Buscar

fichamento escola dos Annales

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Crislaine Souza Santos, acadêmica do IV período do curso de licenciatura em História da Faculdade AGES. Trabalho apresentado como um dos pré requisitos para a obtenção da nota parcial da disciplina Teoria I sob a orientação do Professor Rafael Santa Rosa
BURKE, Peter. A Revolução Francesa da historiografia: a Escola dos Annales. 1929-1989; Tradução Nilo Odália. – São Paulo: Editora Universidade Estadual Paulista, 1991.
Crislaine Souza Santos
Citações Representativas:
“A forma dominante, porém, tem sido a narrativa dos acontecimentos políticos e militares, apresentada como a história dos grandes feitos de grandes homens – chefes militares e reis” (p.11).
“Por volta de 1900, as críticas à história política eram particularmente agudas, e as sugestões para sua substituição bastante férteis” (p.13).
“O compromisso de Bloch com a geografia era menor do que o de Febvre, embora seu compromisso com a sociologia fosse maior. Contudo, ambos estavam pensando de uma maneira interdisciplinar” (p.18). 
[…] a revista foi planejada, desde o seu início, para ser algo mais do que uma outra revista histórica. Pretendia exercer uma liderança intelectual nos campos da história social e econômica. Seria o porta-voz, melhor dizendo, o alto-falante de difusão dos apelos dos editores em favor de uma abordagem nova e interdisciplinar da história. (p.23).
Pouco a pouco os Annales converteram-se no centro de uma escola histórica. Foi entre 1930 e 1940 que Febvre escreveu a maioria de seus ataques aos especialistas canhestros e empiricistas, além de seus manifestos e programas em defesa de “um novo tipo de história” associado aos Annales – postulando por pesquisa interdisciplinar, por uma história voltada para problemas, por uma história da sensibilidade.(BURKE apud. FEBVRE, 1953, p.26).
“Mais admirável, talvez, foi a capacidade de Bloch colocar no papel suas ponderadas reflexões sobre o objetivo e o método da história[…]”(p.27).
Os Annales começaram como uma revista de seita herética. 'É necessário ser herético’, declarou Febvre em sua aula inaugural[…]Sob a liderança de Febvre os revolucionários intelectuais souberam conquistar o establishment histórico francês. O herdeiro desse poder seria Fernand Braudel(p.30).
“Para compreender a história é necessário saber mergulhar sob as ondas”(p.33).
“O objetivo é demonstrar que todas as características geográficas têm a sua história, ou melhor, são parte da história, e que tanto a história dos acontecimentos quanto a história das tendências gerais não podem ser compreendidas sem elas”(p.34).
“Ele foi assim, de alguma maneira, alheio a dois grandes movimentos no interior da história dos Annales de seu tempo, a história quantitativa e a história das mentalidades. É tempo agora de dirigirmos nossa atenção sobre eles”(p.46).
“Foi com Labrousse que o marxismo começou a penetrar no grupo dos Annales”(p.47).
[…] página esplêndida da história geográfica e socioeconômica escrita à maneira das monografias regionais, nos anos 60, vinculadas aos Annales Faziam uso abundante dos métodos quantitativos, não só para estudar as flutuações de preços, as taxas de nascimento, casamento e mortalidade, mas também as tendências na distribuição da propriedade, na produtividade agrícola, etc(p.53).
“O surgimento de uma terceira geração tornou-se cada vez mais óbvio nos anos que se seguiram a 1968” (p.56).
“Alguns continuaram a praticar a história quantitativa, outros reagiram contra ela”(p.56).
Como vimos, na geração de Braudel, a história das mentalidades e outras formas de história cultural não foram inteiramente negligenciadas, contudo, situavam-se marginalmente ao projeto dos Annales. No correr dos anos 60 e 70, porém, uma importante mudança de interesse ocorreu. O itinerário intelectual de alguns historiadores dos Annales transferiu-se da base econômica para a “superestrutura” cultural, ‘do porão ao sótão’(p.57).
“De fato, houve algo como que uma reação negativa indiscriminada contra a abordagem quantitativa. Ao mesmo tempo se formava uma reação contrária ao que os Annales defendiam, especialmente contra o domínio da história estrutural e social”(p.66).
“Os medievalistas do grupo dos Annales estão longe de rejeitar a história política, mesmo quando dedicam maior atenção a outros temas”(p.71).
Febvre e Braudel podem não ter ignorado a história política, mas não a tomaram muito a sério. O retorno à política na terceira geração é uma reação contra Braudel e também contra outras formas de determinismo[…] Graças a Foucault, esse retorno se estendeu em direção à “micropolítica”, a luta pelo poder no interior da família, da escola, das fábricas, etc. Em consequência dessas mudanças, a história política está em vias de uma renovação(p.72-73).
“A volta à política está também ligada ao ressurgimento do interesse na narrativa dos eventos”(p.73).
[…] os Annales eram um aliado na luta contra o domínio da história política tradicional. É possível também que os marxistas estivessem impressionados com a afinidade entre a sua história e a dos franceses não somente devido à ênfase nas estruturas e na longa duração, mas também por sua preocupação com a totalidade, um ideal que foi de Marx antes de ser de Braudel(p.79).
“[…] todas as inovações associadas a Febvre, Bloch, Braudel e Labrousse têm precedentes ou paralelos, dos métodos comparativo e regressivo à preocupação com a colaboração interdisciplinar, com métodos quantitativos, com mudanças na longa duração”(p.86).
“O movimento pode não ter sido ‘tudo para todos’, pois foi seguramente interpretado de várias maneiras”(p.80).
“Da minha perspectiva, a mais importante contribuição do grupo dos Annales, incluindo-se as três gerações, foi expandir o campo da história por diversas áreas”(p.89).
“A historiografia jamais será a mesma”(p.89).
Texto Crítico:
O livro “A escola do Annales” de Peter Burke sem dúvida é uma obra de grande importância para a historiografia mundial. Seus relatos e explanações sobre os acontecimentos desde antes da chamada “nova história” até o surgimento dela e suas gerações tornam mais visíveis o entendimento sobre essa nova era da historiografia. Dedicarei no decorrer deste texto algumas notificações cabíveis, onde se perpetuará a ideia de que “A história jamais será a mesma” (BURKE, 1991, p.89).Comecemos primeiro, por entender o antigo regime da historiografia. 
Antes destes desbravadores da história surgirem, existia um modo metódico de se fazer história – positivismo –,este, por sua vez era predominante. No entanto, se opondo a esse tipo de historiografia narrativa e que de certa forma “endeusava” a política – ao ponto de narrar a história de seus políticos e militares –, um grupo de historiadores da frança embasados em fortes críticas a este tipo de conhecimento histórico narrativo, lançaram-se de cabeça em uma nova proposta para a historiografia. Questões como a interdisciplinaridade vieram à tona, dando início a um novo momento nos estudos históricos.
Eis aí o boom do surgimento da Escola dos Annales, que inicialmente era uma revista internacional dedicada à história econômica e social idealizada por Febvre. Entretanto o projeto foi abandonado, retornando em 1928 quando Bloch tomou a iniciativa de reaver os planos da revista, chamada “Annales d´histoire économique et sociali”, com o intuito de ser a difusora de um método novo e interdisciplinar da história, exercendo assim uma liderança intelectual nos campos da história social e econômica. Os Annales aos poucos,
[…] converteram-se no centro de uma escola histórica. Foi entre 1930 e 1940 que Febvre escreveu a maioria de seus ataques aos especialistas canhestros e empiricistas, além de seus manifestos e programas em defesa de “um novo tipo de história” associado aos Annales – postulando por pesquisa interdisciplinar, por uma história voltada para problemas, por uma história da sensibilidade.(BURKE apud. FEBVRE, 1953, p.26).
A primeira geração dos Annales foi constituída basicamente por Febvre e Bloch. Com a morte de Bloch, “Sob
a liderança de Febvre os revolucionários intelectuais souberam conquistar o establishment histórico francês. O herdeiro desse poder seria Fernand Braudel”(p.30). Daí surge a segunda geração dos Annales, que após a morte de Febvre segue liderada por Braudel. Ao assumir a direção da Annales, em 1959, Fernand Braudel impôs à revista a sua identidade. O gosto pela geografia e pela extensa duração de tempo está exposto em sua tese “O Mediterrâneo”. Fernand Braudel “[…] decidiu recrutar jovens historiadores, como Jacques Le Goff, EmmanueI Le Roy Ladurie, Marc Ferro, com a finalidade de renovar os Annales, ‘renovar a pele’, como dizia”(p.39). Na “Era Braudel”, houve o nascimento da história quantitativa, primeiramente no campo da história econômica, com a história dos preços, e em seguida na história social, mais precisamente na história populacional. 
Tempos depois, Jacques Le Goff ocupa a presidência da revista, devido a eventual saída de Braudel da mesma. Diante disso houve uma fragmentação ou o chamado “policentrismo” do projeto de Annales. Esta seria a terceira geração dos Annales, que traz uma fase marcada pela fragmentação e por gerar grande influência sobre a historiografia, com abordagens chamadas de Nova História ou História Cultural.
É viável expor a ideia de que A escola dos Annales de fato deixou um legado importante para a historiografia, contudo no que condiz a expansão sobre todas as áreas das ciências, incorporando também novas formas de fontes históricas para além da escrita. Também é cabível dizer que seja de bom tom para quem quer iniciar o estudo sobre os Annales.
Esta obra tem como corrente teórica A Nova História ou Nova História Cultural advindas do movimento da Escola do Annales, a qual ele se refere no presente livro, abordando biografias de alguns membros e obras do movimento.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Outros materiais