas provas.
E) Pronúncia: 
-Como já foi visto, na impronúncia, o fundamento da decisão é a ausência de provas da existência do fato, bem como de elementos indicativos de autoria.
-Na pronúncia ocorre exatamente o contrário. Pronuncia-se alguém quando, após o exame do material probatório levado aos autos, o juiz verifica a demonstração da provável existência de um crime doloso contra a vida, bem como de sua suposta autoria.
-Não se pede, na pronúncia, o convencimento absoluto do juiz da instrução quanto à materialidade e autoria.
-O que se espera do juiz é apenas o exame do material probatório até então produzido, especialmente para a comprovação da inexistência de quaisquer possibilidades legais de afastamento da competência do Tribunal do Júri (é um “juízo por exclusão”). 
Tanto na pronúncia ( certeza de que há provas a serem apreciadas) quanto na impronúncia (ausência dessas provas), o juiz deve realizar um exame aprofundado de todo o material até ali produzido no processo, para demonstrar a suficiência ou insuficiência de material a ser julgado pelo tribunal do júri, nos termos do art. 413, §1º do CPP. 
Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação.
§ 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acusado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena.
-Se o juiz entender que existem nos autos elementos probatórios que revelam a autoria ou participação de outras pessoas, não incluídas na denúncia, deverá remeter os autos ao Ministério Público para que, no prazo de 15 (quinze) dias, promova o aditamento da peça acusatória (art. 417 do CPP). 
-Nesse caso, em relação aos novos acusados, devem ser repetidas todas as diligências da instrução preliminar, garantindo-se o contraditório e a ampla defesa.
-O processo não seguirá enquanto não for intimado o acusado da decisão de pronúncia.
-Segundo o art. 420 do CPP, a intimação da pronúncia é feita: a) pessoalmente ao réu, ao defensor nomeado e ao Ministério Público; b) ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente da acusação, pela imprensa oficial; c) através de edital, caso o acusado solto não tenha sido encontrado (parágrafo único do art. 420).
3. FASE DE JULGAMENTO
A) Preparação para o Plenário
-Segundo o art. 421 do CPP, preclusa a decisão de pronúncia, os autos serão encaminhados ao Juiz-Presidente do Tribunal do Júri.
-Não há mais libelo e contrariedade, como havia antes na redação do CPP, até esses institutos terem sido revogados pela Lei. 11.689/2008, que simplificou o procedimento.
-Devidamente intimadas as partes (acusação e defesa), ambas apresentarão o rol de testemunhas (no máximo 5), que irão depor em plenário, bem como indicarão os meios de prova que ainda pretendem produzir, sendo facultada a juntada de documentos (art. 422 do CPP).
-Se houver assistente da acusação, este deverá também ser intimado, para que possa exercer as faculdades processuais indicadas no art. 271. Se o Ministério Público não tiver arrolado o número máximo de testemunhas, o assistente poderá completar o rol.
-Como o julgamento será feito pelo Tribunal do Júri e não mais pelo juiz singular, as partes deverão se ocupar do convencimento dos membros do Conselho de Sentença. Portanto, não só a prova testemunhal pode ser repetida, bem como pode-se repetir qualquer outra prova que tenha o mesmo propósito de conhecimento.
-No que tange às testemunhas, conforme o art. 461 do CPP, se intimada, ela não comparecer, será conduzida coercitivamente, podendo ou não ser adiado o julgamento para o primeiro dia desimpedido.
-Entretanto, se a testemunha intimada não for encontrada, após diligências regulares, certificadas por oficial de justiça, o julgamento é realizado sem ela. Testemunhas residentes fora da comarca podem ser ouvidas por carta precatória.
-Após a fase inicial de arrolamento de testemunhas e produção de outras provas, o Juiz-Presidente realiza um saneamento do processo, resolvendo eventuais irregularidades e determinado as providências que se façam necessárias, incluindo a apreciação dos requerimentos das partes, admitindo ou indeferindo provas.
-Após essas diligências, o juiz elabora um breve e resumido relatório do processo, enviando-o para inclusão em pauta na reunião do tribunal do júri.
B) Desaforamento
-Segundo o art. 427 do CPP, se o interesse da ordem pública reclamar ou houver dúvida sobre a imparcialidade do júri ou sobre a segurança pessoal do réu, o Tribunal (de segunda instância), qualquer das partes, mediante requerimento (incluindo o assistente de acusação), ou o próprio juiz, mediante representação, poderá determinar o desaforamento do julgamento para outra comarca da mesma região, onde não subsistam os motivos indicados para a adoção de tal medida.
-Se não foi o Juiz-Presidente autor do pedido de desaforamento através de representação, o desembargador-relator, caso entenda que sejam relevantes os motivos apresentados por quem requereu, pode determinar a suspensão do julgamento do júri, em decisão motivada, ouvindo-se o Juiz-presidente do júri responsável pelo julgamento.
-Não se admite desaforamento na pendência de recurso contra a pronúncia (recurso em sentido estrito) e quando já tiver sido realizado o julgamento; a não ser quando o julgamento tiver sido anulado, conforme o §4º do art. 427 do CPP.
-Segundo o art. 428, pode também ocorrer o desaforamento na hipótese de atraso superior a 6(seis) meses da realização do julgamento, contados a partir do trânsito em julgado da decisão de pronúncia, quando fundado em excesso de serviço no foro judicial.
-Nos termos do §1º do art. 428 do CPP, não se computam no atraso do julgamento as diligências, aditamentos ou incidentes de interesse da defesa.
-Vale salientar que o que é desaforado é o foro do julgamento em plenário e não aquele em que se desenvolveu a instrução preliminar.
-Segundo a Súmula 712 do STF, impõe-se a nulidade de decisão que determina o desaforamento do processo de competência do júri sem audiência de defesa.
C) Jurados
-Exige-se o compromisso da imparcialidade dos jurados, tendo em vista que, mesmo sendo juízes leigos (não togados), exercem função jurisdicional.
-Assim, em relação aos jurados, também valem as regras de impedimento, suspeição e incompatibilidade previstas nos arts. 112, 252, 253 e 254 do CPP.
-Há casos de impedimento, portanto, entre: a) marido e mulher; b) ascendente e descendente; c) sogro e genro ou nora; d) irmãos e cunhados, durante o cunhadio; e) sobrinho; f) padrastro, madrasta e enteado; g) pessoas que mantenham união estável reconhecida oficialmente como entidade familiar (art. 448 do CPP).
-Os vícios que levam a impedimentos, incompatibilidades e suspeição devem ser reconhecidos de ofício pelos jurados. Se não o forem, as partes podem fazê-lo oralmente, decidindo o Juiz-Presidente de plano, rejeitando ou julgando procedente as arguições referentes a esses vícios.
-Além do mais, segundo o art. 449, não pode servir de jurado aquele que já funcionou nessa condição em julgamento anterior do mesmo processo ou que tiver manifestado, previamente, disposição para condenar ou absolver o acusado. 
-Nos termos do art. 468 do CPP, as partes podem recusar motivadamente até três jurados cada uma. É a denominada recusa imotivada ou peremptória, que não exige qualquer justificativa, dependendo apenas da simples escolha imotivada dos interessados (MinistérioPúblico ou acusado).
-Se forem dois ou mais réus, segundo o art. 469, pode incumbir-se das recusas apenas um defensor, não havendo mais a cisão automática do julgamento quando as recusas dos defensores dos réus não coincidiam.
-O jurado exerce função relevantíssima do ponto de vista do Estado, gozando, portanto, de idoneidade moral. É assegurada ao jurado prisão especial até o julgamento definitivo, nos crimes comuns (art. 439 do CPP).
-Constitui direito do jurado a preferência em licitações públicas e no provimento de cargo ou função pública, bem como nos casos de promoção funcional e remoção voluntária (art. 440 do CPP). Em função de tais prerrogativas, a função de jurado é obrigatória e não pode ser recusada imotivadamente, sob pena de multa, de 1 (um) a 10 (dez) salários mínimos, além de vedado o não comparecimento em sessão (art. 442 do CPP).
D) Reunião e Sessões do Tribunal do Júri
-O Tribunal do Júri é composto por 1(um) juiz togado (juiz-presidente) e por 25 (vinte e cinco) jurados, que serão sorteados dentre os alistados, para que 7(sete) deles componham o Conselho de Sentença, a funcionar em cada sessão de julgamento.
-Até o momento da abertura dos trabalhos da sessão, o Juiz-presidente decidirá os casos de isenção e dispensa de jurados, bem como eventuais pedidos de adiamento da sessão.
-O julgamento será adiado toda vez que não houver o comparecimento do Ministério Público e do defensor.
-No caso de ausência de representante do Ministério Público, como não existe a função de “promotor ad hoc”, a única alternativa é o juiz informar às instâncias correcionais do MP, acerca da ausência imotivada de um de seus integrantes.
-Quando estiver ausente o defensor, o julgamento será adiado somente uma vez, devendo o juiz intimar, com antecedência mínima de 10 (dez) dias antes da nova sessão, a Defensoria Pública, para comparecer à sessão de julgamento reaprazada.
-Haverá também adiamento do julgamento quando não se requisitar o réu preso, salvo quando ele e seu advogado requerem a dispensa de comparecimento (art. 457, §2º do CPP).
-Não haverá adiamento da sessão de julgamento pelo não comparecimento do acusado solto, do assistente ou de advogado do querelante, que tiver sido regularmente intimado.
-Como o Ministério Público deve retomar a ação pública promovida pelo particular (ação privada subsidiária da pública, prevista no art. 29 do CPP) em caso de desídia do particular, o julgamento pode ser realizado normalmente.
-Comparecendo, ao menos, 15 (quinze) jurados, o Juiz-presidente declarará instalados os trabalhos, anunciando o processo a ser submetido a julgamento (art. 463 do CPP). Caso o número mínimo não tenha sido alcançado, realiza-se o sorteio de suplentes, tantos quanto necessários, designando-se nova data para a sessão do júri. 
-Os jurados devem permanecer incomunicáveis a partir do sorteio de seus nomes, sob pena de exclusão do Conselho de Sentença e multa de um a dez salários mínimos (art. 466, §1º do CPP).
E) Quesitação
-Nos procedimentos do Tribunal do Júri, a fim de encaminhar questões jurídicas a pessoas sem conhecimento do Direito, são formulados quesitos.
-O quesito consiste numa pergunta cuja resposta será necessariamente “sim” ou “não”.
-Os equívocos na formulação de quesitos, como nos casos de contradição de respostas, podem levar à nulidade processual.
-Os quesitos devem abranger toda a matéria alegada pela defesa, em qualquer fase, além de conter a imputação da peça acusatória, nos limites da pronúncia.
-A tese exposta pelo acusado no momento do interrogatório judicial, em qualquer fase (na instrução preliminar ou no plenário), deverá merecer um quesito específico, ainda que em aparente conflito com as teses apontadas pela defesa técnica (art. 482, parágrafo único do CPP), além da matéria contida na pronúncia e decisões posteriores que admitiram a acusação, e daquele constante das alegações das partes, sobretudo na defesa, levando-se em conta as objeções ao acolhimento da acusação.
-Segundo o art. 483 do CPP, a ordem dos quesitos segue o seguinte trâmite:
1) Sobre a materialidade do fato: sobre a existência do fato, nos limites do que é imputado ao acusado. A indagação deve abranger, sobretudo, o resultado, perguntando-se se houve efetiva lesão a bem jurídico, tal como narrado na acusação e reconhecido na pronúncia.
2) Sobre a autoria e participação: 
-A imputação de autoria difere da de participação, tendo em vista que a participação não abrange, necessariamente os elementos do tipo.
-São diferentes, também, as modalidades de participação, daí porque, nos quesitos, deve-se indagar a respeito de que tipo de participação ocorreu no suposto crime (por induzimento, instigação ou auxílio).
3) Se o acusado deve ser absolvido: permite-se na instituição do júri a possibilidade de que o sentimento pessoal do jurado decida sobre a justiça ou não da ação praticada pelo réu.
-Fala-se em democracia no júri por essa razão: a substituição do direito positivo a cargo de juiz pelo sentimento de justiça do júri popular, uma vez que as decisões do júri refletem a expressão da vontade popular. 
4) Se existe causa de diminuição de pena alegada pela defesa: 
-A indagação diz respeito à existência de causa de diminuição e não de causa alegada pela defesa.
-A pergunta diz respeito sobre causa ou causas de diminuição (privilegiadoras) que tenham sido apontadas pela defesa.
-Ainda que não tenha sido alegada pela defesa, deve o quesito especificar essa pergunta, até porque existindo causa de diminuição, esta é obrigatória por força de lei. Deve vir antes de qualquer circunstância que possa aumentar a pena.
5) Se existe circunstância qualificadora ou causa de aumento de pena reconhecidas na pronúncia ou em decisões a ela posteriores:
- Deve-se verificar se as circunstâncias qualificadoras dizem respeito ao próprio tipo penal em que está incurso o acusado, devendo constar necessariamente da denúncia, ou se foram incluídas através da mutatio libeli (nova definição jurídica do fato), onde a denúncia ou queixa é aditada (art. 411, §3º c/c art. 384 do CPP). 
-As causas de aumento de pena são aquelas previstas em lei que determinam o acréscimo em percentuais da pena cominada (1/6; 2/3 etc).
-O acréscimo de pena resultante de continuidade delitiva ou de reconhecimento de concurso formal de crimes também pode ser considerada causa de aumento de pena (aumento em qualquer caso, de um sexto a metade, de acordo com o art. 70, e de um sexto a dois terços, no caso do art.71, ambos do CP). 
-Tanto as qualificadoras quanto as causas de aumento de pena devem constar obrigatoriamente da decisão de pronúncia.
-Se qualquer um dos dois primeiros quesitos (autoria e materialidade) for respondido negativamente por maioria dos membros do Conselho de Sentença (mais de três jurados), estará encerrada a votação, com a absolvição do acusado. 
-Se, ao contrário, foi positiva a resposta dos dois primeiros quesitos, será indagado dos jurados no próximo quesito se eles absolvem o réu. Se a resposta for positiva, igualmente encerra-se a votação com a absolvição do acusado. 
-Se a resposta é negativa no tocante ao quesito de absolvição, segue-se na quesitação, indagando-se acerca dos quesitos 4 e 5. 
-Se houver a possibilidade de desclassificação do crime que afaste a competência do júri, ou havendo divergência sobre a tipificação do delito, será formulado um quesito sobre a questão, logo após o quesito nº 3 (o quesito de absolvição); salvo se a votação já não estiver encerrada com a resposta negativa dos dois primeiros quesitos. 
F) Instrução em Plenário:
-O procedimento do júri difere da lógica do procedimento comum (rito ordinário ou sumário), no que diz respeito à inquirição do ofendido, de testemunhas e do interrogatório do réu.
-Enquanto que no procedimento comum as partes iniciam a inquirição, encerrada pelo juiz (art. 212 do CPP), no procedimento em plenário a ordem é inversa. 
-Segundo o art. 473,a ordem da inquirição segue o sentido seguinte: o Juiz-presidente, o Ministério Público, o assistente, o querelante (na ação privada subsdiária), e o defensor do acusado.
-As perguntas são feitas diretamente às testemunhas.
-Quando as perguntas partirem dos jurados, serão feitas por intermédio do Juiz-presidente (§2º).
-O interrogatório também segue lógica inversa a do procedimento comum. 
-Segundo o art. 474 do CPP, o Ministério Público, o assistente, o querelante e o defensor, nessa ordem, podem formular, diretamente, perguntas ao acusado. Não há participação do Juiz-presidente no ato.
-No interrogatório, a inquirição deve iniciar-se com o Ministério Público, já que, trata-se de um meio de defesa do acusado (a oportunidade de conhecer as alegações de acusação para poder se defender). 
-No plenário, as partes podem requerer o esclarecimento de prova pericial, desde que o façam com antecedência mínima de 10 (dez) dias (art. 159, §5º, I, CPP).
-No julgamento, as partes poderão requerer a acareação de testemunhas, o reconhecimento de pessoas, bem quaisquer provas de idêntica natureza.
-Não havendo diligência que possa ser realizada imediatamente, havendo necessidade de comprovação de fato essencial ao julgamento, o Juiz-presidente dissolverá o Conselho de Sentença, ordenando a realização da diligência (que pode consistir na produção de prova pericial) e realização de nova sessão de julgamento.
-A apresentação de documentos deve ser feita com antecedência mínima de três dias úteis (art. 479 do CPP), sendo vedada a leitura de jornais ou qualquer outro escrito, bem como a exibição de vídeos, gravações, fotografias ou outro meio assemelhado, para não influir na opinião dos jurados.
-A proibição não se estende ao material que seja considerado meio probatório lícito.
-Não será permitido o uso de algemas durante a realização do julgamento em plenário, salvo quando necessário para preservar a segurança dos presentes (art. 474, §3º). 
-Após a instrução, seguem-se os debates, com a previsão de sustentação da acusação e da defesa, da réplica e da tréplica, reservando-se o prazo de uma hora e meia e de uma hora, para cada ato, respectivamente (art. 477 do CPP).
-Havendo mais de um acusador e mais de um defensor, o tempo será dividido.
-Havendo mais de um acusado, eleva-se o prazo de acusação e da defesa em uma hora, bem como da réplica e da tréplica em igual medida (uma hora). 
-Constitui matéria vedada nos debates orais: a) a referência aos termos da pronúncia, salvo quando relativo à questão de direito (inexistência de causa de aumento ou qualificadora, por exemplo); b) fazer referência ao silêncio ou a ausência do acusado em plenário (art. 478 do CPP). 
-Os jurados, em razão da regra da incomunicabilidade, não podem manifestar sua opinião sobre o caso e nem entre si, nem com terceiros. 
-Não haverá também suspensão da sessão, a não ser pelo tempo necessário à alimentação ou repouso dos jurados.
-Aos jurados é facultado o direito de consulta aos autos do processo e exame dos instrumentos do crime, bem como a faculdade de requerimento de provas (art. 473, §3º, CPP). 
-Concluídos os debates, e estando os jurados habilitados ao julgamento, o juiz lerá os quesitos, explicando o respectivo conteúdo e finalidade.
-Se houver contradição insuperável entre as respostas, o juiz deverá repetir a operação, esclarecendo aos jurados a razão e os pontos de contradição (art. 490 do CPP).
-A seguir, o juiz lavrará a sentença, obedecendo as regras do art. 492 do CPP. 
-Na hipótese de absolvição, o réu será posto imediatamente em liberdade, independentemente de se tratar de crime inafiançável.
-Se da decisão dos jurados resultar a desclassificação do crime para outro que não seja de competência do Tribunal do Júri, caberá ao Juiz-presidente proferir a sentença (art. 492, §1º do CPP). O mesmo ocorre com os crimes conexos, que não são de competência do júri (art. 492, §2º do CPP). 
-No que diz respeito à desclassificação, o Juiz-presidente não pode discordar da decisão do júri, que é soberana, no ponto em que essa decisão afirma não se tratar de crime doloso contra a vida (que seria de competência do tribunal).
-Ainda no tocante à desclassificação, a resposta positiva ou negativa aos quesitos de materialidade e autoria não impedirá a absolvição do acusado, quando do julgamento do fato pelo Juiz-presidente. 
-Isso ocorre porque o reconhecimento posterior da incompetência do júri para o julgamento da matéria afasta qualquer efeito que se queira atribuir à referida decisão.
-A soberania das decisões do júri só produz efeitos quando proferida em julgamento de crimes dolosos contra a vida.
-Por fim, contra sentença proferida pelo Tribunal do Júri, caberá recurso de apelação, nas hipóteses previstas no art. 593, III do CPP.
-Admite-se a competência do Supremo Tribunal Federal para o julgamento de recurso de apelação de decisão proferida pelo Tribunal do Júri, se houver impedimento declarado de mais da metade dos membros do Tribunal de Justiça ( ou do respectivo Tribunal Regional Federal), com esteio no art. 102, I, “n”, da Constituição Federal.

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