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HIDROLOGIA RECURSOS HIDRICOS (2016)

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FACULDADE DE ENGENHARIA E ARQUITETURA
– FEA FUMEC –
NÚCLEO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE
– NCA –
HIDROLOGIA
RECURSOS HÍDRICOS
PROF. SÉRGIO AUGUSTO S. ROMAN
FEVEREIRO 2016
APRESENTAÇÃO
Estas notas foram elaboradas pela primeira vez há mais de 15 anos e vêm sendo atualizadas periodicamente. Sua finalidade de permitir que vocês assistam às minhas aulas sem a necessidade de fazerem anotações e apontamentos constantes e sistemáticos, ou seja, copiar as aulas. 
Da minha parte, eu me livro de transcrever no quadro tudo que está sendo dito, para que vocês copiem. Isto tornará nosso contato muito mais direto e tornará as aulas menos monótonas (espero). 
Não é pretensão minha que esta benta tenha abordado em profundidade qualquer dos temas nela contidos. Ela se constitui num roteiro de aula. Isto é particularmente correto nas questões relacionadas com o gerenciamento dos recursos hídricos, onde foram apenas listados tópicos para abordagem e discussão em aula. O tema está aberto e em amplo debate nas esferas técnica, administrativa e política. Quase tudo que foi feito até hoje em termos de gerenciamento foi incipiente e inadequado. Está tudo por fazer.
Meu desejo é que, terminado o curso, vocês tenham uma visão abrangente das questões relacionadas com os recursos hídricos, sua importância e suas perspectivas. Que vocês percebam que existe um mercado de trabalho importante nesta área. Que é bom trabalhar nisso. Que a água é um bem escasso e de valor econômico e social crescente e, como tal, merecerá atenção cada vez maior.
Finalmente, quero registrar - e vocês perceberão isto - que a compreensão do ciclo da água na terra é intuitiva. Os fenômenos de circulação hídrica fazem parte do nosso dia-a-dia e, na maioria das vezes, nem percebemos isto. Isto torna o tema, no mínimo, interessante.
Prof. Sérgio Augusto S. Roman
Fevereiro/2016
ÍNDICE
1.	HIDROLOGIA BÁSICA	01
1.1 CONCEITOS BÁSICOS	01
1.2 BACIAS E REGIÕES HIDROGRÁFICAS	01
1.2.1 Conceituação	01
1.2.2 Aspectos Geológicos e Geomorfológicos	02
1.2.3 Classificação dos Cursos D’água	04
1.2.4 Características Físicas das Bacias Hidrográficas	05
1.2.5 Sistemas de Drenagem	06
1.2.6 Características do Relevo de Uma Bacia Hidrográfica	06
1.3 CICLO HIDROLÓGICO E BALANÇO HÍDRICO	07
1.3.1 Conceituação	07
1.3.2 A Atmosfera	07
1.3.3 Aspectos Meteorológicos e Climatológicos	08
1.3.4 Evaporação e Evapotranspiração	09
1.3.5 Precipitação	11
1.3.6 Escoamento Superficial	14
1.3.7 Infiltração	16
1.3.8 Escoamento Subterrâneo	17
2.	UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS	20
2.1 HIDROGERAÇÃO	20
2.1.1 Energia Hidrelétrica	20
2.1.2 Terminologia	21
2.1.3 Tipos de Usinas Hidrelétricas	21
2.2 SISTEMAS HIDROVIÁRIOS	22
2.2.1 Antecedentes	22
2.2.2 Condicionantes para as Hidrovias	22
2.2.3 Métodos para Aumentar a Navegabilidade	23
2.2.4 Considerações Sobre os Sistemas Hidroviários	23
2.3 ABASTECIMENTO URBANO E SUPRIMENTO INDUSTRIAL	24
2.3.1 Usos da Água	24
2.3.2 Consumo de Água	26
2.3.3 Captação da Água	27
2.4 IRRIGAÇÃO		30
2.4.1 Conceituação e Definições	30
2.4.2 Irrigação por Superfície	31
2.4.3 Irrigação por Aspersão	32
2.4.4 Irrigação por Gotejamento	33
2.5 CONTROLE DE CHEIAS E MACRODRENAGEM	34
2.5.1 Conceituação	34
2.5.2 Fatores Intervenientes	34
2.5.3 Danos Provocados pelas Inundações	35
2.5.4 Controle das Inundações	35
2.6 DILUIÇÃO DE DESPEJOS	36
2.6.1 Poluição dos Recursos Hídricos	36
2.6.2 Assimilação de Cargas Poluidoras - Autodepuração	37
3.	RESERVATÓRIOS DE ACUMULAÇÃO	39
4.	GERENCIAMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS	41
4.1 ASPECTOS INSTITUCIONAIS E ADMINISTRATIVOS	41
4.2 DISPONIBILIDADE DE DADOS E INFORMAÇÕES	41
4.3 PLANEJAMENTO DA UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS	41
4.3.1 Atividades de Planejamento	41
4.3.2 Atividades de Administração	42
4.4 SISTEMAS INSTITUCIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO DAS ÁGUAS	43
4.4.1 Sistemas de Planejamento	43
4.4.2 Sistemas de Informações Hidrológicas	43
4.4.3 Sistemas de Administração	44
4.4.4 Sistemas de Treinamento e Capacitação de Recursos Humanos	44
4.5 CONTROLE SANITÁRIO E DE QUALIDADE	45
4.5.1 Características da Água	45
4.5.2 Padrões de Qualidade	45
4.5.3 Controle da Poluição dos Recursos Hídricos	46
4.6 GESTÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS	47
4.6.1 Conceituação	47
4.6.2 Finalidades da Gestão Integrada	47
4.6.3 Evolução dos Mecanismos de Gestão: A Experiência Estrangeira	47
4.6.4 Condicionantes para a Estruturação do Sistema	47
4.6.5 Situação Atual da Gestão dos Recursos Hídricos no Brasil	47
4.6.6 Proposta de Estágios para a Implantação de um Sistema de Gestão	47
5.	BIBLIOGRAFIA	48
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1.	HIDROLOGIA BÁSICA
1.1	CONCEITOS BÁSICOS
HIDROLOGIA é a ciência que trata do estudo da água em todos os seus estados, das suas propriedades, da sua distribuição, ocorrência e circulação na atmosfera, na superfície da terra, no solo e no sub-solo, e seus efeitos sobre o meio ambiente e a vida.
A HIDROLOGIA é a ciência básica para todos os campos da Engenharia Hidráulica. O estudo da água pode ser dividido em três ramos, em função da forma de ocorrência:
Água Atmosférica: Estuda as chuvas e outras formas de precipitação, suas origens, ocorrência, magnitude, distribuição e variação. É o ramo da Meteorologia, que estuda os fenômenos atmosféricos ligados à água.
Água Superficial (Hidrografia): Estuda o comportamento das águas superficiais: gênese e deflúvio de cursos de água, lagos e reservatórios. O estudo das águas superficiais pode ser dividido em: reologia (estuda as águas correntes), limnologia (estuda os lagos e os reservatórios) e oceanografia (estuda os oceanos e mares).
Águas Subsuperficiais: Estuda a origem, natureza e ocorrência das águas subsuperficiais, a infiltração da água no solo, sua percolação e retorno à superfície.
A unidade básica de tempo para os estudos hidrológicos é o ano hidrológico, que corresponde ao período de 12 meses que se inicia em 10 de outubro e termina em 30 de setembro. O ano hidrológico de 1995, por exemplo, corresponde ao período de 01.10.94 a 30.09.95.
1.2	BACIAS E REGIÕES HIDROGRÁFICAS
1.2.1	Conceituação
Bacia Hidrográfica
É a área geográfica que coleta a água de chuva e a conduz a uma determinada seção do curso de água. 
Divisor de águas
É o limite da bacia hidrográfica, que separa bacias adjacentes. É a linha de separação de bacias hidrográficas contíguas. 
Vazão
É o volume de água escoado por unidade de tempo em uma seção considerada, expressa em m3/s, L/s, m3/dia, etc.
Vazão Específica 
Ou contribuição unitária, é a relação entre a vazão em uma seção e a área da bacia na mesma seção, expressa em L/s.km2.
Freqüência e Período de Retorno
Freqüência é o número de ocorrências de uma determinada vazão Q em um intervalo de tempo T. 
Período de retorno = Tempo de recorrência é o tempo para que uma determinada vazão ocorra novamente, ou seja,
QT significa que num tempo T, a vazão Q ocorrerá no máximo uma vez.
Tempo de Concentração
Intervalo de tempo entre o início de uma precipitação e a passagem da água de todos os pontos da bacia hidrográfica por uma seção considerada. Em outros termos, corresponde à trajetória mais demorada de uma partícula de água em uma bacia hidrográfica.
Deflúvio
É a somatória da água que chega aos cursos de água de uma bacia, após ter escoado superficialmente, com a que atinge os álveos após ter escoado subsuperficialmente e subterraneamente.
O divisor topográfico limita a área de deflúvio superficial e subsuperficial da bacia. O divisor freático estabelece os limites dos reservatórios de água subterrânea. As superfícies delimitadas pelos dois tipos de aqüíferos raramente coincidem.
Coeficiente de Deflúvio
É a relação entre a água escoada e a águaprecipitada na bacia.
1.2.2	Aspectos Geológicos e Geomorfológicos
Geologia
- litologia
• rochas ígneas
plutônicas ou intrusivas (granitos)
vulcânicas ou extrusivas (basaltos)
• rochas sedimentares
calcário (carbonato de cálcio)
calcário dolomítico ( carbonato duplo de cálcio e magnésio)
arenito
• rochas metamórficas
quartzitos
folhelhos argilosos (filito e micaxisto)
granitos (gnaiss ou migmatito)
argilitos (ardósia ou folhelhos)
- características de algumas rochas
• granito	Rico em sílica. Quando apresenta grãos finos, possui maior resistência à erosão. Não apresenta bons aqüíferos, que só ocorrem nesta rocha quando existem falhamentos e fraturas.
• quartzito	Resistente à erosão, devido à homogeneidade. O fissuramento desta rocha diminui o escoamento superficial.
• arenito	Altamente permeável, devido à porosidade e à rede de diáclases. Propicia menor escoamento superficial, drenagem com baixa densidade, e rios longos e retilíneos.
• argila	Altamente impermeável, grande plasticidade, o que torna a rocha pouco resistente. Alto coeficiente de escoamento superficial.
• calcário	Alta solubilidade e grande fissuramento. Escoamento subterrâneo intenso e dissolução da rocha, propiciando altos teores de carbonatos na água (dureza). Ausência de rede de drenagem organizada.
- geocronologia (FIG 1.1)
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FIGURA 1.1
Geomorfologia
climática
estrutural
tectônica
Pedologia
pedogênese
Água Subterrânea
Tipo de litologia + estrutura
- aqüíferos (FIG 1.2)
- granulares
- cársticos
- fraturados
1.2.3	Classificação dos Cursos d'Água
É usual classificar os cursos de água em três tipos, em função da constância do escoamento:
perenes 	Apresentam escoamento superficial durante todo o tempo, mesmo durante as estiagens mais severas, sendo alimentados continuamente pelo escoamento subterrâneo.
intermitentes	Escoam durante o período chuvoso e secam na estiagem. Durante as chuvas recebem contribuição do escoamento superficial, subsuperficial e subterrâneo, com o lençol freático conservando-se acima do nível de água, alimentando o rio. Na estiagem, o nível freático depleciona, cessando o aporte de água deste aqüífero.
efêmeros	Escoam durante e imediatamente após as chuvas e só recebem contribuição superficial. O nível freático se encontra sempre abaixo do leito do rio.
1.2.4	Características Físicas Das Bacias Hidrográficas
São fundamentais para o estudo do comportamento hidrológico de uma bacia. A análise hidrológica se baseia nestas características e no conhecimento da precipitação e dados hidrológicos da bacia. As principais características físicas de uma bacia são as seguintes:
Área de Drenagem (A)
É a área em projeção horizontal determinada pelo divisor topográfico. É determinada por planimetria em cartas topográficas e é usualmente expressa em km2 ou ha.
Comprimento da Bacia (L)
Corresponde ao comprimento do rio mais extenso da bacia, expresso em km. É determinado através de um curvímetro, da nascente até a foz, após sua identificação visual em uma carta topográfica.
Forma da Bacia
São fatores determinantes das condições do escoamento superficial. 
Os principais são:
- fator de forma ou índice de conformação (Kf)
Relaciona a largura média da bacia (Lm) com seu comprimento axial (L).
Kf = Lm como Lm = A , tem-se
 L L
Kf = A 
 L2
O fator de forma é um indicativo da maior ou menor propensão a enchentes em uma bacia. Quanto maior for o fator de forma, maior a propensão de ocorrência de enchentes.
1.2.5	Sistemas de Drenagem
Ordem dos Cursos de Água
A hierarquia fluvial consiste em estabelecer a classificação de um curso de água, no conjunto total da bacia à qual ele pertence.
A codificação usada no Brasil pela Agência Nacional de Águas - ANA designa como de classe 1 o rio principal da bacia, cujo talvegue se encontra em cotas mais baixas. Os que nele deságuam são designados como classe 2, os que deságuam nos de classe 2 são de classe 3 e assim sucessivamente.
Densidade de Drenagem
É definida pela relação entre o comprimento total dos curso de água de uma bacia e sua área total. Este índice fornece uma indicação sobre a eficiência da drenagem de uma bacia. Este índice varia de 0,5 km/km2 para bacias de drenagem pobre a 3,5 km/km2 para bacias muito bem drenadas.
Sinuosidade de um Curso de Água
Relação entre o comprimento do talvegue de um rio e a distância entre os pontos extremos do mesmo talvegue. É um indicador da velocidade de escoamento. Quanto mais sinuoso for o rio, menores serão as velocidades de escoamento.
1.2.6	Características do Relevo de uma Bacia Hidrográfica
Declividade Média da Bacia
É a relação entre o produto do comprimento total das curvas de nível (Lc) pela diferença de cotas entre as curvas (D), pela área da bacia (A).
S = D.Lc
 A
Declividade de um Curso de água
É a relação entre o desnível máximo de um curso de água ou de um trecho dele, pelo comprimento total do curso de água ou do trecho considerado, expressa em m/km ou m/m.
1.3	O CICLO HIDROLÓGICO
1.3.1	Conceituação
A água é a substância mais abundante da terra e é encontrada em praticamente toda parte do planeta. Aos esquemas de circulação da água na terra convencionou-se chamar ciclo hidrológico. Os estágios do ciclo hidrológico são a precipitação, escoamento superficial, infiltração, escoamento subterrâneo e evaporação.
A água evaporada, principalmente nos oceanos, é transportada para os continentes, pelo movimento das massas de ar. A condensação dos vapores forma pequenas gotas visíveis, que são as nuvens. 
Em condições meteorológicas adequadas, as gotículas se aglutinam e caem sobre a superfície da terra sob a forma de precipitação.
Parte da água precipitada se evapora durante a queda ou fica retida pela vegetação e depressões naturais do terreno. 
Da água que atinge o solo, parte se evapora, parte infiltra e vai abastecer os lençóis freáticos e artesianos e parte circula sobre a superfície, através de canais naturais formando os cursos dos rios, conduzindo a água para os lagos, mares e oceanos.
A parcela que retorna à atmosfera por evaporação e transpiração vegetal é muito significativa, em determinadas condições de insolação.
Do ponto de vista quantitativo, a distribuição da água na terra é a seguinte:
97% da água do mundo está nos oceanos 
da água continental, 99% é subterrânea
se a terra fosse uma esfera uniforme, a água formaria uma camada de cerca de 200m de espessura 
a precipitação média anual no mundo é de 860 mm e a evaporação total é da mesma ordem.
	Local
	Volume (km3)
	Percentual
do total
(%)
	Oceanos
	1.370.000
	97,61
	Calotas polares e geleiras
	29.000
	2,08
	Água subterrânea
	4.000
	0,29
	Água doce de lagos
	125
	0,009
	Água salgada de lagos
	104
	0,008
	Água misturada no solo
	67
	0,005
	Rios
	1,2
	0,00009
	Vapor d’água na atmosfera
	14
	0,0009
Fonte: R.G. Wetzel, 1983
1.3.2	A Atmosfera 
A atmosfera é constituída por uma camada composta por uma grande quantidade de gases. No entanto, o ar pode ser considerado com sendo composto de três partes principais: o ar seco, o vapor de água e as partículas sólidas em suspensão. 
O ar seco é constituído por uma mistura complexa de gases, onde o nitrogênio e o oxigênio são os componentes principais. A composição volumétrica do ar á apresentada no QUADRO 1.1.
QUADRO 1.1
COMPOSIÇÃO VOLUMÉTRICA DO AR
	GÁS 
	VOLUME (%)
	nitrogênio
	78,09
	oxigênio
	20,95
	argônio
	0,93
	dióxido de carbono
	0,03
	neônio
	1,80 x 10-3
	hélio
	5,24 x 10-4
	kriptônio
	1,00 x 10-4
	hidrogênio
	5,00x 10-5
	ozônio
	1,00 x 10-6
	xenônio
	0,80 x 10-6
	radônio
	1,00 x 10-18
Esta composição mantém-se inalterada nos primeiros 25 km e até os 40 km varia muito pouco.
O vapor de água existente está presente em quantidades que variam de quase zero em regiões desérticas até 4% em regiões de florestas tropicais.
O material sólido em suspensão compreende partículas do solo, sais de origem orgânica e inorgânica, fumaças vulcânicas, combustão de derivados de petróleo, etc.
Os fenômenos meteorológicos de interesse para os estudos hidrológicos ocorrem na troposfera, camada inferior do ar, situada até uma altura de 18km no equador e 9km nos pólos. Na troposfera ocorrem os movimentos de ar horizontais (ventos) e verticais (correntes de ar).
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Distribuição vertical da temperatura
Na troposfera ocorre uma diminuição de temperatura de 0,6oC a cada 100m de elevação. Na estratosfera a temperatura é mais ou menos constante.
Distribuição geográfica da temperatura
A temperatura tende a decair do equador para os pólos, sendo alterada pela influência dos mares, continentes, da vegetação e da topografia. Regiões mais altas apresentam temperaturas mais baixas. As florestas exercem efeito estabilizador da temperatura.
1.3.3	Aspectos Meteorológicos e Climatológicos
Elementos do Clima: Conceituação
Tempo
São as condições atmosféricas de um determinado lugar, em um determinado momento.
Clima
É a sucessão habitual dos tipos de tempo, em um determinado lugar da superfície terrestre.
Temperatura
É o elemento climático mais importante. A sua distribuição é influenciada pelos seguintes fatores: latitude, altitude e distribuição das massas líquidas e sólidas da terra.
Pressão Atmosférica
Varia com a altitude e os deslocamentos horizontais. 
	Quanto maior a altitude, menor a pressão
	Quanto maior a temperatura, menor a pressão
	Alta pressão (AP) dispersa o ar
	Baixa pressão (BP) recepta o ar
Umidade
Diminui com o aumento da altitude e da latitude. Além da troposfera o vapor é quase inexistente.
umidade absoluta - é a quantidade de vapor de água existente na atmosfera em um dado momento.
ar saturado - é quando a atmosfera está com sua capacidade máxima de vapor de água. A temperatura influencia no ponto de saturação.
umidade relativa - é a relação entre a umidade do ar em um determinado ponto e momento e a umidade que o ar teria no mesmo ponto e momento, se ele estivesse saturado.
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Massas de Ar
São grandes porções de ar que se originam em áreas extensas e homogêneas tais como as planícies, oceanos e desertos. No seu processo de formação, adquirem as características da área de origem.
CLASSIFICAÇÃO DAS MASSAS DE AR
TIPO	SUB TIPO	ÁREA DE ORIGEM 	CARACTERÍSTICAS
polar (P)	marítima (PM)	Oceanos(>500lat)	fria e úmida
	continental(PC)	Antártica	fria e seca
tropical(T)	marítima (TM)	Oceanos próximo
	aos trópicos	quente e úmida
	continental(TC)	desertos tropicais	quente e seca
equatorial(E)	marítima (EM)	Oceanos próximo
	ao equador	quente e úmida
	continental(EC)	Continentes	quente e úmida
1.3.4	Evaporação e Evapotranspiração 
Do ponto de vista hidrológico, evaporação é a passagem da água contida na superfície do solo e da superfície líquida dos rios, lagos, mares e oceanos, do estado líquido para o gasoso. Transpiração é a passagem da água do solo à atmosfera, em forma de vapor, através das plantas.
A evaporação e a transpiração ocorrem de forma simultânea sendo, muitas vezes, extremamente difícil distinguir os dois processos. Por isto, utiliza-se o termo evapotranspiração para designar as duas ações, expressa em mm/h ou mm/dia.
Evapotranspiração potencial representa a transferência de vapor de água para a atmosfera, proveniente de um solo totalmente recoberto por uma vegetação homogênea em fase de crescimento ativo e teor de umidade próximo à capacidade de campo.
A Evapotranspiração real é expressa em altura de líquido evaporado sobre uma superfície uniforme, sendo sempre inferior à evapotranspiração potencial.
Fatores Intervenientes
Radiação solar
quanto mais intensa e de maior duração, maior a evaporação
Umidade do ar
quanto maior a umidade relativa do ar, menor a evaporação
Temperatura
quanto maior a temperatura, maior a evaporação
Pressão
a intensidade de evaporação aumenta à medida que aumenta a altitude e, portanto, diminui a pressão (influência discreta)
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Vento
aumenta a intensidade de evaporação, na medida em que afasta as massas de ar de elevado teor de umidade das superfícies de evaporação
Salinidade
um aumento no teor de sal da água implica numa redução da intensidade de evaporação (no mar ela é de 2 a 3% menor que em rios e lagos)
Tipo de solo
texturas mais grossas de solo permitem maior evaporação
Métodos de medição
A evaporação da superfície das águas pode ser realizada com aparelhos denominados evaporímetros, cujos modelos mais difundidos são o Tanque Classe A e o GGI-3.000. Existem ainda o evaporímetro de Piche, o atmômetro de Livingstone e os evaporígrafos.
Para a medição da evapotranspiração potencial são utilizados os evapotranspirômetros de Thornthwaite. A evapotranspiração real pode ser medida por lisímetros de pesagem e lisímetros de sub-irrigação.
A maior parte dos equipamentos acima relacionados fornecem apenas uma ordem de grandeza da evaporação e da evapotranspiração. Isto ocorre dada a grande quantidade de variáveis que interferem nos processos de medição. Em vista disto, foram desenvolvidos métodos indiretos para a estimativa dos referidos valores.
O maior estudioso do assunto foi Thornthwaite. Além das experiências e formulações por ele desenvolvidas, são usualmente utilizados métodos indiretos de cálculo, segundo fórmulas desenvolvidas por Rohwer (Bureau of Agricultural Engeneering, EUA, 1931), Meyer (para climas temperados), pelo Serviços Hidrológicos da URSS (para climas frios), método de Penman, dentre outros.
1.3.5	Precipitação 
Engloba todas as águas atmosféricas que caem na superfície da terra, sob a forma de chuva, granizo, orvalho, neblina, geada ou neve. No Brasil, 99% das precipitações ocorrem sob a forma de chuva.
As precipitações dão origem a todas as correntes superficiais e subterrâneas. As soluções hidrológicas são sempre estudadas tendo a bacia hidrográfica como unidade básica de estudo.
Formação das Precipitações
O elemento básico, mas não suficiente, para a formação das precipitações é a umidade atmosférica. São ainda necessários mecanismos de resfriamento do ar e a presença de núcleos higroscópicos no ar.
O processo de formação das precipitações é o seguinte: o ar úmido das baixas camadas é aquecido por condução e, tornando-se menos denso, sofre uma ascensão 
adiabática. À medida em que se eleva, o ar úmido se expande e se resfria, até atingir a condição de saturação (nível de condensação).
Com a presença de núcleos higroscópicos a água condensa e forma minúsculas gotas que, ao se aglutinarem, formam as nuvens. 
Uma queda brusca de temperatura ou outra alteração climática similar, cria condições para o crescimento das gotículas formadas, até atingir um peso suficiente para sua precipitação. A este processo dá-se o nome de condensação. 
A partir do início da queda das gotas, passa a prevalecer o processo de coalescência, que consiste na colisão entre partículas de água, aumentando seu volume e peso. Quando as gotas adquirem tamanho e peso suficientes para vencer a resistência do ar, elas precipitam.
As gotas em queda livre aumentam a velocidade de descida até adquirirem uma velocidade de equilíbrio. Esta velocidade é função do diâmetro das gotas.
Em função do fator que propicia a condensação, as chuvas podem ser classificadas como ciclônicas ou frontais, convectivas e orográficas.
A provocação artificial de chuvas é uma experiênciaque vem sendo tentada, muitas vezes sem sucesso, em regiões de precipitações irregulares ou escassas. Consiste na introdução de núcleos higroscópicos através da aspersão de iodeto de prata (AgI) ou neve carbônica (CO2 líquido), através de aviões, sobre ou na base das nuvens, criando condições para a ocorrência de precipitações. 
Tipos de Precipitação
• superficiais 
nevoeiro 	Condensação próximo à superfície do solo, mais frio que o ar. O ar quente perde calor para a superfície e se condensa, formando gotículas no ar, que permanecem suspensas.
orvalho	Forma-se à noite, devido ao resfriamento do ar próximo à superfície do solo.
geada	Quando a temperatura da superfície do solo atinge o ponto de congelamento antes de ocorrer a saturação.
• não superficiais	Resultam do contato de uma nuvem saturada de vapor de água com uma camada de ar frio.
• frontais	ou ciclônicas - são as precipitações associadas à passagem de uma perturbação ciclônica frontal ou não frontal. As precipitações frontais estão associadas a frentes quentes e frias. As precipitações de frente quente normalmente tem caráter continuo. As de frente fria são torrenciais.
• convectivas	Tem sua origem na instabilidade de uma massa de ar mais quentes que as circundantes. A ascensão da massa de ar se deve a um aquecimento rápido do solo. São intensas, tormentosas e restritas a pequenas áreas.
• orográficas	Se originam na ascensão de uma massa de ar, devido a uma barreira montanhosa. São de caráter irregular.
�
FRONTAIS
FRENTE QUENTE
�
FRENTE QUENTE
� � 
FRENTE FRIA
� �
OROGRÁFICA
�
Processos de Medição Pluviométrica
• Grandezas características
• altura pluviométrica: quantidade de água precipitada por área horizontal, admitida a não ocorrência de evaporação, em mm.
• duração da precipitação: intervalo de tempo decorrido entre o início e o término de uma precipitação, em min ou h.
• intensidade: quantidade de água precipitada por unidade de tempo, em mm/h, mm/min, L/s.ha.
• freqüência: número de ocorrências de uma precipitação de determinada intensidade, em um intervalo de tempo pré-fixado.
• tempo de recorrência ou período de recorrência: intervalo de tempo em que uma determinada precipitação pode ser igualada ou ultrapassada pelo menos uma vez.
• Medições
As medições das quantidades de chuva são executadas em estações pluviométricas instaladas em locais cuidadosamente escolhidos, que sejam representativos de uma determinada área de abrangência. 
Os aparelhos medidores são denominados pluviômetros e pluviógrafos. Os primeiros medem a altura pluviométrica em intervalos de tempo pré estabelecidos e os segundos medem a distribuição das chuvas, ou seja, a altura pluviométrica e as durações simultaneamente.
• Análise dos dados
O tratamento dos dados pluviométricos coletados compreende:
tabulação,
correções devidas a erros sistemáticos,
análise e interpretação da homogeneidade dos dados
análise e interpretação da interdependência entre 
os dados fornecidos por estações vizinhas.
Os dados obtidos são apresentados em boletins periódicos pelo Ministério da Agricultura (INMET). 
A análise estatística dos dados, visando o estudo da distribuição das precipitações é feita em três etapas:
• Distribuição geográfica
distribuição das médias das precipitações anuais, mensais, sazonais e diárias, graficamente representadas por isoietas;
distribuição das alturas pluviométricas das chuvas de duração e freqüência previamente escolhidas, principalmente as precipitações extremas (mínimas e máximas), suas freqüências e períodos de recorrência.
• Seriação histórica e distribuição de freqüências
•	distribuição das alturas pluviométricas anuais, mensais, sazonais e diárias;
• 	distribuição da freqüência de dias chuvosos em cada ano, mês ou estação.
• Curvas de intensidade-duração-freqüência
estimativa de valor central;
grau de dispersão das precipitações superiores ou inferiores ao valor central e a probabilidade de sua ocorrência;
correlação entre a precipitação e as outras fases do ciclo hidrológico, principalmente o deflúvio.
1.3.6	Escoamento Superficial 
É o componente do ciclo hidrológico que estuda a circulação da água na superfície da terra. A partir das precipitações a água, sempre percorrendo as linhas de maior declive do terreno, forma enxurradas, córregos, ribeirões, rios e lagos, sucessivamente, terminando por desaguar no mar. Ao conjunto de cursos de água, dá-se o nome de rede de drenagem.
Componentes do Escoamento
As águas alcançam os leitos dos rios através de quatro vias:
• escoamento superficial
• escoamento sub superficial
• escoamento subterrâneo, e
• precipitação direta sobre o curso de água
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FIGURA 1.4
O escoamento superficial se inicia após um determinado tempo do início da precipitação, que é o tempo de saturação da vegetação, do solo e de depressões do terreno. A infiltração tende a tornar-se constante. 
A contribuição devida ao escoamento subterrâneo varia lentamente com o tempo e é a parcela responsável pela alimentação dos cursos d'água na estiagem. À medida que a precipitação continua, o escoamento superficial tende a se tornar praticamente constante.
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Fatores Intervenientes
- área da bacia hidrográfica
à medida que cresce a área de bacia, cresce a descarga anual de montante para jusante;
quanto menor a área da bacia, maiores são as variações das vazões instantâneas;
para pequenas bacias, as precipitações causadoras das maiores cheias têm grande intensidade e pequena duração.
- geomorfologia e outros componentes do ciclo hidrológico
quanto maior for a declividade do terreno e do curso d'água e mais retilíneo seu traçado, maiores serão as variações das vazões instantâneas e mais influenciadas pelas precipitações de alta intensidade;
o coeficiente de deflúvio será tanto maior quanto menor for a capacidade de infiltração e os volumes interceptados pela vegetação e depressões do terreno;
o coeficiente de deflúvio para longos intervalos de tempo depende principalmente das perdas por infiltração, evaporação e transpiração.
Hidrograma
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�
A
o intervalo de tempo to-ta corresponde ao tempo necessário à intercepção e ao enchimento das depressões do terreno;
a duração da precipitação é menor ou igual a to-tb;
o trecho BC denomina-se curva de depleção;
o trecho AEC representa a vazão de contribuição do lençol freático.
B
a situação inicial do nível freático é a 1. Iniciada a chuva, os níveis sobem ate a situação 2. O nível do rio sobe de I para F.
logo após a chuva, o rio alimenta o lençol freático.
1.3.7	Infiltração 
É o fenômeno de penetração no solo da água precipitada, a partir da superfície, sob a ação da gravidade, até uma região de saturação de água no solo.
O solo tem importância fundamental no processo hidrológico, tanto por sua natureza (argiloso, arenoso, etc) como por sua cor e composição, que influem nos níveis de absorção de calor e nas características da vegetação. 
Fundamentalmente, no entanto, a influência do solo no ciclo hidrológico é mais direta no escoamento superficial e na infiltração.
Toda a água infiltrada é considerada subterrânea. Uma parte dela suprirá as deficiências de água do solo, parte se infiltra até alcançar as zonas de saturação do solo (nível freático) e parte se infiltra através de falhas, fissuras ou zonas de alta permeabilidade, abastecendo os lençóis artesianos.
Grandezas características
Capacidade de Infiltração
É a quantidade máxima de água que um solo pode absorver por unidade de superfície horizontal e por unidade de tempo, e é expressa em mm/min, mm/h ou mm/dia. A capacidadede infiltração só é atingida quando a intensidade de precipitação excede a capacidade do solo em absorver água.
A capacidade de infiltração não é constante ao longo do tempo, decaindo à medida em que aumenta o tempo de exposição do solo à água.
Infiltração Total
É a quantidade total de água infiltrada por unidade de área, a partir do início de uma chuva, expressa em mm.
Porosidade
É a relação entre o volume de vazios e o volume total de solo.
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Velocidade de filtração
É a velocidade de escoamento da água através do solo saturado, correspondendo à quantidade de água que passa através da unidade de superfície de material filtrante, por unidade de tempo (m/s, m/dia, m3/m2.dia)
Coeficiente de permeabilidade
Velocidade de percolação da água em um solo saturado, quando se tem um escoamento com perda de carga unitária, a uma certa temperatura, e é expresso em m/dia, cm/s ou m3/m2.dia.
Fatores intervenientes na capacidade de infiltração
Tipo de solo
quanto maior a porosidade, o diâmetro das partículas e o estado de fissuração do solo, maior a capacidade de infiltração
	
Presença de substâncias coloidais
solos de granulometria fina contêm substâncias coloidais que, quando molhadas, reduzem a infiltração
Outros fatores
cobertura vegetal
presença de animais que escavam o terreno
presença de ar nas camadas inferiores do solo
temperatura da água (viscosidade)
Medidas da Infiltração
métodos diretos
infiltrômetro com aplicação de água por inundação
infiltrômetro com aplicação de água por aspersão
métodos indiretos
1.3.8	Escoamento Subterrâneo
São denominadas águas subterrâneas todas as águas existentes sob a superfície da terra. A falta de regularidade de seu afloramento, sua distribuição e deslocamento, envolvem problemas extremamente complexos de geologia, geofísica e hidráulica do escoamento em meios porosos.
O estudo das águas subterrâneas é denominado hidrogeologia que é o estudo da água subterrânea, sua composição química, escoamento e armazenamento e sua relação com o meio geológico.
As vantagens das águas subterrâneas são devidas às seguintes razões:
está livre de organismos patogênicos e não necessita de clarificação, para uso doméstico e industrial;
sua temperatura em cada poço é praticamente constante;
sua composição química é praticamente constante;
os volumes explotados são pouco afetados pelas estiagens; e
regiões carentes de água superficial podem conter grandes volumes de água subterrânea armazenados.
Como desvantagens, tem-se:
dependendo da litologia, onde o sub-solo tem baixa porosidade e permeabilidade, podem ocorrer grandes extensões sem ocorrência economicamente viável de águas subterrâneas;
para uma mesma região, a água subterrânea é quase sempre mais salina do que a superficial; e
o custo de grandes bombeamentos é maior que uma exploração equivalente de águas superficiais.
Distribuição
A água, ao se infiltrar no solo, está sujeira a três forças principais: atração molecular (ou adesão), tensão superficial (capilaridade) e atração gravitacional. Em função destas forças e da natureza do solo, a água pode ser armazenada em duas zonas: zona de aeração e zona de saturação.
Na Figura 1.6, de cima para baixo, tem-se:
água higroscópica
absorvida do ar, é fixada por adesão, não sendo utilizada pelas plantas;
água capilar
existe nos vazios entre grãos e é movimentada pela tensão superficial, sendo aproveitável pelas plantas
água gravitacional
percola sob a influência da gravidade
A zona de evapotranspiração limita a água do solo, que é a máxima profundidade da qual a água pode retornar à superfície por capilaridade ou pelas raízes das plantas.
Zona de evapotranspiração
Zona de aeração
-infiltração -
Zona de saturação
- percolação -
IGURA 1.6
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Dois conceitos importantes:
Ponto de Murchamento - 	Corresponde ao teor de umidade abaixo do qual a água não pode ser removida do solo por capilaridade, gravidade ou osmose.
Capacidade de Campo - 	É a umidade retida em um solo previamente saturado, após sua drenagem natural por gravidade.
Tipos de Aqüíferos
Os principais tipos de aqüíferos, em função das pressões existentes, são os seguintes:
Aqüíferos livres ou Freáticos
Têm a superfície de água livre à pressão atmosférica
Aqüíferos Confinados ou Artesianos
Não têm superfície livre, estando confinados entre camadas impermeáveis e são mantidos sob pressão.
Em função do sistema de circulação os aqüíferos podem ser de circulação aberta ou de circulação fechada.:
Em função dos tipos de rochas formadoras, eles podem ser (ver Figura 1.2): 
granulares
fraturados
cársticos
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2.	UTILIZAÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS
Os usos mais freqüentes das águas são os seguintes:
Usos Consuntivos (há perdas entre o que é derivado e o que retorna ao curso natural)
• abastecimento urbano
• abastecimento rural
• suprimento industrial
• irrigação
• aquicultura
Usos não Consuntivos 
• hidrogeração
• navegação fluvial
• diluição de efluentes líquidos
• recreação
• harmonia paisagística
• pesca
• preservação de ecossistemas
2.1	HIDROGERAÇÃO 
2.1.1	Energia Hidrelétrica
A energia elétrica pode ser produzida a partir da energia hidráulica e da energia térmica. A quase totalidade das usinas térmicas utiliza turbinas a vapor e combustível fóssil ou nuclear. As usinas hidrelétricas são acionadas por turbinas hidráulicas.
No Brasil, a energia hidrelétrica predomina em relação à energia termelétrica. O custo de implantação de uma usina hidrelétrica é quase sempre mais elevado que o custo de uma termelétrica equivalente. 
Uma hidrelétrica inclui, além do custo da barragem, o de desapropriação de áreas alagadas e benfeitorias, reassentamento de populações, relocação de sistemas viários, etc. Além disto, as hidrelétricas, na maioria das vezes, estão distantes dos centros consumidores e em locais de difícil acesso, onerando os custos de implantação, tanto pelo transporte de materiais e equipamentos, como pelos custos de extensas linhas de transmissão.
As termelétricas, por sua vez, podem ser construídas próximas dos centros de demanda, eliminando os inconvenientes de custos citados. Deve ser analisada a disponibilidade de combustível e de água. Normalmente, as termelétricas estão localizadas no litoral ou próximas a rios e lagos, devido a esses fatores.
Apesar do custo inicial mais elevado, ao serem computados os juros, taxas de seguro, custos de operação e manutenção, custos de controle da poluição hídrica e atmosférica, dentre outros, as hidrelétricas se mostram muito mais vantajosas.
As vantagens das hidrelétricas se acentuam quando o reservatório de uma usina se destina a usos múltiplos, como navegação, controle de cheias, abastecimento urbano e industrial, irrigação, lazer, etc. Neste caso, um adequado sistema de rateio de custos propicia ganhos para todas as partes interessadas.
O sistema energético brasileiro se caracteriza por dispor de um conjunto de usinas geradoras hidráulicas e térmicas interligadas, de forma a suprir as demandas de pico do sistema. Estes picos normalmente ocorrem nos fins de tarde, no inverno, quando são intensas, ao mesmo tempo, as cargas demandadas pela indústria, comércio, iluminação viária e residências. Em zonas com extensas áreas irrigadas, este pico ocorre em torno do meio dia, nos períodos secos. Em zonas quentes e densamente povoadas, os picos de demanda ocorrem no verão, à tarde, quando o calor é mais intenso.
A demanda de pico determina a potência a ser gerada. A demanda média de energia para o período de maior carga (semana ou mês), determina a quantidade de energia a ser armazenada em forma de combustível ou água.
A relação entre a demanda média e a demandamáxima, para um determinado período é denominado fator de carga do sistema. Zonas altamente industrializadas têm um fator de carga elevado, podendo alcançar 80%, enquanto que, nas áreas residenciais, o fator de carga pode chegar a 30%.
Quanto maior for o fator de carga, maior a economicidade do sistema pois, nestas condições, o sistema trabalhará próximo à potência instalada é, quase sempre, próximo ao seu rendimento máximo.
Os sistemas mistos geralmente operam nos períodos de estiagem com as termelétricas próximas à potência máxima e as hidrelétricas atendendo aos picos de demanda. No período chuvoso, a operação das usinas é inversa.
As usinas que trabalham próximas a sua potência máxima são denominadas usinas de base e as que atendem aos picos de demanda são as usinas de ponta.
2.1.2	Terminologia
-	altura bruta
diferença de cotas entre a superfície da tomada de água e a superfície da água no canal de fuga, onde as águas são devolvidas ao rio
-	altura (ou carga) útil
é a altura disponível para produção de energia, deduzidas as perdas por atrito, da entrada, energia cinética não recuperada, etc
-	rendimento hidráulico
relação entre a altura útil e a altura bruta
-	rendimento total
produto do rendimento hidráulico com o rendimento das turbinas e dos geradores (60 a 70%, em condições ótimas)
-	potência instalada
potência máxima produzida, com carga normal e vazão máxima
-	potência firme
potência que uma usina pode fornecer durante 100% do tempo
-	potência secundária (ou extra)
toda potência disponível além da firme
Obs: 	Unidade de potência = 1 kilowatt = 1,38 HP = 1 kw
Unidade de energia elétrica = kilowatt hora = 1 kw/1h
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2.1.3	Tipos de Usinas Hidrelétricas
Em função do tipo de sistema de suprimento de água, podem ser classificadas em:
- a fio d'água 
Dispõem de pequena capacidade de armazenamento e só são viáveis em rios com vazão permanente ou em bacias com usinas de acumulação a montante.
- de acumulação,
O reservatório acumula a água na época das cheias para utilização na estiagem. A vazão firme é substancialmente maior que as vazões mínimas naturais.
- com armazenamento por bombeamento, 
Geram energia nas horas de pico e bombeiam a água já utilizada para geração e acumulada no canal de fuga, para posterior reutilização.
- com reversão
Uma mesma unidade serve como gerador e como motor, pela inversão dos pólos.
2.2	SISTEMAS HIDROVIÁRIOS
2.2.1	Antecedentes
As vias fluviais sempre foram importantes linhas de tráfego comercial em todo o mundo. Historicamente, as regiões agrestes foram percorridas e desbravadas através de hidrovias. Foi assim no Rio Mississipi, nos Estados Unidos; no Rio São Francisco e Amazonas, no Brasil; etc.
No processo de desenvolvimento destas zonas, a única possibilidade de transporte de cargas pesadas era o transporte fluvial. Esta situação ainda prevalece no Brasil, em regiões como a amazônica.
Os cursos d'água naturais dificilmente oferecem boas condições de tráfego, devido às corredeiras, bancos de areia, rochas, troncos caídos, etc. Em vista disto, obras de desassoreamento, retificação de canais, e outras melhorias das condições de tráfego sempre se fizeram necessárias. Já em 1850, haviam sido implantados mais de 7.000km de hidrovias nos Estados Unidos, a um custo estimado de 300 milhões de dólares.
A grande vantagem dos transportes hidroviários são os seus baixos custos. As maiores desvantagens residem nas baixas velocidades de transporte e no fato de que extensas regiões não dispõem de rios capazes de apresentar interesse comercial como via de transporte.
2.2.2	Condicionantes para as Hidrovias
O transporte fluvial é uma atividade não consuntiva da água, ou seja, não há consumo de água na atividade. Isto significa que, se um determinado curso d'água apresenta condições que permitam a navegação, não haverá demanda de água no sistema. Não há critérios absolutos para a navegabilidade. Os fatores físicos que influem no custo do transporte são:
profundidade, 
largura e sinuosidade da via, 
tempo de eclusagem, 
velocidade da corrente, e 
facilidades portuárias.
O transporte hidroviário, em geral, é feito através de comboios de 1 a 10 chatas, ou às vezes mais, impulsionadas por um empurrador/puxador de pequeno calado. 
O custo de uma viagem entre dois portos é a soma dos custos de combustível, salários, e outros custos operacionais proporcionais ao tempo de tráfego. O custo por tonelada-quilômetro será o custo total dividido pelo produto da distância x massa transportada.
Um baixo custo de transporte será obtido, portanto, quando a velocidade de transporte for elevada e quanto maior for o volume transportado por comboio. O número de chatas em um comboio e o tempo de tráfego dependem da sinuosidade, da largura e da velocidade da corrente.
Finalmente, deve ser lembrado que é imprescindível a existência de portos bem equipados para carga, descarga e estocagem das mercadorias transportadas, pois o tempo em que um comboio permanece no porto representa despesas operacionais que não cessam.
2.2.3	Métodos para Aumentar a Navegabilidade
Os três métodos básicos para aproveitar um rio como hidrovia são: canal de navegação no rio, barragens e eclusas, e canal artificial.
No caso de canal de navegação no rio, são melhoradas as condições naturais do rio, de maneira a permitir a navegabilidade (ex: Rio São Francisco, de Pirapora a Januária). 
As barragens e eclusas são implantadas de forma a criar um lago artificial, de águas tranqüilas, facilitando o tráfego, com eclusas para transpor as barragens e permitir a continuidade do tráfego a jusante (ex: Rio São Francisco, em Sobradinho).
Os canais artificiais criam novas linhas de tráfego, contornando obstáculos ou interligando vias de navegação já existentes (ex: Canal de Suez).
As características principais de um curso de água que possibilitam a implantação de uma hidrovia são:
vazão suficiente para permitir a navegabilidade o ano todo ou grande parte dele;
seção transversal com largura suficiente para tráfego dos comboios de chatas;
traçado sem curvas excessivamente fechadas;
curso de água sem declividades excessivas;
material de fundo e dos taludes laterais compatíveis com os serviços e obras necessários à implantação do canal de navegação.
2.3.4	Considerações Sobre os Sistemas Hidroviários
A implantação de uma hidrovia através de barragens e eclusas, ou através da abertura de novo canal de navegação, são de difícil viabilidade financeira. Tais obras só se justificam caso os volumes de mercadorias a serem transportadas sejam muito grandes, dado o elevado custo de implantação destas obras. 
Por este motivo, o mais freqüente é o aproveitamento de um reservatório para uso múltiplo, tal como geração de energia, irrigação, abastecimento urbano e navegação fluvial.
Outro fator que deve ser destacado é o custo de manutenção da hidrovia, após sua implantação. São necessários desassoreamentos freqüentes, para eliminação dos bancos de areia formados na calha do rio, manutenção de sinalização, etc. Este custo é pequeno, quando comparado aos custos de manutenção de rodovias e ferrovias.
No caso de hidrovias implantadas em lagos, os cuidados a serem tomados estão direcionados muito mais à manutenção dos volumes do reservatório, através do controle do aporte de sedimentos ao mesmo. 
2.3	ABASTECIMENTO URBANO E SUPRIMENTO INDUSTRIAL
A água é um elemento indispensável para a manutenção da vida animal e vegetal. É ainda um fator indispensável para a proteção da saúde e desenvolvimento econômico e social. Assim, a importância do abastecimento de água pode ser enfocada sob dois aspectos: sanitários e econômicos.
Do ponto de vista sanitário, a implantação de um sistema de abastecimento de água potável na quantidade requerida por uma população, resulta em uma sensível melhoriadas condições de saúde e na qualidade de vida, através do controle e prevenção de doenças, promoção de hábitos higiênicos, desenvolvimento de esportes aquáticos, melhoria da limpeza pública, instalações de combate a incêndios, de ar condicionado, etc.
A água é fator disseminador de doenças, quando consumida sem o adequado tratamento. Ela é veículo na transmissão das chamadas doenças de transmissão hídrica, conduzindo microrganismos patogênicos e das doenças de origem hídrica, conduzindo contaminantes e substâncias tóxicas. 
Por outro lado, a água atua como parte do ciclo de transmissão, nas verminoses e doenças transmitidas por insetos.
A solução dos problemas descritos passa por dois grandes grupos de ações. No primeiro, um adequado sistema de abastecimento (da captação ao reservatório domiciliar). No segundo, um amplo leque de medidas de saneamento do meio.
Do ponto de vista econômico, a implantação de adequados sistemas de suprimento de água potável resulta no aumento da vida média da população beneficiada, diminuindo os índices de mortalidade em geral, principalmente a infantil. 
Os efeitos econômicos do abastecimento podem ser mais diretamente sentidos no desenvolvimento industrial, na medida em que a água se constitui em matéria prima para vários tipos de indústrias, como as de bebida, ou importante meio de operação, como água para caldeiras, refrigeração industrial, etc.
2.3.1	Usos da Água
O primeiro passo para o projeto de um sistema de abastecimento de água potável é a quantificação de demanda. Os principais usos da água de abastecimento são:
• doméstico,
• público,
• comercial,
• industrial,
• prevenção de incêndios, e
• perdas e fugas.
O consumo de água varia ao longo do ano, de um dia para outro e até de hora em hora.
Uso Doméstico
Compreende as parcelas destinadas a:
• fins higiênicos
• bebida
• alimentação
• lavagem em geral
• rega de jardins e quintais
• lavagem de automóveis.
Podem ser adotados os seguintes valores médios:
• bebida e cozinha	- 10 a 20 L/hab.dia
• lavagem de roupa	- 10 a 20
• banhos e lavagem de mãos	- 25 a 55
• instalações sanitárias	- 15 a 25
• usos diversos	- 15 a 30
total	 -100 a 200 L/hab.dia
Estas vazões variam com o nível de vida. Para padrões mais elevados, devem ser consideradas vazões para lavagem de carros (100 a 200 litros por carro por vez) e irrigação de jardins e gramados particulares (1 a 3 litros/m2).
Uso Comercial e Industrial
Os principais consumidores comerciais são:
• lojas e armazéns
• restaurantes
• bares
• hotéis e pensões
• postos de gasolina 
• garagens
Os consumos industriais são variáveis em função do tipo de indústria, e abrangem os seguintes itens:
• uso sanitário
• uso como matéria prima
• operações industriais
• resfriamento
O QUADRO 2.1 dá alguns exemplos de consumos médios para estabelecimentos comerciais e industriais.
QUADRO 2.1
CONSUMOS DE ÁGUA EM ALGUNS TIPOS DE
ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS E INDUSTRIAIS
NATUREZA	CONSUMO
Escritórios comerciais	50 L/pessoa.dia
Restaurantes	25 L/refeição
Hotéis e pensões (s/coz e lav)	120 L/hospede.dia
Lavanderias	30 L/kg de roupa
Hospitais	250 L/leito.dia
Garagens	50 L/carro.dia
Postos de serviço para veículos	150 L/carro.dia
Indústrias (uso sanitário)	70 L/operário.dia
Matadouros (animais de gde porte)	300 L/cabeça
Matadouros (animais de peq porte)	150 L/cabeça
Laticínios	1 a 5 L/kg produto
Curtumes	50 a 60 L/kg de couro
Fábrica de papel	100 a 400 L/kg de papel
Tecelagem (sem alvejamento)	10 a 20 L/kg de tecido
Uso Público
Os principais usos públicos da água são os seguintes:
lavagem de ruas
irrigação de parques e jardins
fontes e bebedouros
piscinas públicas
edifícios públicos
sanitários públicos
combate a incêndio
perdas e fugas
A parcela referente às perdas e fugas devem ser reduzidas ao mínimo possível. Os valores usualmente observados variam de 10 a 20% do total de água produzido.
As porcentagens de cada um dos usos descritos acima são, naturalmente, variáveis de cidade para cidade. Como valores médios, esses percentuais são os seguintes:
uso doméstico 			- 42,5%
usos comercial e industrial		- 25,0%
uso público				- 12,5%
perdas e fugas			- 20,0%
2.3.2	Consumo de Água
Fatores que Afetam o Consumo
clima - quanto mais quente, maior o consumo; quanto mais seco, maior o consumo
hábitos e nível de vida - quanto mais elevado for o estágio social e econômico, maior o consumo
natureza da cidade - uma cidade industrial apresenta alto consumo per-capita; nas vilas operárias, o consumo é baixo
crescimento da cidade - o consumo per-capita aumenta à medida que aumenta a população
pressão na rede - se for muito elevada, aumentam as perdas e fugas
tarifas e medições - quando a água é hidrometrada e cobrada em função do consumo, diminui o consumo per-capita médio.
Oscilações de Demanda
consumo per-capita: 100 a 400 litros/hab.dia
coeficiente do dia de maior consumo = k1
k1 = maior consumo diário do ano 
 consumo médio diário no ano
(k1 varia de 1,2 a 2,0)
coeficiente da hora de maior consumo = k2
k2 = maior vazão horária do dia 
 vazão média horária no dia
(k2 varia de 1,5 a 3,0)
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coeficiente da hora de menor consumo = k3
k3 = menor vazão horária do dia 
 vazão média horária no dia
(k3 varia de 0,5 a 0,7)
Período do Projeto
O tempo de vida útil de um sistema varia de 20 a 50 anos. No Brasil, os períodos adotados são de 25 a 30 anos. Para pequenas instalações, é usual adotar 20 anos.
Crescimento Demográfico
Fixado o tempo de projeto, deve ser feita a projeção de crescimento da população. Podem ser consultadas as estatísticas oficiais (ex IBGE) ou as projeções feitas pelas companhias de saneamento (ex COPASA MG). Os processos usuais para os estudos de crescimento demográfico são estatísticos: aritmético, geométrico, da curva logística, extrapolação gráfica, etc.
População Flutuante
Em estâncias, balneários, etc, a população flutuante deve ser pesquisada com muito apuro pois, muitas vezes, pode ser várias vezes superior à população residente. Tais flutuações devem ser consideradas no dimensionamento do sistema.
Densidades Demográficas 
Para o dimensionamento das redes de distribuição de água, é imprescindível conhecer a densidade de ocupação do solo nas áreas a serem abastecidas. Na falta de indicadores mais precisos, podem ser adotados os valores constantes no QUADRO 2.2.
QUADRO 2.2
DENSIDADES DEMOGRÁFICAS OBSERVADAS EM ZONAS URBANAS
________________________________________________________________
TIPO DE OCUPAÇAO					DENS. DEMOGRÁFICA
(hab/ha)
________________________________________________________________
Áreas periféricas, casas isoladas e lotes grandes 		 25 - 50
Casas isoladas, lotes médios e pequenos			 50 - 75
Casas geminadas, predominando 1 pavimento			 75 - 100
Casas geminadas, predominando 2 pavimentos		100 - 150
Prédios de apartamentos pequenos				150 - 250
Prédios de apartamentos altos					250 - 750
Áreas comerciais 							 50 - 100
Áreas industriais							 25 - 50
Densidade global média 						 50 - 150
2.3.3	Captação da Água
Captação é o conjunto de estruturas e dispositivos construídos e montados junto a um manancial, para a tomada de água para um sistema de abastecimento. Os mananciais podem ser superficiais, compreendendo rios, córregos, lagos e reservatórios de acumulação, ou subterrâneos, compreendendo os aqüíferos freáticos e artesianos.
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As captações devem ser projetadas e construídas de forma a assegurar a vazão de projeto e a melhor qualidade possível para a água, durante todo o ano. Deve ainda propiciar fácil operação e manutenção durante todo o tempo de vida útil do projeto.
Apesarde, em pequenas comunidades, ser bastante usual a utilização de águas subterrâneas para o abastecimento urbano, a captação de águas de rios e lagos ainda é a forma mais usual de suprimento de água. 
Na maioria dos casos, as captações em rios e lagos implicam na construção de obras relativamente simples. Quase sempre há necessidade de implantação de estações de bombeamento e as estruturas das casas de bombas são construídas em uma só etapa, tendo em vista as naturais dificuldades construtivas de obras dentro da água, ainda que isto acarrete maior custo inicial.
Exame Prévio das Condições Locais
Qualquer projeto de captação deve ser precedido de criteriosa inspeção nos possíveis locais de implantação das obras. É fundamental o conhecimento das oscilações dos níveis da água ao longo do ano. Nas inspeções prévias, são muito importantes entrevistas com moradores mais antigos da região.
Na ausência de dados hidrológicos, deve ser programada uma campanha de medições diretas e posterior correlação com dados de bacias vizinhas, de sorte a se ter, com alguma segurança, dados sobre a disponibilidade hídrica no ponto considerado.
Na inspeção local deve ser observada a existência de focos de poluição e se a geologia ou natureza do solo da região favorece a ocorrência de areia. Devem ainda ser coletadas amostras de água para análise físico-química e bacteriológica.
A escolha preliminar do possível manancial e do tipo mais adequado de tomada d'água usualmente é resultado da análise integrada dessas informações.
Com base nos levantamentos topográficos das áreas possíveis, batimetria do curso de água e de sondagens geológicas, é feita a escolha definitiva do manancial.
Critérios para a Localização das Tomadas de água
As obras de captação deverão preferencialmente ser implantadas em trechos retilíneos do rio. Quando isto não for possível, deverão ser implantadas nas partes externas das curvas, onde a velocidade de escoamento é maior, evitando a formação de bancos de areia. Além disto, nas partes côncavas, as profundidades são sempre maiores, oferecendo melhores condições de submersão para a sucção das bombas.
Para o estabelecimento de cotas altimétricas das diversas partes constitutivas das obras de captação, devem ser observadas as seguintes condições:
garantia de entrada permanente de água, mesmo nas estiagens mais severas;
os conjuntos moto-bomba deverão estar sempre acima do NA máximo previsto;
a distância entre as bombas e o NA mínimo não deve ultrapassar a capacidade de sucção das bombas (6,0 a 7,0m, para bombas de eixo horizontal)
�
Devem ainda ser observados
necessidade de acesso às instalações em quaisquer circunstâncias;
localização e traçado das redes e instalações de suprimento de energia elétrica.
Partes Constitutivas
Barragens, Vertedores e Enrocamentos
São obras executadas em rios e córregos de pequena profundidade, ao longo de toda a seção transversal do curso d'água, com a finalidade de elevar o nível de montante, assegurando a submersão permanente das tubulações de sucção.
São sistemas simples, de alvenaria, enrocamento, concreto simples ou ciclópico. Não devem ser confundidos com as barragens de acumulação. Normalmente ocorre alguma redução de turbidez, tendo em vista que o represamento reduz a velocidade de escoamento, criando condições para a decantação das partículas de maior diâmetro.
Tomada de água com Dispositivos Retentores de Materiais Flutuantes e Decantáveis
Os sólidos decantáveis são retirados por meio de caixas de areia e desarenadores. A entrada de materiais flutuantes é impedida pela construção de flutuadores, gradeamento, crivos e telas.
Dispositivos de Controle da Entrada de água
Destinam-se a regular ou vedar a entrada de água para o sistema. São utilizadas, para tal fim, as comportas, válvulas ou registros e adufas.
Poços de Tomada
Destinam-se a receber as tubulações de sucção das bombas.
Considerações Gerais
As obras de captação visam, em última análise, garantir o suprimento de água bruta na quantidade requerida pelo sistema e na melhor qualidade que for possível.
Quando não existirem cursos d'água com vazão suficiente para o atendimento da demanda requerida, deverão ser implantadas obras de regularização de vazão (reservatórios de acumulação), que garantirão as vazões de projeto nos períodos de estiagem.
Uma adequada localização das instalações de captação, somada a dispositivos como caixas de areia, gradeamentos, etc, propiciam melhorias na qualidade da água captada e conseqüente economia de produtos químicos para o tratamento da água.
Os reservatórios de acumulação normalmente propiciam uma eficiente decantação de sólidos, sendo captada água de baixa turbidez. Devem, no entanto, ser tomados cuidados especiais quando do enchimento do reservatório, tais como desmatamento e destocagem de área inundada, proteção da bacia de contribuição, dentre outros.
Para pequenos sistemas e onde a variação dos níveis máximo e mínimo é muito elevada, os sistemas moto-bomba podem ser instalados sobre um sistema flutuante, sendo mantida constante a altura de sucção. O grande inconveniente deste processo é a necessidade de alongar a tubulação de recalque ou permitir sua flexibilidade, reduzindo a segurança de operação.
2.4	IRRIGAÇÅO 
A implantação de um projeto de irrigação em uma determinada área deve levar em conta a viabilidade técnica e econômica do empreendimento e os benefícios sociais advindos.
Na escolha do método de irrigação a ser empregado devem ser considerados: o grau de uniformidade da superfície do solo, o tipo de solo, a quantidade de água disponível, o clima e o tipo de cultura. Os métodos de irrigação usualmente empregados são os seguintes:
POR SUPERFÍCIE
• sulco
• faixa
• inundação
POR ASPERSÃO
• portátil
. canhão hidráulico
. tubos perfurados
• semi-portátil
. mangueira
• sobre rodas
. com deslocamento longitudinal
. com deslocamento lateral
• pivô central
• autopropelido, com canhão hidráulico
• fixo
. portátil
. permanente
POR GOTEJAMENTO
2.4.1	Conceituação e Definições
Infiltração é o processo através do qual a água penetra no solo. A Velocidade de Infiltração (VI) determina o tempo que a água deve ser mantida no solo ou a duração da aspersão. É um dado básico no dimensionamento de qualquer projeto de irrigação.
A VI varia com a textura e estrutura dos solos e diminui com o aumento do tempo de aplicação de água, tendendo a um valor praticamente constante, denominado Velocidade de Infiltração Básica (VIB). A VI e a VIB são expressas em altura de lâmina de água ou volume por unidade de tempo (cm/h ou l/s).
A VIB pode ser classificada conforme mostrado a seguir:
	BAIXA
	MÉDIA
	ALTA
	MUITO ALTA
	 < 0,5 cm/h > < 1,5 cm/h > < 3,0cm/h > 
A Umidade do Solo é outro fator extremamente importante para os estudos de movimentação e disponibilidade de água no solo, erosão, período e quantidade de água aplicada. A umidade do solo é expressa em % de umidade em peso ou em volume. 
A Água Disponível no Solo representa a quantidade de água que o solo pode reter entre a Capacidade de Campo (Cc) e o Ponto de Murchamento (Pm).
A Água Necessária representa a quantidade de água requerida por uma cultura em um período de tempo pré fixado, de forma que a planta tenha um crescimento normal. A água necessária é igual à soma da água evaporada com a água evapotranspirada, com a água percolada para sob a zona radicular.
2.4.2	Irrigação por Superfície
É o método de irrigação no qual a água é conduzida aos pontos de infiltração diretamente sobre a superfície do solo. Este sistema exige a sistematização do terreno, dada a necessidade de obtenção de declividades constantes.
Este sistema pode ser aplicado a todas as culturas e aos diferentes tipos de solo, comexceção dos arenosos, onde as perdas por percolação são muito elevadas.
Irrigação por Sulco
Consiste na condução da água às áreas de cultivo através de pequenos canais paralelos. É o método mais utilizado nas culturas cultivadas em fileiras, tais como olerícolas, milho, algodão, uva, dentre outras.
Neste sistema, as perdas por evaporação são menores que em outros métodos de superfície. É o método que exige maior concentração e experiência da mão de obra. Por não exigir tubulações e pressão de serviço, é um dos métodos com menor custo de implantação e operação.
Há tendência de acumulação de sais solúveis nos pontos mais elevados do solo, inibindo a germinação de sementes e o crescimento de plantas sensíveis à salinidade.
Quanto à infiltração da água no solo, o perfil molhado tem uma forma ovalada, tanto mais vertical quanto mais arenosos for o terreno.
O espaçamento e declividade dos sulcos dependem da cultura a ser irrigada e do perfil de umedecimento do solo. Normalmente, a declividade é menor que 2%. Nas regiões de chuvas intensas, ela não deve ser maior que 0,5%.
Inicialmente, a vazão aplicada deve ser a maior que o sulco pode conduzir, sem transbordar ou erodir o sulco. Quando a frente de água atingir o final do sulco, reduz-se a vazão.
Deve sempre ser perseguida a máxima eficiência do sistema. O uso de vazões insuficientes acarreta distribuição irregular da água, com reflexos na produtividade. O excesso de água provoca perdas significativas de água e perdas de nutrientes por lixiviação. Provoca ainda a contaminação da água pelos nutrientes lixiviados e o afloramento da água na própria área de irrigação ou nas áreas situadas a nível mais baixo.
Irrigação por Faixa
Neste método, a água é aplicada em faixas de terreno, compreendidas entre diques paralelos. As faixas são niveladas no sentido transversal e possuem uma pequena declividade longitudinal.
A declividade longitudinal varia de 0,2 a 6%. A largura das faixas varia de 4 a 20m. O comprimento deve ser o maior possível, variando normalmente de 50 a 400m.
A irrigação por faixa é muito empregada em culturas que cobrem toda a superfície do solo, com pastagens, alfafa, capineira, etc. Exige sistematização do terreno e consome grandes volumes de água. Adapta-se melhor em terrenos de baixa e média permeabilidade, por reduzir as perdas por infiltração.
Os danos ambientais provocados por projeto e operação inadequados são semelhantes aos descritos para a irrigação por sulco.
Irrigação por Inundação
A aplicação da água é feita em áreas planas, de tamanhos variados, delimitadas por diques ou taipas, denominadas tabuleiros. Pode ser utilizada tanto a irrigação contínua como intermitente. É o método utilizado mundialmente para a cultura do arroz. Suas principais vantagens são o pequeno emprego de mão de obra, pequena perda por escoamento, fácil manejo, boa eficiência em solos de baixa permeabilidade, dificultar o desenvolvimento de ervas daninhas e propiciar o aproveitamento máximo das águas de chuva.
A área dos tabuleiros pode chegar a 5ha, dependendo da vazão disponível e da permeabilidade do solo.
Em termos ambientais, este método propicia a contaminação do lençol freático e o desenvolvimento de vetores, tais como mosquitos e dos caramujos transmissores da esquistossomose.
2.4.3	Irrigação por Aspersão
É o método em que a água é aspergida sobre o terreno de forma semelhante à chuva, através da aplicação por bocais ou orifícios. A pressão é obtida através de boto-bombas ou pressões naturais elevadas.
Este método é utilizado principalmente em solos de textura mais grossa, com alta permeabilidade, ou onde a topografia é irregular e não permite a sistematização do solo.
Em sistemas bem projetados e operados, as perdas por infiltração e escorrimento são muito pequenas. A eficiência do sistema está relacionada com a uniformidade de aplicação da água e com as perdas por evaporação e arraste pelo vento. Os componentes do sistema são as motobombas, as tubulações e os aspersores. Os principais tipos de sistemas são descritos a seguir.
Aspersão Portátil
São constituídos de tubulações portáteis tanto na linha principal com nas laterais. São utilizadas tubulações leves e de acoplamento rápido. É o sistema que exige menor investimento inicial e maior emprego de mão de obra.
Aspersão Semi Portátil
As linhas laterais são móveis e a linha principal é fixa. Neste caso, a linha principal pode ser construída com tubos mais pesados, enterrados ou assentados sobre o terreno.
Aspersão por Canhão Hidráulico Portátil	
São sistemas portáteis nos quais é instalado apenas um canhão hidráulico ou aspersor gigante. A posição do canhão é mudada quando termina a irrigação numa posição. Este sistema é muito utilizado em pastagens ou cana de açúcar.
Aspersão por Mangueira
Sistema semi-portátil em que as linhas principais e secundárias são fixas e as laterais são móveis e construídas em PVC flexível de 3/8" ou 1/2", nas quais são instalados até três aspersores. É um sistema bastante empregado em pomares, jardins e estufas. Exige baixa pressão de operação.
Aspersão por Tubos Perfurados Portáteis
A aspersão é feita por linhas laterais perfuradas, utilizando tubulações leves e de acoplamento rápido. O sistema opera com baixas pressões. É bastante utilizado em horticultura e fruticultura.
Aspersão Sobre Rodas, com Deslocamento Longitudinal
É construído com tubulações leves próprias para tração, de acoplamento rápido, em cuja extremidade são instalados um ou vários aspersores montados sobre rodas. O conjunto é tracionado mecanicamente no sentido longitudinal da área a ser irrigada.
Aspersão Sobre Rodas com Deslocamento Transversal
Neste sistema, as laterais são montadas sobre rodas de diâmetro entre 1,20 e 2,40m. O deslocamento lateral é feito através de um mecanismo de engrenagens e correntes, acionados por motor instalado no meio da linha lateral.
Pivô Central
É um sistema quase sempre propulsado a energia elétrica, de movimentação circular, constituído de uma linha central em tubos de aço instalados sobre torres com rodas, nas quais operam os dispositivos de propulsão.
Seu raio de ação varia de 200 a 800m. O conjunto gira em torno de um eixo central ou pivô, que ancora o sistema e por onde é feita a tomada de água. O sistema permite a ajustagem da velocidade de rotação e o alinhamento das tubulações.
As principais vantagens do sistema são: pouca mão de obra e boa uniformidade de aplicação. Como desvantagens: alto custo de implantação, perda de cerca de 20% da área irrigável e alta intensidade de aplicação na extremidade do pivô, provocando perdas por escoamento superficial.
Sistema Autopropelido, com Canhão Hidráulico
Um canhão hidráulico é instalado sobre uma carreta de quatro rodas, que se desloca sobre o terreno, propulsado por um motor. O sistema cobre faixas de 70 a 130m de largura e 400m de comprimento. O motor da carreta aciona um carretel, que enrolará um cabo de aço de 400m de comprimento. 
Este sistema é indicado para pomares, cereais, cana de açúcar e pastagens e é economicamente viável para médias e grandes áreas.
2.4.4	Irrigação por Gotejamento
São aqueles nos quais a água é aplicada na região radicular das plantas, em pequenas intensidades e longos períodos. A intensidade de aplicação varia de 1 a 10 l/h em turnos de 1 a 4 dias.
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É um sistema fixo, construído em tubos flexíveis de polietileno, e a aplicação da água é feita através de orifícios feitos no próprio tubo ou através de gotejadores. As pressões de serviço oscilam entre 5 e 30 mca. Por ser fixo, seu custo de implantação é elevado e só é usado para culturas de alto retorno.
As principais vantagens desse sistema são: maior eficiência no uso da água; maior eficiência da adubação; facilita a capina, colheita e aplicação de defensivos; provoca pequeno impacto ambiental; e se aplicam aqualquer tipo de topografia.
As limitações do sistema, além dos custos de implantação, são: exigência de água limpa; e concentração de raízes na zona de gotejamento.
2.5	CONTROLE DE CHEIAS E MACRODRENAGEM
2.5.1	Conceituação
Inundação é um fenômeno natural, que ocorre sempre que a vazão a ser escoada é superior à capacidade de descarga da calha do curso de água.
Este fenômeno torna-se importante quando as áreas marginais são ou precisam ser ocupadas. As perdas e inconvenientes que se verificam nesses casos justifica a adoção de medidas para o controle desses eventos.
O nível de controle depende da gravidade dos prejuízos provocados pela inundação, que por sua vez depende das características hidrológicas da região afetada e pelo tipo de ocupação da zona atingida.
A planície de inundação de um rio é formada por sedimentação e remoção de sedimentos, acompanhando as inundações periódicas, em relação ao seu leito menor. A maioria dos cursos de água ocupam pelo menos uma parte de suas planícies a cada 2 ou 3 anos. 
2.5.2	Fatores Intervenientes
Diversos fatores influem no escoamento superficial, afetando o comportamento da vazão de um rio. Estes fatores podem ser assim agrupados: os que dependem das condições climáticas locais e os ligados às características fisiográficas da bacia.
No primeiro grupo podem ser destacados a intensidade e duração das precipitações, sobre as quais o homem não possui poder de atuação. No segundo grupo devem ser analisadas as características geométricas da bacia (área, forma, declividades, densidade de drenagem), que determinam a maior ou menor rapidez e intensidade com que são sentidos os efeitos de uma precipitação; e as características físicas da bacia (uso e cobertura do solo, tipos de solo, relevo, existência de obras hidráulicas na bacia). Ambos afetam a capacidade de infiltração do solo e o tempo de concentração da bacia.
Dos fatores relacionados, apenas os fenômenos meteorológicos não são controláveis pelo homem. As atividades humanas produzem alterações na morfologia das bacias, provocando seu assoreamento e reduzindo os índices de infiltração das águas das chuvas no solo. Por outro lado, a implantação de obras hidráulicas na bacia também propiciam alterações no regime de escoamento.
Pode ser observada uma sensível alteração nos picos de cheias, à medida em que é retirada a cobertura vegetal de uma bacia. O assoreamento das calhas principais provoca uma redução da seção de escoamento, fazendo com que cada vez mais freqüentemente os rios extravasem e inundem as áreas marginais.
2.5.3	Danos Provocados pelas Inundações
Os efeitos de uma inundação podem ser resumidos em perdas de ordem econômica e social, devendo ser destacados os seguintes:
perdas de vidas humanas e ferimento em pessoas;
destruição de moradias e desabrigo de populações;
deterioração do estado de saúde das populações atingidas;
perdas de bens materiais na indústria, comércio, agricultura e pecuária;
paralisação de atividades econômicas e de serviços públicos como abastecimento de água, energia elétrica, sistemas de comunicação, vias de transporte, dentre outras; e
subutilização de extensas áreas, devido à incerteza de ocorrência de inundações.
2.5.4	Controle das Inundações
Uma cheia é o resultado do escoamento direto de água na superfície em quantidades tão grandes que não podem ser contidas na calha de escoamento do curso de água.
Sendo um evento de natureza probabilística, seu controle não pretende eliminar todos os danos, mas apenas evitar aqueles associados a certa probabilidade de ocorrência. Por exemplo, se um canal for dimensionado para escoar uma determinada vazão, esta medida de controle evitará os danos provocados por vazões menores ou iguais, e apenas reduzirá os danos causados por chuvas maiores que as de projeto.
A relação entre o risco admissível, a vida útil do sistema e o tempo de retorno da enchente é dada por
r = 1 - ( 1 - 1/T)n
Onde:
r = risco admissível
T = tempo de retorno da enchente de projeto
n = vida útil do sistema
O controle das inundações pode ser obtido por um conjunto de medidas permitam à população ribeirinha a minimização de suas perdas e a convivência harmônica com o rio. As medidas incluem ações preventivas de engenharia e de cunho social, econômico e administrativo. A pesquisa para a combinação ótima dessas ações constituem o planejamento da proteção contra inundação ou seus efeitos.
As medidas para controle das inundações podem ser do tipo estrutural e do tipo não estrutural.
As medidas estruturais são aquelas que modificam o sistema fluvial, retendo, confinando, desviando ou escoando com maior rapidez e menores cotas, o volume da enchente. Caracteriza-se pela construção de obras hidráulicas de porte, envolvendo freqüentemente a aplicação maciça de capital, tais como barragens, diques e muros de contenção.
As medidas não estruturais são aquelas nas quais os prejuízos são minimizados para melhor convivência da população com as enchentes, como por exemplo: sistemas telemétricos de observação e previsão de alerta; disciplinamento da ocupação das várzeas, dentre outras.
Estas medidas são de caráter extensivo, com ações abrangendo toda a bacia, ou de natureza institucional, administrativa ou financeira. 
As medidas não estruturais de inundação podem ser agrupadas em: regulamentação do uso do solo, proteção de estruturas, seguro de enchentes e alerta de inundação.
Atualmente é observada a tendência de adoção preferencial de medidas não estruturais, pela sua eficiência na minimização dos problemas, com custos muito menores.
2.6	DILUIÇÃO DE DESPEJOS 
2.6.1	Poluição dos Recursos Hídricos
Fontes de Poluição dos Recursos Hídricos
. Naturais - decomposição vegetal, erosão, salinização, etc)
. Esgotos urbanos
. Efluentes líquidos industriais
. Águas pluviais
. Resíduos sólidos urbanos e industriais
. De origem agropastoril
Formas de Ocorrência
. águas superficiais 
- fontes localizadas e difusas
. águas subterrâneas
- fontes localizadas e difusas
- intrusão marinha
Conseqüências
	
ALTERAÇÕES
	
PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS
	De caráter físico
	
	Cor e turbidez
	Aspecto estético; redução da penetração de luz; distúrbios ecológicos
	Alterações do leito
	Assoreamento; soterramento da biota, aumento da demanda de oxigênio
	Temperatura
	Redução do oxigênio dissolvido; aumento da ação tóxica de compostos químicos; redução da viscosidade
	Viscosidade
	Afundamento de organismos aquáticos
	Tensão superficial
	Afundamento de aves e organismos aquáticos
	De caráter químico
	
	Compostos químicos
	Toxidez ao homem, outros animais e vegetais
	Pesticidas
	Toxidez ao homem, outros animais e vegetais; enfraquecimento de ovos de aves
	Detergentes
	Redução da tensão superficial; formação de espuma; toxidez
	Salinidade
	Alterações na tensão osmótica e na condutividade elétrica; prejuízos para alguns usos da água
	Substâncias radioativas
	Prejuízos à saúde humana
	
ALTERAÇÕES
	
PRINCIPAIS CONSEQÜÊNCIAS
	PH
	Danos à fauna e a flora; corrosão; influência no tratamento da água; prejuízos a alguns usos; aumento da toxidez de alguns compostos
	Eutrofização
	Proliferação de algas e plantas aquáticas e suas conseqüências
	Consumo de oxigênio
	Morte de peixes e outros organismos aeróbios
	De caráter biológico
	
	Microrganismos patogênicos
	Transmissão de doenças
	Algas
	Sabor e odor; toxidez; turbidez; floração das águas; corrosão, prejuízos ao tratamento da água
	Plantas aquaticas
	Produção de massa de matéria orgânica; assoreamento; demanda de oxigênio; sabor, odor e cor; redução da penetração da luz solar; aumento da evapotranspiração; prejuízos à navegação e recreação; entupimentos de tubulações; damos às bombas e turbinas
	Larvas de insetos
	Transmissão de doenças
	Fonte: Preservação

Outros materiais